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Transporte não motorizado e a mobilidade sustentável: os deslocamentos a pé na região sudoeste do Recife

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil Área de Transportes e Gestão das Infra-estruturas Urbanas. TRANSPORTE NÃO MOTORIZADO E A MOBILIDADE SUSTENTÁVEL OS DESLOCAMENTOS A PÉ NA REGIÃO SUDOESTE DO RECIFE. Cristiane de Fátima Figueirêdo Gonçalves de Azevedo. Orientadora: Maria Leonor Alves Maia Co-orientadora: Maria Cristina Falcão Raposo. Recife, julho 2008.

(2) CRISTIANE DE FÁTIMA FIGUEIRÊDO GONÇALVES DE AZEVEDO. TRANSPORTE NÃO MOTORIZADO E A MOBILIDADE SUSTENTÁVEL OS DESLOCAMENTOS A PÉ NA REGIÃO SUDOESTE DO RECIFE. Dissertação submetida ao corpo docente da Coordenação do Programa de Pós-graduação de Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil. Área de Concentração: Área de Transportes e Gestão das Infra-estruturas Urbanas. Orientadora: Maria Leonor Alves Maia Co-orientadora: Maria Cristina Falcão Raposo. Recife, julho 2008.

(3) A994t. Azevedo, Cristiane de Fátima Figueiredo G. de. Transporte não motorizado e a mobilidade sustentável: os deslocamentos a pé na região sudoeste do Recife / Cristiane de Fátima Figueiredo G. de Azevedo. - Recife: O Autor, 2008. xv, 201 folhas, il : figs., tabs. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CTG. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, 2008. Inclui Bibliografia e Anexos. 1. Engenharia Civil. 2.Transporte Não-Motorizado. 3.Condições de Deslocamento a Pé. 4.Políticas de Mobilidade Urbana. 5. Pedestres e Calçadas. I. Título. UFPE 624. CDD (22. ed.). BCTG/2008-194.

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(5) i. Para meus pais Nivaldo (in memorium) e Débora, meu marido Roberto e minha tia Nicinha pelo apoio incondicional recebido na elaboração deste trabalho..

(6) ii. Agradecimentos. A Deus por me dar sempre força e perseverança para conseguir tudo o que necessito para viver e também para alcançar os meus objetivos e os meus sonhos; A professora e orientadora Nona Maia pela valiosa orientação, pelo aprendizado adquirido, pela atenção, dedicação e paciência conferidas durante o período de desenvolvimento desta pesquisa; A professora e co-orientadora Cristina Raposo pela valiosa orientação recebida na área de estatística, que possibilitou a elaboração e conclusão do estudo empírico desta dissertação e também pelo apoio e pela atenção que me foi conferida. A todos os professores do Mestrado em Transportes da UFPE, em especial, ao professor Anísio Brasileiro que sempre acreditou no meu potencial e foi uma das pessoas que mais me incentivou a realizar o mestrado; Aos professores César Cavalcanti e Maurício Pina por acreditarem em mim e assim, me concederem as cartas de referência para a seleção do mestrado; A CAPES pelo apoio financeiro; Ao meu marido Roberto, pelo incentivo, pela força e pela paciência em entender a minha ausência, principalmente, nas horas de lazer que foram utilizadas em prol da elaboração deste trabalho de pesquisa; A minha mãe Débora e a minha tia Nicinha, pelo apoio, incentivo e pelo amor e carinho que sempre me deram ao longo de minha vida. Agradeço também a meu pai, que embora não esteja mais aqui conosco fisicamente, sempre torceu muito por mim e apostou tudo o que pôde para que eu concluísse os meus estudos; Aos meus irmãos Dinho e Deângela, a minha sobrinha Allana e em especial ao meu sobrinho Bruno que me ajudou a montar o banco de dados da pesquisa de campo deste trabalho..

(7) iii. As minhas amigas Cristiana e Edilene pela paciência em ouvir as minhas aflições e por me darem sempre força não apenas na vida profissional; Aos amigos do mestrado Simone, Eduardo, Múcio, Mauricio Domingues, Taciana, Isabel, Adriana, Claudia, Adolfo, Angeluza, Eliane, Janaina, Leonardo, Robson e Anderson pela amizade, pelo incentivo e pela convivência sempre alegre; A secretaria da pós-graduação Andréa Negromonte e as secretárias do Departamento de Engenharia Civil, Maria, Rose e Vera pela colaboração e atenção recebida; Aos amigos da CTTU/Recife, em especial a Bárbara Estolano, Denílson Souza, Manoel Damasceno e Márcio Saraiva pelo apoio recebido nos momentos mais importantes da elaboração deste trabalho. Agradeço também Leonardo César, Cynthia, Sandrinha, Glauce, Mauricéa, Adauto, Iane, Rejane, Izabel, Sandra Gomes, Claudinha, Irineu, Ivan, Sandra Batista, Júnior, Adriana Penha, Ronaldo, André, Carlão, enfim a todos da CTTU pelo companheirismo e pela torcida; A amiga Valéria Cavalcanti da Diretoria de Transporte da Prefeitura de Olinda, e também a Sonia Calheiros pelo apoio recebido no início deste curso; Ao meu pesquisador e amigo Fredy e aos meus pesquisadores Lucemberg, Robson e aos demais alunos do curso de estatística da UFPE, que com competência e eficiência desenvolveram o trabalho de campo desta pesquisa junto comigo; A todos os pedestres entrevistados, pois sem a sua disponibilidade de responder o questionário da pesquisa de campo não seria possível obter o resultado final da mesma; Enfim, foram tantas pessoas que colaboraram diretamente ou indiretamente comigo na elaboração deste trabalho de pesquisa, que eu até posso ter esquecido de citar alguns nomes, mas saibam vocês que, de coração, eu só tenho que agradecer a todos pelo companheirismo e pela torcida..

