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SIMONE DE OLIVEIRA CAMILLO TESE REVISADA

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Academic year: 2021

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SIMONE DE OLIVEIRA CAMILLO

Compreensão do ensino da Síndrome de

Imunodeficiência Adquirida na perspectiva dos

docentes de graduação em enfermagem sob o

olhar do Pensamento Complexo

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo para a obtenção do título de Doutor em Ciências.

Área de Concentração: Infectologia em Saúde Pública

Orientadora: Profa. Dra.Ana Lúcia da Silva

SÃO PAULO 2012

(2)
(3)

Dedico este trabalho a Bi, minha casa, meu templo, meu ninho.

(4)

AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Coordenadoria de Controle

de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, por garantir a estrutura de

excelência em capacitação de Doutorado que cursei.

À minha orientadora, Profa. Dra. Ana Lúcia da Silva, que confiou e acreditou em

minhas idéias e potencial desde o mestrado. Obrigada por me apresentar e ensinar outras formas de ver a Enfermagem. Sua presença foi essencial na minha vida.

À Faculdade de Medicina da Fundação ABC, em que não apenas tenho o meu sustento, mas exerço minha docência e construo a minha vida.

À Profa. Dra. Rosangela Filipini, pela amizade e pelo incentivo demonstrado

desde a minha graduação, contribuindo de maneira significativa para a minha formação.

Às Profª Drª Maria Cezira Fantini Nogueira-Martins, Profª Drª Maria

Madalena Januário Leite e Profª Drª Suely Itsuko Ciosak pelas inestimáveis considerações

quanto ao Projeto, durante o Exame de Qualificação.

Às minhas companheiras de trabalho Ana Fiorano, Ana Paula, Elisa, Érica, Inês,

Isabel, Magali, Perpétua, Sandra, Simone Garcia e Suelen, mulheres admiráveis e

guerreiras, que me apoiaram na confecção dessa pesquisa.

Aos discentes, docentes e as secretárias Mônica Ferreira Dias, Margarete,

Tirces e Carol do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado de Saúde da São Paulo, pelo alegre

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Às discentes Giuliana Valente e Patrícia Dias, pela ajuda com parte da digitação dessa pesquisa.

Às alunas e alunos do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de

Medicina da Fundação ABC, com quem, na disponibilidade da troca, tenho aprendido

diariamente.

A todas as professoras e professores que contribuíram significativamente para a elaboração dessa pesquisa, tornando-se sujeitos ativos dela. Agradeço imensamente a disponibilidade por compartilhar as experiências de suas práticas pedagógicas sobre o tema HIV/Aids. Sou eternamente grata!

À família Tavolaro Maiorino e os babilônicos, que em momentos de tensão me fizeram sorrir e espairecer.

À Silvia Regina de Oliveira e Fábia Regina de Lima, pelo carinho, cumplicidade e presença marcante em todos os momentos importantes da minha vida.

À amiga Ester Fraga, pelo carinho e incentivo sempre demonstrados.

À minha querida amiga Loide Corina Chaves, irmã, parceira de momentos alegres e tristes, por tudo e mais um pouco!

À família Camillo (Miguel, Arlete, Monica e Jasmin), símbolo dialógico do caos/organização, fonte de inspiração para a minha busca incessante pelo conhecimento.

À Fabiana Tavolaro Maiorino, pela compreensão e cumplicidade na vida. Sua perspicácia, inteligência aguçada e doçura fizeram a diferença nessa longa jornada.

(6)

RESUMO

Camillo, Simone de Oliveira. Compreensão do ensino da Síndrome de Imunodeficiência

Adquirida na perspectiva dos docentes de graduação em enfermagem sob o olhar do Pensamento Complexo. São Paulo, 2012. 268f. Tese (Doutorado)- Programa de

Pós-Graduação em Ciências da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

Os objetivos deste estudo foram: compreender o processo ensino-aprendizagem em HIV/aids em Cursos de Graduação em Enfermagem, contemplando uma formação do enfermeiro nas dimensões biopsicossociais, com vistas ao Pensamento Complexo; identificar os conteúdos de ensino teórico sobre HIV/aids nos currículos de Graduação em Enfermagem; descrever a compreensão de docentes sobre sua prática pedagógica em HIV/aids; analisar a interdependência das dimensões biopsicossociais relacionadas ao HIV/aids na prática pedagógica dos docentes de Enfermagem. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, cujo referencial teórico foi o Pensamento Complexo de Edgar Morin. O estudo foi realizado com 13 docentes graduados em Enfermagem, pertencentes a 7 Instituições de Ensino Superior do município de São Paulo. A coleta de dados foi realizada de janeiro a julho de 2010, sendo utilizadas as técnicas de: Entrevista Geral, Entrevista Individual em Profundidade, Grupo Focal e Análise Documental. Os dados coletados por meio das técnicas de Entrevista Individual em Profundidade e o Grupo Focal foram trabalhados pela Análise de Conteúdo Temática. Enquanto os dados da Análise Documental e da Entrevista Geral, foram trabalhados por meio da descrição textual dialogada. Essas quatro técnicas permitiram a investigação da temática em três dimensões: (a) a formação e elementos da prática pedagógica do docente, do ponto de vista geral e especificamente em HIV/aids; (b) o processo ensino-aprendizagem em HIV/aids e (c) os conteúdos de ensino teórico sobre HIV/aids. Esse estudo nos mostra que as instituições de Ensino Superior em Enfermagem utilizam material de referência e relevância para a Saúde Pública, privilegiando o enfoque na dimensão biológica. Há por parte dos docentes preocupações referentes à presença de currículos sobrecarregados, carga horária insuficiente, a necessidade de tornar o processo ensino-aprendizagem criativo, de aprender com os atores sociais envolvidos no fenômeno HIV/aids e de valorizar a multiprofissionalidade. Percebe-se por parte dos docentes uma mobilização inicial em direção a multidimensionalidade do fenômeno do HIV/aids e uma crítica social frente aos engessamentos dos currículos. Os docentes apresentaram dificuldades em relação aos aspectos emocionais dos alunos nas relações com os indivíduos com HIV/aids, denotando o conflito entre ser o transmissor de informações e ser um educador afetuoso e dialógico. O processo de ensino-aprendizagem em HIV/aids mostrou-se em construção dialógica, demarcando movimentos contraditórios e complementares, necessitando de reformulações nos currículos de Enfermagem numa sintonia com as políticas educacionais e de saúde do país e da disseminação e debate do Pensamento Complexo no âmbito da Saúde Coletiva, a fim de se alcançar as múltiplas dimensões do HIV/aids. Entretanto, esse estudo representou para nós, o vislumbramento da possibilidade de um ensino em HIV/aids pautado na condição humana, na solidariedade, na interligação e na possibilidade de relacionar as partes ao todo e o todo as partes do saber.

PALAVRAS-CHAVES: Educação superior. Enfermagem. Conhecimento. Síndrome de

(7)

ABSTRACT

Camillo, Simone de Oliveira. Understanding the teaching of Acquired Immunodeficiency

Syndrome in view of undergraduate nursing faculty from the perspective of Complex Thinking. São Paulo, 2012. 268 f. Thesis- Graduate Program in Science Coordination Control

of Diseases of State Health Secretaria of São Paulo.

