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Academic year: 2021

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Caro Leitor:

Nesta edição são abordados temas como “Dispensa de Submissão da Declaração Anual de Rendimentos dos Sujeitos Passivos”, “O processo da fiscalização tributária” e “Breve Referência a Alguns Aspectos do Regime de Preços de Transferência”.

Pode ainda, como habitualmente, consultar o nosso Calendário Fiscal e a Nova Legislação Publicada.

Tenha uma boa leitura! Neste caso, as entidades devedoras dos rendimen-tos não abrangidos pela dispensa deverão efectuar a retenção na fonte em conformidade com as normas e procedimentos anteriores, devendo os sujeitos passivos dos mesmos proceder à submissão do M/10 na Direcção de Área Fiscal a qual estejam...Cont. Pág. 2

No que concerne aos elementos a serem recolhi-dos, caso seja necessário efectuarem-se cópias de documentos, estas deverão ser feitas nas instalações do sujeito passivo. Caso não seja possível, os documen-tos requeridos só podem ser retirados por prazo não superior a 3 (três) dias úteis, devendo ser entregue recibo...Cont. Pág. 3

A temática dos preços de transferência tem sua consagração no Código do Imposto sobre o Rendi-mento das Pessoas Colecti-vas (“CIRPC”), aprovado pela Lei n.º 34/2007, de 31 de Dezembro. Apesar de o CIRPC atribuir competên-cia à administração tributária para efectuar correcções para a determi-nação...Cont. Pág. 4

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Ano 2017 | N.º 109 | Mensal

Tiragem 500 exemplares | Distribuição Gratuita

As opiniões expressas pelos autores nos artigos aqui publicados, não veiculam necessariamente o posicionamento da SAL & Caldeira Advogados, Lda.

NOTA DO EDITOR

FICHA TÉCNICA

EDIÇÃO, GRAFISMO E MONTAGEM: SÓNIA SULTUANE - DISPENSA DE REGISTO: Nº 125/GABINFO-DE/2005

COLABORADORES: Jeniffer Jenice Bizarro, Laila Cremildo Mondlane, Stela Cabral Silica, Rute Nhatave, Sérgio Ussene Arnaldo, Sheila Tamyris da Silva.

O processo da Fiscalização Tributária

Dispensa de Submissão da Declaração

Anual de Rendimentos dos Sujeitos

Passivos

Obrigações Declarativas e Contributivas

- Calendário Fiscal 2017 - (Janeiro)

ÍNDICE

Legislação

Informação sobre o Regulamento da Lei

do Voluntário

Breve Referência a Alguns Aspectos do

Regime de Preços de Transferência

(2)

DISPENSA DE SUBMISSÃO DA DECLARAÇÃO ANUAL

DE RENDIMENTOS DOS SUJEITOS PASSIVOS

Em 2015 trouxemos à atenção do estimado leitor a notícia segundo a qual

parte dos sujeitos passivos do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRPS) deixavam de estar obrigados, nos termos da lei, a submeter ou a apresentar a Declaração Anual de Rendimentos – Modelo 10 (doravante referida por M/10). Tal regime resultava da aprovação e entrada em vigor a 1 de Janeiro de 2014 da Lei n.º 20/2013, de 23 de Setembro (“Lei 20/2013”) e do Decreto n.º 56/2013, de 27 de Novembro (“Dec. 56/2013”), que alteravam certas disposições do Código do Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (aprovado pela Lei n.º 33/2007, de 31 de Dezembro) – CIRPS, e do Regulamento do Código do Imposto das Pessoas Singulares (aprovado pelo Decreto n.º 08/2008, de 16 Abril) - RCIRPS, respectivamente.

Nos termos dos instrumentos legais acima referidos, os sujeitos passivos que, no ano a que o imposto respeitava, tivessem auferido rendimentos tributados pelas taxas liberatórias, passavam a estar dispensados de apresentar o M/10 (n.º 2 do Artigo 52 da Lei 20/2013). As situações sujeitas às taxas liberatórias encontram-se previstas no Artigo 57 da Lei 20/2013 e compreendem, de entre outras:

a) os rendimentos do trabalho dependente (Primeira Categoria) e os rendimentos empresariais e profissionais auferidos no exercício, por conta própria, de qualquer actividade de prestação de serviços, quando auferidos por não residentes;

b) os rendimentos de títulos de dívida cotados na Bolsa de Valores de Moçambique;

c) os rendimentos provenientes da propriedade intelectual ou industriais, a prestação de informações respeitantes a uma experiencia no sector industrial, comercial ou científico, auferidos por titulares originários, não residentes em Moçambique; e

d) os ganhos em numerário, proveniente de jogos sociais e de diversão, tais como lotarias, rifas, apostas, mutuárias, loto, bingo, sorteios e concursos, entre outras situações.

