Consel hos Muni ci pai s de Saúde:
Aval i ações Ot i mi st as e Pessi mi st as
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So r a ya M. Va r ga s Co r t e s
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Os texto s que co mentam o artigo enriquecem o d ebate so bre o tema, apresen-tam no vo s argumento s e o lham so b outros ângulos a po ssibilidade de participação do s usuários e o papel do s Co nselho s no co ntex-to da co nstrução d o SUS (Sistema Único de Saúd e). Eles p o d em ser classificado s em dois blo co s, d e aco rd o co m o seu argumento central. O primeiro blo co reúne aqueles que co nsideram que o artigo subestima o papel dos Co nselho s, no co ntexto da reforma d o sistema de saúde e d o Estado brasileiro, em
direção a uma maio r
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accountability, não d estacand o apro priad amente sua importânciapara a co nstituição da cidadania d aqueles setores so ciais, histo ricamente excluíd o s da vida política. Seria um exagero d eno minar esses auto res c o m o otimistas? O segund o blo co é co mp o sto p elo s que julgam que as dificuldades para a co nso lid ação d e canais, realmente participatórios, são maio res e mais co mplexas d o que aquelas que o artigo apo n-ta. Estes po d eriam ser chamad o s de pessi-mistas.
Do is argumento s centrais o rientam as críticas do s otimistas. O primeiro enfo ca o s Co nselho s Municipais de Saúde co mo variá-veis d ep end entes e ind epend entes. É d esen-vo lvid o mais extensamente p o r Carvalho , co nvergind o em seus aspecto s centrais co m as abo rd agens de Barro s, O'Dw yer, Moisés, Dal Po z e Pinheiro . Segund o Carvalho, co mo variáveis d ep end entes, o s Co nselho s são fru-to de um p ro cesso nacio nal de forte ind ução legal e administrativa, da esfera federal, num co ntexto po lítico d e reforma d o Estado
visando via descentralização e participação -habilitá-lo para a implementação de políticas sociais universalistas. Mesmo concordando que as características da participação, que ocorre nos Conselhos, dependerá fortemente das circunstâncias locais, o autor lembra que estas circunstâncias incidem sobre um cená-rio institucional sobredeterminado nacional-mente. Os Conselhos também podem ser vistos como variáveis independentes, contri-buindo para a democratização ao induzir maior responsabilidade pública dos governos e ao favorecer a emergência de novos sujei-tos políticos e identidades coletivas. Carvalho observa que eles agem sobre a sociedade, exercendo efeitos estimulantes para um exer-cício mais extensivo da cidadania.
O blo co dos pessimistas é co mpo sto pelo s texto s de Valla e Viana. Esses autores refe-rem-se à realidade co ncreta do s Co nselho s Municipais de Saúde e apo ntam as dificulda-des para a sua co nstituição co mo esp aço de d ecisão política, o u ao meno s co mo esp aço público de discussão e difusão de informa-çõ es relativ amente autô no m o das esferas executivas e legislativas d o po d er municipal. Para sustentar esse argumento , Valia menci-o na Cmenci-o nselhmenci-o s que fmenci-oram criadmenci-os pmenci-o r inicia-tiva d o Legislativo Municipal, não da so cie-d acie-d e civil, para garantir o rep asse cie-d e ver-bas fed erais. Destaca aind a a d ep end ência q u e o s C o nse lho s têm d o s sec retário s municip ais e d o s p ro fissio nais d e saúd e, o que estaria relacio nad a co m o caráter mais reiv ind icativ o q ue d eliberativ o q ue eles assumiriam. D esse m o d o o s Co nselho s se to rnam o esp aç o único d e encam inham en-to d e d emand as d o mo v imenen-to p o p ular, encurralad o a ap resentar ali suas reivind i-caçõ es, ev itand o a canaliz ação a o utras ins-tâncias m eno s co ntro láv eis.