The objectives of this study were: to understand the teaching-learning process in HIV / AIDS in undergraduate courses in Nursing, contemplating a nursing education in the biopsychosocial dimensions, aiming at complex thinking, identifying the contents of theoretical HIV / AIDS in the curricula Undergraduate Nursing; describe the understanding of teachers about their teaching on HIV / AIDS, to analyze the interdependence of the biopsychosocial dimensions of HIV / AIDS in the pedagogical practice of teachers of nursing. It is a qualitative research whose theoretical framework was the Complex Thought of Edgar Morin. The study was conducted with 13 graduate nursing faculty, belonging to seven Higher Education Institutions in São Paulo. Data collection was conducted from January to July 2010, and used techniques: Interview General Interview Individual in depth, focus groups and documentary analysis. The data collected by the techniques in depth individual interviews and focus groups were worked out by the Thematic Content Analysis. The data from document analysis and interview General, have been worked through dialogic textual description. These four techniques allowed the investigation of the subject in three dimensions: (a) training and pedagogical elements of the teacher's point of view in general and specifically HIV / AIDS, (b) the teaching-learning process in HIV / AIDS and (c) the contents of theoretical HIV / AIDS. This study shows that institutions of higher education in nursing using reference material and relevant to public health, emphasizing the focus on biological dimension. There are concerns on the part of teachers regarding the presence of overloaded curricula, insufficient workload, the need to make the teaching-learning process creative, to learn from the social actors involved in the phenomenon of HIV / AIDS and enhance multiprofessionalism. It can be seen by an initial mobilization of teachers toward the multidimensionality of the phenomenon of HIV / AIDS and social criticism against the inflexibility of the curriculum. Teachers had difficulty with the emotional aspects of students in relationships with individuals with HIV / AIDS, showing the conflict between being the transmitter of information and be a loving and dialogical educator. The process of teaching and learning in HIV / AIDS has shown itself in dialogical construction, marking contradictory and complementary movements, requiring reformulation of Nursing curricula in line with the educational policies and the country's health and the dissemination and discussion of the Complex Thought under the Public Health in order to achieve the multiple dimensions of HIV / AIDS. However, this study represents for us the possibility of a glimpse of education in HIV / AIDS founded on the human condition, solidarity, networking and the possibility of relating the parts to the whole and all parts of knowledge.

KEYWORDS: Higher Education. Nursing. Knowledge. Acquired Immunodeficiency Syndrome. Teaching. Learning.

(8)

LISTA DE QUADROS Página Quadro 1 Quadro 2 Quadro 3 Quadro 4 Quadro 5 Quadro 6 Quadro 7

Técnicas e instrumentos de coleta de dados norteadores e técnicas de análise de dados utilizados nesta pesquisa.

Caracterização dos sujeitos quanto à sua formação, na ordem em que foi coletada.

Caracterização dos sujeitos quanto a alguns elementos de sua prática pedagógica em relação ao HIV/aids, na ordem em que foi coletada.

Descrição do conteúdo programático nos planos de ensino das disciplinas que abordam a temática HIV/aids quanto às dimensões biológicas e psicossocio-políticas, do ponto de vista documental e enunciativa, na ordem em que foi coletada.

Sinalizadores Pedagógicos e Categorias.

Síntese em relação ao Sinalizador Pedagógico Complexo-Unir saberes: ligações e inter-relações para o enfrentamento da realidade.

Síntese em relação ao Sinalizador Pedagógico

Complexo-Viver o processo

40 257 258 263 73 107

(9)

Quadro8

Quadro 9

Quadro 10

aprendizagem por meio da transdisciplinaridade

Síntese em relação ao Sinalizador Pedagógico

Complexo-Educar para cidadania:

transformação da realidade.

Síntese em relação ao Sinalizador Pedagógico

Complexo-Educar para cidadania:

transformação da realidade.

Síntese em relação ao Sinalizador Pedagógico Complexo-Ensinar a complexidade humana.

117

147

160

(10)

LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 1 Técnicas e instrumentos de coleta de dados, dimensões pesquisadas e análise de dados

utilizados nesta pesquisa. 54

Figura 2 Disposição simbólica dos participantes do Grupo Focal ao redor da mesa e da disposição dos gravadores.

(11)

LISTA DE SIGLAS Aids BIE CDC CIRET CVE DATASUS DCNS DST E. ETIA HIV IES IATT

Síndrome da Imunodeficiência Humana (em inglês: Acquired Immune Deficiency Syndrome)

Bureau international d’éducation

Centers for Disease Control and Prevention

Centro Internacional de Pesquisas e Estudos Transdisciplinares

Centro de Vigilância Epidemiológica “Alexandre Vranjac”

Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

Diretrizes Curriculares Nacionais

Doenças Sexualmente Transmissíveis

Entrevistado (a)

Equipa Tarefa Inter-Agências / Equipe Tarefa Inter-Agências

Vírus da Imunodeficiência Humana (em inglês: Human Immuno-Deficiency Virus)

Instituição de Ensino Superior

(12)

INEP LDB MEC OPAS Pró-Saúde SESU SGTES SUS SVE TCC UNAIDS UNES

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Ministério da Educação e da Cultura

Organização Pan-Americana da Saúde

Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde

Secretaria de Educação Superior

Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde

Sistema Único de Saúde

Sistema de Vigilância Epidemiológica

Trabalho de Conclusão de Curso

Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids (em inglês: Joint United Nations Programme On HIV/aids)

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (em ingles:United Nations Educational Scientific and Cultural Organization)

(13)

SUMÁRIO

Página

APRESENTAÇÃO 16

1. INTRODUÇÃO 19

1.1 Considerações iniciais sobre a epidemia da aids 19

1.2 A formação do enfermeiro frente à problemática do

HIV/aids 25 2. PROBLEMATIZAÇÃO DA PESQUISA 28 3. MARCO CONCEITUAL 30 4. OBJETIVOS 34 4.1 Geral 34 4.2 Específicos 34 5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 35 5.1 Tipo de pesquisa 35 5.2 Cenário do estudo 36 5.3 Participantes da pesquisa 36 5.4 Pré-teste 36 5.5 Ambientação da pesquisadora 37

5.6 Procedimentos de coleta de dados 37

5.7 Técnicas e instrumentos de coleta de dados 39

5.8 Análise dos dados 48

(14)

6. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

55

6.1 Descrição textual da caracterização dos sujeitos quanto à

sua formação 55

6.2 Descrição de elementos da prática pedagógica dos

docentes em relação ao HIV/aids 59

6.3 Descrição dos dados documentais (conteúdo

programático) 68

6.4 Análise de Conteúdo Temática das Entrevistas

Individuais em Profundidade e do Grupo Focal 73

6.4.1 Unir saberes: ligações e inter-relações para o

enfrentamento da realidade 74

6.4.1.1 O contexto, o global, o multidimensional e a

complexidade em relação ao conhecimento em HIV/aids 79

6.4.1.2 O enfrentamento da realidade em relação à temática

HIV/aids por meio do modelo biomédico 90

6.4.2 Viver o processo ensino-aprendizagem por meio da

transdisciplinaridade 108

6.4.2.1 A incipiência do processo ensino-aprendizagem para

uma educação transdisciplinar em HIV/aids 113

6.4.3 Educar para cidadania: transformação da realidade 118 6.4.3.1

6.4.3.2

A responsabilidade e a criticidade no processo ensino-aprendizagem frente ao HIV/aids

O exercício da cidadania e da criticidade por meio do processo ensino-aprendizagem em HIV/aids no destino coletivo em saúde

122

133 6.4.4 Estimular a curiosidade e a criatividade no processo

ensino-aprendizagem 148

(15)

aprendizagem em relação ao HIV/aids 150

6.4.5 Ensinar a complexidade humana 161

6.4.5.1 Compreensão do humano com HIV/aids como um ser complexo

165

6.4.5.2 A compreensão do humano no processo ensino-aprendizagem a partir da experiência/vivência com o

indivíduo com HIV/aids 170

6.4.5.3 A compreensão do processo ensino-aprendizagem em

HIV/aids como um fazer afetivo e dialogado 188

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 203

8. REFERÊNCIAS 212

9. ANEXOS 235

ANEXO A - Modelo de carta de solicitação de campo de

pesquisa 235

ANEXO B - Aprovação do Comitê de Ética 236

ANEXO C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para coleta de dados referentes à Entrevista Geral e a Análise Documental

