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Caro Leitor: Tenha uma boa leitura!

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Caro Leitor:

Nesta edição são abordados temas como “A Onerosidade no Acesso aos Sindicatos

dos Trabalhadores em Moçambique. Parte 1”, “Dos Efeitos da Greve na Ordem Jurídica

Moçambicana” e “Regime jurídico do voluntariado em Moçambique”.

Pode ainda, como habitualmente, consultar o nosso Calendário Fiscal e a Nova

Legislação Publicada.

Tenha uma boa leitura!

É com base no preceito

acima que os sindicatos

estabelecem taxas para a

prestação de alguns

serviços a não associados e

às entidades empregadoras.

Para efectivar essa prática,

alguns sindicatos fizeram

constar nos seus estatutos,

como uma das suas

atribuições, a prestação de

serviços, a título oneroso,

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No que concerne aos

efeitos da greve, a LT

estabelece a destrinça

entre os efeitos da greve

lícita e da greve ilícita

(artigos 210 e 211).

Impor-ta desImpor-tacar que a greve

pode ser classificada como

lícita ou ilícita, dependendo

do cumprimento ou não

dos procedimentos e

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Em relação a esta questão

é nossa opinião que, ainda

que de forma implícita,

existe uma consequência

para a falta de invocação da

justa causa para a dispensa,

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trabalho voluntário;

entre-tanto, não se tratando de

uma relação jurídica

onero-sa, como foi dito acima, a

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Ano 2017 | N.º 108 | Mensal

Tiragem 500 exemplares | Distribuição Gratuita

As opiniões expressas pelos autores nos artigos aqui publicados, não veiculam necessariamente o posicionamento da SAL & Caldeira Advogados, Lda.

NOTA DO EDITOR

FICHA TÉCNICA

EDIÇÃO, GRAFISMO E MONTAGEM: SÓNIA SULTUANE - DISPENSA DE REGISTO: Nº 125/GABINFO-DE/2005

COLABORADORES: César Vamos Ver, Diana Paredes e Ramalho, Joaquim Paulo Vilanculos, Rute Nhatave, Sérgio Ussene Arnaldo, Sheila Tamyris da Silva.

Dos Efeitos da Greve na Ordem Jurídica

Moçambicana

A Onerosidade no Acesso aos Sindicatos

dos Trabalhadores em Moçambique.

Parte 1

Obrigações Declarativas e Contributivas

- Calendário Fiscal 2017 - (Dezembro)

ÍNDICE

Legislação

Informação sobre a Ordem dos

Arqui-tectos de Moçambique (OARQ)

Regime jurídico do voluntariado em

Moçambique

(2)

A ONEROSIDADE NO ACESSO AOS SINDICATOS DOS TRABALHADORES

EM MOÇAMBIQUE.

PARTE 1

No presente artigo pretendemos debruçar-nos sobre a legalidade da cobrança

de taxas[1] pelos sindicatos dos trabalhadores em Moçambique, numa chamada de atenção para a necessidade de reversão do actual cenário que tem vindo a preocupar a classe empresarial nacional e estrangeira que actua no País, contribuindo negativamente para o ambiente de negócios e a economia nacional.

Hodiernamente, devido à descoberta de vários recursos naturais, de um modo particular nas áreas do petróleo e gás, e à liberalização da economia, Moçam-bique é um destino cobiçado pelos empresários e investidores nacionais e estrangeiros.

Aquando da implantação dos seus projectos, os investidores optam pela contratação de mão-de-obra especializada e qualificada que ainda é escassa no país, em particular para a indústria mineira, recorrendo com muita frequência à contratação de cidadãos de nacionalidade estrangeira de modo a colmatar este défice e assegurar a operacionalização dos seus investimentos.

O processo de contratação de cidadãos estrangeiros encontra-se essencial-mente plasmado na Lei nº 23/2007, de 01 de Agosto (doravante a “Lei do Trabalho” ou “LT”), no Decreto nº 37/2016, de 31 de Agosto, que aprova o Regulamento Relativo aos Mecanismos e Procedimentos para a Contratação de Cidadãos de Nacionalidade Estrangeira e no Decreto nº 63/2011, de 07 de Dezembro, que aprova o Regulamento de Contratação de Cidadãos de Nacionalidade Estrangeira nos sectores do Petróleo e Minas.

