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Aprender e Conhecer a ASTROLOGIA e as Artes Adivinhatórias - Vol. 2c - Artes Adivinhatórias - O I Ching

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(1)

Para ajudá-lo a encontrar

respostas claras

e concretas

às suas perguntas

(2)

ARTES

ADIVINHATÓRIAS

O I CHING

(3)

O I Ching

ou Livro das Mutações

Os tempos mudam, os costumes evoluem, mas as preocupações dos homens continuam a ser

as mesmas. Livro de oráculos e de sabedoria, o I Ching adapta-se a todas as circunstâncias da vida.

O

I Ching, ou Yi-King, é com a

Bíblia, u m dos livros mais an­ tigos. Foi redigido durante o primei­ ro milênio antes da nossa era, por u m ou vários autores, na época em que, na outra parte do m u n d o , a Bíblia tinha ao m e s m o t e m p o os seus pri­ meiros redatores.

Durante três mil anos, exerceu uma in­ fluência dominante na cultura e no pen­ samento dos povos da China e da Ásia. Nos séculos VI e V a. C , Confúcio e Lao-tsé, os dois grandes mestres da fi­ losofia chinesa, inspiraram-se nele e a ele dirigiram suas referências e comen­ tários.

Assim, a mentalidade e o modo de vida dos chineses impregnaram-se com os axiomas do Livro das Mutações. Ao longo dos séculos foram integrados tanto na vida cotidiana dos camponeses como na arte de governar dos imperadores da China. A famosa revolução cultural não foi suficiente para anular a veneração dos chineses por este livro.

Consultam-no sempre através dos adi­ vinhos que oficiam na praça pública ou nas ruas das grandes cidades da China.

0 PRINCÍPIO DO I CHING Tal como a Bíblia, o I Ching deu lugar a lendas e mistérios que lhe conferi­ ram um caráter esotérico e místico. Não obstante, foi redigido a partir de um sistema básico e binário de uma grande simplicidade, sendo posterior­ mente aperfeiçoado pelo homem da Antigüidade para, tal como a astrolo­ gia, organizar e compreender o mun­ do. Este sistema sobejamente conhe­ cido é o do yin e yang, o grande princípio dualista da filosofia chinesa. N o começo, os livros de oráculos e as artes adivinhatórias estabelecidos pelos nossos antepassados ofereciam duas respostas possíveis: sim ou não. N o I Ching, o sim é representado por um traço inteiro (-) e o não por uma linha dividida ( — ) . Pouco a pouco, as per­ guntas dos homens começaram a pedir respostas mais sutis, mais matizadas. A partir do sim e do não, do traço in­ teiro e da linha dividida, foram criadas combinações desdobrando e triplican­ do os traços, acabando por acoplar duas combinações de três linhas inteiras e linhas divididas, formando deste modo os 64 hexagramas que compõem o 7

Ching.

A FILOSOFIA DO I CHING

Cada um dos nossos atos tem um efeito nos movimentos do universo, do céu e da Terra, nas manifestações da natu­ reza. A partir daí, o universo e a natu­ reza são considerados um grande livro aberto. Ao consultar este livro, cada um se interroga a si próprio, já que o mundo é feito à nossa imagem. Ao consultar o oráculo do I Ching, a

pes-0 que significa I Ching?

I (ou também Yi), em chinês, é um cama-leão, um réptil que adota a cor do am-biente que o rodeia para se confundir e dis-simular nele. 0 camaleão é o símbolo da mudança ou da transformação que se efe-tua de acordo com as circunstâncias e o momento oportuno. Animal onisciente, ao qual nada lhe escapa devido à extrema mo-bilidade de seus olhos, o camaleão é do-tado do poder de transformação.

Ching (ou também King), em chinês, faz alusão à trama de um tecido no qual, na China antiga, se envolviam os livros sa-grados.

Literalmente, poderíamos traduzir I Ching como "a textura do camaleão" ou "a tex-tura do animal que se transforma", que é uma das metáforas mais apreciadas pelos chineses para designar o Livro das Mu-tações. ..

(4)

Diagramas, trigramas

e hexagramas

Um diagrama é um esquema que repre-senta o desenvolvimento e as vibrações de um ou vários fenômenos. Por exem-plo, utiliza-se um diagrama para acom-panhar a progressão ou regressão de um doente. Um trigrama é composto por três traços, linhas ou elementos que servem de referências gráficas. E um hexagrama é composto por seis traços, linhas ou ele-mentos.

Os trigramas do I Ching são constituí-dos por três traços inteiros e/ou dividi-dos, e os hexagramas, de seis traços in-teiros e/ou divididos, isto é, por dois trigramas.

pessoa pede uma resposta a si mesma, uma verdade contida nos axiomas de sabe­ doria, compostos segundo as combi­ nações dos 64 hexagramas do I Ching. C o m o traduzir, com palavras e com metáforas, o que muda e se transforma constantemente? De fato, no grande livro do universo e da natureza tudo muda e se transforma. Inclusive a ver­ dade também muda e se transforma. Conforme o momento, as circuns­ tâncias e as situações e o indivíduo, a verdade não é a mesma, a resposta di­

fere. N o entanto, esta mobilidade ou esta mutação permanentes dos elemen­ tos da natureza que se combinam em cada instante não c senão uma cons­ tante da vida.

Daí, a constante paradoxal e genial dos criadores do I Ching, segundo a qual "a transformação é o imutável". O sistema do I Ching baseia-se na permanência da transformação constante das coisas deste mundo, que atua também den­ tro de nós. Em outras palavras, se existe u m princípio fiável e imutável neste m u n d o , é o da transformação. Tudo passa, tudo muda, tudo está por acon­ tecer, tudo se transforma. É esta a filosofia do I Ching.

A CONSULTA DO ORÁCULO DO I CHING Antigamente, consultava-se o I Ching com pés de aquiléia (Aquillea mille¬

folium), uma planta também chamada

"milefólio" e utilizada com diversos fins pelos antigos chineses. Com este jogo de pés de aquiléia foi criado o jogo

da destreza, chamado mikado. Porém é comum hoje em dia consultar-se o oráculo do I Ching com três moedas, nas quais estão gravadas numa face (com o valor 2) os ideogramas chineses, e na outra (com valor 3), os oito tri­ gramas.

Os oito trigramas

do I Ching

0 I Ching é constituído por oito trigramas principais que se combinam em 64 hexa-gramas.

Tal como se explica nesta edição do

I Ching, o hexagrama 42 corresponde a "Yi" (a Evolução).

42. Yî: Evolução

Evolução

YI é a retidão inata, o sentido do dever que faz ganhar altura à estatura moral; se-gundo Confúcio e seus discípulos, trata-se de uma das virtudes cardeais do homem, cujo desenvolvimento constitui a finalidade da educação (cfr. o hexagrama 37). 0 hexagrama Yî entende-se também como o esforço consciente de encarnar, no âmbito hu-mano, a lei universal. 0 signo confere ao caráter a necessária plenitude; com efeito, para que o caráter seja bom em sentido completo, não basta a elevação mística, sendo tam-bém necessário existir grandeza, por isso Yî define o crescimento orgânico da persona-lidade.

Através das difíceis experiências de Kien, Kieh e Sun, chegamos preparados ao tempo da plenitude, da conquista, da consciência e do conhecimento, ou seja, ao tempo de Yi,

As linhas mutantes enriquecem o pensamento da fórmula sapiencial e a sugestão da imagem, como o refrão de uma canção.

O primeiro nove; Vantajoso comprometer-se em tarefas importantes. Grande fortuna. Nenhum erro.

Quando a experiência souber dar ao caráter a força necessária e à mente a lucidez de juízo, tudo se poderá tentar. É, pois, tempo de grandes realizações, de fervor, de satis-fações inimagináveis, basta ter a coragem de experimentar embora, como sempre, comporte um certo risco e exija uma boa dose de coragem.

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Os 8 trigramas

ou a estrutura do I Ching

O elaborado sistema do oráculo do I Ching consta de 8 trigramas que,

combinados, formam os 64 hexagramas.

N

o I Ching, 8 x 8 — 64 é uma mul­ tiplicação que pode ser consi­ derada uma fórmula mágica e univer­ sal, uma operação divina.

Segundo a lenda, na qual há mais de história do que mito, foi o imperador chinês Fo-Hi que, em meados do se­ gundo milênio antes de nossa era, des­ cobriu semelhanças entre as marcas inscritas em seu corpo e as existentes no céu, representadas pelas conste­ lações.

