O Bem-Estar Psicológico em Adolescentes: Uma abordagem centrada no florescimento humano
Texto
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(3) . . “Não é o que não sabemos que nos cria problemas, é aquilo de que temos a certeza e que afinal não é assim.” Mark Twain .
(4) . . Em memória eterna da minha avó materna, Lídia Cardosa Costa .
(5) . AGRADECIMENTOS O presente trabalho constitui mais uma etapa do nosso percurso académico como docente e investigador, e acima de tudo, como ser humano. Passados quatros anos da nossa formação inicial, procurámos com esta dissertação desenvolver e aprofundar os saberes de muitos sabores necessários à nossa prática profissional e curiosidade intelectual. Olhando agora ao tema deste trabalho, deparamo‐nos com uma interessante peculiaridade algo controversa, mas por outro lado, também esclarecedora. Também o nosso bem‐estar nas suas demais facetas esteve em jogo na feitura deste texto académico e como em todos os jogos, houve importantes ilações a retirar das derrotas e vitórias alcançadas. Esta experiência ofereceu‐nos, convictamente, uma miríade de desafios, exigências e oportunidades unicamente superadas através de uma intensa implicação pessoal, profissional e algumas das vezes, familiar. Como em quase todos os objectivos que subsistiram na nossa existência até ao momento, procurámos retirar o melhor de cada experiência, para, conciliadoramente, incitarmos ao nosso crescimento e desenvolvimento imerso na busca de uma felicidade e bem‐estar pessoal. Todavia, esta tese que agora concluímos e apresentamos, não poderia existir sem o contributo inegável e decisivo de muitas pessoas, que mesmo com a sua merecida referência neste espaço, saberemos que tal gratidão não será suficiente para reconhecer e enaltecer a importância destas ao longo do nosso curso de vida. . Antes de mais, gostaríamos de agradecer à Universidade de Trás‐os‐Montes e Alto Douro, na . pessoa do seu Magnífico Reitor Prof. Doutor Armando Mascarenhas Ferreira, a possibilidade e as condições proporcionadas para a elaboração e concretização do presente projecto de investigação. . Ao Prof. Doutor José J. B. Vasconcelos Raposo, orientador científico desta tese, expressamos . o nosso imenso e profundo reconhecimento por todo o apoio, rigor e exigência demonstrada ao longo da nossa formação académica, como também, todas as oportunidades e dificuldades proporcionadas em cada momento da presente dissertação. Por todos os encorajamentos, disponibilidade e ensinamentos derivados da sua sólida experiência e formação científica, com que sempre nos presenteou, o nosso muito bem‐haja! . Aos amigos Dr.os João Paulo Lázaro e Carlos Almeida, parceiros de viagem neste percurso . académico, gostaríamos de destacar o privilégio que foi para nós, partilhar os anseios, dificuldades e oportunidades vivenciadas ao longo dos últimos três anos. Esta experiência interpessoal, em muito Página I .
(6) . nos encorajou e auxiliou na preparação do presente trabalho, pelo que gostaríamos de manifestar a nossa maior gratidão pela frutuosa colaboração. . Aos colegas Dr.os Henrique Costa, Miguel Moreira, Marco Monteiro, Carla Seiceira, Victor . Pinto, Rui Costa, Ricardo Matos, Marco Novo, Ricardo Inácio, Célia Teixeira, Cristina Jorge, Leonor Quintal, Márcia Monteiro e Susana Silva, agradecemos a preciosa colaboração e auxílio prestados nos múltiplos processos de recolha de dados que ocorreram em distintas fases da pesquisa, bem como, todos os inestimáveis encorajamentos e incentivos que em muito nos ajudaram a ultrapassar as adversidades inerentes à simultaneidade da nossa prática docente profissional e preparação da presente investigação. . À nossa família e em especial aos pais António Fernandes e Maria Benilde e à mana Joana . Mafalda gostaríamos de agradecer os constantes carinhos, ternuras e afectos com que nos presentearam, principalmente nos momentos mais difíceis deste projecto. Quer seja pela felicidade e bem‐estar com que nos congratulam, quer seja pelo auxílio em todos as dimensões da nossa vida, todos os reconhecimentos e agradecimentos são poucos para expressar a nossa estima por vocês. . À mana Cristina Fernandes, ao cunhado António Torres e à sobrinha Marta Alexandra . expressamos a nossa maior gratidão pelo constante entusiasmo e apoio com que generosamente nos consagraram e que constituiu uma inestimável fonte de energia e de bem‐estar, para levar a bom rumo esta expedição. . À Si, porque tal como a eudaimonia se alcança através de uma conquista pessoal situada . numa esfera interpessoal, também esperamos que a nossa afinidade se alicerce numa conquista infinita do bem‐estar comum, ancorado no espírito de partilha, compreensão, amizade e afeição. . Página II .