Na contratação de cidadãos estrangeiros fora da quota é exigível, para além de outros requisitos, a apresentação do parecer do delegado sindical, comité sindical ou sindicato do ramo (doravante designado apenas por “sindicato” ou “sindicatos”). Na prática, quando não exista na Empresa que solicita o parecer um órgão sindical interno (comité sindical), o pedido de parecer deve ser submetido ao sindicato do ramo, o qual sujeita a Empresa ao pagamento de uma taxa como condição para a emissão do respectivo parecer, sendo que, na maior parte das vezes, a referida taxa é de valor elevado, não obedecendo a nenhum critério razoável para a sua definição.

A cobrança de taxas similares é extensiva aos casos de comunicação e pedido de pareceres sobre os processos disciplinares, rescisão de contratos de trabalho, despedimentos colectivos, regulamentos internos e horários de trabalho, sobre os quais os sindicatos têm cobrado taxas fixadas em valores astronómicos[2].

Mais do que o valor cobrado pelos sindicatos, é preciso reflectir sobre a legalidade desta cobrança, tendo em conta a natureza jurídica dos sindicatos. À luz da Constituição da República (CRM), os trabalhadores têm a liberdade de se organizarem em associações sindicais e profissionais.[3] A LT, lei ordinária, vem efectivar este direito constitucionalmente consagrado, regulando a criação e extinção das associações sindicais e profissionais em Moçambique.

A sindicalização constitui, com efeito, a materialização da liberdade de associação dos cidadãos, plasmada nos artigos 52 e 86 da CRM. Igualmente, constitui a materialização da liberdade sindical, estatuída na Declaração Univer-sal dos Direitos do Homem (Convenção nº 87 da OIT, Sobre a Liberdade Sindical e a Protecção do Direito Sindical).

As associações são pessoas colectivas de substrato pessoal que não tenham por fim a obtenção de lucros para distribuir pelos sócios.[4]

Entre vários objectivos e na prossecução dos seus fins, cabe, às associações sindicais, defender e promover os direitos e interesses legalmente protegidos dos seus associados.[5]

As associações sindicais gozam de autonomia administrativa, financeira e patrimonial e, a fim de alcançarem os seus objectivos, gozam do direito de celebrar contratos e adquirir, a título gratuito ou oneroso, bens móveis ou imóveis e deles dispor nos termos da lei e de angariar recursos financeiros.[6]

É com base no preceito acima que os sindicatos estabelecem taxas para a prestação de alguns serviços a não associados e às entidades empregadoras. Para efectivar essa prática, alguns sindicatos fizeram constar nos seus estatutos, como uma das suas atribuições, a prestação de serviços, a título oneroso, aos trabalhadores não associados e entidades empregadoras adstritas ao seu ramo, resultando, por força desse estatuto, que toda a prestação de serviço a trabalhadores não filiados, entidades empregadoras cujos trabalhadores não estejam filiados ao mesmo, e outras entidades que exerçam actividades no seu ramo, deve ser por via onerosa.

A questão que se coloca é de saber se a prestação de serviços por parte dos sindicatos a trabalhadores não sindicalizados, portanto que não sejam associa-dos, e às entidades empregadoras, mediante a cobrança de uma taxa, não seria um desvio ao princípio basilar do associativismo (defesa dos interesses dos associados), e uma forma de obtenção de lucros por parte dos sindicatos, se atendermos que as taxas cobradas para o efeito são, na maior parte das vezes, de valor elevado.

Atendendo ao conceito amplo de "taxa”, podemos concluir que as associações podem cobrá-las aos trabalhadores sócios e não sócios pela prestação de certos serviços, desde que os referidos valores não sirvam para cobrir os custos de funcionamento da associação, mas sim para a prestação do serviço solicitado, através de uma justa cobrança e de forma equitativa.