Salienta-se que já ao abrigo do CIRPS aprovado em 2007, os rendimentos acima referidos estavam sujeitos à retenção na fonte a título definitivo , mas os sujeitos passivos não estavam dispensados da submissão do M/10, passando a estarem isentos apenas em 2013.

Recentemente, o Conselho de Ministros aprovou a revisão do Código do IRPS (CIRPS) em vigor, sendo umas das alterações a dispensa de apresentação do M/10 pelos sujeitos passivos residentes . Entendemos, assim, que tal alteração visa tornar efectivo o n.º 5 do Artigo 65-A, introduzi-do pela Lei nº 20/2013, que estabelece que a retenção na fonte introduzi-do imposto relativo aos rendimentos de trabalho dependente é efectuada a título

definitivo, já que não existia na Lei disposição que dispensava a apresentação do M/10 pelos sujeitos passivos residentes que auferem rendimentos de trabalho dependente.

Assim, nos termos da nova alteração, os sujeitos passivos estarão dispensa-dos de submeter o M/10 na Direcção de Área Fiscal a que estejam adstritos quando aufiram (i) rendimentos tributados à taxa liberatória (ii) rendimen-tos abaixo do mínimo não tributável (inferior ou igual a 225.000,00 MT) e (iii) rendimentos de trabalho dependente. Em contrapartida, não estarão abrangidos pela dispensa:

a) os sujeitos passivos que não aufiram rendimentos sujeitos a taxas liberatórias;

b) os residentes que aufiram rendimentos de outras categorias que não sejam rendimentos de trabalho dependente ou que não aufiram exclusiva-mente rendimentos de trabalho dependente.

Nestes casos, as entidades devedoras dos rendimentos não abrangidos pela dispensa deverão efectuar a retenção na fonte em conformidade com as normas e procedimentos anteriores, devendo os sujeitos passivos dos mesmos proceder à submissão do M/10 na Direcção de Área Fiscal a qual estejam adstritos de 01 de Janeiro até ao dia 30 de Abril de cada ano, haven-do ou não lugar ao pagamento adicional ou a reembolso, conforme aplicável. Refira-se que o pagamento do IRPS para este caso deverá ser efectuado até 30 de Junho do mesmo ano.

Em jeito de conclusão, reconhecemos que estamos perante uma medida positiva, visto que permanece a obrigação de apresentação do M/10 apenas para os casos nos quais seja efectivamente indispensável a sua apresentação e, com isto, materializa-se cada vez mais um dos desideratos da última reforma tributária, nomeadamente o de simplificar e flexibilizar os procedi-mentos na cobrança dos impostos e, consequentemente (i) permitir uma utilização mais eficiente dos meios e recursos do Estado e (ii) diminuir substancialmente o encargo de um grande número de cidadãos, nomeada-mente trabalhadores e as entidades empregadores do preenchimento e submissão do M/10.

O conteúdo deste artigo poderá ser alterado em função do conteúdo que for publicado no Boletim da República

empresarial, Assembleia

Stela Cabral Silica Consultora

Advogada

ssilica@salcaldeira.com

Consideram-se sujeitos passivos do IRPS todas as pessoas singulares que residem em território moçambicano e as que, nele não residindo, obtenham rendimentos através deste. Incluí-se aqui o agregado familiar daquele que incube a sua direcção. Retenção na fonte do imposto a título definitivo significa colecta do imposto sem direito ao reembolso ou pagamento adicional do imposto.

Salienta-se que todos rendimentos não previstos no artigo 57 do CIRPS com alterações introduzidas pela Lei 20/2013 continuavam sujeitos ao regime anterior de submissão da Declaração Anual de Rendimentos. Por outras palavras, os rendimentos de trabalho dependente auferidos por residentes continuavam sujeitos à submissão das Declarações Anuais de Rendimentos.

