• Nenhum resultado encontrado

Atividades didáticas desenvolvidas na disciplina de Português

Capítulo 1. – Enquadramento teórico

2.3. Descrição do plano de intervenção pedagógico-didático

2.3.1. Atividades didáticas desenvolvidas na disciplina de Português

Neste subcapítulo, apresentarei as atividades que realizei nas aulas de Português, recorrendo aos vídeos do YouTube.

Em novembro, dei uma aula introdutória ao 12.º ano, sobre um dos heterónimos de Fernando Pessoa, no caso, Alberto Caeiro. Achei que uma boa forma de iniciar este tema seria apresentando um vídeo sobre o heterónimo em questão2. Neste vídeo, encontram-se sintetizadas algumas informações sobre Alberto Caeiro, desde dados biográficos até caraterísticas da sua obra poética.

De forma a proceder a uma comprovação da compreensão do vídeo por parte dos alunos, elaborei uma ficha de trabalho (Anexo 4) que continha um quadro que os discentes deveriam preencher com as informações apresentadas no vídeo. Com esta atividade, os alunos obtiveram um registo dos dados essenciais sobre o autor que mais tarde poderão consultar, se assim for necessário.

Nessa mesma aula (de 100 minutos), foram analisados dois poemas deste heterónimo. Assim, a docente recorreu, uma vez mais ao YouTube, para promover a audição dos poemas em questão: Sou um guardador de rebanhos3 e, ainda, E há poetas

que são artistas4. A análise destes poemas foi realizada, não só oralmente, mas também

através de exercícios de interpretação presentes nas fichas de trabalho (Anexo 5) distribuídas aos estudantes.

À turma 10.º X, em março, lecionei aulas no âmbito da lírica camoniana de inspiração clássica, com a análise do soneto Como quando do mar tempestuoso de Luís Vaz de Camões.

Com a análise do soneto, constatou-se que o tema predominante do mesmo estava relacionado com o dilema razão/emoção. Com o decorrer das aulas a que fui assistindo ao longo do ano letivo, deparei-me com o problema de os alunos considerarem estes textos demasiado distantes da realidade atual. Neste sentido, procurei aproximar este texto da realidade dos meus alunos, de forma a tentar tornar a sua aprendizagem mais significativa.

2

Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Wbb_BPA-kQ0. (Acedido em: 18/09/2019).

3

Assim, fiz uma associação entre este tema (o dilema entre razão/emoção) e as experiências pessoais dos estudantes. Para isso, questionei os alunos acerca de algumas situações do quotidiano nas quais se deparavam com este dilema. Foram surgindo algumas ideias como, por exemplo, a indecisão entre estudo e lazer.

Neste contexto, preparei, para esta aula, alguns cartoons ilustrativos do dilema razão/emoção com o qual nos deparamos em diversas situações do dia a dia e apresentei-os aos alunos. Além de se relacionar com o tema do soneto explorado anteriormente, a análise e comentário destes cartoons serviu de ponto de partida para a atividade de expressão escrita que se viria a realizar na aula seguinte.

Ainda nesta aula, pedi aos discentes, como tarefa de trabalho de casa, a visualização de um vídeo informativo5 acessível no site YouTube, sobre o género textual exposição. Além disso, os alunos deveriam preencher o quadro disponível na ficha de trabalho fornecida pela professora (Anexo 6). Este vídeo curto (cerca de 3 minutos) sintetiza as características essenciais de uma exposição, acompanhando a explicação com um exemplo deste género textual.

É importante que, antes de partir para a redação, o aluno contacte com um modelo textual. Essa tarefa foi, então, realizada em casa, deixando mais tempo de aula para o professor acompanhar o processo de produção escrita de cada grupo. Esta é, portanto, uma das vantagens da solicitação deste trabalho de casa.

Além disso, julgo que este tipo de trabalho de casa será mais apelativo para os alunos do que ler um texto, por exemplo. Como já tinha referido, parece que o trabalho de casa não é uma tarefa particularmente apreciada pelos estudantes, o que se reflete na taxa de realização dos trabalhos de casa (muito pouco animadora).

Desta forma, considero que os estudantes se sentirão mais motivados com uma atividade deste género, já que estarão a contactar com um recurso que não é muito comum neste tipo de trabalho mas que, ao mesmo tempo, lhes é bastante familiar. Isto porque, como já foi sendo comentado ao longo deste trabalho, atualmente, os jovens dedicam muito do seu tempo livre à visualização de vídeos no YouTube.

Na aula seguinte, a docente procedeu ao registo da realização dos trabalhos de

casa através de uma grelha de registo e realizou a correção dos mesmos com a participação dos alunos. Desta forma, os discentes ficaram com o quadro informativo completo sobre o género textual exposição. Ainda assim, a professora acrescentou algumas informações, nomeadamente sobre a tarefa de expressão escrita a realizar nessa aula.

Esta consistiu numa atividade de escrita colaborativa correspondente à redação de uma exposição sobre um tema presente nos cartoons analisados na aula anterior. Para isso, foram formados cinco grupos de trabalho (um grupo para cada cartoon) e distribuídas as fichas com as instruções para a realização da atividade (Anexo 7). Nesta ficha dedica-se um espaço para a elaboração de tópicos de escrita (planificação da introdução, do desenvolvimento e da conclusão) e fornecem-se orientações para os processos de planificação, textualização e revisão do texto.