237

ANEXO D - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para coleta de dados referentes à Entrevista Individual em Profundade e o Grupo Focal

238

ANEXO E - Formulário para levantamento de dados de formação e prática pedagógica do docente

(16)

que ministra conteúdos sobre HIV/aids em

Cursos de Graduação em Enfermagem 239

ANEXO F - Guia de registro para planos de ensino

243

ANEXO G - Roteiro norteador para Entrevista Individual

em Profundidade 244

ANEXO H - Roteiro norteador para o Grupo Focal

245

ANEXO I - Relato de observação do Grupo Focal

246

ANEXO J - Quadro 2 representando a caracterização dos sujeitos quanto à sua formação, na ordem

em que foi coletada 257

ANEXO K - Quadro 3 reprsentando a caracterização dos sujeitos quanto a alguns elementos de sua prática pedagógica em relação ao HIV/aids,

na ordem em que foi coletada 258

ANEXO L - Quadro 4 representando a descrição do conteúdo programático nos planos de ensino das disciplinas que abordam a temática HIV/aids quanto às dimensões biológicas e psicossocio-políticas, do ponto de vista documental e enunciativa,

(17)

APRESENTAÇÃO

“[...] Há em olhos humanos, ainda que litográficos, uma coisa terrível: o aviso inevitável da consciência, o grito clandestino de haver alma [...] (Pessoa,2006, p.58)”.

Vislumbrar a possibilidade de um ensino pautado na condição humana e na interligação dos saberes relacionados ao vírus da imunodeficiência humana (HIV) e à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids), é o que me impulsiona a desenvolver este trabalho.

Nesse momento o interesse é ater-me à responsabilidade do professor, na participação da construção do conhecimento sobre a temática HIV/aids, situando-o num contexto, que facilite ao aluno o estabelecimento de ligações dos saberes, para a contribuição de uma formação que o ajude a capacitar-se no sentido de discernir suas responsabilidades individuais e coletivas.

Diante do fato de ser docente parto do princípio que sou uma das co-responsáveis pela formação do futuro profissional. Sendo assim, pretendo continuar minha trajetória, que se iniciou no mestrado (2004) com a pesquisa, “Um olhar complexo sobre o processo ensino-aprendizagem em um Curso de Graduação em Enfermagem”, com intuito de contribuir para uma formação do enfermeiro, que mediatize uma visão sensível e desejada em relação ao cuidar e respeitar o outro na sua complexidade.

Desde que ingressei como aluna no Curso de Graduação em Enfermagem, as questões relacionadas ao cuidado de qualidade ao ser humano, sempre estiveram presentes em minhas reflexões a cerca da profissão e tem me acompanhado no exercício profissional.

No desenrolar da vida acadêmica, aprendi e compreendi que o cuidado ao ser humano precisa ser considerado complexo, para não ferir a sua condição de indivíduo e nem violar a íntima relação que existe entre os aspectos biológicos, psicológicos, sociais e culturais. O atendimento ao paciente implica no respeito à sua individualidade, pois cada ser humano possui valores próprios e tem necessidades singulares, de acordo com a situação em que se encontra e com a

(18)

sua história de vida.

Acreditando nesse princípio, já como enfermeira assistencial em Clínica Médico-Cirúrgica, pude constatar que ao assistir os pacientes, é preciso estar presente física e emocionalmente para estabelecer uma relação de ajuda e crescimento conjunto.

Diante dessa vivência, senti necessidade do aprofundamento técnico e teórico, no que diz respeito ao manejo dos conteúdos relacionados às diversas reações emocionais voltadas ao eu e ao outro e às inter-relações estabelecidas com o paciente.

Após dois anos de atuação como enfermeira assistencial em Clínica Médico-Cirúrgica, parti em busca da especialização em Enfermagem Psiquiátrica e Saúde Mental, no sentido de responder às minhas expectativas em relação ao aprimoramento da compreensão sobre a condição humana e do meu crescimento pessoal.

Ao ingressar na vida acadêmica como docente das disciplinas de Relacionamento Interpessoal e Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiátrica, pude extrapolar minha visão e conhecimentos adquiridos ao longo da carreira hospitalar para a relação professor-aluno. No momento atual, consigo perceber melhor que as minhas idéias compartilham do propósito de desenvolvimento da minha atividade como docente, ou seja, favorecer e estimular o aluno a construir e elaborar seu conhecimento a partir de uma visão complexa do ser humano.

Minha vivência enquanto docente na área da enfermagem ao longo dos últimos anos mobilizou-me há vários questionamentos. Dessa forma, tenho sido tomada pela angústia impulsionante em relação aos desafios no processo ensino-aprendizagem em especial à epidemia do HIV/aids, resultando na construção dessa tese.

Interessa-me questionar e refletir: Como superar o exclusivo enviesamento biomédico na relação do docente-enfermeiro e rumar para um cuidado co-existencial com o Outro na relação humana e profissional? Como enfrentar os preconceitos e medos envolvidos na relação dos alunos com os pacientes com HIV/aids? Quem e como serão esses novos enfermeiros da

(19)

contemporaneidade? Como acolher humanos com comportamentos ético-morais tão diferentes, suscitando preconceitos e reservas? Como ensinar o aluno a cuidar de outro ser humano num tempo de tamanho mal estar e conflitos existenciais?

A aids coloca em foco entre outros aspectos, a intimidade do cotidiano da vida privada, particularmente, aqueles relativos ao exercício da sexualidade, que se articula com outras questões e comportamentos que envolvem valores morais diversos, conformando um mosaico de dimensões da vida fortemente estigmatizadas e representadas pelo preconceito de ter a doença.

Portanto, cabe aos professores refletirem essas questões com seus alunos, manifestando sua abertura de espírito por meio do diálogo, da cooperação com os outros, da valorização do ato de compartilhar da compreensão humana.

A responsabilidade dos professores está em ensinar as pessoas a não se fecharem sobre si mesmas, de modo a abrir-se à compreensão dos outros, baseados no respeito pela diversidade humana. O professor deve ser capaz de preparar cada indivíduo a compreender a si mesmo e ao outro, ensinando-o e estimulando-o a ser solidário e responsável, por meio da construção dos ideais de paz, da liberdade e da justiça social.

Foram questões como essas que permearam minha experiência e me movimentaram em direção ao tema e aos participantes dessa pesquisa, tornando-me uma docente mais atenta e implicada no cotidiano educacional e humano.

(20)

1. INTRODUÇÃO

“[...] Ainda é longo o caminho até a enorme e transbordante certeza e saúde, que não pode dispensar a própria doença como meio e anzol para o conhecimento [...] (Nietzsche, 2005, p.10)”.

1.1 Considerações iniciais sobre a epidemia da aids

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids)1 é uma doença caracterizada pela perda progressiva da defesa imunológica, que leva a infecções e doenças graves e fatais. A aids é causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV2), que é um retrovírus, classificado na subfamília dos Lentiviridae. Esse vírus propaga-se por meio das relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação (Ministério da Saúde, 2010 a).

De acordo com o relatório do Programa do Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/ aids (UNAIDS, 2010 a) a epidemia da aids parou de avançar e o mundo está começando a reverter à disseminação do HIV. As novas infecções pelo HIV caíram quase 20% nos últimos 10 anos, sendo que os óbitos relacionados à aids diminuíram em quase 20% nos últimos cinco anos. Os dados mostram que aproximadamente 2,6 milhões de pessoas tenham se infectado pelo HIV em 2009 (quase 20% abaixo das 3,1milhões de pessoas infectadas em 1999).

Em 2009, 1,8 milhões de pessoas morreram de doenças relacionadas à aids, quase um quinto menos que as 2,1 milhões de pessoas que morreram em 2004. Até o final de 2009, estimou-se que 33,3 milhões de pessoas, estivessem vivendo com HIV, um pequeno aumento em relação as 32,8 milhões em 2008 (UNAIDS, 2010 a).

