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Os vídeos do YouTube na aula de Português (língua materna) e de Espanhol (língua estrangeira)

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Academic year: 2021

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2.º CICLO

MESTRADO EM ENSINO DE PORTUGUÊS E DE LÍNGUA ESTRANGEIRA NO 3.º CICLO DO ENSINO BÁSICO E NO ENSINO SECUNDÁRIO NA ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO DE ESPANHOL

Os vídeos do YouTube na aula de

Português (língua materna) e de Espanhol

(língua estrangeira)

Diana Bessa Fernandes

M

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Diana Bessa Fernandes

Os vídeos do YouTube na aula de Português (língua materna) e de

Espanhol (língua estrangeira)

Relatório realizado no âmbito do Mestrado em Ensino de Português e de Língua Estrangeira no 3.º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário na área de especialização de Espanhol,

orientado pelo Professor Doutor Paulo Jorge de Sousa Oliveira Santos e coorientado pela Professora Doutora Isabel Margarida Ribeiro de Oliveira Duarte e pela professora Doutora

María del Pilar Nicolás Martínez

Orientadoras de Estágio: Doutora Fernanda Delindro e Doutora Cláudia Messias Supervisoras de Estágio: Professora Doutora Isabel Morujão e Professora Doutora Pilar

Nicolás Martínez

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Os vídeos do YouTube na aula de Português (língua materna) e de

Espanhol (língua estrangeira)

Diana Bessa Fernandes

Relatório realizado no âmbito do Mestrado em Ensino de Português e de Língua Estrangeira no 3.º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário na área de especialização de Espanhol,

orientado pelo Professor Doutor Paulo Jorge de Sousa Oliveira Santos e coorientado pela Professora Doutora Isabel Margarida Ribeiro de Oliveira Duarte e pela professora Doutora

María del Pilar Nicolás Martínez

Orientadoras de Estágio: Doutora Fernanda Delindro e Doutora Cláudia Messias Supervisoras de Estágio: Professora Doutora Isabel Morujão e Professora Doutora Pilar

Nicolás Martínez

Membros do Júri

Professor Doutor Rogelio José Ponce de León Romeo Faculdade de Letras - Universidade do Porto

Professora Doutora Maria Alexandra de Sá Dias da Costa

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação – Universidade do Porto

Professor Doutor Paulo Jorge de Sousa Oliveira Santos Faculdade de Letras - Universidade do Porto

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Sumário

Declaração de honra ... 8 Agradecimentos ... 9 Resumo ... 11 Abstract ... 12 Resumen ... 13 Índice de ilustrações ... 14 Índice de tabelas ... 15

Lista de abreviaturas e siglas ... 16

Introdução ... 17

Capítulo 1. – Enquadramento teórico ... 20

1.1. As Novas Tecnologias no Ensino ... 20

1.1.1. Os alunos dos dias de hoje como nativos digitais ... 22

1.2. O recurso audiovisual ... 24

1.2.1. Considerações para a utilização do vídeo como recurso didático ... 28

1.2.2. O papel do professor relativamente à utilização do vídeo nas aulas ... 34

1.2.3. Vantagens e inconvenientes da utilização do vídeo nas aulas ...37

1.3. O YouTube... 41

1.3.1. O YouTube como fonte de recursos didáticos ... 43

1.3.2. Os vídeos do YouTube como complemento ao manual escolar ...45

1.4. Possíveis aplicações didáticas com recurso ao YouTube ... 47

Capítulo 2. – Prática letiva em contexto de estágio pedagógico ... 53

2.1. Contexto de estágio pedagógico ...53

2.1.1. A instituição de ensino... 53

2.1.2. As turmas ... 54

2.2. Diagnose inicial... 56

2.2.1. Aplicação de um questionário inicial ... 56

2.2.2. Resultados do questionário inicial... 58

2.3. Descrição do plano de intervenção pedagógico-didático ... 60

2.3.1. Atividades didáticas desenvolvidas na disciplina de Português... 66

2.3.2. Atividades didáticas desenvolvidas na disciplina de Espanhol ... 71

2.4. Resultados do plano de intervenção pedagógico-didático ... 77

Considerações finais ... 81

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Declaração de honra

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e autoplágio constitui um ilícito académico.

Porto, 18 de setembro de 2019

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Agradecimentos

Não poderia deixar de agradecer a todos as pessoas que foram fundamentais para a realização deste trabalho.

Começo por demonstrar a minha gratidão às figuras que ocupam o primeiro lugar na minha vida, os meus pais. Sem eles, a concretização deste trabalho não seria possível. Por toda a vossa paciência e apoio ao longo de toda a minha vida mas especialmente, nestes cinco últimos anos, o meu profundo agradecimento.

Ao meu irmão Ricardo por ser a minha motivação diária e por toda a companhia que me fez no decorrer deste processo, contagiando-me, inevitavelmente, com a sua alegria.

Ao Diogo por, muitas vezes, acreditar mais em mim do que eu própria. Por ter sempre uma palavra positiva, pela compreensão demonstrada em todos os momentos, pela força que me deu a cada insegurança minha.

Agradeço, ainda, à minha colega de estágio, Margarida Pereira, por partilhar comigo um ano que será inesquecível para ambas. Além de ensinarmos, tenho a certeza que, neste estágio, também aprendemos muito uma com a outra.

Às orientadoras de estágio, professora Cláudia Messias e professora Fernanda Delindro, pela relação de proximidade que criamos, por todos os conselhos sábios partilhados, por todo o apoio revelado durante este ano letivo. Ser-vos-ei eternamente grata.

Agradeço, obviamente, ao professor Paulo Santos, pelo profissionalismo demonstrado na orientação deste trabalho. Por toda a sua disponibilidade, conselhos e sugestões, o meu sincero agradecimento.

À professora Isabel Margarida Duarte, agradeço pela sua prontidão no apoio à realização deste relatório, com todas as sugestões, comentários e correções.

À professora Pilar Nicolás Martínez, não só como coorientadora deste trabalho, mas como supervisora de estágio, não posso deixar de agradecer o seu acompanhamento ao longo deste ano letivo. Os seus conselhos foram fundamentais, tanto para a

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concretização do estágio, como para a realização deste relatório.

De uma forma geral, agradeço a estes três professores por se terem revelado um exemplo como profissionais ao longo dos meus anos de faculdade e, por isso, serem uma referência para mim enquanto docentes.

Às minhas amigas, Bárbara e Mariana, por acompanharem, de perto, mais uma etapa da minha vida.

A toda a minha família, pela preocupação constante e pelo apoio incondicional, hoje e sempre.

Por fim, a ti, L., por guiares todos os meus passos.

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Resumo

Atualmente, as novas tecnologias têm uma presença ativa na vida de todos nós. Neste sentido, é importante que o professor saiba utilizá-las, nas suas aulas, de forma produtiva e motivadora para os seus alunos. Este trabalho incide sobre a utilização dos vídeos do YouTube como uma ferramenta didática na aula de línguas, mais concretamente, no que se refere ao ensino de Português língua materna e de Espanhol língua estrangeira. Neste contexto, é importante conhecer as vantagens e inconvenientes da aplicação deste recurso audiovisual e que o docente tome consciência da importância do seu papel nas aulas em que utiliza este recurso didático. O objetivo deste trabalho é o de analisar o impacto da utilização dos vídeos do YouTube na aprendizagem dos estudantes. Na parte teórica deste relatório, exploram-se os principais conceitos associados ao tema deste projeto de investigação. Na parte empírica, encontram-se descritas, criticamente, as atividades didáticas desenvolvidas pela autora deste trabalho no decorrer do seu período de estágio pedagógico. Embora sem poder fazer generalizações, houve a preocupação de avaliar, na medida do possível, a utilidade da intervenção realizada que, de forma geral, se revelou bastante positiva.

