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Caro Leitor:

Nesta edição são abordados temas como “O conceito fiscal de despesa não

devida-mente documentada para efeitos de IRPC” , “Obrigações fiscais de entidades não

residentes com ou sem estabelecimento estável” e “O Regime Fiscal das Mais-Valias

Aplicável à Indústria Extractiva em Moçambique”.

Pode ainda, como habitualmente, consultar o nosso Calendário Fiscal e a Nova

Legislação Publicada.

Aproveitamos uma vez mais para convida-lo a visitar o nosso novo website:

www.salcaldeira.com

Tenha uma boa leitura!

Neste sentido, e tomando em

consider-ação o reputado interesse que este

assun-to tem para o dia-a-dia das empresas (ou

seja, os contribuintes), na medida em que

vai determinar o quantum de imposto a

que aquelas estarão sujeitas em

determi-nado exercício económico, convidamos o

leitor a uma breve reflexão sobre este

assunto nas próximas linhas.Cont. Pág. 2

As mais-valias não imputáveis a

estabeleci-mento estável situado em Moçambique

obtidas por entidades não-residentes que

desenvolvem operações petrolíferas ou

actividades mineiras são tributadas

obser-vando regras conjugadas da legislação

supramencionada e do Código do

Impos-to sobre o RendimenImpos-to das Pessoas

Singu-lares, aprovado...Cont. Pág. 5

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Ano 2017 | N.º 102 | Mensal

Tiragem 500 exemplares | Distribuição Gratuita

As opiniões expressas pelos autores nos artigos aqui publicados, não veiculam necessariamente o posicionamento da SAL & Caldeira Advogados, Lda.

NOTA DO EDITOR

FICHA TÉCNICA

EDIÇÃO, GRAFISMO E MONTAGEM: SÓNIA SULTUANE - DISPENSA DE REGISTO: Nº 125/GABINFO-DE/2005

COLABORADORES: Stela da Glória Cabral Silica, Tânia Cristina dos Anjos Santhim, Vanda Ramalho Portugal, Rute Nhatave, Sérgio Ussene Arnaldo, Sheila Tamyris da Silva.

Obrigações fiscais de entidades não

residentes com ou sem estabelecimento

estável

O conceito fiscal de despesa não

devida-mente documentada para efeitos de IRPC

Obrigações Declarativas e Contributivas -

Calendário Fiscal 2017 - (Junho)

ÍNDICE

Legislação

Informação sobre a alteração do

Regula-mento da Lei que estabelece o regime

jurídico do cidadão estrangeiro.

O Regime Fiscal das Mais-Valias Aplicável

à Indústria Extractiva em Moçambique

(2)

O CONCEITO FISCAL DE DESPESA NÃO DEVIDAMENTE

DOCUMENTADA PARA EFEITOS DE IRPC

Não raras vezes, em sede de apuramento do imposto a pagar pelos contribuintes em Imposto de Rendimento de Pessoas Colectivas (IRPC), uma quantidade considerável de transacções comerciais são rejeitadas pela administração fiscal para efeitos de dedução no lucro tributável por, alegadamente, se tratar de despesas que não apresentam o devido suporte legal ou, na linguagem corrente para efeitos fiscais, que não se encontram devidamente documentadas.

Não obstante tratar-se de um fundamento recorrentemente usado pela adminis-tração tributária para justificar a recusa de determinado custo, não está de todo claro qual o real alcance que este fundamento encerra.

Neste sentido, e tomando em consideração o reputado interesse que este assunto tem para o dia-a-dia das empresas (ou seja, os contribuintes), na medida em que vai determinar o quantum de imposto a que aquelas estarão sujeitas em determi-nado exercício económico, convidamos o leitor a uma breve reflexão sobre este assunto nas próximas linhas.