A partir desta observação, o imperador criou os 8 trigramas que regem as leis universais, a ordem do mundo, os fenô­ menos da natureza e, obviamente, o homem.

Em outras palavras, esta roda deve ser compreendida como um símbolo uni­ versal do cosmos e do homem, com a figura binária do yin e do yang em seu centro, revelando o princípio funda­ mental da criação e da "não permanên­ cia" das coisas.

O mítico imperador em questão criou essa roda de tal forma que cada trigrama estivesse relacionado com um dos oito pontos cardeais: o sul, o sudoeste, o este, o noroeste, o norte, o nordeste, o este e o sudeste.

Na maioria das vezes, é representada por uma figura octogonal que contém 8 tri­ gramas, cada um deles orientado em di­ reção ao ponto cardeal ao qual corres­ ponde.

COMPOSIÇÃO E SÍMBOLOS DOS 8 TRIGRAMAS

Cada trigrama está relacionado com um princípio do mundo físico e da na­ tureza que o simboliza (o Céu, a Terra,

o Trovão, a Água, a Montanha, o Vento, o Fogo e o Lago), assim como com uma direção e, para 4 deles, uma es­ tação.

Por outro lado, de acordo com a tradição chinesa, os 8 trigramas estão também relacionados com os elementos, ou mais exatamente, com os agentes do Zodíaco chinês.

Com efeito, é provável que a criação do I Ching seja anterior à do Zodíaco chinês, na medida em que os 8 tri­ gramas representam as constelações e que agora sabemos que todos os zo­ díacos são constituídos a partir desse enxame de estrelas, isto é, as conste­ lações.

K'IEN

O primeiro trigrama, com­ posto de três traços contínuos, repre­ senta o Céu. Reina no Sul. Estação: Verão. Elemento: Metal.

► K'OVEN

O segundo trigrama, com­ posto de três traços interrompidos, re­ presenta a Terra. Reina no Norte. Es­ tação: Inverno. Elemento: Terra.

TCHEN

O terceiro trigrama, com­ posto por um traço contínuo e dois interrompidos, representa o Trovão. Reina no Nordeste. Elemento: Madeira.

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K'AN

O quarto trigrama, composto de dois traços interrompidos e um traço contínuo no centro, representa a Água. Reina no Oeste. Estação: Outono. Ele­ mento: Água.

KEN

O quinto trigrama, composto de dois traços interrompidos superpos­ tos e um traço contínuo acima, repre­ senta a Montanha. Reina no Noroeste. Elemento: Terra.

SOVEM

O sexto trigrama, composto de um traço interrompido na base com dois traços contínuos acima, representa o Vento. Reina no Sudoeste. Elemento: Fogo.

LI

O sétimo trigrama, composto de um traço interrompido em meio de dois traços contínuos, representa o Fogo. Reina no Este. Estação: a Prima­ vera. Elemento: Fogo.

TOVEI

O oitavo trigrama, composto de dois traços contínuos superpostos, com um traço interrompido acima, re­ presenta o Lago. Reina no Sudeste. Ele­ mento: Metal.

Esta é a composição da roda dos 8 tri­ gramas que formam a estrutura do I Ching e que, quando combinados, põem à nossa disposição 64 hexagramas, cada um deles constituído de seis traços e cada traço com um significado diferente. Com base neles, o oráculo do I Ching contém 364 frases ou conselhos de ca­ ráter adivinhatório.

A NATUREZA DOS 8 TRIGRAMAS

Para compreender o que representa e significa cada um dos 8 trigramas que compõem a roda do 1 Ching, é neces­ sário impregnar-se da mentalidade dos povos da Antigüidade. Mesclaram e confrontaram sua cultura, crenças, ritos

e costumes, antes de fun­ dir-se para criar a China, o Império do Sol, sob o im­ pulso de imperadores mí­ ticos e legendários, mas também com a ajuda de grandes filósofos, como Confúcio e Lao-Tsé, que contribuíram amplamente para fazer da China uma civilização de pleno di­ reito. N o entanto, ao des­ cobrir os grandes princí­ pios revelados por estes 8 trigramas, descobriremos logo que a interpretação dada a eles pelos chineses é muito simples. De forma que, da mesma maneira que todos os povos da Antigüidade, viam o céu redondo e cheio e a Terra quadrada e vazia.

Com base nisso, faz sen­ tido que o Céu seja re­ presentado pelo primeiro

trigrama, K'ien, com três traços con­ tínuos, e a Terra, K'ouen, com três traços interrompidos. Tchen, o Trovão, é evidentemente o raio, a tempestade, o fogo que cai do Céu, e a Terra que treme sob seu impacto. Para os ante­ passados, tratava-se de um fenômeno sobrenatural. Parece totalmente j u s ­ tificado que ele tenha sido escolhido como o terceiro trigrama, já que o raio e o trovão que o acompanha são efei­ tos produzidos pelo céu na Terra. Podemos portanto considerar que este terceiro trigrama serve de união entre os dois primeiros, que são natural­ mente opostos um ao outro.

A Água aparece em seguida como o quarto princípio, a partir da qual foi criado o quarto trigrama, K'an. A Água também cai do céu, penetra e fertiliza a terra, desvia-se dos obstáculos para avançar e encher as áreas vazias da terra, transforma-se em profundidade e abismo. A seguir, vem a montanha majestosa, que repousa sobre a Terra, representada pelo quinto trigrama, Ken, e cujo pico está próximo ao céu,

que protege criando obstáculos e li­ mites inacessíveis e que é como uma coluna sobre a qual o céu repousa. Quanto ao Vento, o sexto trigrama,

Souen, penetra e se infiltra por todos

os lados, esquivando-se dos obstácu­ los, arrastando tudo que encontra em seu caminho, invisível porém real. Não é o fogo do céu que representa o sétimo trigrama, Li, mas sim o fogo fonte de calor e luz, que aquece o corpo, o coração e a alma, que ilumina na noite. Trata-se portanto, também da chama da vida, do fogo interior, o que no Ocidente chamamos o fogo de Deus, a luz que brilha na noite, que nos ilumina ou nos inspira, segundo o caso. Finalmente, Touei, o oitavo e úl­ timo trigrama do I Ching, é represen­ tado por um lago. Por que um lago? Porque se trata de água clara, límpida, tranqüila, que inspira repouso, bem-estar, alegria serena, a paz do coração e da alma.

Confúcio (c. 551 - 479 a. C), homem

(7)

Quando e como devemos

consultar o oráculo

Quando devemos consultar o I Ching? Quando temos realmente algo que perguntar. Como devemos

consultá-lo? Da mesma maneira como consultaríamos um amigo sempre atento e benévolo.

O

método de consulta do oráculo do I Ching e os 64 hexagramas — que oferecem 64 parágrafos de interpre­ tações gerais, 384 parágrafos de inter­ pretações de traços mutáveis e 64 con­ selhos práticos — faz com que seja uma arte muito fácil de praticar, na qual, além disso, é preciso fazer muitos poucos es­ forços pessoais de imaginação ou inter­ pretação para obter respostas para nos­ sas preocupações ou perguntas. Deste modo, trata-se de um oráculo tentador,

fácil e agradável de utilizar, isto é, de consultar, cada vez que temos a opor­ tunidade, pois sabemos que como res­ posta a nossas perguntas dispomos sempre de no mínimo 2 parágrafos de interpretações gerais e 2 conselhos prá­ ticos para ler, isto é, de 2 a 12 parágra­ fos de interpretações de traços mutáveis. Isto significa que podemos consultar este oráculo quando nos apeteça, sob qualquer pretexto e fazendo qualquer pergunta?

QUANDO PODEMOS CONSULTAR 0 ORÁCULO DO I CHING? Evidentemente, podemos fazê-lo sem­ pre. Quanto a saber se realmente será interessante, isso já é outra história. Sem dúvida alguma, como acabamos de ex­ plicar, quando empregamos o I Ching, sempre dispomos de algo que ler em re­ lação aos hexagramas de nosso lance. Podemos estar seguros, portanto, de que receberemos alguma mensagem, qual­ quer que seja nossa pergunta.