(7) . RESUMO O domínio de investigação da dinâmica psicológica do bem‐estar constitui‐se, actualmente, por duas perspectivas que se organizam em torno de dois modelos, que apesar de comungarem do mesmo objecto de estudo, possuem distintas géneses, percursos e orientações teórico‐empíricas. O primeiro, denominado de Bem‐Estar Subjectivo, possui em Ed Diener o seu principal investigador e sistematizador, pelo que esta área visa, primordialmente, a compreensão da dimensão afectiva (felicidade) e cognitiva (satisfação com a vida) da avaliação subjectiva que cada indivíduo faz das suas experiências de vida. Por sua vez, o segundo modelo intitulado de Bem‐Estar Psicológico, foi concebido por Carol Ryff com base em diversas concepções da auto‐ realização e crescimento pessoal, propondo um modelo multidimensional de funcionamento psicológico positivo constituído por seis dimensões: autonomia, domínio do meio, crescimento pessoal, relações positivas com os outros, objectivos na vida e aceitação de si. Tendo em consideração simultânea a idiossincrasia própria do bem‐estar durante a adolescência e a prevalência da abordagem psicopatológica deste construto durante este período de vida, o presente estudo pretendeu compreender a dinâmica desenvolvimentista da personalidade, felicidade e saúde mental dos adolescentes, tendo por base de argumentação e entendimento do quadro empírico obtido, o desenvolvimento do seu funcionamento psicológico – florescimento humano. Num primeiro momento e dada a ausência de instrumentos especificamente desenvolvidos e validados para o efeito, efectuámos quatro estudos de adaptação e análise das características psicométricas das escalas de Ryff (1989b) em amostras adolescentes, o que possibilitou o desenvolvimento de uma versão adequada ao nível psicométrico e semântico. Num segundo momento, estas escalas de bem‐estar psicológico conjuntamente com outras medidas de avaliação biológica, psicológica e sociocultural (sexo, idade, local de residência, estatuto socioeconómico, número de irmãos, posição ordinal na fratria, estrutura familiar, relação com os pais, prática religiosa, religiosidade, satisfação corporal, ansiedade social, satisfação escolar e auto‐estima), foram respondidas por uma amostra de 698 adolescentes (381 raparigas e 317 rapazes) com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos (M=15.02; DP=1.83). Uma primeira análise descritiva do valor do bem‐estar global ao longo da adolescência indiciou uma evolução não uniforme desta dimensão à medida que a idade dos adolescentes avança, apresentando‐se períodos alternados de menor e maior bem‐estar. Não obstante, somente 3 em cada 10 (30.5%) adolescentes cumpriu o critério de florescimento psicológico, traduzido por elevados níveis de funcionamento psicológico positivo. Ao nível da análise inferencial, diferentes variáveis apresentaram‐se como importantes correlatos e predictores, pelo que a análise de regressão múltipla hierárquica permitiu explicar cerca de 37% da variância do bem‐estar psicológico (R2ajustado=0.357), destacando‐se os seguintes factores significativos de influência: biológico – idade (β=0.114) e sexo (β=0.077); psicológico – auto‐estima (β=0.514), satisfação escolar (β=0.132) e ansiedade social (β= ‐0.120); e, sociocultural – relação com os pais (β=0.142), estrutura familiar (β= ‐0.075) e local de residência (β=0.058). No global, esta miríade de resultados interpretados à luz do modelo ecológico de Vasconcelos‐Raposo (1993) e sustentados nos princípios da psicologia cultural, permitiu a identificação e caracterização das configurações específicas das dimensões do bem‐estar psicológico durante a adolescência, devidamente alicerçadas numa perspectiva de florescimento humano. Palavras‐chave: bem‐estar psicológico, adolescentes, modelo ecológico, florescimento humano Página III .
