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Academic year: 2021

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Caro Leitor:

Nesta edição são abordados temas como “Garantias sobre bens móveis” , “Imposto de

Selo nos Contratos de Financiamento” e “Impacto da crise no sistema bancário

nacion-al”.

Pode ainda, como habitualmente, consultar o nosso Calendário Fiscal e a Nova

Legislação Publicada.

Tenha uma boa leitura !

A maior parte dos cidadãos não dispõem de bens imóveis ou móveis sujeitos a registo que possam dar de garantia, mas, entretanto, necessitam do crédito para que possam iniciar uma actividade ou desenvolver e expandir...Cont. Pág. 2

Deste modo entendemos que, a validade do contrato de financiamento bancário não esta dependente do pagamento do imposto de selo, uma vez que a lei determina que bastará para o efeito, a assinatura das partes. Cont. Pág. 3

Ainda neste comunicado, o Banco de Moçambique informa que já participou o exercício desta actividade às autoridades competentes para que sejam tomadas medidasapropriadas, visando proteger os cidadãos e a economia...Cont. Pág. 4

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Ano 2016 | N.º 93 | Mensal

Tiragem 500 exemplares | Distribuição Gratuita

As opiniões expressas pelos autores nos artigos aqui publicados, não veiculam necessariamente o posicionamento da SAL & Caldeira Advogados, Lda.

NOTA DO EDITOR

FICHA TÉCNICA

EDIÇÃO, GRAFISMO E MONTAGEM: SÓNIA SULTUANE - DISPENSA DE REGISTO: Nº 125/GABINFO-DE/2005

COLABORADORES: Marla Genoveva Mandlate Chade, Jeniffer Bizarro, Olívia Picardo Ribeiro,Rute Nhatave, Sérgio Ussene Arnaldo, Sheila Tamyris da Silva.

SAL & Caldeira Advogados, Lda. é membro da DLA Piper Africa Group, uma aliança de firmas líderes de advocacia independentes que trabalham em conjunto com a DLA Piper, internacionalmente e em toda a África.

Imposto de Selo nos Contratos de

Finan-ciamento

Garantias sobre bens móveis

Impacto da crise no sistema bancário

nacional

Obrigações Declarativas e Contributivas -

Calendário Fiscal 2016 - (Setembro)

ÍNDICE

Legislação

Informação sobre o Regulamento da Lei

da Defesa do Consumidor

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GARANTIAS SOBRE BENS MÓVEIS

As instituições de crédito em Moçambique têm preferência pelo uso de hipotecas sobre imóveis ou bens móveis sujeitos a registo, como forma de garantia das obrigações assumidas pelos seus clientes, no âmbito de concessão de créditos. Exactamente por causa dessa preferência, uma das principais dificuldades no acesso ao crédito em Moçambique provém do facto de os mutuários não disporem de bens susceptíveis de ser dados em garantia ao seu financiamento, tornando-os em clientes de risco e que, portanto, ou têm o seu pedido de crédito rejeitado, ou encontram-se numa situação em que as condições de financiamento são mais onerosas.

A maior parte dos cidadãos não dispõem de bens imóveis ou móveis sujeitos a registo que possam dar de garantia, mas, entretanto, necessitam do crédito para que possam iniciar uma actividade ou desenvolver e expandir o seu negócio. Em alternativa à hipoteca, poderiam os mutuários prestar garantias com recursos a coisas móveis.

O Código Civil define como coisas móveis todas as coisas que não consubstanci-em coisas imóveis, sendo que constituconsubstanci-em coisas imóveis: (i) os prédios rústicos e urbanos; (ii) as águas; (iii) as árvores, arbustos, frutos naturais, enquanto estiverem ligados ao solo; (iv) os direitos inerentes aos imóveis atrás mencionados; (v) as partes integrantes dos prédios rústicos e urbanos.