Palavras-chave: YouTube, recurso didático, recurso audiovisual, português língua

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Abstract

Nowadays, new technologies have an active presence in our lives. In this sense, it is important that teachers know how to use them in their classes in a productive and motivating way for their students. This work focuses on the use of YouTube videos as a didactic tool in the language class, specifically with regard to teaching Portuguese as mother language, and Spanish as foreign language. In this context, it is important to know the advantages and disadvantages of applying this audiovisual resource, as well the teachers should be aware of the importance of its role in the classes in which they use this didactic resource. Therefore, the purpose of this paper is to analyze the impact of using YouTube videos on student learning. The theoretical part of this manuscript explores the main concepts associated with the theme of this research project, while in the practical part we critically describe the didactic activities developed by the author of this work during her pedagogical internship period. Although it is difficult to generalize, there was a concern to evaluate, as far as possible, the usefulness of the intervention performed, which the overall feedback was positive.

Keywords: YouTube, didactic resource, audiovisual resource, Portuguese mother

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Resumen

En los días de hoy, las nuevas tecnologías tienen una presencia activa en nuestras vidas. En este sentido, es importante que el profesor sepa cómo usarlos en sus clases de una manera productiva y motivadora para su alumnado. Este trabajo se centra en el uso de videos de YouTube como una herramienta didáctica en la clase de idiomas, específicamente con respecto a la enseñanza del portugués como lengua materna y el español como lengua extranjera. En este contexto, es importante conocer las ventajas y desventajas de aplicar este recurso audiovisual y que el docente sea consciente de la importancia de su papel en las clases en las que utiliza este recurso didáctico. El propósito de este documento es, por lo tanto, analizar el impacto del uso de videos de

YouTube en el aprendizaje de los estudiantes. La parte teórica de este informe explora

los conceptos principales asociados con el tema de este proyecto de investigación. En la parte práctica describimos, críticamente, las actividades didácticas desarrolladas por el autor de este trabajo durante su período de prácticas pedagógicas. Aunque no es posible hacer generalizaciones, hubo una preocupación por evaluar, en la medida de lo posible, la utilidad de la intervención que, de manera general, fue positiva.

Palabras clave: YouTube, recurso didáctico, recurso audiovisual, portugués lengua

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Índice de ilustrações

Figura 1- Esquemas das Áreas de Competência do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória (p. 67)

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Índice de tabelas

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Lista de abreviaturas e siglas

AERT3 Agrupamento de Escolas de Rio Tinto n.º 3

TIC Tecnologias da Informação e da Comunicação

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Introdução

Nos últimos tempos, tem-se assistido a uma autêntica revolução tecnológica. Isto acontece em variadíssimas esferas da vida em geral; seja no campo científico, industrial ou mesmo no contexto educativo. Estamos rodeados pela tecnologia. Todos os dias nos damos conta do mais recente lançamento informático ou, por exemplo, de um tratamento médico incrivelmente inovador.

Efetivamente, toda esta inovação chega até nós, originária dos mais diversos campos. Foquemos a nossa atenção no que se refere ao contexto educativo. Longe vão os tempos em que os docentes apenas lecionavam as suas aulas unicamente recorrendo a elementos tão simples como um quadro, giz, papel e caneta. Atualmente, a acompanhar estes recursos têm, em muitos casos, computadores, retroprojetores, quadros interativos ou a Internet.

Neste contexto, a tradicional transmissão oral do conhecimento por parte do docente pode ser enriquecida através destas ferramentas mais inovadoras. O professor tem, assim, a possibilidade de adicionar à sua explicação a imagem e o som, por exemplo.

E estes dois elementos (imagem e som) são tão familiares para os jovens dos dias de hoje, uma vez que nasceram e cresceram numa era caraterizada pela tecnologia. Estes estímulos visuais e sonoros foram-lhes chegando desde a televisão, o computador, o telemóvel ou as consolas de jogos. Eles são, numa conhecida expressão, nativos digitais.

Se estes são focos de interesse dos nossos jovens de hoje em dia, porque não tentar incluí-los no ambiente educativo? Porque não utilizar estas ferramentas ao serviço da aprendizagem? De facto, é possível verificar que se tem assistido, cada vez mais, a uma preocupação dos agentes educativos relativamente a estas questões.

No que diz respeito à minha experiência pessoal, pude comprovar que, ao longo do meu percurso académico, de uma forma geral, os professores sentiram a necessidade de ajustar a sua atuação conforme as inovações que foram surgindo. Também as escolas

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se foram dotando de novos recursos tecnológicos. Creio que esta constante atualização não irá abrandar. Penso, até, que estes avanços tecnológicos se repercutirão ainda com maior rapidez.

Neste sentido, importa que os docentes conheçam os recursos que têm à sua disposição, para satisfazer as suas necessidades e, principalmente, as necessidades dos alunos que, atualmente, aprendem de forma distinta do que acontecia há anos atrás. Um exemplo desses recursos didáticos mais recentes são os vídeos. O recurso audiovisual tem vindo a ganhar adesão por parte dos professores, começando a ser cada vez mais comum utilizá-lo nas aulas.

Na aula de línguas, o vídeo pode assumir uma importância particularmente relevante, uma vez que, através dele, é possível explorar várias vertentes do idioma em estudo. Falamos, por exemplo, da fonética, da gramática, de elementos paralínguísticos (como o tom de voz ou os gestos) e até de questões culturais. Ao existir a possibilidade de ver a língua “em ação” num contexto específico, podendo mesmo ser um contexto real, a aprendizagem pode revelar-se mais eficaz, já que permite aos alunos visualizarem o que aprendem, para que aprendem e em que contextos o que aprendem lhes será útil na vida real.

Neste trabalho, ter-se-á como foco a utilização dos vídeos do YouTube como recurso didático na aula de línguas. Considero que esta é uma plataforma com um enorme potencial didáctico, dado que nela se encontram inúmeros vídeos. Além disso, é bastante acessível, necessitando-se apenas de conexão à Internet para aceder a este site. Muitas escolas do nosso país possuem já essa conexão, o que permite que este recurso em específico possa ser utilizado nas aulas por parte do professor.

Este relatório, elaborado no âmbito de Mestrado em Ensino de Português e de Língua Estrangeira no 3.º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário na área de especialização de Espanhol, estrutura-se em dois grandes capítulos que, por sua vez, se subdividem em diversos subcapítulos.

O primeiro capítulo é dedicado ao enquadramento teórico, no qual se procura explicitar alguns dos principais conceitos relacionados com a utilização dos vídeos do

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YouTube nas aulas de Português língua materna e de Espanhol língua estrangeira.

Começo por referir a utilização das novas tecnologias no contexto escolar, seguindo-se um subcapítulo dedicado ao recurso audiovisual no geral. Nesta parte do trabalho, procurarei referir algumas considerações a ter em conta para a utilização do audiovisual como recurso didático. Além disso, refletirei também acerca do papel do professor no que se refere à utilização do vídeo nas suas aulas. Apresentarei, ainda, algumas vantagens e alguns inconvenientes associados a este recurso. De forma mais específica, dedicar-me-ei a uma contextualização relativamente à plataforma YouTube, procurando esclarecer em que consiste, como surgiu e como funciona. Sobre o

YouTube, explicarei de que forma se pode constituir como uma fonte de recursos

didáticos, uma vez que esta plataforma pode ser caraterizada como uma espécie de “biblioteca de vídeos”. Também procurarei referir como pode o uso dos vídeos do

YouTube complementar a utilização do manual escolar. Terminarei este capítulo,

apresentando algumas possibilidades de exploração didática recorrendo aos vídeos do

YouTube.

O segundo capítulo estará relacionado com a prática letiva desenvolvida no estágio pedagógico que realizei no ano letivo 2018/2019.

Assim, procederei a uma breve descrição sobre o contexto de estágio, caraterizando, não só a escola, como as turmas às quais dei aulas durante esse período de estágio. Indicarei, também, alguns dados relativos ao diagnóstico que realizei no início do ano letivo, através da aplicação de um questionário. Finalmente, apresentarei o plano de intervenção pedagógico-didático, referindo as atividades que desenvolvi nas duas disciplinas que lecionei (Português e Espanhol) e comentando os resultados obtidos.