(8) . ABSTRACT The research field centred in the psychological dynamics of well‐being is actually formed by two traditions that revolve around two models. Nevertheless they share the same object of study, they possess distinct origins, roots and theoretical and empirical formulations. The first approach, labelled Subjective Well‐Being has in Ed Diener its main researcher and tends to manly focus in the understanding of the affective (happiness) and cognitive (life satisfaction) dimensions of evaluations each person makes about their life experiences. Consequently, the second approach entitled Psychological Well‐Being was developed by Carol Ryff recurring to an extensive theoretical grounding on the contours of self‐realization and personal growth, suggesting an alternative multidimensional model of positive psychological functioning comprised by six dimensions: autonomy, environmental mastery, personal growth, positive relations with others, purpose in life and self‐ acceptance. Considering at the same time the specific idiosyncrasy of well‐being during adolescence and the predominance of this indicator’s psychopathological evaluation during this life period, the present study sets to understand the developmental dynamics of the adolescents’ personality, happiness and mental health, taking into consideration their psychological functioning development – human flourishing – as a form of examining and understanding the empirical data. First of all e since there weren’t any psychological instruments specifically developed and validated for this purpose, we conducted four researches focused in the adaptation and analysis of the psychometrical properties of Ryff’s (1989b) scales in adolescent samples, which allowed the development of and adequate version at the psychometric and semantic levels. Following this, these scales of psychological well‐being were completed jointly with other measures of biological, psychological and sociocultural assessment (sex, age, place of residence, socioeconomic status, number of brothers, ordinal position, family structure, parental relationships, religious involvement, religiosity, body satisfaction, social anxiety, school satisfaction and self‐esteem) by a sample of 698 adolescents (381 girls and 317 boys) with ages between 12 and 18 years (M=15.02; SD=1.83). An initial descriptive examination of the global well‐being through adolescence revealed a non regular evolution of this dimension as adolescents get older, shaped by alternating periods of lower and higher well‐being. However, only 3 in each 10 (30.5%) adolescents met the criteria for the presence of mental health (i.e. flourishing), established by high levels of positive psychological functioning. At the stage of inferential analysis, distinct variables assumed important roles as correlates and predictores, whilst the hierarchical multiple regression accounted to 37% of the psychological well‐being total variance (R2adjusted=0.357) and revealed the following major predictors: biological – age (β=0.114) and sex (β=0.077); psychological – self‐esteem (β=0.514), school satisfaction (β=0.132) and social anxiety (β= ‐0.120); and, sociocultural – parental relationships (β=0.142), family structure (β= ‐0.075) and place of residence (β=0.058). Overall, these results interpreted with reference to the ecological model proposed by Vasconcelos‐Raposo (1993) and sustained with the cultural psychology principles, allowed to identify and characterize the specific variation of the psychological well‐being dimensions during adolescence, pertaining to a human flourishing perspective. Key‐words: psychological well‐being, adolescents, ecological model, human flourishing . Página IV .
