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Caro Leitor:

Nesta edição são abordados temas como “Proibição da emissão de comunicações de

trabalho de curta duração para ONGs”, “O regime de entrada, permanência e saída de

cidadãos estrangeiros em moçambique: a falta de emissão das novas modalidades de

visto e a emissão incorrecta do visto de trabalho” e “Sociedades Unipessoais como

Alternativa para a Contratação de Trabalhadores Estrangeiros”.

Pode ainda, como habitualmente, consultar o nosso Calendário Fiscal e a Nova

Legislação Publicada.

Tenha uma boa leitura!

Conforme referido, há que

notar que o regime de

autorização de trabalho

aplica-se aos trabalhos de

carácter permanente, como os

cargos de Direcção, por

exemplo. Então, a exigência do

MITESS da adopção pelas

ONGs do regime de

autorização de trabalho como

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passa a coincidir com o

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poderá a permanência ser até

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Muitos cidadãos estrangeiros,

especialmente os que já se

encontram no país há alguns

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surpreendi-dos pela evolução legislativa

relativamente aos mecanismos

para a sua contratação, como

forma de fazer face às

dificuldades enfrentadas no

acesso ao emprego em

Moçambique, têm optado por

constituir...Cont. Pág. 4

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Ano 2018 | N.º 113 | Mensal

Tiragem 500 exemplares | Distribuição Gratuita

As opiniões expressas pelos autores nos artigos aqui publicados, não veiculam necessariamente o posicionamento da SAL & Caldeira Advogados, Lda.

NOTA DO EDITOR

FICHA TÉCNICA

EDIÇÃO, GRAFISMO E MONTAGEM: SÓNIA SULTUANE - DISPENSA DE REGISTO: Nº 125/GABINFO-DE/2005

COLABORADORES: Gimina Mahumana Langa, Nárcia Taaluma Walle, Nyoni Matsolo, Rute Nhatave, Sérgio Ussene Arnaldo, Sheila Tamyris da Silva.

O regime de entrada, permanência e saída de

cidadãos estrangeiros em moçambique: a

falta de emissão das novas modalidades de

visto e a emissão incorrecta do visto de

trabalho

Proibição da emissão de comunicações

de trabalho de curta duração para

ONGs

Obrigações Declarativas e Contributivas

- Calendário Fiscal 2018 - (Maio)

ÍNDICE

Legislação

Informação sobre o regulamento de

gestão das contas bancárias do Estado

Sociedades Unipessoais como

Alternati-va para a Contratação de Trabalhadores

Estrangeiros

(2)

PROIBIÇÃO DA EMISSÃO DE COMUNICAÇÕES DE TRABALHO

DE CURTA DURAÇÃO PARA ONGS

O crescimento do registo de Organizações Não Governamentais (“ONGs”)

estrangeiras em Moçambique resultou no aumento significativo na contratação de mão-de-obra estrangeira necessária para o desenvolvimento das suas actividades. Contudo, as limitações criadas por lei e a burocracia que caracteriza o processo de contratação de mão-de-obra estrangeira tem contribuído para escassez de pessoal capacitado para a implementação dos projectos das ONGs, prejudicando o seu desempenho nos sectores cruciais do nosso país.

Segundo o Decreto n.º 37/2016, de 31 de Agosto, que aprova o Regulamento dos Mecanismos e Procedimentos para a Contratação de Cidadãos de Nacionalidade Estrangeira (“D37/16”), a contratação de cidadãos estrangeiros é feita sob três regimes, nomeadamente (i) regime de curta duração; (ii) regime de quotas; e (iii) regime de autorização de trabalho.

