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Fontes, Métodos e Abordagens nas Ciências Humanas: paradigmas e perspectivas contemporâneas.

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FONTES, MÉTODOS E

ABORDAGENS NAS

CIÊNCIAS HUMANAS

PARADIGMAS E PERSPECTIVAS

CONTEMPORÂNEAS

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FONTES, MÉTODOS E

ABORDAGENS NAS

CIÊNCIAS HUMANAS

(3)
(4)

Ronaldo Bernardino Colvero

(Org.)

FONTES, MÉTODOS E

ABORDAGENS NAS

CIÊNCIAS HUMANAS

Paradigmas e perspectivas contemporâneas

1ª Edição

Pelotas BasiBooks

(5)

sem autorização previa por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.

Editoração e diagramação: BASIBOOKS

Capa:Acervo Canva.

ISBN 978-85-54082-03-1

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Observação: Os textos contidos neste e-book são de responsabilidade exclusiva de seus respectivos autores, incluindo a adequação técnica e linguística.

A484

Fontes, Métodos e Abordagens nas Ciências Humanas [livro eletrônico]: paradigmas e perspectivas contemporâneas / Amanda Basilio Santos; Elisabete da Costa Leal; Juliana

Porto Machado; Ronaldo Bernardino Colvero

(Organizadores). 1. ed.– Pelotas: BasiBooks, 2019. 1379p.

PDF – EBOOK

ISBN: 978-85-54082-03-1

1. Ciências Humanas 2. Ciências Sociais

CDU 303 CDD 300

(6)

Realização:

Instituto Conexão Sociocultural (CONEX); Centro Latino-americano de Estudos em Cultura (CLAEC)

Apoio:

Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Financiamento:

FAPERGS

Presidente da Comissão Organizadora: Dr. Ronaldo Bernardino Colvero (UNIPAMPA).

Comissão Organizadora:

Dr.ª Elisabete da Costa Leal (ICH – Universidade Federal de Pelotas)

Mestra Amanda Basílio Santos (ICH – Universidade Federal do Rio Grande do Sul) Mestra Juliana Porto Machado (ICH – Universidade Federal de Pelotas)

Equipe de Apoio Técnico:

Mauricio da Cunha Albuquerque (ICH - Universidade Federal de Pelotas) Bruno César Alves Marcelino (ICH - UNILA)

Rosilene Silva (ICH - Universidade Federal de Pelotas) Tiara Cristiana Pimentel (ICH - UNIPAMPA)

Andressa Peil Plamer (ICH - Universidade Federal de Pelotas) Joanna Munhoz Sevaio (ICH - Universidade Federal de Pelotas)

Mário Augusto Mateus Ramalho (CA - Universidade Federal de Pelotas)

Como referenciar o trabalho (conforme ficha catalográfica)

SOBRENOME, Nome. Título. In: SANTOS, A. B. et al. Fontes, Métodos e Abordagens nas Ciências Humanas: paradigmas e perspectivas contemporâneas. Pelotas: BasiBooks, 2019, p. x-x.

(7)

APRESENTAÇÃO...01

CAPÍTULO 1 - METODOLOGIA, TEORIA E FONTES: tripés da pesquisa contemporânea

AS FONTES PARA AS PESQUISAS SOBRE O TRABALHO NO PÓSABOLIÇÃO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES

Aline Sônego...02

METODOLOGIAS PARA MAPEAR A HISTÓRIA GRÁFICA DO JORNAL DIÁRIO POPULAR DE PELOTAS-RS

Ana da Rosa Bandeira e Helena de Araujo Neves...14

ESTUDO DE CASO, PESQUISA DOCUMENTAL E ANÁLISE DE CONTEÚDO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES

Ana Paula dos Santos Ferraz e Fabiane Adela Tonetto Costas...27

LA DIALÉCTICA DE LA IDENTIDAD Y LA GESTIÓN PATRIMONIAL. UM ESTUDIO SOBRE LA RESIGNIFICACIÓN DE LA MATERIALIDAD Y DEL ENTORNO EN ARGENTINA

Analía P. García...37

“TUDO PODE”: ANÁLISE DE UMA METODOLOGIA DE PESQUISA EM ARTE

Bruna Kuhn e Reinilda Minuzzi...48

OS IRMÃOS PORTO ALEGRE E A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

Chéli Nunes Meira...57

ADAPTAÇÃO E APLICAÇÃO DO INDEX PARA A INCLUSÃO

Clariane do Nascimento de Freitas e Fabiane Adela Tonetto Costas...67

MARC BLOCH, CARLO GINZBURG E CARLA BASSANEZI PINSKY (ORG): OCUPAÇÃO, EMPREGO E OFÍCIO DO HISTORIADOR, O LEGADO DEIXADO

Cosme Alves Serralheiro...77

HISTÓRIA SOBRE OS POVOS INDÍGENAS: MÉTODOS E MEMÓRIAS ENQUANTO RECURSO HISTORIOGRÁFICO

Eduardo Perius e Júlio Ricardo Quevedo dos Santos...86

PRÁTICAS DE LETRAMENTO E A VIVÊNCIA DAS CRIANÇAS EM UM CONTEXTO RURAL: ABORDAGEM ETNOGRÁFICA DE INVESTIGAÇÃO

(8)

Francine Couto de Oliveira Weymar, Fátima Barcellos da Rosa e Vanessa Valente Gonçalves...106

UM ESTUDO DE CASO SOBRE O MOVIMENTO “FORA CELULOSE” NO MUNICÍPIO DE RIO GRANDE NO FINAL DOS ANOS 1980

Gabriel Ferreira da Silva...116

ENSINO DE CIÊNCIAS NA PERSÉCTIVA DA ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: PRÁTICA PEDAGÓGICA NO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO

Igor Daniel Martins Pereira...125

FAZER POÉTICO: POSSIBILIDADES DE ABORDAGENS METODOLÓGICAS

Jéssica Anibale Vesz e Reinilda de Fátima Berguenmayer Minuzzi...135

INTERGENERICIDADE COMO REFLEXO DA PLASTICIDADE DO GÊNERO: PROPOSTA DE ANÁLISE DE UMA CHARGE

Jomara Martins Duarte...144

MODERNIDADE E O DESENVOLVIMENTO: UMA TEORIZAÇÃO LATINO AMERICANA Josué Kuhn Völz e Pedro Henrique Silva de Oliveira...155

TEORIAS E MÉTODOS DA GEOGRAFIA SOCIAL PARA PENSAR AS CONTRADIÇÕES DO ESPAÇO COSTEIRO LAGUNAR PELOTENSE

Keli Siqueira Ruas...167

AS LÍNGUAS MATERNA E OFICIAL DE CABO VERDE: CAMINHOS PERCORRIDOS PARA ANÁLISE DOCUMENTAL

Kelly de Aguiar Arruda...178

A POTÊNCIA DA PROBLEMATIZAÇÃO NA AFIRMAÇÃO DA DIFERENÇA PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Lorena Santos da Silva e Paula Corrêa Henning...187

IMPRENSA, LINGUAGEM E HISTÓRIA: A PRODUÇÃO DE SENTIDO NO CORREIO DA MANHÃ-RJ (1955)

Lucas Rangel Nunes...198

ANÁLISE DE CONTEÚDO E CINEMA: UMA REFLEXÃO SOBRE AS CONTRIBUIÇÕES DO MÉTODO PARA PESQUISAS DE CARÁTER INTERDISCIPLINAR COM MATERIAIS CINEMATOGRÁFICOS

(9)

A MEDIÇÃO DE LITERALIDADE NOS ESTUDOS DA TRADUÇÃO: AVANÇOS METODOLÓGICOS

Patrícia Helena Freitag e Ingrid Finger...226

WHATSAPP: UM GÊNERO DISCURSIVO EMERGENTE DO CONTEXTO DIGITAL

Renata de Andrades Guimarães...236

A PESQUISA: INVESTIGAR TEMAS OU ESPECIFICAR PROBLEMAS?

