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(1932-1936) conhecimento sobre educac¸ão física em impressoscapixabas As mulheres como autoras: produc¸ão e circulac¸ãodo CIÊNCIAS DO ESPORTE

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www.rbceonline.org.br

Revista Brasileira de

CIÊNCIAS DO ESPORTE

ARTIGO ORIGINAL

As mulheres como autoras: produc ¸ão e circulac ¸ão do conhecimento sobre educac ¸ão física em impressos capixabas (1932-1936)

Marcela Bruschi

a,b,c,∗

e Omar Schneider

b,c

aUniversidadeFederaldoEspíritoSanto(Ufes),ProgramadePós-Graduac¸ãoemeducac¸ãofísica,Vitória,ES,Brasil

bInstitutodeEducac¸ãoeeducac¸ãofísica---Proteoria,Vitória,ES,Brasil

cUniversidadeFederaldoEspíritoSanto(Ufes),DepartamentodeGinástica,Vitória,ES,Brasil

Recebidoem4dejulhode2017;aceitoem15demarçode2018 DisponívelnaInternetem4demaiode2018

PALAVRAS-CHAVE Escoladeeducac¸ão física;

Professoras;

Monografias;

ImprensadoEspírito Santo

Resumo Esteestudoinvestigaasistematizac¸ãodesaberessobreaeducac¸ãofísicaemforma demonografias, escritasporalunas daEsEFES epublicadas em impressoslocais entre1933 e1936.Usaosconceitosestratégiaetáticaparadaraveraslutas derepresentac¸ãosobre ossaberesautorizadosdaeducac¸ãofísicaeoperacomoparadigmaindiciárionaanálisedas fontes.Trabalha,comofontes,comoArquivoPermanentedoCefd/Ufes,oDiáriodaManhãe aRevistadeEducac¸ão.Asmonografiaspublicadasrevelamaspráticasdiscursivasautorizadas naEsEFES.Areproduc¸ãodossaberesévistacomoumatáticaempregadaporprofessoras,que buscaram,dentrodeumespac¸odominadopeloshomens,obtercapitalsimbólicoparasetornar autoridadesemeducac¸ãofísicanoEspíritoSanto.

©2018Col´egioBrasileirodeCiˆenciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´e umartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/

by-nc-nd/4.0/).

KEYWORDS Schoolofphysical education;

Femaleteachers;

Monographs;

Capixabapress

Womenasauthors:productionandcirculationofknowledgeaboutphysicaleducation inthecapixabaprints(1932-1936)

Abstract Itinvestigatesthesystematization ofknowledge aboutPhysicalEducation inthe monographs,writtenbythefemalestudentsofEsEFESandpublishedinlocalprintsbetween 1933and1936.Ituses theconceptsofstrategy andtacticstoshow oftherepresentations strugglesabouttheauthorizedknowledgeofPhysicalEducationandoperateswiththeindiciary paradigmintheanalysis.Assources,itworkswiththePermanentArchiveofCefd/Ufes,the DiáriodaManhãandtheRevistadeEducac¸ão.Thepublishedmonographsrevealthediscursive

Autorparacorrespondência.

E-mail:mbruschi.cefd@gmail.com(M.Bruschi).

https://doi.org/10.1016/j.rbce.2018.03.011

0101-3289/©2018Col´egioBrasileirodeCiˆenciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobuma licenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

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practicesauthorizedintheEsEFES.Thereproductionofknowledgeisseenastacticemployed by theteachers,who sought,withinamale-dominated space,toobtain symboliccapital to becomeauthoritiesonphysicaleducationinEspíritoSanto.

©2018Col´egioBrasileirodeCiˆenciasdoEsporte.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisan openaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/licenses/by- nc-nd/4.0/).

PALABRASCLAVE Escueladeeducación física;

Maestras;

Monografías;

PrensadeEspíritu Santo

Lasmujerescomoautoras:producciónycirculacióndelconocimientosobreeducación físicaenperiódicoscapixabas(1932-1936)

Resumen Estudia la sistematizacióndel conocimientosobre educaciónfísica enformade monografías, escritasporalumnasdelEsEFESy publicadasenperiódicos locales entre1933 y 1936. Utiliza los conceptos estrategia y táctica para poner de manifiesto las luchas de representacionessobreelconocimientoautorizadodeeducaciónfísicaytrabajaconelpara- digmaindiciárioenlosanálisisdelasfuentes.UtilizacomofuenteselArchivoPermanentedel Cefd/Ufes,elDiáriodaManhãylaRevistadeEducac¸ão.Lasmonografíaspublicadasrevelan lasprácticasautorizadasenlaEsEFES.Seaprecialareproduccióndelconocimientocomouna tácticadelasprofesoras,lascuales,enunespaciodominadoporhombres,tratarondeobtener capitalsimbólicoparaconvertirseenautoridadessobreeducaciónfísicaenelestadodeEspíritu Santo.

©2018Col´egioBrasileirodeCiˆenciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Estees unart´ıculoOpenAccessbajolalicenciaCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/

by-nc-nd/4.0/).