Importa referir que na vigência do Regulamento anterior (Decreto n.º 55/2008, de 30 de Dezembro), em 2013, a Direcção Nacional do Trabalho Migratório do Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social (“MITESS”) aboliu o regime de contratação no âmbito da quota para as ONGs, através da circular n.º 004/MITRAB/G-D/2011/2013, de 26 de Setembro. Nestes moldes, a contratação de trabalhadores estrangeiros pelas ONGs passou a ser feita mediante os regimes de autorização de trabalho e de curta duração, observando o artigo 17 do antigo Regulamento. A partir de Fevereiro de 2017, sem nenhuma directiva escrita, a Direcção do Trabalho, Empre-go e Segurança Social da Cidade de Maputo começou a rejeitar a submissão de pedidos de comunicações de trabalho de curta duração para as ONGs alegando que, por orientações da Direcção Nacional do Trabalho Migratório, as ONGs deviam contratar apenas através do regime de autorização de trabalho, por imposição do artigo 19 do D37/2016, observado os procedimentos do artigo 18 para o qual aquele remete. Contudo, é de notar que, da leitura do artigo 19 do D37/2016, conclui-se que o mesmo se refere à contratação (referindo-se a trabalhos de carácter permanente), enquanto o regime de curta duração aplica-se a cidadãos estrangeiros ainda que vinculados por contrato a outras entidades, ou seja, para trabalhos pontuais que não consubstanciam contratações propriamente ditas, de tal modo que a submissão do contrato de trabalho não constitui um requisito para a emissão de comunicação de curta duração. Por esta razão, trabalhos pontuais e imprevisíveis não merecem o tratamento previsto no artigo 18 do D37/2016. Além disso, o nº 4 do art. 5 do D37/16 refere que o trabalho de curta duração não se integra e nem é subsidiário dos regimes de quotas e de autorização de trabalho.

Conforme referido, há que notar que o regime de autorização de trabalho aplica-se

aos trabalhos de carácter permanente, como os cargos de Direcção, por exemplo. Então, a exigência do MITESS da adopção pelas ONGs do regime de autorização de trabalho como a única modalidade de contratação é problemática pois: a) impede os trabalhadores que pretendem realizar trabalhos de natureza eventual e imprevisível (aqueles com duração até 90 dias por ano); ou b) obriga trabalhadores que pretend-em vir ministrar formações, realizar auditorias, prestar apoio técnico ou participar pretend-em reuniões, a requerer certificados de equivalência, cujo processo é moroso, podendo levar até 105 dias, sem contar com o próprio processo de autorização de trabalho que também é moroso e complexo, podendo levar até 60 dias para sua conclusão e, tratando-se de um processo submetido na Província, este pode levar mais tempo ainda, uma vez que o processo deve ser submetido na respectiva Direcção Provincial do Trabalho e posteriormente enviado para o Ministério do Trabalho.

Esta morosidade tem um impacto negativo, pois desencoraja a realização das actividades pretendidas, em áreas essenciais para o país, como a da saúde (HIV) educação e ambiente, resultando na: a) redução de transmissão de conhecimentos para o pessoal local das ONGs e demais entidades nacionais, assim como outras actividades que contribuem para os objectivos do Programa Quinquenal do Governo; b) impossibilidade de realização de actividades contempladas no projecto aprovado pelo Ministério de Negócios Estrangeiros e Cooperação e/ou Memorandos com outros Ministérios que superintendem o sector de actividade da ONG; e c) cria um ambiente de incertezas junto aos doadores sobre o modo como a lei é aplicada em Moçambique, colocando em causa o financiamento atribuído por estes que, por seu turno, é indispensável para a prossecução das actividades das ONGs.

É de salientar que os projectos das ONGs são previamente aprovados pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (“MINEC”) e sujeitos a parecer prévio favorável do respectivo Ministério que superintende a área de actividades que as mesmas desenvolvem, pelo que não faz sentido que tendo o Governo previamente autorizado a realização destes projectos, o mesmo depois crie barreiras para a execução dos mesmos.

Por fim, segundo o princípio da unidade do sistema jurídico previsto no artigo 9 do Código Civil Moçambicano, o artigo 19 do D37/2016 não deve ser olhado de forma isolada, mas sim dentro do sistema jurídico, integrando-se com as outras normas contíguas (do mesmo contexto), cujo conhecimento (e reconhecimento do regime de curtas durações) é necessário.