Porém, não nos parece que o mesmo entendimento seja admissível em relação a prestação de serviços às entidades empregadoras. Os sindicatos devem actuar dentro dos limites das suas atribuições e competências conforme resulta da lei, com vista à defesa dos direitos, garantias e interesses legítimos dos trabalhadores, o que, por maioria de razão, não pode ser considerado como prestação de serviços às entidades empregadoras.

É preciso notar que as comunicações e pedidos de parecer, visam permitir que o sindicato intervenha em defesa do trabalhador, garantindo o respeito, por parte da entidade empregadora, dos direitos do trabalhador, sindicalizado ou não.

Igualmente, é nosso entendimento que, a possibilidade de prestação de serviços pelos sindicatos às entidades empregadoras colocaria em causa o princípio de autonomia e independência dos sindicatos, que estabelece a proibição aos empregadores de financiarem, por quaisquer meios, as estruturas de representação colectiva dos trabalhadores. Ao pagar pela intervenção dos sindicatos nos diversos processos em que esta seja exigível, as entidades empre-gadoras estariam, de alguma forma, a financiar a actividade sindical, pois estariam a injectar fundos aos sindicatos, violando desse modo a proibição legal de financiamento da actividade sindical.

Ademais, não se entende como poderia a classe de trabalhadores de um certo sector de actividade ver-se protegida perante uma situação em que uma certa entidade empregadora tivesse que pagar avultadas quantias monetárias para emissão de um certo parecer em seu benefício, sobretudo no que respeita a garantia dos mesmos serem imparciais tendo em conta os valores a pagar pelo empregador.

Por outro lado, aos sindicatos, por se tratar de associações, às quais é supletiva-mente aplicável o regime geral do direito de associação, não lhes assiste a possibilidade de prestar serviços de carácter económico às entidades empre-gadoras, sob pena de se transformarem em sociedades com fins lucrativos, em clara violação da legislação que regula o associativismo em Moçambique. Os sindicatos gozam sim da faculdade de angariar recursos financeiros, mas isto não significa exercer uma actividade económica, com fim lucrativo, mas sim obter uma sustentabilidade financeira, através de quotas dos seus membros e provimento de serviços de carácter económico e social que se circunscrevam aos seus associados[7] ou à classe que defendem.

É preciso colocar o guiso no pescoço do gato, pois a não ser assim, somos todos tentados a criar um sindicato, beneficiar do regime de isenção tributária e outros próprios das associações, mas actuando como uma empresa rentável.

empresarial, Assembleia

César Carlos Alberto Francisco Vamos Ver Consultor Júnior

Advogado

cvamosver@salcaldeira.com

Entenda-se “taxa”não no seu sentido técnico-jurídico, como uma contraprestação específica, resultante de uma relação concreta (que pode ser ou não de benefício) entre o contribuinte e um bem ou um serviço público.

Para a emissão do referido parecer, alguns sindicatos cobram taxas equivalentes a 30% (trinta por cento) do salário a ser auferido pelo trabalhador estrangeiro questionando-se com efeito a legalidade e fundamento da cobrança das referidas taxas, bem como os critérios de fixação dos respectivos valores.

Artigo 86 da CRM 2004

Ibid.: pp. 292. Vide artigo 139 da LT. Vide artigo 140 da LT.

MARTINEZ, Pedro Romano (2012), Direito do Trabalho, Almedina, Coimbra - Portugal, pp. 931. [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7]

(3)

DOS EFEITOS DA GREVE NA ORDEM JURÍDICA MOÇAMBICANA

O tema que nos propusemos tratar na presente Newsletter é relacionado com um dos mais elementares direitos do homem em idade laboral, designada-mente o direito à greve.

Sendo este um tema vasto, e cientes de que não seria possível esgotá-lo nestas linhas, iremos trazer à reflexão dos leitores um tema mais específico, a saber: os efeitos da greve na Ordem Jurídica Moçambicana.