Sônia Maria Schio...246

PESQUISA QUALITATIVA EM EDUCAÇÃO: APONTAMENTOS ACERCA DO USO DA ENTREVISTA

Tatiana Platzer do Amaral, Maria Betanea Platzer e Márcia Regina Cordeiro Bavaresco...254

CAPÍTULO 2 - MÉTODOS, SABERES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: Pesquisa, Ensino e Extensão na Educação

O PROJETO CIRANDAR: RODAS DE FORMAÇÃO EM REDE

Aline Machado Dorneles e Maria do Carmo Galiazzi...264

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO DE GEOGRAFIA

Ana Paula Borges Ramos Vieira e Cláudia da Silva Cousin...274

EXPERIÊNCIAS ESTÉTICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Andréia Haudt da Silva e Maristani Polidori Zamperetti...286

EDUCAÇÃO CONTINUADA: O PIBID COMO FORMAÇÃO INICIAL E INDUTOR DA INTERDISCIPLINARIDADE

Carlos José de Azevedo Machado e Angela Mara Bento Ribeiro...296

LIVROS ESCOLARES PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO RIO GRANDE DO SUL NO FINAL DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX: UMA OPERAÇÃO HISTORIOGRÁFICA

Caroline Braga Michel e Dione Dutra Lihtnov...306

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS VOLTADAS A ANÁLISE DA PERDA DE SOLO POR EROSÃO HÍDRICA

Cibele Stefanno Saldanha, Mauro Kumpfer Werlang e Tuane Telles Rodrigues...317

UM ESTUDO INTERVENCIONISTA DE ESCRITA NO CONTEXTO ACADÊMICO

(10)

AS CONTRIBUIÇÕES DO PENSAMENTO COMPLEXO PARA A FORMAÇÃO

CONTINUADA DE PROFESSORES NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO

Claudia Escalante Medeiros...347

AMBIENTALIZAÇÃO DE ESTÁGIOS CURRICULARES SUPERVISIONADOS: A RELAÇÃO INTERINSTITUCIONAL ENTRE ESCOLA E UNIVERSIDADE NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Danielle Monteiro Behrend e Cláudia da Silva Cousin...358

O ESTUDO DA GEOGRAFIA CULTURAL EM SALA DE AULA

Denise Lenise Machado e Meri Lourdes Bezzi...368

AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS E O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: UM OLHAR A PARTIR DA DÉCADA DE 1990

Flávia Verônica Silva Jacques...375

ATITUDES E SENTIMENTOS DE ENFERMEIROS (AS) FRENTE À MORTE: UMA REVISÃO NARRATIVA

Francine Martins de Castro e Janaina Lima Laranjo...389

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA FORMAÇÃO DE EDUCADORES NOS MOVIMENTOS SOCIAIS DA AGRICULTURA FAMILIAR

Ionara Cristina Albani e Cláudia da Silva Cousin...398

OS DESDOBRAMENTOS DA CIDADANIA NA FORMAÇÃO DE JOVENS DO ENSINO MÉDIO NA DIMENSÃO DOS PROJETOS POLÍTICOS PEDAGÓGICOS

Janaina Andretta Dieder e Gustavo Roese Sanfelice...408

ESTRESSE NEONATAL: UMA REFLEXÃO ACERCA DOS EFEITOS NOCIVOS AOS RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Janaina Lima Laranjo e Francine Martins de Castro...420

BARALHO DE PERSONAGENS: UMA METODOLOGIA PARA CRIAÇÃO DE NARRATIVAS

João Pedro Wizniewsky Amaral, Rafael Salles Gonçalves e Thomás Dalcol Townsend...429

ESTRATÉGIAS FORMATIVAS EM CONTEXTO DE FORMAÇÃO CONTINUADA

Josiane Jarline Jägera, Luiza Kerstner Souto e Débora Hartwig Wendler...439

(11)

EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO HUMANA: UMA REFLEXÃO ACERCA DO ESPAÇO DE ENSINO

Julia Rocha Clasen...463

O PROCESSO DE FORMAÇÃO E (RE)SIGNIFICAÇÃO DOCENTE NO PROJETO CIRANDAR

Larissa Rodrigues de Oliveira e Elisabeth Brandão Schmidt...472

A FORMAÇÃO DO CIDADÃO, A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O ENSINO DE HISTÓRIA Leonardo Poltozi Maia...484

CONTRIBUIÇÕES DA FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE NA INOVAÇÃO PEDAGÓGICA

Liane Serra da Rosa e Luiz Fernando Mackedanz...493

UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA VOLTADA PARA O ENSINO DE ESTATÍSTICA PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Lisiane de Pinho Coutinho da Costa e Jessica Renata da Cruz...503

PATOLOGIAS E ESTRATÉGIAS DE ENFRETAMENTO DO MAL-ESTAR E ESTRESSE DOCENTE

Luana Maria Santos da Silva Ayres e Tanise Paula Novello...511

A ENTREVISTA COMO POSSIBILIDADE DIALÓGICA NA PRODUÇÃO DE DADOS EM UMA PESQUISA SOBRE AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE PROFESSORAS/ES

Marcelo Oliveira da Silva e Rodrigo Saballa de Carvalho...520

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O CINEMA: CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA

Rossandra Rodrigues Votto Feijó e Cláudia da Silva Cousin...530

DESAFIOS DOS ACADÊMICOS EM ENFERMAGEM FRENTE ÀS SUAS AÇÕES E INICIATIVAS EMPREENDEDORAS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Samanta Andresa Richter e Daniel Luciano Gevehr...541

UNIVERSIDADE, CURRÍCULO E PESQUISA: DÁ FORMAÇÃO CIENTÍFICA À PRÁTICA PEDAGÓGICA

Shirlei Alexandra Fetter e Daniel Luciano Gevehr...550

REFLEXOS DA FORMAÇÃO PNAIC 2014 NOS SABERES DOCENTES DE MATEMÁTICA DE PROFESSORAS POLIVALENTES

(12)

Pereira...570

AS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA PRÁTICA DOCENTE – POSSIBILIDADES FORMATIVAS NO FACEBOOK

Valdirene Hessler Bredow e Maristani Polidori Zamperetti...579

SABERES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NOS CURRÍCULOS DAS LICENCIATURAS DA UFPEL E DA UNIPAMPA: UM OLHAR SOBRE O ART. 26-A DA LDB À LUZ DE UMA PEDAGOGIA TRIANGULAR

Valéria Fontoura Nunes...590

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR: CONTEXTO HISTÓRICO E SUAS PESQUISAS

Veronica Cunha Barcellos...599

A ESCUTA DOS BEBÊS E DAS CRIANÇAS PEQUENAS NA UNIDADE DE EDUCAÇÃO INFANTIL IPÊ AMARELO: O QUE DIZEM AS PESQUISAS?

Vivian Jamile Beling, Daliana Loffler e Letícia Silveira da a Silveira...609

A INTEGRAÇÃO CURRICULAR ATRAVÉS DA LITERATURA: UMA EXPERIÊNCIA DE PROJETO DE EXTENSÃO NO IFSUL/CAVG

Viviane Aquino Zitzke e Cristiane Silveira dos Santos...620

PREVENÇÃO DE DSTS NA ADOLESCÊNCIA: UM ESTUDO DE CASO

Viviane Medeiros e Cristiane Silveira Dos Santos...630

CAPÍTULO 3 - PESQUISA E CONTEXTO: Política e conjunturas sociais e seu impacto na Pesquisa

POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: REFLETINDO O CONTEXTO HISTÓRICO

Alezandra Lima Nery Messias e Adriana Duarte Leon...637

A JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA E O ATIVISMO JUDICIAL COMO MÉTODOS TEÓRICOS-EXPLICATIVOS

Caroline Bianca Graeff e Álvaro Augusto de Borba Barreto...647

ANÁLISE DO INVESTIMENTO PÚBLICO DOS PROGRAMAS FEDERAIS DE PRESERVAÇÃO AO PATRIMÔNIO NA CIDADE DE PELOTAS/RS

(13)

AS CONCEPÇÕES DE LEITURA E ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL A PARTIR DAS POLÍTICAS NACIONAIS

Eliane Costa Brião e Gabriela Medeiros Nogueira...684

CONTRADIÇÕES SOCIETÁRIAS E A CRISE SOCIOAMBIENTAL: UM SOLO FÉRTIL PARA O DEBATE EPISTEMOLÓGICO

Gisleine Cruz Portugal, Rachel Aline Hidalgo Munhoz e Dione Iara Silveira Kitzmanna...696

EDUCAÇÃO ESCOLAR BÁSICA DE QUALIDADE DEVE MELHORAR A ECONOMIA? Laís Basso e Nei Jairo Fonseca dos Santos Junior...706

CARTOGRAFIA DAS REVERBERAÇÕES DA OCUPAÇÃO DE UMA ESCOLA PÚBLICA EM CANGUÇU (RS)

Laís Vargas Ramm e Cleci Maraschin...718

O SOCIAL E O POLÍTICO NA PROMESSA DE PACIFICAÇÃO

Liliane Souza dos Anjos...729

A INCLUSÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO

Marcia Leite Borges, Luciana Adélia Sottili e Rodrigo Pereira Radmann...739

O ETHOS MIDIATIZADO DE MARCO FELICIANO: DO PÚLPITO AO PALANQUE

Marina Martinuzzi Castilho...750

PSICOLOGIA ESCOLAR E POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS: O DIAGNÓSTICO DO CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO

Márcia Regina Cordeiro Bavaresco e Marilene Proença Rebello de Souza...761

PLANET HEMP - USUÁRIO: A RELAÇÃO ENTRE O DISCURSO DA LEGALIZAÇÃO DA CANNABIS E O BRASIL DOS ANOS 1990

Paulo Vargas Jr...774

UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE A CONCEPÇÃO DE REPÚBLICA EM HANNAH ARENDT A PARTIR DO MÉTODO DIALÉTICO

Rossana Padilha...784

RELATOS ORAIS: A POLÍTICA DE REALOCAÇÃO DE FAMÍLIAS NAS VILAS RENASCENÇA, ARCO-ÍRIS E LÍDIA; DURANTE O GOVERNO FARRET (1980-1990) EM SANTA MARIA/RS.

