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ENTREVISTAS A PROFISSIONAIS/ ESPECIALISTAS DE COMUNICAÇÃO E

Entrevista D

NOME: Luís Marques Mendes LOCAL:, Lisboa DATA: 8 de junho de 2019

1- Qual a importância que atribui às sondagens enquanto instrumento de comunicação política?

As sondagens são uma ferramenta indispensável na vida política. Elas permitem recolher informação, assinalar tendências, ajuizar modelos comportamentais, testar ideias, medidas ou potenciais decisões, ter uma noção mais precisa do evoluir da sociedade. Nesse plano, ajudam imenso a decisão política e a comunicação política. 2- Considera útil a publicação e divulgação de sondagens eleitorais nos meios de

comunicação ou entende que deveriam ser utilizadas apenas como ferramentas dos bastidores políticos?

Considero essencial que seja possível publicar e divulgar sondagens eleitorais nos meios de comunicação social, sem limitações. Mesmo até no fim das campanhas eleitorais. A transparência é boa conselheira. A opacidade só gera equívocos. E, além do mais, os cidadãos têm maturidade mais do que suficiente para ajuizarem, separando, se necessário, o trigo do joio.

3- As sondagens que não são publicadas existem sempre? Quem as faz? Há fugas de informação para a os media e/ou opinião pública?

As sondagens não são inventadas. São realidades verdadeiras. Além do mais, a lei estabelece um regime muito rigoroso sobre sondagens, o qual obriga a que, antes de divulgadas, elas tenham de ser depositadas na Entidade Reguladora da Comunicação Social e obedeçam, na sua realização, a um conjunto de regras e exigências bem apertadas.

4- Considera que as sondagens publicadas não assumem necessariamente um papel positivo no quadro da comunicação política, na medida em que se podem, por exemplo, em alguns contextos/momentos revelar inúteis e/ou prejudiciais?

As sondagens são um instrumento de trabalho na vida política. Entre vários outros. Um dos mais importantes, mas não o único. Nesse quadro, insisto: acho que

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são muito úteis. E não me parece que sejam prejudiciais. Agora, tudo é subjectivo: aquilo que para mim é útil e benéfico para outro pode ser inútil ou prejudicial.

5- Na sua opinião, os eleitores confiam mais nas previsões das sondagens eleitorais, publicadas nos meios de comunicação, ou nas previsões/expectativas do discurso/ narrativa dos candidatos?

São realidades diferentes. As sondagens medem tendências e apontam resultados. Os discursos centram-se, sobretudo, em ideias e convicções. Não devemos confundir duas realidades que são diferenciadas e que não estão em competição uma com a outra.

6- Entende as sondagens como instrumento medidor da opinião pública ou como arma de influência dessa opinião? Ou, no seu ponto de vista, as sondagens eleitorais acumulam essas duas características?

Quem vai à frente nas intenções de voto numa determinada sondagem tende a achar que elas são um medidor útil de tendências. Quem vai atrás tende a considerar que a sondagem visa influenciar a opinião pública. É o normal da competição política. Racionalmente, acho que as sondagens são apenas o que já referi – um instrumento de aferição de tendências, útil mas evidentemente falível. Não devemos nem endeusar nem diabolizar as sondagens.

7- Considera as sondagens eleitorais publicadas, enquanto instrumento, determinantes na definição dos resultados eleitorais?

Não considero que as sondagens determinem resultados eleitorais, embora possam ter alguma influência – umas vezes favorecendo a mobilização, outras vezes fomentando o laxismo eleitoral. Nesse plano, podem ser uma arma de dois gumes. 8- A campanha de Marcelo Rebelo de Sousa, candidato vencedor das eleições

presidenciais de 2016, foi diferente das campanhas tradicionais (sem comícios ou cartazes). Considera que as sondagens (publicadas) relativamente à candidatura de Marcelo foram encaradas de forma (também) diferente pelos eleitores?

Não. Acho que as sondagens têm da parte dos eleitores sempre a mesma abordagem – são vistas como um sinal das tendências do eleitorado num determinado momento. Na campanha do actual PR não foi diferente.

9- Pode-se considerar que a melhor sondagem é a contagem dos votos, que sucede o fecho das urnas?