Como se sabe, a actividade empresarial implica sempre a realização de determina-dos gastos que nem sempre podem ser deduzidetermina-dos como custos para efeitos de determinação do lucro tributável, desde logo porque fiscalmente não aceites. O Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas, aprovado pela Lei nº 34/2007 de 31 de Dezembro, com as alterações subsequentes introduzidas pelas Leis nºs 20/2009 de 10 de Setembro, 4/2012 de 23 de Janeiro e 19/2013 de 23 de Setembro (doravante CIRPC) enumera, no seu artigo 36, os encargos que não podem ser deduzidos como custos para efeitos fiscais, ou seja, custos que não podem ser deduzidos para efeitos de determinação do lucro tributável. De entre tais encargos, encontram-se os que não estejam devidamente documentados. Compulsando o CIRPC, não é possível identificar qualquer definição positiva (o que são) ou negativa (o que não são), de despesas devidamente documentadas para efeitos do IRPC, o que coloca o intérprete da lei fiscal, em geral, e o contribu-inte, em particular, numa situação melindrosa, sem prejuízo de poder, o contribuin-te que se sinta lesado nos seus direitos e incontribuin-teresses legalmencontribuin-te procontribuin-tegidos em matéria tributária, querendo, recorrer usando dos meios de tutela adequados. Dito isto, parece-nos que o entendimento que tem prevalecido a este respeito ao nível da administração tributária é o de que as despesas mostram-se devidamente documentadas para efeitos de IRPC quando sejam suportadas por uma factura passada nos termos previstos no artigo 27 do Código de Imposto Sobre o Valor Acrescentado, aprovado pela Lei nº 32/2007 e alterado e republicado pela Lei nº 13/2016 de 30 de Dezembro (doravante “ CIVA”).

Quanto a nós, não parece ser tão linear esta interpretação, pois que cada imposto tem a sua natureza, fins e mecanismos de funcionamento próprio. Assim, se é certo que para efeitos de IVA, a despesa devidamente documentada há-de ser aquela que seja suportada por factura passada de acordo com o estabelecido no artigo 27 do CIVA, pode, em nossa opinião, ser diferente o entendimento para efeitos de IRPC.

É portanto de capital importância teórica e prática o esclarecimento sobre quais as formalidades que um determinado documento deve respeitar, em sede de IRPC, para que o correspondente encargo seja considerado “devidamente documentado”, na medida em que o CIRPC não nos traz qualquer concei-to/noção a esse respeito, contrariamente ao que sucede em sede do IVA, conforme acima referido, em que claramente se considera despesa devidamente documentada aquela que é suportada por factura que preencha os requisitos constantes do artigo 27 do CIVA. Só esta factura, portanto, conferirá o direito a

dedução.

Ora, o CIRPC refere-se a encargos não devidamente documentados e despesas de carácter confidencial ou ilícito , não estabelecendo em nenhum momento que encargos devidamente documentados sejam somente os constantes de factura satisfazendo os requisitos específicos plasmados em sede de IVA, para efeitos específicos desse imposto.

No caso das despesas não devidamente documentadas, não se pretende ocultar a sua ocorrência, antes pelo contrário, na medida em que não está em causa a existência da transacção comercial em si, mas sim a aceitabilidade dos meios utilizados para documentar a referida transacção, mais concretamente a aceitabili-dade desse documento para efeitos fiscais em sede de IRPC. Note-se que a existência de despesas não devidamente documentadas tem como consequência imediata (i) a não-aceitação da referida despesa como custo dedutível (quando o devesse ser), (ii) tributação adicional em IRPC à taxa de 32% (quando o contribu-inte não tenha logo, por sua iniciativa, excluído esse custo na respectiva declaração de rendimentos), (iii) tributação autónoma à taxa de 35%.

Percebe-se aqui que o legislador pretendeu atribuir penalização especialmente agravada para os casos de existência de despesas não documentadas. Ora, tendo em conta o impacto financeiro que as consequências descritas acima podem ter na contabilidade de qualquer empresa, parece-nos mais do que pertinente a necessidade de se estabelecer na lei, de forma clara e inequívoca, que documentos serão elegíveis a documentar devidamente uma transacção em IRPC.

Quanto a nós, tendo em conta a essência e mecanismo de funcionamento do IRPC, entendemos que a transacção estará devidamente documentada se estiver suportada por documento que se mostre adequado a garantir o pleno exercício da actividade fiscalizadora da AT, permitindo que seja aferida a existência e pertinência de tal gasto para a actividade da empresa, bem como aferir o grau de cumprimento das obrigações fiscais relativamente aos fornecedores.