(9) . ÍNDICE GERAL AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................................. I RESUMO........................................................................................................................................................ III ABSTRACT ...................................................................................................................................................... IV ÍNDICE GERAL .................................................................................................................................................. V ÍNDICE DE QUADROS......................................................................................................................................... IX ÍNDICE DE FIGURAS........................................................................................................................................... XI LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................................................... XII . INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................... 1 1.1 Delimitação do tema ........................................................................................................................... 6 1.2 Organização da investigação ............................................................................................................. 10 . REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................................................................. 13 2.1 Saúde mental e personalidade .......................................................................................................... 14 2.1.1 Génese e âmbitos de intervenção da psicologia positiva ................................................................... 22 2.1.2 A abordagem hedónica: O bem‐estar subjectivo ............................................................................... 30 2.1.2.1 Fundamentos históricos ............................................................................................................. 31 2.1.2.2 Delimitação conceptual.............................................................................................................. 33 2.1.2.3 Medidas de avaliação ................................................................................................................ 36 2.1.2.4 Perspectivas de investigação e principais resultados empíricos ................................................ 43 2.1.2.4.1 Variáveis demográficas – idade e sexo ............................................................................ 44 2.1.2.4.2 Religião ............................................................................................................................ 46 2.1.2.4.3 Recursos económicos ....................................................................................................... 48 2.1.2.4.4 Dinâmica psicológica e experiências emocionais............................................................. 50 2.1.2.4.5 Traços de personalidade .................................................................................................. 55 2.1.2.4.6 Discrepância entre domínios de satisfação...................................................................... 61 2.1.2.4.7 A interacção indivíduo‐ambiente ..................................................................................... 62 2.1.2.4.8 Estudos transculturais...................................................................................................... 63 2.1.2.4.9 O bem‐estar subjectivo em Portugal: Níveis de análise internacional............................. 67 2.1.2.5 O bem‐estar subjectivo em adolescentes................................................................................... 71 2.1.2.5.1 Medidas de avaliação ...................................................................................................... 73 2.1.2.5.2 Perspectivas de investigação e principais resultados empíricos ...................................... 76 2.1.2.6 Qualidade de vida e bem‐estar subjectivo ................................................................................. 86 2.1.3 A abordagem eudaimónica: O bem‐estar psicológico........................................................................ 93 2.1.3.1 Fundamentos históricos ............................................................................................................. 95 2.1.3.2 Delimitação conceptual............................................................................................................ 101 2.1.3.3 Medidas de avaliação .............................................................................................................. 109. Página V .
(10) . 2.1.3.4 Perspectivas de investigação e principais resultados empíricos............................................... 110 2.1.3.4.1 Variáveis demográficas – idade e sexo........................................................................... 110 2.1.3.4.2 Religião........................................................................................................................... 112 2.1.3.4.3 Recursos económicos...................................................................................................... 114 2.1.3.4.4 Dinâmica psicológica e traços de personalidade............................................................ 115 2.1.3.4.5 Discrepância entre domínios de satisfação .................................................................... 120 2.1.3.4.6 Estudos transculturais .................................................................................................... 122 2.1.3.4.7 Perspectiva psicossomática do bem‐estar ..................................................................... 123 2.1.3.4.8 A terapia do bem‐estar .................................................................................................. 126 2.1.3.5 O bem‐estar psicológico em adolescentes/jovens.................................................................... 127 2.1.4 Outras abordagens análogas do bem‐estar ...................................................................................... 133 2.2 Adolescência e bem‐estar ................................................................................................................ 139 2.2.1 Limites etários: haverá um consenso?.............................................................................................. 142 2.2.2 Estatuto socioeconómico.................................................................................................................. 145 2.2.3 Ordem de nascimento/Posição ordinal na fratria..............................................................................147 2.2.4 Estrutura familiar .............................................................................................................................. 154 2.2.5 Prática religiosa................................................................................................................................. 160 2.2.6 Satisfação com a escola .................................................................................................................... 164 2.2.7 Satisfação corporal............................................................................................................................ 167 2.2.8 Ansiedade social................................................................................................................................ 170 2.2.9 Auto‐estima ...................................................................................................................................... 173 2.2.10 O bem‐estar psicológico em adolescentes: Um novo modelo?...................................................... 179 . ESTUDOS PRÉVIOS ......................................................................................................................................... 187 3.1 Escalas de Bem‐Estar Psicológico de Carol Ryff ................................................................................. 187 3.2 Estudos de adaptação das EBEP a adolescentes................................................................................ 197 3.2.1 Estudo 1 ............................................................................................................................................ 197 3.2.1.1 Amostra .................................................................................................................................... 199 3.2.1.2 Procedimentos.......................................................................................................................... 199 3.2.1.3 Resultados ................................................................................................................................ 200 3.2.2 Estudo 2 ............................................................................................................................................ 204 3.2.2.1 Amostra .................................................................................................................................... 204 3.2.2.2 Procedimentos.......................................................................................................................... 204 3.2.2.3 Resultados ................................................................................................................................ 204 3.2.3 Estudo 3 ............................................................................................................................................ 208 3.2.3.1 Amostra .................................................................................................................................... 208 3.2.3.2 Procedimentos.......................................................................................................................... 209 3.2.3.3 Resultados ................................................................................................................................ 209 3.2.4 Estudo 4 ............................................................................................................................................ 215 3.2.4.1 Amostra .................................................................................................................................... 216. Página VI .