Pela minha experiência pessoal, fui percebendo que, muitas das vezes, por falta de tempo, os docentes tendem a solicitar que as atividades de expressão escrita sejam realizadas em casa. Contudo, é imprescindível dedicar tempo da aula a este tipo de tarefa pois, assim, o aluno dispõe de um acompanhamento, tanto por parte dos seus colegas (no caso da escrita colaborativa), como também por parte da professora.

De facto, o acompanhamento destes trabalhos por parte da professora é fundamental, esclarecendo dúvidas, orientando raciocínios e fazendo as correções necessárias. Para uma posterior reflexão docente, elaborou-se uma grelha de observação do trabalho de grupo (Anexo 8), na qual a professora conseguiu registar dados, não só sobre o trabalho de grupo propriamente dito (por exemplo, relativamente à relação entre os alunos), mas também sobre o trabalho de expressão escrita em particular (nomeadamente, o cumprimento das três fases de produção textual).

Finalizada a etapa de produção escrita, os grupos apresentaram os seus textos à turma. Assim, os estudantes puderam conhecer o trabalho realizado pelos restantes colegas, desenvolvendo também a capacidade de expressão oral com a apresentação dos seus próprios trabalhos. A aula terminou com um comentário oral sobre os trabalhos de grupo e, claro, sobre os textos elaborados.

me à exploração da obra de Luís de Camões. Desta vez, as aulas incidiram sobre as reflexões do poeta. Mais concretamente, a reflexão do poeta que surge no final do Canto I de “Os Lusíadas” e que corresponde às estâncias 105 e 106 da obra.

Claro está que analisei a reflexão do poeta com a colaboração da turma. Contudo, não irei descrever as atividades e estratégias que utilizei para tal. Dedicar-me- ei apenas a comentar a atividade na qual utilizei um determinado vídeo do YouTube como ferramenta didática. Essa atividade tinha como principal objetivo demonstrar a atualidade do tema da reflexão do poeta Camões estudada nessa aula.

Assim sendo, decidi estabelecer uma relação entre a canção “Trem-Bala” de Ana Vilela6 e o tema da efemeridade/fragilidade da vida humana (o tema geral da reflexão analisada), com o intuito de provar a atualidade e intemporalidade deste texto em específico. Desta forma, pretendi que ficasse mais claro, para os alunos, que o tema deste texto continua atual nos nossos dias. A escolha desta canção prendeu-se com o facto de esta ser bastante atual (e estar até “na moda”), portanto, seria provável que os alunos a conhecessem.

Antes de apresentar a canção, foi projetada, no quadro, uma parte da sua letra (“Porque quando menos se espera a vida já ficou para trás…”) sem revelar o título ou o autor (Anexo 9), para que os discentes pudessem comentar se reconheciam ou não a frase apresentada. Alguns estudantes foram capazes de identificar a canção, referindo que aquela era uma canção recorrente nas principais estações de rádio portuguesa, atualmente.

Depois deste breve comentário sobre o excerto da canção, a docente entregou aos alunos a letra da mesma (Anexo 10) para uma posterior audição, de forma a que, à medida que iriam escutando a canção, conseguissem acompanhar com a leitura da letra. Esta decisão relaciona-se com o facto de a língua desta canção ser o Português do Brasil e poderem existir algumas dúvidas decorrentes da letra.

De facto, um dos pontos do Programa de Português está relacionado com a “Geografia do português no mundo (português europeu e português não europeu;)”. Deste modo, parece-me fundamental apresentar em aula alguns modelos de língua nas

suas diferentes variedades.

Nesta fase da aula, aproveitei para esclarecer algumas questões relacionadas com a letra, como por exemplo, clarificar o significado da palavra que corresponde ao título da canção (Trem-Bala) pois pensei que seria bastante provável que os alunos não tivessem muito claro o seu significado, visto que este não é um termo comum no Português europeu.

Esta canção está disponível na plataforma YouTube.com, à qual recorri para promover a audição da mesma. Desta forma, tentei combinar a utilização das novas tecnologias com a promoção da consciência cultural (neste caso, através da música).

Todavia, o objetivo principal desta atividade era o de aproximar o conteúdo programático em questão da realidade dos alunos. Assim sendo, foi realizado um comentário oral posterior à audição da música, com o propósito de compreender o que têm em comum estas duas produções culturais: a canção referida e os versos de Camões. Neste contexto, os alunos foram capazes de referir ideias como, por exemplo, “aproveitar o momento”, “a vida é efémera e passa rápido”, “só se vive uma vez” e “dar valor às coisas simples da vida”.

Ainda no final desta aula, sugeri aos alunos que, em casa, visualizassem um vídeo criado por uma professora estagiária e que poderia funcionar como síntese da reflexão do poeta analisada em aula.

Este vídeo7 funciona como uma espécie de tutorial passo a passo sobre como analisar as estâncias 105 e 106 e pode ser muito útil para os alunos serem capazes de reproduzir este processo de análise para outros casos semelhantes. Além disso, podem recorrer a este vídeo como forma de revisão da matéria estudada na aula.