1

Aids: do inglês Acquired Immunodeficiency Syndrome, Segundo Câmara e Lima (2000) , a palavra “aids” é ultilizada, segundo o ponto de vista gramatical, de modo equivalente a “sífilis”, “coqueluche”. Trata-se de substantivos comuns grafados com inicial minúscula que definem nome de doença, conforme observações de Castilho (1997).

2

(21)

Para a UNAIDS (2010 a) isso se deve, em grande parte, ao fato de que mais pessoas estão vivendo por mais tempo na medida em que aumenta o acesso à terapia anti-retroviral. Entre 2001 e 2009, a taxa de novas infecções pelo HIV estabilizou ou diminuiu em mais de 25% em pelo menos 56 países ao redor do mundo.

Entre os jovens, em 15 dos países mais severamente afetados, a taxa de novas infecções pelo HIV caiu em mais de 25%, principalmente devido à adoção de práticas sexuais mais seguras. O uso e a disponibilidade do preservativo têm aumentado significativamente. Os dados de 78 países mostram que o uso de preservativos entre homens que fazem sexo com homens foi superior a 50% em 54 países. Os relatos do uso do preservativo por profissionais do sexo também são positivos. Em 69 países, mais de 60% dos profissionais do sexo usaram o preservativo com o último cliente (UNAIDS, 2010 a).

De acordo com o relatório do Programa do Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids (UNAIDS, 2010 a) mais pessoas estão vivendo por mais tempo e os óbitos relacionados à aids estão diminuindo na medida em que se amplia o acesso ao tratamento. O número total de pessoas em tratamento aumentou aproximadamente de sete a oito vezes mais, em relação aos últimos cinco anos, com 5,2 milhões de pessoas acessando esses medicamentos que salvam vidas.

Contudo, o número de pessoas que estão esperando para receber tratamento quase dobrou, chegando a 10 milhões de pessoas. Novas evidências mostram que a ampliação do tratamento tem levado a reduções na mortalidade em contextos de alta prevalência e, na medida em que, os países passaram a utilizar esquemas efetivos de tratamento, o número de crianças que nascem com HIV diminuiu. Estima-se que 370 mil crianças tenham sido infectadas pelo HIV em 2009, representando uma redução de 24% em cinco anos (UNAIDS, 2010 a).

Em relação à epidemia de HIV na América Central e na América do Sul estima-se que 92 mil pessoas na região tenham sido infectadas pelo HIV no ano de 2009, em comparação aos 99 mil de 2001. Os óbitos relacionados à aids na região chegaram a 58 mil em 2009, em comparação aos 53 mil de 2001. A maior

(22)

disponibilidade da terapia anti-retroviral tem levado a um aumento no número de pessoas vivendo com HIV (de 1,1 milhões em 2001 para 1,4 milhões em 2009). Um terço de todas as pessoas vivendo com HIV na região moram no Brasil, onde esforços precoces e continuados de prevenção e tratamento do HIV conseguiram conter a epidemia (UNAIDS, 2010 a).

Em 2009, o número de novas infecções pelo HIV entre pessoas com menos de 15 anos de idade foi relativamente baixo, em torno de 4 mil pessoas. Em 2009, aproximadamente 54% das gestantes vivendo com HIV na região recebiam medicamentos antiretrovirais para prevenir a transmissão a seus filhos. A maioria das epidemias de HIV na América Central e na América do Sul está concentrada ao redor de redes de homens que fazem sexo com homens (UNAIDS, 2010 b).

Em relação especificamente ao Brasil, os novos números de pessoas com aids atualizados até junho de 2010, contabilizam 592.914 casos registrados desde 1980, o que demonstra a continuidade da estabilização da epidemia. A taxa de incidência oscila em torno de 20 casos de aids por 100 mil habitantes. Em 2009, foram notificados 38.538 casos da doença (Ministério da Saúde, 2010 b).

Observando-se a epidemia por região entre 1999 a 2009 – a taxa de incidência no Sudeste caiu (de 24,9 para 20,4 casos por 100 mil habitantes). Nas outras regiões, cresceu: 22,6 para 32,4 no Sul; 11,6 para 18,0 no Centro-Oeste; 6,4 para 13,9 no Nordeste e 6,7 para 20,1 no Norte. O maior número de casos acumulados está concentrado na região Sudeste (58%) (Ministério da Saúde, 2010 b).

Há ainda mais casos da doença entre os homens do que entre as mulheres, mas essa diferença vem diminuindo ao longo dos anos. Esse aumento proporcional do número de casos de aids entre mulheres pode ser observado pela razão de sexos: número de casos em homens dividido pelo número de casos de mulheres (Ministério da Saúde, 2010 b).

Em 1989, a razão de sexos era de cerca de 6 casos de aids no sexo masculino para cada 1 caso no sexo feminino. Em 2009, chegou a 1,6 casos em homens para cada 1 em mulheres. A faixa etária em que a aids é mais incidente,

(23)

em ambos os sexos, é a de 20 a 59 anos de idade. Chama atenção a análise da razão de sexos em jovens de 13 a 19 anos. Essa é a única faixa etária em que o número de casos de aids é maior entre as mulheres. A inversão apresenta-se desde 1998, com oito casos em meninos para cada 10 em meninas (Ministério da Saúde, 2010 b).

Em números absolutos, é possível ver como a redução de casos de aids em menores de cinco anos é expressiva: passou de 954 casos, em 1999, para 468, em 2009. Quando todas as medidas preventivas são adotadas, a chance de transmissão vertical cai para menos de 1%. Às gestantes, o Ministério da Saúde recomenda o uso de medicamentos antiretrovirais durante o período de gravidez e no trabalho de parto, além de realização de cesárea para as mulheres que têm carga viral elevada ou desconhecida. Para o recém-nascido, a determinação é de substituição do aleitamento materno por fórmula infantil (leite em pó) e uso de antiretrovirais (Ministério da Saúde, 2010 b).

Em relação à forma de transmissão entre os maiores de 13 anos de idade prevalece à sexual. Nas mulheres, 94,9% dos casos registrados em 2009 decorreram de relações heterossexuais com pessoas infectadas pelo HIV. Entre os homens, 42,9% foram por relações heterossexuais, 19,7% homossexuais e 7,8% bissexuais. O restante foi por transmissão sanguínea e vertical. Apesar do número de casos no sexo masculino ainda ser maior entre heterossexuais, a epidemia no país é concentrada. Isso significa que a prevalência da infecção na população de 15 a 49 anos é menor que 1%, mas é maior do que 5% nos subgrupos de maior risco para a infecção pelo HIV – como homens que fazem sexo com homens, usuários de drogas injetáveis e profissionais do sexo (Ministério da Saúde, 2010 b).

De acordo com o Ministério da Saúde (2010 b) o coeficiente de mortalidade vem-se mantendo estável no país a partir de 1998 (em torno de 6 óbitos por 100 mil habitantes). Observa-se a queda do número de óbitos no Sudeste, Norte e Nordeste e estabilização no Centro-Oeste e Sul (Ministério da Saúde, 2010 b).

(24)

Desde 2002 Ayres (2002a) refere que, mesmo com uma significativa evolução do conhecimento técnico e científico acerca do vírus, sua epidemiologia, os principais determinantes sociais e o elevado grau de conhecimento alcançado acerca do controle dos efeitos danosos do HIV sobre o organismo humano, ainda assim, a aids obriga a um concomitante reforço e exame crítico das ações de prevenção por parte da população e dos profissionais de saúde.

Desde o início da epidemia, a prevenção tem sido uma questão crucial para os programas de controle da aids. Baseado no crescente número de pessoas com HIV/aids, Ayres (2002a), refere que o tratamento além de melhorar a qualidade e a expectativa de vida das pessoas, constitui uma poderosa estratégia para a melhora da prevenção.