(11) . 3.2.4.2 Procedimentos.......................................................................................................................... 216 3.2.4.3 Resultados ................................................................................................................................ 217 . ESTUDO PRINCIPAL ......................................................................................................................................... 221 4.1 Aspectos prévios .............................................................................................................................. 221 4.2. Metodologia ................................................................................................................................... 221 4.2.1 Amostra ............................................................................................................................................. 221 4.2.1.1 Caracterização da amostra ....................................................................................................... 221 4.2.1.2 Processo de amostragem .......................................................................................................... 224 4.2.2 Instrumentos de auto‐avaliação ........................................................................................................ 224 4.2.2.1 Dados biográficos e familiares .................................................................................................. 224 4.2.2.1.1 Sexo................................................................................................................................. 224 4.2.2.1.2 Idade ............................................................................................................................... 225 4.2.2.1.3 Local de residência .......................................................................................................... 225 4.2.2.1.4 Estatuto socioeconómico ................................................................................................ 225 4.2.2.1.5 Número de irmãos e posição ordinal na fratria .............................................................. 226 4.2.2.1.6 Situação familiar e relação com os pais.......................................................................... 226 4.2.2.2 Prática religiosa e religiosidade ................................................................................................ 227 4.2.2.3 Satisfação corporal.................................................................................................................... 227 4.2.2.4 Ansiedade social........................................................................................................................ 227 4.2.2.5 Satisfação escolar...................................................................................................................... 229 4.2.2.6 Auto‐estima............................................................................................................................... 229 4.2.2.7 Bem‐Estar Psicológico ............................................................................................................... 230 4.2.3 Desenho e procedimentos................................................................................................................. 231 4.2.3.1 Tipo de estudo ........................................................................................................................... 231 4.2.3.2 Caracterização do desenho ....................................................................................................... 232 4.2.4 Procedimentos................................................................................................................................... 233 4.2.4.1 Funcionais ................................................................................................................................. 233 4.2.4.2 Análise Estatística ..................................................................................................................... 234 4.3 Resultados ....................................................................................................................................... 237 4.3.1 Análise da consistência interna e estrutura factorial ........................................................................ 238 4.3.1.1 Ansiedade Social........................................................................................................................ 238 4.3.1.2 Auto‐Estima............................................................................................................................... 242 4.3.1.3 Bem‐Estar Psicológico ............................................................................................................... 246 4.3.2 Análise descritiva e comparativa ....................................................................................................... 252 4.3.2.1 Diferenças relativas à idade ...................................................................................................... 252 4.3.2.2 Diferenças relativas ao sexo...................................................................................................... 255 4.3.2.3 Diferenças relativas à idade x sexo ........................................................................................... 256 4.3.2.4 Diferenças relativas ao local de residência ............................................................................... 258 4.3.2.5 Diferenças relativas ao estatuto socioeconómico ..................................................................... 259. Página VII .
(12) . 4.3.2.6 Diferenças relativas à posição ordinal na fratria.......................................................................260 4.3.2.7 Diferenças relativas ao número de irmãos ................................................................................261 4.3.2.8 Diferenças relativas à estrutura familiar ...................................................................................261 4.3.2.9 Diferenças relativas à prática religiosa .....................................................................................262 4.3.2.10 Diferenças relativas aos tipos de bem‐estar............................................................................263 4.3.3 Análise correlacional..........................................................................................................................265 4.3.4 Análise de regressão múltipla hierárquica.........................................................................................266 . DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................................................................................271 5.1 Idade ................................................................................................................................................272 5.2 Sexo .................................................................................................................................................275 5.3 Idade x Sexo.....................................................................................................................................278 5.4 Local de Residência...........................................................................................................................281 5.5 Estatuto Socioeconómico..................................................................................................................285 5.6 Posição Ordinal e Número de Irmãos ................................................................................................288 5.7 Estrutura Familiar .............................................................................................................................290 5.8 Religião ............................................................................................................................................293 5.9 Tipos de Bem‐Estar Psicológico .........................................................................................................298 5.10 Correlatos e Predictores do Bem‐Estar ............................................................................................303 5.10.1 Factores biológicos...........................................................................................................................303 5.10.2 Factores psicológicos .......................................................................................................................305 5.10.3 Factores socioculturais.....................................................................................................................313 5.11 O Bem‐Estar Psicológico em adolescentes: Repensar o Futuro.........................................................316 5.11.1 Domínios de avaliação .....................................................................................................................319 5.11.2 Psicologia Cultural............................................................................................................................321 5.11.3 O florescimento humano emergente ..............................................................................................328 . CONCLUSÕES .................................................................................................................................................333 . BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................337 . ANEXO I........................................................................................................................................................ XV ANEXO II...................................................................................................................................................... XVI ANEXO III.................................................................................................................................................... XVII ANEXO IV ..................................................................................................................................................... XX ANEXO V ..................................................................................................................................................... XXI ANEXO VI ................................................................................................................................................... XXII. . Página VIII .