A Constituição da República de Moçambique de 2004 (doravante “CRM”), ao regular os direitos e deveres económicos, sociais e culturais, reconhece, no que tange ao trabalho, dois direitos fundamentais dos trabalhadores, designada-mente:

• o direito ao trabalho, que constitui direito e dever de cada cidadão (artigo 84 n.º 1); e

• o direito à greve, sendo o seu exercício regulado por lei (artigo 87 n.º 1). A nível da legislação ordinária, a Lei n.º 23/2007, de 1 de Agosto, que aprova a Lei do Trabalho (doravante “LT”), estabelece que a greve é um direito fundamental dos trabalhadores, sendo o mesmo exercido pelos trabalhadores com vista à defesa e promoção dos seus legítimos interesses sociolaborais (artigo 194 n.os 1 e 2 da LT).

No que concerne à noção de greve, a mesma é entendida como sendo a abstenção colectiva e concertada, em conformidade com a Lei, da prestação de trabalho com o objectivo de persuadir o empregador a satisfazer um interesse comum e legítimo dos trabalhadores envolvidos (artigo 195 da LT), como por exemplo: igualdade de tratamento entre trabalhadores, necessidade de melho-ria de condições de prestação do trabalho, reivindicações relacionadas com aumentos salariais e determinados subsídios, entre outros.

Segundo o professor Pedro Romano Martinez“a greve permite que, sendo satisfeitas as reivindicações dos trabalhadores, se atinja um maior equilíbrio na relação contratual. Por via da pressão exercida pela greve com respeito aos empre-gadores pode vir a estabelecer-se uma situação de maior justiça na relação laboral”. Relativamente aos regimes da greve, a LT reconhece 2 regimes, que se indicam a seguir:

• Regime geral; e

• Regime especial, que abrange:

> serviços e actividades essenciais, regulado pela LT;

> zonas francas industriais, regulado pelo Decreto n.º 75/99, de 12 de Outubro; No que concerne aos efeitos da greve, a LT estabelece a destrinça entre os efeitos da greve lícita e da greve ilícita (artigos 210 e 211). Importa destacar que a greve pode ser classificada como lícita ou ilícita, dependendo do cumprimento ou não dos procedimentos e formalidades para a sua convocação ou durante a sua realização, preconizados na Legislação Laboral vigente.

É importante ressalvar que, não obstante a greve ser uma abstenção colectiva e concertada, os seus efeitos jurídicos repercutem-se na esfera das relações individuais de trabalho, ou seja, são susceptíveis de afectar a todos e a cada um dos trabalhadores que decidiram pela adesão à greve.

Assim, tratando-se de uma greve lícita, os efeitos jurídicos, enquanto a greve durar, são os seguintes:

a) suspensão do contrato individual de trabalho celebrado com cada um dos aderentes a greve, e, consequentemente, do direito à remuneração, o dever de subordinação e de assiduidade (artigo 210 da LT), exceptuando os trabalhadores que, embora tenham aderido à greve, estejam a prestar serviços mínimos, em cumprimento da Lei ou de um instrumento de regulamentação colectiva em vigor.

Quer isto dizer, relativamente a suspensão do direito à remuneração, que durante o período de greve, os trabalhadores grevistas não irão receber o seu salário base, correspondente aos dias de paralisação, bem como todos e quaisquer subsídios que aufiram em conexão com a actividade prestada, tais como o transporte de e para o local de trabalho, alimentação, pagamento de despesas hospitalares, e outros.

b) manutenção dos direitos, deveres e garantias ligados à segurança social, as prestações devidas por acidentes ou doenças profissionais e o dever de lealdade.

Relativamente a este ponto, embora o legislador não seja claro, parece-nos que o texto da LT refere-se à manutenção dos direitos, deveres e garantias relativos à segurança social bem como às prestações devidas por acidentes ou doenças profissionais, que devam ser satisfeitas pelo Instituto Nacional de Segurança Social ou pela Seguradora contratada pelo empregador.