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Capítulo 1. – Enquadramento teórico

1.1. As Novas Tecnologias no Ensino

Começa a ser um lugar-comum dizer que vivemos na era das novas tecnologias da informação e da comunicação (TIC ou NTIC). É um facto que “Las nuevas tecnologías de la información y de la comunicación (TIC o NTIC) transforman de forma espectacular nuestras maneras de comunicarnos, pero también de trabajar, decidir y pensar” (Perrenoud, 2004, p. 107). As TIC invadiram completamente as nossas vidas, estando presentes em várias áreas:

Agora, na escola, no trabalho e em casa, podemos aprender continuamente, de forma flexível, reunidos numa sala ou distantes geograficamente, mas conectados através de redes de televisão e da Internet. O presencial se torna mais virtual e a educação a distância se torna mais presencial. Os encontros em um mesmo espaço físico se combinam com os encontros virtuais, a distância, através da Internet e da televisão (Moran, 2005, p. 18).

Como referido, na área da educação e do ensino não é diferente. Mais do que nunca, o professor dos dias de hoje deve dominar as novas tecnologias. Estar atualizado é fundamental porque, como é natural, a forma de ensinar atualmente não pode ser igual à de há alguns anos atrás. Os alunos de hoje vivem uma realidade diferente, possuindo necessidades distintas: “El siglo XXI es el del lenguaje audiovisual, y los docentes debemos dominarlo tanto o más que el escrito; no podemos luchar contra la forma en que nuestros alumnos aprenden, se relacionan y entran en contacto con el mundo que les rodea” (Martínez, 2016, p. 187).

A informação de que dispomos atualmente já não se encontra acessível apenas em livros ou enciclopédias como acontecia outrora; hoje, ela está disponível em diferentes formatos e é possível encontrá-la de forma rápida e dinâmica (Almeida, Silva, Junior & Borges, 2015). Neste sentido, os professores estão a redefinir o seu papel enquanto educadores e transmissores de conhecimento. Tal como Pazzini e Araújo (2013)

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afirmam, hoje em dia, “os educadores estão se adaptando, realizando mudanças, com a certeza de que é necessário integrar o humano e o tecnológico, para tornar a tecnologia uma aliada no apoio ao ensino e aprendizagem” (sem página). Isto acontece porque, segundo Moran (2005), “os modelos de educação tradicional não nos servem mais” (p. 18). Os docentes sentem necessidade de inovar as suas práticas e isso pode passar pela adoção de metodologias mais modernas, a maior parte delas relacionadas com a tecnologia.

De facto, a tecnologia, se usada eficazmente, trará inúmeros benefícios à

educação. O docente poderá tirar partido dela, de diversas formas. Melonio, Melonio e Façanha (2018) referem especificamente o caso das redes sociais:

As redes sociais também podem servir como ferramenta para o processo ensino-aprendizagem facilitando a divulgação de informações envolvendo temas estudados em sala de aula, compartilhando documentos, apresentações, links, vídeo, documentos, etc., assim como fortalecer o envolvimento entre alunos e professores, por meio de um novo canal de comunicação (p. 2).

À semelhança das redes sociais, também a plataforma YouTube – tema principal deste trabalho – poderá constituir-se como uma ferramenta útil e, acima de tudo, eficaz no contexto de sala de aula, por diversas razões, às quais me dedicarei num momento posterior deste relatório.

Nesta fase do trabalho, será importante reter a ideia de que é fundamental que os docentes sejam capazes de dar resposta aos desafios atualmente colocados pelos jovens. Uma transformação no contexto escolar só será possível através da tecnologia. Neste sentido, os professores terão que repensar os seus métodos e os seus objetivos pedagógicos (Silva, 1998).

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1.1.1. Os alunos dos dias de hoje como nativos digitais

Prensky (2001) atribui uma denominação aos estudantes dos dias que correm: “Nativos Digitais”. Para definição deste conceito apresenta a seguinte explicação: “Os alunos de hoje […] representam as primeiras gerações que cresceram com esta nova tecnologia. […] são todos “falantes nativos” da linguagem digital dos computadores, vídeo games e internet” (sem página).

Também Martínez (2016) utiliza esta expressão para se referir aos jovens contemporâneos:

No olvidemos que estas nuevas generaciones, nacidas al calor del cambio de siglo, pueden ser definidas plenamente como “nativos digitales”, es decir, que han nacido con Internet, con YouTube o con redes sociales; un atractivo escaparate en el que el conocimiento ya no es lineal, sino interrelacionado, interactivo y enriquecido (p. 186).

Perrenoud referia em 2004: “Al ritmo al que van las cosas, la comunicación por correo electrónico y la consulta en Internet se convertirán, en algunos años, en algo tan banal como usar el teléfono” (p. 109). Esta afirmação não poderia estar mais correta. Descreve, aliás, o que é o nosso presente. De facto, o acesso à Internet e uso do e-mail são, atualmente, ações que nos são totalmente familiares. Além de já serem hábitos tão comuns como usar o telemóvel, são até tarefas que conseguimos realizar através do próprio telemóvel (se este for minimamente recente ou mesmo um smartphone).

Os nossos alunos nasceram já envolvidos por esta atmosfera tecnológica e, portanto, há que ter em consideração que estes nativos digitais encontram o conhecimento em vários meios, desde a televisão à Internet. Moderno (1998) acrescenta que “os alunos educam-se não só no ambiente escolar, mas graças às suas experiências quotidianas, extra-escolares” (p. 91). É importante ter em conta que muitas dessas experiências passam pelo recurso ao audiovisual (vídeos, televisão, videojogos, entre outros). Segundo a opinião de Moderno (1998), os estudantes têm acesso, atualmente, a um “self-service” de sons e imagens que o professor deve ser capaz de explorar de

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forma hábil, nomeadamente, pela introdução do recurso audiovisual nas suas aulas. O mesmo autor refere ainda que

O educador já não pode ignorar a contribuição das mass-media e dos self-media que constituem para os alunos de hoje o que Friedman chamou de “escola paralela”, cujo papel de informação é, muitas vezes, mais rico e diversificado que o da escola propriamente dita. Daqui resulta que os alunos tenham um conhecimento e uma familiaridade com as mensagens audiovisuais superiores a muitos adultos. Por outro lado, a nova geração apareceu já num mundo de imagens e rodeada de computadores (p. 91).

O que acontece é que a maior parte dos professores que se encontram em funções neste momento não nasceram nesta geração e, por muito que tenham vindo a estabelecer contacto com as novas tecnologias, estas não são para eles tão familiares como para os nativos digitais. Há, portanto, um desnível entre as competências digitais dos professores e as dos respetivos alunos. Neste sentido, Prensky (2001) denomina aqueles como “Imigrantes Digitais”:

Aqueles que não nasceram no mundo digital, mas em alguma época de nossas vidas, ficou fascinado e adotou muitos ou a maioria dos aspectos da nova tecnologia são, e sempre serão comparados a eles [nativos digitais], sendo chamados de Imigrantes Digitais. […] Os nossos instrutores Imigrantes Digitais, que usam uma linguagem ultrapassada (da era pré-digital), estão lutando para ensinar uma população que fala uma linguagem totalmente nova (sem página).

O professor deverá procurar reinventar as suas aulas, as suas metodologias de ensino, face aos novos objetivos de aprendizagem e às necessidades dos alunos dos dias de hoje que não encontrarão motivação nas antigas técnicas da pedagogia tradicional (Thurler, 2002). A profissão docente necessita de uma atualização das suas práticas. Além disso, os professores e educadores do século XXI devem ter a consciência de que

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têm à sua disposição variadíssimas ferramentas que seduzem, motivam e fomentam a aprendizagem dos alunos; ferramentas inovadoras, metodologias e técnicas recentes que fazem sobressair os aspetos positivos associados às novas tecnologias e que estabelecem laços entre o conhecimento e os estudantes dos dias que correm (Martínez, 2016).

