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O papel do professor relativamente à utilização do vídeo nas aulas

Capítulo 1. – Enquadramento teórico

1.2. O recurso audiovisual

1.2.2. O papel do professor relativamente à utilização do vídeo nas aulas

Como já foi referido, a aula que inclua o vídeo como recurso didático, implica um grande trabalho de preparação por parte do docente para que seja devidamente produtiva e, ao mesmo tempo, motivadora para os estudantes. Se tal não acontecer, corre-se o risco de que os alunos vejam a figura do professor substituída pelo vídeo:

Siempre existe el peligro de enchufar la máquina y dejar que tome el papel del profesor. No se debería olvidar que un material de paso elegido de modo incorrecto – duración inadecuada, nivel de lengua inapropiado para los alumnos, por ejemplo – y «puesto» en la clase para que, tras su visionado, se contesten unas cuántas preguntas de comprensión general, puede convertirse en una experiencia muy poco motivadora (Sierra Plo, 1990, p. 203).

Além disso, “os audiovisuais deverão conduzir a uma modificação do papel do professor” (Pinto, 1998, p. 117) uma vez que “ele já não é o único responsável pela transmissão da matéria aos alunos, o único mestre de uma classe isolada, mas deve ter em consideração as outras fontes de informação, nomeadamente os audiovisuais” (Pinto, 1998, p. 117). Neste sentido, o docente “deve ver o aluno já não como um auditor que deve transcrever e memorizar as mensagens, mas um aprendiz que contribui para a sua própria aprendizagem utilizando todos os meios disponíveis” (Pinto, 1998, p. 117). Um desses meios é, como já mencionado, o vídeo, nomeadamente os vídeos do

YouTube. Neste sentido, o professor deve incentivar a análise crítica dos recursos

audiovisuais que explora nas suas aulas, procurando atingir os seguintes objetivos:

Os alunos devem ser capazes de: - escutar uma exposição, mas, também de olhar um filme; - criticar documentos, entre eles os audiovisuais; - trabalhar sozinho e em grupo utilizando diversas fontes de informação, nomeadamente e mais uma vez os audiovisuais. Em resumo, o professor deve tornar-se um elemento

estimulador de interacções que se devem estabelecer, multiplicar e diversificar entre o aluno e a informação sob todas as formas (Pinto, 1998, p. 117).

Os professores que adotam esta metodologia, normalmente utilizam o vídeo como forma de tornar um momento expositivo da aula menos monótono. Assim, o docente não abdica do seu papel enquanto veiculador do conhecimento, atribuindo essa função ao vídeo. O que acontece é uma reinvenção das suas funções, a adoção de uma metodologia que, à partida, seja mais estimulante para os estudantes.

Por usar o vídeo como recurso, o professor não deixa de ter importância, muito pelo contrário. Terá de pensar no uso que lhe vai dar e em como tirar partido da sua apresentação. Além disso, não quer dizer que todos os alunos reajam de igual forma a esta estratégia de ensino dado que, como já foi sendo referido, é importante conhecer as caraterísticas do grupo em questão mas, nos casos em que este recurso pareça enquadrar-se nas caraterísticas do grupo, pode ser uma ferramenta bastante eficaz. Neste contexto,

O papel do professor, quando bem interpretado, revela-se importante e fundamental. A sua função não fica diminuída pela não transmissão da informação, componente de ensino que é desempenhada pelo documento audiovisual, mas valorizada pela capacidade de estimular o diálogo, promover a racionalidade, orientar a aprendizagem e controlar os aspectos metacognitivos. O diálogo e o pensamento crítico não nascem do ar. Naturalmente, alguém tem que dar início ao processo e é ao professor a quem compete essa responsabilidade, que com a maior imaginação e entusiasmo possíveis iniciará a comunicação do grupo (Silva, 1998, p. 391).

De facto, “cada vez mais o papel do professor deverá consistir em criar o ambiente educativo, em estimular, mais que em catequizar. Ele aconselha, guia, anima,

coordena um conjunto de meios” (Pinto, 1998, p. 117) já que, como se sabe, hoje em dia, os nossos estudantes têm o conhecimento à sua disposição, basta pesquisá-lo. É necessário, então, que o professor estimule competências que talvez sejam mais dificeis de aprender pela Internet, por exemplo. Competências associadas à reflexão, ao pensamento crítico ou mesmo à pesquisa e à seleção de dados já que, com tanta informação, de tão fácil acesso, muitas vezes o mais complexo é saber selecioná-la, analisar a sua origem e comprovar a sua fidedignidade. Neste sentido, o docente não deve sentir-se diminuído quando “delega” algumas das suas tarefas no vídeo, uma vez que poderá tirar partido deste, um óptimo aliado no exercício das suas funções:

A «máquina audiovisual» insere-se assim num movimento mais amplo de libertação da função docente. O recurso ao audiovisual deverá permitir que se dissipe a tensão, sentida ainda por todo o professor, entre as suas duas funções de emissor e de animador: liberto de algumas tarefas secundárias e fastidiosas de apresentação e de repetição, o professor ficará em situação mais favorável para distribuir melhor os seus esforços por todos os alunos. Longe de transformar o professor num robot, a máquina vem «desmecanizá-lo», ajudá-lo a personalizar o seu ensino, a consagrar-se mais directamente e mais demoradamente às funções de preceptor, em que é insubstituível (Dieuzeide, 1965, p. 157).

O que importa é que o docente esteja ciente das mudanças que ocorrem no momento atual e saiba ser flexível no exercício da sua profissão, tendo sempre como horizonte a aprendizagem dos seus alunos. De facto, a incorporação dos media no contexto escolar é fundamental, no entanto, é necessário que, para isso, exista uma consciência de que estes meios, apesar da sua importância, não irão suplantar ou reduzir o papel do docente (Moderno, 1998).

Além disso, é necessário que o professor tenha ainda em consideração que a utilização deste recurso didático, apesar de estar associada a inúmeros benefícios, tem também algumas desvantagens. Com esta noção interiorizada, o docente será capaz de

ponderar melhor as suas escolhas e decisões, tendo em conta as vantagens e os riscos da utilização do audiovisual na sala de aula.