Assim sendo, afigura-se-nos claro que o legislador não quis se referir à obrigação contributiva do empregador nem do trabalhador, visto que durante o período da greve o trabalhador não tem direito à remuneração;

c) manutenção da antiguidade dos trabalhadores, nomeadamente, no que respeita à contagem do tempo de serviço, relevante para efeitos de eventuais dias de férias, bónus de antiguidade, 13º salário e cálculo de indemnização devida pela cessação do contrato de trabalho.

d) impossibilidade de substituição de trabalhadores grevistas, por outros que à data do pré-aviso não estavam vinculadas à empresa, o que significa que o empregador é “forçado” a negociar por forma a dirimir o conflito.

Quanto aos efeitos da greve ilícita, ou seja, aquela declarada e realizada à margem da lei, a consequência legal será a da aplicação do regime de faltas injustificadas aos grevistas, sem prejuízo da responsabilidade civil, contravencion-al e crimincontravencion-al aplicável.

Por outras palavras, a entidade empregadora poderá iniciar um processo disciplinar por faltas injustificadas (ou por abandono de lugar) contra cada um dos trabalhadores grevistas, para além de proceder ao desconto na remuner-ação, férias e antiguidade.

Havendo situações de violência contra pessoas e bens, e outras situações que consubstanciem factos criminais ou contravencionais ou ilícitos civis, os grevistas poderão também responder nesta medida.

Ao empregador assiste o direito de, querendo, substituir os trabalhadores em greve por outras pessoas que à data do pré-aviso não trabalhavam na empresa ou serviço, desde que solicite ao Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social a emissão de um parecer sobre a “licitude da greve” (artigo 204 n.os 3 e 4 da LT).

empresarial, Assembleia

Diana Paredes e Ramalho Consultora Sénior

Advogada

dramalho@salcaldeira.com

MARTINEZ, Pedro Romano (2002), Direito do Trabalho, Almedina, Coimbra, pág. 1041.

Este Decreto regula as condições de trabalho das zonas francas industriais, incluindo as condições para o exercício do direito à greve.

1 2 1

(4)

REGIME JURÍDICO DO VOLUNTARIADO EM MOÇAMBIQUE

O presente artigo visa abordar os aspectos gerais do regime jurídico do voluntariado no ordenamento jurídico moçambicano, em atenção aos aspectos inovadores trazidos pelo novo Regulamento da Lei do Voluntaria-do.

O regime jurídico do trabalho voluntário encontra-se definido pela Lei nº 7/2011, de 11 de Janeiro (Lei do Voluntariado – “LV”), regulamentada pelo Decreto nº 52/2017, de 11 de Outubro (Regulamento da Lei do Voluntaria-do – “RLV”), o qual veio revogar, recentemente, o Decreto nº 72/2011, de 30 de Dezembro.

O voluntariado pela sua natureza, não gera nenhum tipo de vínculo laboral ou afim, não sendo possível, por isso, ao voluntário, exigir remuneração ou qualquer benefício previsto em legislação laboral (artigo 4 da LV ex vi artigo 4 do RLV).

A característica específica do trabalho voluntário, que marca a sua diferença do trabalho subordinado ou autónomo, assenta no seu carácter gratuito, daí que, o voluntário não é remunerado, nem pode receber subvenções ou donativos, pelo exercício do seu trabalho voluntário. Todavia, o voluntário tem direito a ser ressarcido junto à entidade promotora, pelas despesas que comprovadamente realizar no exercício do serviço voluntário, relativas a gastos com transporte, alimentação, e compra de materiais (artigo 4, nº 1 da LV).

A relação jurídica do trabalho voluntário é estabelecida entre o voluntário e a entidade promotora do voluntariado, mediante a celebração de um acordo de trabalho voluntário (artigos 7, 10 e 22, nº 1 do RLV).

Na sequência do referido acordo, o novo RLV veio introduzir o reconheci-mento dos sujeitos da relação jurídica do trabalho voluntário por meio da acreditação e não por meio da certificação como previa o anterior RLV. A acreditação do voluntário nacional efectua-se mediante a emissão de um cartão de identificação pela entidade promotora onde o voluntário exerce a sua actividade e o voluntário estrangeiro é acreditado pela entidade que superintende o voluntariado, neste caso, o Ministério da Juventude e Desportos, ouvida a entidade que superintende o sector de actividade beneficiário do serviço voluntário (artigos 15 e 16 do RLV).