(14)

A INFLUÊNCIA DAS CRÔNICAS HISTÓRICAS EM RICARDO III, DE WILLIAM SHAKESPEARE

Wladimir D’Ávila Uszacki...815

CAPÍTULO 4 - ESTUDOS DE GÊNERO: aportes teóricos, metodológicos e fontes de pesquisa

DOENÇAS RARAS E AS MÍDIAS SOCIAS

Andrea Helena Rigonato e César Antonio Pereira...826

ALIBERDADE COMO FIO CONDUTOR DA CRÍTICA AO DETERMINISMO DOS GÊNEROS EM BEAUVOIR

Beatrís da Silva Seus e Jade Bueno Arbo...835

CORPO, PODER E GÊNERO: ESTUDOS PARA ALÉM DE FOUCAULT

Bruna dos Santos Leite...844

REPRESENTAÇÃO FEMININA ATRAVÉS DAS CAPAS DA REVISTA REDBOOK: UMA ANÁLISE DAS CAPAS DAS EDIÇÕES AGOSTO DE 1967, JANEIRO DE 1973 E ABRIL DE 1976

Carolina Abelaira...853

GEOGRAFIA E GÊNERO: DIÁLOGOS ENTRE AS GEOGRAFIAS FEMINISTAS E OS PROCESSOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Caroline Tapia Bueno e Diego Miranda Nunes...863

O GÊNERO FEMININO NOS MUSEUS DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ NO RIO GRANDE DO SUL: UMA LEITURA CRÍTICA A PARTIR DA HISTÓRIA CULTURAL

Daniel Luciano Gevehr...873

A ANAGNÓRISE NA POÉTICA PÓS-COLONIAL DO ESPETÁCULO “AS TREVAS RIDÍCULAS”

Guilherme Conrad...883

MARCHA DAS VADIAS EM BRASÍLIA: OS LIMITES DA REPRESENTATIVIDADE Jordana Foiatto e Yndira Coelho Soares...897

O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA VOZ NARRATIVA E SEU EFEITO PARA O LEITOR EM A HORA DA ESTRELA, DE CLARICE LISPECTOR

Luan Rodrigues Figueiredo e Larissa Garay Neves...906

ARMA GRÁFICA: DESIGN DE ATIVISMO À SERVIÇO DO FEMINISMO

(15)

“FILHAS” DO FUNK: UM ESTUDO SOBRE O FUNK COMO UMA DAS MANIFESTAÇÕES SOCIOCULTURAIS DA ADOLESCÊNCIA FEMININA BRASILEIRA

Teresinha Elisete Coiahy Rocha de Macedo e Rosa Maria Stefanini de Macedo...931

CAIXA DE PANDORA: PERCURSO EM DEZ ANOS

Ursula Rosa da Silva e Nádia da Cruz Senna...941

CAPÍTULO 5 - MÍDIA, GAMES E CENÁRIOS DIGITAIS: suportes e fontes da pesquisa contemporânea

DESAFIOS DA INSERÇÃO DOS DOCUMENTOS DIGITAIS COMO FONTES DE PESQUISAS HISTÓRICAS

Denise Frigo...952

POSSIBILIDADES DA WEBQUEST NA CONSTRUÇÃO DO PROFESSOR COMO PESQUISADOR

Ediane Gomes Duarte e Maristani Polidori Zamperetti ...962

AS NATUREZAS QUE EDUCAM: O JOGO MINECRAFT EM ANÁLISE

Elisângela Barbosa Madruga e Paula Corrêa Henning...968

POSSIBILIDADES DE INVESTIGAÇÃO POR MEIO DOS LABORATÓRIOS VIRTUAIS NO ENSINO DE QUÍMICA

Glaycilane Gomes de Deus, José Oxlei de Souza Ortiz e Aline Machado Dorneles...978

OS ESTADOS UNIDOS TRANSFORMAM HOLLYWOOD EM UMA ARMA IDEOLÓGICA OS EXEMPLOS DE HANGMEN ALSO DIE! E THE NORTH STAR (1943)

Maicon Alexandre Timm de Oliveira...986

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES/PESQUISADORES DE HISTÓRIA NO CONTEXTO DA CIBERCULTURA

Patrícia Marcondes de Barros...996

A CRIMINALIZAÇÃO CULTURAL DOS VIDEOGAMES: UM ESTUDO SOBRE A (DES)VINCULAÇÃO ENTRE VIOLÊNCIA E GAMES

Roberta Eggert Poll e Aline Pires de Souza Machado de Castilhos...1007

O ENSINO DE HISTÓRIA E O USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA PRÁTICA DOCENTE

(16)

A REVISTA DO SERVIÇO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL: RODRIGO MELO FRANCO DE ANDRADE E REDES DE SOCIABILIDADE NA ESCRITA DO PATRIMÔNIO (1937-1947)

André Fabrício Silva e Priscila Faulhaber Barbosa...1027

A CULTURA MATERIAL ESCOLAR TEUTO-BRASILEIRA: CARTILHAS E MEMÓRIAS Elias Kruger Albrecht e Patrícia Weiduschadt...1037

PONTE INTERNACIONAL MAUÁ: UM LUGAR DE MEMÓRIA

Fatiane Fernandes Pacheco...1047

INVESTIGANDO O PATRIMÔNIO: ESCUTAR, ESCREVER E TEORIZAR

Davi Kiermes Tavares e José Paulo Siefert Brahm...1057

O MERCADO PÚBLICO: UMA ANÁLISE SOCIOTERRITORIAL

Leonardo Danielli e Vanderli Machado Mackmillan...1067

CAPÍTULO 7 - INTERCÂMBIOS INTER, MULTI E PLURIDISCIPLINAR: abordagens contemporâneas

COTIDIANO NA BELLE ÉPOQUE DO RIO GRANDE: ANÁLISE DOS ÁLBUNS FOTOGRÁFICOS DO SR. JORGE RUFFIER

Andrea Maio Ortigara...1077

LEGIÃO URBANA: ENSAIO CRITICO SOBRE A “CANÇÃO QUE PAÍS É ESSE?”

Daniel da Rosa Eslabão...1090

ESPIRAL DIALÓGICA: ESTRATÉGIA DE ORGANIZAÇÃO DOS DADOS DAS PESQUISAS QUALITATIVAS EM EDUCAÇÃO

Daniele Simões Borges, Gionara Tauchen e Neusiane Chaves de Souza...1097

MEDIAÇÃO SOCIAL EM CONTEXTO MULTICULTURAL: UMA EXPERIÊNCIA JUNTO ÀS COMUNIDADES NEGRAS RURAIS NO RIO GRANDE DO SUL

Felipe Ferrari da Costa, Lucas Moretz-Sohn David Vieira e José Marcos Froehlich...1106

DIFICULDADES E SOLUÇÕES NA TRADUÇÃO DE “REDES, CHABOLAS Y RASCACIELOS”, DE HORACIO CAPEL

(17)

PESQUISA EM HUMANIDADES: A INTERDISCIPLINARIEDADE DA COMUNICAÇÃO Tadeu Sposito do Amaral...1138

CAPÍTULO 8 - ARTE, ICONOGRAFIAS E CULTURA VISUAL: pesquisa, educação e processos criativos