Contudo, existem uma dificuldade muito grande por parte dos credores em aceitar coisas móveis como garantias das obrigações a serem assumidas. Pensemos por exemplo num agricultor que não possui um imóvel, mas que possui cereais que resultem da sua plantação (Ex. arroz, leguminosas, entre outros). Este tipo de bens tem um valor pecuniário e é susceptível de ser dado em garantia o que facilitaria o acesso ao crédito.

Em termos legais, é possível usar-se bens móveis como garantias. O Código Civil prevê o penhor como forma de garantia que recai sobre bens móveis, conferindo ao credor o direito à satisfação do seu crédito com preferência sobre os demais credores, pelo valor de tal coisa móvel.

Contudo, existem algumas dificuldades práticas no uso do penhor de bens móveis como forma de garantia e que fazem com que esta não seja a primeira opção de garantia pelos credores. Ora vejamos:

a. A necessidade de desapossamento para que o penhor se torne eficaz. Para que o penhor se torne eficaz, é necessário que se verifique a entrega da coisa empenhada ou de documentos que confiram a exclusiva disponibilidade dela ao credor ou a terceiro, podendo esta entrega consistir na atribuição da composse, caso essa atribuição prive o devedor pignoratício da possibilidade de dispor materialmente da coisa.

Isto significa que, para fazer valer-se desta figura do penhor, o credor teria que ficar com a coisa empenhada até que a obrigação que lhe tenha dado origem se encontre satisfeita.

Infelizmente esta fórmula não é eficaz, se tivermos em conta que o credor nem sempre está preparado para poder assumir esta responsabilidade, especialmente se tivermos em conta os custos que podem estar associados com a manutenção

dos bens dados em garantia. Por exemplo, se estivermos a falar dos cereais, conforme exemplificado acima, o credor teria de arrendar ou construir um armazém para poder colocar o cereal dado em garantia, correndo ainda o risco de perecimento do mesmo bem dado em garantia.

Por outro lado, muitas vezes o mutuário necessita da coisa móvel empenhada para poder prosseguir com a sua actividade, o que por sua vez vai permitir a geração de receitas para poder cumprir com as obrigações que deram origem ao penhor (por exemplo, no caso de financiamento para compra de máquinas para desenvolvimento de certa actividade, se estas máquinas fossem dadas em penhor, o mutuário não poderia fazer o uso da mesma para desenvolver a sua actividade, pois esta teria que ser entregue ao credor em penhor.).

No entanto, no que diz respeito ao desapossamento, quando se trate de um penhor constituído a favor de uma instituição bancária autorizada, foi introduzida uma excepção ao regime geral nos termos do Decreto-lei 29.833, de 17 de Agosto de 1939, que foi estendido a Moçambique através da Portaria n.º 9.811. Este Decreto-lei prevê a eficácia do penhor constituído em garantia de créditos de estabelecimentos bancários autorizados, sem necessidade de entrega da coisa empenhada ao credor.

Assim, o problema do desapossamento já não se coloca em sede de financiamento por instituições de crédito.

b. A falta de registo de bens móveis

Quando bens móveis sujeitos a registos sejam dados de garantia, a lei estabelece que a mesma se constitua sob forma de hipoteca e os mesmos são sujeitos a registo (ex. automóveis, aeronaves, navios, entre outros).

Uma das funções do registo é conferir publicidade ao acto, tornando-o oponível a terceiros, o que significa que existirá uma maior segurança no que diz respeito ao aceitar como garantia determinado bem cujo registo demonstrou a não existência de ónus sobre esse bem móvel, ou mesmo, caso tenha demonstrado a existência do ónus, o credor já saberá do mesmo e poderá tomar uma decisão informada, evitando futuras confusões.

Outro princípio é o da prioridade do registo, em que tem prioridade o direito inscrito em primeiro lugar, que irá prevalecer sobre os demais.

Mais uma vez estamos em sede do problema da segurança jurídica. O credor tem a segurança de saber que o seu direito de garantia foi registado com prioridade sobre os demais credores, o que significa que em caso de execução, em princípio poderá ver o seu direito satisfeito antes dos demais credores até ao limite do seu crédito.