O cartão de identificação do voluntário nacional tem a validade 05 (cinco) anos e o do voluntário estrangeiro é válido pelo período de 01 (um) ano, ambos prorrogáveis em caso de necessidade (artigo18, nº 3 do RLV). Uma das inovações do novo RLV é relativa à emissão do visto de trabalho para o exercício do voluntariado por parte do voluntário estrangeiro (artigo 19 do RLV). Este visto é emitido pelas Missões Diplomáticas e Consulares da República de Moçambique, autorizado pelos Serviços Nacionais de Migração, sendo que ao pedido do visto, deve-se juntar a autorização do Ministério da Juventude e Desportos. Desta feita, dissipam-se as dúvidas relativamente aos procedimentos para a entrada e permanência do voluntário estrangeiro no país, enquanto gozar do estatuto de voluntário. Relativamente à acreditação das entidades promotoras do voluntariado, estabelece o RLV (artigo 20) que esta é feita pela entidade que superin-tende o voluntariado, exigindo-se para o efeito, às entidades promotoras nacionais a apresentação do respectivo documento constitutivo e às entidades promotoras estrangeiras a apresentação da cópia da autorização

do exercício da actividade, emitido pela entidade que superintende a área de cooperação.

Ao voluntário é reconhecido o direito de possuir um cartão de identificação, bem como, deste poder faltar justificadamente, se for um trabalhador por conta de outrem, até o máximo de 03 (três) dias consecutivos, por motivo de cumprimento de missões urgentes em situações de emergência, calami-dades públicas ou equiparadas, e bem assim, o direito de receber indem-nizações, subsídios e pensões, bem como outras regalias definidas legalmente em caso de acidente ou doenças contraídas no exercício do serviço voluntário, ser reembolsado das importâncias despendidas no exercício de uma actividade programada pela entidade promotora e de beneficiar-se do regime da segurança social básica (artigo 8 da LV e artigos 8 e 30 e ss. do RLV).

O novo RLV veio introduzir também, a possibilidade do voluntário poder ser transferido de forma temporária ou definitiva, de uma entidade promotora do voluntariado para a outra, mas nunca para uma entidade com natureza jurídica diversa. O novo RLV é omisso quanto à possibilidade de transferên-cia do voluntário estrangeiro.

Relativamente aos procedimentos de dispensa, suspensão e cessação do trabalho voluntário, o legislador manteve a previsão do anterior regime, no entanto, deixou ainda em aberto a questão dos efeitos da falta da justa causa para a dispensa, suspensão ou cessação do trabalho voluntário por parte da entidade promotora.

Em relação a esta questão é nossa opinião que, ainda que de forma implícita, existe uma consequência para a falta de invocação da justa causa para a dispensa, suspensão ou cessação do trabalho voluntário; entretanto, não se tratando de uma relação jurídica onerosa, como foi dito acima, a referida consequência jamais passará pelo pagamento de uma indemnização, mas sim, pela reintegração do voluntário, por aplicação analógica do regime da suspensão e cessação do contrato de trabalho.

É também nossa opinião que o trabalho voluntário pode cessar por meio de acordo e de caducidade, neste último caso, expirado o prazo ou quando tenha sido realizado o programa que o voluntário vinha desenvolvendo. Ora, com a dispensa, suspensão ou cessação do trabalho voluntário, o voluntário perde esta qualidade, o que obriga à restituição do cartão de identificação e perda dos direitos inerentes à qualidade de voluntário (artigo 27 do RLV), pois, este só mantém esta qualidade quando está vinculado a uma entidade promotora de voluntariado e a sua relação com esta esteja vigente. Já a entidade promotora do voluntariado perde esta qualidade mediante pedido, mediante decisão proferida em processo administrativo ou por iniciativa ou impulso do Ministério Público (artigo 14 da LV). Com efeito, o novo RLV estabelece, no seu artigo 14, alínea i), o dever da entidade promotora de garantir o retorno do voluntário ao país de origem ou de procedência, em caso de perda de qualidade de voluntário.