RUTH: TRAJETÓRIA REALIZADA E IMAGINADA

Aline do Carmo... 1147

CONTRIBUIÇÕES DA OBRA DE ARTE PARA ESTUDOS DA CULTURA MATERIAL ATRAVÉS DAS IMAGENS

Antonio José dos Santos Junior...1157

RESSONÂNCIAS DO FANTÁSTICO: UMA ANÁLISE INTERARTES DO PARAÍSO BOSCHIANO

Camilla da Silva Corrêa e Otávio Rios Portela...1166

A CONSTRUÇÃO DO CAMPO PICTÓRICO: ACÚMULOS E CONTRAPOSIÇÕES

Cleandro Stevão Tombini...1180

DOCÊNCIA EM ARTE: EXPERIMENTAÇÃO, SUBJETIVAÇÃO, AUTORIA

Cristiano Ferreira Silveira e Cynthia Farina...1190

AS POSSIBILIDADES DO CONHECIMENTO EM ARTE NA INFÂNCIA

Flávia Demke Rossi...1200

OBJETOCOISA: INVENTÁRIOS, INVENÇÕES E MULTIPLICAÇÕES

Helene Gomes Sacco...1210

A VISUALIDADE NAS NARRATIVAS DE ALAIN ROBBE-GRILLET E CHICO BUARQUE DE HOLLANDA

Janio Davila de Oliveira e Lucas da Cunha Zamberlan...1220

DESIGN DE CARTAZ: A REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO FEMININO NA ALEMANHA NAZISTA

Joana Luisa Krupp e Roberta Coelho Barros...1229

A LITERATURA DE CORDEL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO ESTÉTICO-AMBIENTAL COMO PRÁTICA DOCENTE

(18)

REVISTA BRAVO!: UMA REFLEXÃO SOBRE OS RETRATOS DE SUAS CAPAS

Lislaine Sirsi Cansi...1262

FONTES ICONOGRÁFICAS, ARQUIVOS E MEMÓRIAS: CORRELAÇÕES POSSÍVEIS Luciana Souza de Brito...1271

TRANSCRIAÇÃO

Lucila Tragtenberg...1281

IMPRESSOS COMERCIAIS NO RIO GRANDE DO SUL MARCAS REGISTRADAS – 1878 A 1923. A PRODUÇÃO DAS OFICINAS LITOGRÁFICAS DE PELOTAS

Paulo Ricardo Heidrich e Paula Viviane Ramos...1290

ARQUITETURAS/ESCULTURAS ESPONTÂNEAS SULINAS: COTIDIANO E ARTE NA ZONA RURAL DO RIO GRANDE DO SUL

Pedro Elias Parente da Silveira e Eduarda Azevedo Gonçalves...1305

CAPÍTULO 9 - FILOSOFIA E PESQUISA: estado da Arte

GRUPO PATAFÍSICA: UMA MEDIAÇÃO QUE ACONTECE PELA METODOLOGIA DO ENCONTRO

Carolina Corrêa Rochefort e Carolina Mesquita Clasen...1315

O PENSAMENTO FILOSÓFICO DE MICHEL FOUCAULT DA CRÍTICA DO HUMANISMO AO SUJEITO

David Inácio Nascimento...1324

CARTOGRAFIA: UMA COMPOSIÇÃO DE PESQUISA E DE PENSAMENTO

Juliana Nunes e Roselaine Albernaz...1334

AS METÁFORAS E A SIMBOLOGIA EM MOBY DICK: UMA REFLEXÃO EXISTENCIALISTA

Karina Moraes Kurtz...1346

UM JARDIM, ALGUNS TEXTOS, UM OU MAIS CORPOS: IMPRESSÕES E PERSPECTIVAS

Marta Lizane Bottini dos Santos e Ursula Rosa da Silva...1356

CONEXÕES ENTRE FILOSOFIA E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA Nei Jairo Fonseca dos Santos Junior e Laís Basso...1364

(19)
(20)

1

APRESENTAÇÃO

Nesta segunda edição do Encontro Internacional de Pesquisa em Ciências Humanas, o foco de nossa discussão se desenvolveu em torno dos métodos, as fontes e as abordagens utilizadas nas pesquisas contemporâneas na área das humanidades. O II Encontro Internacional de Pesquisa em Ciências Humanas (II EIPCH), teve como objetivo principal promover o intercâmbio de pesquisas da área das Ciências Humanas e das Humanidades, valorizando os processos, métodos, abordagens e temáticas contemporâneas de variados campos de pesquisa. Embora a interdisciplinaridade se coloque como essencial ao campo das humanidades, poucos eventos se colocam como espaço de intercâmbio efetivo entre as variadas disciplinas. Deste modo, tendo consciência desta necessidade crescente por diálogo entre pesquisadores, buscamos proporcionar, por meio do evento, uma oportunidade que permita ampliar e aprofundar as noções que cercam este tema, focando especialmente nas problemáticas de metodologia e abordagens de pesquisa. Desta forma, busca-se identificar elementos capazes de permitir o aprofundamento metodológico da reflexão do entendimento dos aspectos que envolvem as pesquisas em humanidades, por meio da exposição e debate de pesquisas empíricas que se coloquem na interface de variadas áreas do saber.

Para que fosse possível executar este evento, mesmo dentro de todos os cortes orçamentários e dos apoios institucionais de cada vez mais difícil acesso, contamos com a equipe do Instituto Conexão Sócio Cultural, com o CLAEC e com a parceria da Universidade Federal de Pelotas. Deste modo, gostaría de estender nossos agradecimentos às instituições supracitadas, e ao Centro de Artes e ao Instituto de Ciências Humanas, especialmente ao Prof. Dr. Sidney Gonçalves Vieira, que sempre com muita presteza nos concede o espaço para a execução do EIPCH. Também agradecemos a Coordenação de Comunicação Social, que sempre nos auxilia na estruturação dos espaços, assim como a PROPLAN, em especial a Suelen, por sua gentileza e dedicação junto ao evento. Agradecemos a Prefeitura Municipal de Pelotas pelo fornecimento de material turístico e divulgação, em especial ao secretario de cultura Giorgio Ronna. E por fim, gostaríamos de expressar nossa profunda gratidão a FAPERGS, pelo seu apoio financeiro junto ao evento, e que por apostarem em nossa proposta, tornou o evento possível, assim como todos os momentos nele vividos.

Em nome de toda a Equipe, agradecemos a todos os autores que compuseram esta edição conosco, e desejamos uma ótima leitura deste que é um produto proporcionado pela qualidade e dedicação de tantos pesquisadores.

Abraços de toda a equipe EIPCH, com estimados votos para um belo 2019. Esperamos nos encontrar novamente, em nossa próxima edição.

(21)

AS FONTES PARA AS PESQUISAS SOBRE O TRABALHO NO

PÓS-ABOLIÇÃO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES

LAS FUENTES PARA LAS INVESTIGACIONES SOBRE EL TRABAJO EN LA

POST-ABOLICIÓN: DESAFÍOS Y POSIBILIDADES

Aline Sônegoa

aDoutoranda do Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal de Santa Maria.

aline_sonego788@hotmail.com

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo trazer algumas reflexões sobre os desafios enfrentados pelas pesquisas sobre o pós-abolição, em especial, os estudos que versam sobre a inserção social e econômica dos libertos no mundo do trabalho. Estes desafios se referem especificamente em relação às esparsas fontes disponíveis para as pesquisas sobre o período citado. Propõe-se evidenciar algumas alternativas a esta problemática, amparadas principalmente em pesquisas historiográficas recentes e ressaltando a importância da perspectiva da Micro-história. Esta, permite o cruzamento de variadas fontes e possibilita seguir indícios importantes que podem ser úteis para analisar as vivências que a população liberta percorreu, ao inserir-se em um contexto de nova configuração das relações de trabalho. Nesse sentido, situa-se a pesquisa de doutorado em andamento sobre a inserção da população liberta e seus descendentes no trabalho livre em Cachoeira/RS.

Palavras chave: Fontes, pós-abolição, trabalho, historiografia.

ABSTRACT

Este trabajo tiene como objetivo traer algunas reflexiones sobre los desafíos enfrentados por las investigaciones sobre la post-abolición, en especial, los estudios que versan sobre la inserción social y económica de los liberados en el mundo del trabajo. Estos desafíos se refieren específicamente a las escasas fuentes disponibles para las investigaciones sobre el período citado. Se propone evidenciar algunas alternativas a esta problemática, amparadas principalmente en investigaciones historiográficas recientes y resaltando la importancia de la perspectiva de la Micro-historia. Esta, permite el cruce de variadas fuentes y posibilita seguir indicios importantes que pueden ser útiles para analizar las vivencias que la población liberada recorrió, al insertarse en un contexto de nueva configuración de las relaciones de trabajo. En ese sentido, se sitúa la investigación de doctorado en marcha sobre la inserción de la población liberada y sus descendientes en el trabajo libre en Cachoeira/RS, Brasil.