(8) iv. Resumo da dissertação submetida a Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil. TRANSPORTE NÃO MOTORIZADO E A MOBILIDADE SUSTENTÁVEL OS DESLOCAMENTOS A PÉ NA REGIÃO SUDOESTE DO RECIFE. Cristiane de Fátima Figueirêdo Gonçalves de Azevedo Orientadora: Profa. Maria Leonor Alves Maia Co-orientadora: Profa. Maria Cristina Falcão Raposo. Nas últimas décadas a literatura aponta o registro de índices crescentes de deslocamentos a pé para o desenvolvimento de atividades principais, sobretudo nas grandes cidades. Assim, a caminhada passou a ser objeto de interesse das políticas de transporte, demandando atenção de entidades públicas na formulação de estratégias e no desenho de metas e ações que promovam um deslocamento confortável e seguro para os pedestres. O objetivo dessa dissertação é compreender e analisar, com base em uma pesquisa domiciliar realizada em 2006 com pedestres, numa área situada a sudoeste de Recife, as características e razões dos deslocamentos a pé e as condições em que os mesmos ocorrem, no que diz respeito ao conforto, segurança e a provisão de infraestrutura adequada para a circulação dos que caminham, de forma a colaborar na formulação e implementação de políticas públicas e de ações que promovam melhores condições dos deslocamentos a pé nessa área da cidade. A “Área Objeto de Estudo” dessa pesquisa foi selecionada com base nos dados da pesquisa O/D-EMTU/Recife-1997/1998, que apontou para esta área um índice de viagens a pé de 43,4%, que é acima da média das viagens a pé de Recife (32,7%). Os principais resultados na área estudada, mostraram que: os principais deslocamentos realizados a pé, pelos entrevistados, são baseados nos domicílios e aqueles realizados com freqüência diária, são para a escola e para o trabalho. Em se tratando da razão mais importante dos deslocamentos a pé, o principal motivo foi “A curta distância entre o local da origem e do destino da viagem” indicando a importância da diversidade de uso do solo como um dos fatores que pode influenciar na escolha do uso de modos de transporte não motorizado; o segundo motivo foi “Porque gosta de caminhar”. Em relação à qualidade das calçadas, estas foram consideradas de “Má qualidade” pela maioria dos entrevistados, sendo a principal razão dessa opinião “os Buracos”, seguida de “Calçadas quebradas, sem piso ou ausência de calçada”. Para o entrevistado, a “Seguridade”, ou seja, a “Segurança Pública” foi o item mais importante em uma calçada, seguido do item “Continuidade/Largura Efetiva”. Em súmula, o transporte não motorizado é um elemento essencial do transporte urbano em qualquer país e entender as razões desses deslocamentos e avaliar as suas infra-estruturas, são pontos fundamentais para formulação de qualquer projeto que vise melhorar as condições dos deslocamentos dos pedestres, de forma a incentivar o uso do transporte sustentável nas cidades. PALAVRAS-CHAVES:. Transporte Não Motorizado; Condições dos Deslocamentos a Pé; Políticas de Mobilidade Urbana; Pedestres e Calçadas..

(9) v. Abstract of the dissertation submitted to the Federal University of Pernambuco as part of the necessary requirements for the obtaining of Master's degree in Civil Engineering. THE NON MOTORIZED TRANSPORT AND THE SUSTAINABLE MOBILITY: THE TRAVEL ON FOOT IN THE SOUTHWEST REGION OF THE RECIFE CITY. Cristiane de Fátima Figueirêdo Gonçalves de Azevedo. Supervisor: Profa. Maria Leonor Alves Maia Co-Supervisor: Profa. Maria Cristina Falcão Raposo. In the last few decades the literature pointed out growing rates for the journeys made by foot for the development of the main activities, especially in big cities. Therefore, the walk passed to be object of the main interest of the Transportation Policy, demanding attention for public entities in the formulation of strategies and in the drawing of goals and actions that promote comfortable and safe journeys for the pedestrians. The objective of this dissertation is to understand and to analyze, on the basis of a household pedestrians survey, the characteristics and the reasons of journeys made by foot and the conditions in which they occur, in relation with comfort, security and the provision of an adequate infrastructure for the pedestrian circulation. This household pedestrian survey was carried out in 2006, in an area situated in the Southwest of Recife, and intended to collaborate in the formulation and implementation of Public Transportation Policy and also actions to promote better conditions for the pedestrian journey in this area of the City. The "Study Area" of this research was selected based on the O/D-EMTU/Recife-1997/1998 Survey, which showed a rate of 44,2% for the travel on foot in this City area, which is above of the average rate for the whole Recife City (32,7%). The main results of the survey, in the "Study Area", showed that: the main journeys on foot made by the interviewed are based from and to their houses and those journeys which are made with a daily frequency are to go to the school and to the work. The main reason for these foot journeys is "The short distance between the origin and destination of the journey" and this result indicates the importance of the land use range, which should be one of the factors that can influence in the choice of the use of the non motorized transport. The second reason is “Because they like to walk”. Regarding to the quality of the sidewalks, these are considered "Bad” by the majority of the interviewed, "The holes" being the main reason of this opinion, followed by "Sidewalks broken, without pavement or absence of sidewalk". For the interviewed itself, the most important pointer in a sidewalk is “Security", followed by "Continuity/Width Effective”. In summary, the non motorized transport is an essential element of the urban transport in any country. To understand the reasons of these displacements and to evaluate the quality of their infrastructures are essential in the formulation of any project that intend to improve the conditions of the pedestrians journeys, and also to encourage the use of the sustainable transport in the cities. KEYWORDS:. The Non Motorized Transport; The Conditions of the Travel on Foot; The Urban Mobility Policies; Pedestrians and Sidewalks..

(10) vi. SUMÁRIO DEDICATÓRIA . ..................................................................................................................i AGRADECIMENTOS .........................................................................................................ii RESUMO ............................................................................................................................iv ABSTRACT..........................................................................................................................v LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .........................................................................ix LISTA DE TABELAS........................................................................................................xii LISTA DE FIGURAS.........................................................................................................xv INTRODUÇÃO ....................................................................................................................1 CAPÍTULO 1. TRANSPORTE SUSTENTÁVEL...............................................................9 1.1. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E O TRANSPORTE ......................9 1.1.1. O Conceito de Desenvolvimento Sustentável ........................................................9 1.1.2. A Incorporação do Conceito “Sustentável” ao Transporte ..................................13 1.1.3. Do Transporte para a Mobilidade Urbana Sustentável ........................................19 1.1.4. A Estruturação da Política de Mobilidade Urbana no Brasil ...............................25 CAPITULO 2. O TRANSPORTE NÃO MOTORIZADO - TNM ....................................30 2.1. OS DESLOCAMENTOS POR TRANSPORTE NÃO MOTORIZADO NO MUNDO E NO BRASIL ...............................................................................................30 2.2. ALCANCE DOS DESLOCAMENTOS NÃO MOTORIZADOS PELO MODO A PÉ E POR BICICLETA................................................................................43 2.3. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO TRANSPORTE NÃO MOTORIZADO.............................................................................................................46 2.4. ESTRATÉGIAS PARA O TRANSPORTE NÃO MOTORIZADO ......................49 CAPÍTULO 3. OS DESLOCAMENTOS PELO MODO A PÉ: O PEDESTRE E SEU AMBIENTE DE CIRCULAÇÃO ......................................................................................54 3.1. O PEDESTRE .........................................................................................................54 3.2. OS DESLOCAMENTOS A PÉ NO MUNDO E NO BRASIL..............................56 ƒ Motivos e Razões para o Deslocamento a Pé.....................................................68 3.3 O ESPAÇO DO PEDESTRE ...................................................................................73 3.3.1 Ambiente de Circulação de Pedestres: Calçadas e Passeios Públicos ..................73 ƒ O que são Calçadas e Passeios Públicos? ..........................................................75 3.3.2. Condições dos Espaços Destinados a Circulação de Pedestres nas Cidades .......79 3.2.3. Avaliação da Qualidade das Calçadas..................................................................89 ƒ Métodos para Avaliação da Qualidade das Calçadas.........................................91.

