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Os jovens e os exergames: estudo centrado em alunos do 9º e 12º anos de escolaridade de Penalva do Castelo

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Os Jovens

e os Exergames

Estudo Centrado em Alunos do 9º e 12º anos de Escolaridade de

Penalva do Castelo

Dissertação de Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário

José Carlos de Almeida Couto

Orientador: Prof. Doutor Antonino Manuel de Almeida Pereira

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Os Jovens

e os Exergames

Estudo Centrado em Alunos do 9º e 12º anos de Escolaridade de

Penalva do Castelo

Dissertação de Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário

José Carlos de Almeida Couto

Orientador: Prof. Doutor Antonino Manuel de Almeida Pereira

Composição do Júri:

Presidente – Doutora Sandra Celina Fernandes Fonseca, Professora

Auxiliar da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro;

Vogais – Doutora Maria Cláudia Brandão Pinheiro, Professora

Auxiliar do Instituto Superior da Maia;

– Doutor Antonino Manuel de Almeida Pereira, Professor

Adjunto da Escola Superior de Educação do Instituto

Politécnico de Viseu.

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Dissertação apresentada à UTAD, no DEP- ECHS, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2º Ciclos de Estudos de Estudo em Ensino da UTAD, sob orientação do Professor Doutor Antonino Manuel de Almeida Pereira.

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DEDICATÓRIA

À minha esposa Beatriz Rebelo,

pela felicidade, amor, carinho, compreensão e paciência que sempre demonstrou mesmo quando se sentiu privada da minha presença. É bom ter-te sempre ao meu lado.

Aos meus filhos Carlos, Diogo e Guilherme,

por eles valerá sempre a pena investir no presente, para lhes proporcionar um futuro melhor. São estas pessoas a razão do meu viver.

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AGRADECIMENTOS

Este trabalho não é apenas resultado de um empenho individual, mas sim, fruto de um esforço coletivo. Muitas foram as pessoas que colaboraram para que este fosse possível, a todos eles não posso deixar de expressar o meu profundo apreço e gratidão pelo seu importante contributo, pelo estímulo, colaboração e entusiasmo que me transmitiram. No entanto, alguns acabaram por ter uma influência mais direta que outros, e, por isso, exponho aqui o meu sincero agradecimento:

Antes de mais, ao Professor Doutor Antonino Pereira, pelo apoio demonstrado desde o momento do pedido para me orientar nesta tese, pela sua capacidade científica, pelo rigor com que sempre pautou as suas sugestões e correções, pelos esclarecimentos, pelos oportunos conselhos, pela acessibilidade e confiança demonstradas que se tornaram decisivas em determinados momentos da realização deste trabalho.

À Diretora do Agrupamento de Escolas de Penalva do Castelo, Professora Rosa Figueiredo, por toda a colaboração e apoio que prestou para a realização das entrevistas.

Aos alunos que participaram nesta investigação e aos Encarregados de Educação que autorizaram as entrevistas, pois sem eles a realização deste trabalho não seria possível.

Ao meu filho Carlos Couto pela sua disponibilidade para traduzir de Inglês para Português os artigos usados neste trabalho.

À minha família por todo o apoio.

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RESUMO

Os avanços nas Tecnologias da Informação e Comunicação, aliados aos problemas de obesidade, falta de atividade física e sedentarismo, contribuíram para o surgimento de uma classe de jogos desenvolvidos para a prática de atividade física que têm chamado a atenção de crianças e jovens. Esta nova geração de videojogos ativos, também conhecidos por exergames, procura promover uma maior interação e movimento durante a sua prática. Trata- se de uma ferramenta, de baixo custo, que se encontra disponível no mercado e que pode ser utilizada para motivar os alunos a realizarem mais atividade física e consequentemente, melhorar a saúde e o bem-estar. Na Educação Física podem ser utilizados como estratégia de motivação e adesão à atividade física, desenvolvimento da forma física e melhoria da aprendizagem dos desportos.

Neste sentido, este estudo pretende descrever e compreender as representações, práticas e aspirações de 40 jovens (20 alunos do 9º ano e 20 alunos do 12º ano de escolaridade) do Agrupamento de Escolas de Penalva do Castelo, relativamente aos videojogos ativos/Exergames. A natureza descritiva e exploratória do estudo justificou a opção pelo método qualitativo, recorrendo-se à entrevista como instrumento de recolha de dados e à análise de conteúdo como técnica de análise de dados.

Os principais resultados deste estudo revelam que os alunos mais novos conceptualizam os Exergames [EXG] como os jogos em que têm que usar o movimento do corpo para praticá-los e os alunos mais velhos preferem definir EXG como jogos em que fazem movimento e exercício físico. Relativamente aos hábitos da prática dos EXG concluímos que são as raparigas que mais jogam estes jogos. Também chegamos à conclusão que existe uma tendência para a redução do número de utilizadores conforme o aumento da escolaridade e da idade dos alunos.

Consideram que as principais razões que os levam a praticar EXG, são o divertimento e a prática de atividade física. Todos os alunos concordam que os Videojogos ativos/Exergames contribuem para a aquisição de um estilo de vida ativa e saudável.

A quase totalidade dos alunos possui uma consola em casa. Preferem a consola Wii para a prática de Videojogos ativos e têm por hábito jogá-los nas férias. Também se verificou

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que são os rapazes que mais tempo gasta a jogar videojogos ativos e preferem praticá-los em grupo, envolvendo outras pessoas como amigos, irmãos e familiares.

A nível dos EXG os rapazes indicaram o futebol como a modalidade mais preferida para jogarem no futuro e as raparigas apontaram o Super Mario. Constatou-se que a maioria dos alunos é a favor de uma integração dos EXG nas aulas de Educação Física e que são as raparigas as principais defensoras desta integração.

PALAVRAS – CHAVE: Videojogos Ativos, Exergames, Atividade Física, Educação Física, Consolas.

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ABSTRAT

The developments in Information and Communication Technologies, allied to problems as obesity, lack of physical activity and sedentarism, contributed to the appearance of a group of videogames developed for the practice of physical education that have caught the attention of children and teenagers. This new generation of active videogames, also known as exergames, attempts to promote greater interaction and movement during its practice. It is an inexpensive tool that is available in the market and that can be used to motivate students to practice more physical activity and, consequently, improve health and wellness. In Physical Education they can be used as a strategy that aims at an increase in motivation and adherence, at physical form development and at an improvement in sports learning.

In this sense, this study pretends to describe and comprehend the representations, practices and aspirations of 40 young people (20 students in the 9th grade and 20 students in the 12th grade) from the “Agrupamento de Escolas de Penalva do Castelo”, relative to active videogames/Exergames. The descriptive and exploratory nature of the study justifies the choice of the qualitative method, using the interview as a data collection instrument and the content analysis as the data analysis technique.

The main conclusions of this study reveal that the younger students conceptualized Exergames [EXG] as the kind of videogames where they have to use the body’s movement to practice them and the older students prefer to define EXG as the videogames where they move and practice physical exercise. Regarding the habits of the practice of EXG we conclude that female students play more these kind of videogames than boys. We also came to a conclusion that there is a tendency to the reduction of the number of players as their age and school grade increases.

They consider that the reasons that lead them to play EXG are the entertainment and the practice of physical activity. Every student agrees that active videogames/Exergames contribute to the acquisition of an active and healthy lifestyle.

Almost all students possess a console at home. They prefer the Wii console to play active videogames and they usually play them during the holidays. It was also verified that boys spend more time playing active videogames and that they prefer to play them in group involving other people like friends, brothers and relatives.

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Relative to EXG boys pointed out football as their favorite type of physical activity that they would like to play in the future whereas girls pointed out Super Mario. It was found that the majority of students is in favor of the integration of Exergames in Physical Education classes and that girls are the main backers of this integration.