Essa é uma verdade de La Palisse que normalmente é usada pelos políticos que estão em perda nas sondagens. Mas, para sermos sérios, não devemos comparar o incomparável – sondagens são sondagens (uma amostragem de tendências num certo

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momento), eleições são eleições (a expressão rigorosa da vontade do eleitorado). Confundir alhos com bugalhos não ajuda à racionalidade política.

116 Entrevista E NOME: Custódio Oliveira

LOCAL: Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, Braga DATA: 29 de maio de 2019

1- Qual a importância que atribui às sondagens enquanto instrumento de comunicação política?

Hoje a opinião pública é um poder. A opinião pública é o quarto poder. Há 20 ou 30 anos o quarto poder era a comunicação social, eram os media. Hoje isso acabou. Hoje verdadeiramente o quarto poder é a opinião pública. Nenhum governo em democracia se aguenta contra a opinião pública, contra um a opinião pública que lhe seja desfavorável maioritariamente. Quando o Partido do Rajoy em Espanha, o PP, nas sondagens apareceu em terceiro lugar eu disse aos alunos do Mestrado na Universidade do Minho:” O Governo do Rajoy está por dias”. Eu não sabia o que se passava, não tinha nenhuma informação específica. Mas pelo facto de estar em terceiro lugar percebi que não se ia aguentar. Na semana seguinte, nem eu imaginava, quando cheguei aqui à aula já não havia Governo em Espanha. Em oito dias caiu, não caiu por causa de uma moção de censura, mas a causa verdadeira foi ter perdido o apoio da opinião pública. A moção de censura foi o instrumento para a queda, mas a queda foi ter perdido o apoio da opinião pública. Não é por acaso que em termos mundiais o Guterres quando foi com a Independência de Timor pediu o apoio da opinião pública mundial. A ideia de que a opinião pública é de facto um poder. É um poder mais forte e muito mais decisivo do que o poder da comunicação social. Sobretudo porque a comunicação digital tirou força àquilo que era antes o poder da comunicação social. A pluralidade, o pluralismo na comunicação social, sendo muitos órgãos, sendo uma televisão tinha muito mais força do que hoje vários canais, porque se limitam uns aos outros, porque tiram tempo de antena uns aos outros. A concorrência permite ao fim ao cabo perder força. Enquanto eu estou a passar uma mensagem política na SIC, a TVI está a dar a novela XPTO. As sondagens têm uma importância muito grande porque são uma das técnicas de eu saber o que pensa a opinião pública, de eu saber qual é o sentimento, o clima e o que vai aí na opinião pública num determinado espaço público. A sondagem permite-me isso e, portanto, é um instrumento a par sempre dos focus grupo. Eu não consigo separar sondagem de focus grupo, porque a sondagem dá-me o quantitativo, dá-me os números, mas é preciso perceber o que significam esses números e eu só percebo o significado dos números através do focus grupo.

117 1.2 - Existem sempre os focus grupo?

Eu na minha profissão trabalho com sondagens, mas trabalho sempre com focus grupo. Eu gosto de ter a sondagem, porque me indica clara e efetivamente a realidade, mas eu quero sempre o focus grupo que me dá a cor, que me dá as causas e me ajuda a perceber. É qualitativo. Portanto, as sondagens têm muita importância porque me permitem saber o que é que a opinião pública pensa e quer. Sendo a opinião pública um poder, as sondagens são importantíssimas.

2- Considera útil a publicação e divulgação de sondagens eleitorais nos meios de comunicação ou entende que deveriam ser utilizadas apenas como ferramentas dos bastidores políticos?