Importa referir que a cessação do trabalho voluntário, também determina a cessação do enquadramento no regime de segurança social básica do voluntário, devendo a entidade promotora comunicar o INSS, até ao final do mês seguinte, àquele que em que se verificou a respectiva cessação (artigo 32 do RLV).

Por último, sempre que as acções praticadas pelo voluntário possam perigar a vida ou pôr em causa a integridade física, ou acarretar riscos para este, as entidades promotoras devem providenciar um seguro que cubra a totalidade dos riscos a que o voluntário se encontra exposto (artigo 7 da LV e artigo 29 do RLV).

empresarial, Assembleia

Joaquim Paulo Vilanculos Consultor Júnior

Advogado

(5)

INFORMAÇÃO SOBRE A ORDEM DOS ARQUITECTOS

DE MOÇAMBIQUE (OARQ)

Sheila Tamyris da Silva     Assistente

ssilva@salcaldeira.com

A Lei nº 13/2017, de 8 de Setembro de 2017, cria a Ordem dos Arquitectos de Moçambique (OARQ) e aprova o respectivo Estatuto.

A presente Lei estabelece que a inscrição e o reconhecimento pela OARQ são condições obrigatórias para o exercício da actividade de arquitectura, de urbanismo e planeamento físico na Republica de Moçambique, pelo que, só os arquitectos inscritos podem, no território nacional, usar o título profissional de arquitecto e praticar os actos próprios da profissão.

A inscrição é válida para moçambicanos e estrangeiros com formação de nível superior em arquitectura, urbanismo e planeamento físico, pelas instituições nacionais ou no estrangeiro, desde que devidamente reconhecidas pelo Governo da República de Moçambique, ou mediante a obtenção de equivalência do curso pelo Ministro que superintende a área.

O arquitecto, o urbanista e o planificador físico devem identificar-se com o número da sua carteira profissional em todos os documentos que emitem no exercício da sua actividade.

São objectivos da OARQ:

• Contribuir para a Defesa e promoção da arquitectura, urbanismo e planeamento físico; • Zelar pela função social, dignidade e prestígio da profissão;

• Promover a valorização contínua, técnica e científica dos seus membros e defender os seus princípios deontológicos;

• Defender os interesses, direitos e prerrogativas dos membros. Constituem direitos dos membros no exercício da profissão: • Exercer a profissão, de acordo com a vocação, formação e experiencia; • Exercer a profissão sem interferência na autonomia técnica;

• Exercer a profissão isento de concorrência de profissionais sem formação adequada, nos termos do Estatuto da OARQ;

• A autoria sobre as obras de arquitectura, urbanismo e planeamento físico;

• A co-autoria dos trabalhos em que colabore, na medida da sua responsabilidade e a fazer figurar em publicações e no currículo profissional;

• Publicitar a actividade e divulgar as suas obras ou estudos; • Actualização da formação, valorização profissional e social;

• Acesso aos meios e à assistência necessária às tarefas de que é incumbido; • A uma remuneração compatível com o seu trabalho.

Constituem deveres gerais do Arquitecto:

• Cumprir o disposto no Estatuto, regulamentos e deliberações da OARQ; • Colaborar na prossecução das atribuições da OARQ;

• Exercer os cargos para que tenha sido eleito;

• Informar no momento da inscrição, sobre o exercício de qualquer cargo ou actividade profissional para efeitos de verificação de possíveis incompatibilidades;

• Suspender, imediatamente, o exercício da profissão quando ocorrer incompatibilidade superveniente; • Pagar regularmente as quotas e outros encargos devidos à OARQ;

• Comunicar, no prazo de 30 dias, a mudança de domicilio profissional.