KEYWORDS: Active Videogames, Exergames, Physical Activity, Physical Education, Consoles

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ÍNDICE GERAL

DEDICATÓRIA... V AGRADECIMENTOS ... VII RESUMO ... IX ABSTRAT ... XI ÍNDICE DE TABELAS ... XV ÍNDICE DE ANEXOS ... XVI ABREVIATURAS ... XVII 1. INTRODUÇÃO ... 19 2. REVISÃO DA LITERATURA ... 25 CAPITULO I ... 27 1. Os Jovens... 27 1.1. Conceitos ... 27 1.2. O Jovem e a adolescência ... 31

1.3. Os jovens na sociedade atual ... 35

1.4. Os jovens, a Escola e a Educação Física ... 38

1.5. Os jovens e o lazer ... 46

CAPITULO II ... 53

2. Os Exergames ... 53

2.1. Conceito de Exergames ... 53

2.2. Evolução dos Exergames ... 55

2.3. Os Exergames: vantagens e desvantagens ... 58

2.4. Investigações/Estudos realizados ... 64

3. METODOLOGIA ... 69

3.1. Campo de Estudo ... 71

3.2. Instrumento de Pesquisa ... 72

3.3. Procedimentos ... 74

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3.5. Sistema Categorial ... 75

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS... 77

5. CONCLUSÕES ... 125

Reflexões Finais ... 129

Limitações do Estudo ... 130

Sugestões para futuros estudos ... 131

BIBLIOGRAFIA ... 133

ANEXOS ... 145

Anexo 1 - Guião de Entrevista ... 147

Anexo 2- Caracterização da amostra ... 149

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Conceito de Exergames/Videojogos Ativos ... 79

Tabela 2 - Hábitos da Prática ... 82

Tabela 3 - Razões da Prática ... 84

Tabela 4 - Importância dos EXG no Tempo Livre ... 89

Tabela 5 - Benefício da Prática dos exergames ... 92

Tabela 6 - Prática de atividade física/desporto ... 96

Tabela 7 - Influência dos EXG na atividade física ... 98

Tabela 8 - EXG e estilos de vida ativo ... 99

Tabela 9 - Influência dos EXG nas aulas de Educação Física ... 101

Tabela 10 - Existência de consolas em casa ... 103

Tabela 11 - Consolas preferidas ... 104

Tabela 12 - EXG Preferidos ... 107

Tabela 13 - Tempo de Prática ... 110

Tabela 14 - Frequência da prática dos EXG ... 112

Tabela 15 - Companhia da Prática ... 114

Tabela 16- Local dos Jogos... 115

Tabela 17 - Jogos preferidos no futuro ... 116

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ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo 1 - Guião de Entrevista ... 147 Anexo 2- Caracterização da amostra ... 149 Anexo 3-Grelha de Análise Categorial ... 151

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ABREVIATURAS

ACSM – Colégio Americano de Medicina Desportiva EXG – Exergames

DDR – Dance Dance Revolution FC – Frequência Cardíaca

HBSC – Health Behaviour in School Aged Children IMC – Índice de Massa Corporal

LBSE – Lei de Bases do Sistema Educativo OMS – Organização Mundial da Saúde PC – Computador

TPC – Trabalho de Casa TV – Televisão

UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância

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1. INTRODUÇÃO

A atividade física e os desportos saudáveis são essenciais para a nossa saúde e bem-estar. Atividade física adequada e desporto para todos constituem um dos pilares para um estilo de vida saudável.

Os estilos de vida foram evoluindo com o passar dos anos como consequência das mudanças verificadas nas sociedades modernas. A melhoria das condições da vida, os grandes aglomerados habitacionais, a falta de espaços verdes nas zonas urbanas, a falta de tempos livres dos jovens devido aos horários das atividades escolares, a televisão, os videojogos e a Internet, estão a provocar um maior sedentarismo dos adolescentes Os Jovens, hoje em dia, usam cada vez menos as suas capacidades físicas, embora se saiba que os indivíduos que praticam regularmente uma atividade física ou desporto, tendem a ter um estilo de vida saudável.

Os jovens devem praticar qualquer tipo de atividade física, quer seja moderada como, caminhar com os amigos, andar de bicicleta, jogar futebol no intervalo da escola, ou atividade física vigorosa como, ciclismo, natação de competição, entre outras. A atividade física é um dos pontos de partida para um estilo de vida saudável e para um desenvolvimento motor adequado (Almeida, 2010; Viana, 2009).

A atividade física regular, atualmente, tem vindo ser um grande contributo para a melhoria de uma vida ativa, criando hábitos de exercícios. No entanto, passar horas em frente a uma televisão a jogar um videojogo, independentemente da consola, não leva a uma boa forma física. Contudo algumas investigações sugerem que a prática de videojogos pode propiciar um trabalho físico com uma intensidade equiparada à de uma corrida, uma aula de aeróbica ou de ciclismo (Almeida, 2010; Viana, 2009).

Os videojogos tradicionais são jogados sentados, não estimulam o gasto calórico diário de um individuo, além de acentuarem o sedentarismo provocado pelo tempo passado á frente da televisão (Graves, 2007).

A indústria dos videojogos, preocupada com o aumento do sedentarismo e da inatividade física, e também, para não ser acusada de promover este novo estilo de vida na

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sociedade, com grandes prejuízos a nível da saúde, tem proporcionado mudanças consideráveis e uma grande evolução no mundo dos de videojogos. Apesar dos jogos de vídeo sedentário ainda serem muito frequentes, esta indústria tem desenvolvido tecnologias que combinando videojogos e exercício físico utilizando dispositivos de interação física com o utilizador, chamados de “Exergames” (Bogost, 2005).

Os EXG, desenvolvidos para as novas consolas, como a Playstation 3, a Wii Sportgames e a X-Box Kinect, trazem uma nova vertente de atividade física. Nestes novos videojogos é possível, por exemplo, jogar uma partida de ténis como se esta estivesse a acontecer na realidade, pois é necessário que o jogador mova a raquete como num jogo real, o que leva a que haja uma movimentação do corpo (Gros, 2008).

Os EXG que obrigam as crianças a jogarem de pé e em movimento, com alguma atividade, fazem com que estas queimem mais calorias do que quando estão a jogar videojogos sentados, videojogos passivos. Estes resultados são bons, mas ainda não são os suficientes quando comparados com a prática de exercícios físicos reais (Viana, 2009).

Segundo Green (2008 citada por Viana, 2009) a prática dos EXG, não deve ser desencorajada, pois este novo tipo de videojogos leva a uma melhoria da autoconfiança e da coordenação manual das crianças que os jogam. No entanto, não podem ser considerados como um substituto da prática da atividade física real.

Por outro lado, Beltrán Carrillo, Beltrán Carrillo, Moreno Murcia, Cervelló Gimeno, & Montero Carretero (2012) afirmam que é preciso conhecer o grau de adesão dos adolescentes aos EXG, pois, estes, podem ser uma alternativa á prática de atividade física numa sociedade sedentária e tecnológica. Referem ainda, que é necessário saber em que medida os Videojogos ativos representam para os jovens uma alternativa real para a manutenção de um estilo de vida ativo.

Futuras investigações devem continuar a estudar os níveis de utilização dos videojogos ativos (Exergames) por parte dos adolescentes e indagar, utilizando desde metodologias quantitativas e qualitativas, os fatores que influenciam os jovens a jogar ou não este tipo de jogos (Beltrán Carrilho et al., 2012).

O aspeto lúdico e a fascinação da realidade virtual dos EXG estão a contribuir para o crescente sucesso destes jogos. O impacto que esta nova tecnologia poderá ter na atividade

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física das crianças e jovens está a gerar grande interesse e simultaneamente grande discussão. Por isso, o nosso estudo pretende avaliar o impacto das novas formas de entretenimento, baseadas em plataformas eletrónicas (Exergames), no nível de atividade física e desporto real nos jovens do 9º e 12º ano de escolaridade.