(11) vii. CAPITULO 4. RECIFE E A RPA 5: O CASO EM ANÁLISE .........................................97 4.1. O RECIFE, DINÂMICA POPULACIONAL E DE OCUPAÇÃO TERRITORIAL: UM BREVE RELATO ......................................................................97 4.2. RECIFE E SEU SISTEMA VIÁRIO E DE TRANSPORTES .............................105 4.3. DIVISÃO MODAL DAS VIAGENS EM RECIFE .............................................108 4.4. O SISTEMA DE TRANSPORTE NÃO MOTORIZADO EM RECIFE .............112 4.5. A LEGISLAÇÃO DA CIDADE DO RECIFE PARA CALÇADAS E PASSEIOS PÚBLICOS...............................................................................................116 CAPÍTULO 5. METODOLOGIA ....................................................................................119 5.1. LEVANTAMENTO DO REFERENCIAL TEÓRICO E OUTROS DADOS SECUNDÁRIOS ..............................................................................................................119 5.2. SELEÇÃO DAS ZONAS DE TRÁFEGO E BAIRROS A SEREM PESQUISADOS NA RPA 5 ........................................................................................121 5.3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA OBJETO DE ESTUDO..................................128 5.3.1.Dinâmica Populacional e de Ocupação Territorial da Área Objeto de Estudo ...128 5.3.2. Infra-estrutura da Área Objeto de Estudo ..........................................................130 5.3.3. Sistema de Transporte da Área Objeto de Estudo..............................................131 5.3.4. Condições das Calçadas da Área Objeto de Estudo...........................................132 5.4. PLANO AMOSTRAL ..........................................................................................136 5.5. TRABALHO DE CAMPO ...................................................................................140 5.5.1. Instrumento de Coleta de Dados ........................................................................140 5.5.2. Seleção e Treinamento da Equipe de Campo.....................................................142 5.5.3. Coleta de Dados .................................................................................................142 5.5.4. Processamento e Análise dos Dados ..................................................................143 5.5.5. Limitações da Pesquisa de Campo.....................................................................143 CAPÍTULO 6. RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO .......................................144 6.1. PERFIL DO PEDESTRE - CONDIÇÃO SOCIOECONÔMICA ........................144 6.2. CARACTERÍSTICAS DOS DESLOCAMENTOS A PÉ....................................147 6.3. RAZÕES DOS DESLOCAMENTOS A PÉ.........................................................151 6.4. CONDIÇÕES DOS DESLOCAMENTOS A PÉ E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS CALÇADAS...............................................................................153 6.4.1. Qualidade das Calçadas .....................................................................................154 6.4.2. Grau de Importância dos Indicadores que Caracterizam o Ambiente das Calçadas .......................................................................................................................157 6.4.3. Indicador Mais Importante que Caracteriza o Ambiente das Calçadas .............158 6.4.4. Estudo Comparativo dos Resultados dessa pesquisa com a Metodologia do IQC em relação ao Ambiente das Calçadas .................................................................160 CAPITULO 7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...............................................162 7.1. CONCLUSÕES ....................................................................................................162 7.2. RECOMENDAÇÕES ...........................................................................................168 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................171.

(12) viii. ANEXOS ..........................................................................................................................184 ANEXO 1: Anais da IIIª Conferência de Trânsito e Transporte Urbano, Resoluções, realizada em Agosto de 2007, pela Prefeitura do Recife, através da CTTU/Recife .....185 ANEXO 2. Lei de Calçadas da Cidade do Recife.........................................................187 ANEXO 3. Decreto de Regulamentação da Lei de Calçadas do Recife.......................189 ANEXO 4: Orientações para Construção de Calçadas da Cidade do Recife................194 ANEXO 5: Pesquisa de Campo com os Pedestres........................................................195 5.1. Questionário da Pesquisa de Campo......................................................................195 5.2. Procedimentos para aplicação do questionário da pesquisa de campo ..................200 5.2.1. Desenvolvimento da Pesquisa .......................................................................200 5.2.2. Preenchimento do Questionário da Pesquisa .................................................200 5.2.3. Como utilizar a Escala do Grau de Importância.............................................201.

(13) ix. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT................................. Associação Brasileira de Normas Técnicas ABRASPE..........................Associação Brasileira de Pedestres AMDHR............................. Atlas Municipal no Desenvolvimento Humano do Recife ANPET............................... Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transporte ANTP................................. Associação Nacional de Transportes Públicos BHTrans............................. Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte Community Database on Road Accidents Resulting in Death or CARE................................. Injury CBTU.……………............ Companhia Brasileira de Trens Urbanos CET.................................... Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo Chesf.................................. Companhia de Hidroelétrica do São Francisco CPA.................................... Comissão Permanente de Acessibilidade CSURB...............................Companhia de Serviços Urbanos do Recife CTB.................................... Código de Trânsito Brasileiro CTTU/Recife......................Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife Centro de Estudos sobre Cidades e Vilas Sustentáveis, Departamento de Ciências e Engenharia do DCEA/FCT/UNL............... Ambiente/Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. DENATRAN………..........Departamento Nacional de Trânsito Department of The Environment Transport and The Regions do DETG……………………. Reino Unido - Grã-Bretanha DETR................................. Department of the Environment Transport and the Regions -UK DTSA................................. Department of Transport in South Africa EBTU................................. Empresa Brasileira de Transportes Urbanos EMLURB........................... Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana EMTU/Recife..................... Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos EPTC.................................. Empresa Pública de Transporte e Circulação de Porto Alegre ERSO…………………..... European Road Safety Observatory FEPA…………………...... Federation of European Pedestrians Association FIBGE………………….... Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística GEIPOT............................. Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes HCM…...............................Highway Capacity Manual IBGE.................................. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Institution of Highways and Transportation IHT DT............................... Department of Transport. with. the.

(14) x. IPEA................................... Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IQ……………................... Indicadores de Qualidade IQC……………................. Índice de Qualidade das Calçadas ITBC……………...............Information Technology Business Centre International Union for the Conservation of Nature and Natural IUCN.................................. Resources - World Conservation Strategy LOM................................... Lei Orgânica Municipal do Recife LUOS................................. Lei de Uso e Ocupação do Solo da Cidade do Recife MC……............................. Ministério das Cidades - Brasil MD..................................... Medidas de Desempenho METRÔ/SP…………........ Metrô de São Paulo METROREC……….......... Metrô do Recife MMA……………..............Ministério do Meio Ambiente - Brasil MVIR/RPA5/A PÉ.............Matriz de Viagens Internas do Recife dos Deslocamentos a Pé MVIR................................. Matriz de Viagens Internas do Recife NBR 13994.…………....... Norma Brasileira 13994 NBR 9050………….......... Norma Brasileira 9050 NMT……………............... Non Motorized Transport O/D..................................... Pesquisa Domiciliar de Origem e Destino Pesquisa Domiciliar de Origem/Destino da Região O/D-EMTU/Recife/1998... Metropolitana do Recife realizada em 1998 PDCR................................. Plano Diretor de Desenvolvimento da Cidade do Recife PlanMob……………......... Plano de Mobilidade Urbana PNDU……………............. Política Nacional de Desenvolvimento Urbano PNE’s................................. Portadores de Necessidades Especiais PNMU……………............ Política Nacional de Mobilidade Urbana PNMUB……………......... Política de Mobilidade Urbana no Brasil PNMUS.............................. Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável PNUMA............................. Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PPA.................................... Plano Pluri-Anual PR……………................... Prefeitura do Recife - PE PSP……………................. Prefeitura de São Paulo - SP PV……………...................Prefeitura de Vitória - ES RAVel................................ Rede Autônoma de Vias Lentas RGMU................................Relatório Geral da Mobilidade Urbana RMR……………............... Região Metropolitana do Recife.