Face ao acima exposto, afigura-se de extrema importância que o MITESS reconsidere a restrição imposta, pois a restauração do regime de trabalho de curta duração para as ONGs é deveras importante para o desenvolvimento na plenitude das actividades das ONGs aprovadas pelo MINEC e homologadas por outros Ministérios superinten-dentes das áreas das suas actividades, contribuindo para a prossecução os objectivos do Programa Quinquenal do Governo, com vista ao desenvolvimento do nosso país.

empresarial, Assembleia

Nárcia Taaluma Walle Consultora Júnior

Jurista

(3)

O REGIME DE ENTRADA, PERMANÊNCIA E SAÍDA DE CIDADÃOS ESTRANGEIROS EM MOÇAMBIQUE:

A FALTA DE EMISSÃO DAS NOVAS MODALIDADES DE VISTO E A EMISSÃO INCORRECTA DO VISTO DE TRABALHO

O Decreto n.º 108/2014, de 31 de Dezembro, que aprova o Regulamento que estabelece o Regime Jurídico Aplicável aos Cidadãos Estrangeiros, Relativo à Entrada, Permanência e Saída do País, adiante designado por “D108/14” ou simplesmente “Regulamento”, introduziu novas modalidades de vistos e alterou as características do visto de trabalho. No entanto, volvidos mais de 2 anos após a sua entrada em vigor, as novas modalidades continuam a não serem emitidas e o visto de trabalho é emitido de forma diversa da estabelecida pelo Regulamento.

O presente artigo tem como objectivo analisar e demonstrar que o D108/14 em relação às matérias acima referidas, por um lado nem sequer está sendo implementa-do e, por outro, a implementação não é cabal.

1. AS NOVAS MODALIDADES DE VISTOS

Através do D108/14 foram introduzidas quatro novas modalidades de vistos como sejam:

a) O visto de actividades desportivas e culturais – aquele que é concedido ao cidadão estrangeiro devidamente credenciado para o efeito pelas autoridades competentes e destina-se a permitir a entrado do seu titular no país para participar em competições ou treinamento desportivos ou ainda demonstrações e competições culturais; b) O visto para actividades de investimento – aquele que é concedido ao cidadão estrangeiro investidor, representante, procurador ou titular de órgãos de direcção de uma empresa investidora, para permitir a sua entrada para fins de implementação de projectos de investimentos aprovados pelo Conselho de Ministros;

c) O visto de permanência temporária – aquele que é concedido ao cônjuge estrangeiro e filhos menores ou incapazes (dependentes) do cidadão estrangeiro titular de um visto de trabalho;

d) O visto de transbordo de tripulantes – aquele que é concedido ao cidadão estrangeiro nos Postos de Travessia marítimo ou aéreo e permite a transferência do tripulante de um navio para outro, de uma aeronave para outra ou de um navio para uma aeronave e vice-versa.

Uma nota importante quanto às novas modalidades de vistos é que o visto previsto na alínea a) acima referido tanto pode ser emitido nas Missões Diplomáticas e Consu-lares da República de Moçambique, como também nos Postos de Travessia. Os previstos nas alíneas b) e c) obedecem ao regime regra, isto é, são emitidos pelas Embaixadas e Consulados da República de Moçambique. Já o previsto na alínea d) é exclusivamente emitido pelos Postos de Travessia (marítima ou aérea).

De referir que actualmente 44 Postos de Travessia (Terrestre, Marítima e Aérea) estão formalmente habilitados para a emissão do visto de actividades desportivas e culturais conforme dispõe o Diploma Ministerial n.º 20/2017 de 2 de Março, mas o mesmo ainda não está a ser emitido. De igual modo, o visto para actividade de investimento e o visto de permanência temporária ainda não estão a ser emitidos pelas Missões Diplomáticas e Consulares da República de Moçambique.

Relativamente ao visto de transbordo de tripulantes, de entre os 44 Postos de Travessia habilitados, somente os de travessia marítima e aérea podem emitir o visto de transbordo de tripulantes nos termos estabelecidos no nº1 ab initio do art. 22 do D108/14, mas na prática nenhum dos Postos de Travessia os emite.

Não é razoável que, volvidos mais de 2 anos após a aprovação, publicação e entrada

em vigor do D108/14, período mais do que suficiente para que as démarches necessárias a sua implementação efectiva fossem acauteladas, os novos vistos ainda não estejam a ser emitidos.

2. O VISTO DE TRABALHO

O D108/14 alterou as actuais características do visto de trabalho que antes era isoladamente regulado pelo Decreto n.º 26/99, de 24 de Maio ab-rogado expressa-mente pelo D108/14.