(22)

Os estudos mais recentes sobre o pós-abolição têm se mostrado vigorosos na tentativa de driblar as dificuldades apresentadas em relação ao acesso às fontes históricas, sobretudo, a carência documental para investigação da temática. Este vigor tem sido resultado, sobretudo, de novas abordagens teórico-metodológicas na historiografia, assim como do frutífero diálogo com outros campos das ciências sociais.

A ideia do presente trabalho originou-se a partir dos levantamentos bibliográficos realizados para o desenvolvimento da pesquisa de doutorado no curso de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal de Santa Maria cuja temática aborda os mundos do trabalho no pós-abolição, no município de Cachoeira, Rio Grande do Sul.

Para fins deste artigo, selecionaram-se três produções historiográficas que são consideradas expoentes sobre o tema. A partir delas, tem-se o objetivo de verificar quais as fontes utilizadas, o tratamento metodológico empregado pelos autores e, ainda, compreender de que forma estas obras abriram caminhos de interpretação que influenciaram outras pesquisas sobre o tema. Reitera-se que o panorama bibliográfico sobre o tema do pós-abolição é rico e complexo e que muitas outras obras relevantes não serão abordadas, em vista da síntese necessária para a realização deste artigo. Além disso, a escolha foi pautada também como uma forma de exemplificar e de evidenciar a produção historiográfica analisada enquanto produto do seu tempo e contexto.

Os estudos sobre a escravidão contam com arquivos cartoriais e eclesiásticos onde estão dispostos variados documentos relativos aos escravizados. Estes, tratados como propriedades, tornavam-se eram passíveis de operações comerciais de compra, venda e aluguel de serviços. Inventariados, arrematados, alforriados, batizados e nubentes, os escravizados se faziam presentes também nos arquivos do judiciário como réus, vítimas e testemunhas. Até 1888, seus descendentes poderiam ser localizados pela alcunha da cor e da origem como ex-escravos. Essa documentação abriu um leque extraordinário

se, não apenas no sentido de entender a escravidão na perspectiva dos senhores, afinal se está falando de documentos produzidos por eles e para eles, mas para entender a dinâmica da escravidão também a partir da perspectiva dos escravizados [1].

Já em relação ao período posterior a promulgação da Lei Áurea, temos um apagamento de informações substanciais para identificar a população liberta, como por exemplo, a ausência da informação sobre a cor das pessoas nos mais variados documentos, tais como registros civis, religiosos e demográficos. Por exemplo, no Censo populacional do Rio grande do Sul, a identificação pela cor aparece nos censos de 182 e 1890. Nos censos de 1900 e 1920 a informação não consta, só voltando a aparecer no censo de 1940 [2]. O próprio termo “liberto”, constante na documentação na vigência da escravidão, que era uma possibilidade de investigação, a partir da abolição perde totalmente o seu sentido, não sendo mais utilizado. Esta ausência, por si só, já provocou um “apagamento” desta população na historiografia, diluindo-se entre a população em geral, especialmente entre os chamados “nacionais”, dificultando a identificação de suas trajetórias no pós-abolição, ocasionando o que Chalhoub e Silva colocaram como “paradigma da ausência” destes sujeitos na história social do trabalho [3].

Neste sentido, apresenta-se a seguir, um breve esboço de três obras expoentes sobre o tema, recortando a análise a partir das fontes e a abordagem metodológica utilizada, no que se refere especialmente a inserção social e econômica dos libertos e descendentes de escravizados nos mundos do trabalho [4].

Inicialmente, se abordará A integração do negro na sociedade de classes [5], de Florestan Fernandes, como representante de uma produção historiográfica da década de 1960, seguindo pela obra de Hebe Mattos, Das cores do silencio: os significados da liberdade no Sudeste escravista [6], representando uma produção historiográfica da década de 1990 e Walter Fraga Filho em Encruzilhadas da liberdade. História de escravos e libertos na

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historiográfica dos anos 2000.

A historiografia do pós-abolição: análise sobre as fontes utilizadas

Na década de 1960, a Escola Sociológica Paulista, trouxe uma perspectiva que denunciou as agruras do cativeiro e a forma como estas marcaram a vida da população egressa da escravidão. A inserção social e econômica dos negros foi regida por essa herança do cativeiro, que sempre os deixou em desvantagem em relação aos imigrantes e a população branca em geral. Nesta perspectiva, o sujeito que foi vítima da escravidão continuava sendo vítima, uma posição que lhe negligenciava qualquer responsabilidade por suas escolhas. Essa incapacidade do egresso da escravidão em adequar-se ao novo contexto de trabalho livre, marcaria a tônica deste discurso, relegando aos libertos, um rótulo de passividade e animosidade. Questiona-se assim, quais fontes se utilizaram estes estudos, assim como o tratamento metodológico adotado para chegar a estas conclusões.

A obra de Florestan Fernandes em A integração do negro na sociedade de classes foi elaborada como tese para a cátedra de Sociologia I, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, em 1964. O autor introduz o texto colocando que o liberto viu-se, abruptamente

senhor de sim mesmo, tornando-se responsável por sua pessoa e por seus dependentes, embora não dispusesse de meios materiais e morais para realizar essa proeza nos quadros de uma economia competitiva [8].

Para o autor, os senhores foram eximidos de orientar seus ex-escravizados neste novo contexto, sendo que nem o Estado, a Igreja ou outra instituição cobraram a responsabilidade dos ex-escravistas. É importante destacar que esta perspectiva dialogava criticamente com as obras de Gilberto Freyre que evidenciavam o caráter paternal da escravidão no Brasil e que este caráter teria se perpetuado nas relações sociais entre brancos e negros no pós-abolição,

preconceitos de cor e raça.

As fontes de pesquisa utilizadas majoritariamente por Fernandes foram dados censitários da cidade e da província de São Paulo, escritos de abolicionistas e depoimentos de fazendeiros expressos nos jornais da época, relatos de viajantes estrangeiros no período e relatos orais. Em relação a utilização desta última fonte, convém esclarecer que seu uso no period em que a obra foi produzida ainda era incipiente e carecia de um tratamento metodológico mais adequado, considerando especialmente, a importância dos depoimentos de pessoas que viveram no período da escravidão que o autor teve a oportunidade de ter contato [9]. Florestan Fernandes verificou através destas fontes, principalmente, as preocupações dos senhores no período, sobretudo em relação a questão indenizatória e a crise da mão-de-obra na lavoura que a abolição poderia levar.

Para o autor, a revolução abolicionista teve a participação intensa e decisiva dos negros, porém destacou a falta de consciência dos ex-cativos em reivindicar ações além da liberdade. Florestan Fernandes coloca que o liberto acabava por ser reabsorvido no sistema de produção com condições análogas ao regime da escravidão ou passava a incorporar a massa de desocupados ou semi-ocupados da economia de subsistência da região [10]. Interessante esta passagem para pensar que o autor desconsidera uma economia nos moldes camponeses que pode ter sido uma alternativa a inserção social e econômica dos libertos. A perspectiva se foca fundamentalmente em uma integração aos moldes capitalistas de produção, na relação patrão-empregado, trabalho-salário. Henrique Espada Lima iluminou muito bem esta questão, argumentando que o fim da escravidão não evoluiu automaticamente para um mercado de trabalho livre e quanto esta perspectiva enriqueceu mais recentemente os estudos do pós-abolição [11].

O término do regime escravista significou o fim da possibilidade de se ter a posse de um ser humano enquanto propriedade. Esta visão de transição para o trabalho livre acaba por desconsiderar os arranjos econômicos e sociais

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inclusive na produção historiográfica do pós-abolição que tem dificuldade de analisar os libertos nesta nova condição, se detendo em interpretações sobre o trabalho imigrante e a falta de preparo dos ex-escravizados para aderirem à nova realidade.

O autor utiliza largamente os dados censitários para trazer um panorama da presença negra em São Paulo em relação à ocupação do espaço. Através da análise demográfica, comparando a presença de negros e brancos entre a capital e interior e os espaços ocupados dentro da cidade, Fernandes alerta que a documentação histórica e estatística conhecida não lança muita luz sobre o assunto, dando apenas algumas “indicações indiretas que revelam o caráter da forma histórica assumida pela destituição do ex-agente do trabalho escravo” [12]. Em outra passagem o Fernandes coloca que o censo de 1893 esclarece vários ângulos desse complexo processo histórico-social, “que pode ser apenas pressentido em linhas gerais através de informações reiteradas dos almanaques e testemunhos oculares” [13]. O censo utilizado pelo autor que trata sobre as ocupações, não identifica a cor, apenas separa entre nacionais e estrangeiros, revelando a predominância dos últimos, pois 71,2% dos trabalhadores da cidade de São Paulo eram estrangeiros.