Conhecer a perspetiva dos alunos, em função do sexo e ano de escolaridade, em relação aos EXG, nomeadamente as suas representações, opiniões, preferências, práticas e aspirações caracteriza os objetivos deste estudo. Por outro lado, a vontade de contribuir para aumentar o conhecimento da realidade existente em Portugal sobre a temática, bem como caracterizar uma realidade existente numa vila de pequenas dimensões, do interior do nosso país parece-nos, muito interessante e pertinente.

Não menos importante, é o conhecimento dos fatores que levam os alunos a gostarem deste tipo de videojogos ativos, bem como, entender a relação estabelecida, pelos alunos, entre estes jogos e a Educação Física, pois, este conhecimento poderá indicar caminhos pedagógicos fundamentais para uma futura integração dos EXG na Educação Física, para que estes contribuam para o aumento da motivação e da prática de atividade física nos alunos que não gostam de Educação Física.

Na área dos Videojogos Ativos/Exergames, as investigações efetuadas utilizaram predominantemente uma metodologia quantitativa. O nosso estudo procurou usar a metodologia qualitativa, subjacente à análise de conteúdo.

O presente trabalho está dividido em sete partes. Na primeira encontra-se a introdução. Na segunda parte dois capítulos de revisão bibliográfica com o tema “os jovens” e “Exergames” respetivamente. A terceira parte retrata a metodologia a utilizar no estudo especificando qual o campo, o instrumento de pesquisa, procedimentos e a técnica de análise dos dados. Na quarta parte apresentamos os resultados, sua análise e discussão. A quinta parte contém as conclusões, as limitações ao estudo e as sugestões para futuros estudos. A sexta parte apresenta a bibliografia utilizada. A sétima e última parte contêm os anexos.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

CAPITULO I

1. Os Jovens

1.1. Conceitos

Segundo as definições adotadas pela Organização Mundial da Saúde [OMS] (1977), a adolescência e a juventude diferenciam-se pelas suas especificidades fisiológicas, psicológicas e sociológicas. Para a OMS, a adolescência constitui um processo fundamentalmente biológico, durante o qual se aceleram o desenvolvimento cognitivo e a estruturação da personalidade. Este período situa-se entre os 10 e os 19 anos idades e é dividido por duas etapas: a pré-adolescência (dos 10 aos 14 anos) e adolescência propriamente dita (dos 15 aos 19 anos). O conceito de juventude é assumido como uma categoria essencialmente sociológica, onde é considerado todo o processo de preparação dos jovens para assumirem o papel de adultos na sociedade, tanto no plano familiar com no profissional. Esta fase estende-se dos 15 aos 24 anos de idade. Nas últimas décadas, a OMS tem utilizado o termo juventude para evocar a faixa etária entre os 15 e 24 anos (Moita, 2004).

Etimologicamente, a palavra adolescência tem origem no vocábulo latino adolescere, cujo significado é crescer, fortalecer. Adolescente é, pois, aquele que cresce ou que está a crescer (Almeida, 1987; Dias, Ramalheira, Marques, Seabra, & Antunes, 2002; Sampaio, 2006).

Ainda no seguimento do significado etimológico, Sampaio (2006, p. 17) afirma que “Um adulto é uma pessoa que parou de crescer, logo um adolescente é alguém incompleto, que não atingiu o fim do processo … um jovem é alguém inacabado, imperfeito, em busca de uma coisa melhor, a adultícia”.

A adolescência é o período da vida em que já não se é criança, mas ainda não se é adulto. É um período em que há transformações profundas no corpo, nas relações com os pais e com as outras pessoas, em que há dificuldades e conflitos relacionados com todas essas

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transformações, mas também é rico em ideias, experiências, sonhos e projetos. Adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta, caracterizado pelos impulsos do desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual e social e pelos esforços do indivíduo em alcançar os objetivos relacionados às expectativas culturais da sociedade em que vive. A adolescência inicia-se com as mudanças corporais da puberdade e termina quando o indivíduo consolida o seu crescimento e a sua personalidade, obtendo progressivamente a sua independência económica, além da integração no seu grupo social (Eisenstein, 2005; Ferreira & Nelas, 2006; Sampaio, 2006).

A noção de adolescência enquanto etapa particular, distinta da vida, situada entre a infância e a idade adulta não existiu sempre, só há muito pouco tempo foi confirmada como um período de desenvolvimento humano. Até ao final do século XIX, a adolescência não era reconhecida socialmente pelos adultos como uma etapa do ciclo da vida. Antes desta época, entendia-se que o indivíduo passava diretamente da infância à idade adulta sem transitar por um estádio intermediário, ou por uma fase com características tidas como diferenciadoras e significativas no plano do desenvolvimento (Ferreira & Nelas, 2006; Sampaio, 2006).

A adolescência é um processo que ocorre durante o desenvolvimento evolutivo do indivíduo, caracterizado por uma profunda revolução de cariz, biológico, psicológico, social e cultural, que marca a transição do estado infantil para o estado adulto (Sampaio, 2006). O mesmo autor também refere que:

A adolescência é uma etapa do desenvolvimento, que ocorre entre a puberdade e idade adulta, ou seja, desde a altura em que as alterações psicobiológicas iniciam a maturação até à idade em que um sistema de valores e crenças se enquadram numa identidade estabelecida (Sampaio, 1997, p. 61).

A adolescência é hoje considerada uma etapa do desenvolvimento humano que pressupõe a passagem de uma situação de dependência infantil para a inserção social e a formação de um sistema de valores que definem a idade adulta. Durante algum tempo confundida com o conjunto de transformações físicas e psicológicas que caracterizam a puberdade, a adolescência ocupa grande atenção entre os pais, educadores e investigadores das ciências sociais e humanas (Sampaio, 1995).

Conforme verificámos anteriormente, para a OMS a adolescência compreende o período entre os 10 e 19 anos de idade, desencadeado por mudanças corporais e fisiológicas provenientes da maturação fisiológica. Assim, apesar de ser difícil situar esta fase dentro de

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limites temporais definidos, podemos dizer que, em termos psicológicos, o final da adolescência exige a realização de uma série de tarefas que “devem ser consideradas como ações reorganizativas internas e externas que o adolescente deve levar a cabo se quiser atingir a idade adulta” (Sampaio, 1993, p.100).

Segundo Cordeiro (2009, p.32),

A adolescência é, pois, não um «período de transição» entre a infância e a adultícia, uma espécie de check point entre dois países, mas uma fase cada vez mais alargada e diversa, e por isso mesmo não definível em termos de idade estrita, em que se sentem, vivenciam e experimentam ambos os menus – o do mundo das crianças e o mundo dos adultos.

Pode-se constatar que a definição do conceito de adolescência é pouco consensual e complexa. É muito difícil definir o seu início, maior é a dificuldade em identificar o seu final (Sampaio, 1997). Podemos afirmar que o seu início rondará os 10/12 anos idade, e que o seu final será quando o jovem conseguiu concretizar uma série de tarefas, ditas desenvolvimentais, que se expressam no plano intelectual, na socialização, na afetividade e na sexualidade. Subentende-se que adolescência é quando o jovem se sente suficientemente autónomo face às figuras parentais, que elaborou o seu próprio espaço de identidade, adquiriu um sistema de valores próprios e que tem a capacidade para manter relações estáveis e maduras com o outro (Ferreira & Nelas, 2006).

O Fundo das Nações Unidas para a Infância [UNICEF] (2011, p.12), no seu relatório - Situação Mundial da Infância 2011, afirma: “Hoje a adolescência é amplamente reconhecida como uma fase separada da primeira infância e da vida adulta: É um período que requer atenção e proteção especiais. Mas, não foi o que ocorreu durante a maior parte da história da humanidade”.