Nos termos do artigo 2, 3, 4 e 5 do CIRPS, os rendimentos de trabalho dependente são todas as remunerações pagas ou postas a disposição do trabalhador decorrente de:

a) Trabalho por conta de outrem prestado ao abrigo do contrato individual de trabalho ou de outro de igual equiparado; b) Trabalho prestado ao abrigo do contrato de aquisição de serviços ou outro de idêntica natureza, seja prestado em autonomia e a direcção da pessoa do adquirente;

c) Exercício de função, serviços ou cargo público;

d) Situações de pré-reforma, pré-aposentação ou reserva, com ou sem prestação de trabalho, bem como de prestações atribuídas, a qualquer titulo, antes de verificados os requisitos exigidos pelos regimes obrigatórios de segurança social aplicáveis para a passagem à situação de reforma ou, mesmo que não subsista o contrato de trabalho, se mostre 1 2 3 4 1 2 3 4 5

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O PROCESSO DA FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA

A fiscalização tributária tem em vista verificar o grau de cumprimento das obrigações tributárias que recaem sobre os sujeitos passivos do imposto, bem como a prevenção das infracções tributárias nos termos dos artigos 24 e seguintes da Lei nº 15/2002, de 26 de Junho, que aprova a Lei de Bases do Sistema Tributário (“LBST”). Esta é uma prerrogativa que foi conferida por lei à Autoridade Tributária (“AT”) e os procedimentos da fiscalização tributária têm a sua previsão legal no Decreto nº 19/2005 de 22 de Junho, que aprova o Regulamento do Procedimento de Fiscalização Tributária (“RPFT”).

Deste modo, pretende-se com este artigo apresentar ao estimado leitor os aspectos relevantes que devem ser observados no processo da fiscalização tributária.

Antes de mais, importa referir que os serviços da AT competentes para realizar a fiscalização são: (i) a Direcção de Serviços de Auditoria e Fiscalização Tributária; (ii) as Direcções das Áreas Fiscais; e (iii) Unidades de Grandes Contribuintes.

A fiscalização pode revestir diversos tipos, consoante ao seu fim (que pode ser procedimento de comprovação e verificação ou procedimento de informação), lugar de realização (pode ser interna ou externa) e âmbito (pode ser geral/ polivalente ou parcial/ univalente).

No âmbito do procedimento de fiscalização tributária, a actuação da AT compreende as seguintes acções:

a) confirmação dos elementos declarados pelos sujeitos passivos; b) indagação de factos tributários não declarados pelos sujeitos passivos; c) inventariação e avaliação de bens móveis ou imóveis;

d) prestação de informações oficiais, em matéria de facto, nos processos de reclamação e impugnação judicial dos actos tributários ou de recurso contenci-oso de actos administrativos em questões tributárias;

e) esclarecimento e a orientação dos sujeitos passivos sobre o cumprimento dos seus deveres perante a administração tributária;

f) realização de estudos individuais, sectoriais ou territoriais sobre o comporta-mento dos sujeitos passivos e demais obrigados tributários e a evolução dos sectores económicos em que se insere a sua actividade;

g) realização de perícias ou exames técnicos de qualquer natureza tendo em conta os fins da fiscalização tributária;

h) informação sobre os pressupostos de facto dos benefícios fiscais que depen-dam de concessão ou reconhecimento da administração tributária, ou de direitos que o sujeito passivo invoque perante aquela;

i) promoção do sancionamento das infracções tributárias;

j) cooperação nos termos das convenções internacionais, no âmbito da prevenção e repressão da evasão e fraude fiscais;

k) quaisquer outras acções de averiguação ou investigação de que a adminis-tração tributária seja legalmente incumbida.

Importa também notar que os funcionários que efectuam a fiscalização devem estar credenciados e possuir o cartão de agente de fiscalização ou outra identifi-cação emitida pelos serviços a que pertençam, podendo o sujeito passivo se opor aos actos de fiscalização com fundamento na falta de credenciação dos funcionários incumbidos da sua execução.

A fiscalização tributária inicia com o procedimento interno da AT que tem em vista recolher toda a informação disponível do sujeito passivo, necessária para a realização da fiscalização. Após esta preparação interna, a AT notifica o sujeito passivo com uma antecedência mínima de 2 (dois) dias e máxima de 5 (cinco) dias que vai dar início ao procedimento inspectivo, apresentando a identificação do funcionário, os elementos pretendidos, o âmbito e a extensão do procedi-mento de fiscalização, local e hora da sua realização e ainda informa sobre as consequências da violação do dever de cooperação do notificado.