Ayres (2002a, p.12-13) refere que uma geração inteira está chegando à adolescência vivendo com o HIV. Da mesma forma, mulheres e homens que vivem com o HIV/aids estão podendo com segurança cada vez maior, serem mães e pais. “A possibilidade do tratamento constitui, com efeito, um poderoso motor para a melhora da prevenção”, dando a possibilidade a um número cada vez maior de pessoas de poderem se tratar e/ou conter o avanço da infecção mais precocemente.

Apesar da manutenção da estabilidade da epidemia e da resposta à aids no Brasil ser um motivo de destaque no cenário internacional, ainda assim, é necessário analisar a epidemia no país de modo particularizado, pois cada região apresenta dinâmicas diferentes (UNAIDS, 2010c).

Podemos dizer que o surgimento desta doença inaugurou novos desafios para as políticas públicas, pois inúmeras questões e perspectivas ultrapassaram em muito o campo da esfera biológica, implicando dessa forma, em uma diversidade de leituras e amplos questionamentos em relação à concepção tradicional de prevenção e saúde pública. A priorização das questões biológicas em detrimento de outros aspectos, ou seja, deixar de considerar a influência de outros fatores psico-emocionais e sócio-ambientais no processo saúde-doença é insuficientes para a compreensão das esferas fundamentais presentes na vida humana.

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Desde seu início, na segunda metade de 1970, quando surgiu nos Estados Unidos, a epidemia da aids vem provocando transformações em aspectos cruciais da vida humana, da relação de cada um com seu próprio corpo e com as outras pessoas em âmbito privado (familiar, afetivo, sexual) até questões sociais, culturais, econômicas e políticas em nível local e mundial.

Dessa forma, podemos dizer que a aids coloca em evidência a articulação do biológico, do político e do social (Herzlich e Pierret, 2005). A partir dos dilemas éticos que gerou, a aids forçou a sociedade a debater temas como gênero, homossexualidade, drogas e a refletir sobre direitos humanos e cidadania, apontamentos essenciais para o sentido de um mundo mais justo e solidário.

Concordamos com Rocha (1999), quando diz que as respostas que foram construídas neste processo guardam esta marca, fazendo do campo de trabalho da aids um lugar privilegiado para os questionamentos aos sistemas vigentes e de criação, por conseguinte, de novas formas de enfrentamento do fenômeno epidêmico. Certamente, essas respostas construídas ao longo da trajetória de enfrentamento da aids, contribuíram de uma maneira singular para confrontar diretrizes autoritárias e preconceituosas que foram surgindo, bem como também, tornou-se mais expostos os problemas sociais - a desigualdade econômica, a limitada capacidade do nosso sistema de saúde, a sua permanente crise e a presença de marginalizados de toda a ordem.

O fenômeno da aids recorda a humanidade da necessidade do enfrentamento de uma série de questões, que em alguns casos estavam sendo tratadas com descaso ou simplesmente ignoradas e, que dizem respeito não só à política de saúde, mas também à ética, à moralidade, mas principalmente, a novas possibilidades de exercício de cidadania. Diante disso, o diálogo acerca dos problemas que se construíram em torno da vivência da epidemia, impôs a interlocução com diferentes saberes para sua compreensão (Rocha, 1999).

No decorrer deste percurso, ou seja, desde o início da descoberta do HIV/aids até os dias de hoje, diferentes segmentos e atores sociais vêm demonstrando o seu engajamento, com vistas a abrir perspectivas mais animadoras para o futuro.

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Estudos acerca do HIV/aids têm sido desde então, desenvolvidos e divulgados por diversas áreas do conhecimento, entre as quais, a Enfermagem. Nesse campo a epidemia repercute em diferentes aspectos do seu processo de ensino-aprendizagem e do seu trabalho, no cuidado prestado às pessoas, consistindo em uma temática de significativo interesse para esta profissão.

1.2 A formação do enfermeiro frente à problemática do HIV/ aids

Ao considerar a educação em saúde no contexto da aids, Schall e Struchiner (1995) referem que no início do século XX, as práticas pedagógicas estavam associadas ao higienismo e as informação sobre a transmissão de doenças focada num modelo biomédico de saúde.

Com o advento da aids, a educação em saúde transformou-se, porque a temática intensificou a reflexão sobre as relações entre ciência e condição humana e, no caso específico da área da saúde, sobre as vinculações entre discursos, práticas e as questões que emergem na vivência concreta da epidemia (Czeresnia, 1997).

Dessa forma, houve um maior interesse na aprendizagem da doença, seus efeitos sobre a saúde, como evitá-la e como reestabelecer o quadro de saúde. Assim como houve uma visão social mais participativa na compreensão da doença, incluindo os fatores sociais que afetam a saúde, abordando os caminhos pelos quais diferentes estados de saúde são construídos socialmente.

Nesse caso, temos a abrangência da participação de toda a população no contexto de sua vida cotidiana. Isso se dá principalmente, com a entrada em cena de novos atores, já que os próprios doentes e outros grupos sociais buscaram exercer acompanhamento ativo em relação à produção cientifica. Explicitamente esses setores organizaram-se para construir uma consciência crítica quanto ao saber produzido, além de avaliar as políticas governamentais sobre a aids (Czeresnia, 1997).

Dessa forma, em virtude da epidemia do HIV/aids, novos modelos de intervenção em educação em saúde foram se delineando. Schall e Struchiner

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(1995) referem que a educação em saúde, com o advento da aids e outras doenças contemporâneas passou por diferentes modelos de ensino-aprendizagem, partindo de um modelo comportamentalista, com enfoque individualizante dentro de uma concepção biomédica da saúde e da doença para um modelo de orientação comunitária e social, que questiona a noção de que o indivíduo é responsável pela sua própria saúde, sugerindo que as pessoas identifiquem e atuem coletivamento no ambiente e nos fatores da comunidade que afetam sua saúde.

Indo além dos modelos citados, temos um que merece destaque especial: o modelo de transformação social. Nesse modelo há aspectos fundamentais que dizem respeito à transformação social. Nele os educadores comprometidos necessitam considerar as mudanças no nível das idéias que requerem desmistificar e tornar mais acessível o conhecimento médico separando-se os argumentos científicos das considerações morais; a transformação das atitudes de discriminação contra as pessoas portadoras do HIV/aids (relações sociais); a participação e organização de movimentos de reestruturação dos serviços de saúde na população local (processos políticos), assim como também, auxiliar na reestruturação dos serviços sociais e de saúde (Homans e Agletton, 1988).

Percebe-se que na prática do processo ensino-aprendizagem em Enfermagem em relação à temática HIV/aids, objeto de estudo dessa pesquisa, que as ações de educação, de maneira consciente ou inconsciente, tendem a privilegiar um ou outro modelo.

Entretanto, a formação do enfermeiro frente à problemática do HIV/aids, deve privilegiar o diálogo e o conhecimento mútuo de valores, experiências e afetos, situando e contextualizando essa problemática com os reais desafios e obstáculos que essa doença traz.

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Dessa forma adoção do quadro conceitual da vulnerabilidade3 como um referencial que pode re-dimensionar e re-direcionar o saber/fazer em saúde, em contraposição ao isolamento analítico que caracteriza os modelos sobre o risco, faz-se fundamentalmente importante no processo ensino-aprendizagem em Enfermagem.

Portanto, é essencial que os professores de Enfermagem que lecionam a complexa temática sobre o HIV/aids tenham a compreensão que essa doença envolve padrões complexos no que concerne a vida humana (Schall e Struchiner, 1995).

Se tomada isoladamente uma abordagem que valorize ações pontuais em relação a mudanças de comportamento, infringiríamos uma redução de medidas significativas quanto a promoção e prevenção em relação ao HIV/aids. Da mesma forma, se adotássemos isoladamente uma abordagem onde o sujeito aprendesse a fortalecer seu “eu”, conduziríamos a uma medida fundamentalmente subjetiva e individualista (Schall e Struchiner, 1995).