(15) xi. RMSP……………............. Região Metropolitana de São Paulo RPA……………................ Região Político-Administrativa SCs..................................... Setores Censitários SDS/PE...............................Secretaria de Defesa Social do Estado de Pernambuco Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano da SEHAB/SP…………......... Prefeitura do Município de São Paulo SEI......................................Sistema Estrutural Integrado SeMOB……………...........Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana SIMU..................................Sistema de Informações da Mobilidade Urbana SIMU……………..............Sistema de Informações da Mobilidade Urbana SM...................................... Salário Mínimo SPSS……………………... Statistical Package for the Social Sciences SSATP……………………Sub-Saharan Africa Transport Policy Program STCP/Recife.......................Serviço de Transporte Complementar de Passageiros do Recife TC……………...................Transporte Coletivo TDOT……………............. Tennessee Department of Transportation TI…………….................... Transporte Individual TIP……………..................Terminal Integrado de Passageiros TNM……………............... Transporte Não Motorizado TRB……................……… Transportation Research Board TRENSURB………........... Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S/A UFPel……………............. Universidade Federal de Pelotas UICN…………….............. União Internacional para a Conservação da Natureza UnB……………………… Universidade de Brasília URB/RECIFE……….........Empresa de Urbanização do Recife USDT…………….……… United States Department of Transportation USP……………................ Universidade de São Paulo VPP……………................ Veículos de Pequeno Porte WBCSD…………………. World Business Council for Sustainable Development WGSUT…………………. Working Group on Sustainable Urban Transport WWF…………….............. Fundo Mundial para a Natureza ZEIS……………............... Zonas Especiais de Interesse Social ZT……………................... Zonas de Tráfego.

(16) xii. LISTA DE TABELAS Tabela 1.1: Temas Particulares ou Específicos que devem constar no Plano de Investimentos de cada Município, considerados segundo as características de cada localidade ............................................................................................................................. 29 Tabela 2.1: Indicadores da Divisão Modal do Transporte Urbano e Metropolitano de Pessoas no Brasil no ano 2000............................................................................................. 33 Tabela 2.2: Indicadores de Deslocamentos Não Motorizados nos Estados Brasileiros no ano de 2003.......................................................................................................................... 39 Tabela 2.3: Evolução da Quantidade Total de Viagens/ano e dos Indicadores de Deslocamentos/ano nas Cidades Brasileiras no período de 2003 - 2006 ............................ 41 Tabela 2.4: Divisão Modal das Viagens Produzidas Intramunicipais por Modo de Transporte em Recife no ano de 1997 ................................................................................. 42 Tabela 2.5: Comparação de Desempenho entre Modais de Transportes .................................44 Tabela 2.6: Velocidade Média do Pedestre de acordo com o Uso do Solo da Via .................. 45 Tabela 2.7: Distância Máxima para Equipamentos Urbanos no Planejamento de Rotas de Pedestres .............................................................................................................................. 46 Tabela 3.1: Indicadores de Viagens por Modo de Transporte na Grã-Bretânha no período de 1985 - 1986 ..................................................................................................................... 58 Tabela 3.2: Indicadores de Viagem por Modo de Transporte em Cidades Pesquisadas na Europa, Estados Unidos e Austrália .................................................................................... 60 Tabela 3.3: Indicadores da Divisão Modal nas Cidades do Sub-Sahara Africano no período de 1992 - 2002 ........................................................................................................ 62 Tabela 3.4: Distribuição do Indicador Médio de Viagens a Pé nas Regiões Brasileiras em municípios com população acima de 60 mil habitantes no ano de 2003.............................64 Tabela 3.5: Distribuição dos Indicadores de Viagens a Pé, da Quantidade de Viagens a Pé, da Área Urbana, da População e do PIB nas Regiões Brasileiras em municípios acima de 60 mil habitantes no ano de 2003 ......................................................................... 64 Tabela 3.6: Indicadores de Viagens a Pé nos Estados Brasileiros no ano de 2003 ..................66 Tabela 3.7: Número de Viagens Diárias por Motivo de Viagem na Região Metropolitana de São Paulo no ano de 1997 ............................................................................................... 69 Tabela 3.8: Indicadores dos Motivos da Viagem a Pé por Classe de Renda Familiar na Região Metropolitana de São Paulo no ano de 1997 ........................................................... 70 Tabela 3.9: Indicadores dos Motivos de Viagem a Pé por Tipo de Domicílio na Região Metropolitana de São Paulo no ano de 1997 ....................................................................... 70 Tabela 3.10: Indicadores de Uso dos Modos de Transporte por Motivo de Viagens na Cidade de São Carlos - São Paulo ....................................................................................... 72 Tabela 3.11: Indicadores dos Motivos de Viagens por Modo de Transporte na Cidade do Recife no ano de 1997 ......................................................................................................... 72 Tabela 3.12: Indicadores de Acidentes com Pedestre em Recife no ano de 2007 ................... 87 Tabela 3.13: Classificação de Níveis de Serviço para Calçadas .............................................. 91 Tabela 4.1: Nº de Bairros, Nº Absoluto de Habitantes, Área, Densidade Habitacional, Rendimento Nominal Médio Mensal das RPAs do Recife................................................103.

(17) xiii. Tabela 4.2: Número de Estabelecimentos cadastrados pelo Ministério do Trabalho segundo os Grandes Setores de Atividades por RPA em Recife (em valores absolutos) ........................................................................................................................... 104 Tabela 4.3: Indicadores de Estabelecimentos cadastrados pelo Ministério do Trabalho segundo os Grandes Setores de Atividades por RPA em Recife (em valores percentuais)........................................................................................................................104 Tabela 4.4: Dados Operacionais do Sistema de Ônibus Urbano, Metropolitano e Municipal, que circulam em Recife................................................................................... 107 Tabela 4.5: Divisão Modal das Viagens Produzidas Intramunicipais em Recife no ano de 1997 ................................................................................................................................... 109 Tabela 4.6: Indicadores dos Motivos de Viagens Produzidas em Recife no ano de 1997 ..... 110 Tabela 4.7: Indicadores dos Motivos de Viagens pelos Principais Modos de Transporte em Recife por RPA e por Modo de Transporte no ano de 1997........................................ 110 Tabela 4.8: Divisão Modal das Viagens Produzidas Intramunicipais em Recife por RPA no ano de 1997................................................................................................................... 111 Tabela 4.9: Indicadores das Viagens Produzidas Intramunicipais em Recife, em cada RPA, pelos Modos de Transporte Motorizados e Não Motorizados no ano de 1997........112 Tabela 4.10: Dados do Projeto Cicloviário do Recife ............................................................ 113 Tabela 5.1: Quantidade de Viagens a Pé nas Zonas de Tráfego da RPA5 .............................124 Tabela 5.2: Indicadores das Viagens a Pé nas Zonas de Tráfego da RPA5 ...........................125 Tabela 5.3: Indicadores das Viagens a Pé nas Zonas de Tráfego “90, 92, 93 e 94” e “86 e 98” da RPA5.............................................................................................................126 Tabela 5.4: População por Gênero na Cidade do Recife, na RPA5 e na Microrregião 5.1....128 Tabela 5.5: Estrutura Etária da População da Cidade do Recife, da RPA5 e da Microrregião 5.1 ................................................................................................................ 129 Tabela 5.6: Variáveis de Interesse da Área Objeto de Estudo por Bairro ..............................130 Tabela 5.7: Indicadores de Serviços Básicos na Área Objeto de Estudo por Bairro..............131 Tabela 5.8: Quantitativo das Linhas de Ônibus Municipais e Metropolitanas que circulam na Área Objeto de Estudo .................................................................................................. 132 Tabela 5.9: Setores Censitários Pesquisados na Área Objeto de Estudo ............................... 138 Tabela 5.10: Estrutura do Questionário da Pesquisa de Campo com os Pedestres ................ 140 Tabela 5.11: Formulário para Identificação do Grau de Importância dos Indicadores que caracterizam o Ambiente das Calçadas da Metodologia do IQC ...................................... 141 Tabela 6.1: Situação Familiar do Pedestre entrevistado......................................................... 144 Tabela 6.2: Composição da Classe de Idade do Pedestre entrevistado e da População da Área Estudada .................................................................................................................... 145 Tabela 6.3: Classificação do Pedestre entrevistado segundo sua Atividade Principal........... 146 Tabela 6.4: Classificação do Grau de Instrução do Pedestre entrevistado ............................. 146 Tabela 6.5: Distribuição da Renda Familiar do Pedestre entrevistado...................................147 Tabela 6.6: Caracterização dos Deslocamentos a Pé realizados pelo Pedestre entrevistado........................................................................................................................ 149 Tabela 6.7: Caracterização dos Deslocamentos a Pé considerando Todas as Freqüências com que esses são realizados pelo Pedestre entrevistado .................................................. 150 Tabela 6.8: Modos de Transportes acessados pelo Pedestre entrevistado em seus Deslocamentos a Pé ........................................................................................................... 151 Tabela 6.9: Razões dos Deslocamentos a Pé apontadas pelo Pedestre entrevistado.............. 153.