(8)

N o entanto, não se trata de consultar este oráculo às tontas até obtermos a res­ posta que nos convém, pois esta obsti­ nada atitude é muito parecida com a da criança que sempre está fazendo a mesma pergunta para obter a resposta que quer ouvir, mas que por esta razão esquiva a resposta que já recebeu e que, evidentemente, não lhe agrada. N o adulto, tal comportamento é con­ seqüência de um estado de angústia e de impaciência, ou então das angústias e das dúvidas que lhe deixam incapacitado a receber ou ouvir uma resposta. O mesmo I Ching, entre os textos de de­ senvolvimento de cada hexagrama, nos indica de modo explícito e com clareza que uma atitude assim significa a "lou­ cura juvenil":

"Não sou quem busca ao jovem louco", diz o Julgamento do hexagrama 4 em nossa versão, "é o jovem louco quem me busca. N o primeiro oráculo, in­ formo. Se me pergunta duas, três vezes, trata-se de inoportunidade. Se é ino­ portuno, não informo."

Como vemos, o I Ching, livro da sabe­ doria que se inspira justamente em todos os comportamentos humanos, em todas as situações da vida, tem resposta para tudo.

Em outras palavras, nos aconselha que não lhe interroguemos às tontas nem, principalmente, de uma

maneira repetitiva, com o risco de nos encon­ trarmos com uma con­ fusão de respostas e, por conseguinte, com uma dúvida ainda maior so­ bre a qual necessitáva­ mos consultar.

Assim, à pergunta: Quando podemos con­ sultar o oráculo do I Ching?, respondemos: quando quisermos. Não existe uma hora ideal, um momento perfeito ou um dia mais ade­ quado que outro para fazê-lo. Simplesmente, basta que não o consul­

temos por futilidades ou coisas de pouca importância e escolhamos um momento de tranqüilidade, para que não tenha­ mos que nos apressar e para realizar o lance com toda serenidade.

Assim, poderemos consultá-lo como é devido, impregnando-nos bem de todos os parágrafos de interpretações que os dois hexagramas nos propõem.

Às vezes, podemos interrogá-lo de forma regular e inclusive com bastante freqüência, mas só em determinadas condições e por razões que exporemos a seguir.

COMO PODEMOS CONSULTAR 0 ORÁCULO DO I CHING? Simplesmente, com o maior distancia­ mento possível, comportando-nos co­ mo se estivéssemos com um amigo sin­ cero, um confidente ou um ser em quem confiamos totalmente e do qual sabemos que, ao deixá-lo, não partire­ mos com o coração vazio, mas sim se­ reno, reconfortado, iluminado e talvez até mesmo consolado, caso em que já estejamos em um bom caminho antes de ir vê-lo.

É fácil imaginar que o I Ching é uma es­ pécie de pessoa possuidora de uma grande sabedoria, com uma grande ex­ periência e à qual consultamos quando necessitamos conselhos.

Mas, então, por mais extraordinário ou incrível que possa parecer, deveremos compreender que este nobre e célebre ancião metafórico não é outro senão nós mesmos.

De fato, como já afirmamos antes, ao consultar o oráculo do I Ching, estamos nos interrogando a nós próprios, pois nunca imaginamos que, na maioria das vezes, conhecemos todas as respostas a nossas perguntas e todas as soluções a nossos atos errôneos.

N o entanto, a magia do I Ching reside em que estas respostas e soluções que buscamos — c que alguns dias, em de­ terminadas circunstâncias de nossa vida, podem ser vitais para nós — são reve­ ladas pelo complexo jogo de 8 trigramas. A este respeito, o Ta Chuan, o grande

co-mentário do I Ching, composto de vários

textos que no século XIII de nossa era foram acrescentados aos textos dos he­ xagramas, isto é, ao I Ching propria­ mente dito — depois de terem sido re¬ datados provavelmente pelo rei Wen de Cheu —, indica o seguinte:

"Os oito trigramas mostram o caminho através de suas imagens; as palavras acompanham os traços e as decisões falam em função das circunstâncias. Da mesma forma como se entrelaçam o firme e o maleável, podemos distinguir a fortuna do infortúnio."

A melhor maneira de consultar o oráculo do I Ching é colocar-se em um lugar agradável, adotando uma posição confortável: instalar-se o melhor possível, em um estado espiritual de extrema confiança, como se estivéssemos a ponto de dirigir-nos a um amigo querido.

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Do primeiro ao trigésimo

segundo hexagrama

Aos 64 hexagramas do I Ching são atribuídas sentenças de caráter adivinhatório,

mas também um sentido iniciático, filosófico, ético e moral.

P

ara consultar o I Ching (chamado também Livro das Mutações ou das

Transformações) não é preciso que haja

motivos de preocupações com o futuro. Pode ler-se simplesmente como uma obra de ensinamentos úteis para me­ lhorar suas atitudes, ser você mesmo, compreender os demais e conhecer-se. Além das reflexões e meditações filosó­ ficas que o caracterizam, contém con­ selhos práticos para todas as situações da vida. O que surpreende é que, se o con­ sultamos com fins adivinhatórios, as si­ tuações que se deduzem de um lance de hexagramas correspondem quase que exatamente às situações em que nos en­ contramos no momento em que o in­ terrogamos. Os textos relativos aos 64 hexagramas, cada um dos quais possui um nome representativo do princípio fundamental que enuncia, são consti­ tuídos de 8 parágrafos diferentes, dis­ tribuídos da seguinte maneira: 1. a sentença;

2. o símbolo;

3 a 8. o sentido adivinhatório de cada um dos 6 traços que formam o hexa­ grama.

NOMES E SIGNIFICADOS DOS PRIMEIROS 32 HEXAGRAMAS

1. A VONTADE

faz prevalecer a vontade de ação, as energias criadoras, as forças instintivas.

; 2. A SENSIBILIDADE refere-se a tudo aquilo que se relaciona com a receptividade, ternura, entrega, abandono e abnegação.

3. O NASCIMENTO sublinha o caos ou confusão 'que precede uma criação, uma nova empresa, uma nova idéia que germina.

4. A JUVENTUDE

revela a ignorância, a torpeza, a inexperiência, a loucura, a in­ consciência, as ilusões, mas ao mesmo tempo a inocência da juventude.

5. A PACIÊNCIA

indica a força serena que sabe esperar antes de agir até o m o ­ mento adequado, a calma, a perseve­ rança, a contemporização.

6. A DISCÓRDIA

anuncia u m desacordo, u m conflito, uma querela, uma discussão, uma polêmica, uma disputa ou um escândalo.

7. A DISCIPLINA

ensina a quem a escuta as noções de ordem, autoridade e confiança mútua, indispensáveis para a luta e a conquista.

S. A SOLIDARIEDADE

ilustra as idéias de coope­ ração, reunião, colaboração, união e associação, atribuídas a este he­ xagrama.

9. A SUGESTÃO

indica a influência que pode exercer a ternura na hora de aconselhar, propor, manobrar, dirigir discretamente, com diplomacia.

10. A CONDUTA

implica um comportamento a seguir, uma atitude a adotar, uma norma ou estilo de vida, uma linha de conduta.

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11. A CONCÓRDIA é tanto o acordo como a harmonia, a paz nas relações manas e os elementos que se har­ monizam para dar lugar a circunstân­ cias favoráveis.

12. A OBSTRUÇÃO mostra u m obstáculo, uma grande dificuldade já p r e ­ vista, uma situação em ponto morto, bloqueada, sem saída, uma estagnação.

13. A IGUALDADE faz alusão à vida c o m u n i ­ tária, às causas comuns ou centros de interesse comuns que in­ d u z e m as pessoas a se r e u n i r e m , a unirem seus esforços e talentos, a se associarem.

14. A RIQUEZA

aparece aqui em referência às posses e riquezas mate­ riais e espirituais da pessoa, à força de u m espírito iluminado, de pensamento nobre e generoso.

15. A HUMILDADE sugere aqui as qualidades de reserva, simplicidade, ter­ nura, modéstia, que fazem as coisas complexas e difíceis serem vistas como fáceis e naturais.

16. A EMOÇÃO

valoriza os sentimentos e emoções que u n e m , reú­ nem, animam, estimulam os seres e dissipam suas idéias obscuras, seus tor­ mentos e medos.

17. A SIMPATIA

manifesta-se aqui em forma de atrações e afinidades que levam certas pessoas, de modo natu­ ral, a seguir outros ou a se associarem uns com os outros.

18. A CORRUPÇÃO definida aqui como a co­ rrupção do abandonar-se, da preguiça, da fraqueza, o princípio da estagnação, de uma decadência, de uma degeneração, que se deve com­ bater energicamente.

19. A PROGRESSÃO está em relação a uma si­ tuação que evolui, que pro­ gride, ou a uma possibilidade de pro­ moção, da qual temos de nos alegrar.