Relativamente à maioria dos bens móveis não existe essa possibilidade de registo, significando que o penhor sobre esses bens móveis não pode ser registado e, portanto, a segurança garantida pelo registo não se verifica neste caso, razão pela qual o penhor sobre bens móveis não é tão usado como a hipoteca para a garantia das obrigações.

Dada a relevância da obtenção do crédito para a dinamização da economia, possibilitado o surgimento e crescimento da actividade económica, é urgente a criação de um sistema de registo de garantias sobre bens móveis de modo a facilitar o aceso ao crédito e quiçá torná-lo mais barato.

Moçambique já está a envidar esforços nesse sentido, estando em fase de auscultação a proposta de lei sobre garantias mobiliárias, a qual, caso venha a ser aprovada, poderá instituir a criação de uma central de registos de garantas sobre bens móveis. Esperemos que, com a possibilidade de registo, o acesso ao crédito seja facilitado e a garantia sobre bens móveis venha a ser cada vez mais utilizado no nosso sistema bancário.

empresarial, Assembleia

Marla Genoveva Mandlate Chade Sócia

Advogada

(3)

IMPOSTO DE SELO NOS CONTRATOS DE FINANCIAMENTO

O presente artigo tem como escopo analisar, de forma transversal o Imposto de Selo, versando sobre a sua aplicabilidade e funcionalidade e visa essencialmente abordar as consequências da falta de pagamento do Imposto de Selo nos contra-tos de financiamento.

O Imposto de Selo (“IS”) enquadra-se na categoria de outros impostos e incide sobre todos os documentos, contratos, livros, papéis e os actos designados na Tabela do Imposto de Selo, sendo parte integrante do Código de Imposto de Selo, aprovado pelo Decreto n.º 6/2004, de 1 de Abril, com as alterações introduzidas pelo Decreto nº 38/2005, de 29 de Agosto (“Código de IS”), desde que, emitidos, celebrados ou realizados em território nacional.

Estão também sujeitos a IS os documentos, actos ou contratos emitidos ou celebrados fora do território nacional, nos mesmos termos em que o seriam se no território nacional fossem emitidos ou celebrados; as operações de crédito realiza-das e as garantias prestarealiza-das por entidades sedearealiza-das no estrangeiro ou por filiais/sucursais no estrangeiro de entidades sedeadas no território nacional, a quaisquer entidades, independentemente da sua natureza, domiciliadas no território nacional; os juros, as comissões e outras contraprestações cobrados por instituições de crédito ou sociedades financeiras sedeadas no estrangeiro, ou por filiais/sucursais no estrangeiro de instituições de crédito ou sociedades financeiras sedeadas no território nacional a quaisquer entidades domiciliadas neste território. No entanto, há que referir que há algumas entidades, documentos ou actos que embora estejam abrangidos pela incidência do IS, estão isentas dele. Como exemplos de isenções, objectivas/subjectivas, podemos apontar o Estado e as autarquias, os empréstimos com características de suprimentos com duração superior a um ano, a constituição e aumento do capital social, locador e sublocador no arrendamento. Estas e outras mais isenções estão dispostas nos artigos 5, 6 e 7 do Código do IS.

Não estão, porém, sujeitas ao IS, as operações abrangidas pela incidência do Imposto sobre o Valor Acrescentado (“IVA”) e dele não isentas, conforme estabe-lece o n.º 2 do Artigo 1 do Código de IS.

O valor tributável a título de IS, varia conforme a natureza do documento em causa de acordo com a tabela anexa ao Código de IS e deve sempre ser pago até ao dia 20 do mês seguinte através da guia - Modelo B.

Ora, tratando-se de operações financeiras (nas quais se integra o contrato de financiamento), a taxa de IS a cobrar varia entre 0,03 a 0,5% do valor do respectivo

financiamento, conforme a duração do crédito, nos termos da tabela anexa ao Código de IS.