À luz do D108/14, o visto de trabalho sofreu alteração parcial nas suas características essenciais, isto é, passou de um visto simples para um visto múltiplo. Por conseguinte, passou a habilitar a entrada do seu titular no país por mais de uma vez, contraria-mente ao anterior regime que estabelecia visto simples, habilitando o seu titular a uma única entrada no país.

O período de permanência passa a coincidir com o período de vigência do contrato de trabalho, significando que, em conformidade com o sistema jurídico moçambicano, poderá a permanência ser até 2 anos, período máximo que pode durar um contrato de trabalho com cidadão estrangeiro, sem prejuízo da renovação, conforme estabe-lece o n.º 1 do art. 21 do Decreto nº 37/2016, de 31 de Agosto, que aprova o Regula-mento dos Mecanismos e ProcediRegula-mentos para a Contratação de Cidadãos de Nacionalidade Estrangeira.

Em relação às entidades emissoras, refere o D108/14 que visto de trabalho é concedido pelas Missões Diplomáticas e Consulares da República de Moçambique. Não obstante as novas características do visto de trabalho acima impostas por lei, bem como o estabelecimento das entidades competentes para a sua emissão, o visto de trabalho continua a ser emitido pelo período de 30 dias, configurando-se como um visto simples, sendo depois prorrogado pelo período máximo de 1 ano com anotação de múltiplas entradas pelos Serviços Provinciais de Migração em Moçam-bique.

Consequentemente, verifica-se uma burocracia desnecessária que não se compadece com a lei, na medida em que o visto de trabalho já deveria estar a ser emitido pelas Embaixadas e Consulados, com múltiplas entradas e com uma validade igual ao período do contrato de trabalho aprovado pelas autoridades laborais.

Em relação à prorrogação, os Serviços Provinciais de Migração no mínimo poderiam admitir que o visto de trabalho fosse prorrogado até ao limite máximo de 730 dias conforme estipulado na parte III dos Anexos I e II do Diploma Ministerial n.º 57/2017, de 6 de Setembro.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A falta de emissão das novas modalidades de vistos introduzidas pelo D108/14 revela falta de aplicabilidade da lei, enquanto a emissão do visto de trabalho de modo diverso do estabelecido no D108/14 revela má aplicação da lei. Quer a falta de emissão dos novos vistos, bem como a emissão do visto de trabalho de forma diversa da estabelecida por lei, por um lado, limitam os direitos ou vantagens que a mesma oferece e, por outro, causam incerteza jurídica, isto é, divergência entre o resultado normativo (previsto na norma) e o resultado alcançado. Esperava-se que as Missões Diplomáticas e Consulares da República de Moçambique, os Postos de Travessia (Terrestre, Marítimo e Aéreo) habilitados e os Serviços Provinciais de Migração pautassem pela actuação em obediência à lei, ou seja, a lei devia ser o fundamento e o limite da sua actuação conforme decorre do Princípio da legalidade, um dos princípios basilares e enformadores dos actos da Administração Pública.

empresarial, Assembleia

Nyoni Matsolo Consultor

(4)

SOCIEDADES UNIPESSOAIS COMO ALTERNATIVA PARA A CONTRATAÇÃO

DE TRABALHADORES ESTRANGEIROS

O regime jurídico de contratação de mão-de-obra estrangeira em Moçambique tem

se mostrado cada vez mais rigoroso, tendo em atenção os requisitos legais para a contratação de trabalhadores de nacionalidade estrangeira no âmbito dos regimes aplicáveis, nomeadamente, no âmbito da quota, autorização de trabalho (uma vez esgotada a quota aplicável) e de curta duração, aos quais nos iremos referir de forma genérica como “permissões de trabalho”, mas também as exigências impostas pelas autoridades responsáveis pela tramitação destes processos (requisitos extralegais).

Uma das as razões que ditam este cada vez mais estreito acesso às permissões de trabalho aos cidadãos de nacionalidade estrangeira, tem a ver com a protecção da mão-de-obra local e a garantia de emprego para os moçambicanos. Entretanto, não pretendemos neste artigo especular sobre as motivações por trás das decisões do legislador.