(13) . ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1: Delimitação cronológica da adolescência – algumas propostas ..................................................... 144 Quadro 2: Distribuição (%) por idade/sexo de situações inerentes à satisfação escolar (adaptado de HBSC 1997‐1998 e 2001‐2002) ....................................................................................................... 166 Quadro 3: Delimitação das dimensões de bem‐estar psicológico ..................................................................... 188 Quadro 4: Síntese das características das amostras e valores de consistência interna dos estudos com as EBEP ................................................................................................................................................ 191 Quadro 5: Análise descritiva dos itens e consistência interna das EBEP (forma de 18 itens de Novo et al., 1997) .............................................................................................................................................. 201 Quadro 6: Índices de adequação dos modelos factoriais testados (forma de 18 itens de Novo et al., 1997) ... 201 Quadro 7: Análise descritiva dos itens e consistência interna das EBEP (forma de 18 itens de Ferreira & Simões, 1999) ................................................................................................................................. 205 Quadro 8: Índices de adequação dos modelos factoriais testados (forma de 18 itens de Ferreira & Simões, 1999) ................................................................................................................................. 205 Quadro 9: Média, desvio padrão e índices de normalidade dos itens .............................................................. 210 Quadro 10: Matriz de correlação item‐factor das EBEP .................................................................................... 211 Quadro 11: Índices de adequação das escalas reduzidas (forma de 30 itens) .................................................. 211 Quadro 12: Estimativas dos coeficientes estandardizados e não estandardizados da versão reduzida das EBEP ................................................................................................................................................ 213 Quadro 13: Listagem dos itens das EBEP preteridos em função dos reformulados .......................................... 218 Quadro 14: Média, desvio padrão e índices de normalidade dos itens da SAS‐A ............................................. 239 Quadro 15: Índices de adequação dos modelos factoriais testados (SAS‐A) .................................................... 240 Quadro 16: Estimativas dos coeficientes estandardizados e não estandardizados da SAS‐A ........................... 241 Quadro 17: Coeficientes de consistência interna da SAS‐A (amostra global e diferenciação por sexo e fase da adolescência) ..................................................................................................................... 242 Quadro 18: Média, desvio padrão e índices de normalidade dos itens da RSES ............................................... 242 Quadro 19: Índices de adequação dos modelos factoriais testados (RSES) ...................................................... 244 Quadro 20: Estimativas dos coeficientes estandardizados e não estandardizados da RSES ............................. 245 Quadro 21: Coeficientes de consistência interna da RSES (amostra global e diferenciação por sexo e fase da adolescência) ............................................................................................................................. 246 Quadro 22: Média, desvio padrão e índices de normalidade dos itens das EBEP (versão para adolescentes) ................................................................................................................................. 247 Quadro 23: Índices de adequação dos modelos factoriais testados (EBEP – versão para adolescentes) ......... 248 Quadro 24: Estimativas dos coeficientes estandardizados e não estandardizados das EBEP (versão para adolescentes) ................................................................................................................................. 250 Quadro 25: Coeficientes de consistência interna das EBEP (amostra global e diferenciação por sexo e fase da adolescência) ..................................................................................................................... 251 Quadro 26: Diferenciação das EBEP pela fase da adolescência ........................................................................ 254 Quadro 27: Diferenciação das EBEP pelo sexo .................................................................................................. 255. Página IX .