Por tudo o que fica dito, é essencial que os professores se dotem de informação e formação sobre os recursos audiovisuais, nomeadamente sobre os mais recentes e atrativos para os estudantes, atualmente.

1.2. O recurso audiovisual

Associado às novas tecnologias, temos o audiovisual. Seja através da televisão, ou mesmo do computador, estamos rodeados de informação visual e auditiva: nos anúncios publicitários, em filmes, no telejornal e em muitos outros exemplos que poderia continuar a elencar. Não restam dúvidas de que o audiovisual invadiu as nossas vidas. Da mesma forma, invadiu também a vida dos nossos jovens e o professor deve estar ciente disso. Neste sentido, é fundamental que o docente procure aproximar as matérias escolares da realidade dos estudantes. Uma das formas para o conseguir poderá passar pela utilização do recurso audiovisual na sala de aula.

Sobre o recurso audiovisual, Moran (1995) explica que

O vídeo é sensorial, visual, linguagem falada, linguagem musical e escrita. Linguagens que interagem superpostas, interligadas, somadas, não separadas. Daí a sua força. Nos atingem por todos os sentidos e de todas as maneiras. […] O vídeo combina a comunicação sensorial-cinestésica, com a audiovisual, a intuição com a lógica, a emoção com a razão. Combina, mas começa pelo sensorial, pelo emocional e pelo intuitivo, para atingir posteriormente o racional (p. 28).

Não nos podemos esquecer que, de facto, o vídeo é um forte estimulante dos nossos sentidos, em particular, da visão e da audição. Neste contexto, é possível

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constatar que, por intermédio do vídeo “sentimos, experienciamos sensorialmente o outro, o mundo, nós mesmos” (Moran, 1995, p. 27). Comparando a linguagem escrita com a linguagem audiovisual, o mesmo autor acrescenta que “a linguagem audiovisual desenvolve múltiplas atitudes perceptivas: solicita constantemente a imaginação e reinveste a afetividade com um papel de mediação primordial no mundo, enquanto que a linguagem escrita desenvolve mais o rigor, a organização, a abstração e a análise lógica” (p. 29).

Não pretendo com isto dizer que a linguagem audiovisual se sobrepõe à linguagem escrita, a nível de importância no contexto educativo. Acredito que ambas são relevantes e se podem complementar mutuamente. Não será produtivo abdicar de uma em detrimento da outra. No entanto, tendo em conta o tema deste trabalho, deter-me-ei a aprofundar a vertente audiovisual aplicada ao contexto do ensino, sem que isto signifique qualquer menosprezo pela importância da escrita na aula de línguas.

De acordo com Schneider, Caetano e Ribeiro (2012), a tecnologia e, por consequência, o vídeo são, atualmente, bastante familiares aos nossos jovens, constatação, aliás, que qualquer um de nós fará facilmente de forma intuitiva: “O vídeo tem um poder de ilustração muito forte, prende atenção quando bem estruturado e elaborado. Tem movimento, áudio e, muitas vezes, é autoexplicativo” (p.3). Neste contexto, estes autores constatam ainda que “A tecnologia está cada vez mais presente na vida dos alunos e em virtude desse dinamismo, a produção de vídeos digitais de curta duração está cada vez mais popular” (p. 3).

Os vídeos tornam-se, portanto, uma atrativa fonte de lazer e de divertimento e também um recurso educativo notável (Silva & Figueiredo, 1997). Neste âmbito, Moran (1995) assinala a ligação existente entre a televisão e o vídeo, referindo que este último “está umbilicalmente ligado à televisão e a um contexto de lazer, e entretenimento, que passa imperceptivelmente para a sala de aula” (p. 27).

Não é viável, portanto, comunicar com o aluno apenas de forma verbal, uma vez que, atualmente, os alunos estão rodeados de grafismos, de sons e de imagens. Isso seria afastar a escola da realidade do estudante, adotando uma pedagogia muito pouco

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adequada às caraterísticas dos jovens de hoje em dia (Moderno, 1998).

Skinner (1970) salienta a eficácia deste recurso educativo, referindo que “los recursos audiovisuales […] presentan materiales que aprender y, cuando resultan como es debido, lo hacen con tanta claridad y con tanto interés que el estudiante aprende” (p. 43). Todavia, em alguns casos, este tipo de recursos ainda não são encarados com a devida importância pelos docentes, quer porque não os dominam, quer porque lhes parece que a escola não deve ser um espaço de diversão e prazer. Como salientam Silva e Figueiredo (1997) eles

são usados muitas frequentemente “se houver tempo para isso” depois da exposição magistral do professor ou do estudo do manual. Neste âmbito, são considerados como meros auxiliares, complementando o processo ensino-aprendizagem. A utilização pedagógica da imagem tornou-se cada vez mais indispensável numa civilização audiovisual e multimédia. Mais do que ser complemento deverá existir uma simbiose entre o audiovisual e a formação do indíviduo (p. 5).

Noutros casos, segundo Moran (1995), a utilização desadequada do audiovisual em sala de aula pelos docentes, leva a que o aluno associe este tipo de recurso a um momento de “pausa” da aula e, por conseguinte, da aprendizagem:

Vídeo, na cabeça dos alunos, significa descanso e não "aula", o que modifica a postura, as expectativas em relação ao seu uso. Precisamos aproveitar essa expectativa positiva para atrair o aluno para os assuntos do nosso planejamento pedagógico. Mas ao mesmo tempo, saber que necessitamos prestar atenção para estabelecer novas pontes entre o vídeo e as outras dinâmicas da aula (p. 27).

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adoção de novas metodologias de ensino, nomeadamente, pela introdução deste recurso na prática letiva dos docentes, dado que estes começam a compreender a relevância e a pertinência do vídeocomo sublinham Almeida, Silva, Junior e Borges (2015):

A linguagem audiovisual perpassa atualmente os patamares da educação cognitiva, sendo de extrema importância o ver para compreender e aprender, através não apenas dos códigos escritos e sim através das imagens. Ao longo dos anos, o mundo educacional vem transformando seu pilar de educação moldado apenas na oralidade do professor e voltando também para as ferramentas educacionais audiovisuais, o que agrega valores cognitivos importantes para o desenvolvimento social, pois, trabalha diversos sentidos através dos elementos visuais como fotografias, áudio, vídeo, imagens, voz humana e efeitos visuais.

Podemos acrescentar ainda, sobre a linguagem audiovisual, que o uso desta se revela uma estratégia extremamente eficiente na apresentação de elementos culturais, conteúdo especialmente relevante no ensino de línguas. No que se refere à aprendizagem de uma língua estrangeira, é importante aprender também a cultura dessa língua, através de casos práticos de comunicação entre os seus falantes. Assim sendo, devido ao seu poder de ilustração, o vídeo constitui-se como um suporte fidedigno e eficaz na transmissão cultural de uma língua estrangeira (Corpas Viñals, 2000).

É inquestionável que “o vídeo é […] um poderoso meio que leva informação, cultura e lazer a qualquer lado, quer dentro da sala de aula, quer dentro do espaço familiar, quer no âmbito de pequenos ou grandes grupos” (Cerca, 1998, p. 148). Neste âmbito, “a escola, como comunidade educativa que é, não pode fechar-se a esta nova forma de comunicação, nem pode alhear-se das imensas potencialidades que este recurso audiovisual oferece” (Cerca, 1998, p. 148).

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partem do concreto, do visível, do imediato, próximo, que toca todos os sentidos. Mexem com o corpo, com a pele, as sensações e os sentimentos - nos tocam e "tocamos" os outros, estão ao nosso alcance através dos recortes visuais, do close, do som estéreo envolvente (p.97).

Este autor deixa, ainda, um conselho aos professores: “Isso nos dá pistas para começar na sala de aula pelo sensorial, pelo afetivo, pelo que toca o aluno antes de falar de idéias, de conceitos, de teorias” (Moran, 2005, p. 97). No fundo, “partir do concreto para o abstrato, do imediato para o mediato, da ação para a reflexão, da produção para a teorização” (Moran, 2005, p. 97). Talvez desta forma consigamos, como educadores, “tocar” os nossos alunos e efetivar aprendizagens de forma mais significativa. Já Sousa (1990) em “Agora não posso. Estou a ler!”, advoga, a propósito da leitura, a mesma ideia de se começar pelo afetivo para, depois, passar a aprendizagens mais intelectualizadas.