O nosso entendimento, segundo o qual os documentos comprovativos e justifica-tivos dos custos não têm que assumir as formalidades essenciais exigidas para as facturas em sede do IVA encontra acolhimento em direito comparado, onde já existe larga jurisprudência a este respeito. Entende, por exemplo, o Tribunal Central Administrativo Sul de Lisboa (doravante “TCAS”) que a exigência de prova documental não se confunde e nem se esgota na exigência de factura, bastando apenas um documento escrito, em princípio externo e com menção as características fundamentais da operação . Acrescenta ainda este Acórdão que o documento de suporte, em sede de IRPC, deve apresentar-se de forma que se mostre adequada para garantir o pleno exercício da actividade fiscalizadora da administração tributária, possibilitando por um lado o controle da legalidade das deduções feitas para efeitos de apuramento do imposto a pagar e, por outro, a regularidade da tributação dos montantes auferidos pelos prestadores de serviços (o negrito é nosso).

Não pretendemos com as linhas acima esvaziar o valor jurídico-fiscal de uma factura emitida nos termos da lei, mas tão-somente acautelar as situações em que por diversas razões (i) a própria factura não contém por exemplo um dos seus elementos ou os fornecedores do contribuinte pertençam ao regime informal ou outras situações.

Assim, cremos ser de extrema importância uma reflexão sobre este tema que possa propiciar maior clareza destes conceitos, permitindo-se maior certeza e segurança jurídica por parte dos contribuintes e da própria administração fiscal na sua actuação.

empresarial, Assembleia

Vanda Ramalho Portugal Consultora Sénior

Jurista

3 2

(3)

OBRIGAÇÕES FISCAIS DE ENTIDADES NÃO RESIDENTES

COM OU SEM ESTABELECIMENTO ESTÁVEL

Com o presente artigo irei abordar as regras e obrigações decorrentes da incidência do Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (“IRPC”) aplicável à entidades cuja sede ou direcção efectiva esteja situada fora de Moçambique, pois, a forma de tributação em Moçambique varia consoante a entidade actue, ou não, por meio de um estabeleci-mento estável.

Nos termos do artigo 5 do Código do IRPC, aprovado pela Lei n.º 34/2007 de 31 de Dezembro, as pessoas colectivas e outras entidades que não tenham sede nem direcção efectiva em território moçambicano estão sujeitas a imposto apenas pelos rendimentos nele obtido.

Relativamente aos não residentes, o legislador claramente definiu quando é que os rendimentos se consideram obtidos em território Moçambicano: (i) as situações que configuram a existência de um estabelecimento estável, tributado pelos rendimentos ao mesmo imputável, assim como (ii) os rendimentos que serão tributados em território moçambicano porque considerados obtidos em Moçambique, mesmo que não sejam imputáveis a um estabelecimento estável.

Mencionar que os rendimentos obtidos em consequência de prestações de serviços, royalties pelo uso de propriedade industrial ou comissões por intermediação de contratos, são considerados como obtidos em território moçambicano quando a entidade devedora dos rendimentos seja uma entidade com sede e direcção efectiva em Moçambique.

Um estabelecimento estável é entendido como qualquer instalação fixa através da qual seja exercida, uma actividade de natureza comercial, industrial ou agrícola, incluindo a prestação de serviços (vide artigo 3 do Código do IRPC). Assim, instalação fixa pode ser uma sucursal, um escritório, uma fábrica ou mesmo estaleiro de construção, à qual possa ser imputada a realização de operações de venda de bens ou prestações de serviços em território moçambicano.

Com efeito, instalação fixa significa que ela deve apresentar um certo grau de permanên-cia para que se possa considerar um estabelecimento estável, nomeadamente, exercer a actividade por mais de seis meses incluindo no caso de projectos ou trabalhos de construção, montagem ou instalação.

De ressalvar que os agentes dependentes são equiparados a estabelecimentos estáveis para efeitos de atribuição de lucros, uma vez que, podem ter poder de decisão e executar funções que vinculem as referidas entidades não residentes. Esta figura funciona, na realidade, como medida, destinada a prevenir eventuais tentativas de evasão fiscal no âmbito da definição de estabelecimento estável.

Tributação de entidades não residentes sem estabelecimento estável

No caso de entidades não residentes sem estabelecimento estável, o IRPC incide, regra geral, sobre os rendimentos de forma individualizada por via da aplicação de uma taxa de retenção na fonte a titulo definitivo, libertando estas entidades de qualquer obrigação declarativa.