Os problemas de saúde em relação ao HIV/aids, possuem componentes amplos e interrelacionados, que não podem ser avaliados e tratados de forma isolada (Meyer et al, 2006).

Nesse sentido, o processo ensino-aprendizagem em HIV/aids deve ser compreendido como um caminho que busca articular dimensões complementares com vistas à construção de respostas sociais significativas, não contemplando definir comportamentos corretos para os demais, mas criando oportunidades de reflexão crítica e interação dialógica entre sujeitos sociais.

3

De acordo com Ayres et al (2003) “o movimento de considerar a chance de exposição das pessoas ao adoecimento como a resultante de um conjunto de aspectos não apenas individuais, mas também coletivos [e] contextuais que estãoimplicados implicados com a maior suscetibilidade ao adoecimento e, concomitantemente, com a maior ou menor disponibilidade de recursos de proteção”.

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2. PROBLEMATIZAÇÃO DA PESQUISA

“[...] Já não somos cartesianos e mecanicistas e ainda somos. Vivemos momentos de mudança e de confusão, destruidoras e criadoras, em que muitas vezes falamos de coisas novas, mas com palavras velhas e, falamos de coisas velhas com palavras novas (Antônio, 2002,p.60)”.

O surgimento da aids inaugurou novos desafios para as políticas públicas, pois inúmeras questões e perspectivas ultrapassaram em muito o campo da esfera biológica. A epidemia vem provocando transformações em aspectos cruciais da vida humana, ou seja, da relação de cada um com seu próprio corpo e com as outras pessoas em âmbito privado (familiar, afetivo, sexual) até questões sociais, culturais, econômicas e políticas em nível local e mundial.

Dessa forma, a aids colocou em evidência de maneira brilhante a articulação das esferas biopsicossociais da condição humana em todas as dimensões da vida.

Portanto, cabe aqui questionarmos o seguinte: será que o docente de enfermagem diante de sua formação tecnicista e biologicista, está capacitado a alcançar as múltiplas dimensões da aids no processo ensino-aprendizagem dos Cursos de Graduação em Enfermagem? Como estes docentes têm se colocado no processo ensino-aprendizagem em Enfermagem em relação ao HIV/aids nos Cursos de Graduação em Enfermagem? Quais conteúdos estão sendo ministrados por estes docentes relacionados ao HIV/aids nos cursos de Graduação em Enfermagem?

Nesse sentido, partimos da hipótese de que os docentes de enfermagem diante de sua formação tecnicista e biologicista, não estão capacitados a alcançar as múltiplas dimensões da aids no processo ensino-aprendizagem dos Cursos de Graduação em Enfermagem, já que a própria formação do docente tem o predomínio do conhecimento fragmentado gerado pelo modelo biomédico.

O processo ensino-aprendizagem em HIV/aids deve ser realizado por meio de um planejamento criterioso, o que envolve atitudes seguras e pontuais sobre a doença, requerendo a compreensão sobre seus estigmas e sua

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interpretação psicossocial. Nesse sentido, é evidente que o papel do professor, torna-se relevante como pessoa estratégica na atribuição de significações e valorização de todos os aspectos concernentes à temática estudada.

Portanto, este estudo contribui para a reflexão dos professores de Enfermagem acerca do atual ensino-aprendizagem em HIV/aids.

A relevância social desta pesquisa está localizada no campo educacional, no sentido de promover uma reflexão para a construção de diretrizes e de novas possibilidades de ensinar a ser enfermeiro mediante a realidade dinâmica e complexa da problemática do HIV/aids. A ideia é sinalizar para os gestores educacionais, competências e habilidades necessárias ao ser enfermeiro com o advento da aids no século XXI.

Dessa forma, espera-se e deseja-se que esta pesquisa contribua para subsidiar reformulações nos currículos de Enfermagem, em se tratando da temática do HIV/aids, numa sintonia com as políticas educacionais e de saúde do país. Como também, canalizar esforços para um “ensino com consciência”, no sentido de valorizarmos a condição humana no processo ensino-aprendizagem em Enfermagem em HIV/aids.

Essa é uma pesquisa que contribui, a partir do marco conceitual da Complexidade, para a construção de uma visão educativa com vistas para a cidadania e a participação plena na sociedade, em consonância com as DCNs do Curso de Graduação em Enfermagem e a proposição de um cuidado com as estratégias pedagógicas que articulem o saber ao aprender a ser (que implicam no aprender a aprender, aprender a conviver, aprender a fazer e a conhecer).

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3. MARCO CONCEITUAL

“[...] O pensamento complexo não rejeita o pensamento simplificador, mas reconfigura suas conseqüências através de uma crítica a uma modalidade de pensar que mutila, reduz, unidimensionaliza a realidade (Morin, Ciurana e Motta, 2003, p.52-59)”.

Para o estudo em questão optou-se pelo Pensamento Complexo defendido por Edgar Morin por considerar que o mesmo seja indispensável para todos os que trabalham com educação e que possuam preocupações referentes à produção do conhecimento multidimensional em saúde.

De acordo com Morin, Ciurana e Motta (2003, p.43) complexidade do ponto de vista etimológico, tem origem latina. Provém de complectere, cuja raiz

plectere significa trançar, enlaçar. A presença do prefixo “com” acrescenta o

sentido da dualidade de dois elementos opostos que se enlaçam intimamente, mas sem anular sua dualidade. Por isso, a palavra complectere é utilizada tanto para designar o combate entre dois guerreiros, como o abraço apertado de dois amantes. Em francês, a palavra “complexo” aparece no século XVI. Vem do latim

complexus, que significa que “abraça”, particípio do verbo complector, que

significa eu abraço, eu ligo.

Podemos dizer que o Pensamento Complexo surgiu para questionar a fragmentação e o esfacelamento do conhecimento, em que o pensamento linear oriundo do século XVI, colocava o desenvolvimento da especialização como supremacia da ciência, contrapondo-se ao saber generalista e globalizante. Da mesma forma, podemos dizer que o pensamento complexo é essencialmente um pensamento que trata com a incerteza, que pode esclarecer as estratégias do nosso mundo incerto e que é capaz ao mesmo tempo de conceber a organização (Morin e Le Moigne, 2000).

A base da epistemologia da complexidade desenvolvida por Edgar Morin advém de três teorias que se inter-relacionam: a teoria da informação, a cibernética e a teoria dos sistemas (Petraglia, 2002), que nos ensina que o processo comunicacional funciona como um sistema relacional, que não pode ser

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reduzido à lógica causal linear, no qual o todo é ao mesmo tempo maior que as partes, mas também menor, pois há qualidades emergentes das partes que não aparecem no todo e são inibidas.

O Pensamento Complexo integra os diferentes modos de pensar, opondo-se aos mecanismos reducionistas, simplificadores e disjuntivos. Esse pensamento considera todas as influências recebidas, internas e externas e, ainda enfrenta a incerteza e a contradição, sem deixar de conviver com a solidariedade dos fenômenos existentes. É um pensamento desprovido de certezas e verdades científicas. Morin (2002c, p.103) escreve que: “o conhecimento complexo

necessita do diálogo retroativo, ininterrupto das aptidões

complementares/concorrentes/antagônicas que são análise/síntese, concreto/abstrato, compreensão/explicação”.

Dessa forma, o que é complexo recupera, por um lado, o mundo empírico, a incerteza, a incapacidade de se atingir a certeza de formular uma lei eterna, de conceber uma ordem absoluta. Por outro lado, recupera alguma coisa que diz respeito à lógica, ou seja, à incapacidade de evitar contradições (Morin, Ciurana e Motta, 2003).

