• Nenhum resultado encontrado

Vantagens e inconvenientes da utilização do vídeo nas aulas

Capítulo 1. – Enquadramento teórico

1.2. O recurso audiovisual

1.2.3. Vantagens e inconvenientes da utilização do vídeo nas aulas

Perante as considerações tecidas ao longo deste trabalho, resultado de inúmeras leituras, não restam dúvidas de que o vídeo é uma poderosa ferramenta no processo de ensino-aprendizagem. De acordo com Maria Cândida Proença (1990), a forma como aprendemos está diretamente relacionada com os sentidos, nas seguintes proporções:

Tabela 1 - Como aprendemos (Fonte: Proença, M. C., 1990, p. 106) Como aprendemos SENTIDOS % Através da visão 83,0 Através da audição 11,0 Através do olfacto 3,5 Através do tacto 1,5 Através do gosto 1,0 TOTAL 100,0

Assim, é possível confirmar que, de facto, o vídeo é bastante eficaz para a aprendizagem dos nossos alunos, uma vez que estimula os dois sentidos mais influentes para a aprendizagem: a visão e a audição, através da imagem e do som, caraterísticas do recurso audiovisual.

No entanto, como já foi comentado anteriormente, é importante ter consciência de que apesar de vantagens, existem também algumas desvantagens associadas ao uso

elencar algumas das vantagens e algumas dos inconvenientes referidos por diversos autores.

Quanto às vantagens, Sherman (2003), Sierra Plo (1990), Corpas Viñals (2000), Moderno (1998), Silva (1998), Ramírez-Ochoa (2016) e Barrallo e Garro (2010) afirmam que o vídeo é:

- Motivador: Esta é talvez a vantagem mais mencionada por diversos autores (Sherman, 2003; Sierra Plo, 1990; Corpas Viñals, 2000). Por ser um recurso tão inovador e tão próximo dos nossos alunos, o vídeo resulta numa estratégia bastante motivadora, também pelo facto de quebrar a monotonia da aula. Neste seguimento, espera-se que também os vídeos da plataforma YouTube – tema central deste trabalho – se constituam como um recurso didático extremamente motivador para os estudantes;

- Acessível (Sherman, 2003; Moderno, 1998): No que se refere aos vídeos de

YouTube em específico, estes são cada vez mais de fácil acesso, sendo apenas

necessária a conexão à Internet. Seja através de um computador, de um tablet ou mesmo através do telemóvel - objeto de uso diário pela maior parte de nós -, o site (www.YouTube.com) dá acesso a uma imensidão de vídeos dos mais diversos temas;

- Flexível (Silva, 1998): O vídeo, além de ser uma ferramenta versátil, dado que pode ser utilizada de diversas formas e adaptada a diferentes destinatários, é também bastante flexível:

[…] apresenta características próprias para uma boa execução didáctica: permite uma flexibilidade de utilização (já que o professor de qualquer estabelecimento pode escolher o melhor momento para utilizar o programa vídeo), a adopção de metodologias diversificadas e um feed-back imediato com a utilização das funções de paragem, pausa, voltar atrás e avançar (Silva, 1998, p. 262);

- Inovador (Sierra Plo, 1990): A utilização do computador e do vídeo na sala de aula costuma ser muito bem recebida pelos alunos, por ser um elemento surpresa na

aula e, ao mesmo tempo, inovador, associado a metodologias mais modernas;

- Interativo (Ramírez-Ochoa, 2016): Esta caraterística relaciona-se com os vídeos da plataforma YouTube e não com o vídeo em geral. Do ponto de vista do utilizador deste site, este possui bastante liberdade, uma vez que tem a possibilidade de publicar, pesquisar, selecionar e comentar os vídeos, por exemplo. Além disso, é possível criar uma lista de reprodução, inscrever-se gratuitamente num canal ou até mesmo criar o seu próprio canal de YouTube;

- Atual (Corpas Viñals, 2000): Além de ser uma ferramenta extremamente atual, é também muito próxima da realidade dos nossos estudantes, “es un soporte muy cercano para los alumnos. En general, los alumnos más jóvenes están hoy en día menos acostumbrados a leer que a recibir información a través de imágenes (cine, vídeo, Internet, televisión)” (Corpas Viñals, 2000, p. 786);

- Útil para explorar aspetos linguísticos (Corpas Viñals, 2000): No que se relaciona com o ensino de línguas, seja ela a língua materna ou estrangeira, o vídeo permite trabalhar vários aspetos linguísticos e, em muitos casos, observar a sua ocorrência em contextos reais. Ouvir a língua é das melhores formas de a aprender, quer do ponto de vista da pronunciação, quer do léxico ou da gramática;

- Útil para explorar elementos paralinguísticos e contextuais (Corpas Viñals, 2000; Barrallo & Garro, 2010): Através do vídeo podem ser observados comportamentos, gestos, atitudes do(s) sujeito(s) interveniente(s) do vídeo, quando existente(s).

No que toca aos inconvenientes, alguns autores referem que a utilização do vídeo em sala de aula:

- Depende do domínio das novas tecnologias por parte do professor (Sierra Plo, 1990): Claro está que se o docente não se sente à vontade com a utilização das novas tecnologias, terá maior dificuldade na implementação de metodologias mais inovadoras nas suas aulas como, por exemplo, o recurso aos vídeos (nomeadamente, os vídeos

disponíveis na plataforma YouTube). De facto, “algunos profesores no se sienten a gusto trabajando con estos equipos y prefieren no depender de la tecnología para desarrollar su actividad educativa” (Sierra Plo, 1990, p. 204);

- Está dependente da existência e do bom funcionamento dos materiais (computador, projetor, etc.) e dos recursos (Internet) (Sierra Plo, 1990): Como sabemos, a utilização do vídeo em qualquer contexto jamais será possível sem a existência dos meios adequados. Falamos, por exemplo, do computador e do projetor. No que se refere aos vídeos do YouTube, existe, ainda, outra condicionante: a conexão à Internet. É necessário que exista conexão à Internet para que se possa aceder a um vídeo do site

YouTube.com. Além disso, convém que essa conexão se encontre nas melhores

condições, de forma a evitar paragens na reprodução do vídeo ou a demora do seu carregamento que, inevitavelmente, irá quebrar o ritmo da aula.

- Pode promover a passividade (tanto por parte do aluno como por parte do professor) (Sierra Plo, 1990): Se não existir um trabalho de preparação por parte do docente para a realização destas atividades, rapidamente se pode cair no risco de tornar a aula monótona e com a ausência de um papel ativo dos seus intervenientes (professor e alunos). Esta questão está diretamente relacionada com o ponto seguinte;

- Implica um grande trabalho de preparação por parte do docente (Corpas Viñals, 2000; Sierra Plo, 1990): Como foi sendo referido, uma exploração didática eficaz deste tipo de recurso depende do trabalho desenvolvido pelo professor antes de levar o vídeo para a sala de aula. Esse trabalho passa pela análise do vídeo, pela sua visualização exaustiva para que seja possível refletir sobre a atividade que deseja desenvolver, pelos seus objetivos e pela sua adequação aos alunos e ao tempo de aula disponível.

Ainda relacionado com este momento de preparação, considero importante que o professor possua sempre uma atividade que sirva como alternativa para a dinâmica que seria realizada através da visualização do vídeo, para que, face a um imprevisto ou impossibilidade de concretização da atividade pensada inicialmente, o docente consiga recorrer a uma outra opção. Uma vez mais se comprova que, efetivamente, o trabalho de preparação por parte do professor é fulcral neste contexto.