No que concerne aos elementos a serem recolhidos, caso seja necessário efectuarem-se cópias de documentos, estas deverão ser feitas nas instalações do sujeito passivo. Caso não seja possível, os documentos requeridos só podem ser retirados por prazo não superior a 3 (três) dias úteis, devendo ser entregue recibo ao sujeito passivo e, sempre que seja feito inventário e/ou contagem física, será lavrado o correspondente arrolamento, que será assinado pelo sujeito passivo.

Os actos de fiscalização consideram-se concluídos na data em que o sujeito passivo é notificado da Nota de Constatações. A notificação deve fixar um prazo entre 8 (oito) a 15 (quinze) dias para o sujeito passivo se pronunciar sobre a referida nota, exercendo assim do direito de audição. Na eventualidade de o sujeito passivo prescindir da resposta escrita, poderá prestar oralmente as suas declarações, que serão reduzidas a termo pela AT. Após o conhecimento da AT do pronunciamento do sujeito passivo, no prazo de 5 (cinco) dias, elabora-se o relatório final, a Nota de Conclusões, com vista à identificação e sistematização dos factos apurados pela AT e sua qualificação jurídico-tributária, de acordo com artigo 56 do RPFT. A Nota de Conclusões não confere direito de audição e as conclusões dela constantes devem ser comunicadas ao sujeito passivo no prazo de 10 (dez) dias após a elaboração do referido relatório, quando afectem a sua situação tributária.

Caso a Nota de Conclusões estabeleça que houve cometimento de alguma infracção, podendo haver igualmente lugar a pagamento de imposto adicional, levanta-se os respectivos autos de transgressão; caso haja lugar apenas ao pagamento do imposto adicional, desencadeia-se um processo administrativo, sendo o sujeito passivo notificado para efectuar o pagamento do imposto devido ou para reclamar graciosamente; e caso estabeleça que não há nenhuma infracção e nem existe imposto adicional a pagar, o processo de fiscalização é arquivado pela AT.

Por fim, importa referir que, uma vez efectuada a fiscalização ao sujeito passivo e não estando este de acordo com parte ou com todos os apuramentos feitos pela AT, poderá socorrer-se das garantias gerais dos contribuintes, nos termos do artigo 17 da LBST, nomeadamente: (i) a Reclamação Graciosa, que deverá ser apresentada num prazo de 60 (sessenta) dias; e (ii) o Recurso Hierárquico, que deverá ser submetido caso haja indeferimento total ou parcial da reclamação graciosa e da decisão de revisão oficiosa ou da fixação da matéria tributável, este deverá ser interposto no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data do indeferimento e decidido pela entidade competente no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da data de entrega do recurso. A decisão sobre o recurso hierárquico é passível de recurso contencioso, no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data da notificação da decisão.

Em qualquer um dos níveis de conflito entre o sujeito passivo e a AT, o sujeito passivo tem a possibilidade de pagar o imposto e/ou multa alegadamente em dívida ou de se defender. Caso o sujeito passivo não exerça uma ou outra prerrogativa, a AT dará andamento à cobrança coerciva, que tem como objecti-vo a execução da dívida tributária.

empresarial, Assembleia

Jeniffer Jenice Bizarro Consultora Júnior

Jurista

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BREVE REFERÊNCIA A ALGUNS ASPECTOS DO REGIME

DE PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA

Foi publicado, a 06 de Dezembro do corrente ano, o Decreto n.º 70/2017 que aprova o Regime dos Preços de Transferência (“RPT”), que entrará em vigor a partir do dia 1 de Janeiro de 2018. Acreditamos que o RPT foi criado para regular as correcções ao lucro tributável relacionadas com situações de preços de transferência, pelo que se pretende com este artigo abordar algumas questões essenciais que podem ser encontradas neste regime.

Preço de transferência é o valor cobrado por uma determinada empresa na venda ou transferência de bens, serviços ou propriedade intangível à outra empresa a ela relacionada. Tem como objectivo a correcta alocação do lucro nas transacções entre empresas de um mesmo grupo económico. A temática dos preços de transferência tem sua consagração no Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (“CIRPC”), aprovado pela Lei n.º 34/2007, de 31 de Dezembro. Apesar de o CIRPC atribuir competência à Administração Tributária para efectuar correcções para a determinação do lucro tributável quando em sede de relações especiais entre o contribuinte e outra pessoa tenham sido estabelecidas condições diferentes das que seriam normalmente acordadas entre pessoas indepen-dentes, não se encontram detalhados os procedimentos a serem observa-dos em sede destas correcções.