20. A CONTEMPLAÇÃO significa tanto ver com j u s ­ tiça como mostrar-se justo, ver o que está bem e é bom, ver tanto as verdadeiras motivações das pessoas como mostrar as suas.

21. 0 CASTIGO

expressa a idéia de que se deve tomar a decisão justa e agir com rapidez para restabelecer a ordem.

22. A BELEZA

faz alusão neste hexagrama à graça e à h a r m o n i a das formas exteriores, que não é por serem encantadoras e agradáveis para nós que deixam de ser efêmeras e ilusórias.

23. A SUBMERSÃO confronta-nos com um perí­ odo de decadência, de pros­ tração, de infortúnio e de aniquila­ mento contra o qual é inútil oferecer qualquer resistência.

24. A RENOVAÇÃO representa neste hexagrama uma reviravolta na vida, uma nova perspectiva que se anuncia, algo novo que se produzirá, uma nova era que começa.

15. A AUTENTICIDADE

incentiva a mostrar-se natu­ ral, verdadeiro e a conservar estas qualidades sob qualquer cir­ cunstância, a confiar nos bons instin­ tos e seguir a voz da consciência.

26. A I N S T R U Ç Ã O

revela o ensino da cultura, dos conhecimentos e do saber que alimentam o espírito e a alma graças à experiência.

57. O S A L I M E N T O S dizem respeito tanto aos ali­ mentos terrestres como celes­ tes, materiais como espirituais. Referem-se ao bem-estar do corpo e da alma.

2». A SOBRECARGA

indica uma situação onde as tensões e as pressões são tais que é necessário fazer uso da prudên­ cia e tomar todo tipo de precauções para evitar uma catástrofe.

29. O A B I S M O

confronta uma situação pe­ rigosa, problemática, vertigi­ nosa, que devemos evitar a todo custo, esquivar-nos ou ultrapassar dando mostras de flexibilidade, delicadeza e agilidade.

30. A CLARIDADE sublinha a necessidade de es­ tabelecer valores elevados, princípios nobres, idéias justas e boas para poder agir e comportar-se com clareza.

31. O DESEJO

origem de nossos impulsos e ações, considerado neste he­ xagrama como o elemento motor, ini­ ciador, que influi em nossa vontade assim como na daqueles que nos cer­ cam.

32. A PERSEVERANÇA recomenda-se aqui para ad­ quirir um caráter forte e po­ tente, para agir a longo prazo e alcançar os próprios objetivos.

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Do trigésimo terceiro

ao sexagésimo quarto hexagrama

Aqui estão as interpretações gerais dos últimos 32 hexagramas do I Ching, do qual já mencionamos

que possui 64. Cada um dos seis traços de um hexagrama contém também um significado particular.

33. O RETROCESSO revela uma situação diante da qual devemos distanciar-nos, as circunstâncias não são favoráveis às iniciativas nem à ação.

34. O PODER

significa aqui que usamos a força com delicadeza e mode­ ração, que renunciamos a todo tipo de violência para exercer um domínio sobre os acontecimentos.

35. A EXPANSÃO

refere-se a uma situação em evolução positiva, expansiva, um progresso obtido ou realizado, um movimento ascendente, uma gratifi­ cação ou adiantamento.

36. A CONFUSÃO

indica uma situação confusa, um período no qual estamos imersos na adversidade, as dificuldades; conflitos que enfrentamos sem estar em condições de resolvê-los.

37. A COMUNIDADE traz à tona todas as relações que existem na vida em co­ munidade, social, familiar, o papel que cada um desempenha, o lugar que ocupa, o comportamento que se deve adotar no seio do grupo.

38. A SEPARAÇÃO

faz alusão a tudo que se opõe e contradiz à natureza hu­ mana, sublinha os esforços que devem ser feitos para eliminar toda divisão e, assim, ao opor-se, revelar a comple­ mentaridade.

39. O OBSTÁCULO indica o caminho a seguir para superar um obstáculo, vencer uma dificuldade maior, resolver um problema crucial, livrar-se de uma obs­ trução.

40. O DESENLACE anuncia a saída, o final, a so­ lução de uma dificuldade, de um problema, de sofrimentos e preo­ cupações, em troca de desfazer um a um todos os nós, o que dará lugar a um alí­ vio e a uma liberação.

41. A PERDA

põe com freqüência em evi­ dência uma situação onde será positivo fazer um sacrifício, abando­ nar algo em benefício de outra coisa, atenuar, diminuir, minorar, moderar-se ou acalmar-se.

42. O BENEFÍCIO

contrário ao hexagrama pre­ cedente, indica uma das si­ tuações mais vantajosas, circunstâncias transbordantes de riquezas e possibili­ dades que é preciso saber aproveitar no momento oportuno. Chamado também "a Evolução".

43. A DETERMINAÇÃO sublinha a resolução que de­ vemos tomar quando se trata de pôr um fim à desordem, de lutar contra as paixões, dando mostras de firmeza, mas ao mesmo tempo de atenção, de flexibilidade e de bene­ volência.

44. A UNIÃO

indica que dois elementos, aparentemente opostos, aca­ bam encontrando-se um com o outro. Em qualquer caso, para que esta aliança seja frutífera, é necessário que existam certas circunstâncias, certas regras de­ vem ser seguidas.

45. A REUNIÃO

refere-se à reunião de um grande número de pessoas que têm um mesmo objetivo, uma mes­ ma motivação e desejam trabalhar j u n ­ tas. Porém, para conseguir isto, devem organizar-se e ser solidários uns com os outros.

46. O CRESCIMENTO toma como exemplo a planta, que cresce aparentemente sem esforço, de forma natural, para indicar-nos o procedimento a seguir quando perseguimos um objetivo, queremos evoluir, progredir e triunfar.

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47. A FATALIDADE

é a manifestação do destino adverso, das circunstâncias contrárias a nossos desejos e iniciativas, e diante das quais é melhor que nos re­ fugiemos em nós mesmos e esperemos que se apresentem circunstâncias mais favoráveis.

4S. A ABUNDÂNCIA revela uma situação onde a ri­ queza é inesgotável e oferece numerosas possibilidades. Nós a leva­ mos ao poço para que todos a desfru­ tem.

49. A MUDANÇA

indica que terá lugar uma mudança, que há algo que já não tem razão de ser, que é preciso melhorar, modificar ou transformar.

50. A FORÇA DO DESTINO

deixa ver as qualidades, dons inatos que todos possuímos e o m é ­ todo indicado para aproveitar nossas possibilidades e interesses, exercendo habilmente nosso livre arbítrio.

51. O MEDO

anuncia um acontecimento repentino, surpreendente, im­ previsível, desconcertante, contra o qual não podemos fazer nada, mas ao qual devemos dar as boas-vindas.

52. A SERENIDADE ou a paz interior não se pode obter pela força ou por obri­ gação. Aqui, trata-se de aprender a não ser vítima dos sentimentos contradi­ tórios, dos desejos, especulações e an­ gústias.

53. A PACIÊNCIA

é o conselho que se dá quando queremos empreender, rea­ lizar ou obter alguma coisa. Diz-se então que é preciso superar as etapas uma a uma, gradualmente, sem pressa nem precipitação.

54. O PRAZER

este hexagrama nos diz que o prazer cria sem cessar novos desejos, pulsações e impulsos desorde­ nados que semeiam a confusão, mal­ entendidos e desgostos nas relações entre as pessoas.

55. A COLHEITA

anuncia u m período de abundância, plenitude, grande riqueza, que é preciso aproveitar mi­ nuciosamente para que dure o máximo possível.

56. A INSTABILIDADE indica uma situação que dá insegurança, uma situação onde não podemos ficar, parar ou des­ cansar.

57. A INFLUÊNCIA

que se exerce aqui é doce, boa e penetrante; pretende fazer o bem a todos, com a condição dela poder atuar como deve.

5». A ALEGRIA

revela o poder e a força pro­ duzidos pelo bom humor, a boa disposição de coração e alma, as co­ rrentes de simpatia e afinidades que cir­ culam entre os indivíduos.

59. 0 RECOLHIMENTO é indispensável para evitar as divisões, oposições, conflitos entre os indivíduos, geralmente produ­ tos do egoísmo e da intransigência.

60. A MODERAÇÃO nos permite tomar consciên­ cia dos limites que é preciso saber estabelecer e impor a si mesmo, da justa medida, das regras e leis que é preciso respeitar.

61. A SINCERIDADE este hexagrama nos diz que sempre provém de uma au­ têntica clareza interior, de um juízo sadio, objetivo, de uma espontaneidade que se deixa levar pelas correntes de simpatia, com simplicidade.