Os atores políticos consideram a sondagem e olham para as sondagens como instrumentos prospetivos. Olham para a sondagem como a perspetiva de um resultado. Ora a sondagem não é isso. Há aí um erro crasso dos líderes políticos. A sondagem é uma fotografia. O Dominique Boton diz que a sondagem é uma fotografia tirada a partir do retrovisor de um carro. Quer dizer que eu tiro ao retrovisor, mas quando vou ver a fotografia já vou longe, já passou. A sondagem é um momento, é o momento em que ela é feita. Naquela semana, eu posso dizer a semana em que os alunos fizeram aqui uma sondagem para as Europeias, essa sondagem, o pensamento e a intenção de voto do distrito de Braga era isto, naquele momento. Por acaso não mudou muito, só há um partido que não está certo no resultado, que fica fora da margem de erro. Porque aconteceu o jogo político dos professores. Porque se não é esse fenómeno estou convencido que se tinha acertado em todos. Só ficou o PSD fora da margem de erro e é por um 1.46%, mas é o único que fica porque houve ali um fenómeno que realmente… Mas por exemplo já naquela altura dava a mesma distância entre o PS e o PSD. A sondagem é daquele momento, o resultado verificou-se porque não houve grandes mudanças, não houve nenhum fenómeno político que levasse as pessoas a mudar de opinião. Porque hoje mudam muito mais rapidamente.

2.1 - As sondagens fazem as pessoas mudar de opinião?

Essa é uma discussão. Eu penso que não. Sinceramente penso que não. 2.2 - Então também não concorda com a ideia de que as pessoas vão atrás do poder?

As sondagens têm um problema, mas é para as lideranças e para aqueles que definem as dinâmicas das campanhas. É que quem está a trabalhar numa campanha eleitoral, é que a sondagem ou leva a facilitar, a deixar de lutar tanto, a deixar de ser tão proactivo como se está a ser, porque se a sondagem nos dá uma grande vitória nós já…e aquilo passa pelo candidato e tal e passa por toda a estrutura e pensam: “Não precisamos de nos matar. Isto são favas contadas”. Essa ideia é desmobilizadora em

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termos psicológicos, como é desmobilizadora para o adversário, que diz: “estamos perdidos”. Nesse aspeto a sondagem tem importância para os atores políticos.

2.3 - Mas pode induzir em erro?

Pode induzir em erro, mas para esses tem influência. Em termos da influência da intenção de voto propriamente dita há de ser muito reduzida e eu atrevo-me quase a dizer que será ausente e algumas vezes num grau muito mínimo de influência. Não pode ter tanta influência. As pessoas vão decidindo o voto pouco a pouco e por razões que só elas sabem, por razões íntimas. Eu não estou a falar dos militantes, dos simpatizantes ativos, mas as pessoas vão decidindo naturalmente. Ou porque gostam do candidato, do cabelo dele, ou porque disse uma frase que lhes tocou, ou por um interesse muito particular que ele tem. Por muitas razões, mas decide si. Não é pela sondagem.

3- As sondagens que não são publicadas existem sempre? Quem as faz? Há fugas de informação para a os media e/ou opinião pública?

Não, não existem sempre. A maior parte das campanhas e estou a falar virado para as autárquicas, não tem um plano estratégico. Eu quis saber, não vou dizer o Partido, qual era o plano estratégico para estas eleições e cheguei à minha própria conclusão que de facto não existia um plano estratégico com princípio, meio e fim. Um plano estratégico eleitoral.

Nenhuma Câmara em Portugal tem a preocupação de desenvolver uma estratégia. Ninguém faz isso. Portanto, a sondagem é um instrumento que pela parte dos políticos é visto como um antecipar de resultados. Agora, não devia ser nada disso, devia ser um instrumento de trabalho. É um importantíssimo instrumento de trabalho para quem estiver a fazer a campanha com um plano estratégico. Uma campanha com um plano estratégico não pode funcionar sem sondagem. E essa sondagem tem muito mais benefício não sendo publicada do que ser publicada. É muito melhor para quem está a fazer a campanha, quem está a dirigir a campanha e não a divulgar, do que ter a sondagem e divulga-la. Esta é a minha opinião com clareza, em resultado também da experiência.

Agora a tendência sempre dos atores políticos é fazer tudo para a divulgar. É errado porque a sondagem é um instrumento de trabalho, valioso e indispensável para quem está a definir uma estratégia, porque a maioria das campanhas ainda são muito de outdoors e slogan.

3.1- Foi uma campanha diferente. Acha que as sondagens publicadas foram encaradas de forma diferente?