As conclusões do autor caminham para perceber que, onde era maior presença de estrangeiros nos bairros, era mínima a presença de negros, assim como revelou-se a situação inversa nos bairros de maioria negra. Para Fernandes, a concorrência com elemento estrangeiro era desleal para com o negro, sendo que:

vedado o caminho da classificação econômica e social pela proletarização, restava-lhes aceitar a incorporação gradual à escoria do operariado

urbano em crescimento ou abater-se

penosamente, procurando no ócio dissimulado,

na vagabundagem sistemática ou na

criminalidade fortuita meios para salvar as aparências e a dignidade de homem livre [14].

O autor coloca que a inconstância do trabalho do negro e a sua negação para fazer

dificuldade do negro em dissociar o contrato de trabalho com as transações que envolviam diretamente a pessoa humana, o que os trabalhadores imigrantes tinham com clareza esta separação em relação a venda de sua força de trabalho.

Essas constatações partem, sobretudo de depoimentos da época, expressos em editoriais de jornais, que justamente transmitem essa incapacidade do negro de não assumir livremente o trabalho a não ser coercitivamente. Pensar a utilização de jornais da época como fonte na década de 1960 era inovador, pois a forte influencia positivista da neutralidade de um documento imperava até então, cujo o alargamento desta perspectiva se deve fortemente a Escola dos Annales que diversificou fontes e métodos e a própria perspectiva marxista thompsoniana de diversificar fontes para uma “história vista de baixo” [15]. Dessa forma, Fernandes se apropria de um discurso dos jornais, um discurso da elite, tal qual ele se apresenta, não realizando a crítica necessária a ideologia por trás dos editoriais e a” voz” do editorial passou a ser versão daquele contexto.

Após longo período de dominação cativa, o ócio e a vadiagem atribuida aos libertos foi interpretada como uma degradação moral fruto da escravidão. O autor, assim, matiza as visões e preconceitos da época, com a sua perspectiva sociológica que reforça os males que a escravidão causou a estas pessoas. Percebe-se que o uso majoritário da fonte produzida pelos grupos dominantes acaba por iluminar apenas uma das facetas do processo. A fonte documental foi interpretada à luz dos olhos do estudioso, carregados da concepção etnocêntrica de trabalho, assim como os antigos proprietários, que relatam toda a preocupação da classe dominante de não contar com o trabalho dos libertos.

Outra fonte utilizada são os relatórios originados ou destinados para a presidência da província de São Paulo. Neles, o autor identificou informações sobre a mobilidade dos libertos para regiões onde os imigrantes não tinham se assentado. O autor identifica as manobras que estão por trás da política imigrantista em assegurar uma oferta maior de

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competitividade com os ex-escravizados:

Os fazendeiros paulistas tiveram habilidade de converter uma transformação violenta e profunda, suscetível de tornar-se uma “catástrofe econômica”, numa política oficial empenhada em solucionar a questão da mão-de-obra agrícola de acordo com os interesses e as conveniências da grande lavoura de café – a transplantação maciça de trabalhadores europeus [16].

Usando o censo populacional de 1890 e 1893 da capital de São Paulo, o autor comparou que entre os negros e mulatos havia a predominância de mulheres, colocando a importância da continuidade da mão-de-obra feminina negra, atrelada possivelmente as relações mais próximas, do tipo paternalistas, com os brancos nos serviços domésticos [17]. A utilizar dados censitários o autor faz uma crítica a fonte especialmente no que tange a classificação da cor. Tanto quando do registro dos recenseadores, quanto dos próprios recenseados que podem classificar-se enquanto brancos, mesmo quando oriundos da população negra, como um critério distintivo [18]. O autor faz esta crítica ao verificar a relação no numero de nascimentos, óbitos e nati-mortos segundo a cor em São Paulo, que em um primeiro momento dava dados alarmantes em relação ao déficit para a população negra. Esta questão se enquadra na tentativa do autor em contrapor a ideia que a população negra tenderia a desaparecer e se incorporar ao grupo branco, conforme apregoava Gilberto Freyre [19]. A análise, ao contrário, evidencia que continuou aumentar de acordo com a tendência de crescimento demográfico geral da cidade. Nesta fonte, verifica-se que Fernandes percebeu as armadilhas de não fazer uma crítica as fontes. O usos dos dados censitários, apesar de frágeis para constatações de maior grau em relação ao destino dos libertos, foi o que o autor teve maior contato de relativizar, tanto em números quanto em categorias de cor.

Denunciando o mito da “democracia racial”, é inegável a contribuição de Florestan Fernandes:

Ele germinou longamente, aparecendo em todas as avaliações que pintavam o jugo escravo como contendo “muito pouco fel”’ e sendo suave, doce e cristãmente humano. Todavia, tal mito não possuiria sentido na sociedade escravocrata e senhorial. (...) Com a Abolição e a implantação da República, desapareceram as razões psico-sociais, legais e morais que impediam objetivação de semelhante ideia. Então operou-se uma reelaboração interpretativa de velhas racionalizações, que foram fundidas e generalizadas em um sistema de referência consistente com o regime republicano[20].

Porém, por outro lado, a visão de anomia social que o autor pautou ao referir-se as ações dos ex-escravizados no pós-abolição, não deu espaço para evidenciar as próprias as escolhas desta população neste processo. Em termos metodológicos em relação às fontes, percebe-se uma pluralidade no emprego destas, o que constitui já um avanço significativo para o período, além de uma incipiente críticas a representatividade e a produção destas. Assim, a obra de Florestan Fernandes, como fruto de seu tempo foi inaugural e marcante para os estudos que se seguiram, seja eles corroborando suas conclusões ou dialogando criticamente como no caso da produção historiográfica que viria nas décadas seguintes. A partir da década de 1980 e em razão do centenário da abolição, foram notáveis os trabalhos que buscavam recuperar a agência dos escravos e libertos tanto no cativeiro quanto nas suas vivências em liberdade. Sob influência de Eduard Thompson e Eugene Genovese [21], em estudos com a pesrspectiva marxista, e da Escola dos Annales, em estudos que exploravam além da dinâmica econômica e perspectiva cultural, avançou-se considerável no aporte teórico metodológico para tratamento das fontes e cruzamentos de fontes, buscando identificar a visão do liberto neste processo, destacando a sua agência, em contraposição a ideia de “anomia social” que se destacou neste texto anteriormente.

Como exemplo desta produção historiográfica, temos a obra de Hebe Mattos Das cores do silencio: os significados da liberdade no Sudeste escravista, fruto de sua tese de doutorado de 1993 e foi premiada em primeiro lugar no Premio Arquivo Nacional de

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em 1995. Esta, foi elaborada em um contexto historiográfico em que já se sentia “a necessidade da pesquisa empírica em pequena escala, para poder pensar o movimento dos grandes sistemas econômicos”, o que Robert Slenes entendeu que era o início da influência teorico-metodológica da Micro-história no Brasil [22]. Portanto, ela também é resultado de um contexto que os historiadores já possuem uma caminhada de fortalecimento do “território do historiador” no aporte teórico-metodológico no uso das fontes [23].

Dentre as importantes reflexões deste trabalho, destaca-se a percepção da autora sobre a questão do registro da designação cor nas diversas fontes analisadas, da forma como foi gradativamente omitida ou silenciada no decorrer do século XIX, até que com os anos subseqüentes à abolição da escravidão, ela praticamente inexiste. A autora problematiza este silenciamento a partir da perspectiva dialética, pois verifica que ao mesmo tempo que se tinha intuito de silenciar a cor “de cima para baixo”, através de práticas de registro judiciárias, cartoriais ou religiosas, esse silenciamento também refletia um comportamento da própria população afrodescendente. Isto porque a cor representava o distanciamento ou aproximação de um lugar social. Enquanto a cor negra estaria ligada um passado cativo, a cor parda marcaria um distanciamento deste [24]. Antes de um processo cultural de branqueamento, “o sumiço da cor refere-se a uma crescente absorção de negros e mestiços no mundo dos livres, que não é mais monopólio dos brancos” [25].

