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Resultados do plano de intervenção pedagógico-didático

Capítulo 1. – Enquadramento teórico

2.4. Resultados do plano de intervenção pedagógico-didático

Nesta fase final do projeto de investigação-ação, importa analisar que impacto teve o meu plano de intervenção nas aulas que levei a cabo durante o estágio pedagógico e na aprendizagem dos alunos.

De uma forma geral, creio que os resultados foram bastante positivos. Atrevo-me a dizer que foram além das minhas expectativas. Confesso que, numa fase inicial, tive algum receio de que os alunos não encarassem com seriedade as atividades propostas a partir da utilização dos vídeos do YouTube. Acredito que esta minha apreensão estivesse relacionada com o facto de estar mais acostumada a associar estes vídeos a um contexto de lazer do que ao contexto de aprendizagem. No entanto, foi precisamente essa a ideia que me propus combater.

Destaco alguns aspetos que pude verificar como resultado da implementação deste recurso didático (os vídeos do YouTube) nas aulas e que foram comuns às duas disciplinas a que me dediquei (Português língua materna e Espanhol língua estrangeira).

Em primeiro lugar, o aumento da participação dos alunos em aula. Ao longo deste ano letivo, tive a oportunidade de utilizar, nas minhas aulas, variados recursos e metodologias. Contudo, não pude deixar de reparar que, nas atividades nas quais utilizei estes vídeos, os discentes se mostraram particularmente participativos.

Em segundo lugar, notei também que os alunos se encontravam mais atentos e concentrados neste tipo de atividades. Considero que este aspeto está diretamente relacionado com os critérios de seleção que utilizei para a escolha do vídeo a trabalhar em aula. De facto, penso que esta é uma decisão que deve ser bastante ponderada.

Neste sentido, procurei optar por vídeos relativamente curtos (não mais de 6 minutos). Achei que, desta forma, seria mais provável manter a concentração dos estudantes. Além disso, nas aulas a que assisti, fui reparando que, por vezes, os alunos dispersavam a sua atenção no momento de leitura silenciosa de um texto, por exemplo. Este facto levava a que se originassem diversos ritmos dentro da turma. Obviamente, não me refiro a diferentes ritmos de aprendizagem, já que tal é perfeitamente natural que ocorra. Por diversas vezes, presenciei situações nas quais alguns alunos já tinham

terminado a leitura, enquanto outros ainda nem a tinham começado porque, entretanto, se distraíram por algum motivo.

No caso do recurso audiovisual, é possível diminuir a probabilidade de esta situação acontecer, já que todos os alunos têm de ver o vídeo ao mesmo tempo. Assim sendo, focalizam a sua atenção nesse momento, o que faz com que o ritmo da atividade seja mais homogéneo. Acredito que este aspeto tenha influenciado um aumento de atenção por parte dos discentes, no que se refere às atividades decorrentes da visualização de vídeos do YouTube.

Ainda assim, acredito que existe outra questão que pode ter influenciado este resultado: a variedade que tentei encontrar no tipo de vídeos que apresentei. Isto é, procurei diversificar a tipologia dos vídeos utilizados no contexto didático, para que os alunos não encarassem a visualização dos vídeos em aula como algo rotineiro e monótono.

Neste sentido, apresentei vídeos relacionados com conteúdos culturais (música, poemas, etc.), vídeos informativos, vídeos tutoriais, vídeos de carácter institucional e, claro, vídeos produzidos com finalidades didáticas (por exemplo, sobre gramática ou vocabulário específico). Da mesma forma, tentei implementar a utilização dos vídeos do

YouTube tendo em conta diferentes possibilidades de exploração. Neste sentido,

também procurei promover o uso dos vídeos, não só na aula, mas também em casa, por parte dos alunos, de uma forma mais autónoma.

Relativamente aos trabalhos de casa, parece-me relevante destacar que existiu uma melhoria significativa na sua realização quando solicitei tarefas que envolveram os vídeos do YouTube. Como já referi, através da observação das aulas das orientadoras e de conversas com elas, pude constatar que alguns dos alunos não cumpriam com a realização do trabalho de casa.

Para conseguir aferir se a minha intervenção foi eficaz, utilizei grelhas de registo da realização dos trabalhos de casa por parte dos estudantes. Através delas, foi possível constatar que todos os alunos realizaram a atividade proposta. Isto aconteceu tanto no caso da disciplina de Português, como na disciplina de Espanhol. Assim sendo, parece-

me seguro afirmar que esta foi uma estratégia extremamente eficaz, resultando com sucesso absoluto (100% de realização dos trabalhos de casa).

Ainda que este seja um indicador bastante positivo, interessava-me também saber se esta atividade efetivamente tinha sido produtiva para os meus alunos. Claro está que foi bastante importante que todos realizassem a tarefa, no entanto, considero ainda mais importante que esta tenha produzido realmente algum impacto na aprendizagem.