Os eleitores atribuiram-lhes o mesmo grau de importância. Acho que a campanha de Marcelo foi uma campanha, como diz na pergunta: “Diferente”, propositadamente e

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estrategicamente diferente, em que ele aliás como está a ser, porque toda a comunicação política de Marcelo é diferente da comunicação política de todos os Presidentes da República anteriores. Deixou de ser Magistrática, entendeu que hoje a comunicação é sobretudo digital. Mais de 50% da comunicação das organizações, dos partidos, das pessoas é digital. Portanto, ele entendeu muito bem isso e realmente faz a comunicação de proximidade, a comunicação digital, a comunicação porta a porta, rosto a rosto, informal, fora do país sentado, evita fazer discursos com o público dentro de uma sala, não quer. Sempre que faz isso, fa-lo contrariado e isso é diferente. É uma forma diferente de encarar a comunicação política. Ele já fez isso na campanha eleitoral e fez bem, até pelo resultado que teve.

3.2 - Está a prolongar isso em todo o mandato. As selfies são uma entrada no digital? Exatamente. Faz tudo na proximidade e a esse nível é uma comunicação política inteligente, uma comunicação política que aproxima a política dos cidadãos, que mete os cidadãos na política e isso, independentemente da s ideologias, é realmente positivo. Portugal, se for observar os resultados do EUROSTAT, se fores ver isso, tu vês que a opinião em Portugal sobre os partidos políticos aumentou favoravelmente. A credibilidade dos partidos aumentou e aumentou desde que o Marcelo é Presidente. Eu estava convencido que isso ia acontecer e ele tem influência nisso pela forma de fazer política.

Isso porque temos um PR que é popular e não é populista, é defensor dos partidos? Os populismos funcionam numa lógica anti-sistema.

3.3- O Marcelo transforma o sistema, mas defende o sistema e talvez por isso os partidos ganhem credibilidade?

O populismo tem sempre uma lógica muito oportunista. O populismo tem aquela lógica…vai de encontro a um marco mental que quase todos temos, que é o marco mental de que precisamos de um Deus e nós somos fiéis e precisamos de um Deus que nos proteja do Diabo. Alguém que enfrenta o Diabo. Como por exemplo o João Jardim na Madeira que “não tinha medo dos cubanos do continente”. O populismo tem essa faceta de ser um marco mental em muitos de nós que fomos educados dessa forma. Tem toda uma dinâmica manipuladora e inteligente por trás. São formas de atuar manipuladoras e demagógicas. Não aplico isso nem de longenem de perto ao Marcelo. 4- Pode-se considerar que a melhor sondagem é a contagem dos votos, que sucede o

fecho das urnas?

Isso é uma defesa que os políticos de vez em quando utilizam. A sondagem é um instrumento importantíssimo. A sondagem diz-me uma coisa preciosa, que é o que pensa a opinião pública. E isto é uma coisa de valor incalculável. A sondagem permite-

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me saber com rigor como é que o distrito de Braga no dia 5 de maio pensava das eleições europeias e como ia votar. Permitiu-me saber isso. Isso é um valor incalculável e permitia-me perceber como é que as coisas eram em Guimarães ou eram em Braga, ou em Barcelos ou em Famalicão. Nos outros concelhos menos porque o questionário era muito reduzido. Mas nestes quatro concelhos daria para perceber … Ainda agora um aluno me dizia que em Barcelos o resultado errou por 0.5%. A sondagem é um instrumento científico de investigação social. Agora dizem que a sondagem não acerta. Mas nenhuma sondagem foi feita para acertar, nem para adivinhar o futuro. É realmente uma fotografia rigorosa da opinião pública.

Se as perguntas forem feitas corretamente, se fizermos corretamente a segmentação para podermos fazer isso com todo o rigor, nomeadamente de género, escalão etário, como temos aqui, de territórios, na devida proporção de cada um. Se fizermos isso com todo o rigor a sondagem é infalível naquele momento como fotografia. Os que perdem é que normalmente dizem que a verdadeira sondagem vem depois de contados os votos. O argumento de que a melhor sondagem é o voto, não é o melhor argumento.

5- Há alguma ideia ou opinião relevante que queira acrescentar em relação ao tema e/ou ao caso de análise (eleição de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República)?

O Marcelo fez uma campanha bem feita, como devia ser feita, com uma estratégia específica que ele depois concretizou. Portanto, não era hábito aquele tipo de comunicação política de proximidade e de simplicidade. Nós não estávamos habituados assim a uma campanha. Foi uma campanha bem estrutura, que fugiu da forma padronizada. Portanto, não foi por acaso, ele tinha aquele objetivo estratégico.