Introduc ¸ão

Este artigo discute a sistematizac¸ão de saberes sobre a educac¸ãofísicaemformademonografias,escritasporpro- fessoras em formac¸ão na Escola de Educac¸ão Física do Espírito Santo (EsEFES), criada pelo Decreto Estadual n 1.366, de 26 de junho de 1931 (Espírito Santo, 1931).

Esse material foi publicado em impressos regionais, o quenos permiteenfatizaraparticipac¸ãodas mulheresno desenvolvimentodessaáreadoconhecimento,emespecial emumprojetodeescolarizac¸ãoarquitetadoparaoestado nadécadade1930.

AEsEFESproduziudocumentosquehojeseapresentam comofontesprivilegiadasparaareconstruc¸ãodamemória da instituic¸ão. Esses documentos fazem parte do Arquivo Permanente doCentro deEducac¸ãofísicae Desportos,da UniversidadeFederal doEspíritoSanto (Cefd/Ufes).Nesse acervo,encontram-seasmonografiasescritas pelosalunos que,naquele momento,eramrequisitoobrigatório para a colac¸ãodegrau.Elassedestacamcomoproduc¸õesqueper- mitem compreenderos saberes projetadospara a prática pedagógicadoprofessordeeducac¸ãofísica.Esse material foi publicadonojornalDiário daManhã (1908-1937) e no impressoRevistadeEducac¸ão(1934-1937).

Analisar esses textos, a sua circulac¸ão e a sua autoria nospermitecompreenderosmodosdeproduc¸ãodoconhe- cimentosobreaeducac¸ãofísicaemummomentoem que, noBrasil,essa disciplinaeraescolarizadaemumcontexto

deintensamodificac¸ãodoque seentendiacomo ossabe- res que fundamentavam a sua prática nas escolas. Esses embatesnospermitemevidenciarosatoresque ajudaram a construir o nosso campo de conhecimento. Nesse pro- cesso,conseguimosvisualizaroprotagonismodasmulheres nocenáriocapixaba,poiselaseramresponsáveispelamaio- riadasmatrículasparaoCursodeFormac¸ãodeProfessores, portanto eradelas o maiornúmero detrabalhos defendi- doscomomonografiasepublicadosnaimpressajornalistae pedagógicadoperíodo(tabela1).

Para que essas monografias fossem veiculadas, elas tiveramquepassarporavaliac¸õesparadeterminarquaisdis- cursosestavamaptosasetornarpúblicos.Essasavaliac¸ões eram feitas por pessoas que procuravam desenvolver um projetoparaaeducac¸ãofísicanoEspíritoSantopautadono métodofrancês.Poressemotivo,mobilizamosnoestudoo conceitodelutasderepresentac¸ão(Chartier,1990,p.17), quenos ajuda a compreender como ‘‘[...]umarealidade socialéconstruída,pensada edadaaler’’.Oautorconsi- deraqueasproduc¸õesdasrepresentac¸õesdomundosocial

‘‘[...]sãosempredeterminadaspelos interessesdegrupos queasforjam’’(Chartier, 1990,p. 17).Dessaforma,essa propostadeanálise,aplicadaàsnossasfontesdocumentais, evidencia,pormeiodeindícios,asintenc¸õesdaquelesque organizavamedeterminavamaspráticasquedeveriamser ministradascomoconhecimentoautorizadonaEsEFES.

Em umperíodo histórico marcadopela figura dosmili- tares e de homens que ocupavamcargos nogoverno, em

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Tabela1 Publicac¸õesdasprofessorasdeeducac¸ãofísicanoDiáriodaManhãenaRevistadeEducac¸ão

Autora Títulodasmonografias Datadapublicac¸ão

IsaltinaPaoliello Aeducac¸ãofisicacomoalicercedeuma perfeitaeducac¸ão:ainfluênciadocontrole médicodaeducac¸ãofisica

DiáriodaManhã,1933

HelenaSerrano Anecessidadedaeducac¸ãofisicafeminina DiáriodaManhã,1933

AnaliaPaoliello Oexercicioeasaude DiáriodaManhã,1933

ElciaAquino Educac¸ãofisica DiáriodaManhã,1933

ClariceLima Educac¸ãofisica:seuvalor DiáriodaManhã,1933

JulietaGreppe Daaplicac¸ãodaeducac¸ãofisica DiáriodaManhã,1933

OrmySaleto Aeducac¸ãofisicacomofatordesaudeebeleza DiáriodaManhã,1933

AnitaCrema Educac¸ãofisicadamulher DiáriodaManhã,1933

MercêsGarcia Aeducac¸ãofisicainfantil DiáriodaManhã,1933

MariaOrlandinaBomfim Aeducac¸ãophysicaeseusmethodos DiáriodaManhã,1933 AdelaideRaiser Considerac¸õessobreeducac¸ãofisica DiáriodaManhã,1933

