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Ciênc. saúde coletiva vol.3 número1

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Academic year: 2018

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LIVROS

Ciências Sociais e Saúde

Organizado por Ana Maria Canesqui São Paulo: Ed. Hucitec/ ABRASCO, 1997

287 páginas zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Nilson Moraes

Departamento de Medicina Preventiva - UNIPJO - Rio de Janeiro

Em duas o casiõ es, po r iniciativa da A BRA SCO, o d ebate so bre Ciências So -ciais e Saúde reuniu cente-nas de interessado s no tema. Nestes m o m ento s, o rigo r científico, a ino vação e o u-sadia intelectuais conviveram co m a militância, o experi-mento e as expectativas uti-litárias d o co nhecimento .

Nas duas últimas d éca-das, o s vento s e evento s da História sopraram, co m inten-sidade e dramaticidade, em todas as d ireçõ es, sem nun-ca se anun-calmar. Para as Ciên-cias Sociais, eles tiveram o efeito de um inesperad o fu-racão. Foram vento s que não atingiram apenas as Ciências Sociais e a Saúde Coletiva, mas também a to d o s o s sa-b e re s, p rátic as, m o d e l o s relacio nais e uto p ias que orientaram algumas geraçõ es.

Ninguém duvida ou questio -na que as mud anças estão po r toda a parte, d esafiand o as razões, teorias, formas de

rep resentação e m eto d o lo -gias. Reaprend er a olhar e reordenar o s fatos, bem co mo a reorientar-se neste mund o , to rnaramse desafio s de so -brevivência.

O Brasil, dos ano s 80, produziu uma armadilha his-tó rica e institucio nal q u e permitiu à Saúd e Co letiva viabilizar uma po ssibilidade única: intervir e mo d ificar diversos plano s d o real e, ao mesmo temp o , produzir co -nhecimento , co nd enand o -no s a repensar a trajetória inicia-da pela Saúde Coletiva, e o s p arâmetro s que o rientaram este agir e pensar. Um d esa-fio que a Epidemio lo gia enfrentou co m êxito , inco rp o -rando no vo s caminho s.

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m-preender a lógica que permi-tiu a introdução de temas, teorias e metodologias no campo.

No Brasil, da mesma for-ma que no s defor-mais países da América Latina, a Saúde tem constituído um tema funda-mental para o s estud io so s das tramas m o d ernas que atingem, de diferentes mo d o s e intensidade, as p o p ulaçõ es, instituições e políticas destes países, permitindo a produ-ção de diferentes

expectati-vas, pro jeto s e discursos sociossanitários.

Com toda segurança, é possível afirmar que a análi-se da Saúde pelas Ciências So ciais ajudo u a p ro v o car, nas duas últimas d écad as, ino vaçõ es teóricas e contri-buiçõ es históricas so bre no s-sa so cied ad e e seus dilemas, co mo o co rreu co m p o uco s temas e disciplinas.

Neste trabalho,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Ciências Sociais e Saúde, o rganizado

por Ana Maria Canesqui e l an ç ad o p e la H u c ite c / ABRASCO, o bserva-se que as sucessivas inco rpo raçõ es teó -ricas e temáticas demo nstram que, além de uma pro blemá-tica rica, estamo s diante de um tema co mp lexo , em rela-ção ao qual as pistas e mar-cas do tempo e lutas institu-cionais, sociais e discursivas insistem em pro vo car no vo s p ro blemas e po ssibilid ad es analíticas.

A Saúd e Co letiva, no s anos 70, emp unhand o alguns c o nc eito s e m éto d o s d as

Ciências Sociais, construiu o seu caminho . A idéia e o uso das Ciências So ciais p elo s profissionais da Saúde, bem co m o a prática d eco rrente d este p ro c esso tro uxeram diversas e contraditórias re-percussõ es so bre o campo do co nhecimento . É importante enfatizar que este camp o , ao meno s até a segunda metade dos ano s 80, esteve perma-nentemente sujeito às críticas e à d esco nsid eração de seg-mento s da co rp o ração d o s cientistas so ciais, que viam ap enas "militância" no en-frentamento temático .

A Saúde Coletiva, apre-endida co mo uma co nstrução histórica, dotada de cotidia-nidade, atores individuais e coletivos em diferentes lutas e pro jeto s, fez-se co mp lexa e tensa, terreno em co nstantes e inesperad o s mo v imento s, não co nvivend o co m qual-quer p o ssibilid ad e d e p er-c eb er seu o bjeto er-c o m o unid irecio nal e u niunid im ensio -nal, o que facilitaria a bus-ca d e co nstrução d e bus- cami-nho s alternativo s e bases de sustentação em d iscip linas nas quais a interd iscip lina-ridade estiv esse claramente d efinid a, num cam p o inte-lectual e téc nic o em q ue tud o é recente, em erg ente e urg ente.

A natureza do o bjeto das Ciências Sociais não admite a heg emo nia de nenhuma temática ou olhar, d emo ns-trando as transfo rmaçõ es e tendências que influenciaram

o pensamento e a

formula-ção de políticas no setor. A produção das Ciências

So-ciais em Saúde sempre se

caracterizou por permitir enfoques e motivações

di-versas.