Desta feita, conforme resulta do artigo 39 do Regulamento do Código do IRPC, aprovado pelo Decreto n.º 9/2008 de 16 de Abril, as entidades não residentes que obtenham em território moçambicano rendimentos não imputáveis a estabelecimento estável, são obrigadas à apresentação da declaração desde que relativamente aos mesmos não tenha havido lugar a retenção na fonte a título definitivo. Estas entidades, são

obrigadas à apresentação da declaração no tocante aos seguintes rendimentos: - Derivados de imóveis, exceptuados os ganhos resultantes da sua transmissão onerosa – até ao último dia útil do mês de Maio do ano seguinte àquele a que respeitam os rendimentos, ou até o último dia útil do prazo de 30 dias a contar da data em que tiver cessado a obtenção de rendimentos; e

- Derivados de ganhos resultantes da transmissão onerosa de imóveis ou de partes representativas do capital ou de outros valores mobiliários de entidades residentes ou quando o pagamento dos respectivos rendimentos seja imputável a estabelecimento estável situado em território nacional – até ao último dia útil do prazo de 30 dias a contar da data de transmissão.

Os rendimentos obtidos por entidades não residentes sem estabelecimento estável, são normalmente tributados à retenção na fonte à taxa liberatória de 20%, excepto os rendimentos derivados de prestação de serviços de telecomunicações e transportes internacionais, os resultantes da montagem e instalação de equipamentos efectuadas por não residentes bem como os rendimentos provenientes de títulos cotados na Bolsa de Valores de Moçambique, que ficam sujeitos a taxa de 10%.

É de referir que, nos casos em que as entidades não residentes sem estabelecimento estável obtenham rendimentos provenientes da (i) venda de um imóvel em Moçam-bique; ou (ii) venda de participação social (e.g. quota ou acções) detida numa sociedade moçambicana, está obrigado a nomear um representante legal que possa proceder com o cumprimento das obrigações fiscais inerentes à mais-valia obtida.

Tributação de entidades não residentes com estabelecimento estável

A contrario sensu do acima explanado, o estabelecimento estável decorre da entidade não residente exercer a sua actividade por meio de uma instalação fixa em território moçambicano a partir do qual exerce uma actividade com fins lucrativos obtendo deste modo rendimentos sujeitos à IRPC.

Entretanto, uma vez que uma entidade não residente é considerada como tendo um estabelecimento estável no país decorrente da sua actividade económica aqui realizada, ela não estará sujeita à tributação por meio de retenção na fonte, mas é obrigada a se registar para efeitos fiscais, de modo a cumprir com as obrigações fiscais inerentes, que são as mesmas obrigações fiscais que devem ser cumpridas pelas entidades residentes. Em geral, tais obrigações fiscais são:

Registo fiscal (obtenção de Número de Identificação Tributário – NUIT); Declaração de início de actividades para efeitos fiscais; Obrigações mensais do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA); Obrigações de retenção na fonte (para efeitos de Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares – IRPS e IRPC); E obrigações declarativas das empresas.

Com efeito, as entidades não residentes consideradas como tendo criado um estabeleci-mento estável em território nacional, são obrigadas a efectuar pagaestabeleci-mentos por conta, pagamentos especiais por conta, bem como proceder a submissão da Declaração de Rendimentos M/22 para o apuramento do IRPC a efectuar através da autoliquidação. Com este artigo espero ter clarificado algumas das dúvidas relativamente às regras de tributação de não residentes no que concerne ao IRPC e cumprimento de obrigações declarativas, em território nacional.

empresarial, Assembleia

Tânia Cristina dos Anjos Santhim Consultora Sénior

Advogada

(4)

O REGIME FISCAL DAS MAIS-VALIAS APLICÁVEL À INDÚSTRIA

EXTRACTIVA EM MOÇAMBIQUE

1. Introdução

Nos dias que correm, o tema das mais-valias tem chamado muita atenção no seio da sociedade moçambicana. Note-se que em Moçambique os maiores pagamentos de impostos foram realizados em sede de mais-valias.

No presente artigo propomo-nos a discutir o regime fiscal das mais-valias aplicável à indústria extractiva, mais especificamente, à actividade mineira e petrolífera. Visto tratar-se de um tema complexo, cingir-nos-emos aos aspectos mais relevantes. O regime fiscal aplicável às mais-valias em Moçambique varia consoante se trate de sujeito passivo residente ou sujeito passivo não-residente.