AlvaPiovesan Aeducac¸ãofisicaeoatletismo DiáriodaManhã,1933

SlyviaRocha Ocristianismocomoentraveao

desenvolvimentodaeducac¸ãofisica:o Renascimento,algunsprecursores

DiáriodaManhã,1933

MathildeCrema Educac¸ãofisicaesuainfluencianoorganismo infantil

DiáriodaManhã,1933 FelisbinaPinheirosdeMoraes Aginasticarespiratoriacomobaseda

educac¸ãofisica

Rev.deEducac¸ão,1934 CelinaCardoso Adansaeaginasticaritmicanaeducac¸ão

fisicafeminina

Rev.deEducac¸ão,1934 MariaAparecidaNogueira Aeducac¸ãophysicacomofactordeprogresso Rev.deEducac¸ão,1934 SlyviaCarlosLoureiro Educac¸ãophysica:seusefeitosphysiologicos Rev.deEducac¸ão,1935 AdyrMiranda Ligeirasapreciac¸õessobreaeducac¸ãophysica

damulher

Rev.deEducac¸ão,1935 OrlandinaRibeiro Comoometodofrancêssatisfazas

necessidadessociais

Rev.deEducac¸ão,1935

DalilaNeves Osjogosnaeducac¸ãophysica Rev.deEducac¸ão,1935

AliceGreppe Porquedevemosaplicaraeducac¸ãophysica Rev.deEducac¸ão,1935 JovitaNogueira Ligeiroscomentariossobreahigieneea

educac¸ãofisicanoBrasil

Rev.deEducac¸ão,1936 Fonte:Produzidopelosautores.

func¸ão no desenvolvimento da educac¸ão física orientado pelo método francês e de um possível interesse ideoló- gicoportrásdaexpansãodessemodeloginástico(Goellner, 1992;Soares,1996),nãoédadaevidênciaaoutrosgrupos depessoasquemuitocontribuíramparaaescolarizac¸ãoda educac¸ãofísica.Emfunc¸ãodessaestratégia,buscamosdar visibilidadeàslutasderepresentac¸ãoproduzidasnosemba- tescomastáticas (Certeau,1994),quasesilenciosos,dos praticantes que, em última instância, desejam modificar umarealidadesocialsemoenfrentamentoemumasituac¸ão demenorcapitalsocialesimbólico.

Nadécadade1930,háuminvestimentonoEspíritoSanto naformac¸ãodeprofessorasnormalistasquedeveriampassar porumaespecializac¸ãonaEsEFES,paraqueelaspudessem ensinaro novo métodode educac¸ão físicanas escolas. O investimentonessaformac¸ãodasmulheresparasetornarem professorasdeeducac¸ãofísica,atéentão,nãotiveralugar nahistóriadaeducac¸ãofísica.Nenhumavisibilidadehavia sidodada aessesatores,que nãoocupavamo centrodas decisões,masque,comoveremos,tiveramumaposic¸ãode destaquenasistematizac¸ãodossaberesdaeducac¸ãofísicae foramresponsáveisporpopularizar,pelaimprensa,osentido

dessadisciplinaeseusconteúdosdeensinonaescolaeem outrosespac¸osdeformac¸ão.

Analisaraparticipac¸ãodasmulheresnaeducac¸ãofísica capixabanospermitetrazerparaacenanovospersonagens que colaboraram na construc¸ão desse campo deconheci- mentoeproduziram,segundoGinzburg(1991,p.192),‘‘[...]

umahistóriamaisrica,maisvariada,maishumana[...].A históriaquedevósesperamosnãoéumasucessãocronoló- gicadefatospolíticosemilitaresqueinclua,comoexcec¸ão, algunsepisódiosextraordináriosdeoutrogênero;masuma representac¸ão mais geral do estado da humanidade num determinadotempo,numdeterminadolugar,naturalmente maiscircunscritodoqueaqueleemqueacostumamdecor- rerostrabalhosdehistória,nosentidomaisvulgarizadodo termo’’.

O conceitode estratégiae detática desenvolvido por Certeau(1994) nosajudana compreensãodaformacomo as professoras usaram as representac¸ões em circulac¸ão paraganharprojec¸ão.Entenderamqueodiscursopautado no método francês era umarepresentac¸ão daquilo que o Estado achava que deveria ser a educac¸ão física e quais teoriasdeveriamserusadasparaqueadisciplinaganhasse

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sentido no campoeducacional e fora dele. Consideramos queasmulheresusaramatáticaparaatingirseusobjetivos, acessaroutrasesferasdahierarquiaprofissionaleserreco- nhecidas na vida pública. Temos como objetivo enfatizar osprotagonismosde 23mulheres na história daeducac¸ão físicadoEspírito Santo,a partir domomentoem que são autorizadasadiscutirquestõeseducacionaissobreoensino daeducac¸ãofísicaparaasescolas.

Como fontes para a pesquisa, usamos os documentos presentes no Arquivo Permanente do Cefd/Ufes, o jor- nal Diário daManhã (1908-1937)e a Revistade Educac¸ão (1934-1937).Apartirdoparadigmaindiciáriopropostopor Ginzburg (1999), as fontes foram analisadas por meio de indícios, pistase vestígios, permitiramdarvisibilidade às táticasoperadaspelasprofessoras,possíveisdeseridentifi- cadasemsuasescritasnaconformac¸ãodeumnovomodelo deeducac¸ãofísica.Osindíciosdeixadospossibilitamainda trazer para a cena o protagonismo das mulheres na his- tória da educac¸ão física no Espírito Santo, demonstram comosetornaramresponsáveisparaqueaescolarizac¸ãoda educac¸ãofísicasetornasseumarealidadeemtodasasesco- lascapixabas.Assim,ousodesseprocedimentodeanálise permitiuconstruirumamicro-históriasobreo processode escolarizac¸ãodessadisciplinanoEspíritoSanto.