A Saúd e Co letiva não seguiu um caminho linear, tranq ü ilo , h o m o g ê n e o . A heg em o nia d iscursiv a que o riento u o s profissionais de saúde e militantes d o movi-mento sanitário não passou d e m ais um g e n e ro s o e abrangente pro jeto , derrota-d o em meio a tantas lutas so cio ssanitárias.

Canesqui, co m base no

d ebate realizad o d urante o I Enco ntro d e Ciências So -ciais e Saúd e, realizad o em

Be l o H o riz o nte, p ub lic o u

Dilemas e Desafios das

Ciências Sociais na Saúde

Coletiva, Hucitec/ A BRA SCO,

em 1995, o nd e o b serv o u que as c o nc ep ç õ es e abo r-d ag ens r-da Saúr-d e Co letiva estavam " perpassadas por questões relativas ao campo

do conhecimento e às

inflexões de natureza

políti-ca e ideológipolíti-ca, refletindo

seus efeitos na seleção de

te-máticas à pesquisa, na

pro-dução do conhecimento, na

forma de incorporação das

ciências sociais e nas relações

com outros campos disciplinares no âmbito da Saúde

Cole-tiva" . A autora o bservo u,

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empenhado em um "esforço pluridisciplinar".

No I Congresso Brasilei-ro de Ciências Sociais em Saú-de, o rganizado em Curitiba pela ABRASCO, no ano de 1995, A na Maria Canesqui co nstato u ser característica da p ro d ução d as Ciências So ciais em Saúd e, no

Brasil, a extrema desconcentração temática, d e m eto d o lo -g ias e te o rias ad o tad as.

Outra característica é a p lu-ralid ad e d e p ro f issio nais o riund o s de d iferentes cam-p o s d e e scam-p e c ializ aç ão , o

que refo rça uma característica-síntese d este cam p o d e co nhecim ento , c o m o p o

ssi-bilid ad e d e co nstituição interdisciplinar.

Co m base neste Co n-gresso , Canesqui o rg anizo u

o livrozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Ciências Sociais e Saúde, tend o c o m o p ano de

fund o o s d ebates e temáti-c as e n f re n tad o s n aq u e l a o p o rtunid ad e. A o bra p o s-sui o rg anicid ad e e ló g ica entre as suas unid ad es temáticas. O itinerário p ro -p o sto a-p resenta d istintas maneiras d e co m p reend er e exp licar o univ erso so cial e sanitário . Trata-se d e uma ferramenta necessária para a co m p reensão e co nso lid a-ção d o cam p o nas últimas d éc ad as, re to m an d o uma série de p ro blemas d e na-tureza p lurid iscip linar que alimentam e rev ig o ram o p ensam ento so cial.

A seleç ão e a o rganiza-ção d o s texto s, frag mento s

exp ressiv o s d e um lo ng o e tenso d ebate, d emo nstram a riqueza atual d o d ebate, bem co m o as armadilhas co -lo cad as ao p ensam ento e à interv enção no sistema d e saúd e. As trad icio nais o p o -siçõ es entre o bjeto e sujei-to , id ealismo e materialis-mo , e t c , fo ram substituíd as p ela co mp lexid ad e d o ap ro -fund amento analítico e da esp ecificid ad e histó rica. Os temas trad icio nais reno v aramse p ela rev isão biblio -gráfica, d o cumental, e a in-co rp o ração d e no v as técni-cas de recup eração das fo n-tes e info rmaçõ es.

Reafirmand o a interd is-cip linarid ad e c o m o "marca" das Ciências So ciais na Saú-d e Co letiva, Canesqui, em

Ciências Sociais e Saúde,

co nsid era que ela se imp õ e,

" a despeito das tensões e

conflitos que se manifestam

no plano do saber,

institui-ções e das relainstitui-ções de força

implicadas nos

cerceamen-tos disciplinares" .

A primeira parte d o li-vro , Ciências Sociais e Saú-de: Reflexões sobre o Campo

do Conhecimento ( 1995) , é

um co nv ite à reflexão . Par-tind o d a c o n s tru ç ão d o cam p o da Saúd e, remete à p ró p ria natureza da crise e das p o ssibilid ad es científi-cas c o n te m p o rân e as . Em seus cinco artigo s, fica d e-mo nstrad o que a saúd e não co nv iv e mais co m a ilusão d e so luçõ es e análises d es-co ntextualizad as o u

simplis-tas, ap o ntand o que a co ns-trução intelectual d o camp o , sua institu c io naliz aç ão e no v o s o bjeto s exig em uma inquietud e e cap acid ad e de articulação co m o utro s sa-beres e d iscurso s que tor-nam as análises d o s ano s 80 uma realid ad e intelectual d istante no tem p o e d esejo . Tem a que não diz resp eito ap enas ao Brasil, mas ao c e n ário latino - am e ric ano , o brig and o o cam p o a bus-car o rig inais no enfrenta-mento d e no v o s o bjeto s que d esafiam a so brev iv ência da cap acid ad e d e rep ro d ução da o rd em so cial exclud ente.