(18) xiv. Tabela 6.10: Principais Razões dos Deslocamentos a Pé na opinião do Pedestre entrevistado........................................................................................................................ 153 Tabela 6.11: Avaliação da Qualidade das Calçadas da Área Objeto de Estudo na Opinião do Pedestre entrevistado .................................................................................................... 155 Tabela 6.12: Razões de Caracterizar as Calçadas como Boas, Ótimas ou Excelentes na opinião do Pedestre entrevistado ....................................................................................... 156 Tabela 6.13: Razões de Caracterizar as Calçadas como Ruins ou Péssimas na opinião do Pedestre entrevistado ......................................................................................................... 156 Tabela 6.14: Avaliação do Grau de Importância dos Indicadores que foram considerados como Importantes em uma Calçada na opinião do Pedestre entrevistado......................... 158 Tabela 6.15: Avaliação da Importância dos Indicadores que Caracterizam uma Calçada na opinião do Pedestre entrevistado................................................................................... 160 Tabela 6.16: Indicadores de Roubos e Furtos em Locais Públicos em Recife e na Área Objeto de Estudo................................................................................................................ 160 Tabela 6.17: Avaliação da Importância dos Indicadores que caracterizam uma Calçada na opinião do Pedestre entrevistado nas cidades de Recife, São Carlos, Serrana e São Luiz de acordo com a classificação da Metodologia do IQC ............................................ 161.

(19) xv. LISTA DE FIGURAS Figura 1.1. Relação entre Mobilidade, Acessibilidade e Comportamento de Viagens ............23 Figura 2.1: Gráfico da Divisão Modal do Transporte Urbano e Metropolitano de Pessoas no Brasil no ano 2000 .......................................................................................................... 33 Figura 2.2: Divisão Modal em 437 Cidades Brasileiras nos anos de 2003, 2004, 2005 e 2006........................................................................................................................ 34 Figura 2.3: Indicadores de Deslocamentos Motorizados e Não Motorizados nas Regiões Brasileiras no ano de 2003................................................................................................... 35 Figura 2.4: Indicadores de Deslocamentos Não Motorizados nas Regiões Brasileiras no ano de 2003.......................................................................................................................... 35 Figura 2.5: Indicadores de Deslocamentos Motorizados e Não Motorizados nas Cidades Brasileiras, por Porte de Município, no ano de 2003........................................................... 36 Figura 2.6: Indicadores de Deslocamentos Não Motorizados nas Cidades nas Brasileiras, por Porte de Municipio, no ano de 2005.............................................................................. 36 Figura 2.7: Indicadores de Deslocamentos Motorizados e Não Motorizados nas Cidades nas Brasileiras, por Porte de Municipio, no ano de 2005 .................................................... 37 Figura 2.8: Indicadores de Deslocamentos Não Motorizados nas Cidades Brasileiras, por Porte de Municipio, no ano de 2005 .................................................................................... 37 Figura 2.9: Indicadores de deslocamentos por Modo Agregado de Transporte (*) nas Cidades Brasileiras no período de 2003 - 2006 (bilhões de deslocamentos/ano)................40 Figura 3.1: Evolução das Viagens Diárias por Modo de Transporte na Região Metropolitana de São Paulo no período de 1977 - 2002...................................................... 68 Figura 3.2: Distribuição dos Indicadores de Vítimas Fatais no Trânsito, por Modo de Transporte, nas Cidades Européias no ano de 2005 ............................................................ 89 Figura 4.1: Evolução Populacional do Recife e da RMR no período de 1940 - 2000 ............. 98 Figura 4.2: Mapa da Cidade do Recife por RPA....................................................................100 Figura 5.1: Mapa das Zonas de Tráfego localizadas na “RPA5” da Cidade do Recife.......... 122 Figura 5.2: Mapa da Cidade do Recife com a localização da Área Objeto de Estudo da Pesquisa de Campo com os Pedestres........................................................................... 127 Figura 5.3: Fotos das Calçadas da “Área Objeto de Estudo” no ano de 2008 ....................... 134 Figura 5.4: Mapa da Área Objeto de Estudo da Pesquisa de Campo com os Pedestres, Microregião 5.1- RPA5 da Cidade do Recife ....................................................................139.

(20) 1. INTRODUÇÃO Esta dissertação tem como tema de investigação o transporte não motorizado nas grandes cidades, cujo objetivo é compreender as características e as razões dos deslocamentos a pé e em que condições os mesmos se realizam. Como objeto empírico, foram analisados deslocamentos de pedestre na região Sudoeste da Cidade do Recife-PE. No contexto do planejamento sustentável, pedestres, ciclistas e transporte público devem ser prioridades e o uso do automóvel, desestimulado; mas para isso as funções de cada via devem ser bem estabelecidas e as particularidades da locomoção de cada modalidade atendida, evitando-se acidentes e promovendo a fluidez de circulação (Gondim, 2001). Em um ambiente urbano, conhecer o padrão de deslocamentos das pessoas, traduz as características sócio-econômicas da população e da localização das atividades e dos serviços de uma área, que são os fatores geradores de viagens (Raia Junior, 2000). Assim, o padrão de deslocamento da população é definido pela distribuição das viagens realizadas, de acordo com suas origens e seus destinos, os modos de transportes utilizados pelas pessoas para efetuar essas viagens e os motivos para os quais as mesmas são realizadas, e pela distribuição das atividades no espaço. O padrão de deslocamento também define as condições de acessibilidade entre a origem e o destino de cada viagem e a condição de mobilidade das pessoas, que varia de acordo com o modo de transporte por ela utilizado para realizar seus deslocamentos, que podem ser por modos motorizados e/ou não motorizados. No que se refere à inclusão do Transporte Não Motorizado, que é foco temático desta dissertação, nas discussões das políticas de transporte, observa-se que apesar de sua importância para o sistema de transporte urbano em qualquer país, foi somente, a partir da década de 1990 que o mesmo passou a ser tema de debate institucional com o avanço na discussão sobre o desenvolvimento sustentável e a inclusão de seus princípios na formulação das políticas públicas, principalmente com a elaboração da Agenda 21 Global. Assim, o incentivo à caminhada e ao uso da bicicleta, ou seja, do uso de um transporte mais sustentável, bem como o planejamento do uso do solo e do desenho urbano dos espaços públicos que estimulem o uso dos meios não motorizados de transporte, estão, na atualidade, entre as medidas recomendadas para a melhoria da qualidade ambiental..