A produc ¸ão das monografias e sua circulac ¸ão nos impressos capixabas

NahistóriadaEsEFES,aelaborac¸ãodeumamonografiapassa asetornarobrigatóriaapartirdasegundaturmaoferecida pelainstituic¸ão,ochamadoCursodeFérias,1ocorridoentre dezembrode1931emarc¸ode1932.Essestrabalhosseguiam umpadrãodeformatac¸ão.Eramredigidosemmáquinadati- lográfica,tinhamcapaecontracapa,título,nomedoaluno, registrodaentrega edaapresentac¸ão, carimbadose assi- nadospelodiretordaescola.Por vezes,a monografiaera acompanhada por uma dedicatória dirigida a algum pro- fessor, possivelmente o que teria auxiliado o discente na produc¸ão do trabalho. Essas monografias continham, em média, cinco a dez páginas, provavelmente em razão do poucotempodestinadoàsuaelaborac¸ão,jáqueadurac¸ão daformac¸ãovariavadeseisaoitomeses.

A partirde1933, ostrabalhospassaram aserapresen- tadose lidosparaumabancaexaminadora, compostapor professores,comaparticipac¸ãodeautoridadesdediferen- tesáreasdoconhecimento.Paraaturmadoperíodoletivo de 1933,a banca foicomposta porMario Bossois Ribeiro, chefe do Servic¸o de Inspec¸ão Médica e Educac¸ão Sanitá- riaEscolar,eHiltonNogueira, MarioTavareseJoaquimde Souza,professoresdaEsEFES(EspíritoSanto,1932-1934).Na turmadeformandosde1934,participaramChristianoFraga, diretordoDepartamento daSaúde Públicae professorda escola;ClaudionorRibeiro,chefedoServic¸odeCooperac¸ão eExtensãoCultural;HildaPessoaPrado,formadanaEsEFES

1Encontramosasmonografiasproduzidasaté1939. Destacamos quede 1936a 1938não foramoferecidoscursos naEsEFES, em func¸ãodequeainstituic¸ãoteriaquereorganizarseucurrículopara receberadesignac¸ãodeEscolaSuperiordeEducac¸ãoFísica,oque ocorreusomenteem1939.

em 1931 e diretora do Jardim da Infância Ernestina Pes- soa;MariaMagdalenaPisa,diretoradoGrupoEscolarPadre Anchieta;eJulieta Greppe,formada em1933naEsEFESe professora da escola (Espírito Santo, 1932-1934). Para os trabalhosencerradosem1935,abancafoicompostapelas professorasdaEsEFESCelinaCardosoeFelisbinhaPinheiro deMorais,ambasformadasem1934(EspíritoSanto,1935).

Paraostrabalhosfinalizadosem1939,abancafoiformada pelos professores tenente Heitor Rossi Bélache, Timoteo Filho,NapoleãoFreitaseFelisbinaPinheirodeMorais.

Paraasmonografiasproduzidaspelaturmaformadaem 1932, esses trabalhos eram somente classificados como aprovados,mas,comaorganizac¸ãodeumabancaexamina- dora,asmonografias,apartirde1933,comec¸aramareceber julgamento. Eram quatro asclassificac¸ões: Distinc¸ão com Louvor, Distinc¸ão, Plenamente e Aprovado. Não locali- zamos os critérios usados pelos avaliadores para fazer essesjulgamentos,poréminferimosqueessasclassificac¸ões representavamosavanc¸osadquiridosporalgunsalunosem detrimentodeoutros,quesouberamproduzirumaboasín- tese monográfica, discutir as propostas de ensino para a educac¸ãofísicaemconcordânciacomosconhecimentosdo métodofrancês.

A classificac¸ão das monografias pode ser compreen- didaquandousamosoconceitodelutasderepresentac¸ão (Chartier,1990).Essanovaformadeclassificac¸ãopodeser visualizada como uma estratégia do grupo que adminis- travaaEsEFES,oriundodoCentroMilitardeEducac¸ãofísica (CMEF), atual Escola de Educac¸ão física do Exército, no intuitodepropagarasideiasquedefendiaparaoensinoda educac¸ãofísica.Aclassificac¸ãodostrabalhosmonográficos eraumapráticausadaparadesignarosalunosquesedesta- cavamaotérminodocursoequecolaboravamcomaescrita paraodesenvolvimentodaeducac¸ãofísicacapixaba.

A partir de 1933, algumasalunas formadas noperíodo letivo em 1932 publicaram suas monografias, como arti- gos,nojornalDiário daManhã.Em 1934,observamosque apublicac¸ãodessestrabalhos,nesseimpresso,éinterrom- pida.Paraaturmaformadaem1934,ostrabalhospassaram aserpublicadosnaRevistadeEducac¸ão,entre1934e1936.