No caso do trabalho de casa proposto na disciplina de Português (que, aliás, já descrevi anteriormente), os resultados puderam ser imediatamente visíveis, uma vez que os discentes necessitavam de mobilizar o conhecimento adquirido através do vídeo visto em casa para a produção de um texto em aula (neste caso, uma exposição).

Utilizando uma grelha de observação do trabalho de grupo desenvolvido pelos alunos e analisando os textos redigidos por eles, pude comprovar que este objetivo foi claramente atingido. Os estudantes foram capazes de seguir todas as indicações e passos referidos no vídeo. Por exemplo, estruturar o texto em três momentos principais (introdução, desenvolvimento e conclusão), indicar o tema da exposição, utilizar predominantemente a frase declarativa, entre outros aspetos mencionados no vídeo.

Volto a salientar que o facto de transferir esta fase mais expositiva relativa às caraterísticas do género textual para trabalho de casa, trouxe inúmeras vantagens para o trabalho de sala de aula. Isto porque permitiu que a docente dedicasse mais tempo da aula ao acompanhamento personalizado do trabalho dos alunos, o que não aconteceria da mesma forma, se a docente tivesse de realizar esse momento de revisão ao início da aula, por exemplo. Tratou-se, portanto, de uma espécie de ensaio da metodologia da aula invertida, que resultou plenamente.

No que se refere às atividades desenvolvidas na disciplina de Espanhol, também o

feedback dos estudantes foi muito positivo.

Sobre o trabalho de casa que solicitei – visualização de um vídeo à escolha para ampliação de vocabulário e contacto com a língua estrangeira -, alguns alunos comentaram que, devido a essa tarefa de casa, começaram a assistir regularmente a vídeos na língua espanhola, ficando a conhecer novos youtubers e canais do YouTube

dedicados aos seus temas preferidos.

Relativamente à lista de reprodução que criei destinada ao estudo para o exame nacional de Espanhol do 11.º ano, também obtive alguns comentários dos alunos.

A professora orientadora deu algumas aulas de apoio para o exame. Nestas aulas, perguntei aos estudantes presentes se tinham acedido à lista de reprodução criada por mim. Todos responderam que sim. Uma aluna comentou que a lista de reprodução tornou o seu estudo menos monótono, uma vez que conseguia variar entre a consulta do manual da disciplina e a consulta da lista de reprodução. Outro aluno referiu a vantagem de poder consultar a lista em qualquer lugar, sem necessidade de estar dependente do manual escolar. Finalmente, uma estudante afirmou ter descoberto que esta “nova forma de estudar”, para ela, foi uma estratégia mais produtiva, uma vez que sentiu que, ao escutar a matéria, a interiorizava melhor do que ao lê-la.

Considerações finais

O grande objetivo deste projeto de investigação-ação foi o de analisar e avaliar o impacto da utilização dos vídeos do YouTube na aprendizagem dos alunos com os quais tive a oportunidade de contactar ao longo do período de estágio.

Confesso que as expetativas que tinha inicialmente eram altas. Talvez pelo facto de apreciar particularmente este tipo de recurso audiovisual e esperar que os meus alunos partilhassem a mesma preferência e fossem “contagiados” por este meu gosto pessoal. Ainda assim, os resultados que obtive superaram em muito o que eu idealizei. De facto, não pensei que os estudantes aderissem tão bem a todas as atividades (mesmo as que envolveram os tão “odiados” trabalhos de casa). Como fui demonstrando no segundo capítulo deste trabalho, os resultados foram bastante positivos.

Contudo, acredito que, no futuro, poderei fazer mais e melhor. Com mais tempo disponível, será interessante aprofundar ainda mais a utilização dos vídeos do YouTube no contexto escolar. Por exemplo, através da criação de um canal do YouTube (do professor, da disciplina, ou mesmo da turma), exploração didática que, aliás, foi mencionada na parte teórica deste relatório.

Efetivamente, a atualidade deste tema contribui para o facto de esta ser uma questão pertinente para qualquer docente, profissão que exige uma constante inovação. Neste sentido, este trabalho pode ser bastante útil para o professor que procure atualizar a sua atuação através da utilização do recurso audiovisual.

Uma das questões com que me deparei na pesquisa bibliográfica para a realização deste projeto, foi o facto de existir, ainda, pouca informação relativamente a este tema em concreto, especialmente no que se refere a bibliografia em português. Sobre o recurso audiovisual, encontrei bastantes trabalhos mas, no que se refere aos vídeos do

YouTube de forma específica, a informação é mais escassa. Creio que isto talvez

aconteça por este ser um tema relativamente recente e espero, por isso, que a investigação nesta área seja cada vez produtiva.

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