Perante os constrangimentos enfrentados na contratação de mão-de-obra estrangei-ra pela via da relação laboestrangei-ral, empregadores e cidadãos de nacionalidade estestrangei-rangeiestrangei-ra têm explorado as mais diversas alternativas para assegurar a continuidade das actividades com recurso à mão-de-obra estrangeira.

Importa referir que um dos mecanismos em voga para o estabelecimento da relação é a constituição, pelos cidadãos de nacionalidade estrangeira, de sociedades unipessoais. Com isto, o presente artigo pretende debruçar-se sobre as vantagens e riscos da utilização deste mecanismo para a contratação de mão-de-obra estrangeira.

Muitos cidadãos estrangeiros, especialmente os que já se encontram no país há alguns anos e que foram surpreendidos pela evolução legislativa relativamente aos mecanismos para a sua contratação, como forma de fazer face às dificuldades enfrentadas no acesso ao emprego em Moçambique, têm optado por constituir sociedades unipessoais ou registar-se como empresários em nome individual, para posteriormente celebrarem contratos de prestação de serviços com as empresas beneficiárias das suas actividades.

Por esta via, a empresa beneficiária da prestação dos serviços dos estrangeiros, que no caso passa a ser a cliente nesta relação e a quem daqui por diante iremos identific-ar por “contratante”, poderá, em virtude da relação apidentific-arentemente meramente comercial, ter ao seu serviço o cidadão estrangeiro sem, no entanto, precisar de utilizar a sua quota nem ter que organizar um processo de permissão de trabalho, o qual para além de desgastante, pode ser extremamente moroso (considerando, inclusive, o tempo necessário para a obtenção dos documentos aplicáveis, tais como certificados de equivalência, bem como dos vistos aplicáveis, conforme o caso).

Ademais, as entidades empregadoras deixam de ter o encargo de cumprir com as obrigações laborais associadas àqueles trabalhadores, tais como a inscrição e o pagamento de contribuições para a segurança social, impostos sobre o rendimento,

seguro contra acidentes de trabalho, assistência médica, entre outros.

Por sua vez, os cidadãos estrangeiros em causa, ora empresários, têm maior facilidade no acesso ao ‘’emprego’’ uma vez que já apresentam uma vantagem relativamente aos estrangeiros que tenham que ser contratados como trabalhadores e cuja legalização da sua situação de emprego e permanência no país implica os encargos acima referidos para as entidades empregadoras.

Importa chamar a atenção ao facto de que, embora em princípio não exista qualquer impedimento legal para a constituição de sociedades unipessoais ou registo como empresários em nome individual por estrangeiros, e nem à contratação destas empresas em regime de prestação de serviços pelas contratantes, o recurso a este mecanismo com o único objectivo de contornar os requisitos legais aplicáveis à contratação de trabalhadores estrangeiros constitui um desvio à norma, que pode ser considerada uma irregularidade pelas autoridades competentes.

Na verdade, os contratos de prestação de serviços celebrados com sociedades unipessoais ou empresários em nome individual para a execução de actividades que possam ser entendidas como necessidades permanentes do empregador, nos termos do artigo 40 da Lei n.º 23/2007, de 1 de Agosto (Lei do Trabalho), podem ser equiparados ao contrato de trabalho, sempre que coloquem o prestador de serviços em situação de subordinação económica perante a contratante, nos termos do artigo 20º da Lei do Trabalho.

Nestas situações, particularmente se a sociedade unipessoal ou empresa em nome individual tiver apenas um trabalhador, no caso estrangeiro, e se a mesma não tiver celebrado contratos de prestação de serviços com outros clientes e ainda tiver que cumprir com o horário de trabalho e outras obrigações de natureza essencialmente laboral, a empresa contratante expõe-se ao risco de que o contrato de prestação de serviços seja equiparado ao contrato de trabalho, e, em consequência, ser considera-do em violação das normas relativas aos mecanismos de contratação de mão-de-obra estrangeira, ficando sujeito às sanções aplicáveis. Este risco torna-se ainda maior caso a empresa contratante tenha contratos de prestação de serviços desta natureza com várias sociedades unipessoais ou empresários em nome individu-al.

Assim, é recomendável que as empresas evitem o recurso a estas formas de contratação como um mecanismo de contornar as exigências legais relativas à contratação de mão-de-obra estrangeira. As empresas devem cumprir as normas relativas à contratação de mão-de-obra estrangeira e, em caso de dificuldades, recorrer a assistência jurídica profissional para o efeito.