No Quadro 1, identificamosas professoras, os títulos das monografiaseadatadapublicac¸ãodostrabalhosnosimpres- sos.

Para as professoras formadas em 1932 e que tiveram suas monografias veiculadas nos impressos, não foi possí- veldemonstrarqueasalunascomasmelhoresposic¸õesno fimdocursoforamasquepublicaram.AprofessoraIsaltina Paoliello,classificadaemprimeirolugar,foiaprimeiraater umapublicac¸ão no jornal Diário da Manhã, mas, para as demaisalunasformadasnesseperíodo,asmonografiasvul- garizadasnãoseguiramaordemdeclassificac¸ãoalcanc¸ada nofimdoprocessoformativo.HelenaSerrano,classificada em12 lugar,foiapróximaatersuamonografiadivulgada, seguida por Analia Paoliello, classificada em sexto lugar;

ElciaAquino,19a;eaprofessoraClariceLima,18a. Asclassificac¸õesemitidaspelabancaexaminadoraapar- tirde1933seconstituíramcomoumimportanteindícioda ordemdepublicac¸ãodasmonografias.Dasalunasquesefor- maramnesseanoe quetiveramseustrabalhosdivulgados noDiáriodaManhã,aprofessoraJulietaGreppe,querece- beuaclassificac¸ãoDistinc¸ãocomLouvor,foia primeiraa publicarnesse jornal. As professoras OrmySaleto e Anita

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Crema,quereceberama classificac¸ãoDistinc¸ão, foramas próximasprofessorasadivulgarseustrabalhosnoimpresso, respectivamente,seguidaspelaspublicac¸õesdasprofesso- rasMercêsGarcia,MariaOrlandinaBomfim,AdelaideRaiser, AlvaPiovesan,SlyviaRochaeMathildeCrema,querecebe- ramaclassificac¸ãoPlenamente.

Na Revista de Educac¸ão, a ordem das publicac¸ões se mantevedeacordocomaclassificac¸ãodasmonografias.For- madasem1934,asprofessorasFelisbinaPinheirosdeMoraes eCelinaCardoso,quealcanc¸aramaclassificac¸ãoDistinc¸ão comLouvor, foramasprimeirasa divulgar suas monogra- fiasnoimpressoem1934,seguidaspelasprofessorasMaria AparecidaNogueira,SlyviaCarlosLoureiro,AdyrMirandae OrlandinaRibeiro,que,comaclassificac¸ãoDistinc¸ão,tive- ramseustrabalhospublicadosnarevistaentre1934e1935.

AsprofessorasDalilaNeveseJovitaNogueira,querece- berama classificac¸ão Plenamente, tiveramseustrabalhos publicadosem1935e1936.Aúnicaexcec¸ãofoiapublicac¸ão damonografiadeAliceGreppeque,formadaem1934com a classificac¸ão Distinc¸ão com Louvor, teve sua monogra- fiapublicada em1935. Dentreasalunas quetiveramsuas produc¸ões veiculadas nos impressos, nenhuma recebeu a classificac¸ãoAprovado.

Outra informac¸ão que nos oferece maiores indícios da selec¸ão de somente algumas monografias parapublicac¸ão em impressos são os elogios encontrados em algumas produc¸õesreferentesaoCMEF, àEsEFESeaseusprofesso- res.AssimfinalizaaalunaHelenaSerranonasuamonografia:

‘‘Agoraaoapresentaraosmeuspresadosprofessores,res- peitosa,asminhasdespedidas,devoconfessar-lhesquesuas sabiaspalavrasaindaresoam emmeuouvido,queguardo, aindaquentesdecarinhoedeentusiasmo,vossosconselhos eensinamentos’’.

AalunaFelisbinaPinheirosMoraes(Moraes,1934)eviden- ciaaimportânciadeseuprofessorparaodesenvolvimento do tema escolhido: ‘‘Concordando com os ensinamen- tos do meu professor de antropometria, venho dizer que a educac¸ão respiratoria é de importancia [...]’’. Jovita Nogueira (Nogueira, 1934b) também faz referência aos seus professores para a construc¸ão de sua monografia:

‘‘Ao Ilustrado Corpo Docente [...], oferec¸o esta pequena contribuic¸ão a sua notabilissima obra em prol da Higiene edaEducac¸ãoFisicadoBrasil’’.

As demaisalunas exaltamosavanc¸osobtidospeloEsE- FES.SylviaRochaafirma: ‘‘[...]sinto-mefelizporverque emnossopequenoEstado,écuidadacomcarinhoestaobra admiravelqueéaeducac¸ãofisica,edaqualdependeráum Brasil constituido por homens fortese capazes de o con- duzirempelaestradadoprogresso!’’.AalunaDalilaNeves (Neves,1934)tambémdestacaaimportânciadaeducac¸ão físicaparao avanc¸o doEstado:‘‘[...]é dejustic¸aquese coloqueonossoEstadoemplanodedestaqueentreospri- meirosdacrusadaparaoaperfeic¸oamentoerevigoramento donossotipoetnico,o que concorreráfatalmente parao nossobemestarmoraleeconômico’’.