(21) 2. No Brasil, o delineamento da política nacional de transporte que incorpora o conceito de sustentável, aconteceu em 2003, com a criação do Ministério das Cidades. Esse Ministério, tem realizado por meio da Secretaria Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana - SeMOB, um esforço importante na discussão e elaboração da Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável, buscando sensibilizar as entidades públicas estaduais e principalmente municipais, para a essência das questões do transporte, da acessibilidade e da mobilidade para a população e para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental das cidades brasileiras. Em relação aos deslocamentos realizados pelos modos não motorizados de transporte, o Banco Mundial (2000) faz as seguintes considerações: ƒ. Que o Transporte Não Motorizado - TNM é predominantemente, um meio de transporte barato, mas às vezes é considerado desagradável e perigoso; e. ƒ. É também considerado como modo principal de transporte em alguns países muito pobres; e dessa forma freqüentemente está associado com pobreza.. No que diz respeito aos indicadores de deslocamentos não motorizados, o que se observa na literatura especializada é que esses deslocamentos representam geralmente cerca de 1/4 a 1/3 dos deslocamentos totais de viagem, seja nos países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Segundo Bendixson (2005), a caminhada na Europa é o segundo modo mais usado de transporte depois do automóvel, por exemplo, na Inglaterra mais de uma em três jornadas porta a porta, são feitas a pé. Em se tratando dos países em desenvolvimento, como por exemplo, nos países africanos, segundo o Banco Mundial (2000), os deslocamentos não motorizados podem ser ainda mais expressivos do que nos países desenvolvidos. Em adição, foi verificado que o uso do Transporte Não Motorizado é maior em cidades de porte médio, e que quanto menor o porte da cidade mais as pessoas tendem a se deslocar por modos não motorizados de transporte. Foi ainda também visto que a caminhada, muitas vezes, é o meio mais importante de transporte em uma cidade, seguido do transporte público, e que as pessoas andam mais a pé do que de bicicleta e dessa forma a caminhada geralmente representa uma parte maior do número total de viagens não motorizadas, realizadas pela população de uma localidade (Banco Mundial, 2000). Em se tratando das cidades brasileiras, pesquisa realizada pela Associação Nacional de Transporte Público - ANTP para cidades acima de 60 mil habitantes revelou que, em 2006, os.

(22) 3. deslocamentos a pé representaram 38,9% e os de bicicleta 2,4%, dos deslocamentos de viagens no país (ANTP, 2008), sendo esse índice considerado expressivo para um país que possui uma taxa de motorização em crescimento. Na Cidade do Recife, localidade objeto de estudo desta dissertação, os dados da Pesquisa Domiciliar de Origem e Destino da Região Metropolitana do Recife - RMR (EMTU/Recife, 1998) mostram que os deslocamentos por meios não motorizados de transporte respondiam por 35,1% do total das viagens, sendo que a caminhada representava 32,7 % e a bicicleta 2,4%, ficando esse indicador referente aos deslocamentos não motorizados, atrás somente dos deslocamentos realizados por ônibus urbano que respondiam por 39,6% das viagens produzidas na cidade (O/D - EMTU/Recife, 1998). É importante aqui ressaltar que esses indicadores de viagens a pé para as cidades brasileiras, ainda podem ser maiores, uma vez que segundo Gondim (2001) a participação dessas viagens nas pesquisas sobre modos de transportes, nem sempre é contabilizada por não ser, considerada tão importante pela política de transporte brasileira que, até então, ainda privilegia apenas trajetos de longa distância. Em relação às razões para utilização dos deslocamentos a pé para o exercício de atividades cotidianas, a literatura aponta três razões principais. São elas: ƒ. A falta de recursos financeiros por parte da população para utilização de um meio de transporte motorizado, seja ele coletivo ou individual;. ƒ. A distância física entre o local de moradia e da atividade principal, que se for curta, não justifica a utilização de um meio de transporte motorizado; e. ƒ. A escassez de oferta de transporte público numa área ou no seu entorno.. Observou-se também, na literatura acadêmica nacional, que há poucas experiências relatadas, ou seja, estudos que analisam as características dos deslocamentos não motorizados, o perfil de seus usuários, pedestres e ciclistas, e as condições das infra-estruturas disponíveis para a realização desse tipo de deslocamento, bem como o nível de satisfação desses usuários em relação à qualidade dessas infra-estruturas. Dessa forma, o ambiente e as condições da infraestrutura disponível para o deslocamento do pedestre também são fatores relevantes e dessa forma devem ser analisados..

(23) 4. Na literatura foram encontrados vários Métodos de Avaliação de Qualidade das Calçadas, e alguns destes com aplicações no Brasil em cidades de médio porte, e os resultados desses estudos, que levam em consideração a opinião do pedestre, apontam que, em geral, as calçadas encontram-se em péssimo estado de conservação, com intrusões freqüentes no trajeto do pedestre, principalmente pela localização inadequada do mobiliário e de equipamentos urbanos, pelo estacionamento irregular de automóveis e até mesmo de apropriações indevidas, desse espaço, por atividades de comércio criando dessa forma, barreiras à livre circulação, o que mostra a precariedade das condições desses espaços como também a insatisfação daqueles que circulam pelos mesmos. Quanto à aplicação de pesquisas de avaliação de qualidade das calçadas a partir da opinião dos residentes de uma localidade, pode-se dizer que esse tipo de pesquisa é fundamental, não somente na análise das condições dos deslocamentos a pé dessas pessoas, como também na identificação de qual é o atributo mais importante para esse pedestre em uma calçada, podendo esse tipo de pesquisa subsidiar a municipalidade na elaboração e implementação de ações prioritárias e de estratégias a serem desempenhadas por parte dessa esfera de governo, para melhorar as condições dos deslocamentos a pé, não somente na área que for pesquisada, como também na cidade como um todo. Assim, focando apenas nos deslocamentos a pé, esta dissertação analisa: Quem são os pedestres? E em que condições os mesmos realizam seus deslocamentos a pé?. Sendo este trabalho desenvolvido com base em uma pesquisa de campo realizada com pedestres, numa área localizada na região sudoeste da Cidade do Recife, onde foi identificado, de acordo com os dados da O/D - EMTU/Recife/1998, um significativo quantitativo de deslocamentos a pé1. O objetivo principal desta dissertação é compreender e analisar as características e as razões dos deslocamentos a pé e as condições em que os mesmos ocorrem no que diz respeito ao conforto, segurança e a provisão de infra-estrutura adequada para a circulação dos que caminham.. 1. Os detalhes da escolha dessa região estão descritos no capítulo metodológico desta dissertação..