(14) . Quadro 28: Médias dos resultados nas EBEP por grupo de idade e sexo .......................................................... 257 Quadro 29: Diferenciação das EBEP pelo local de residência ............................................................................ 258 Quadro 30: Diferenciação das EBEP pelo estatuto socioeconómico ................................................................. 259 Quadro 31: Diferenciação das EBEP pela posição ordinal na fratria ................................................................. 260 Quadro 32: Diferenciação das EBEP pelo número de irmãos ............................................................................ 261 Quadro 33: Diferenciação das EBEP pela estrutura familiar .............................................................................. 262 Quadro 34: Diferenciação das EBEP pela prática religiosa ................................................................................ 263 Quadro 35: Diferenciação das EBEP pelos tipos de bem‐estar psicológico ....................................................... 264 Quadro 36: Matriz de intercorrelações das EBEP com as variáveis biológicas, psicológicas e socioculturais.... 265 Quadro 37: Modelo de regressão múltipla hierárquica das variáveis predictoras do bem‐estar psicológico ... 268 . Página X .
(15) . ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1: Modelo ecológico do comportamento humano (Vasconcelos‐Raposo, 1993, p. 215) ........................... 8 Figura 2: Modelo hierárquico de felicidade/bem‐estar subjectivo ..................................................................... 35 Figura 3: Modelo mediador‐moderador da personalidade, cultura e bem‐estar subjectivo .............................. 67 Figura 4: Níveis médios de satisfação com a vida na Europa .............................................................................. 70 Figura 5: Número e tendência exponencial dos divórcios no período 1941‐2002 (elaboração própria) .......... 156 Figura 6: Modelo de medição final (Estudo 1) ................................................................................................... 203 Figura 7: Modelo de medição final (Estudo 2) ................................................................................................... 207 Figura 8: Modelo de medição final (Estudo 3) ................................................................................................... 214 Figura 9: Média e IC 95% do bem‐estar global ao longo da adolescência ......................................................... 253 Figura 10: Média e IC 95% do bem‐estar global por grupo de idade e sexo ..................................................... 257 Figura 11: Prevalência do diagnóstico criterial do florescimento psicológico ................................................... 301 . . Página XI .
(16) . Lista de Abreviaturas AFC ......................................................................................................................... Análise Factorial Confirmatória AGFI ........................................................................................................................ Adjusted Goodness of Fit Index AMOS ...................................................................................................................... Analysis of Moment Structures APA .................................................................................................................. American Psychological Association AS ..................................................................................................................................................... Aceitação de Si AUT ......................................................................................................................................................... Autonomia BMSLSS ............................................................................. Brief Multidimensional Student’s Life Satisfaction Scale CFI ......................................................................................................................................... Comparative Fit Índex CP ............................................................................................................................................ Crescimento Pessoal CSHA ............................................................................................................... Canadian Study of Health and Aging CSV ........................................................................................................................ Character Strengths and Virtues DH ......................................................................................................................................... Department of Health DSM ..................................................................................... Diagnosis and Statistical Manual of Mental Disorders EBEP ..................................................................................................................... Escalas de Bem‐Estar Psicológico EBEPA .................................................................................... Escalas de Bem‐Estar Psicológico para Adolescentes EFILWC ........................................... European Foundation for the Improvement of Living and Working Conditions EPQ .................................................................................................................... Eysenck Personality Questionnaire EQLS ....................................................................................................................... European Quality of Life Survey EQS ........................................................................................................................................................... Equations ESE ................................................................................................................................... Estatuto socioeconómico EUA ............................................................................................................................... Estados Unidos da América GFI .......................................................................................................................................... Goodness of Fit Índex GSS ......................................................................................................................................... General Social Survey HBSC ...................................................................................................... Health Behaviour in School‐aged Children HCPDG ................................................................................. Health & Consumer Protection – Directorate General IC .......................................................................................................................................... Intervalo de Confiança ICD .............................................................................................................. International Classification of Diseases IEFP ................................................................................................. Instituto do Emprego e Formação Profissional INE ......................................................................................................................... Instituto Nacional de Estatística MAPP ........................................................................................................... Master of Applied Positive Psychology MIDUS ....................................................................................... National Survey of Midlife Development in the US MSLSS ........................................................................................ Multidimensional Student’s Life Satisfaction Scale NEO‐PI‐R ............................................................................................................ Revised NEO Personality Inventory NSFH ................................................................................................... National Survey of Families and Households OHQ ...................................................................................................................... Oxford Happiness Questionnaire OMS ........................................................................................................................ Organização Mundial da Saúde OV ............................................................................................................................................... Objectivos na Vida PANAS .......................................................................................................... Positive and Negative Affect Schedule PNUD ................................................................................. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PWB .................................................................................................................................. Psychological Well‐Being RMSEA .................................................................................................. Root Mean Square Error of Approximation RPO ..................................................................................................................... Relações Positivas com os Outros Página XII .