Sucede porém que, não raras vezes a comunidade empresarial questiona sobre as consequências da falta de liquidação e pagamento do IS, por exemplo nos contra-tos de financiamento, nomeadamente se o contrato é válido caso não tenha sido pago o IS. Relativamente a esta questão se tomarmos em consideração que as declarações de vontade que integram o contrato de financiamento deva ser exteriorizada por forma reconhecível, temos que há situações em que a lei admite a liberdade de forma e noutras requer forma especial para a respectiva celebração. Deste modo entendemos que, a validade do contrato de financiamento bancário não está dependente do pagamento do imposto de selo, uma vez que a lei determina que bastará para o efeito, a assinatura das partes.

Assim, na falta de pagamento do IS o contrato permanece válido e a produzir todos os seus efeitos jurídicos perante as partes contratantes. Não obstante, caso tenha que ser apresentado perante instituições moçambicanas (por exemplo, o Tribunal, em caso de litígio entre as partes) e o IS não tenha sido pago dentro do prazo legalmente estabelecido por motivos imputáveis ao contribuinte, este será sujeito ao pagamento do referido imposto, acrescido de juros de mora à taxa de MAIBOR (emitida pelo Banco de Moçambique no dia do pagamento) para 12 meses mais 2%, juntamente com o montante devido de IS. Além dos juros de mora e do montante devido do IS, a dívida tributária também inclui multas que, neste caso, variam entre o montante do imposto devido e seu dobro, desde que tal montante não exceda o limite abstracto de 2.500.000,00 MT (dois milhões e quinhentos mil Meticais). Para além das penalidades mencionadas, outras sanções acessórias podem ser aplicadas até que seja satisfeita a obrigação tributária. Isto ocorre porque da celebração de tal contrato nasce uma obrigação tributária, a obrigação de IS, cuja satisfação vai condicionar a sua aceitação perante as instituições moçambicanas.

Importa ainda notar que o contribuinte pode ser elegível a uma redução substan-cial dos encargos adicionais a suportar por conta do cumprimento tardio da obrigação tributária em caso de regularização voluntária da mesma.

Em jeito de conclusão podemos dizer que o não cumprimento da obrigação tributária do IS não invalida o contrato de financiamento em si, mas é uma condição para que o mesmo possa ser aceite perante as instituições moçam-bicanas.

empresarial, Assembleia

Jeniffer Jenice Bizarro Consultora Júnior

Jurista

jbizarro@salcaldeira.com

Desde que não sejam concedidos para residentes em território moçambicano, por instituições de crédito moçambicanas ou por fundos legalmente constituídos para fins industriais, agrícolas, silvícolas, pecuários, pesca e comércio rural, no território nacional.

Aqui entendido como contrato de empréstimo

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IMPACTO DA CRISE NO SISTEMA BANCÁRIO NACIONAL

É dado certo que o país está a passar por dificuldades financeiras, as quais têm tido impacto quer na economia em geral, quer no sistema bancário nacional em particu-lar. Em consequência disso, o Banco de Moçambique, como entidade reguladora do sector bancário, tem estado a emitir avisos e comunicados com o objectivo de fazer face à crise financeira.

Assim, no dia 20 de Maio de 2016, o Comité de Política Monetária publicou o Comunicado n.º 04/2016, através do qual procedeu ao aumento da taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez “FPC” em 200pb para 12,75%, a taxa de juro da Facilidade Permanente de Depósitos “FPD” em 150 pb para 5,75% e alterou o regime de reserva obrigatória com efeitos a partir do período de constituição que se inicia a 7 de Junho de 2016,mantendo o coeficiente para os passivos em moeda nacional em 10,5% e fixando o novo coeficiente para passivos em moeda estrangeira em 15%, cuja constituição passa a ser feita em Dólares norte-americanos.

Importa referir que a taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez é a taxa de juro cobrada pelo Banco de Moçambique aos bancos comerci-ais pelos créditos que estes podem obter junto do Banco de Moçambique. A taxa de juro da Facilidade Permanente de Depósitos é a taxa de juro paga pelo Banco de Moçambique aos bancos comerciais pelos depósitos de excedentes de liquidez que estes possam efectuar junto do Banco de Moçambique.