62. O DEVER

indica uma situação onde é preciso cumprir com o dever, isto é, simplesmente fazer o que as exigências do momento nos pedem que façamos.

63. A DECADÊNCIA é o que pode acontecer se não estamos atentos naqueles mo­ mentos em que reina a ordem e tudo parece estar bem. Mas não é inevitá­ vel. Podemos nos prevenir contra ela prestando atenção aos detalhes.

64. O ÊXITO

está muito próximo, nos in­ forma este último hexagrama. Sabemos que chegará, porém para con­ segui-lo é preciso adotar um ponto de vista objetivo e não deixar-se cegar pelo entusiasmo.

(13)

Os hexagramas 1 e 2

A partir de agora, você vai descobrir as interpretações dos 64 hexagramas do I Ching,

que pode ser usado de maneira útil em seus lances.

K'IEN

A VONTADE

Interpretação geral do hexagrama

Atualmente, encontra-se em uma situação na qual tudo é possível mas na qual não pro­ duziu nem realizou nada.

Germinam todos os projetos e idéias mas nada ainda tomou forma. Tudo está por fazer. Se quer alcançar suas metas, tem que se concentrar nas coisas a longo prazo, evitar precipitações, pois seus pla­ nos podem fracassar. Tem de juntar todos os elementos úteis para poder levar a cabo seus projetos. Considere que tem em suas mãos tudo que é ne­ cessário para alcançar êxito, mas não deve se precipitar.

Interpretações dos traços mutáveis

Traço 1: o momento não é propício para a ação, mas para a reflexão. Não desgaste suas forças desejando resul­ tados imediatos. Arme-se de confiança, de coragem, de perseverança e não se deixe influenciar pelas circunstâncias. Se não esperar o momento oportuno para agir, tudo aquilo que empreen­ deu terá sido em vão. Portanto, é um conselho de prudência que lhe é ofe­ recido aqui.

Traço 2: você está no seu lugar, com confiança c firmeza. Pode agir com efi­

cácia para obter o que quer ou satis­ fazer suas ambições.

Porém, se puder consultar uma pessoa digna de confiança e capaz de lhe dar bons conselhos, faça-o. Encontrará, então, um apoio sólido e confiável que lhe dará mais segurança.

Traço 3: os acontecimentos atrope­ lam-se em sua vida ou em sua situação atual. N ã o tem um minuto de des­ canso. Você está, sem dúvida alguma, atento e não se descuida de nenhum detalhe. Persista nesta via para não se deixar escorregar. Não deve ceder à vertigem nem mostrar-se presunçoso. Não lhe faltam recursos mas você se mostra demasiado prudente c cir­ cunspecto.

Traço 4: você se encontra ante uma alternativa importante. O u bem segue em frente, supera a dificuldade, toma uma iniciativa que o levará a assumir mais responsabilidades, a ter um lugar

na vida social c material, ou segue outra via discreta na qual se sentirá

mais livre. As duas opções são válidas. Escolha consciente­

mente e no momento opor­ tuno.

Traço 5: atualmente, você tem a via livre. Tem as car­ tas na mão para poder agir. Além disso, está cercado de pessoas que partilham as mesmas motivações c convicções. Se se mostrar receptivo aos seus bons con­ selhos, não correrá o risco de cometer erros. Tem o sucesso assegurado.

Traço 6: vangloriou-se de suas forças, capacidades e de suas possibi­ lidades.

Foi demasiado depressa e demasiado longe. Tem de frear de forma impe­ rativa sua ambição do contrário pode encontrar-se em um beco sem saída. Mas não é uma situação desesperada. Volte simplesmente a considerações mais justas. Se o fizer, estará cm con­ dições de abrir caminho e evitar uma decepção.

Conselho prático revelado

pelo hexagrama 1

Seja lúcido, tenha paciência e seja coe-rente. Não se deixe guiar pelos dese-jos e pelas necessidades insaciáveis. Se agir assim, na raiz de possíveis frus-trações, perderá a capacidade de dis-cernimento.

Na medida do possível, organize-se me-lhor e não faça mais de uma coisa ao mesmo tempo. Assim terá mais recursos energéticos. Mas tem tendência a se dis-persar e não saber parar a tempo.

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K'OUEM

A SENSIBILIDADE

Interpretação geral do hexagrama

Em sua situação atual, aja simplesmente no dia a dia, sem fazer muitas pergun­ tas e sem tomar iniciativas. Tem que ser receptivo, atencioso, compreensivo, fle­ xível e estar disponível. Confie em sua sensibilidade c em seu instinto. Adapte-se às circunstâncias. Não faça nada que saia do normal. Não seria um bom mo­ mento.

Interpretações dos traços mutáveis

Traço 1: suas idéias, seus projetos, suas intenções, seus sentimentos ou seus pressentimentos do momento não são bons. Não espere que se cristalizem para agir. Por outro lado, se sentir que uma situação ou uma relação se degrada, não a deixe degenerar. Aja de forma pre­ ventiva com muita prudência, avan­ çando com cautela mas com rapidez. Traço 2: confie totalmente em seu ins­ tinto. Tenha confiança em si. O que sente atualmente é justo. A partir disto, se seus atos forem tão claros quanto suas intenções, tudo correrá bem, con­ seguirá o que pretende, e terá a apro­ vação absoluta de tudo aquilo que o cerca, pois o que fará corresponderá a uma necessidade, a uma evidência. Trata-se de um ato justo.

Traço 3: ainda não é o momento de lhe fazer ver nem de lhe atribuir os méritos

de seu trabalho ou de suas ações, em­ bora lhe pertençam por direito. Por en­ quanto, só tem que agir com serenidade, de forma séria e íntegra. Desta maneira, adquirirá experiência e savoi-faire que, no momento oportuno, lhe permitirão um certo reconhecimento.

Traço 4: encontra-se numa situação que implica a maior discrição. Guarde se­ gredo sobre os seus projetos e não se vanglorie do que está fazendo. Quanto menos disser, melhor será, visto que há uma pessoa do seu meio com in­ tenções pouco confiáveis. Para evitar problemas, abstenha-se de dizer qual­ quer coisa que possa ser usada contra você mesmo.

Traço 5: se se encontrar em uma si­ tuação onde é necessitado, que esteja

à altura dos aconteci­ mentos, sem deixar

de prestar atenção aos demais; ou for beneficiar-se de uma pro­ moção e de I uma posição gratificante 1 que exigirá

que seja mui­ to discreto, ín­ tegro, sério e

f justo. Em am­ bos os casos, te­ rá que confiar em sua sensibilidade. Traço 6: se atiçar o fogo, levará um con­ flito até o fim, mas não se arrependerá porque terá con­ seqüências sobre as duas partes. É melhor que se abstenha, que de mo­ mento assuma suas responsabilidades

seja moderado.

Não imponha nada aos outros. Espere que as coisas se acalmem por si.

Conselho prático revelado

pelo hexagrama 2

É correto ser sensível, receptivo e aten-cioso com os outros. Mas deve saber ex-plorar estas qualidades. Assim, se se do-brar sobre si mesmo, se não se voltar espontaneamente para os outros ou se se isolar, guardando um sentimento de frustração, ficará triste e deprimido. Volte a ganhar confiança em si e exerça sua boa influência sobre os outros.

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Os hexagramas 3 e 4

TCHOUEN |

O NASCIMENTO

Interpretação geral

do hexagrama

Você se encontra imerso em

uma situação problemática, confusa, difícil, porém que em muitos aspectos lhe oferece nu­ merosas possibilidades, boas perspec­ tivas. Nestas circunstâncias, é particu­ larmente importante não se precipitar, mas sim organizar-se, planificar as ações a empreender e pedir ajuda às pessoas competentes, se for necessário. Certa­ mente a situação não está clara, porém existe uma promessa de triunfo.

Conselho prático revelado

pelo hexagrama 3

Não serão seus impulsos ou as pul-sações que lhe permitirão produzir algo novo ou fazer-lhe dono da situação atual. Você se engana ao não mostrar-se totalmente tal como é, ao jogar um jogo duplo ou mostrar aos demais uma cara diferente da sua. Quanto mais for você mesmo, mais possibilidades terá de encontrar as ajudas ou os apoios de que necessita.

Interpretação dos traços mutáveis Traço 1: forçando os acontecimen­ tos você não conseguirá sair mais de­ pressa da difícil situação que está atra­ vessando. Em vez de enfrentar os

obstáculos de frente, rodeie-os com sensatez, paciência e humildade. Ao atuar desta forma, triunfará onde os outros fracassaram.