Em princípio continuará como Presidente da República, o que lhe dá coerência, que é a chave do sucesso na política. É uma das variáveis chave da credibilidade em política. As sondagens, aquilo que indicaram, é o caminho que está a ser seguido e muito provavelmente continuará. Continuando neste percurso não terá dificuldade em vencer as próximas eleições. Há quem diga que o objetivo dele é ultrapassar os valores de Mário Soares, mas claro que vai ultrapassar Mário Soares, continuando esta trajetória. Porque o que está a fazer está certo, está correto e está a mostrar que há uma alternativa à forma de comunicar na política.

6- Está numa campanha eleitoral permanente?

Está. Ele sabe melhor do que nós a importância disso. Há um amigo meu que diz que os votos são do candidato/Eleito na noite eleitoral, na segunda-feira já são outra vez dos eleitores. Eles são nossos (partido ou candidato) e quando os contas no dia seguinte já são outra vez do eleitor. Quando eu me armo em arrogante, estou numa posição humilde e na noite eleitoral serei arrogante porque tive uma grande votação,

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serei penalizado por isso. O povo dirá: “ Não lhe dei o meu voto para aquilo” (…) “está ele ali a vangloriar-se”.

122 Entrevista F NOME: Joaquim Gomes LOCAL: Escola D. Maria II, Braga

DATA: 7 de junho de 2019

1- Qual a importância que atribui às sondagens enquanto instrumento de comunicação política?

As sondagens são fundamentais, porque são levadas muito a sério pelo “grande público”, por todos os eleitores, sendo que elas são cada vez mais, na minha opinião, um instrumento da própria política. Acabam por ser usadas numa lógica de influenciar, não numa lógica de traduzirem aquilo que já está predefinido na cabeça das pessoas, a par do que há agora como as falsas notícias. Curiosamente eu recordo-me das primeiras eleições livres em que o Joaquim Aletria apresentou em direto na RTP e a partir dessa altura as sondagens começaram a ser levadas mais a sério do que agora. As pessoas acreditavam mais nas sondagens do que agora. Elas não eram tão manipuladas. Isto pode parecer um paradoxo, na medida em que hoje em dia há mais rigor a priori. Aquilo que eu noto é que há sempre um medo das pessoas. As pessoas têm tendência a acreditar naquilo que querem e quando as sondagens não traduzem aquilo que querem ou que percecionam acabam por não acreditar tanto. As pessoas tentam saber quem fez a sondagem, quem encomendou a sondagem e a Universidade Católica tem bastante credibilidade e é uma referência, mas não só. Isto para dizer que a importância que atribuo às sondagens é grande, é decisiva para as pessoas decidirem. De qualquer forma acho que as pessoas já acreditaram mais nas sondagens do que agora.

2- Considera útil a publicação e divulgação de sondagens eleitorais nos meios de comunicação ou entende que deveriam ser utilizadas apenas como ferramentas dos bastidores políticos?

Acho que podem e devem ser publicadas. Acho mais: acho que as mesmas sondagens podem ser usadas pelos aparelhos político-partidários, pelos jornais, pelos meios de comunicação social, embora com objetivos e metodologias diferentes, com critérios de análise e de interpretação. Acho que podem até ser as mesmas feitas a partir de um prisma diferente, conforme quem está no terreno para ganhar eleições e quem está para noticiar.

3- As sondagens que não são publicadas existem sempre? Quem as faz? Há fugas de informação para a os media e/ou opinião pública?

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Já me apercebi de algumas fugas, mas fugas provocadas. Muitas vezes fazem sair tipo lebre essas sondagens, determinados partidos fazem isso. A cada passo e nomeadamente em situações dramáticas, as segundas voltas, que não tem havido tanto, e quando se ia à segunda volta era uma situação dramática, eu recordo-me quando foi Mário Soares e Freitas do Amaral foi renhido, houve uma vantagem já folgada até do Dr. Mário Soares, mas as pessoas de esquerda estavam com medo. Eu recordo- me de um jornalista ligado ao Partido Comunista quando Freitas do Amaral perdeu,