Contudo, é importante ter em conta que a utilização do audiovisual, tal como qualquer outro recurso, deve ser ponderada, refletida e, principalmente, muito bem planificada. Para tal, decidi compilar, no subcapítulo que se segue, algumas considerações a ter em conta no momento de programar uma aula na qual se pretenda utilizar o vídeo.

1.2.1. Considerações para a utilização do vídeo como recurso didático

Em primeiro lugar, começarei por comentar o processo de escolha do vídeo a utilizar na aula. Barrallo e Garro (2010) propõem duas vias para esta seleção: “Por un lado podemos partir del objeto (necessidades de los alunos, tema, gramática, cultura, etc.) y buscar un vídeo que se adecue. O bien partir del vídeo y establecer la unidad didáctica” (p. 84). De facto, é possível “cruzarmo-nos” com um vídeo e pensar que, enquanto docentes, o poderíamos utilizar nas nossas aulas, seja para comentar algum aspeto linguístico, seja para promover algum comportamento, atitude ou valor, por exemplo. Não nos podemos esquecer desta componente tão importante e necessária na

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educação dos nossos jovens. Por outro lado, é também possível procurar um vídeo sobre um determinado aspeto (questão gramatical, temática, ou outra) que queremos trabalhar em aula.

Em qualquer caso, é fundamental procurar ter em conta a adequação do vídeo ao público a que se dirige o mesmo, tal como referem Barrallo e Garro (2010):

Cuando nos encontramos con un vídeo que nos agrada por cualquier motivo, no podemos utilizarlo porque sí, sino que ha de pasar un proceso de adecuación, tanto formal como de contenido, para adaptarlo al objeto, al nivel, al grupo y a la cultura del aprendiz. Sin embargo, puesto que un mismo vídeo nos puede servir para explotar diferentes funciones o contenidos y en diferentes niveles, el proceso de adecuación de un mismo video podrá variar dependiendo de estos factores (p. 84).

Como comentam as autoras, um mesmo vídeo pode ser explorado com diferentes alunos, servindo diferentes objetivos, focando diferentes aspetos, proporcionando diferentes atividades. Também Sierra Plo (1990) corrobora esta ideia, mencionando que “la finalidad para que se vaya a usar una determinada secuencia [vídeo] dependerá del nivel de los alumnos y de las técnicas que se consideren más apropiadas para ellos” (p. 197). O autor acrescenta, ainda, que uma aula com recurso ao vídeo pode servir vários objetivos, como: explorar aspetos linguísticos ou paralinguísticos; ser o ponto de partida para a realização de atividades como, por exemplo, troca de ideias, busca de soluções para problemas que surjam no vídeo, discussão sobre o que se acaba de visualizar, comentário sobre as diferenças culturais, debates sobre temas ou problemas que sejam apresentados ou sugeridos pelo vídeo em questão. (Sierra Plo, 1990)

Ainda assim, é importante que o docente tenha em conta que estes vídeos devem ser adequados ao público-alvo, neste caso, estudantes com determinadas caraterísticas, que variarão de turma para turma, de aluno para aluno. Há que ter também em conta a idade intelectual e emocional dos nossos alunos (Almeida, Silva, Junior & Borges,

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2015).

Além disso, ao utilizar o recurso audiovisual, o docente “deve estar atento à percepção que os alunos passam do vídeo, através de sua sensibilidade e senso crítico, fomentando a alfabetização audiovisual, a criticidade e a busca da reflexão” (Almeida, Silva, Junior & Borges, 2015, sem página). Ou seja, os vídeos devem ser utilizados de forma crítica, procurando-se que os alunos não sejam meros consumidores passivos. Sobre os vídeos do YouTube, em específico, também Bispo e Barros (2016) assinalam a importância de fomentar a reflexão e o espírito crítico dos estudantes, no entanto, essa reflexão começa, antes da aula, por parte do docente quando equaciona a possibilidade de levar um determinado vídeo para a sala de aula:

As escolhas dos vídeos do Youtube devem estar ligadas ao conteúdo que será explorado em sala de aula. Não devem ser introduzidos de maneira isolada, sem que haja um processo de reflexão, de apropriação, de uma visão crítica por parte do professor, que deve levar os alunos a refletirem quanto ao assunto que está sendo apresentado. Ou seja, o vídeo é um recurso didático, mas o seu conteúdo deve ser objeto de análise para a aula, se possível, levando o aluno a refletir enquanto sujeito (p. 870).

Relativamente à utilização dos vídeos do YouTube nas aulas, Almeida, Silva, Junior e Borges (2015) deixam alguns conselhos práticos aos docentes, nomeadamente:

- Verificar os aspetos positivos e negativos do vídeo de forma a escolher o vídeo mais adequado;

- Analisar se o vídeo incentivará à criticidade e reflexão do aluno;

- Certificar-se de que a linguagem e as imagens do vídeo estão adequadas à faixa etária dos estudantes;

- Realizar uma contextualização do vídeo, seja através de atividades ou de exercícios propostos pelo professor;

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- Comprovar se a qualidade do áudio, do vídeo e do equipamento está assegurada;

- Ajustar o tempo do vídeo ao tempo da aula;

- Analisar os diversos elementos do vídeo de forma cuidada: imagens, cores, elementos, texto, linguagem;

- Evitar utilizar o recurso audiovisual apenas como forma de ocupar a carga horária.

Os autores aconselham também a “informar aos alunos que o vídeo é uma das inúmeras ferramentas que podem ser utilizadas em sala de aula para o ensino e aprendizagem” (Almeida, Silva, Junior & Borges, 2015). Esta questão parece-me especialmente relevante uma vez que o YouTube é, atualmente, uma plataforma muito presente na vida dos jovens. Porque não fazê-los compreender que podem utilizar esta plataforma a favor da aprendizagem e do conhecimento? Assim, o docente poderá sugerir alguns canais de YouTube ou vídeos relacionados com a disciplina que leciona e que podem ser de consulta útil para os alunos.

Corpas Viñals (2000) fornece uma espécie de guião para o professor que pretenda utilizar o vídeo na sua aula, incluindo as seguintes recomendações:

 No momento de seleção do vídeo a ser explorado, ter em consideração as caraterísticas da turma, como, por exemplo, as idades dos alunos e os seus interesses;

 É necessário adaptar as atividades ao nível dos estudantes. O docente não pode simplesmente colocar o vídeo e pedir aos alunos que o observem. É preciso pensar previamente nas atividades que serão realizadas por eles e procurar que estas sejam motivadoras. Sobre as atividades a serem realizadas, Sherman (2003) acrescenta que, durante a visualização do vídeo, os alunos devem focar a sua atenção no mesmo e, por isso, recomenda “Keep writing or reading while viewing to a mínimum – it is difficult even for expert speakers”

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(p. 9);

 Relativamente às instruções, é fundamental explicá-las de forma clara aos alunos para que saibam, inequivocamente, o que se espera deles;

 Antes da visualização do vídeo, é preciso que o professor introduza o tema e motive os estudantes. Contudo, não deve “desvendar” demasiado sobre o vídeo, apenas introduzi-lo de forma a ambientar, contextualizar e criar expectativas. Sherman (2003) reforça esta ideia: “Find the right balance between explaining too little and explaining too much. Too little help beforehand will leave learners perplexed and frustrated; too much will rob them of the surprise and pleasure that video should bring” (p. 9);

 O vídeo não deve ser demasiado extenso. A sua duração deve ser relativamente curta, não excedendo os 5/10 minutos. Será mais produtivo voltar ao vídeo as vezes necessárias, com vista a aprofundar os aspetos estabelecidos como objetivos da aula. Relacionado com a duração do vídeo, Sierra Plo (1990) também recomenda que “la duración ha de ser adecuada a los alumnos y al tiempo de clase de que disponemos” (p. 195);

 O vídeo pode ser explorado de diferentes perspetivas, por exemplo, para trabalhar a competência escrita ou a competência oral, partindo da discussão e partilha de opiniões.