A Reserva obrigatória é recolha dos depósitos bancários, conforme percentual fixado pelo Banco de Moçambique, com a finalidade de restringir ou de alimentar o processo de expansão dos meios de pagamento.

Em 13 de Junho de 2016, o Comité de Política Monetária, por Comunicado n.º 06/2016, procedeu novamente ao aumento da taxa de juro da FPC em 150pb para 14,25%, a taxa de juro FPD em 150 pb para 7,25%, manteve o Coeficiente de Reservas Obrigatórias em 10,5% para os passivos em moeda nacional e em 15% para os passivos em moeda estrangeira.

O Comité de Política Monetária publicou igualmente o Comunicado n.º 07/2016, de 21 de Julho de 2016, através do qual procedeu ao aumento da taxa de juro da FPC em 150pb para 14,25%, a taxa de juro da FPD em 150 pb para 7,25% e manteve o Coeficiente de Reservas Obrigatórias em 10,5% para os passivos em moeda nacional em 15% para os passivos em moeda estrangeira.

Facto é que no mesmo ano, o Banco de Moçambique procedeu por três vezes ao aumento destas taxas, o que vem sedimentar o efeito da crise financeira na economia nacional e no sector bancário em particular.

Relativamente ao impacto das alterações das referidas taxas, é de destacar o acréscimo da FPC, que tem como consequência o aumento das taxas de juro nos financiamentos bancários celebrados com base nas taxas de referência. Como

consequência, assistimos a um constante encarecimento do financiamento e um grande esforço dos mutuários que, ao contraírem tais empréstimos, não conside-raram a possibilidade de um tal aumento em menos de um ano. Assim, um cenário que se antevê é o incumprimento das obrigações assumidas na banca, devido à impossibilidade de se fazer face à onerosidade acrescida, resultante da subida repentina das taxas de facilidade.

A questão que muitos mutuários têm colocado à banca é de saber se o aumento das taxas de juro aplica-se aos contratos celebrado antes da entrada em vigor das mesmas ou apenas para os contratos futuros. E, neste aspecto, os contratos de financiamento bancário são quase similares, prevendo que a taxa de juro esteja indexada às taxas de referências definidas pelo Banco de Moçambique, pelo que se aplicam tanto aos contratos anteriores, como aos contratos futuros.

Questionam-se também os casos em que a prestação mensal está ligada à consignação da remuneração, sendo que a legislação laboral prevê que o valor total dos descontos não pode exceder um terço da remuneração mensal do colabora-dor mas, devido ao acréscimo da FPC, acaba-se em muitos casos por ultrapassar estes limites.

Importa esclarecer que a previsão laboral referida no parágrafo acima é aplicável à relação entre entidade patronal e colaborador e, embora os bancos estejam a ter em conta este limite como referência para estabelecer o mínimo do valor de prestações mensais, os mesmos não são obrigados a fazê-lo. Mas torna-se claro que o cidadão comum, cujo esforço teve em conta a remuneração auferida no momen-to de contratação do empréstimo, ver-se-á em dificuldades para cumprir com as suas obrigações.

Uma das soluções possíveis seria a reprogramação da divida, ou seja, reduzir o quantum da dívida a descontar e aumentar o período de pagamento.

Aliás, percebemos que a situação do país está também a afectar o cumprimento por parte dos mutuários das suas rendas para com os bancos, o que pode resultar em acréscimo de créditos mal parados, o que não vai ser salutar para a saúde financeira dos bancos.

Outra situação decorrente da crise tem a ver com o facto de algumas pessoas singulares estarem a angariar depósitos com promessa de pagamento de juros mensais à taxa de trinta por cento. Aqui importa chamar a atenção que o Banco de Moçambique publicou um comunicado no dia 15 de Julho de 2016 a repudiar este tipo de acto, o qual reitera que o mecanismo de angariação consiste na utilização de um esquema do tipo piramidal, em que o seu sucesso depende da crescente aderência de depositantes, e que o pagamento de juros prometidos aos deposi-tantes é assegurado única e exclusivamente pela entrada de novos deposideposi-tantes. Sendo assim um esquema é insustentável a longo prazo.