O RPT aplica-se aos sujeitos passivos do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (“IRPC”) e do Imposto sobre o Rendimento das pessoas Singulares (“IRPS”), residentes ou domiciliados em território moçambicano, que realizem operações com partes relacionadas residentes ou não residentes bem como a outras entidades previstas naquele regime.

i) Métodos de determinação dos preços de transferência

O CIRPC prevê que podem ser efectuadas correcções para efeitos de determinação do lucro tributável, como é o caso dos preços de transferên-cia previstos na Secção VI deste Código. Apesar de fazer referêntransferên-cia a estes, o CIRPC não estabelece como é que os preços de transferência são aplicados para a determinação do lucro tributável, limitando-se apenas a apresentar as situações nas quais se pode verificar a sua aplicação (artigo 49 do CIRPC).

No que concerne ao RPT, este é inovador porquanto indica nas alíneas a) e b), do n.º 1, do artigo 8 os métodos utilizados nas correcções para efeitos de determinação do lucro tributável previstos no CIRPC, nomeadamente: • Método do preço comparável de mercado;

• Método do preço de revenda minorado; • Método do custo majorado;

• Método do fraccionamento do lucro; e • Método da margem líquida da operação.

Importa referir que apesar de o RPT não fazer referência expressa, enten-demos que os três primeiros métodos supra citados são os principais, ou seja, os que a administração tributária vai privilegiar quando haja lugar a

correcções necessárias para a determinação do lucro tributável. Assim, podemos considerar os dois últimos como sendo acessórios, porquanto o regime estabelece que além destes poderá ser aplicado outro método apropriado quando aos factos e as circunstâncias específicas de cada operação, quando os métodos “principais” não possam ser aplicados ou quando, podendo sê-lo, não permitam obter a medida mais fiável dos termos e condições que entidades independentes normalmente acordari-am, aceitariam ou praticariam. Este último aspecto é uma ilustração clara da abrangência deste preceito, porquanto existe a intenção de se recorrer a todos métodos previstos neste regime e outros que se mostrem apropria-dos, de tal forma que a inadequação de um método não será motivo para a não verificação das correcções necessárias.

Nos termos do RPT, o sujeito passivo deve adoptar o método mais apropriado a cada operação ou série de operações, de acordo com o princípio de plena concorrência, considerando-se como método mais apropriado aquele susceptível de fornecer a melhor e mais fiável estimativa dos termos e condições que seriam normalmente acordados, aceites ou praticados numa situação de plena concorrência, devendo mantê-lo durante o exercício económico por bem, direito ou serviço.

ii) Processo de documentação fiscal

O RPT estabelece que o sujeito passivo deve dispor de informação e documentação respeitantes à política adoptada na determinação dos preços de transferência e manter, de forma organizada, elementos a provar, entre outros, a selecção e utilização do método apropriado de determi-nação dos preços de transferência.

O processo de documentação fiscal previsto no RPT rege-se igualmente pelas disposições do CIRPC e do seu Regulamento, nos quais se estabelece que os sujeitos passivos deste imposto têm a obrigação de manter, em boa ordem, durante o prazo de 10 anos, um processo de documentação fiscal relativo a cada exercício, que deve estar constituído até ao termo do prazo de entrega da declaração anual de informação contabilística e fiscal. No que tange à esta obrigação, o RPT estabelece no n.º 4 do artigo 21 que os sujeitos passivos do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas e do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares que não tenham atingido um valor anual de vendas líquidas e outros proveitos de 2.500.000,00MT no exercício anterior, ficam dispensados do cumprimento desta.

Este regime ocupa-se de questões específicas, como é o caso das

Commodi-ties, Acordos de partilha de custos e Acordos de prestação de serviços dentro do grupo que poderão ser objecto de análise, em outros artigos. Em jeito de conclusão, importa referir que a aplicação do RPT poderá constituir um enorme desafio para muitas empresas moçambicanas, na medida em que grande parte delas têm contratos com empresas relaciona-das e, desta feita deverão, no âmbito de suas operações com essas empre-sas, observar o vasto leque de medidas que este regime estabelece.

empresarial, Assembleia

Laila Cremildo Mondlane Consultora Júnior

Jurista

lmondlane@salcaldeira.com https://estudosaduaneiros.com/preços-de-transferencia/

Com as alterações introduzidas pela Lei n.º 20/2009, de 10 de Setembro, Lei n.º 4/2012, de 13 de Janeiro e Lei n.º 19/2013, de 23 de Setembro.