José Moran (1995) apresenta alguns tipos de vídeos que deverão ser ou não usados em sala de aula, das quais destaco apenas alguns, os que me parecem representar exemplos mais ou menos positivos de aplicação do vídeo em aula.

De uma perspectiva menos positiva, o autor refere o “vídeo-tapa-buraco”. Esta tipologia de vídeo surge quando o professor utiliza o recurso audiovisual como forma de camuflar um problema inesperado. Em algumas circunstâncias, a sua utilização poderá ser legítima. No entanto, se utilizado de forma exagerada, provocará uma desvalorização deste recurso na mente do aluno. Moran (1995) destaca, também, o

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“vídeo-deslumbramento”, usado, por norma, quando o docente é especialmente “adepto” desta metodologia e a utiliza de forma exagerada nas suas aulas. Assim, acaba por deixar de parte outras metodologias e atividades igualmente relevantes, caindo na monotonia, como um docente que apenas faça exposições orais. Ainda relacionado com uma utilização desadequada do vídeo, Moran (1995) menciona que “não é satisfatório didaticamente exibir o vídeo sem discuti-lo, sem integrá-lo com o assunto de aula, sem voltar e mostrar alguns momentos mais importantes” (p. 29).

O mesmo autor sugere algumas propostas de utilização dos vídeos em contexto escolar. Referirei duas tipologias de vídeo que considero particularmente relevantes para a aula de línguas:

a) “Vídeo como sensibilização […] Um bom vídeo é interessantíssimo para introduzir um novo assunto, para despertar a curiosidade, a motivação para novos temas. Isso facilitará o desejo de pesquisa nos alunos para aprofundar o assunto do vídeo e da matéria” (Moran, 1995, p.29);

b) “Vídeo como ilustração […] O vídeo muitas vezes ajuda a mostrar o que se fala em aula, a compor cenários desconhecidos dos alunos. […] Um vídeo traz para a sala de aula realidades distantes dos alunos […]. A vida se aproxima da escola através do vídeo” (Moran, 1995, pp. 29-30).

Tendo em conta tudo o que foi exposto neste trabalho até ao momento, fica claro que o professor tem um papel primordial para o sucesso ou insucesso da utilização do vídeo na sala de aula. Apesar de não ser possível prever a reação dos alunos face a este tipo de material, o docente deve garantir uma boa preparação da aula com recurso ao vídeo, antecipando dificuldades, problemas, distrações que o vídeo possa provocar. Com uma boa preparação, o docente aumenta as probabilidades de que essa aula seja bem sucedida. O próximo subcapítulo será, pois, dedicado a analisar o papel do professor relativamente à utilização do vídeo nas aulas.

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1.2.2. O papel do professor relativamente à utilização do vídeo nas aulas

Como já foi referido, a aula que inclua o vídeo como recurso didático, implica um grande trabalho de preparação por parte do docente para que seja devidamente produtiva e, ao mesmo tempo, motivadora para os estudantes. Se tal não acontecer, corre-se o risco de que os alunos vejam a figura do professor substituída pelo vídeo:

Siempre existe el peligro de enchufar la máquina y dejar que tome el papel del profesor. No se debería olvidar que un material de paso elegido de modo incorrecto – duración inadecuada, nivel de lengua inapropiado para los alumnos, por ejemplo – y «puesto» en la clase para que, tras su visionado, se contesten unas cuántas preguntas de comprensión general, puede convertirse en una experiencia muy poco motivadora (Sierra Plo, 1990, p. 203).

Além disso, “os audiovisuais deverão conduzir a uma modificação do papel do professor” (Pinto, 1998, p. 117) uma vez que “ele já não é o único responsável pela transmissão da matéria aos alunos, o único mestre de uma classe isolada, mas deve ter em consideração as outras fontes de informação, nomeadamente os audiovisuais” (Pinto, 1998, p. 117). Neste sentido, o docente “deve ver o aluno já não como um auditor que deve transcrever e memorizar as mensagens, mas um aprendiz que contribui para a sua própria aprendizagem utilizando todos os meios disponíveis” (Pinto, 1998, p. 117). Um desses meios é, como já mencionado, o vídeo, nomeadamente os vídeos do

YouTube. Neste sentido, o professor deve incentivar a análise crítica dos recursos

audiovisuais que explora nas suas aulas, procurando atingir os seguintes objetivos:

Os alunos devem ser capazes de: - escutar uma exposição, mas, também de olhar um filme; - criticar documentos, entre eles os audiovisuais; - trabalhar sozinho e em grupo utilizando diversas fontes de informação, nomeadamente e mais uma vez os audiovisuais. Em resumo, o professor deve tornar-se um elemento

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estimulador de interacções que se devem estabelecer, multiplicar e diversificar entre o aluno e a informação sob todas as formas (Pinto, 1998, p. 117).

Os professores que adotam esta metodologia, normalmente utilizam o vídeo como forma de tornar um momento expositivo da aula menos monótono. Assim, o docente não abdica do seu papel enquanto veiculador do conhecimento, atribuindo essa função ao vídeo. O que acontece é uma reinvenção das suas funções, a adoção de uma metodologia que, à partida, seja mais estimulante para os estudantes.

Por usar o vídeo como recurso, o professor não deixa de ter importância, muito pelo contrário. Terá de pensar no uso que lhe vai dar e em como tirar partido da sua apresentação. Além disso, não quer dizer que todos os alunos reajam de igual forma a esta estratégia de ensino dado que, como já foi sendo referido, é importante conhecer as caraterísticas do grupo em questão mas, nos casos em que este recurso pareça enquadrar-se nas caraterísticas do grupo, pode ser uma ferramenta bastante eficaz. Neste contexto,

O papel do professor, quando bem interpretado, revela-se importante e fundamental. A sua função não fica diminuída pela não transmissão da informação, componente de ensino que é desempenhada pelo documento audiovisual, mas valorizada pela capacidade de estimular o diálogo, promover a racionalidade, orientar a aprendizagem e controlar os aspectos metacognitivos. O diálogo e o pensamento crítico não nascem do ar. Naturalmente, alguém tem que dar início ao processo e é ao professor a quem compete essa responsabilidade, que com a maior imaginação e entusiasmo possíveis iniciará a comunicação do grupo (Silva, 1998, p. 391).

De facto, “cada vez mais o papel do professor deverá consistir em criar o ambiente educativo, em estimular, mais que em catequizar. Ele aconselha, guia, anima,

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coordena um conjunto de meios” (Pinto, 1998, p. 117) já que, como se sabe, hoje em dia, os nossos estudantes têm o conhecimento à sua disposição, basta pesquisá-lo. É necessário, então, que o professor estimule competências que talvez sejam mais dificeis de aprender pela Internet, por exemplo. Competências associadas à reflexão, ao pensamento crítico ou mesmo à pesquisa e à seleção de dados já que, com tanta informação, de tão fácil acesso, muitas vezes o mais complexo é saber selecioná-la, analisar a sua origem e comprovar a sua fidedignidade. Neste sentido, o docente não deve sentir-se diminuído quando “delega” algumas das suas tarefas no vídeo, uma vez que poderá tirar partido deste, um óptimo aliado no exercício das suas funções:

A «máquina audiovisual» insere-se assim num movimento mais amplo de libertação da função docente. O recurso ao audiovisual deverá permitir que se dissipe a tensão, sentida ainda por todo o professor, entre as suas duas funções de emissor e de animador: liberto de algumas tarefas secundárias e fastidiosas de apresentação e de repetição, o professor ficará em situação mais favorável para distribuir melhor os seus esforços por todos os alunos. Longe de transformar o professor num robot, a máquina vem «desmecanizá-lo», ajudá-lo a personalizar o seu ensino, a consagrar-se mais directamente e mais demoradamente às funções de preceptor, em que é insubstituível (Dieuzeide, 1965, p. 157).