MariaOrlandina Bomfim (1933,p. 11-12), aodiscutir o métodofrancês, faz referência ao CMEF e à implantac¸ão dessemodelonoestado:

‘‘E’ portanto o methodo mais perfeito, razão por que éadoptado noexercitobrasileiro,nasnossas escolas,e o maisensinadonos cursos deeducac¸ãophysica espalhados portodooBrasil.Aqui,nasnossasescolas,jáfoiintroduzido,

sendoministradoporcompetentesprofessoresdiplomados peloCursodeEducac¸ãoPhysicadoEstado,obtendoosnossos collegiaesmuitosproveitos’’.

OrmySaleto(1933,p.14-15)tambémapresentaoCMEF eaEsEFEScomoimportantesobrasparaoengrandecimento dopaís:‘‘[...]NoBrasil,cabeaoEspiritoSantoahonrade terfundadoem primeiro lugara novaescoladeeducac¸ão fisica,depoisdeteremsidoosmétodosconhecidosnoCentro Militar,nacapitalFederal’’.

Aoprocuraroutraspistasquenosapontassemapresenc¸a dasprofessorasnosimpressos,observamosumgrandedes- taquedas alunas referente àpresenc¸a nasaulase à nota final.Amédiafinalalcanc¸adapelasalunasnopercorrerdo curso,obtida por meiodassabatinas,dos exames finaise dasmonografias,proporcionava-lhesosprimeiroslugaresna classificac¸ãogeral.Osqueconquistavamessaposic¸ãoeram privilegiadosnasescolhas dascadeirasdasmelhoresesco- las, localizadas na capital, Vitória, com maior facilidade de mobilizac¸ão entre as instituic¸ões. Os professores que ocupavam as menores classificac¸ões, normalmente, eram transferidosparaasescolasdointeriordoestado.Daspro- fessoras que publicaram suas monografias em impressos, todasconquistaramboaclassificac¸ãonamédiafinal.

Diantedessesindícios,percebemosqueas23 professo- ras,porseusesforc¸osedesempenhosnaEsEFES,ganharam evidênciadurantesuasformac¸õesacadêmicas,demonstra- ramqueseapropriaramdemodosignificativodasdiscussões apresentadasnaescolaeconseguiramdialogarcomossabe- resetransformá-losemmonografias.

Em referência às colunas educacionais presentes no Diário da Manhã e aos artigos publicados no impresso pedagógico Revista de Educac¸ão, podemos observar que se configuravam para a EsEFES como importantes luga- resdecirculac¸ãodesaberesdaeducac¸ãofísicadiscutidos na instituic¸ão para aformac¸ão deprofessores. Mas o que terialevadoaoencerramentodaspublicac¸õesnoDiárioda Manhã, em 1933, e iniciada a publicac¸ão na Revista de Educac¸ãoem1934?

Um dos motivos levantados para o encerramento das publicac¸õesnoDiáriodaManhã,umimpressodevariedades, pode ter sido o surgimento de um periódico pedagó- gico,aRevistadeEducac¸ão,consideradoadequadoparaa publicac¸ãodetrabalhosproduzidospelosprofessorescapi- xabas sobre diversos temas educacionais, inclusive os da educac¸ão física. Na Comissão da Banca Examinadora do períodoletivode1934,aindapercebemosapresenc¸adeum doseditoresdaRevistadeEducac¸ão,ClaudionorRibeiro,o quepodesignificarumindícioquejustificaapublicac¸ãodas monografiasnesseimpresso.

As monografiaspublicadas eramtranscritas na íntegra.

Costumavam viracompanhadas, no fim do texto,de uma notasobreaclassificac¸ãoobtidanaavaliac¸ãodabanca,que informava aosleitoressetratardeumaproduc¸ãodos alu- nosdaEsEFES.Evidenciavamparaasociedadecapixabaas atividadesqueerampraticadasnainstituic¸ãoeosavanc¸os científicosapresentadospelosalunosnodesenvolvimentode umateorizac¸ãoquejustificavaapresenc¸adaeducac¸ãofísica nasociedadeesuainserc¸ãonossistemaseducacionais.

ParaChartier(1991),doisdispositivossãoessenciaispara mediaromundodotextoeomundodoleitor,osquaispro- vêm das estratégias empregadas pelos autores na escrita dos textos e dos que resultam deuma decisão doeditor,

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oudeumaexigênciadaoficinadeimpressão.Assim,‘‘[...]

nãohátextoforadosuportequelhepermiteserlidoenão hácompreensãodeumescrito,qualquerqueseja,quenão dependadasformaspelasquaisatingeumleitor’’(Chartier, 1991,p.181).Aoconsideraressainformac¸ão,acreditamos que asprofessorasproduziram, ou melhor,podemos dizer quereproduziramosdiscursospresentesnaEsEFES,masnão fizeramissosemintencionalidades.A(re)produc¸ãodosdis- cursoseoselogiospresentesemsuasescritassetornamuma tática(Certeau,1994)usadapelasprofessoras,queobjeti- vavamalcanc¸armaiorreconhecimento,conquistadoquando tivessem seustrabalhos selecionados epublicados. Assim, elaspassavamatervozautorizadanocampodiscursivoque erainstituídonoEspíritoSanto.