Morin (2003b) acrescenta dizendo que há complexidade quando elementos diferentes são inseparáveis constitutivos do todo e, há um tecido interdependente, interativo e inter-retroativo entre o objeto do conhecimento e seu contexto, as partes e o todo, o todo e as partes, as partes entre si.

O pensamento complexo é aquele em que todo o conhecimento e as informações ou de dados é contextualizado, globalizado, tem caráter multidimensional, liga e enfrenta a incerteza, une e substitue a causalidade linear e unidirecional por uma causalidade em círculo e multirreferencial. Corrige a rigidez da lógica pelo diálogo capaz de conceber noções ao mesmo tempo complementares e antagonistas. É a união entre a unidade e a multiplicidade. Enfim, o cerne da epistemologia da complexidade é justamente distinguirmos os diferentes aspectos do nosso pensamento, sem isolá-lo ou separá-lo.

O Pensamento Complexo apresenta sete princípios para um pensamento que une. Segundo Morin (2003b) são complementares e

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interdependentes. São eles: princípio hologramático, princípio dialógico, princípio do circuito recursivo, princípio sistêmico ou organizacional, princípio do circuito retroativo, princípio da autonomia/dependência (auto-organização) e princípio da reintrodução do conhecimento em todo conhecimento.

Para esta pesquisa, elegemos os: dialógico, recursivo e hologramático, por serem os princípios reitores do Pensamento Complexo e de acordo com Almeida (1997, p.33) “são indissociáveis e, nas palavras de Morin, a idéia de holograma está ela mesma ligada à recursividade, que por sua vez supõe a idéia dialógica”. Estão intimamente entrelaçados, mas cada um mantém a sua especificidade e se explica por si só.

Conforme Morin (2002 a, p.94-96):

“O princípio hologramático põe em evidência este aparente paradoxo das organizações complexas, em que não apenas a parte está no todo, como o todo está inscrito na parte;

O princípio do circuito recursivo ultrapassa a noção de regulação com as de autoprodução e auto-organização. É um circuito gerador em que os produtos e os efeitos são eles mesmos, produtores e causadores daquilo que o produz; O princípio dialógico une dois princípios ou noções que deviam excluir-se reciprocamente, mas são indissociáveis em uma mesma realidade. Deve-se conceber uma dialógica ordem/desordem/organização desde o nascimento do Universo: a partir de uma agitação calorífica (desordem), onde, em certas condições (encontros aleatórios), principalmente de ordem vão permitir a constituição de núcleos, átomos, galáxias e estrelas. Sob as mais diversas formas, a dialógica entre a ordem, a desordem e a organização via inúmeras interretroações, está constantemente em ação nos mundos físico, biológico e humano. Este princípio permite assumir racionalmente a inseparabilidade de noções contraditórias para conceber um mesmo fenômeno complexo. A complexidade incorpora as noções de ordem, desordem e organização, presentes em todos os sistemas. Ordem-desordem é uma relação inseparável que tende a estabelecer a organização. É um processo fundamental para a evolução do universo e é norteador da relação dialógica e ao mesmo tempo una? complementar, concorrente e antagônica”.

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O pensamento complexo só pode ser entendido por um sistema de pensamento aberto, abrangente e flexível, que não reduz a multidimensionalidade às explicações simplistas ou esquemas fechados de idéias. Este configura uma nova visão de mundo, que aceita e procura compreender as mudanças constantes do real e não pretende negar a multiplicidade, a aleatoriedade e a incerteza e, sim conviver com elas.

Dessa forma, o marco conceitual da Complexidade nos embasa na compreensão do nosso objeto de estudo, que possui dupla face: a compreensão do processo ensino-aprendizagem e do fenômeno da aids na contemporaneidade, para isso, Morin nos auxiliou a:

1) Compreender a aids na sua condição pluridimensional desconsiderando conseqüências redutoras e unidimensionais.

2) Compreender o processo ensino-aprendizagem como sistema comunicacional, aberto e relacional, sem se ater a uma visão reducionista, mas sim, como um sistema integrado com as demais instâncias do sistema de saúde.

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4. OBJETIVOS

“[...] Seria impossível saber-se inacabado e não se abrir ao mundo e aos outros à procura de explicação, de respostas a múltiplas perguntas[...] (Freire, 2003a, p.136)”.

4.1 Geral

- Compreender o processo ensino-aprendizagem em HIV/aids em Cursos de Graduação em Enfermagem, contemplando uma formação do enfermeiro nas dimensões biopsicossociais, com vistas ao Pensamento Complexo.

4. 2 Específicos

- Identificar os conteúdos de ensino teórico sobre HIV/aids nos currículos de Graduação em Enfermagem;

- Descrever a compreensão de docentes sobre sua prática pedagógica em HIV/aids;

- Analisar a interdependência das dimensões biopsicossociais relacionadas ao HIV/aids na prática pedagógica dos docentes de Enfermagem.

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5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

“[...] Toda a nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. Daí é que é preciso nos elevarmos, e não do espaço e da duração, que não poderíamos preencher. Trabalhemos, pois, para bem pensar [...] (Pascal, 1979, p.124)”.

5.1 Tipo de pesquisa

Trata-se de uma pesquisa qualitativa. A escolha desse tipo de pesquisa permitiu apreender o objeto de estudo, que é o processo ensino-aprendizagem em HIV /aids em Cursos de Graduação em Enfermagem e a responder os objetivos pretendidos.

Dessa forma, para identificar os conteúdos de ensino teórico sobre HIV/aids nos currículos de Graduação em Enfermagem, descrever a compreensão de docentes sobre sua prática pedagógica em HIV/aids e analisar a interdependência das dimensões biopsicossociais relacionados ao HIV/aids na prática pedagógica dos docentes de Enfermagem, optou-se por uma metodologia qualitativa, porque é impossível quantificar aquilo que ainda não se qualificou, categorizou e compreendeu, correndo o risco de contar categorias pouco precisas, sem validade ou fidedignidade ou mesmo sem nenhuma relevância interpretativa a serviço do saber prático.

Portanto, a opção por esse tipo de pesquisa refere-se à necessidade de imersão nas características complexas do fenômeno a ser estudado, sendo fundamental o entendimento das perspectivas desta realidade e dos aspectos sobre o ser humano envolvido no processo. Nesse sentido a pesquisa qualitativa se dá na tentativa de compreender um problema sob a perspectiva dos sujeitos que o vivenciam, na medida em que permite a obtenção de informações sobre aspectos específicos de um fenômeno, no que concerne sua origem e razão de ser (Leopardi, 2002; Haguette, 2001).

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5.2 Cenário do estudo

Minayo (2004) refere que o campo, na pesquisa qualitativa, é o recorte feito pelo pesquisador em termos de espaço, representando uma realidade empírica a ser estudada a partir das concepções teóricas que fundamentam o objeto da investigação.

O trabalho de campo foi realizado em todas as Instituições Públicas de Ensino Superior do município de São Paulo, por serem muito respeitadas e tradicionais no nosso país, ou seja, são instituições significativas no que concerne o processo de ensino-aprendizagem em Enfermagem, totalizando duas instituições. Participaram também desse estudo, todas as Instituições de Ensino Superior da região do ABC (São Paulo-SP), que possuíam Curso de Graduação em Enfermagem, totalizando cinco instituições particulares (Ministério da Educação, 2008). A escolha pelas instituições de Ensino Superior em Enfermagem na região do ABC se deve pelo fato da pesquisadora trabalhar como docente de Enfermagem há 10 anos nessa região em um dos cenários de estudo.

5.3 Participantes da pesquisa

Foram convidados todos os docentes graduados em Enfermagem que ministram conteúdos sobre HIV/aids e que lecionam nos cenários de estudo descritos anteriormente, totalizando quinze pessoas. Desses quinze docentes, apenas dois não quiseram participar integralmente da pesquisa. Dos treze docentes que participaram da Entrevista Geral, da Entrevista Individual em Profundidade e da Análise Documental, apenas sete docentes concordaram em participar do Grupo Focal.