A seg und a p arte, "Po lí-tica d e Saúd e", abo rd a d ife-rentes arm ad ilhas criad as p elo d esafio d e, numa co n-juntura d e p ro fund a d eses-p erança e d e reo rg aniz ação das esferas so ciais, ap resen-tar resp o stas o bjetiv as às d e m an d as d a so c i e d ad e , d iante da ênfase d o o lhar eco nô m ico e mercad o ló gico , que evita enunciar o u ad -mitir qualquer po lítica que não seja d e exclusão so cial, d esinteressad o que está o Estad o d as c o nseq ü ênc ias sanitárias e d e p ro d u z ir saúd e e d emo cracia simul-taneam ente.

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para a reorganização insti-tucional, com a explicitação de diferentes concepções te-rapêuticas e assistenciais, que em nada melhorou a saúde da população. As te-ses que insistiram em cen-tralizar no Estado suas es-tratégias, deixaram em se-gundo plano a sociedade e demonstraram incapacidade de perceber que Estado e poder não são sinônimos, nem garantia de eficácia política ou assistencial. Ain-da mais quando se acres-centa ao cenário um violen-to processo de crise fiscal, gerencial e de governabili-dade.

A terceira parte d o li-vro , "As Ciências So ciais e o s Serv iço s d e Saúd e", re-mete a algumas das armad i-lhas q u e h i s to ri c am e n te marcaram o s m o d elo s d e co m p reensão d o c am p o . É d emo nstrad a a necessid ad e de reco nceituar a ação es-tatal, co nsid erand o o s m e-canismo s d e p actuação das d emand as, d e d efinição das açõ es e po líticas, bem c o m o d o estabelecim ento das p o -líticas d e c o ntro le so cial, que, em v erd ad e, tem-se ca-racterizad o ap enas p o r co n-tro le parcial e lo caliz ad o d e aç õ es e p o líticas estatais. Os serv iço s d e saúd e, id en-tif ic ad o s p ela p o p u l aç ão c o m o o sistema méd ico es-tatal, t r a n s f o r m a r a m - s e numa am eaça que não re-c o nhere-c e nenhu m resp eito ou direito. Não produz ou

convive com a cidadania, mas com o discurso de um suposto direito que explici-ta apenas a lógica da pró-pria política pública.

Na quarta e última par-te da o bra, "Cid ad e e Saú-de e Q uestõ es Relativas à Saúd e Co letiv a", so m o s le-v ad o s a c o m p reend er p o r q ue tro p eç am o s em cad a rua, p raça o u esp aç o p úbli-co , no s efeito s d o p ad rão d e d esenv o lv imento sociossanitário.

Os ind icad o res e m eto -d o lo gias utiliza-d o s nas - di-ferentes análise trad uz em ap enas alguns d etalhes p re-sentes na realid ad e. A cid a-d e transfo rmo u-se em resu-mo , síntese e visibilid ad e d e d iv erso s ag rav o s, c o m p ro -v and o a necessid ad e d e re-p ensar o s co nceito s e cate-g o rias u su ais em Saú d e Co letiv a, e as fo rm as d e interv enção d o s p ro fissio -nais d e saúd e.

C o n s i d e rad o em seu co njunto , o livro em p enha-se em ap reenha-sentar e d iscutir

o s p ro cesso s sociossanitários em sua co m p lexid ad e e esp ecificid ad e, sup erand o

a r e a l i d a d e a p r e e n d i d a co m o antagô nica, tend o ain-da a p reo c u p aç ão em re-p ensar o no v o cenário mundial e suas fo rmas d e co m -p re e nd ê - lo e enf rentá- lo , p articularmente em relação à Saúd e.

Ig ualmente, o livro

re-vela que as armad ilhas sociopolíticas, que mo

biliza-ram o movimento social em saúde, ainda não foram des-montadas, tanto no plano intelectual como no institu-cional. Ao contrário, as aná-lises desenvolvidas nos anos 70 e 80 não chegaram a tocar no cerne das ques-tões, exigindo novas leitu-ras, enquanto outros desa-fios foram somados. As metodologias e objetos das Ciências Sociais, particular-mente sobre saúde, mos-tram-se subutilizados, e a falta de diálogo entre os pesquisadores, instituições e linhas de pesquisa prova que as dificuldades para produzir conhecimento não dizem respeito apenas à questão dos méritos ou vontades individuais.

Co lo cand o lad o a lad o o s livro s o rg aniz ad o s p o r A na M aria C an e sq u i em 1995 e 1997, o b serv am o s que há co ntinuid ad e entre o s temas e mo d elo s de aná-lise, ajudando a co mpreend er o c am p o e a ló gica histó ri-c a d as t r a n s f o r m a ç õ e s seto riais. A na Maria Canes-qui c o m p reend eu que, para as Ciências So ciais e Saú-d e, não há o utra p o ssibili-d assibili-d e; trata-se ssibili-d e rep ensar co m o usad ia v elho s p ro ble-m as e i n c o rp o rar no v o s

o bjeto s e realid ad es.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Ciên-cias Sociais e Saúde d

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