Viana afirma que a municipalização - e o p ro cesso de d escentralização da implemen-tação de políticas públicas em geral - levou
os prefeitos a se tornarem verdadeiros
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policy brokers da política local. Nesse co ntexto , asSecretarias de Saúde municipais p o d em ser mais ou meno s autô no mas em relação ao Prefeito, no que tange à administração d o Fundo Municipal d e Saúde, à co ntratação e dispensa de recurso s humano s, à co mpra de insumos, equipamento s e med icamento s, po r exemp lo . Se a descentralização é mais pro -funda e a Secretaria Municipal tem mais au-tonomia frente à Prefeitura, amplia-se a capa-cid ad e d o s Co nselho s influírem so bre o s rumos da política de saúde local, aumentan-do assim a possibilidade de haver participa-ção po pular. O fo rtalecimento d o executivo municipal se daria pela ausência das esferas estadual e federal e pelo apro fund amento d o insulamento municipal. A autora ainda afirma que há prepo nd erância política no nível local
de uma tríade composta por políticos, médi-cos e proprietários de serviços, a qual pode ser contra-restada pelos demais profissionais de saúde e pelos usuários de serviços, espe-cialmente quando atuarem politicamente, de forma articulada.
É instigante refletir sobre as duas abor-dagens, ind agand o se elas co nstituem
posi-çõ es co nflituantes, diferentes ou complementares. Os argumento s pessimistas são bastan-te co nvincenbastan-tes. Os autores referem-se a caso s
co ncreto s de criação e co nso lid ação de Con-selho s Municipais de Saúd e. Eles ressaltam a distância entre o que se verifica no s caso s co ncreto s e as pro po stas d o mo vimento sa-nitário, e mesmo em relação à Lei 8.042 que define o formato e as co mp etências legais do s Co nselho s. Entre o utro s aspecto s, eles destacam a p ermanência de formas tradicio-nais de exercício d o po d er, marcad amente naqueles município s, ou lo calid ad es, que têm a vida política do minada po r elites tradicio-nais e o caráter nem sempre demo cratizante d o p ro cesso de d escentralização das políticas públicas, ora em curso no país.
Embora as duas p o siçõ es sejam
diferen-tes, elas po d em ser co nsid erad as co mplementares. Elas abo rd am, po r ângulo s distintos, o mesmo p ro blema: co m o tornar o s Co nselho s
Municipais d e Saúd e fó runs d emo crático s influentes na d eterm inação da p o lítica d e saúd e lo cal, q u e c o lab o rem , ao m esm o temp o , para aglutinarem fo rças p o líticas vi-sand o a co nstituição d e um sistema d e saúd e d emo crático , d escentralizad o , univer-sal e igualitário ? A co ntribuição d o s o timitas é no sentid o d e ap o ntar av anço s e p o ssibilid ad es. Recusamse a exp licar o fenô -m eno so cial Co nselho s Municip ais d e Saú-de através d e relaçõ es unid irecio nais das estruturas so ciais em d ireção a eles. Os
segundos desconfiam de posições exageradamente positivas sobre a realida-de dos Conselhos, e mesmo sobre as suas potencialidades. Reconhecem a importân-cia dos mesmos, mas identificam dificulda-des para o seu funcionamento pleno e destacam suas relações com instituições e práticas que, dentro e fora do âmbito do sistema de saúde, condicionam e limitam as possibilidades de democratização do SUS. Levar em conta tais aspectos é condição necessária para avaliar a viabilidade de es-tratégias políticas que consolidem os avan-ços no sentido da maior participação dos setores populares no processo político que
os Conselhos já vêm induzindo. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
R e f e rê n ci a b i b l i o g ráf i ca
LENHARDT, G. & OFFE, C. (1984) - Teoria do Es-tado e Política Social: Tentativas de Explicação Político-sociológica para as Funções e os
Pro-cessos Inovadores da Política Social. In: Offe,