Definir um conceito de juventude não é uma tarefa fácil. Esta é a ideia que ganhou relevância recentemente e podem-se considerar diferentes critérios para a sua delimitação. Alguns autores definem a juventude baseada no critério da idade, defendendo que cada fase da vida merece um tratamento e diferenciação distinta. No entanto, esta noção é considerada uma visão redutora do conceito quando se usa o critério da idade isoladamente (Guerreiro, Cruz, Pinto, & Amaro, 2008).

Se há consenso em torno do debate acerca da juventude é o facto de esta ser uma categoria social de definição complexa. Esta, entre outras razões, levou a que os seus

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membros, os jovens, tenham sido ao longo do último século, objeto de um especial interesse e intervenção por parte de investigadores, historiadores, psicólogos e agentes políticos (Pappámikail, 2010).

Pais (2003a) propôs duas dimensões distintas para a definição do conceito de juventude. Por um lado deve ter-se em conta a sua homogeneidade relativamente à faixa etária, e por outro a sua heterogeneidade interna dentro do grupo: a juventude é pois um grupo homogéneo se a compararmos com outras gerações; heterogéneo logo que a examinamos como um conjunto social com atributos sociais que diferenciam os jovens uns dos outros.

As Nações Unidas entendem os jovens como indivíduos com idade entre 15 e 24 anos, com a devida salvaguarda que cada país (a noção de jovem nos países ocidentais é muito diferente dos países africanos ou orientais), bem como, de acordo com a sua realidade, pode estabelecer a sua "faixa de jovem" (Moita, 2004).

Segundo Pais (2003a) às várias abordagens e aos diversos conceitos de juventude correspondem diversas teorias que podem ser reunidas nas duas principais correntes sociológicas da juventude: a corrente geracional e a corrente classista. A corrente geracional, que é aquela que tem mais tradição na sociologia da juventude, toma como ponto de partida a noção de juventude, entendida como uma de fase de vida, ou seja, uma cultura juvenil que se opõe à cultura de outras gerações. Nesta corrente admite-se a existência de uma cultura juvenil definida como um sistema de valores socialmente atribuídos à juventude onde aderirão jovens de diferentes meios e condições sociais, que se opõem à cultura de outras gerações, Na corrente classista a juventude é vista como um conjunto social diversificado, onde a diversidade tem origem na classe social. A transição de todos os jovens para a vida adulta é sempre pautada por desigualdades sociais. As culturas juvenis são sempre culturas de classe, são compreendidas como um produto das relações contrárias dessa classe; os seus problemas são constantemente partilhados por jovens dessa classe social.

Na opinião de Guerreiro et al. (2008), a perspetiva histórica do conceito de juventude ajuda a compreender as diferentes abordagens e correntes utilizados pelos diversos investigadores. Refere ainda, que a palavra juventude nem sempre foi encarada da mesma forma no tempo e no espaço. As diferentes épocas e os diversos contextos socioeconómicos vividos conferiram ao conceito significados muito diversos.

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O conceito de juventude tem vindo a ser alvo de sucessivas reconceptualizações, concedendo-se maturidade em idades mais precoces e, por outro lado, prorrogando-se, por períodos cada vez mais longos, a idade para assunção de responsabilidades e, principalmente, a aquisição de independência ao nível material (Guerreiro & Abrantes 2007 cit. por Marques, 2008).

Atendendo à diversidade de conceitos e de entendimentos existentes, no nosso estudo iremos utilizar o conceito de Adolescência adotado pela OMS (1977) que nos diz que a adolescência é o período de transição entre infância e a idade adulta, que se caracteriza por significativas transformações, jamais vistas em outro período da vida humana, e que se estende dos 10 aos 19 anos. Refere ainda, que se consideram dois períodos distintos, um dos 10 e 14 anos e outro dos 15 aos 19 anos de idade. É nestes períodos que acontecem grandes modificações físicas, psicológicas e sociais que afetam os jovens. As mudanças corporais que ocorrem nesta fase fazem parte do que denominamos puberdade, estas mudanças são devidas ao funcionamento hormonal, sendo o crescimento físico acelerado, o aparecimento e desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários as mais relevantes. É nesta fase que o jovem toma consciência de todas as alterações que ocorrem no seu corpo.

1.2. O Jovem e a adolescência

Para a OMS (1977), a adolescência é definida como um período biopsicossocial, em que ocorrem modificações corporais e de adaptação a novas estruturas psicológicas e ambientais, que conduzem o indivíduo da infância à idade adulta. É um período em que acontecem grandes modificações físicas, psicológicas e sociais que afetam os jovens. É na adolescência que o jovem toma consciência de todas as alterações que ocorrem no seu corpo, gerando um ciclo de desorganização/reorganização do seu sistema psíquico, que é diferente em cada sexo, mas, tem as mesmas complicações intrínsecas à dificuldade de este compreender a crise de identidade (Ferreira & Nelas, 2006; Sampaio, 2006).

Segundo Sampaio (1995), a adolescência é uma etapa do desenvolvimento, que ocorre entre a puberdade e a idade adulta, ou seja, desde a altura em que as alterações psicobiológicas iniciam a maturação até à idade em que um sistema de valores e crenças se enquadram numa identidade estabelecida.

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É referido com alguma frequência que a adolescência se inicia com as transformações fisiológicas da puberdade. Por outro lado, termina quando o jovem atinge a maturidade social e emocional e adquire a experiência, a habilidade e a vontade, características necessárias para assumir o papel do adulto, de acordo com os padrões culturais do meio onde vive (Eisenstein, 2005; Ferreira & Nelas, 2006; Sampaio, 2006).

A OMS (1977), considera a adolescência como um período de transição entre a infância e a idade adulta é formado por surtos de desenvolvimento físico, mental, emocional, e esforços no sentido de se alcançarem determinadas metas diferentes e de acordo com cada cultura. Refere ainda, que se consideram dois períodos distintos, um dos 10 e 14 anos e outro dos 15 aos 19 anos de idade. Esta divisão justificável pelas características de cada um dos grupos etários. Quanto ao desenvolvimento físico grandes e importantes transformações biológicas caracterizam o desenvolvimento do adolescente, sobretudo no primeiro período. As mudanças físicas da puberdade são devidas ao funcionamento hormonal, sendo o crescimento físico acelerado, o aparecimento e desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários as mais relevantes. Existem diferenças físicas nos dois sexos. O desenvolvimento psicossocial do adolescente, crescimento biológico que transforma todo o organismo, põe em atividade uma revolução psicológica profunda e duradoura, terminando no processo de inserção na sociedade adulta. A construção psicológica tem por base a própria história pessoal e as novas competências que o adolescente vai adquirindo a nível cognitivo, sexual e social, que ocorrem associadas a um desenvolvimento de uma autonomia crescente formando-se assim a identidade (Sampaio, 1993; Moita, 2004).

A adolescência pode ser caraterizada pela descontinuidade, pela instabilidade emocional e pela perturbação das relações pré-estabelecidas. É sempre um período de crise, do jovem consigo mesmo e do jovem com os outros. Convém também não esquecer que são múltiplas as tarefas a desempenhar pelos jovens nesta fase da vida. Tudo lhes é exigido ao mesmo tempo: que convivam com as mudanças corporais e psicológicas, que construam a sua identidade sexual e psicológica, que estabeleçam novas formas de relacionamento e ainda que preparem projetos pessoais. Em simultâneo, o adolescente vai definindo o seu quadro pessoal de valores a partir daqueles que lhe são transmitidos e dos quais se vai apropriando (Dias et al, 2002).

Puberdade é o fenómeno biológico que se refere às mudanças morfológicas e fisiológicas (forma, tamanho e função) resultantes da reativação dos mecanismos

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neuro-hormonais. Estas mudanças corporais são parte de um processo contínuo e dinâmico que se inicia durante a vida fetal e termina com o completo crescimento e fusão total das epífises ósseas, com o desenvolvimento das características sexuais secundárias, com a completa maturação da mulher e do homem e da sua capacidade de fecundação, através de ovulação e espermatogênese, respetivamente, garantindo a perpetuação da espécie humana. É relevante referir que ocorre uma enorme variabilidade no início, duração e progressão do desenvolvimento da pubescência, com importantes diferenças entre os sexos e entre os diversos grupos étnicos e sociais de uma população, inclusive de acordo com estado nutricional e fatores familiares, ambientais e contextuais (Eisenstein, 2005).