Traço 2: ou você não obtém o que de­ seja enérgica e sinceramente, ou não pode encarar de frente a pessoa que lhe atrai e lhe interessa. Tanto em um caso como no outro, dê as boas-vin­ das a esta volta do destino, visto que se trata de um mal que vem para o bem. De fato, em um momento dado, você conseguirá o que quer e encon­ trará a pessoa que lhe convém. Traço 3: se busca algo em um lugar onde não tem nenhuma possibilidade de encontrar, você corre o risco de perder muito tempo c cansar-se em vão. Faça, portanto, uma pausa. Reflita melhor sobre sua situação. Deixe-se aconselhar pelos demais. En­ contre concretamente um guia ilu­ minado que lhe ajudará a progredir. Traço 4: não só você está em uma si­ tuação na qual pode empreender ou

atuar, mas também, você escolheu o momento oportuno para fazê-lo.

N o entanto, você está indeciso ou não se sente capaz de fazê-lo só. Não duvide em pedir ajuda,

pois seria uma lástima deixar passar uma oportunidade

como esta.

Traço 5: atualmente, você se sente só ou incompreen­ dido em sua situação. É verdade que o que você está fazendo é ou menos­ prezado ou passa totalmente ' despercebido pelos demais.

N o entanto, não desanime e não reduza seus esforços. Os tempos mudam.

Em breve você não atuará em vão, já verá. Traço 6: você tem a impressão de que qualquer coisa que faça, ou comece atualmente, não consegue avançar, não se realiza ou não sai como você quer. Mas em lugar de se lamentar de sua má sorte, dirija-se às pessoas suscetíveis de lhe ajudar a sair desta situação difícil que, no entanto, não é definitiva.

Quando um hexagrama

não contém nenhum

traço mutável

Pode acontecer que durante um lance você só obtenha traços inteiros e/ou interrom-pidos sem cruz (7 e/ou 8), não mutáveis. Você terá então um hexagrama que não poderá se transformar. Neste caso, você poderá fazer um segundo lance. Mas antes, consulte sua tabela do I Ching e identi-fique o número do hexagrama em questão. A seguir, consulte a ficha correspondente aos textos deste hexagrama e aprenda a interpretação geral e o conselho que é apresentado. É possível que bastem para responder à sua pergunta, e assim não será necessário realizar outro lance.

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MONG

A JUVENTUDE

Interpretação geral

do hexagrama

Se você se concentrar na árvore não con­ seguirá enxergar a floresta, verá apenas parte das coisas. Da mesma forma, se você se deixa levar pelas emoções, verá tudo através do filtro de seus sonhos e suas ilusões.

Realizando uma mistura de intuição, reflexão, atenção e discernimento, você deveria finalmente ver de forma clara esta situação; portanto, se você a ob­ serva corretamente, não será tão difí­ cil como parece.

Interpretações dos traços mutáveis

Traço 1: às vezes quando uma pessoa irrefletida ou insensata transgride as re­ gras de maneira flagrante, de maneira que não há nenhuma dúvida sobre sua culpabilidade, é preciso atuar com rigor e firmeza, para que a pessoa cm questão tire uma lição do erro que cometeu. Mas, uma vez pronunciada a sentença e infligido o castigo, é preciso esquecer rapidamente o que aconteceu, pois o tempo apaga ou soluciona bem as coisas.

Traço 2: mostre-se condescendente, compreensivo e tolerante, sem esque­ cer no entanto de ser firme e enérgico. Com efeito, atualmente você convive com gente que não se comporta sen­ satamente, que inclusive atua de ma­ neira um tanto irresponsável ou in­

conseqüente, por falta de discerni­ mento ou por inexperiência.

Traço 3: ou você está diante de uma pessoa cujos sentimentos são interes­ seiros e cheios de segundas intenções, ou você se mostra servil ou se adianta. N o primeiro caso, não deposite ne­ nhuma confiança nesta pessoa. N o segundo caso, mude de comporta­ mento e não faça mais do que lhe pe­ dem, caso contrário, você corre o ris­ co de comprometer-se.

Traço 4: você tem tendência a viver sob a influência de pessoas que não são to­ talmente de confiança.

Mas você não dá ouvidos aos conselhos de prudência que lhe chegam por todos os lados.

N o entanto, por não estar totalmente seguro de suas perspectivas atuais, nem

do que está realizando, faria bem em deixar-se guiar.

Traço 5: sua natureza compre­ ensiva e receptiva, natural­ mente, faz com que você es­ teja muito atento às idéias, opiniões e experiências dos demais, as quais você sabe aproveitar. Por outro lado, se necessita ajuda enérgica para atuar, não duvide em pedi-la. Estes traços de caráter são mais de bom augúrio.

Traço 6: quando estamos diante de uma pessoa que não quer escutar nada, que se comporta de maneira comple­ tamente irrefletida, que persiste e se aferra a seus erros, não resta nen­ huma solução senão atuar com ela com o máximo rigor. De outra maneira, não parará nunca, a situação piorará e as conseqüências poderão ser muito mais graves.

Conselho prático revelado

pelo hexagrama 4

É preciso sobretudo não ocupar-se com o inútil, seja na vida cotidiana ou nos pensamentos, idéias ou relações. Em conjunto, é preciso sempre tentar ir ao essencial. Ao sentir que perde ou des-perdiça seu tempo com futilidades, é bom recorrer ao seu espírito lógico e se-letivo. Um bom uso da disciplina exclui toda coação, porém implica em esta-belecer ou restaesta-belecer ordem com fre-qüência.

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Os hexagramas 5 e 6

SU

A PACIÊNCIA

Interpretação geral

do hexagrama

Não é o momento de atuar. É preciso esperar. Algo vai che­ gar ou alguém vai vir. Não é preciso precipitar os acontecimentos nem in­ tervir no desenvolvimento natural das coisas para que aconteçam mais depressa. N o entanto, esperar não quer dizer per­ manecer passivo. Pode aproveitar a es­ pera com o fim de se preparar moral­ mente para as novas circunstâncias que produzirão em sua vida, mas conser­ vando a calma e vivendo normalmente.

Interpretação dos traços mutáveis

Traço 1: você tem um bom pressen­ timento. Efetivamente, você corre o risco de deparar-se com uma situação difícil, com um problema ou um acon­ tecimento perturbador ou inesperado. Seria u m erro atuar prematuramente, antes do acontecimento, pois lhe le­ varia a enfrentar inutilmente o perigo. Não adote uma atitude de desafio. Es­ pere sua chegada.

Traço 2: o clima de relações no qual você se encontra não é bom. As ten­ sões e desacordos podem piorar. Cada uma das partes implicadas neste as­ sunto tem tendência a considerar o outro como responsável.

Poderiam falar mal de você. Não lhes dê importância e tudo se solucionará.

Traço 3: você está em uma situação difícil. Tentou sair dela, mas sua re­ ação foi demasiado prematura, a con¬ tra-tempo ou realizada de uma ma­ neira imprudente e descontrolada, sem se atrever a levar a cabo sua decisão. Seu esforço foi em vão. Por isso, até que você mude de atitude, não con­ seguirá sair das dificuldades.

Traço 4: a situação é difícil e complicada. Não se engane, mas tampouco caia no excesso inverso, ao considerá-la mais grave e inextricável do que é na realidade. Permaneça tranqüilo. Seja lúcido, pa­ ciente e atento aos bons conselhos ao seu redor. Continue cumprindo com suas obrigações e tarefas habituais. Fa­ ça o que tem que fazer, tranqüila­ mente, e tudo se solucionará.

Traço 5: você tem que alcançar uma meta ou quer obter algo a todo custo. Para consegui-lo, você superou nume­

rosas dificuldades, mas vai precisar su­ perar outras. Porém, não se preocupe

com isso. Por enquanto, você tem a oportunidade de recuperar as

forças, de relaxar-se.

Estando disposto a esperar o tempo necessário, você aca­

bará conseguindo seus fins e suas metas.

Traço 6: depois de ter en­ frentado numerosas difi­ culdades e ter transposto inúmeros obstáculos, você está a ponto de chegar ao final que estabeleceu como meta ou de obter o que espe­ rava.

N o entanto, neste ponto produz-se um acontecimento inesperado e você parece desviar-se de seu objetivo final ou retardar seu avanço.

N o entanto, se você souber aproveitá-lo, verá que se trata de uma autêntica oportunidade.