Caso a intenção seja de facto a terceirização de alguma actividade, devem ser considerados os factores de risco acima referidos, devendo os contratos de prestação de serviços a ser celebrados nas referidas situações, ser correctamente elaborados em atenção aos requisitos legais aplicáveis, bem como no que se refere ao modo da sua execução, para que a relação comercial existente não seja equipara-da a uma relação laboral, considerando a ténue separação entre a relação comercial

empresarial, Assembleia

Gimina Mahumana Langa Gestora

Advogada

(5)

INFORMAÇÃO SOBRE O REGULAMENTO DE GESTÃO

DAS CONTAS BANCÁRIAS DO ESTADO

Sheila Tamyris da Silva    

Assistente

ssilva@salcaldeira.com

O Diploma Ministerial nº 23/2018, de 2 de Fevereiro de 2018, aprova o regulamento que estabelece os procedimentos de gestão de contas bancárias do Estado, e determina o seguinte:

As contas bancárias do Estado devem estar identificadas, cabendo ao Banco de Moçambique (BM) estabe-lecer codificações próprias que permitam o controlo das mesmas, pela Direcção Nacional do Tesouro (DNT). A identificação das contas bancárias deve ser feita de acordo com os títulos, as categorias e as descrições apresentadas em tabela no número 1 do artigo 3 do presente Regulamento.

O BM deve disponibilizar diariamente a DNT, informação individualizada e consolidada sobre os saldos de todas as contas bancárias do Estado, excepto das autarquias e empresas públicas, cabendo a DNT realizar a conciliação diária das informações constantes do cadastro das mesmas. As contas bancárias devem ser co-tituladas e cadastradas pela DNT no e-SISTAFE, onde deve constar toda a informação referente a identificação das contas, incluindo pelo menos 3 assinaturas de funcionários ou agentes do Estado, indicados pela DNT, ou pela Direcção Provincial da Economia e Finanças (DPEF).

Os artigos 7,8 e 9 do presente regulamento, estabelecem as regras a serem aplicadas na abertura e movimentação das contas bancárias do Estado, nomeadamente, a Conta Única do Tesouro (CUT) e as contas de receitas e despesas.

A DNT é quem solicita o encerramento das contas bancárias de receita e de despesa do Estado, aquando se verifiquem os seguintes motivos:

• Extinção da finalidade da conta;

• Extinção do órgão e instituições do Estado titular da conta;

• Falta de saldo, ou de movimento, a débito ou a crédito, por um período superior a 180 dias consecutivos; e

• Descentralização dos órgãos e instituições do Estado (com prazo de 60 dias para a conclusão do encerra-mento).

Os saldos das contas encerradas devem ser transferidos para contas a serem indicadas pela DNT.

Os bancos comerciais não podem conceder descobertos ou outra forma de credito às contas do Estado, bem como, prestar garantias sobre obrigações assumidas pelo Estado, por contrapartida de activos financei-ros existentes nas contas bancárias. O BM penalizará aos bancos comerciais nos casos de violação das regras estabelecidas no presente regulamento, nos termos da legislação aplicável.

O presente Regulamento entrou em vigor no dia 2 de Fevereiro de 2018, data da sua publicação no Boletim da República, e revoga: o Diploma Ministerial nº 1/2004, de 7 de Janeiro; o Diploma Ministerial nº 260/2004, de 20 de Dezembro; o Diploma Ministerial nº 62/2008, de 16 de Julho; os artigos 108 a 123 do título II do MAF, aprovado pelo Diploma Ministerial nº 181/2013, de 14 de Outubro; e as restantes disposições legais que contrariem o presente Diploma Ministerial.

(6)

NOVA LEGISLAÇÃO PUBLICADA

OBRIGAÇŌES DECLARATIVAS E CONTRIBUTIVAS

10 15 31 31 INSS IVA IPM ICE 20 IRPC

Decreto nº 64/2017 de 13 de Novembro de 2017 - Aprova o Regulamento de Atribuição do Subsídio ao funcionário ou Agente do Estado, em Prisão Preventiva.