2. Tributação das mais-valias auferidas por sujeitos passivos residentes

As regras específicas de tributação aplicáveis às pessoas colectivas residentes que desenvolvem operações petrolíferas ou actividades mineiras encontram-se previstas na Lei n.º 27/2014, de 23 de Setembro, que aprova o Regime Específico de Tributação e de Benefícios Fiscais para as Operações Petrolíferas (“Lei 27/2014”) e na Lei n.º 28/2014, de 23 de Setembro, que aprova o Regime Específico de Tributação e de Benefícios Fiscais para a Actividade Mineira (“Lei 28/2014”), respectivamente. Nos termos das referidas leis (Artigos 15 e 29 (4) da Lei 27/2014 e Artigos 23 e 39 (4) da Lei 28/2014), o apuramento do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (“IRPC”), para além das regras específicas, é feito de acordo com as regras do respecti-vo código – Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas, aprovado pela Lei n.º 34/2007, de 31 de Dezembro (“CIRPC”).

Nos termos do Artigo 37 do CIRPC, consideram-se mais-valias os ganhos obtidos por pessoas colectivas relativamente a elementos do activo imobilizado mediante transmissão onerosa, qualquer que seja o título por que se opere, e, bem assim, os resultantes da afectação permanente daqueles elementos a fins alheios à actividade exercida.

As mais-valias são apuradas pela diferença entre o valor de realização (preço de venda) líquido dos encargos que lhe sejam inerentes e o valor de aquisição deduzido das reintegrações ou amortizações praticadas. Estas constituem proveitos (Artigo 20/1 (h)) do CIRPC) e como tal são acrescidas para a determinação da matéria colectável do imposto e sujeitos à taxa geral de 32%. O pagamento do imposto resultante das mais-valias é feito no ano seguinte a que respeita o ganho.

Salienta-se que o saldo positivo resultante da transmissão onerosa de elementos do activo imobilizado corpóreo ou em consequência de indemnizações por sinistros ocorridos nestes elementos não concorre para o lucro tributável até ao fim do terceiro exercício seguinte ao da realização ou, até ao fim do quarto exercício, mediante pedido dirigido ao Ministro da Economia e Finanças quando o valor de realização seja reinvestido na aquisição, fabricação ou construção de elementos do activo imobilizado corpóreo.

3. Tributação das mais-valias auferidas por sujeitos passivos não-residentes As mais-valias não imputáveis a estabelecimento estável situado em Moçambique obtidas por entidades não-residentes que desenvolvem operações petrolíferas ou actividades mineiras são tributadas observando regras conjugadas da legislação supramencionada e do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, aprovado pela Lei n.º 33/2007, de 31 de Dezembro (“CIRPS”), aplicado por força do artigo 45 do CIRPC.

Nos termos da Lei 27/2014 e 28/2014, os ganhos obtidos por não-residentes em território moçambicano, com ou sem estabelecimento estável, resultantes da alienação onerosa ou gratuita directa ou indirecta de direitos mineiros ou petrolíferos em território moçambicano, são tributados como mais-valias, à taxa de 32%. Deste modo, a gratuidade e o local da transacção não afectam a tributação em Moçambique, desde que envolvendo activos localizados em Moçambique.

No caso de alienação de partes sociais e de outros valores mobiliários, o ganho sujeito

a imposto é constituído pela diferença entre o valor de realização e o valor de aquisição, líquidos da parte qualificada como rendimento de capitais (Artigo 13/3 (a) do CIRPS). É importante notar que o saldo apurado e sujeito à tributação é considera-do na sua totalidade, quanconsidera-do se trate de transmissão de partes sociais e de valores mobiliários, independentemente do período de detenção da participação social. Entretanto, o saldo apurado na venda de certos bens tais como bens imobiliários, propriedade intelectual ou industrial entre outros previstos na lei, é apenas considera-do em 50%.

Ademais, para a determinação de mais-valias, certas despesas consideradas necessárias e efectivamente praticadas na alienação dos activos em questão são consideradas, reduzindo assim, o saldo no qual incide o imposto (Artigo 47 do CIRPS).

O pagamento do imposto devido é efectuado 30 dias a contar da data da respectiva alienação.