Quando tiver passado, você agradecerá esta reviravolta inesperada das cir­ cunstâncias.

Conselho prático revelado

pelo hexagrama 5

A paciência não tem nada a ver com a preguiça. Como o ditado afirma, tudo chega a quem sabe esperar. Se você sou-ber aguardar o momento oportuno com confiança, pode relaxar. Então, o que tiver que vir virá e você estará prepa-rado para recebê-lo. Se você não atua assim, corre o risco de se alterar, de ficar nervoso e de estragar tudo devido à sua impaciência ou à sua ansiedade. É pre-ciso dar tempo ao tempo. Aproveite a vida tal como se apresenta e espere que a situação amadureça.

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SOUNG

A DISCÓRDIA

Interpretação geral do hexagrama

A sinceridade e a boa vontade não bas­ tam para evitar os conflitos.

Porém, quando dois seres dão muita im­ portância a suas prerrogativas e a seus bens, não querem ceder em nada e são possessivos, exclusivistas ou egoístas, os conflitos acabam sendo inevitáveis. Para não atingir este extremo ou para solucionar finalmente as coisas, é ne­ cessário chegar a compromissos fazendo concessões, reconhecendo as responsa­ bilidades, os deveres e direitos de cada um e respeitá-los.

Interpretação dos traços mutáveis Traço 1: em caso de desacordo com uma pessoa que tiver mais peso ou in­ fluência que você, não deixe que as dis­ cussões se prolonguem ou se envene­ nem. Interrompa-as buscando um termo médio e chegando a um acordo com seu interlocutor para tomar a me­ lhor decisão possível.

Desta maneira você poderá atuar com tranqüilidade e voltará a encontrar a se­ renidade.

Traço 2: conscientemente ou de uma maneira irrefletida você se comprome­ teu em uma luta ou um conflito, ao fim do qual não ganhará nada pois você se defrontou com um tema bastante mais forte que você. O melhor seria que re­ nunciasse de imediato, que não pusesse

resistência e que não insistisse. Entre­ gue as armas e tente proteger-se. Traço 3: ou você está no meio do fogo cruzado, porém decidiu não tomar par­ tido por nenhum dos dois lados, o que é uma sábia decisão, ou então você tende a querer aproveitar-se de uma si­ tuação à qual é verdade que você fez contribuições, mas da qual você não se beneficia.

Você pode atrair problemas. Não atue e console-se pensando que o que real­ mente lhe pertence nunca poderá ser arrebatado de você.

Traço 4: você está ansioso, alterado, im­ paciente e descontente.

Sempre na defensiva, dá a sensação de estar a ponto de morder, de agredir, de reivindicar, de precipitar os aconteci­ mentos, de provocar uma luta ou um conflito para demonstrar que tem razão.

Por sorte, você tem consciência de sua conduta. Você a corrigirá a tempo,

se tranqüilizará c finalmente tudo ficará solucionado.

Traço 5: em caso de litígio ou disputa, se você tem cer­

teza de seus direitos, como parece ser o caso, não du­ vide fazer intervir um ár­ bitro imparcial que decida, ou em recorrer à justiça. Às vezes, quando o diálogo não é possível e parece que nos encontramos frente a um muro de incompre­ ensão, não nos resta outra al­ ternativa. N o caso presente, é de seu interesse atuar assim. Traço 6: A razão do mais forte não é a melhor. De fato, você demonstrou estar em seu direito e você ganhou. Parece que você ganhou uma batalha, porém a guerra não acabou. Você terá que lutar novamente e nada permite pensar que o que você ganhou não será perdido multiplicado por cem.

Conselho prático revelado

pelo hexagrama 6

Em francês, existe um provérbio que aconselha a virar a língua oito vezes na boca antes de falar. Por que oito vezes? Porque se trata de um número simbólico representado por dois círculos juntos, presos um ao outro, que representam um movimento continuo que se regenera sem cessar, sem nenhum desperdício de energia. E muitas vezes, depois destas oito voltas da língua e um tempo de re-flexão, optamos finalmente pelo silêncio.

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Os hexagramas 7 e 8

STZE

A DISCIPLINA

Interpretação geral do hexagrama

A priori, parece que você está

repetindo a questão. N o en­ tanto, não podia evitar continuar a perguntar-se, dar voltas ao assunto até ficar doente. Está claro que você ten­ tou o possível para que esta situação se resolvesse.

É inútil portanto continuar a insistir. Porém, se quiser optar pela luta e pelo combate até o fim, decida-se de uma vez por todas.

E se esta é sua decisão, assegure-se de que é legítima. Em seguida aja com ordem, método e disciplina, e se lhe pa­ recer necessário, peça ajuda. De outro modo, deixe de pensar nisso e tire essa idéia da cabeça.

Interpretação dos traços mutáveis Traço 1: se tem que travar uma luta de­ licada e se, para isso, tem que produ­ zir o melhor de si mesmo, não atue com rapidez. Estabeleça claramente seus ob­ jetivos.

Se necessita de ajuda, peça-a a pessoas competentes e sérias que saibam o que têm a fazer. Neste assunto é impor­ tante que cada qual saiba que papel tem a desempenhar e que lugar tem de ocupar.

Traço 2: não são somente seus inte­ resses e seus princípios que estão em

jogo, mas também os de um certo nú­ mero de pessoas que confiaram em si para as representar ou defender. De fato, para agir com os outros como con­ sigo mesmo, tem de permanecer perto deles ou entre eles. Adote uma atitude decidida e compreensiva, ou seja, uma força tranqüila que ganhará para você a simpatia de todos.

Traço 3: o problema que enfrenta nesta altura é como o do dragão de sete ca­ beças.

De fato, neste assunto, já não se sabe quem pensa, quem dirige, quem faz ou quem quer o quê.

Cada um quer dar sua opinião e segu­ rar as rédeas. Cria confusão e desordem e, se isto continua assim, pode prever-se o fracasso. Uma só pessoa deve exer­ cer a autoridade.

Traço 4: a luta que você provocou ou o combate em que se viu envolvido pa­ rece sem saída ou desesperado. Estando perfeitamente consciente disto, é pre­ ciso saber que não há razão para se en­

vergonhar por renunciar, por depor as armas e retirar-se, se não lhe res­

tar outra alternativa. A atitude contrária seria nefasta e criticá­

vel.

Ouça bem o que a sabedoria lhe dita.

Traço 5: não, não é imagi­ nação sua.

Tentam desestabilizá-lo, agridem-no e opõem-se cla­ ramente a você. E preciso reagir, opor resistência, mas não de qualquer maneira. Elabore uma estratégia. Só você pode contra-atacar, resistir e fi­ nalmente vencer.

Tem todos os requisitos para fazê-lo.

Traço 6: não mostrou nenhuma fra­ gilidade nem nenhuma falha e venceu ou ganhou alguma coisa.

Agradeça a quem o ajudou, porém não exagere o papel que tiveram neste as­ sunto.

A cada qual os seus méritos e nada mais. Se sua gratidão for exagerada, alguns tentariam abusar dela e utilizá-lo con­ tra você.

Conselho prático revelado

pelo hexagrama 7

No caso presente, considere simples-mente que tem de submeter-se a uma disciplina, ser rigoroso e impor regras estritas. A indecisão gera desordem e confusão.

Quando alguém se mostra indeciso, tem de acatar as ordens dos demais. Quando a obediência se baseia em res-peito pelos princípios e pelas regras da vida, tem um caráter nobre e elevado. Nisto se distingue a obediência da ser-vidão e da escraser-vidão.

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PI

A SOLIDARIEDADE

Interpretação geral do hexagrama

Pode escolher: já possui u m certo ca­ risma, desejo de poder ou dotes de co­ mando, pois tem idéias ou uma vocação; terá ocasião de reunir as pessoas à sua volta, ou então integrar-se em um grupo de pessoas com as quais compartilha os mesmos sentimentos, paixões, con­ vicções ou motivações.

É este o sentido de solidariedade a que se refere este hexagrama: que o sigam os que acreditam em você, ou que se reúna aos que se assemelham a você.

Interpretação dos traços mutáveis

Traço 1: se se pergunta se tem razão ou não em querer associar-se a uma pessoa que conhece e que parece compartilhar suas motivações, tem que saber que sem confiança mútua, sem intercâmbio sin­ cero e espontâneo, é melhor não fazê-lo. Mas, no caso contrário, tudo correrá bem.

Traço 2: é importante que comprometa o melhor de si mesmo, que empregue todo seu tempo e toda sua energia ao serviço de uma causa comum, nobre e generosa.