A selec¸ão dealguns trabalhos publicados no Diário da ManhãenaRevistadeEducac¸ãopermiteperceberaslutas de representac¸ão dedeterminado grupo social, composto pelosprofessoresdaEsEFES,oriundodoCMEF,eporpessoas que exerciam cargos públicos do governodo estado. Eles agem estrategicamente, decidem as discussões que com- põem o campo educacional, selecionam os discursos que consideravamlegítimosparasepensarosaberdocente.

Quando analisamos o Diário da Manhã e a Revista de Educac¸ão, observamos que ambos estavam a servic¸o do governodoEspíritoSanto.SegundoMartinuzzo(2013),oDiá- riodaManhã,criado em1908,emumprimeiromomento, nãoteveseusinteressessatisfeitoscomanomeac¸ãodocapi- tãoJoãoPunaroBleyparagovernador, em 1930,mas,aos poucos,passouacaminhardeacordocomogovernointer- vencionista.JáoimpressopedagógicoRevistadeEducac¸ão, criadoem1934,tevecomoeditorespessoasligadasacargos públicosdogovernoestadual(Schneideretal.,2013).Apar- tirdosinteressesdoseditoresnaproduc¸ãodessesimpressos, podemosconsiderá-losumarededepráticas‘‘[...]capazde daraveraambiênciaemque[oimpresso]foiproduzidoe asrelac¸ões de forc¸a que determinaramsua forma e suas marcasdeproduc¸ão’’(Schneider,2003,p.39-40).

Os conhecimentos em circulac ¸ão nos impressos

Nas monografias produzidas na EsEFES, muitos assuntos foram discutidos. Considerando somente as monogra- fias encontradas nos dossiês dos alunos, fizemos uma categorizac¸ãodostemasnessestrabalhos,duranteadécada de1930,noEspíritoSanto.De129monografias,delineamos 14eixostemáticos,conformeofigura1.2

Por intermédio de ambos os levantamentos, evidenci- amos o que era mais discutido na escola e digno de ser publicado para os leitores dos impressos. Ao fazer uma comparac¸ãocomostemasmaisproduzidosnocursodurante todaadécadade1930comostemasveiculados,observa- mosquealgunssemantêmentreosassuntosmaisdiscutidos, comoSaúde,Mulher eInfância.Outrostemasdesaparece- rameaindaalgunsmodificaramasuaordemdeimportância, comoosMétodosGinásticos,queocupavamoprimeirolugar

2NotemaOutrosestãoagrupadasasmonografiascujosassuntos nãopossibilitaramumaclassificac¸ão.Incluímosnesseitemtambém amonografiasobredanc¸a,comapenasumtrabalho.

dentreasmonografiascommaiorpublicac¸ão,emrelac¸ãoao temaProgresso,que,dentreosmaisproduzidosnaescola, tevesomenteumamonografiaveiculada(fig.2).

Acirculac¸ãodostemasnosimpressosdeterminaossabe- resque deveriam ser incorporados na prática docentedo professordeeducac¸ãofísica,demonstratambémarelac¸ão mantida no estado com o método francês, uma vez que asmonografiassinalizavamarelevância dométodoparao desenvolvimentodo ensino da educac¸ão física. A adoc¸ão do método francês no Brasil e no Espírito Santo era jus- tificada, pois, ‘‘[...] em perfeita concordancia com as descobertascientificas maisrecentes,satisfazcabalmente ásnecessidadesporquecontinúaatradic¸ãodaescolafran- ceza, que era a mais aceitavel, e tem por fim, em sua evoluc¸ão, o aperfeic¸oamento da rac¸a’’ (Greppe, 1933, p.4),trouxeresultados‘‘[...]extraordinariamentesaluta- resárespirac¸ão,circulac¸ão, nutric¸ão, ao sistemanervoso e cerebro, sobre os ossos e musculos’’ (Saleto, 1933, p.

11).

Ostemasapresentadosnasmonografiasreforc¸amapers- pectiva de que a EsEFES teria adotado o método francês como modelo oficialpara seu ensino, conforme já sinali- zado por Bruschi et al. (2017), diante das práticas feitas nainstituic¸ãoparaaformac¸ãodosprofessores.Nessesdis- cursosestá a vozdas professoras.Elas reforc¸am o queos indivíduos no poder esperavam da educac¸ão física. Essas mulheresusaram osdispositivosdisponíveisnaescolapara suasescritas,maselasnãoeramquaisquermulheres.Eram normalistasquetraziamumoutrodiscursosobreoporquêda educac¸ãofísica.Noentanto,nãopodiamusarodiscursoda ortopedia,dacorrec¸ãodoscorpose daregenerac¸ão,pois, comaRevoluc¸ãode1930,instaurou-seoutrodiscurso.Elas nãolutamcontraessenovodiscurso;passamausá-lo,pois, emmuitosaspectos,eletraztrac¸osdodiscursoanterior.Ao fazerisso,tornaram-seaptas aseguirsuas carreirascomo autoridadesnaáreaeducacionaldaeducac¸ãofísica.