Durante a puberdade ocorre uma constelação de alterações que provocam modificações espetaculares e dramáticas que se estendem a todo o corpo. Sobre esta fase da adolescência, Almeida (1987, p.49) refere que:

… dá-se uma aceleração da velocidade de crescimento e, simultaneamente, um aumento da força, de vigor, de atividade física e de iniciativa, o que pode ter consciências várias: ou fazer do adolescente um organismo biológico impar, um ser que em cada momento necessita de espaço para se expandir e de oportunidade para se exercitar e se por à prova fisicamente, ou, outras vezes, um ser tímido e desajeitado que não sabe o que fazer dos seus longos braços e das suas longas pernas – para quem, em suma, crescer constitui um problema.

Por vezes, nos seres tímidos e desajeitados existe uma hipersensibilidade para com o seu próprio corpo, que pode provocar anorexia, obesidade, alterações de comportamento, como irritabilidade, hipersensibilidade, sentimentos de culpa, isolamento e depressão (Almeida, 1987).

Em simultâneo, surgem transformações sócio afetivas muito importantes na adolescência, sobretudo a conquista da autonomia. Esta “… entende-se como a necessidade do adolescente conquistar o domínio de si próprio e obter um espaço mental para refletir e para se relacionar fora da família, pressupondo desde logo o abandono de uma posição de dependência face aos pais.” (Sampaio, 1995, p.243).

Atualmente, a adolescência caracteriza-se como uma fase em que há muitas transformações tanto físicas como psicológicas, que possibilitam o aparecimento de comportamentos irreverentes e o questionamento dos modelos e padrões infantis que são necessários ao próprio crescimento. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a

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adolescência compreende um período que é desencadeado por mudanças corporais e fisiológicas provenientes da maturação fisiológica (Ferreira & Nelas, 2006).

A evolução psicológica dos jovens durante a adolescência processa-se ao mesmo tempo em quatro campos: no emocional, no sexual, no intelectual e no social. Todos estes campos estão intimamente ligados. Esta evolução psicológica é afetada, de uma ou de outra forma, pelo tipo de personalidade, nível social e económico, família, professores, vida escolar, companheiros, etc. (Almeida, 1987).

Assim, os efeitos das modificações físicas primárias da adolescência são socialmente mediados pelas reações do próprio adolescente e das outras pessoas. Sprinthall & Collins (2003, p. 67) mencionam que:

Nesta perspetiva, a autoimagem e a autoestima de um dado indivíduo refletem as reações subjetivas, dele próprio e dos outros, à sua maturação biológica. Além disso, estas transformações são determinadas pelos padrões socioculturais, pelas normas e pelas expectativas relativas às características físicas, amplamente defendidos numa sociedade ou cultura.

Isto é, dependendo do contexto cultural são atribuídos diferentes significados às alterações decorrentes na adolescência, estando-lhe associadas expectativas individuais diferentes que influenciam o modo como os indivíduos encaram e interpretam as transformações pubertárias. Deste modo, nas sociedades onde é atribuída uma grande importância a esta etapa, gera-se uma ansiedade elevada nos adolescentes que podem sentir algum conflito durante as suas próprias manifestações pubertárias (Sprinthall & Collins, 2003).

A influência da sociedade atual na adolescência exerce-se sob a forma de normas socioculturais e expectativas, conduzidas pelas respostas dos pais e dos colegas relativamente às transformações biológicas. Serão então estas influências que vão afetar as reações pessoais dos adolescentes às alterações do seu corpo, determinando a sua imagem corporal, autoestima e identidade sexual ( Sprinthall & Collins, 2003).

Acerca da satisfação que o adolescente sente com o seu corpo e com as alterações que ocorrem na sua imagem, verifica-se que a maior parte dos adolescentes referem que as características físicas e a aparência constituem alguns dos problemas que mais os preocupa. Os estereótipos acerca da imagem corporal e das normas culturais sobre a atração exercem grande influência na perceção que os adolescentes têm do seu corpo. A transmissão destes

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padrões é feita tanto pela família como pelos colegas e pela sociedade (Sprinthall & Collins, 2003).

Num estudo realizado no âmbito do Instituto Português da juventude (2003, cit. por Matos & Sampaio, 2009), verificou-se que 19% dos jovens inquiridos gostaria de ter um corpo diferente, mas o mais importante foi saber que estes jovens insatisfeitos com o seu corpo também achavam que tinham pouco valor, ou seja, a ideia da insatisfação corporal aparecia misturada com a baixa autoestima, o que pode ser relacionado com a crença, muito veiculada pela publicidade, de que o corpo esbelto e jovem é garantia de sucesso.

No final da adolescência, os indivíduos já agregam os estereótipos culturais sobre si próprios, talvez por terem sofrido reações por parte dos outros ao longo das suas vidas, como se o estereótipo representasse o tipo de pessoa que de fato eram (Sprinthall & Collins, 2003).

A adolescência surge como um período de desenvolvimento do ciclo de vida marcado de forma peculiar pelo conceito de desenvolvimento, visto que todos os setores da vida biológica, cognitiva e social sofrem modificações fulcrais que acarretaram necessidades de adaptação constantes entre todos os agentes sociais. As transformações pubertárias que inauguram a adolescência despertam a necessidade de viver num corpo sexuado; o acesso à sexualidade genital impõe a aprendizagem da intimidade sexual; as modificações cognitivas facilitam o acesso ao pensamento formal, aos níveis superiores do juízo moral e à ideologia política; a evolução da vida social requer uma rotura progressiva dos laços parentais e o comprometimento em relações igualitárias com os colegas; finalmente a afirmação da identidade, um dos marcos do fim da adolescência, impõe escolhas essenciais que definem o indivíduo para si e para os outros, abrindo as portas da vida adulta (Sousa, 2006).

1.3. Os jovens na sociedade atual

Como afirma Pais (2003a), a juventude aparece cada vez menos associada a uma categoria de idade e cada vez mais a um conjunto diversificado de modos de vida. Hoje a condição de jovem corresponde a um tempo alargado devido, entre outros fatores, ao prolongamento da escolaridade obrigatória e das carreiras formativas, bem como, ao retardamento na entrada no mercado de trabalho, onde estão cada vez mais sujeitos ao desemprego, ao subemprego, ao emprego temporário e a empregos onde as habilitações que possuem não são necessárias. Hoje em dia, a saída dos jovens da casa dos pais acontece cada

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vez mais tarde. Os projetos de casamento e de constituir família protelam-se no tempo e os investimentos são efetuados no imediatismo dos consumos, dos lazeres, das sociabilidades e dos afetos. A classe juvenil diversificou-se e deixou de ser um grupo homogéneo.

A partir desta afirmação, constatamos que é difícil estabelecer limites cronológicos, quer no que respeita ao início e ao fim da adolescência. Todas as transformações que ocorrem nesta fase variam consideravelmente de indivíduo para indivíduo. Nas sociedades mais antigas a função reprodutora e a sua consumação ocorriam mais ou menos em simultâneo, hoje em dia, a puberdade começa cada vez mais cedo e a idade adulta vai-se atingindo cada vez mais tarde, assistindo-se a um prolongamento da situação de dependência em relação aos pais, devido a fatores de ordem social, educativa, pessoal e económica (Sampaio, 1997; Grossman, 2010).