(6)

NOVA LEGISLAÇÃO PUBLICADA

OBRIGAÇŌES DECLARATIVAS E CONTRIBUTIVAS

10 20 29 29 INSS IRPS IPP ICE 20 IRPC

Decreto nº 56/2017 de 27 de Outubro de 2017 - RAprova os termos e condições do Acordo Complementar ao Contrato de Concessão para Pesquisa e Produção de Petróleo para a Área 4, no Bloco do Rovuma (CCPP), e a Alteração do seu Anexo F, relativo ao Acordo de Operações Conjuntas (AOC), aprovado pelo Decreto n.º 68/2006, de 27 de Dezembro.

Resolução nº 12/2017 de 16 de Outubro de 2017 - Ratifica o Acordo de Parceria Económica sobre o Estabeleci-mento do Novo Regime de Cooperação Económica e Comercial.

Decreto nº 61/2017 de 6 de Novembro de 2017 - Cria o Instituto Nacional de Governo Electrónico.

Decreto nº 62/2017 de 9 de Novembro de 2017 - Aprova o Regulamento do Fundo do Serviço de Acesso Universal.

Resolução nº 42/2017 de 19 de Outubro de 2017 - Aprova os termos do Contrato Mineiro para a Extracção de Grafite no Distrito de Balama, no âmbito do Projecto da empresa Twigg Exploration and Mining, Lda, a ser celebra-do com a empresa Twigg Exploration and Mining, Lda na qualidade de Concessionário Mineiro.

Resolução nº 43/2017 de 27 de Outubro de 2017 - Aprova a Estratégia Nacional de Banda Larga.

Resolução nº 46/2017 de 2 de Novembro de 2017 - Aprova a Política de Acção Social e Estratégia de Implemen-tação e revoga a Resolução n.º 12/98, de 9 de Abril.

Diploma Ministerial nº 69/2017 de 1 de Novembro de 2017 - Aprova o Regulamento Interno do Instituto de Aviação Civil de Moçambique e revoga o Diploma Ministerial n.º 194/2004, de 13 de Outubro.

Diploma Ministerial nº 71/2017 de 8 de Novembro de 2017 - Aprova a nomenclatura dos Estabelecimentos Penitenciários Regionais, Provinciais, Especiais, Distritais e Centros Penitenciários Abertos e extingue as designações anteriores.

Aviso nº 18/GBM/2017 de 18 de Outubro de 2017 - Aprova o Regulamento sobre Débitos Directos Nacional de Desenvolvimento da Pesca e Aquacultura.

CALENDÁRIO FISCAL 2017 DEZEMBRO

Sérgio Ussene Arnaldo    

Assessor Fiscal e Financeiro sussene@salcaldeira.com Rute Nhatave    Arquivista / Bibliotecaria rnhatave@salcaldeira.com 29 IVA 15 IPM

Entrega das contribuições para segurança social referente ao mês de Novem-bro de 2017.

Entrega da declaração periódica quando o sujeito passivo tenha créditos do imposto.

Entrega do imposto retido na fonte de rendimentos de 1ª, 2ª , 3ª , 4 ª e 5ª categoria bem como as importâncias retidas por aplicação de taxas liberatórias durante o mês de Novembro 2017.

Entrega do imposto retido durante o mês de Novembro de 2017.

Pagamento das importâncias devidas em documentos, contratos, livros e actos designados na Tabela anexa ao Código de IS referente ao mês de Novembro de 2017.

Entrega do Imposto sobre a extracção mineira referente ao mês de Novem-bro de 2017.

Entrega do Imposto sobre a produção de petróleo referente ao mês de Novembro de 2017.

Entrega da Declaração, pelas entidades sujeitas a ICE, relativa a bens produzi-dos em território nacional ou importaproduzi-dos.

Entrega da Declaração periódica referente ao mês de Novembro acompan-hada do respectivo meio de pagamento (caso aplicável).

20 Imposto de Selo

(7)

Escritório em Tete

Av. Eduardo Mondlane,Tete Shopping, 1º andar

Telefone: +258 25 223 113 • Fax: +258 25 223 113

Tete, Moçambique

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Beira, Moçambique

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