Ainda neste comunicado, o Banco de Moçambique informa que já participou o exercício desta actividade às autoridades competentes para que sejam tomadas medidas apropriadas, visando proteger os cidadãos e a economia nacional, bem como responsabilizar os promotores dos referidos esquemas, pelo que esta prática deve ser desencorajada.

O presente artigo procurou discutir os efeitos da crise no sistema bancário nacion-al, bem como o aumento das taxas de juros anunciadas pelo Banco de Moçambique e os efeitos para os cidadãos com créditos financeiros nos bancos comerciais e ainda para aqueles que estejam a negociar a obtenção de créditos junto a estas entidades.

empresarial, Assembleia

Olívia Picardo Ribeiro Consultora Sénior

Advogada

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NOVA LEGISLAÇÃO PUBLICADA

OBRIGAÇŌES DECLARATIVAS E CONTRIBUTIVAS

CALENDÁRIO FISCAL 2016 SETEMBRO

Entrega das contribuições para segurança social referente ao mês de Agosto de 2016.

Entrega do imposto retido na fonte de rendimentos de 1ª, 2ª , 3ª , 4 ª e 5ª categoria bem como as importâncias retidas por aplicação de taxas liberatóri-as durante o mês de Agosto 2016.

Entregar as importâncias devidas pela emissão de letras e livranças, pela utilização de créditos em operações financeiras referentes ao mês de Agosto de 2016.

Entrega do Imposto referente a produção de petróleo referente ao mês de Agosto de 2016.

Entrega da Declaração, pelas entidades sujeitas a ICE, relativa a bens produzi-dos no País fora de armazém de regime aduaneiro, conjuntamente com a entrega do imposto liquidado (nº 2 do artigo 4 do Regulamento do ICE). Entrega da Declaração periódica referente ao mês de Agosto acompanhada do respectivo meio de pagamento (caso aplicável).

10 20 30 30 30 30 INSS IRPS IPP ICE IVA

Entrega do Imposto pela extracção mineira referente ao mês de Agosto de 2016.

30 IPM

Entrega do imposto retido durante o mês de Agosto de 2016. 20

IRPC IS

3ª e última prestação do pagamento por conta do IRPC. 30

INFORMAÇÃO SOBRE O REGULAMENTO DA LEI DA DEFESA DO CONSUMIDOR

O Decreto 27/2016 de 18 de Julho, tem por objecto estabelecer as normas de aplicação da Lei de Defesa do Consumidor, definindo os procedimentos a adoptar na protecção dos interesses dos consumidores. Este regulamen-to aplica-se a regulamen-todas as pessoas singulares e colectivas públicas e privadas, que tem como actividade a produção, fabrico, importação, construção, distribuição ou comercialização de bens ou prestação de serviços a consumidores, mediante a cobrança de um preço, bem como, a organismos, fornecedores, prestadores e transmissores de bens, serviços e direitos, incluindo a Administração Pública, autarquias locais, empresas de capitais públicos ou detidos maioritariamente pelo Estado e empresas concessionárias de serviços públicos. Cada produto deve conter obrigatoriamente e em português, um rótulo ou etiqueta com informação sobre prováveis riscos do seu uso e o respectivo preço expresso em moeda nacional. A falta, deficiência ou viciação desta informação de maneira que comprometa a utilização adequada do produto ou do serviço, dá ao consumidor o direito de retractação do contrato relativo a sua aquisição ou prestação, no prazo de sete dias úteis.

Quanto as garantias do consumidor, os prazos estabelecidos devem ser favoráveis e sem prejuízo das partes sendo obrigação do fornecedor de bens móveis não alimentícios, oferecer uma garantia de bom

funcionamen-to do bem adquirido, por um período não inferior a um ano, a partir da data de aquisição, excepto nos casos de mau uso do bem fornecido. No caso de bens imóveis, o consumidor tem direito a uma garantia mínima de cinco anos contados a partir da data de aquisição, comprovado por contrato e, ou factura. O prazo de garantia é suspenso durante o período de não utilização do bem, por motivos de reparação dos defeitos do mesmo.