(24) 5. Quanto aos objetivos específicos, por sua vez, esses são: ƒ. Evidenciar as principais razões que levam as pessoas a escolherem o modo de transporte a pé para realizar atividades cotidianas, considerando o contexto socioeconômico e de estrutura físico-espacial específico;. ƒ. Identificar os aspectos positivos e negativos mais relevantes para os pedestres, com relação à infra-estrutura necessária para caminhada; e. ƒ. Colaborar com o debate sobre a importância dos deslocamentos a pé nas cidades brasileiras, subsidiando com informações sobre o caso em análise.. Esta pesquisa aborda as suas principais questões de forma quantitativa e para atingir os seus objetivos foi realizada, inicialmente, uma revisão bibliográfica em fontes nacionais e internacionais sobre a temática em estudo, centrada no transporte não motorizado, em particular nos deslocamentos a pé, com o intuito de compreender a dimensão dessa temática e de situar a importância desta dissertação. O estudo empírico tomou como referência, mais especificamente, um conjunto de cinco bairros da Região Político Administrativa 5 (RPA 5) e diante da impossibilidade de efetuar uma pesquisa com os pedestres em toda essa área, selecionou-se então as Zonas de Tráfego da mesma, definidas pela O/D - EMTU/Recife/1998, com maior ocorrência dos deslocamentos a pé realizados pelas pessoas, para o exercício de suas atividades principais. Assim, a pesquisa de campo, de caráter domiciliar e amostral, foi realizada em 4 Zonas de Tráfego da RPA5, todas elas localizadas na Microrregião 5.1. O plano amostral dessa pesquisa foi definido com base em um teste piloto e a amostra final foi composta por 237 pedestres entrevistados em 12 setores censitários, localizados nas 4 Zonas de Tráfego selecionadas. A amostra da pesquisa foi aleatória simples e representativa para toda a área pesquisada. Os dados foram coletados através de um questionário2, aplicado no ano de 2006, e os mesmos foram analisados, utilizando-se o programa estatístico SPSS - Statistical Package for the Social Sciences. Os resultados da análise dos dados coletados estão apresentados em tabelas e são discutidos no capítulo de resultados desta dissertação.. 2. O questionário é apresentado no Anexo 6 desta dissertação..

(25) 6. Como principais resultados da pesquisa de campo têm-se que: ƒ. Os deslocamentos a pé são realizados predominantemente por pessoas em idade economicamente ativa, alfabetizadas e com faixa de renda familiar de até 2 salários mínimos;. ƒ. Aqueles que se deslocam com freqüência diária vão principalmente de “casa para a escola” e da “escola para casa”; e considerando todas as freqüências com que os deslocamentos a pé ocorrem, ou seja, diária, algumas vezes por semana, semanal, quinzenal, mensal e esporadicamente, tem-se que os deslocamentos de casa para as compras e das compras para casa, como sendo os deslocamentos de maiores incidências.. ƒ. As razões para esses deslocamentos serem realizados a pé, estão mais relacionadas à proximidade física entre o local de moradia e o local da atividade principal, assim como pelo prazer de caminhar, do que pela dificuldade de acessar um modo de transporte coletivo na área e no seu entorno ou ainda pela falta de recursos financeiros, para acessar o mesmo. De tal modo, a distribuição e a diversidade de atividades no território e a oferta de serviços numa localidade, tendem a facilitar as viagens realizadas a pé, principalmente considerando as características socioeconômicas dos entrevistados.. ƒ. Em relação às calçadas, na opinião da maioria dos entrevistados, as calçadas são de má qualidade, sendo o principal motivo dessa avaliação a falta ou irregularidade na manutenção das mesmas, principalmente devido ao excesso de buracos, sendo o indicador “Seguridade”, ou seja, “Segurança Pública” o de maior importância, seguido do indicador “Manutenção e Conforto”.. Por fim, conclui-se que o transporte não motorizado é um elemento essencial do transporte urbano em qualquer país. Sua importância e função, contudo, variam entre localidades, a depender de diversos fatores como: ênfase da política de transporte, condição socioeconômica da população, forma de ocupação do solo urbano, estruturação da rede de transporte público e do sistema viário, dentre outros. Além desta Introdução, esta dissertação está estruturada em 7 Capítulos e o Anexo. O Capítulo 1 aborda primeiramente o quadro conceitual sobre como foi inserido o conceito de desenvolvimento sustentável no âmbito mundial e como esse conceito se incorpora na formulação das políticas públicas, que passa a delinear as estratégias para o desenvolvimento sustentável em vários países. Trata também da Agenda 21 e aborda a aplicação do termo.

(26) 7. sustentável ao setor de transporte, bem como a difusão das Políticas de Transporte Sustentável a nível mundial. Apresenta ainda a estruturação da política de mobilidade urbana no Brasil. O Capitulo 2, por sua vez, trata dos deslocamentos não motorizados, pelo modo a pé e por bicicletas, no Brasil e a nível mundial e a sua importância para subsidiar e contribuir para o desenvolvimento sustentável nas cidades. Apresenta também, o resultado de estudos e pesquisas sobre o uso desse modo de transporte em diversas localidades do mundo e no Brasil e o seu alcance geográfico. Aborda as vantagens e desvantagens do transporte não motorizado e quais são as estratégias elaboradas para a melhoria da circulação, daqueles que caminham e pedalam nas cidades. O Capitulo 3 foca especificamente nos deslocamentos a pé. Nele, define-se o conceito de pedestre e de seu espaço de circulação. Apresentam-se também informações sobre os deslocamentos a pé no mundo e no Brasil, no que se refere aos motivos e as razões desses deslocamentos e as condições de circulação dos pedestres e as medidas que já foram implementadas em diversas localidades para a melhoria da condição desses deslocamentos a pé. Por último, apresenta-se, resumidamente, alguns métodos apontados na literatura, para avaliação de calçadas. O Capitulo 4 trata do caso em análise, e tem como objetivo apresentar informações sobre a cidade e a região onde foi realizado o estudo empírico desta dissertação. Para tal, faz-se uma breve introdução sobre a dinâmica populacional e da ocupação territorial do Recife e de seu sistema de transporte e dos dados sobre os índices de deslocamentos de viagens disponíveis para a cidade, com base nos dados da O/D - EMTU/Recife/1998. No Capitulo 5, a Metodologia da Pesquisa é detalhada, sendo apresentados os procedimentos metodológicos na coleta dos dados utilizados para o desenvolvimento desta dissertação, no que se refere ao levantamento do referencial teórico e da seleção da Área Objeto de Estudo. Em seguida, a área selecionada é caracterizada quanto à sua dinâmica populacional e territorial, a sua infra-estrutura, o seu sistema de transporte e as condições das suas calçadas. Posteriormente, esse capítulo detalha o plano amostral, os procedimentos de aplicação da pesquisa de campo e os instrumentos de coleta e análise dos dados coletados..

