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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA MINISTRA PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TCU MD. ANA ARRAES

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Academic year: 2021

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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA MINISTRA PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO – TCU

MD. ANA ARRAES

ELVINO JOSÉ BOHN GASS, brasileiro, casado, agricultor e professor de História, portador do RG nº– SDJ/RS e CPF nº, atualmente no exercício do mandato de Deputado Federal pelo PT/RS, com endereço na Câmara dos Deputados – Anexo III – Gabinete 469 – Brasília (DF) e, ainda, Líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara Federal, com endereço eletrônico dep.bohngass@camara.leg.br e GLEISI HELENA

HOFFMANN, brasileira, casada, atualmente no exercício do mandato de Deputada Federal pelo PT/PR e, ainda, Presidente do Partido dos Trabalhadores, portadora da CI nº– SSP/PR e CPF nº, com endereço na Câmara dos Deputados, Gabinete 232 – Anexo IV – Brasília/DF, vem à presença de Vossa Excelência, nos termos legais,

REPRESENTAR

(DENUNCIAR), nos termos §2º, do art. 74 da

Constituição Federal, o Senhor Presidente da República JAIR MESSIAS BOLSONARO, com endereço no Palácio do Planalto – Brasília (DF) e o Senhor AUGUSTO HELENO RIBEIRO PEREIRA, atualmente no exercício do cargo de

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Ministro de Estado do Gabinete de Segurança Institucional – GSI, com endereço também no Palácio do Planalto – Brasília (DF), além de outros que a Corte identificar como responsáveis, tudo conforme fatos e fundamentos legais adiante destacados.

I – Dos Fatos.

Com efeito, não é segredo para nenhum brasileiro e nem para a comunidade internacional, que o Brasil é um dos epicentros da Covid-19, já contabilizando mais de 450 mil vítimas fatais e milhões de infecções.

Ou seja, o País é o locus em que a doença grassa com total desenvoltura, por ter encontrado, a partir das decisões negacionistas, omissivas (em relação às vacinas e às medidas sanitárias recomendadas pelas autoridades de saúde) e genocidas do Chefe da Nação, um terreno fértil para sua propagação e persistência.

Para além da crise sanitária, o País enfrenta um dos mais elevados índices de desemprego de sua história e alimenta, a cada dia, a tragédia da fome, em que mais da metade da população brasileira não dispõe de uma alimentação adequada no dia a dia, ou quiçá qualquer tipo de refeição.

Foi no meio desse caos sanitário, social e econômico, que o Presidente da República, Ministros, servidores públicos e Autoridades Militares (Como o General Eduardo Pazuello – O ex-ministro da doença), totalmente alienados com a realidade da Nação e dos brasileiros, sem qualquer finalidade ou justificativa de interesse público, se acharam no

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direito, às custas de vultosos recursos públicos, de participarem, no dia de ontem (23.5.21), na capital Fluminense (RJ)1, junto com uma turba de

néscios, todos em flagrante na prática de crimes contra as medidas sanitárias e ignorando regras do Código Brasileiro de Trânsito, de um ato (passeio de moto) para apoiar o “bom trabalho do Presidente e a missão cumprida do General Pazuello”, na morte e na desesperança de brasileiros, além de incentivos antidemocráticos, contra a existência do Supremo Tribunal Federal e com loas ao rompimento do regime democrático.

São condutas que envergonham a Nação, interna e internacionalmente e mostram como o País e a sociedade brasileira caminham, derrelitos, para o caos e o abismo, se medidas adequadas não forem adotadas pelas autoridades e Poderes constituídos.

Assim, para além dos crimes e das infrações criminais e éticas perpetradas, é preciso avaliar e levantar, posto que alheio ao interesse público e social, os valores que foram gastos com essa aventura antidemocrática e de cunho exclusivamente pessoal do Presidente e de seus acólitos, em flagrante violação aos princípios da moralidade e da impessoalidade.

Cabe ao Tribunal de Contas da União, que zela pela defesa do erário e da regular aplicação dos recursos públicos, auscultar a pertinência, sem qualquer finalidade pública que o justifique, de o Presidente da República, com Ministros, Generais, Ministros e outros, deslocar-se de

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Brasília para o Rio de Janeiro, para um passeio de motocicleta, com o único objetivo de promover, de um lado, um ato antidemocrático que alimenta suas bases, cada vez mais escassas, e, de outro, enaltecer a morte e o vírus da Covid-19, além de fazer apologia ao rompimento democrático e atentar contra Poderes constituídos.