Nesta obra, Hebe Mattos trabalhou o conjunto de fontes a partir de dois métodos: a partir de uma perspectiva qualitativa, através das falas dos sujeitos nas fontes documentais, ela consegue perceber suas experiências naquele contexto, assim como, a partir das mesmas fontes, retira dados para tratar serial e quantitativamente, em uma espécie de recenseamento para compreender quais eram as relações dos grupos sociais envolvidos, no caso, escravos, senhores, livres e libertos. Através de inventários, processos cíveis e processos criminais, a autora coloca:

primeiramente, as evidências culturais produzidas por este olhar, padronizado pelo discurso jurídico, bem como suas ambigüidades e dilemas específicos ao processo de construção de um direito e de um Estado de matriz liberal (...) por outro lado, enfatizei especialmente as possibilidades abertas à compreensão das relações sociais no período e de sua dinâmica específica, a partir da valorização desses fragmento de vida como eixo central da análise [26].

Através da análise das testemunhas arroladas, em relação a qualificação socioprofissional, homens livres eram identificados como “viviam de alguma coisa”, seja “de suas lavouras”, “de suas agências” ou “de seu ofício de carpinteiro”, por exemplo. No caso dos escravos, estes estavam sempre associados a algum tipo de serviço, a servir alguém, “serviço de roça”, por exemplo. Hebe Mattos coloca que

ser livre numa ordem escravista seria

basicamente não trabalhar ou, mais

especificamente, viver de rendas. A liberdade é pensada idealmente, portanto, como um atributo do homem branco e potencializadora do não trabalho [27].

Essa perspectiva se estende no decorrer do século XIX para marcar esta oposição à escravidão e também explica os receios do pós-abolição, onde o receio dos antigos senhores em não possuir pessoas dispostas a estar a seu serviço.

Para a autora, a identidade enquanto homens livres, era construída, um primeiro momento, em oposição ao escravo (mobilidade) e, posteriormente, enquanto identificação com os senhores (propriedade). A partir de 1850, com o acesso a terra sendo restrito, pela Lei de Terras, essa identificação não é mais possível, iniciando-se “a construção de uma identidade própria, que se fazia apenas em oposição ao escravo” [28]. A mobilidade, a possibilidade de assumer trabalhos temporários e a permanência junto a família eram valores que eram caros a autonomia destes trabalhadores

A partir das qualificações das testemunhas arroladas nos processos, Hebe Mattos pode

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civil e fazer cruzamentos que auxiliaram a concluir a mobilidade espacial como um importante componente de inserção social, mesmo em região, não apenas aos núcleos urbanos, mas também no sentido rural-rural [29]. Mesmo que estas testemunhas não tivesses identificadas como libertas, os processos diziam respeito a escravos como réus ou vítimas, e dessa forma, potencialmente, trariam testemunhas que eram de seu convívio. Portanto, uma fonte aparentemente imprópria para o estudo do trabalho dos libertos tem muito contribuir se é vista por um novo ângulo tal como fez a historiadora.

Ao pesquisar as estratégias dos libertos ainda no decorrer do século XIX, Hebe Mattos pode lançar olhares deste panorama complexo em um momento que a cor estava ainda fortemente evidenciada e assim perceber a vivência destes trabalhadores e suas estratégias também transpostas para o pós-abolição. A questão da mobilidade espacial era um dos distintivos da liberdade, portanto auxilia a pensar os significados da liberdade naquele contexto. A autora, na seguinte passagem, faz uma contraposição ao discurso da escola sociológica paulista:

O reiterado processo de desenraizamento fazia, entretanto, parte estrutural deste mundo, e seus indivíduos possuíam recursos culturais suficientes – fossem forros, viúvas, órfãos ou jovens a procura de um destino – para conviver com essa realidade e se reinserir na ordem social sem que se tornassem socialmente anêmicos ou desclassificados. E os cativos, que buscavam aproximar-se da liberdade, sabiam disso [30].

Para a autora, no discurso das elites, esse liberto que passou a ser “lavrador de roça”, aproximando-o da condição do trabalhador nacional em relação a sua mobilidade, começou a ser identificá-lo também com a imagem do vadio atribuído a esta população pobre livre [31].

Hebe Mattos pesquisou ainda em jornais e folhas interioranas do final do século XIX da região pesquisada. Através de mergulho naquela conjuntura de 1888, buscou perceber

relação as expectativas e estratégias senhoriais em relação liberdade de seus ex-cativos, quanto as atitudes destes, agora como homens e mulheres livres. Porém a autora esclarece

os jornais de época, como os de hoje, refletem, na escolha e no tratamento de notícias, posicionamentos específicos e múltiplos, constroem versões nem sempre unívocas, de difícil tratamento metodológico [32].

Como exemplo na análise dos jornais da época, Hebe Mattos coloca que a historiografia sobre a escravidão muitas vezes “não tem leva muito a sério as interpretações de época, desqualificando como ideológicas, quando não simplesmente cínicas” [33], assim como a surpresa e o caráter traumático em que foi recebido a notícia da abolição no 13 de maio de 1888. Isto porque os contemporâneos entendiam que a instituição escravista estava com seus dias contados, mas ainda tinham em mente que não seria antes de aproximadamente onze anos a contar pelos elaboradores da Lei Saraiva-Cotegipe [34]. A autora coloca que:

Por mais que todo o processo que levou a extinção do cativeiro pareça previsível ao historiador que o toma de uma perspectiva mais ampla, eles sem dúvida surpreendeu aos conterrâneos [35].

A autora coloca também que toda a historiografia das décadas de 1980 e 1990 tem contribuído para complexificar a crise da escravidão e a emergência do trabalho livre, ao evidenciar a diferenciação dos agentes históricos e a multiplicidade de projetos e estratégias. De certa forma, evidenciou-se que a colocação do caos e o trauma dos grupos senhorias estaria ligado a um certo cinismo e visão dominante. Isso por sua vez, caiu em um outro extremo, um tanto romântico, transformando os escravos nos únicos e principais agentes, sendo este paradoxo precisa ser evitado, a fim de entender o contexto da época e historicizá-lo. [36].

Ao examinar os relatos de administradores de fazendas nos dias que se seguiram a abolição,

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nova situação, onde os libertos não se sujeitavam como antes mesmo com os agrados e remunerações ofertadas. Enquanto para Florestan Fernandes tais depoimentos significavam um despreparo dos libertos para enfrentar um trabalho longe da coação, para Mattos, o despreparo é do senhor ou do administrador que não perceberam que a lógica tinha mudado, e os libertos

parecem terem privilegiado o controle do tempo de trabalho que ali vinham conseguindo, sobre o maior ganho monetário que por ventura pudessem auferir no período de colheita em outras fazendas ou regiões. Ao agirem assim,

estavam, sem dúvida, embasados nas

expectativas de liberdade, construídas ainda sob o cativeiro [37].

Da mesma forma, os discursos dos jornais da época sobre os libertos procuravam denunciar casos de “rebeldia e vadiagem”, associando-os a necessidade de atenção das autoridades policiais, de acordo com Hebe Mattos, se buscava construir a imagem do liberto não apenas como um elemento perigoso, “mas também como despreparado para a liberdade e, mesmo, não muito humano” [38]. Os discursos nos jornais denunciam em muitos momentos a situação de abandono dos libertos após a aprovação da lei, como uma forma de recriminar as conseqüências da abolição.

Outra fonte utilizada pela autora são os registros policiais. Neles, Mattos observa que com a República, o termo cidadão é recorrente e utilizado para designar a elite proprietária em diferenciação, ao uso genérico de “homem” e “mulher” [39]. Esta constitui uma pista aos autos que não se reconhece a cor ou a ascendência como liberto.

Hebe Mattos utiliza ainda os registros civis de nascimento e óbito para acompanhar o destino dos escravos libertos no pós-abolição. Porém, coloca que devido a sub-representatividade desta fonte, um tratamento demográfico seria bastante inconsistente. Para isso, optou pela abordagem social, através da análise destes fragmentos de histórias de vida. Dessa forma, pode observar que a questão da cor nos registros representa mais do que uma

lugar de distanciamento ou aproximação com o cativeiro, assim observando os registros do Norte fluminense, “as crianças registradas como “negras”, pelo menos até meados da década de 1890, eram daquelas de pais ainda reconhecidos como ex-cativos” [40]. Verificou, por exemplo, os registros profissionais dos pais que registram os filhos, observando que os pais das crianças negras e pardas tem um perfil profissional bastante semelhante, exceto pela ocupação de jornaleiro, exercida principalmente pelos pais de crianças negras. As ocupações não agrícolas eram maiores para pardos (ou tornava pardos os filhos dos libertos) [41]. O movimento migratório dos libertos também pode ser evidenciado pela autora, quanto ela percebe a ocorrência de um ou mais registros pela mesma mãe.