O produto é considerado defeituoso quando não reúne os requisitos de qualidade e segurança, tais como: apresentação, prazo de validade e, ou falta de informação em língua portuguesa sobre as características do produto ou prazo de garantia.

O comerciante é responsável pelo defeito do produto, quando o mesmo for fornecido sem identificação do seu fabricante, produtor, construtor ou importador, e quando não forem conservados por este de forma adequada; Há isenção de responsabilidade quando o produtor, construtor ou importador não coloca o produto no mercado ou tenha colocado o produto no mercado antes do defeito existir, ou por outra, quando a culpa do defeito é exclusiva do consumidor ou de terceiro.

No caso de defeitos relativos a prestação de serviços, quem responde pela reparação dos danos causados ao consumidor, independen-temente da existência de culpa é o

fornecedor. O serviço é considerado defeituoso quando não fornece segurança ao consumidor no modo de fornecimento, no resultado e riscos que se esperam dele ou no período de fornecimento. O fornecedor de serviços está isento de responsabilidade nos casos em que o defeito era inexistente durante o período da prestação dos serviços e nos casos em que a culpa é da exclusiva responsabilidade do consumidor ou de terceiro.

Para os contratos de compra e venda de bens móveis ou imóveis, mediante o pagamento em prestações, as clausulas que estabelecem a perda total das prestações pagas em benefício do credor consideram se nulas.

As infracções das normas de defesa do consumidor estão sujeitas a sanções, aplicadas pela entidade competente pela fiscalização das actividades económicas, tais como: multa, apreensão do produto; inutilização do produto; proibição de fabricação do produto; suspensão de fornecimento de produtos ou serviços; suspensão temporária da actividade que originou o levantamento do auto; revogação do alvará ou licença para o exercício da actividade económica; interdição total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de actividade; imposição de contra propaganda.

O presente Decreto entra em vigor no dia 16 de Outubro de 2016, noventa dias após a sua publicação no Boletim da República.

Decreto nº 30/2016 de 27 de Julho de 2016 - Aprova o Regulamento da Comissão de Mediação e Arbitragem Laboral e revoga o regulamento da Comissão de Mediação e Arbitragem Laboral, aprovado pelo Decreto n.º 50/2009, de 11 de Setembro.

Despacho de 30 de Maio de 2016 - Interdita em todo território nacional, no período das 21 às 5 horas, a circulação do transporte colectivo interprovincial de passageiros, e transporte colectivo internacional de passageiros.

Despacho de 31 de Maio de 2016 - Cria e especializa a 4.ª secção do Tribunal Superior de Recurso de Maputo - especial-izada em matéria criminal, 1.ª e 2.ª secções de recurso do Tribunal da Cidade de Maputo - especialespecial-izadas em matéria cível e criminal, 1.ª e 2.ª secções de recurso do Tribunal Judicial da Província de Maputo - especializadas em matéria cível e criminal e 1.ª secção de recurso do Tribunal Judicial da Província de Nampula - de competência genérica.

Despacho de 31 de Maio de 2016 - Cria e especializa a 7.ª e 8.ª secções do Tribunal Judicial da Província de Maputo - Especializadas em matéria de menores, 9.ª secção do Tribunal Judicial de Maputo - especializada em matéria comercial e 4.ª secção do Tribunal Judicial da Cidade de Quelimane - especializada em matéria cível.

Resolução nº 16/2016 de 1 de Agosto de 2016 - Cria a Comissão Parlamentar de Inquérito para Averiguar a Situação da Dívida Pública.

Sérgio Ussene Arnaldo     Assessor Fiscal e Financeiro sussene@salcaldeira.com Rute Nhatave    Arquivista / Bibliotecaria rnhatave@salcaldeira.com

Sheila Tamyris da Silva     Assistente

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DISTINÇÕES

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