(17) . RSES ............................................................................................................................ Rosenberg Self‐Esteem Scale SAS‐A ............................................................................................................... Social Anxiety Scale for Adolescents SES ......................................................................................................................................... Socioeconomic status SLSS ........................................................................................................................ Student’s Life Satisfaction Scale SPSS ......................................................................................................... Statistical Products and Service Solutions SPWB ................................................................................................................. Scales of Psychological Well‐Being SWB ....................................................................................................................................... Subjective Well‐Being SWLS .............................................................................................................................. Satisfaction with Life Scale TBE ......................................................................................................................................... Terapia do Bem‐Estar TCC .................................................................................................................. Terapia Cognitivo‐Comportamental TSWLS ............................................................................................................ Temporal Satisfaction with Life Scale USDHHS ........................................................................................ U.S. Department of Health and Human Services WHO .............................................................................................................................. World Health Organization WLS ........................................................................................................................... Wisconsin Longitudinal Study h . Página XIII .
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(19) O bem‐estar psicológico em adolescentes: Uma abordagem centrada no florescimento humano Introdução . Capítulo I INTRODUÇÃO O estudo do bem‐estar tem recebido uma especial e incremental atenção na última década, predominantemente integrado no âmbito da psicologia positiva (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000). Embora os autores recorram a diferentes terminologias e delimitações teórico‐conceptuais (bem‐ estar, felicidade, afectos, emoções, satisfação com a vida…), podemos, facilmente, remeter a sua génese de investigação para o período da Grécia Antiga, onde filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles procuravam definir os elementos essenciais à experiência humana positiva enquadrados na promoção do prazer e da felicidade. Tais indagações acabaram por originar duas correntes de pensamento, que orientam os modelos actuais de bem‐estar (Compton, Smith, Cornish & Qualls, 1996; Keyes, Shmotkin & Ryff, 2002; Lent, 2004; Ryan & Deci, 2001; Ryff & Keyes, 1995; Waterman, 1993): o hedonismo e o eudaimonismo. . Deste modo, apreende‐se que o bem‐estar é uma área de estudo extremamente ampla e a . investigação efectuada reflecte importantes diferenças teóricas, metodológicas e empíricas na concepção e operacionalização do construto bem‐estar (Novo, 2003). O conceito de bem‐estar parece ter as suas origens na filosofia da Grécia Antiga e principalmente nos escritos de Aristóteles, nomeadamente a sua obra Ética a Nicómano 1 redigida no século IV a.C. (Paschoal, 2000; Santos, 2001). Tal deriva de uma série de argumentos que Aristóteles contrapôs à abordagem hedonística defendida por Platão, apresentando o conceito de eudaimonia (eu: bom; daimon: anjo/demónio) como ideal de vida e da acção humana em complementaridade à felicidade. Assim, a perspectiva eudaimónica cinge‐se por uma concepção pluralista do bem, consagrada no pressuposto de que toda a acção humana voluntária deve procurar alcançar algo útil, sendo só possível tal busca no seio de uma sociedade justa e que contemple tais aspirações da vontade humana. . O pensamento aristotélico ensina‐nos que há algum bem para o qual todas as acções . convergem, pelo que esse fim é desejado para o nosso próprio bem e em consideração ao qual, 1. Curiosamente, o pai de Aristóteles chamava‐se Nicómano e foi médico do rei Amintas II da Macedónia, pelo que foi esse . mesmo nome que Aristóteles atribuiu ao seu filho, ao qual eram destinados os ensinamentos ético‐morais descritos na presente obra. Página 1 .
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