A autora demonstrou em uma perspectiva comparativa entre diferentes regiões do Sudeste Fluminense que os libertos utilizavam do recurso migratório, buscando fazendas onde era mais vantajoso estar. Nas fazendas que eles permaneceram quase que na sua totalidade, havia recursos disponíveis para manterem-se além de laços familiares e de boas relações com o antigo senhor eram evidentes. Dessa forma, isso vai de encontro a tese da irracionalidade dos libertos neste período, tendo me vista que

a dependência do liberto, transformado em trabalhador livre, que causava a “escassez de braços” e não a sua recusa ao trabalho das fazendas. Mesmo que as condições de acesso autônomo à situação de pequeno produtor independente se fizessem cada vez mais difíceis, conseguiram força de pressão suficiente para moldar as novas relações de trabalho nas fazendas às suas expectativas de liberdade e autonomia [42].

O trabalho de Hebe Mattos, com sua perspectiva de análise ao enfocar conjuntamente os libertos e os chamados trabalhadores nacionais livres, foi exemplar em contribuir para colocar os ex-escravizados enquanto trabalhadores, isto é, inseri-los na História Social do trabalho, no qual há muitas criticas em torno da separação de uma história

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disso, rompeu com uma lógica de estudos macroestruturais que enfocava apenas a esfera econômica e política na transição para o trabalho livre, percebendo também uma perspectiva sócio-cultural, no qual é considerada a “visão” dos libertos neste processo. Além disso, o trabalho da autora é um exemplo de como a própria problematização da fonte, no caso em relação aos silêncios que ela constatou sobre a ausência da informação da cor na documentação após 1890. A metodologia serial combinada com as histórias de vida contribuíram para problematizar esta trama social onde estavam inseridos a perspectiva dos senhores, como dos ex-escravizados.

Como exemplo de os estudos mais recentes e que procuram ainda mais evidenciar a abordagem da Micro-história através das trajetórias dos libertos que, nas palavras do autor, são “fragmentos de trajetórias”, tem-se Walter Fraga em Encruzilhadas da liberdade. História de escravos e libertos na Bahia (1870-1910). A obra é fruto de sua tese de doutorado defendida em 2004 e se propõe a investigar o destino dos libertos no Recôncavo baiano, utilizou-se dos registros do Hospital Santa Casa de Santo Amaro, entre 1906 a 1913, no qual cruzou os nomes com a lista dos ex-escravos dos engenhos, para verificar a permanência ou a mobilidade destes e também os perfis profissionais registrados [43]. Cruzando também com os registros de nascimentos, verificou-se que a tendência maior naquela região era permanecer, pois

os vínculos comunitários e familiares forjados durante a escravidão foram fundamentais para a sobrevivência da população negra liberta e importante fator de fixação nas localidades em que residiam[44].

Outra documentação trabalhada pelo autor diz respeito a lista de pagamentos aos serviços prestados em um engenho que constam no inventário pos-mortem do antigo senhor. Ali, o autor pode verificar os nomes, cruzar com a lista de escravos da propriedade, pudendo perceber os perfis profissionais, atividades desenvolvidas e remunerações pagas,

atividades, em relação ao valor, ao tempo de serviço prestado e as estratégias de ex-senhores e libertos neste contexto [45]. Fazendo cruzamento com os registros de nascimento, batismo, casamentos e óbito, tantos os civis quantos os eclesiásticos, foi possível identificar a trajetória destes ex-escravizados enquanto libertos e evidenciar por exemplo estratégias de adoção do sobrenome do antigo senhor enquanto estivessem morando e trabalhando nas terras deste.

Para pesquisar as trajetórias dos libertos no contexto urbano, o autor buscou pelo chamado livro de ganhos, registrados no Livro de matrícula, onde estavam registradas profissões de aguateieros, carroceiro, entre outras. O livro das matrículas de criadas domésticas também é outra documentação que o autor utilizou para identificar os trabalhadores do período, entre eles, os ex-escravizados e seus descendentes [46].

O estudo de Fraga Filho contribui especialmente para romper com a noção de “transição” do trabalho escravo para o livre, para demonstrar que foi um processo com onde essas fronteiras não foram abruptamente ultrapassadas e as trajetórias dos libertos que o autor pesquisou demonstram justamente esta pluralidade de sentidos que a afirmação do ser livre assumiu. O contexto de produção da obra, sua tese de doutorado, é resultante de um crescimento em número dos programas de pós-graduação em História, assim como um amadurecimento da perspectiva micro-analítica, pois variados estudos passaram a enfocar não apenas o pós-abolição no Centro-Sul cafeicultor, mas regiões de produção periférica do país.

Considerações finais

O fundo arquivístico dos quais a historiografia brasileira tem a disposição não se compara a tradição notarial de uma Santena ou de uma Montereale [47], nas quais foram possíveis realizar pesquisas micro-analíticas que revolucionaram o modo de conhecer o processo histórico estudado. No entanto, a Micro-história trouxe inspirações para as pesquisas desenvolvidas no Brasil tanto de ordem metodológica, pois colocou a

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quando a partir do cruzamento de informações poderiam revelar muito sobre o processo pesquisado, assim como de ordem teórica, pois evidenciou a racionalidade própria que sujeitos históricos, mesmo quando condicionados por um contexto maior, elaboram estratégias para colocaram-se frente as possibilidades [48]. Luís Augusto Fariantti alerta para o olhar que o historiador deve ter em relação a fonte que pode ter sido produzido em um momento de embate de tensões e relações sociais diversas. No entanto, aceitar o caráter incompleto ou parcial da fonte não significa abandonar as informações constantes nela, mas entendê-las como indícios que podem ser corrigidos na comparação com outras fontes ou estudos futuros [49]. Esta interpretação para os estudos do pós-abolição provoca uma ampliação de temas e possibilidades ao analisar as esparças fontes do período, rompendo com uma interpretação mais estrutural e simplista de apenas ver o ex-escravizados como marionetes, que não tinham desejos, planos, ambições e estratégias para viver em liberdade. Cabe reconhecer que o uso das fontes, sendo a partir da escolha (e a própria consideração do que é uma fonte histórica) passa, sobretudo pelo problema apresentado para ser respondido pelo historiador e esse problema por sua vez, é formulado a partir de suas concepções teórico-metodológicas. Dessa forma, como coloca Carla Pinsky “documentos que ‘falavam’ aos historiadores positivistas talvez hoje apenas murmurem, enquanto outros que dormiam silenciosos querem se fazer ouvir”[50].

Neste sentido, para identificar as fontes utilizadas pelas pesquisas que enfocam o pós-abolição, em especial no enfoque sobre a inserção dos libertos no mundo do trabalho, é fundamental considerar o contexto em que foram produzidas estas obras e o tratamento teórico metodológico que foi empregado e como estes interferiram nas respostas aos questionamentos propostos pela historiografia consultada, servindo também como sugestões e possibilidades para a pesquisa na referida temática.

[1] SLENES, Robert. W. Escravos, cartórios e desburocratização: o que Rui Barbosa não queimou será destruído agora? Revista Brasileira de História. São Paulo, v.5, n.10, 166-196, março/agosto de 1985.

[2] Censos demográficos Rio Grande do Sul de 1940 e 1950. Fundo de Economia e Estatística. De Província de Rio Grande a Estado do Rio Grande do Sul – Censos 1803-1950. Porto Alegre, 1981, p.190.

[3] CHALHOUB, Sidney; SILVA, Fernando Teixeira da. Sujeitos no imaginário acadêmico: escravos e trabalhadores na historiografia brasileira desde os anos 1980. Cadernos AEL, v. 4, n.26, 2009

[4] MATTOS, Hebe; RIOS, Ana Maria. O pós-abolição como problema histórico: balanços e perspectivas. Topoi, v.5, n.8, jan.-jun. 2004. NEGRO, Antonio L; GOMES, Flávio. Além de senzalas e fábricas uma história social do trabalho. In: Tempo Social. Revista de Sociologia da USP, v.18, n.1, jun. 2006. [5] FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Dominus, 1965.

[6] MATTOS, Hebe. Das cores do silêncio: os significados da liberdade no Sudeste escravista (Brasil, século XIX). São Paulo: Editora da Unicamp, 2013.

[7] FILHO, Walter Fraga. Encruzilhadas da liberdade. História de escravos e libertos na Bahia (1870-1910). Campinas: Editora da Unicamp, 2006.

[8] FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Dominus, 1965, p.1.

[9] ALBERTI, Verona. Histórias dentro da História. In: PINSKY, Carla B(Org). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2008.

[10] FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Dominus, 1965, p.2.

[11] LIMA, Henrique Espada. Sob o domínio da precariedade: escravidão e os significados da liberdade de trabalho no século XIX. Topoi, vol.6, n.11, 2005.

Referências

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