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(5)

INFORMAÇÃO SOBRE O REGULAMENTO

DA LEI DO VOLUNTÁRIO

Sheila Tamyris da Silva     Assistente

ssilva@salcaldeira.com

O Decreto n.º 52/2017 de 11 de Outubro de 2017 aprova o Regulamento da Lei do Voluntariado e revoga o Decreto nº.72/2011 de 30 de Dezembro de 2011. O presente Decreto estabelece os mecanismos de aplicação da Lei do Voluntariado, a todos os cidadãos, entidades nacionais e estrangeiras nas suas diversas formas de organização que promovem e realizam o voluntariado na República de Moçambique.

Constituem entidades nacionais que promovem o voluntariado, as associações sem fins lucrativos, as organizações comunitárias de base, confissões religiosas, organizações não-governamentais, clubes e núcleos desportivos, fundações e outras que contribuem de forma activa, livre e solidária para a promoção do interesse público.

São deveres da Entidade Promotora:

• Respeitar os direitos dos voluntários, cumprindo todas as obrigações do programa definido entre partes; • Garantir a observância das normas de higiene e segurança no trabalho, bem como investigar as causas dos acidentes e doenças profissionais, adoptando medidas adequadas a sua prevenção;

• Respeitar e tratar com correcção e urbanidade o voluntário;

• Observar os termos inerentes ao voluntariado previstos no presente regulamento;

• Definir e elaborar o programa do voluntário tendo em conta o seu perfil e a natureza da actividade; • Definir as condições de acesso aos locais onde deve ser desenvolvido o serviço voluntário, tais como lares, estabelecimentos prisionais e hospitalares entre outros;

• Realizar acções de formação destinadas ao bom desenvolvimento do serviço voluntario e a sua avaliação periódica;

• Definir o modo de resolução de conflitos entre a entidade promotora e o voluntário;

• Garantir o retorno do voluntário ao país de origem ou de procedência, em caso de perda de qualidade de voluntário.

O voluntário é o indivíduo que de forma livre, desinteressada e responsável se compromete de acordo com as suas aptidões e no seu tempo livre a realizar o voluntariado, no âmbito de uma entidade promotora. Assim sendo, o voluntário, pela sua natureza jurídica, não gera nenhum tipo de vínculo laboral ou afim, não estando apto a exigir remuneração ou qualquer benefício previsto em legislação laboral. O mesmo deve possuir um cartão de identificação do voluntário, onde contém os seus dados pessoais e informações relevantes para a prossecução do voluntariado.

O voluntário estrangeiro deve possuir visto de trabalho para o exercício do voluntariado, que é emitido pelas Missões Diplomáticas e Consulares da República de Moçambique, sendo autorizado pelos Serviços Nacionais de Migração, mediante o pedido de autorização da entidade que superintende o voluntariado. São direitos do voluntário:

• Possuir cartão de identificação de voluntário;

• Exercer o serviço voluntário em condições de segurança;

• Ter acesso a programas de formação, tendo em vista o aperfeiçoamento do serviço voluntário; • Faltar justificadamente, se for empregado, até o máximo de 3 dias consecutivos, por motivo de cumpri-mento de missões urgentes em situações de emergência, calamidades públicas ou equiparadas, sendo que as faltas justificadas até 3 dias contam como tempo de serviço prestado a entidade empregadora e não implicam a perda de remuneração;

• Receber da entidade promotora indemnizações, subsídios e pensões, bem como outras regalias definidas legalmente em caso de acidente ou doenças contraídas no exercício do serviço voluntário;

• Estabelecer com a entidade promotora relações mútuas de coordenação indicando claramente o conteú-do, natureza e duração do serviço voluntário que vai realizar;

• Ser reembolsado das importâncias despendidas no exercício de uma actividade programada pela entidade promotora, desde que inadiáveis e devidamente justificadas, dentro dos limites estabelecidos pela entidade promotora.

São pessoas colectivas de serviço voluntário, as pessoas jurídicas de direito público e privado sem fins lucrativos, desde que o seu objecto social e normas estatutárias atendam os requisitos definidos na Lei do Voluntariado.