Almeida (1987) refere que os adolescentes são hoje confrontados com uma sociedade caótica, em que as fronteiras tradicionais estão em permanente deslocação, os princípios são cada vez menos nítidos e os seus objetivos se alteram radicalmente. Em algumas décadas deram-se, com uma velocidade vertiginosa, acontecimentos que modificaram totalmente as relações dos jovens entre si, e também com o seu ambiente. Para tudo isto contribuiu a invenção dos sistemas computorizados, a comunicação instantânea entre os pontos mais longínquos da terra, etc.

O século XXI é caracterizado pelos atrativos tecnológicos e pela procura desenfreada de bens de consumo. A oferta é constante, mas nada é suficiente. Os adolescentes aprendem que há duas qualidades subjetivas para ser reconhecido e valorizado na sociedade atual: uma é que é necessário ser desejável e a outra que tem que ser invejável. A contemporaneidade tem como marcas para a adolescência a dissolução das suas certezas e um estado de desamparo coletivo, que implicam uma experiência complexa e plural de adolescer (Grossman, 2010).

Estas características e as transformações económicas, sociais e culturais afetam a população no seu conjunto e, de um modo especial, os jovens. Tudo isto, tem exercido fortes influências sobre as condições e formas de vida das novas gerações, o que fez mudar a identidade dos próprios jovens e da própria sociedade. Uma particularidade de muitos jovens contemporâneos é a de viverem um tempo de instabilidade e de incertezas, de tensão entre o presente e o futuro, de laços persistentes de dependência e de anseios insistentes de independência (Pais, 2003a).

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Alguns jovens deste mundo, que pertencem a famílias que nos seus primórdios eram rurais e que a industrialização arrancou do seu habitat natural e deslocou para as zonas suburbanas, desenraizando-as e afastando-as dos seus usos e costumes tradicionais, habitam em bairros sociais sem apoio de parte da família e privados de identidade social. A exclusão, a vergonha, a desconfiança, o medo e a revolta são as leis que os regem (Sá, 2003).

Embora as nossas sociedades sejam cada vez mais ricas, um grande número de pessoas vive em condições precárias e têm de economizar muito no seu orçamento, com o dinheiro a ser uma preocupação cada vez mais obsessiva. Hoje temos acesso a cuidados de saúde cada vez melhores, mas isto não impede que muitas das pessoas se tornem hipocondríacos crónicos. A inquietação, a deceção, a insegurança social e pessoal aumentam. Estes são alguns dos aspetos que fazem da sociedade de hiperconsumo a civilização da felicidade paradoxal (Lipovetsky, 2007).

Na sociedade contemporânea a juventude não goza apenas de uma ampla aceitação. Constitui também uma referência na arte, no consumo e nos estilos de vida. Os jovens têm aumentando o seu envolvimento no consumo e no lazer, que leva a que exista, por parte de alguns adolescentes, uma desvalorização da escola (Guerreiro et al., 2008).

Os jovens de hoje aprenderam, há muito, a lutar e reivindicar os seus direitos e a defender os seus pontos de vista, facto nem sempre bem compreendido e aceite pelos pais e professores. Os pais, que tiveram a sua própria adolescência num contexto cultural bem diferente, oscilam hoje na forma de educar os seus filhos, hesitando entre o modelo mais autoritário, herdado dos seus próprios progenitores, e de um modo mais democrático, aparentemente mais adequado aos dias de hoje (Sampaio, 1997).

Vivemos hoje em dia numa civilização consumista que se distingue pelo lugar central que ocupam os objetivos do bem-estar e a procura de uma vida melhor para nós e para os que nos são chegados. Hoje, consegue-se chegar a uma idade mais avançada, em melhor forma e beneficiando de melhores condições materiais. O tempo e o dinheiro consagrados às atividades de lazer estão em constante subida. As festas, os jogos, as atividades de lazer, as incitações aos prazeres invadem o espaço da vida quotidiana (Lipovetsky, 2007).

Na opinião de Moita (2007, cit. Faria, 2010) existem, nesta sociedade, muitos fatores que contribuem para que os jovens tenham um estilo de vida menos ativo que outrora: o aumento da insegurança, a sucessiva redução dos espaços livres nas grandes cidades (que

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reduz a oportunidade de se ter uma vida fisicamente ativa), a disponibilidade das novas tecnologias, que favorecem a prática de atividades sedentárias, como jogar de computador ou consola (Playstation, Xbox, etc.), chats, navegar na Internet ou enviar emails, ver televisão, etc.

Sáez et al. (2006, cit. por Faria, 2010) atribuem, neste século, a mudança da vivência da juventude, a um conjunto de várias causas, todas elas interligadas. O prolongamento da escolaridade obrigatória, que se tem vindo a universalizar consecutivamente, provocou, nos últimos cinquenta anos, um extraordinário atraso na inserção dos jovens no mundo do trabalho. A conjuntura mundial também não favorece a relação com o trabalho concebida como um vínculo para toda a vida. Hoje a incerteza prevalece. Os contextos instáveis e competitivos são uma realidade. Nada parece adquirido com um carácter permanente, nem a formação, nem o saber e nem a competência parecem definitivas. Estes autores referem, ainda, que os valores da juventude europeia atual são discretos e moderados, comparativamente com os da juventude dos finais dos anos sessenta. Os jovens de hoje estão menos politizados, comprometem-se menos com os movimentos políticos e sindicais. Na generalidade os jovens mostram-se pouco incisivos na sua crítica em relação às ideias liberais na economia, mantendo um elevado nível de confiança no sistema educativo.

1.4. Os jovens, a Escola e a Educação Física

Para Ariés (1978, cit. por Sampaio, 1997) foi o aumento da escolaridade obrigatória o fator mais determinante da adolescência como etapa do desenvolvimento, fazendo com que tenha havido uma progressiva atenção, por parte dos estudiosos desta temática, sobre os problemas dos jovens.

Segundo Pappámikail, (2009, p. 108).

Com efeito, a escola passa a ser o único território legítimo para a vivência de grande parte da juventude, estando às crianças e jovens juridicamente vedado o acesso ao trabalho assalariado durante a escolaridade obrigatória. Assim, para além dos aspetos especificamente culturais e éticos que a modernidade introduziu na forma como se concebe os indivíduos, na vivência da família e no relacionamento inter-geracional foram, com efeito, fenómenos como a democratização do acesso ao ensino, bem como o prolongamento da sua obrigatoriedade e participação até aos níveis atuais, a contribuir para um maior realce da juventude (enquanto condição duplamente etária e cultural).

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Estamos inseridos numa sociedade industrializada e urbanizada, que tem a necessidade de uma melhor educação para a sua população. Assim, foram criadas as escolas atuais, consideradas instituições socializantes proeminentes para os jovens. A escola traduz a visão democrática subjacente à origem de uma sociedade livre, oferecendo a todas as pessoas uma oportunidade de uma educação gratuita, para que seja desenvolvido o seu potencial intelectual e humano e se tornem cidadãos informados (Sprinthall & Collins, 2003).

Atualmente a escolarização é uma das condições para se adquirir o sucesso individual ou coletivo. A qualificação funciona, nesta sociedade, como um requisito essencial para obtenção das condições de que os indivíduos necessitam para subsistir: o trabalho, habitação, alimentação, entre outros. Guerreiro et al. (2008, p. 10) dizem “…a educação que se obtém no espaço ‘escola’ permite também aceder a outras componentes mais imateriais como a cultura. A educação confere aos indivíduos as ferramentas necessárias ao entendimento dos bens e produtos culturais despertando o interesse para os mesmos.”

Para Matos & Sampaio (2009) a escola é a segunda casa para muitas crianças e adolescentes. Mesmo para os jovens que têm um ambiente familiar harmonioso, o “território educativo” é fundamental para a construção da identidade, para a sociabilização e formação de valores. No entanto, a escola, não deve ser vista como uma substituta da família, ou de outros espaços importantes para o desenvolvimento dos adolescentes, como o bairro, o grupo desportivo, o café ou a internet, com esta ultima a ganhar cada vez mais importância.