(27) 8. O Capitulo 6 trata dos resultados da pesquisa de campo com os pedestres, apresentando o perfil socioeconômico do entrevistado, as características, razões e condições dos deslocamentos a pé na área pesquisada. O Capitulo 7, por fim, apresenta as principais conclusões desta dissertação no que se refere à análise do arcabouço teórico, bem como dos resultados da pesquisa de campo. As recomendações também são apresentadas nesse capitulo. Compõem o Anexo dessa dissertação cópias dos seguintes documentos: Anexo 1: Anais da IIIª Conferência de Trânsito e Transporte Urbano de Recife/2007, Resoluções; Anexo 2: Lei de Calçadas da Cidade do Recife; Anexo 3: Decreto de Regulamentação da Lei de Calçadas do Recife; Anexo 4: Orientações para Construção de Calçadas da Cidade do Recife; e Anexo 5: O questionário aplicado na pesquisa de campo e os procedimentos para aplicação desse questionário..

(28) 9. CAPÍTULO 1. TRANSPORTE SUSTENTÁVEL Este capítulo aborda primeiramente o quadro conceitual sobre como foi inserido o conceito de desenvolvimento sustentável no âmbito mundial e como esse se incorpora na formulação das políticas públicas, que passa a delinear as estratégias para o desenvolvimento sustentável em vários países e em particular no transporte, ou seja, como a partir dessa incorporação no transporte, os modos não motorizados entram em debate. Trata também da Agenda 21 que “é um plano de ação a ser adotado global, nacional e localmente, por organizações do sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente” (Brasil, MMA, sd). Em seguida, aborda a aplicação do termo sustentável ao setor de transporte, bem como a difusão das Políticas de Transporte Sustentável a nível mundial e esclarece também a relação existente entre o transporte e a mobilidade, definindo o que vem a ser a mobilidade urbana sustentável e como acontece a estruturação e o planejamento da Política de Mobilidade Urbana no Brasil - PNMUB.. 1.1. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E O TRANSPORTE. 1.1.1. O Conceito de Desenvolvimento Sustentável A expressão “sustentabilidade” apareceu pela primeira vez num relatório da International Union for the Conservation of Nature and Natural Resources - World Conservation Strategy (IUCN) de 1980, como uma aproximação estratégica à integração da conservação e do desenvolvimento coerente com os objetivos de manutenção do ecossistema, preservação da diversidade genética e utilização sustentável dos recursos (DCEA/FCT/UNL, 1999). Mais tarde, o conceito de desenvolvimento sustentável foi consagrado no relatório “O Nosso Futuro Comum”, publicado em 1987 por uma comissão das Nações Unidas, a World Commission on Environment and Development, que passou a ser conhecido como Relatório Brundtland (Brundtland, 1987). Esse Relatório de Brundtland define o desenvolvimento sustentável como “um desenvolvimento que corresponde às necessidades do presente sem comprometer a.

(29) 10. capacidade de gerações futuras de satisfazer às suas necessidades” (Association Mondiale de la Route, França, 1999). Para a Association Mondiale de la Route, (ibid), esse novo conceito não expressa apenas uma vontade de se estabelecer uma nova sociedade, mas de construí-la corrigindo os excessos de um modelo de desenvolvimento, cujos limites se tornaram perceptíveis a partir dos anos 1970. Além do mais, as políticas de desenvolvimento sustentável devem estar contidas nas estratégias que tragam melhorias simultaneamente na economia, no meio ambiente e na sociedade, em todos os seus aspectos sociais. Mattos, (apud Gondim, 2001), chama atenção para as diversas formas de apropriação da palavra sustentável e de seus resultados. Para o autor (ibid) "existem várias definições para Desenvolvimento Sustentável, estabelecidas com propósitos diferentes, motivo pelo qual, o conceito e aplicação têm também alcances distintos e, por conseguinte, os indicadores necessários para seu seguimento variam de acordo com os interesses do grupo social que se apropria do discurso. De qualquer modo, porém, estão sendo construídos consensos em torno da idéia de que democracia política, eqüidade social, eficiência econômica, conservação ambiental e diversidade cultural, são os alicerces e indicadores da sustentabilidade para as gerações futuras". Para Moored & Johnson (1994, apud Gondim, 2001), o desenvolvimento sustentável deve responder a cinco abrangentes exigências: integração da conservação e desenvolvimento; satisfação das necessidades humanas básicas; garantia de liberdade social; provisão da diversidade cultural e manutenção da integridade ecológica. Godinho (2004), com base em documentos e em experiências nacionais e internacionais que permitiram testar os conceitos doutrinários, definiu que os princípios-chave da sustentabilidade podem agrupar-se do seguinte modo: ƒ. Integração dos componentes ambientais, sociais, econômicos e da boa e democrática “governança” nas tomadas de decisão;. ƒ. Envolvimento da Comunidade: reconhecer que a sustentabilidade não poderá ser alcançada, nem haver progresso significativo na sua direção, sem o suporte e envolvimento da comunidade, ou sociedade civil;.

(30) 11. ƒ. Princípio da Precaução: onde existam sérias ameaças ou possíveis danos ambientais irreversíveis, a ausência de certeza científica indiscutível não deverá ser utilizada, em princípio, para justificar adiamentos ou relegar para segundo plano medidas preventivas de degradação ambiental;. ƒ. Eqüidade intra e inter-gerações: tomadas de decisões devem contribuir para assegurar a melhoria da qualidade de vida das populações em geral, tanto das gerações atuais como das futuras;. ƒ. Princípio da melhoria contínua: deve aplicar-se onde a atual situação de declínio da qualidade ambiental torna imperativa a ação imediata, por forma a alcançar uma maior sustentabilidade, progredindo continuamente; e. ƒ. Integridade Ecológica: para proteção da biodiversidade e manutenção dos principais processos ecológicos e dos sistemas que suportam a vida.. É importante ressaltar que o conceito de desenvolvimento sustentável se incorpora na formulação das políticas públicas, a partir de uma variedade de eventos e de publicações oficiais que passaram a delinear as estratégias para o desenvolvimento sustentável em vários países. São exemplos e merecem destaque os seguintes: ƒ. A “Declaração de Estocolmo”, aprovada durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Estocolmo, julho 1972), que, pela primeira vez, introduziu, na agenda política internacional, a dimensão ambiental como condicionadora e limitadora do modelo tradicional de crescimento econômico e de uso de recursos naturais (DE, 1972);. ƒ. A publicação do documento “A Estratégia Mundial para a Conservação” (Nova Iorque, 1980), elaborado sob patrocínio e supervisão do PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, da UICN - União Internacional para a Conservação da Natureza e do WWF - Fundo Mundial para a Natureza. Esse documento explora, basicamente, as interfaces entre conservação de espécies e ecossistemas e entre manutenção da vida no planeta e a preservação da diversidade biológica (EMC, 1980);. ƒ. O documento “Nosso Futuro Comum”, conhecido como Relatório Brundtland, citado anteriormente (Brundtland, 1987);. ƒ. A publicação do “Green Paper on the Urban Environment”, em 1990, pela Comissão Européia, que define critérios de apropriação do espaço e da preservação da natureza e estabelece uma agenda comum (Gondim, 2001);.

Referências

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