As pessoas colectivas de serviço voluntário e as entidades promotoras devem submeter trimestralmente o relatório de actividades à entidade que superintende o voluntariado.

O presente Decreto entrou em vigor no dia 11 de Outubro de 2017, data da sua publicação no Boletim da República.

(6)

NOVA LEGISLAÇÃO PUBLICADA

OBRIGAÇŌES DECLARATIVAS E CONTRIBUTIVAS

10 20 31 31 INSS IRPS IPP ICE 20 IRPC

Decreto nº 70/2017 de 6 de Dezembro de 2017 - Aprova o Regime de Preços de Transferência.

Decreto nº 67/2017 de 1 de Dezembro de 2017 - Aprova o Regulamento do Quadro de Interoperabilidade.

Decreto nº 68/2017 de 1 de Dezembro de 2017 - Aprova a Lista dos Trabalhos considerados Perigosos para as Crianças.

Decreto nº 69/2017 de 6 de Dezembro de 2017 - Cria o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricion-al, abreviadamente designado por CONSAN.

Decreto nº 63/2017 de 13 de Novembro de 2017 - Aprova a actualização dos Termos de Concessão das Infra-es-truturas do Terminal Portuário de Macuse, na província da Zambézia, efectuado pelo Governo da República de Moçambique, na sua qualidade de Concedente Portuário à Sociedade Thai Moçambique Logística, S.A.

Decreto nº 64/2017 de 13 de Novembro de 2017 - Aprova a actualização dos Termos de Concessão das Linhas Ferroviárias de Macuse, na província da Zambézia à Chitima (na bacia carbonífera de Moatize), na Província de Tete, efectuado pelo Governo da República de Moçambique, na sua qualidade de Concedente Ferroviário à Sociedade Thai Moçambique Logística, S.A.

Diploma Ministerial nº 72/2017 de 10 de Novembro de 2017 - Aprova o Regulamento Interno do Instituto Nacional de Emprego.

Diploma Ministerial nº 73/2017 de 17 de Novembro de 2017 - Revoga o artigo 6 dos Procedimentos para a Efectivação da Compensação (Diploma Ministerial 124/2012 - Aprova os procedimentos para a Efectivação da Compensação da Dívida Tributária).

Resolução nº 47/2017 de 20 de Novembro de 2017 - Ratifica o Acordo de Adesão da República de Moçambique ao Acordo de Viena de 1973, que estabelece a classificação internacional de elementos figurativos de marcas e suas sucessivas modificações, adoptado em 12 de Junho de 1973, em Viena.

Resolução nº 22/2017 de 24 de Novembro de 2017 - Aprova o Estatuto Orgânico da Unidade de Gestão do Processo de Kimberley, Metais Preciosos e Gemas.

Lei nº 10/2017 de 1 de Agosto de 2017 - Aprova o Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado, abreviad-amente designado por EGFAE, Revoga a Lei 14/2009.

Nota: ficou sem efeito a Lei nº 10/2017 anteriormente publicada no 2.º Suplemento ao Boletim da República n.º 119 de 1 de Agosto de 2017.

CALENDÁRIO FISCAL 2017 JANEIRO

Sérgio Ussene Arnaldo     Assessor Fiscal e Financeiro sussene@salcaldeira.com Rute Nhatave    Arquivista / Bibliotecaria rnhatave@salcaldeira.com 31 IVA 15 IPM

Entrega das contribuições para segurança social referente ao mês de Dezem-bro de 2017.

Entrega da declaração periódica quando o sujeito passivo tenha créditos do imposto.

Entrega do imposto retido na fonte de rendimentos de 1ª, 2ª , 3ª , 4 ª e 5ª categoria bem como as importâncias retidas por aplicação de taxas liberatórias durante o mês de Dezembro 2017.

Entrega do imposto retido durante o mês de Dezembro de 2017.

Pagamento das importâncias devidas em documentos, contratos, livros e actos designados na Tabela anexa ao Código de IS referente ao mês de Dezembro de 2017.

Entrega do Imposto sobre a extracção mineira referente ao mês de Dezem-bro de 2017.

Entrega do Imposto sobre a produção de petróleo referente ao mês de Dezembro de 2017.

Entrega da Declaração, pelas entidades sujeitas a ICE, relativa a bens produzi-dos em território nacional ou importaproduzi-dos.

20 Imposto de Selo

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DISTINÇÕES

Referências

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