Pappámikail (2009) refere que foi com a expansão da escola moderna (com destaque para os segmentos secundários e universitários) como espaço de socialização, interação e aprendizagem de uso exclusivo dos jovens, que se criam as condições para a legitimação de um tempo específico no ciclo de vida dos adolescentes. Menciona ainda que este tempo não é produtivo do ponto de vista do capital económico.

Os adolescentes incrementam as suas capacidades nos domínios físicos, emocional, social e intelectual e estão cada vez menos preparados para aceitar uma obediência passiva dos adultos. A escola procura orientar esta capacidade para a ação instituindo manuais de exercícios extremamente tradicionais, trabalhos escolares para serem realizados em casa e testes. Vulgarmente, as aprendizagens propostas pela escola requerem “não a criatividade, mas a conformidade; não a originalidade, mas atenção e obediência” (Sprinthall & Collins, 2003, p.574).

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É imperativo que os jovens participem ativamente no dia-a-dia da escola e que contribuam para um bom clima e funcionamento da instituição em que estão inseridos. A participação juvenil em muitas escolas, limita-se a meras respostas a questões colocadas pelos professores, à organização de atividades de lazer, de consumo e de diversão, que não se refletem numa mudança do modelo de aprendizagem ou de ensino. Atualmente, a vida dos adolescentes sofre imensas alterações, desde a forma como são capazes de aprender até ao modo como se socializam. É esta a mudança que a escola precisa de integrar, para diminuir os índices de insucesso e abandono escolar. Muitos jovens estão na escola por obrigação, porque os pais assim o determinaram, ou porque não possuem alternativa. Seria bom que compreendessem a importância da escolarização e da qualificação profissional, como objetivo fundamental para as suas vidas. Sem estudar e sem aprenderem um ofício será muito difícil sobreviver num mundo imprevisível como o atual (Matos & Sampaio, 2009).

Para Daniel Sampaio (1997), todos os atores educativos devem insistir em melhorar a participação dos adolescentes na vida escolar, compreender a comunicação pais-alunos-professores e estar atentos à dimensão do grupo de jovens. Segundo ele, estas três linhas de investigação são essenciais para uma correta política de juventude.

Segundo Cordeiro (2009, p. 483),

…a escola tem de ser mais do que um local onde se exige a formatação de pequenos empresários, gestores ou diretores. Tem que ser um local onde também se formem pastores e lenhadores e que, acima de tudo, contribua para o desenvolvimento de pessoas livres e felizes, assertivas e solidárias, e que vivam uma vida própria e relacional nas futuras décadas.

Hoje, a escola é um local que está em constante mudança e reflexão, que acompanha a sociedade com movimentos de estagnação e regressão demográfica, crescimento desigual, obrigando a uma reorganização da rede educativa. A escola contemporânea é responsável pela transmissão de normas e de comportamentos, e representa um papel importantíssimo no processo de socialização das crianças e dos adolescentes. A entrada na escola acarreta ambientes físicos e sociais externos ao espaço casa/família, realçando a importância do grupo de pares e constitui um tempo de aprendizagem e de teste das competências pessoais e sociais (Matos & Sampaio, 2009).

Na opinião de Sprinthall & Collins (2003) os jovens durante a adolescência estão num processo de crescimento, de mudança, de questionamento e busca ativa. As escolas têm, na

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sua maioria, negligenciado e renunciado a qualquer abordagem do adolescente enquanto pessoa. Estas permanecem entrincheiradas no arquétipo - uma separação entre a aprendizagem académica e o desenvolvimento psicológico dos jovens.

O objetivo da escola não é hoje completamente claro. Mesmo sendo obrigatória (em Portugal) até ao 12.º ano, esta não garante um emprego nem mobilidade social e muitos alunos questionam-se sobre a real vantagem do prosseguimento de estudos, já que o acesso ao ensino superior e universitário é limitado e as opções profissionais não são abundantes (Sampaio, 1997).

Os resultados do estudo Health Behaviour in School Aged Children (2006, cit. Matos & Sampaio, 2009), realizado em Portugal em 2006, com a colaboração da OMS, onde foi utilizada uma amostra constituída por 4877 adolescentes que frequentavam o 6.º, 8.º e 10.º anos de escolaridade de 144 escolas públicas de cinco regiões do país ( Lisboa e Vale do Tejo, Norte, Centro, Alentejo e Algarve), revelou que a maioria dos adolescentes gosta da escola, sendo que as raparigas e os jovens mais novos são os que mais gostam da escola. Também a maior parte dos adolescentes referiram que pensa que os professores consideram a sua capacidade académica boa/média e os rapazes são os que mais vezes percecionam que os professores consideram a sua capacidade académica inferior à média. Relativamente à relação com os professores, verificou-se a sua diminuição entre o estudo realizado em 2002 e o estudo de 2006, indicando um afastamento dos jovens relativamente àqueles. Os adolescentes portugueses, quando comparados com os adolescentes dos outros países que participam no estudo HBSC, são dos que mais referem o gosto pela escola, mas são também dos que mais relatam que se sentem «stressados» com os trabalhos de casa e que dizem que os professores os acham pouco competentes.

As aspirações do renovado sistema educativo português, que acabariam consolidadas com a Lei de Bases do Sistema Educativo [LBSE] (Lei 46/1986), vieram favorecer a permanência na escola por mais tempo dos jovens e, como consequência, veio adiar a entrada na vida ativa, prolongando a sua dependência da família. É do conhecimento público que a escolaridade afeta positivamente os comportamentos dos jovens e que a aquisição de conhecimentos é fundamental para inserção na sociedade e mercado de trabalho. No entanto, esta não é a única responsável de uma perfeita inserção. É necessário que “…a aquisição de conhecimentos/conteúdos se integre num conjunto mais amplo de aprendizagens e seja enquadrada por uma perspetiva que coloque em primeiro plano o desenvolvimento de

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capacidades de pensamento e de atitudes favoráveis à aprendizagem…”, como é citado na introdução do documento Competências Gerais e Transversais elaborado pelo Departamento do Ensino Básico [DEB] (s.d., p.9). A escola tem de se recrear para se moldar à heterogeneidade cultural e a públicos que a frequentam sem clivar ou estigmatizar parcelas da população, pois é com todos que o espirito democrático se constrói e é esta a mensagem que a escola tem de passar e de construir (Matos & Sampaio, 2009).

A LBSE estabelece o quadro geral do sistema educativo que se organiza de forma a contribuir para a realização do educando, através do pleno desenvolvimento da personalidade, da formação do carácter e da cidadania, preparando-o para uma reflexão consciente sobre os valores espirituais, estéticos, morais e cívicos e proporcionando-lhe um equilibrado desenvolvimento físico (art.º 3º,b). Deve ainda contribuir entre outras coisas para a realização pessoal e comunitária dos indivíduos, não só pela formação para o sistema de ocupações socialmente úteis, mais ainda pela prática e aprendizagem da utilização criativa dos tempos livres (art.º 3º, alínea f).

Também a LBSE refere no seu art.53º que a educação física e o desporto, devem ser promovidos na escola nos âmbitos curricular e de complemento curricular, tendo em conta as necessidades de expressão física, de educação e de prática desportiva, visando o fomento da prática do exercício físico para o aumento do interesse do aluno pelo desporto e consequentemente proporcionar o seu desenvolvimento físico e pessoal.

A Educação Física, com a sua essência no movimento corporal impede que a Escola fique ainda mais intelectual e inimiga do corpo. A Educação Física distingue-se das outras áreas, no que respeita à sua tarefa educativa, porque possibilita experiencias a partir do corpo. Esta disciplina pode dar um contributo importante no que concerne à aquisição de um estilo de vida saudável, também pode influenciar positivamente o desenvolvimento e o bem-estar motor e psicossocial. Educação Física é uma das disciplinas a que os alunos atribuem maior preferência (Bento, 1999).