Decreto nº 9/2018 de 9 de Março de 2018 - Altera os artigos 2 e 3 do Decreto n.º 82/2009, de 29 de Dezembro do Código das Custas Judiciais (CCJ).

Decreto nº 10/2018 de 9 de Março de 2018 - Altera os artigos 46, 160 n.º 3 e 167 n.º 2 do Código das Custas Judiciais, aprovado pelo Decreto n.º 43 809, de 20 de Julho de 1961, na redacção dada pelo Decreto n.º 67/2014, de 5 de Novembro.

Decreto nº 13/2018 de 27 de Março de 2018 - Aprova a transferência extraordinária atinente ao desembolso de subsídios para apoiar as vítimas do deslizamento do lixo na Lixeira de Hulene, do Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural para o Conselho Municipal da Cidade de Maputo.

Decreto nº 14/2018 de 28 de Março de 2018 - Aprova o Regulamento de Higiene e Segurança na Administração Pública.

Diploma Ministerial nº 25/2018 de 19 de Fevereiro de 2018 - Aprova o Plano de Acção da Avaliação Ambiental e Social Estratégica para os Sectores de Minas e de Gás Natural, incluindo prioridades, opções e medidas para sua implementação.

Diploma Ministerial nº 26/2018 de 21 de Fevereiro de 2018 - Cria a Unidade Técnica de Implementação da Estratégia de Desenvolvimento Económico do Corredor de Nacala, abreviadamente designada UTI-PEDEC.

Diploma Ministerial nº 30/2018 de 15 de Março de 2018 - Aprova o Regulamento que Fixa as Condições para a Concessão das Autorizações Especiais de Trânsito de Veículos Automóveis e Reboques com Excesso de Peso ou Dimensões.

Diploma Ministerial nº 31/2018 de 30 de Março de 2018 - Aprova a directiva para a construção, operação e encerramento dos Aterros Controlados.

Aviso de 12 de Março de 2018 - Concernente a correcção do erro verificado na Lei n.º 17/2017, de 28 de Dezem-bro, que introduz alterações ao Código do Imposto sobre Consumos Específicos.

Resolução nº 10/2018 de 28 de Março de 2018 - Concernente a necessidade de realizar investimentos para aumentar a capacidade de manuseamento de carga no Porto da Beira, pela concessionária Cornelder de Moçam-bique, SA.

Resolução nº 9/2018 de 19 de Março de 2018 - Aprova o Plano Estratégico do Ensino Técnico Profissional 2018-2024.

CALENDÁRIO FISCAL 2018 MAIO

Sérgio Ussene Arnaldo     Assessor Fiscal e Financeiro sussene@salcaldeira.com Rute Nhatave    Arquivista / Bibliotecaria rnhatave@salcaldeira.com 31 IRPS 20 IPP

Entrega das contribuições para segurança social referente ao mês de Abril de 2018.

Entrega do imposto retido na fonte de rendimentos de 1ª, 2ª, 3ª, 4 ª e 5ª categoria bem como as importâncias retidas por aplicação de taxas liberatóri-as durante o mês de Abril 2018.

Entrega da declaração periódica quando o sujeito passivo tenha créditos do imposto.

Pagamento das importâncias devidas em documentos, contratos, livros e actos designados na Tabela anexa ao Código de IS referente ao mês de Abril de 2018.

Entrega do imposto retido durante o mês de Abril de 2018.

Até 31 de Maio, apresentação da Declaração Periódica de Rendimentos (Modelo 22).

Até 30 de Junho, apresentação da Declaração Anual de Informação Conta-bilística e Fiscal (Modelo 20 H e seus anexos).

Entrega do Imposto sobre a extracção mineira referente ao mês de Abril de 2018.

Entrega do Imposto sobre a produção de petróleo referente ao mês de Abril de 2018.

Entrega da Declaração, pelas entidades sujeitas a ICE, relativa a bens produzidos no País fora de armazém de regime aduaneiro, conjuntamente com a entrega do imposto liquidado (nº 2 do artigo 4 do Regulamento do ICE).

20 Imposto de Selo

(7)

Escritório em Tete

Av. Eduardo Mondlane,Tete Shopping, 1º andar

Telefone: +258 25 223 113 • Fax: +258 25 223 113

Tete, Moçambique

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Maputo, Moçambique

Referências

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