O que importa é que o docente esteja ciente das mudanças que ocorrem no momento atual e saiba ser flexível no exercício da sua profissão, tendo sempre como horizonte a aprendizagem dos seus alunos. De facto, a incorporação dos media no contexto escolar é fundamental, no entanto, é necessário que, para isso, exista uma consciência de que estes meios, apesar da sua importância, não irão suplantar ou reduzir o papel do docente (Moderno, 1998).

Além disso, é necessário que o professor tenha ainda em consideração que a utilização deste recurso didático, apesar de estar associada a inúmeros benefícios, tem também algumas desvantagens. Com esta noção interiorizada, o docente será capaz de

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ponderar melhor as suas escolhas e decisões, tendo em conta as vantagens e os riscos da utilização do audiovisual na sala de aula.

1.2.3. Vantagens e inconvenientes da utilização do vídeo nas aulas

Perante as considerações tecidas ao longo deste trabalho, resultado de inúmeras leituras, não restam dúvidas de que o vídeo é uma poderosa ferramenta no processo de ensino-aprendizagem. De acordo com Maria Cândida Proença (1990), a forma como aprendemos está diretamente relacionada com os sentidos, nas seguintes proporções:

Tabela 1 - Como aprendemos (Fonte: Proença, M. C., 1990, p. 106) Como aprendemos SENTIDOS % Através da visão 83,0 Através da audição 11,0 Através do olfacto 3,5 Através do tacto 1,5 Através do gosto 1,0 TOTAL 100,0

Assim, é possível confirmar que, de facto, o vídeo é bastante eficaz para a aprendizagem dos nossos alunos, uma vez que estimula os dois sentidos mais influentes para a aprendizagem: a visão e a audição, através da imagem e do som, caraterísticas do recurso audiovisual.

No entanto, como já foi comentado anteriormente, é importante ter consciência de que apesar de vantagens, existem também algumas desvantagens associadas ao uso

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elencar algumas das vantagens e algumas dos inconvenientes referidos por diversos autores.

Quanto às vantagens, Sherman (2003), Sierra Plo (1990), Corpas Viñals (2000), Moderno (1998), Silva (1998), Ramírez-Ochoa (2016) e Barrallo e Garro (2010) afirmam que o vídeo é:

- Motivador: Esta é talvez a vantagem mais mencionada por diversos autores (Sherman, 2003; Sierra Plo, 1990; Corpas Viñals, 2000). Por ser um recurso tão inovador e tão próximo dos nossos alunos, o vídeo resulta numa estratégia bastante motivadora, também pelo facto de quebrar a monotonia da aula. Neste seguimento, espera-se que também os vídeos da plataforma YouTube – tema central deste trabalho – se constituam como um recurso didático extremamente motivador para os estudantes;

- Acessível (Sherman, 2003; Moderno, 1998): No que se refere aos vídeos de

YouTube em específico, estes são cada vez mais de fácil acesso, sendo apenas

necessária a conexão à Internet. Seja através de um computador, de um tablet ou mesmo através do telemóvel - objeto de uso diário pela maior parte de nós -, o site (www.YouTube.com) dá acesso a uma imensidão de vídeos dos mais diversos temas;

- Flexível (Silva, 1998): O vídeo, além de ser uma ferramenta versátil, dado que pode ser utilizada de diversas formas e adaptada a diferentes destinatários, é também bastante flexível:

[…] apresenta características próprias para uma boa execução didáctica: permite uma flexibilidade de utilização (já que o professor de qualquer estabelecimento pode escolher o melhor momento para utilizar o programa vídeo), a adopção de metodologias diversificadas e um feed-back imediato com a utilização das funções de paragem, pausa, voltar atrás e avançar (Silva, 1998, p. 262);

- Inovador (Sierra Plo, 1990): A utilização do computador e do vídeo na sala de aula costuma ser muito bem recebida pelos alunos, por ser um elemento surpresa na

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aula e, ao mesmo tempo, inovador, associado a metodologias mais modernas;

- Interativo (Ramírez-Ochoa, 2016): Esta caraterística relaciona-se com os vídeos da plataforma YouTube e não com o vídeo em geral. Do ponto de vista do utilizador deste site, este possui bastante liberdade, uma vez que tem a possibilidade de publicar, pesquisar, selecionar e comentar os vídeos, por exemplo. Além disso, é possível criar uma lista de reprodução, inscrever-se gratuitamente num canal ou até mesmo criar o seu próprio canal de YouTube;

- Atual (Corpas Viñals, 2000): Além de ser uma ferramenta extremamente atual, é também muito próxima da realidade dos nossos estudantes, “es un soporte muy cercano para los alumnos. En general, los alumnos más jóvenes están hoy en día menos acostumbrados a leer que a recibir información a través de imágenes (cine, vídeo, Internet, televisión)” (Corpas Viñals, 2000, p. 786);

- Útil para explorar aspetos linguísticos (Corpas Viñals, 2000): No que se relaciona com o ensino de línguas, seja ela a língua materna ou estrangeira, o vídeo permite trabalhar vários aspetos linguísticos e, em muitos casos, observar a sua ocorrência em contextos reais. Ouvir a língua é das melhores formas de a aprender, quer do ponto de vista da pronunciação, quer do léxico ou da gramática;

- Útil para explorar elementos paralinguísticos e contextuais (Corpas Viñals, 2000; Barrallo & Garro, 2010): Através do vídeo podem ser observados comportamentos, gestos, atitudes do(s) sujeito(s) interveniente(s) do vídeo, quando existente(s).

No que toca aos inconvenientes, alguns autores referem que a utilização do vídeo em sala de aula:

- Depende do domínio das novas tecnologias por parte do professor (Sierra Plo, 1990): Claro está que se o docente não se sente à vontade com a utilização das novas tecnologias, terá maior dificuldade na implementação de metodologias mais inovadoras nas suas aulas como, por exemplo, o recurso aos vídeos (nomeadamente, os vídeos

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disponíveis na plataforma YouTube). De facto, “algunos profesores no se sienten a gusto trabajando con estos equipos y prefieren no depender de la tecnología para desarrollar su actividad educativa” (Sierra Plo, 1990, p. 204);

- Está dependente da existência e do bom funcionamento dos materiais (computador, projetor, etc.) e dos recursos (Internet) (Sierra Plo, 1990): Como sabemos, a utilização do vídeo em qualquer contexto jamais será possível sem a existência dos meios adequados. Falamos, por exemplo, do computador e do projetor. No que se refere aos vídeos do YouTube, existe, ainda, outra condicionante: a conexão à Internet. É necessário que exista conexão à Internet para que se possa aceder a um vídeo do site

YouTube.com. Além disso, convém que essa conexão se encontre nas melhores

condições, de forma a evitar paragens na reprodução do vídeo ou a demora do seu carregamento que, inevitavelmente, irá quebrar o ritmo da aula.

- Pode promover a passividade (tanto por parte do aluno como por parte do professor) (Sierra Plo, 1990): Se não existir um trabalho de preparação por parte do docente para a realização destas atividades, rapidamente se pode cair no risco de tornar a aula monótona e com a ausência de um papel ativo dos seus intervenientes (professor e alunos). Esta questão está diretamente relacionada com o ponto seguinte;

- Implica um grande trabalho de preparação por parte do docente (Corpas Viñals, 2000; Sierra Plo, 1990): Como foi sendo referido, uma exploração didática eficaz deste tipo de recurso depende do trabalho desenvolvido pelo professor antes de levar o vídeo para a sala de aula. Esse trabalho passa pela análise do vídeo, pela sua visualização exaustiva para que seja possível refletir sobre a atividade que deseja desenvolver, pelos seus objetivos e pela sua adequação aos alunos e ao tempo de aula disponível.

Ainda relacionado com este momento de preparação, considero importante que o professor possua sempre uma atividade que sirva como alternativa para a dinâmica que seria realizada através da visualização do vídeo, para que, face a um imprevisto ou impossibilidade de concretização da atividade pensada inicialmente, o docente consiga recorrer a uma outra opção. Uma vez mais se comprova que, efetivamente, o trabalho de preparação por parte do professor é fulcral neste contexto.