5.4 Pré-teste

Foram abordados sete docentes graduados em Enfermagem que lecionam conteúdos sobre HIV/aids em Instituições de Ensino Superior na região metropolitana de São Paulo, sendo realizado o preenchimento do Formulário para

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levantamento de dados de formação e prática pedagógica, o Guia de Registro para planos de Ensino, a Entrevista Individual em Profundidade e o Grupo Focal, que foram gravados com o conhecimento e a autorização dos participantes, com o objetivo de aprimorar os instrumentos de coleta de dados. Foram analisados 7 planos de ensino.

5.5 Ambientação da pesquisadora

Consideramos importante inserir este tópico com o propósito de valorizar o preparo da pesquisadora para a coleta de dados em relação aos aspectos interacionais. Este preparo ocorre simultaneamente quando é aplicado o pré-teste. Nesse momento a pesquisadora passou por uma fase de adaptação/aprimoramento, em relação aos contatos com os participantes, aprimorando a forma de comunicação, se colocando de forma mais adequada no ambiente de entrevista, manuseando com mais propriedade a gravação e os instrumentos para a coleta de dados.

5.6 Procedimentos de coleta de dados

Inicialmente foi entregue uma carta-ofício (ANEXO A) aos responsáveis pelas instituições de ensino, solicitando a autorização para a realização da pesquisa.

Após a autorização administrativa para a realização da pesquisa e aprovação do Comitê de Ética (ANEXO B), foi feito contato pessoal com as coordenadoras responsáveis dos Cursos de Graduação de Enfermagem, para fins de apresentação do projeto e obtenção da indicação de professores envolvidos em disciplinas que apresentam conteúdos relativos ao HIV/aids. Após receber a indicação dos coordenadores de Cursos, era feito contato com os professores por telefone, para ser delineado com os participantes da pesquisa, o período e o local para a coleta de dados.

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A privacidade dos sujeitos foi garantida de acordo com o protocolo de pesquisa contido na Resolução n° 196/96, do Conselho Nacional de Saúde. Todos os sujeitos receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO C e ANEXO D), solicitando sua participação voluntária, esclarecendo os objetivos do estudo e garantindo o sigilo de suas respostas em todo e qualquer instrumento de obtenção dos dados. Convêm salientar também que as instituições de Ensino Superior, as quais os sujeitos trabalhavam, não foram identificadas.

A coleta de dados foi realizada no período de janeiro de 2010 a julho de 2010. A extensão do tempo para a coleta de dados se deu em decorrência de algumas dificuldades encontradas em virtude da rotina de atividades tanto dos coordenadores responsáveis pelos Cursos de Graduação em Enfermagem, quanto dos docentes pesquisados.

Alguns coordenadores de Cursos de Enfermagem apresentavam horários de trabalho que não eram fixos, o que promoveu uma série de desencontros. Além disso, muitas vezes, esses coordenadores estavam em atividades que não podiam ser interrompidos, o que também, dificultou o contato da pesquisadora com os mesmos.

Todos os coordenadores de Curso de Enfermagem recebiam uma cópia do projeto com a carta de aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa para apreciação e apresentação, para que a pesquisadora, posteriormente, obte-se a autorização para a realização da pesquisa. Em algumas ocasiões, o tempo de avaliação do projeto pelos coordenadores de Cursos de Enfermagem, se estendia por semanas.

Em relação aos professores, alguns por sua vez, apresentavam mais de uma atividade de trabalho, restringindo dessa forma, seu tempo e conseqüentemente, sua participação na pesquisa. Porém, apesar das dificuldades todas as entrevistas foram agendadas pela pesquisadora, com o propósito de iniciar uma aproximação com os sujeitos do estudo, como também um possível vínculo de confiança com os mesmos.

Como foi dito anteriormente, apenas dois sujeitos não concordaram em participar do estudo, o que também, prorrogou a extensão da coleta de dados.

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Após três contatos e três adiamentos, não se obteve mais retorno para remarcação. Dessa forma, respeitando o protocolo de pesquisa contido na Resolução n° 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, respeitou-se a privacidade e o desejo compreendido pela pesquisadora da não participação do sujeito.

5.7 Técnicas e instrumentos de coleta de dados

De acordo com Minayo (2004), a pesquisa qualitativa precisa valorizar e preocupar-se com o aprofundamento e abrangência da compreensão, seja de um grupo social, de uma organização, de uma instituição, de uma política ou de uma representação. Seu critério não é numérico. Dessa forma, uma amostra ideal é aquela capaz de refletir a totalidade nas suas múltiplas dimensões. Para isso, será necessário entre outras providências, a triangulação, que é “um termo usado nas abordagens qualitativas para indicar o uso concomitante de várias técnicas de abordagens e de várias modalidades de análise”. Utiliza “vários informantes e pontos de vista de observação”, com a finalidade de “verificação e validação da pesquisa (Minayo, 2004, p.102)”.

Por essa razão, para a coleta de dados foram utilizadas as técnicas de: Entrevista Geral, Entrevista Individual em Profundidade, Grupo Focal e Análise Documental.

Como instrumentos para coleta de dados foram utilizados: Formulário para levantamento de dados de formação e prática pedagógica do docente em Cursos de Graduação em Enfermagem, Roteiro Norteador para Entrevista Individual em Profundidade, Roteiro Norteador para Grupo Focal e Guia de Registro para planos de ensino. Os dados estão localizados no Quadro 1.

(41)

Quadro 1- Técnicas e instrumentos de coleta de dados, norteadores e técnicas de análise de dados utilizados nesta pesquisa. São Paulo, 2010.

Técnicas Instrumentos Norteadores de análise* Análise dos dados** Entrevista Geral Formulário para levantamento de dados de formação e prática pedagógica do docente em Cursos de Graduação em Enfermagem (ANEXO E)

- Dimensão da formação e elementos da prática pedagógica do docente, do ponto de vista geral e especificamente em HIV/aids

Descrição Textual

Análise

Documental

Guia de Registro para planos de ensino (ANEXO F)

- Dimensões do conteúdo teórico em HIV/aids Descrição Textual

Entrevista Individual

em Profundida

de

Roteiro Norteador para Entrevista Individual em Profundidade com gravação

(ANEXO G)

Dimensões do processo ensino-aprendizagem em HIV/aids:

- Ensinar a complexidade humana

- Estimular a curiosidade e a criatividade no processo ensino-aprendizagem em HIV/aids - Educar para cidadania: transformação da realidade

- Unir saberes: ligações e inter-relações para o enfrentamento da realidade

- Viver o processo ensino-aprendizagem por meio da transdisciplinaridade Análise qualitativa, utilizando Análise de Conteúdo Temática Grupo Focal

Roteiro Norteador para Grupo Focal com gravação

(ANEXO H)

Dimensões do processo ensino-aprendizagem em HIV/aids:

- Ensinar a complexidade humana

- Estimular a curiosidade e a criatividade no processo ensino-aprendizagem em HIV/aids - Educar para cidadania: transformação da realidade

- Unir saberes: ligações e inter-relações para o enfrentamento da realidade

- Viver o processo ensino-aprendizagem por meio da transdisciplinaridade.

Análise qualitativa, utilizando Análise de

Conteúdo Temática

* Fonte Camillo e Silva (2006) (ANEXO F) ** Esse tópico está descrito no item 5.6

Para a Entrevista Geral, contamos com o Formulário4 para levantamento de dados de formação e prática pedagógica em HIV/aids do docente em Cursos de Graduação em Enfermagem (ANEXO E). Este instrumento consta

4

De acordo com Pádua (2005), Cervo e Bervian (2002) o Formulário é uma lista informal, catálogo ou inventário, destinado à coleta de dados resultantes quer de observações, quer de interrogações, cujo preenchimento é feito pelo próprio investigador.

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