A aventura presidencial, pautada pela total falta de razoabilidade e sensibilidade, teve gastos com avião presidencial, helicópteros, batedores, diárias, alimentação, combustível, hospedagem etc, sem que a finalidade pública estivesse presente.

Trata-se, como afirmado, de gastos que tinham como único objetivo enaltecer a figura do Presidente da República, que tenta desesperadamente, diante da percepção do desastre que representa sua eleição e seu governo, manter um mínimo de apoio dentre aqueles poucos que ainda compartilharam da cartilha de retrocesso que alimenta a Administração do País nesse momento.

Houve, portanto, desvio de finalidade no deslocamento de todo o comboio presidencial. Todas as despesas incorridas foram feitas sem que se tenha uma justificativa pública adequada. Os responsáveis devem devolver tais recursos ao erário, além de sofrerem as consequências administrativas pertinentes.

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Com efeito, o caput do art. 37 da Constituição Federal estatui a obrigatoriedade da observância dos princípios da legalidade, da impessoalidade e da moralidade, nos seguintes termos:

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...)”

Ora, diferentemente do que se verifica nas ações dos Representados, o administrador público deve pautar-se pela adoção de condutas que observem os princípios da legalidade, da impessoalidade e da moralidade. Se os agentes deliberadamente agem em desconformidade com regra expressa na Constituição Federal, visando a prevalência do interesse particular (promoção do Presidente da República) em detrimento dos interesses e da vida dos brasileiros, tais condutas não devem encontrar amparo legal, podendo inclusive serem avaliadas (afora o caso Presidencial) nos tipos definidos no art. 11, caput e I, da Lei n. 8.429/1992 (improbidade administrativa).

Ao agente público, civil e militar, impõe-se o dever de abstenção da prática de atos que visem a atingir anseios pessoais, devendo suas ações guardar estrita relação com o princípio da finalidade e da impessoalidade.

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Ao discorrer sobre o princípio da impessoalidade, CHIMENTI enfatiza que:

há evidente vinculação com a finalidade, importando dizer que impessoal é a atividade administrativa que objetiva gerar o bem comum, atendendo ao interesse de todos, como também guarda relação com a isonomia, por vedar a atividade desencadeada para benefício exclusivo de um ou de alguns administrados em detrimento de todos, e possui caráter funcional, significando que a imputação da atuação sempre será estatal, ao órgão público ou à entidade estatal, não o sendo pessoal ou própria da pessoa física (CHAMENTI, Ricardo Cunha et al. Curso de direito constitucional. 7. ed., rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 233).

Além disso, "a gestão da coisa pública deve-se orientar de conformidade com os padrões de conduta que a comunidade elegeu como relevantes, num determinado momento histórico, para o aperfeiçoamento da vida em comum, sob o influxo de um poder central" (CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional. 16. ed., rev. atual. e ampl. Belo Horizonte: Del Rey, 2010. p. 1.093).

É preciso esclarecer que o prejuízo não necessariamente se transfigura em números, em pecúnia. A Administração Pública é composta

por uma série de

valores (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência), cuja afronta, em algumas vezes, não é passível de mensuração.

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O prejuízo está acima do dinheiro (que nesse caso também é muito relevante). Está na confiança da sociedade nas instituições públicas, na consciência do cidadão de que seu voto contribui para o bem da comunidade em que vive e não para beneficiar interesses de uns poucos. O valor dos princípios da Administração Pública está na sustentabilidade do Estado Democrático de Direito.

Enfim, nesse instante em que a sociedade brasileira espera de seu Presidente, Ministros e Generais, atitudes e decisões que dignifiquem o cargo, o que se verifica são ações e medidas que visam unicamente instrumentalizar a estrutura de poder da família presidencial, com o uso de recursos públicos de maneira indevida, contra cidadãos e instituições.

Nessa perspectiva, é a presente denúncia para suscitar desse Tribunal de Contas da União, a adoção das providências administrativas que entender pertinentes para apurar os fatos aqui relatados, principalmente em relação às irregularidades dos gastos perpetrados com essa aventura presidencial e, ao final, se for o caso, promover as responsabilizações devidas.

Termos em que

Pede e espera deferimento. Brasília (DF), 24 de maio de 2021

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À Sua Excelência,

A Senhora Ana Lúcia Arraes de Alencar

Ministra Presidente do Tribunal de Contas da União - TCU Tribunal de Contas da União.

Setor de Administração Federal Sul – SAFS – Quadra 4 – Lote 1 – CEP 70042- 900 - Brasília (DF).

Referências

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