3.1. Convenções para Evitar a Dupla Tributação

As mais-valias auferidas por entidades não-residentes que tenham sede e/ou direcção efectiva num país com o qual Moçambique tenha ratificado uma Convenção para Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal (CDT) são tributadas de acordo com o referido tratado. De mencionar que Moçambique ratificou CDT com África do Sul, Botswana, Emiratos Árabes Unidos, Itália, Índia, Portugal, Maurícias, Macau e Vietname.

As leis 27/2014 e 28/2014 prevêem que os ganhos resultantes da alienação de direitos mineiros e petrolíferos, incluindo os provenientes de títulos, acções ou partes sociais, são para efeitos fiscais, ganhos relativos a bens imobiliários com fonte em território moçambicano. Entendemos que a referida disposição visa permitir que maior parte dos mesmos sejam tributados em Moçambique, visto que as convenções tendem a tributar em Moçambique as alienações de bens envolvendo bens imobiliários localiza-dos em Moçambique.

3.2. Responsabilidade solidária

De acordo com o Regulamento da Lei 27/2014 (Artigo 19) e Regulamento da Lei 28/2014 (Artigo 21), as concessionárias detentoras de direitos mineiros ou petrolíferos devem notificar a Administração Tributária (AT) sobre quaisquer mudanças na titularidade dos referidos títulos e informar sobre os ganhos obtidos por residentes e não residentes em território moçambicano, para efeitos de tributação de mais-valias. De notar que a falta de pagamento do imposto pelo não-residente implica a responsa-bilidade solidária da concessionária e do adquirente dos direitos, os quais deverão pagar o imposto devido acrescido dos juros compensatórios, nos termos de legislação aplicável.

Entendemos que a medida visa possibilitar o retorno quase certo para o Estado, evitando a evasão fiscal e encorajando a maior transparência nas transacções e o cumprimento rigoroso do disposto na legislação.

4.Conclusão

Em suma, as mais-valias provenientes da indústria extractiva são uma substancial fonte de receita fiscal que resultam de transacções de activos e direitos mineiros e petrolíferos detidos pelas concessionárias em Moçambique. As regras para a sua tributação são complexas e ainda requerem algum cuidado na sua determinação, entretanto grande parte já se realizou no sentido de evitar com que as transacções pudessem ocorrer sem tributação.

Nos cingiremos às pessoas colectivas e demais entidades equiparadas.

Nos termos do Código do IRPC consideram-se sujeitos passivos residentes as entidades com sede e direcção efectiva em Moçambique e as que não tendo, possuam aqui, estabelecimento estável. O valor de aquisição pode ser actualizado mediante a aplicação do coeficiente de desvalorização da moeda, sempre que à data da realização tenham decorrido pelo menos dois anos desde a data da aquisição, sendo o valor dessa actualização deduzido para efeitos da determinação do lucro tributável. Consideram-se obtidos em território moçambicano os ganhos resultantes da transmissão onerosa ou gratuita, directa ou indirecta, entre entidades não-residentes, de partes representativas do capital social de entidades detentoras de um título petrolífero ou mineiro, ou de outros valores mobiliários emitidos

1 2 3 4

empresarial, Assembleia

Stela da Glória Cabral Silica Consultora 1 2 3 4 5 6 7 8

(5)

NOVA LEGISLAÇÃO PUBLICADA

OBRIGAÇŌES DECLARATIVAS E CONTRIBUTIVAS

10 20 30 30 30 INSS IRPS IPP ICE 20 IRPC 20

Decreto nº 9/2017 de 6 de Abril de 2017

-

Aprova as Regras Gerais do Desembargo

Aduaneiro de Mercadorias e revoga o Decreto n.º 34/2009, de 6 de Julho.

Aviso nº 3/GBM/2017 de 20 de Abril de 2017

-

Altera a alínea b) do n.º 2 do Aviso n.º

3/GBM/2016, de 14 de Novembro (concernente a adopção da medida extraordinária

de saneamento do Moza Banco, SA de nomeação de um Conselho de Administração

Provisório).

Decreto nº 10/2017 de 24 de Abril de 2017

-

Altera os artigos 8 e 9 do Decreto n.º

2/91, de 16 de Janeiro (determinou os procedimentos concernentes à alienação de

imóveis a favor de inquilinos em conformidade com o disposto na Lei n.º 5/91, de 9 de

Janeiro).