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1.3. O YouTube

Quem nunca recorreu à plataforma YouTube para seguir uma receita culinária? Ou para resolver um problema informático? Ou simplesmente para rever o videoclip da sua música preferida?

Os vídeos do YouTube entraram nas nossas vidas de uma forma inquestionável, seja a partir de uma perspetiva mais utilitária ou meramente por lazer ou diversão. Cada utilizador chega a este site com uma necessidade diferente. Basta possuir uma ligação à Internet para ser possível, não só assistir aos vídeos, como publicar as nossas próprias produções, se assim se desejar. Como referem Almeida, Silva, Junior e Borges (2015), “indivíduos de áreas diferentes (educação, tecnologia, entretenimento, artistas e outros) unem-se nesta massa corporativa de mídia a fim de compartilhar conhecimento, opinião, discussões ou mesmo críticas a assuntos que lhe são pertinentes” (sem página). De uma forma geral, é possível definir esta plataforma como “um repositório, plataforma de carregamento e compartilhamento de conteúdo audiovisual […]” (Melonio, Melonio & Façanha, 2018, p. 6).

Importa, então, conhecer brevemente a história do YouTube que remonta ao ano de 2005: “Founded by Chad Hurley, Steve Chen, and Jawed Karim, former employees of online commerce website PayPal, YouTube’s website was officially launched with little public fanfare in June 2005” (Burgess & Green, 2009, p. 1). Trata-se, portanto, de um fenómeno relativamente recente. Ainda assim, é necessário ter em conta que, na era tecnológica em que vivemos, tudo é muito rapidamente reciclável e substituível. A inovação reproduz-se rapidamente e o que era considerado novidade “ontem”, facilmente será ultrapassado por uma nova invenção “amanhã”. No entanto, parece que no caso do YouTube tal (ainda) não aconteceu. Desde o seu surgimento, foi cada vez ganhando mais “adeptos”. Mas o verdadeiro êxito deste site começou no ano de 2006 e, até hoje, parece não parar de aumentar:

the moment of success arrived in October 2006, when Google acquired YouTube for $1.65 billion. By November 2007 it was the most popular entertainment

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website in Britain, with the BBC website in second place, and in early 2008 it was according to various web metrics services, consistently in the top ten most visited websites globally (Burgess &Green, 2009, pp. 1-2).

De forma mais específica, Burgess e Green (2009) descrevem o funcionamento do

YouTube da seguinte forma:

The website provided a very simple, integrated interface within which users could upload, publish, and view streaming videos without high levels of technical knowledge, and within the technological constraints of standard browser software and relatively modest bandwidth. YouTube set no limits on the number of videos users could upload, offered basic community functions such as the opportunity to link to other users as friends, and provided URLs and HTML code that enabled videos to be easily embedded into other websites a feature that capitalized on the recent introduction of popularly accesible blogging technologies (p. 1).

De facto, esta última caraterística mencionada por Burgess e Green (2009) – a possibilidade de partilhar os vídeos – é particularmente interessante, nomeadamente no contexto do ensino, permitindo, por exemplo, promover a aprendizagem cooperativa, entre alunos, entre professores, entre aluno/professor ou vice versa. Almeida, Silva, Junior e Borges (2015), a propósito da partilha de vídeos, salientam que “o YouTube pode ser atrelado a outras redes sociais ou mesmo compartilhada via blogs, e-mail, links, sms, aplicativos de smartphones e outros, podendo ser exploradas para meios de divulgação e informação para a dinâmica das relações sociais” (sem página).

Relativamente ao público do YouTube, Bispo e Barros (2016) afirmam que “seu público constituinte é diverso, inclusive pessoas que visam ao marketing pessoal; empresas que vinculam suas propagandas aos vídeos; aqueles que nada desejam, senão desfrutarem de uma ferramenta de entretenimento; aqueles que visam ensinar, instruir,

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formar ou aprender” (p. 865).

Os que pretendem ensinar, podem encontrar no YouTube uma fonte de recursos didáticos. A esta questão dedica-se o próximo subcapítulo do presente trabalho.

1.3.1. O YouTube como fonte de recursos didáticos

Como já foi sendo comentado, “é importante destacar a crescente procura dos vídeos no Youtube, por parte de estudantes, os quais encontram neste serviço um repositório variado de possibilidades para atender suas necessidades de aprendizagem” (Schneider, Caetano & Ribeiro, 2012, p. 9). O YouTube é um “mundo” tão conhecido dos jovens que, em alguns casos, muitas das pessoas que admiram são precisamente os criadores dos vídeos a que assistem (os youtubers), os protagonistas desta forma de entretenimento: “Y es que YouTube es para nuestros alumnos y alumnas la principal fuente de entretenimiento, basta con hablar con ellos y preguntarles por sus principales ídolos (la mayoría, youtubers)” (Martínez, 2016, p. 186).

É seguro afirmar que “en general YouTube es un punto de encuentro para quienes quieren exhibir y ver un video; circunstancia favorable para realizar actividades de enseñanza y de aprendizaje” (Ramírez-Ochoa, 2016, p. 539). Schneider, Caetano e Ribeiro (2012) referem que “os vídeos e animações postadas no Youtube, com ou sem a intenção de uso educacional, acabam por ser utilizados com carácter educativo ou, no mínimo, informativo” (p. 2). Podem, pelo menos, vir a sê-lo, se os docentes entenderem usá-lo pedagogicamente. Neste seguimento, também Brünner (2013) comenta esta possibilidade educativa do uso dos vídeos do YouTube:

Among the key factors for YouTube’s success are the following criteria: Accessibility, you can use it everywhere, any time, and free of charge. It is user-friendly allowing an easy upload of videos that you can subscribe to on different channels. YouTube is authentic and offers rich multicultural content that provides a unique insight into the target culture. The easy connection with other social

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media enables cooperation, for instance sharing videos and communicating when rating and commenting on videos. It is available on multiple devices including mobile which make it a perfect medium for education. Media agreement, meaning the use of media our students interact with on a daily basis, is an important factor when choosing educational resources (sem página).

Em primeiro lugar é, portanto, necessário que o docente esteja “preparado para trabalhar com a linguagem audiovisual – no nosso estudo, o YouTube -, compreender os impactos e as potencialidades, saber escolher o vídeo mais adequado, a veemência da proposta educacional e a abertura dos alunos” (Almeida, Silva, Junior & Borges, 2015).

Em segundo lugar, o professor não pode deixar de ter em consideração que “o YouTube possui milhares de vídeos que são postados a todo o momento, o que inviabiliza a fidedignidade em qualquer fonte audiovisual relacionada ao mesmo” (Almeida, Silva, Junior & Borges, 2015, sem página). Assim, o processo de seleção do vídeo revela-se fundamental, como já havia sido referido anteriormente. Apesar desta dificuldade em controlar a fidedignidade dos vídeos, considera-se que a utilização dos vídeos do YouTube, em contexto escolar, propiciará mais benefícios do que inconvenientes. Uma dessas mais valias é, por exemplo, o facto de permitir ao professor formar um catálogo de recursos audiovisuais: “la intervención planeada de la herramienta YouTube permite al docente crear su propia biblioteca virtual de videos para conformar una comunidad de aprendizaje en torno a los contenidos seleccionados por el docente” (Ramírez-Ochoa, 2016, p. 542). Também o aluno pode “crear su propia biblioteca virtual, con videos seleccionados por el mismo o con producciones de su propia autoría” (Ramírez-Ochoa, 2016, p. 542).

Esta parece uma excelente ferramenta no processo de ensino-aprendizagem, além de poder constituir-se como apoio ao conteúdo presente no manual escolar. Aliás, muitos dos manuais já se fazem acompanhar de sugestões de recursos audiovisuais que o professor pode utilizar nas suas aulas, muitos deles, vídeos disponíveis no site

Referências

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