Considerac ¸ões finais

Entendemosquea circulac¸ão dasmonografiasnos impres- sos fezparte de umprojeto cultural deescolarizac¸ão da educac¸ão física. Foram selecionadas por umprojeto edi- torialque determinavaos saberes que deveriam circular, alicerc¸aramapráticadosprofessoresdeeducac¸ãofísicaem atuac¸ãoequerecorriamaosimpressoscomoumaformade estaratualizadossobreasdiscussõespresentesnocampo, alémde informar a todo o estado a importância que era depositadanaeducac¸ãofísica.

Aoanalisarasmonografias daEsEFES,entendemosessa elaborac¸ão intelectual como um quesito obrigatório, as observamoscomo dispositivosde controle,que permitiam àinstituic¸ãoverificaroníveldeadesãodosprofessoresao discursooficial,mastambémseconfiguramcomoamemória daeducac¸ãofísica.Essestrabalhosaindaexpressamaslutas derepresentac¸ão,asestratégiaseastáticasproduzidasem ummomentodeprofundasmudanc¸aspolíticaseculturaisdo entendimentodopapeldaeducac¸ãoedaeducac¸ãofísicana formac¸ãodasfuturasgerac¸ões.

Asmonografiassãoobjetosculturaisproduzidos,postos emcirculac¸ãoeapropriados.Sãoentendidastambémcomo umaestratégiaparaocontroledaformac¸ãodosprofessores

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20

16 19

15 13

10 10

8

6 6 6

3 2 2

13 18

16 14 12 10 8 6 4 2 0

Prog

resso Mulher Infância Saúde Gin

ástica

Hist ória da educa

ção f ísica

Métodos gin

ásticos Espor te

Jogos

Formação docente

Atletismo Fisiologia Biometr ia

Outros

Figura1 TemasdasmonografiasdosalunosdoCursodeEducac¸ãoFísicanadécadade1930 Fonte:Produzidopelosautores.

1 6

4

4 4

2 2

1 1 1 1 1 1

5 5

2 3

0

Mulher Infância

Hist

ória da educação f ísica

Formação docente Jogos

Atletismo Gin Fisiologia ástica

Prog resso Saúde

todos gin ásticos

Figura2 Temasdaspublicac¸õesdasprofessorasnosimpressoscapixabas Fonte:Produzidopelosautores.

edosleitoresqueteriam,comaspublicac¸ões,ummaterial queexpressaasboaspráticasnoensinodaeducac¸ãofísica.

Provavelmente,apublicac¸ãodasmonografiaseradetermi- nadadiantedasintenc¸õesdogoverno,jáqueaspessoasque ocupavamocargodeeditordesempenhavamfunc¸õesimpor- tantesnogovernodeJoãoPunaroBleyemantinhamrelac¸ão comosmilitares.

Pormeiodeindíciosdeixadospelosdocumentos,obser- vamos as ac¸ões de indivíduos que se encontravam em concorrência.Aelaborac¸ãodas monografias e asrelac¸ões mantidasno curso podemdemonstrar como algumaspro- fessorasse apropriaramde umconhecimentoconsiderado superior,quelhesfoi apresentadocomosaberautorizado, e o converteram em monografias, o que garantiria visi- bilidade aos autores e um capital simbólico (Bourdieu, 1990), permitiram serem reconhecidas na vida pública e fazerem circular suas produc¸ões circular em impres- sos.

Essesindícios representam umjogo deinteresses, mas quenãoseverificaàprimeiravista.Sópercebemosquando dirigimos nosso olhar para as pistas que os documentos deixaram, mesmo sem a intenc¸ão da instituic¸ão. Em um períodoem queasmulheres aindanãotinhamumespac¸o consolidado na vida pública, as professoras se deixaram

levarpelodiscursoautorizado,publicaramasmonografias, elogiaram a escola e seus professores, mas ao fazer isso agiram taticamente. Usaram um discurso de uma socie- dade ainda marcada pelo patriarcalismo, que acreditava que a func¸ão social da mulher era a procriac¸ão e o cui- dado de filhos para o desenvolvimento e a protec¸ão da pátria.Existeumaresistênciaavivenciaracondic¸ãofemi- nina esperada, entretanto elas foram para o espac¸o de atuac¸ãopúblicaetrabalharamcomoprofessorasnasescolas ena própriaEsEFES,formaramnovosprofessoreseprodu- ziramconhecimento.Tornaram-se,assim,protagonistasdos assuntoseducacionais daeducac¸ão físicanoestado, pois, comsuaspublicac¸õesnosimpressos,outrospassaramater que ouvi-las e areconhecer aautoridade que passaram a ostentar.

Financiamento

Coordenac¸ão de Aperfeic¸oamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); Conselho Nacional de Desenvolvimento CientíficoeTecnológico(CNPq---Processo445012/2015-3);e Fundac¸ãodeAmparoàPesquisaeInovac¸ãodoEspíritoSanto (Fapes).

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Conflitos de interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

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Referências

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