Aviso nº 4/GBM/2017 de 20 de Abril de 2017 -

Aprova o Regulamento sobre a Taxa

de Câmbio de Referência do Mercado Cambial

Aviso nº 5/GBM/2017 de 20 de Abril de 2017 -

Estabelece a Taxa de Câmbio de

Valori-metria para a conversão, em moeda nacional, de activos e passivos em moeda

estrangeira e revoga o Aviso n.º 3/GGBM/2005, de 25 de Maio.

Aviso nº 6/GBM/2017 de 20 de Abril de 2017 -

Estabelece o princípio da unidade da

taxa de câmbio e diferencial (spread) máximo entre taxas de compra e venda de

moeda estrangeira e revoga o Aviso n.º 1/GGBM/2005, de 25 de Maio.

CALENDÁRIO FISCAL 2017 JUNHO

Sérgio Ussene Arnaldo     Assessor Fiscal e Financeiro sussene@salcaldeira.com Rute Nhatave    Arquivista / Bibliotecaria rnhatave@salcaldeira.com 30 IVA Imposto de Selo 30 IPM

Entrega das contribuições para segurança social referente ao mês

de Maio de 2017.

Entrega do imposto retido na fonte de rendimentos de 1ª, 2ª , 3ª

, 4 ª e 5ª categoria durante o mês de Maio 2017.

Entrega da Declaração de Rendimentos (Modelo 10), dos sujeitos

passivos que tenham auferido rendimentos para além da primeira

categoria.

Entregar as importâncias devidas pela emissão de letras e

livranças, pela utilização de créditos em operações financeiras

referentes ao mês de Maio de 2017.

Entrega do imposto retido durante o mês de Maio de 2017.

Pagamento da 1ª Prestação do Pagamento por Conta do IRPC.

Até 30 de Junho, apresentação da Declaração Anual de

Informação Contabilística e Fiscal (Modelo 20 H e seus anexos).

Entrega do imposto referente a produção de petróleo relativo ao

mês de Maio de 2017.

Entrega do imposto pela extracção mineira referente ao mês de

Maio de 2017.

Entrega da Declaração, pelas entidades sujeitas a ICE, relativa a

bens produzidos no País fora de armazém de regime aduaneiro,

conjuntamente com a entrega do imposto liquidado (nº 2 do

artigo 4 do Regulamento do ICE).

Entrega da Declaração periódica referente ao mês de Maio

acompanhada do respectivo meio de pagamento (caso aplicável).

(6)

INFORMAÇÃO SOBRE A ALTERAÇÃO DO REGULAMENTO DA LEI QUE

ESTABELECE O REGIME JURÍDICO DO CIDADÃO ESTRANGEIRO

O Decreto nº 3/2017 de 24 de Março, altera de forma expressa e parcialmente o Decreto n.º

108/2014, de 31 de Dezembro, que aprova o Regulamento da Lei que estabelece o regime

jurídico aplicável aos cidadãos estrangeiros, relativo à entrada, permanência e saída do País.

Nomeadamente, o Decreto nº 3/2017 de 24 de Março altera o número 1 do artigo 17 sobre

o visto para actividade de investimento, estabelecendo que este “é concedido pelas Missões

Diplomáticas e Consulares da República de Moçambique ao cidadão estrangeiro investidor,

representante, procurador ou titular de órgãos de direcção de empresa investidora,

observa-dos os formalismos legais de contratação de mão-de-obra estrangeira e destina-se a permitir

a entrada do seu titular em território nacional, para fins de implementação de projectos de

investimento de valor igual ou superior a 500 mil dólares norte americanos, aprovados pela

entidade competente.”

Altera também os números 3 e 4 do artigo 21, sobre o visto de fronteira, estabelecendo no

número 3 que este “pode, igualmente, ser concedido, para fins turísticos, ao cidadão estrangeiro

proveniente de país onde exista embaixada ou representação consular da República de

Moçambique que, por razões devidamente fundamentadas, não tenha podido solicitar o

respectivo visto. “E, segundo o número 4 do mesmo artigo, este visto “é válido para duas

entra-das e permite ao seu titular a permanência no país por período de até 30 dias, não

prorrogáveis, contados a partir da data da primeira entrada.”

O presente Decreto entrou em vigor no dia 24 de Março de 2017, data da sua publicação no

Boletim da República e decretou sem efeito o Decreto n.º3/2017 publicado no Boletim da

República n.º29 de 22 de Fevereiro de 2017, I Série.

Sheila Tamyris da Silva     Assistente

(7)

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