Neto (1994) refere que a prática desportiva regular oferece imensos benefícios no desenvolvimento da criança, ao nível: do crescimento físico; das capacidades físico-motoras; da criação de novas amizades (cooperação); e da valorização da autoestima.

Segundo Graham (1995, cit. Lopes & Cunha, 2007) os estudos sobre as atitudes dos alunos fornecem informações valiosas sobre o que estes sentem, pensam e sabem acerca da

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Educação Física. É também fundamental conhecerem-se as representações, atitudes e as necessidades dos alunos em relação à Educação Física, para entendermos as suas atitudes face à disciplina e à atividade física em geral (Lopes & Cunha, 2007).

Os resultados do estudo conduzido por Dyson (1995, cit. por Henrique & Januário, 2005) com alunos de duas escolas urbanas de ensino elementar, mostram atitudes bastante positivas dos alunos face à Educação Física, em função do ambiente agradável e divertido em que decorrem as aulas. A disciplina mobilizou sentimentos mais positivos que outras experiências escolares e, na opinião dos alunos, deveria ocupar maior espaço nas atividades letivas. Contudo, mostraram atitudes bastante críticas quanto à ênfase excessiva da competição durante as aulas, atribuindo a este fator efeitos redutores da participação e do prazer nas aulas de Educação Física.

Brandão (2002) no seu trabalho pretendeu identificar as atitudes dos alunos do Ensino Secundário face à Educação Física escolar e aos currículos estabelecidos para a disciplina. A sua amostra foi constituída por 410 jovens de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 16 e os 20 anos, pertencentes ao 12° ano de escolaridade do Ensino Secundário. As conclusões mais relevantes a que chegou o autor são: os alunos do género masculino manifestaram uma disposição favorável para com a Educação Física escolar; os alunos também manifestaram uma atitude mais favorável para com atividades curriculares diversificadas, propiciadoras de prazer; ter êxito nas atividades revelou-se o fator mais significativo no desenvolvimento de atitudes distintas do género, para com a Educação Física; os alunos manifestaram uma atitude, nitidamente mais desfavorável, para com o escasso tempo de aulas; a aquisição de técnicas e habilidades e a sua aplicação bem-sucedida na prática de Desportos Coletivos constituiu-se como um legítimo e importante objetivo da Educação Física; os alunos consideraram a Educação Física escolar importante na sua formação.

Numa investigação realizada por Henrique & Januário (2005), com o objetivo de caracterizar as perceções de alunos de alta e baixa habilidade na disciplina de educação física, os resultados obtidos mostraram que os alunos de alta e baixa perceção de habilidade se distinguiram significativamente em relação à perceção de competência, perceção de envolvimento académico e perceção de expectativas dos professores. Estes resultados também confirmaram a importância de considerar os traços psicológicos dos alunos na interpretação do seu comportamento nas aulas e desempenho académico.

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O trabalho de investigação de Moreira (2006) permitiu analisar a relação dos alunos com as atividades lúdico-desportivas. A amostra neste estudo, foi constituída por 344 alunos entre os 7 e os 12 anos de idade, de ambos os sexos. As conclusões de maior relevo são: é significativo o gosto pelo desporto em função do sexo; as modalidades identificadas como oferta são diversificadas; as crianças do sexo masculino praticam mais vezes por semana atividades lúdico-desportivas que as raparigas; as atividades lúdico-desportivas preferidas, para a maioria, são as praticadas na escola; as razões que levam as crianças a praticar desporto não se prendem com fatores de imposição parental, assim como as razões que levam as crianças a não praticar desporto encontram-se diretamente relacionadas ou dependentes da decisão dos seus pais.

Lopes & Cunha (2007) realizaram um trabalho que tinha como objetivo identificar as atitudes dos alunos do Ensino Secundário face à Educação Física e aos currículos estabelecidos para a disciplina. Participaram no estudo 259 jovens de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 15 e os 21 anos, pertencentes ao 10º, 11º e 12º anos de escolaridade. Os resultados e conclusões obtidos neste estudo foram os seguintes: os alunos manifestaram uma disposição favorável para com a Educação Física; a diversão nas aulas e as atividades diversificadas são os mais importantes fatores de agradabilidade; os alunos mostraram uma atitude desfavorável para com o escasso tempo de aula; os conteúdos curriculares foram identificados pelos alunos como os fatores mais determinantes de experiências positivas e negativas, nas aulas de Educação Física; os alunos consideraram a Educação Física escolar importante na sua formação.

O estudo de Rebelo (2010a) teve como objetivo principal compreender as representações, práticas e aspirações dos alunos do 9.º de escolaridade, relativamente à disciplina de Educação Física. Participaram 10 alunos de uma escola do Norte Interior de Portugal. Os resultados deste estudo revelaram que os alunos relacionam a disciplina de Educação Física com Desporto, classificando-a como sendo essencialmente prática. Os alunos estabeleceram uma associação estreita entre as aulas de Educação Física e a Saúde, concebendo a Educação Física como uma disciplina capaz de ajudar na prevenção de doenças e promoção da saúde e bem-estar. Os alunos consideraram a Educação Física importante porque esta intervém na criação, configuração e modelação do corpo, afirmando sentir gosto e prazer aquando da realização das aulas. Salientaram a relação professor/aluno como elemento fundamental a ser valorizado nas aulas. Os alunos revelaram preferência pelos Desportos

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Coletivos, destacando as modalidades de Futebol e Andebol. A falta de aptidão para a prática e a não obtenção de vivências de sucesso durante as aulas são apontados pelos alunos como os principais motivos da menor preferência pela Ginástica. No futuro, os alunos gostariam de praticar Desportos Radicais como a Escalada, BTT, Rappel e modalidades como a Natação, Esgrima, Luta e Musculação. Para estes, a melhoria das infraestruturas, bem como a existência de uma maior variedade de desportos e interação entre turmas e escolas, constituem os principais aspetos a desenvolver para que as aulas de Educação Física se tornem mais motivadoras e atraentes.

Rebelo (2010b) efetuou um estudo que pretendeu descrever e compreender as representações, práticas e aspirações de alunos do 12º ano de Escolaridade Face à Disciplina de Educação Física. Os principais resultados do seu estudo revelaram que os alunos conceptualizam a educação física como uma disciplina essencialmente prática e diferente das restantes. Para os discentes, esta possui um papel importante ao nível da socialização, na formação de cidadãos e transmissão de valores. Os alunos explicam o gosto pela disciplina, pelo seu envolvimento social, divertimento, benefícios para a saúde e por quererem manter a forma física. Afirmam ainda, que um dos principais objetivos da educação Física é a promoção da saúde e do bem-estar, o desenvolvimento e melhoria da condição física e a capacidade de proporcionar momentos de diversão, convívio e distração. Também consideram que a disciplina deve ser obrigatória e que a sua carga horária é insuficiente. No futuro, os alunos gostariam de praticar novas modalidades e desportos radicais.

Em síntese, podemos referir que nos estudos por nós supramencionados, os resultados demonstram que os jovens possuem representações bastante positivas da disciplina de Educação física, evidenciando gosto e prazer na realização das atividades desenvolvidas nas aulas. Este gosto pela disciplina é estimulado pelo divertimento, pelo envolvimento social e pelos benefícios para a saúde que esta provoca. Classificam-na como sendo essencialmente prática e estabelecem uma associação estreita entre as aulas de Educação Física e a Saúde, concebendo a Educação Física como uma disciplina capaz de ajudar na prevenção de doenças e promoção da saúde e bem-estar. Em relação às preferências de prática desportiva, os jovens destes estudos demonstram uma predileção pelos desportos coletivos. Referem ainda, que no futuro gostariam de praticar desportos radicais e novas modalidades.

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Tabela 2 - Hábitos da Prática
Tabela 3 - Razões da Prática
Tabela 4 - Importância dos EXG no Tempo Livre
Tabela 5 - Benefício da Prática dos exergames
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