Se estiver disposto a isto, alcançará êxito e prestígio. Caso contrário, isto é, se tentar tirar proveitos, cairá em descrédito.

Traço 3: Falta-lhe discernimento e jus­ tiça neste assunto, ou então vai cometer

um erro de avaliação ou uma injustiça. Por outro lado, entrega sua confiança a pessoas que não são dignas dela. Assim não poderá ganhar nem chegar a um acordo. O mais prudente seria uma mu­ dança de atitude.

Traço 4: a pessoa com a qual deseja se associar ou com quem deseja se unir não tem uma natureza tranqüila e paciente. N o entanto, confia plenamente em você. Se lhe demonstrar sua entrega e lhe der bons conselhos, acabará conse­ guindo fazê-la entrar na razão. Entre você e ela, a união fará a força.

Traço 5: trata-se de não forçar nem obrigar a ninguém. As pessoas unem-se espontaneamente e naturalmente unem-se­

gundo suas afinidades. Deixe que recorram a você e acolha de

braços abertos aqueles que compartilham os mesmos sentimentos que você.

Q u a n d o a simpatia e a atração mútua guiam as relações, podemos asse­ gurar que serão felizes. Traço 6: se não reinar a confiança no seio de uma associação, é mais que certo que não funciona. Por isso, se tem tendência para suspeitar dos outros ou se é pouco franco ou pouco leal com eles, suas relações des­ virtuam-se inevitavelmente. Se não quer fracassar, tem de respeitar cer­ tos princípios.

Conselho prático revelado

pelo hexagrama 8

Sem entrega não existe confiança. Sem confiança mútua não pode haver soli-dariedade. Aqui, entrega significa re-laxar-se, unir as angústias e as inquie-tudes que geram tensão e que afastam as pessoas em vez de uni-las. A soli-dariedade implica reunir em um só e à nossa volta os que se assemelham a nós e fazem parte de nossa vida, e unir-se a eles.

(21)

Os hexagramas 9 e 10

SIAO TCH'OU

A SUGESTÃO

Interpretação geral

do hexagrama Quando formulamos uma sugestão, adiantamos uma eventualidade ou uma proposta. Quando sugerimos uma forma ou um objeto, em um desenho por exemplo, aludimos a ele ou desenha­ mos o contorno sem mostrá-lo real­ mente. Assim, tornamos visível algo que não o era.

Na vida, há momentos em que senti­ mos que algo está prestes a aparecer ou a ocorrer, embora só percebamos o seu contorno.

Esta é a situação em que você se en­ contra.

De momento, faça só o que tem que fazer, controlando suas ambições e seus desejos para que o que pretende ou o que se perfila em sua vida possa ganhar forma.

Interpretação dos traços mutáveis

Traço 1: é ambicioso ou quer obter algo concreto.

Nesta perspectiva, decidiu tomar pre­ cauções, estar atento a tudo o que faz, não deixar nada ao acaso e enfrentar esta situação no seu conjunto ou analisar as circunstâncias nas quais se encontra de todos os ângulos. Faz bem, já que é uni­ camente desta maneira que o conse­ guirá.

Traço 2: não importa que o incentivem a avançar ou o obriguem a dar alguns passos atrás. O essencial é que possa agir em função dos outros e dos aconteci­ mentos.

Se, por qualquer razão, hoje tiver de re­ nunciar a tomar alguma iniciativa, faça-o cfaça-om serenidade.

Assim, poderá alcançar ou escolher o melhor momento de agir.

Traço 3: se se encontra em uma si­ tuação difícil ou no centro de um con­ flito, é bastante responsável por isso, já que cometeu algum erro de juízo.

De fato, comprometeu-se demasiado depressa, ou talvez sem consideração, em uma via perigosa ou sem saída. E se parecia que tinha todos os trun­ fos para ganhar, hoje podemos ver que não é assim.

Traço 4: está relacionado com uma pessoa que se deixa levar facilmente, que age impulsivamente ou faz o que quer, sem ter em conta os conselhos de quem está à sua volta.

Porém, você gosta dessa pessoa e ela de você. Tenha confiança em você mesmo. Pode ajudá-la quando for o m o ­

mento ou mostrar-lhe o caminho da sabedoria. Ela o escutará.

Traço 5: tem a sorte de estar bem rodeado.

Tem de admitir que tem um sentido comunitário muito desenvolvido ou o sentido inato de compartilhar. , Ao seu lado, toda as pessoas se

sentem satisfeitas. Além disso, é entusiasta e empreendedor. As pessoas aderem facilmente à sua causa.

Tendo em conta isso, como poderia haver atritos entre você e os demais? Traço 6: beneficia-se de uma situação agradável, feliz e confortável.

Mas é resultante de seus esforços e de seus méritos.

Entretanto, você tem consciência da fra­ gilidade das coisas e de que tudo passa. Mas não descanse à sombra dos louros alcançados. É precisamente quando tudo funciona bem que se deve reforçar os próprios fundamentos da vida.

Conselho prático revelado

pelo hexagrama 9

Para agir com justiça, ou seja, como exi-gem as circunstâncias, muitas vezes é importante fazer uma pausa e refletir. Podemos então tentar pôr em harmo-nia os pensamentos e os atos. Efetiva-mente, demasiadas pessoas dizem uma coisa e depois fazem outra. Outros agem e em seguida se arrependem, porque, no fundo, desejavam fazer outra coisa ou tinham outras intenções. Quem leva o tempo necessário para pensar, nunca se comporta desta forma.

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LIU

A CONDUTA

Interpretação geral

do hexagrama

Atualmente, em suas relações com os outros, falta serenidade, quer porque se relacionou com pessoas de quem é di­ fícil aproximar-se quer porque tem de fazer esforços constantes para funcionar com harmonia e preservar o trato com elas.

Neste tipo de situações é importante que cada um esteja em seu devido lugar, que possa representar um papel ou ter atri­ buições dignas de suas competências e de seus méritos, do contrário as relações degradam-se e mais cedo ou mais tar­ de aparecem movimentos de rebelião.

Interpretação dos traços mutáveis

Traço 1: embora pareça que está em uma situação modesta e disponha de poucas possibilidades para empreender e agir por sua conta, encontra-se em um momento da vida em que pode avançar se suas ambições e seu amor-próprio não forem exagerados. Não desvalorize a situação privilegiada em que se en­ contra, nem se desvalorize a si próprio.

Traço 2: existem momentos na vida em que não é bom despreocupar-se nem desligar-se do que acontece à sua volta. Cumpra seu dever e suas tarefas sem se deixar influenciar pelas circunstân­ cias nem pelos outros. Assim evitará problemas inúteis.

Traço 3: ou está encarando esta situação com muita precaução, ou vangloriando-se de suas forças, ou desvaloriza a ca­ pacidade de seus interlocutores ou dos meios de que dispõem seus adversários. Em qualquer caso, você está enganado. Mas não é tarde para modificar sua con­ duta e seu ponto de vista.

Se não o fizer, correrá riscos conside­ ráveis.

Traço 4: tem de tomar uma decisão difícil ou deve correr algum risco. Pa­ rece que está consciente disso e vai tomar as precauções necessárias para agir.

Minimizará os perigos e atingirá o ob­ jetivo.

Traço 5: você confia em si mesmo, em suas capacidades, em seus meios, não hesita nem um só instante em

tomar iniciativas, em avançar, em pro­ gredir.

Tem, sem dúvida alguma, bons motivos para agir como age, mas

seria bom que procedesse com um pouco mais de sabedoria

e ponderação.

A tomada de certas pre­ cauções deveria ser positiva [ para seus intentos. I Traço 6: você percorreu

um longo caminho. Talvez esteja mesmo pres­ tes a conseguir seu objetivo. Estará a se perguntar se vai obter tudo o que quer ou me­ rece.

Para sabê-lo, recorde o trajeto que percorreu e avalie seu comporta­ mento. Se agiu bem, se se comportou corretamente, será recompensado e fi­ cará satisfeito.

Conselho prático revelado

pelo hexagrama 10

A conduta é a que adotamos na vida. É bom ser flexível, compreensivo e to-lerante com os demais, ou saber adap-tar-se às circunstâncias, mas devemos ser rigorosos com nós mesmos. Sem uma certa autodisciplina, não podemos alcançar nem empreender nada. Devem ser impostas certas regras e depois res-peitá-las para evitar maus comporta-mentos ou desviar-se do caminho tra-çado.

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