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Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) : uma análise crítica dos dados quantitativos da iniciativa Bolsa-Formação de 2011-2017

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

JABSON CAVALCANTE DIAS

PROGRAMA NACIONAL DE ACESSO AO ENSINO TÉCNICO E EMPREGO (PRONATEC): UMA ANÁLISE CRÍTICA DOS DADOS QUANTITATIVOS DA

INICIATIVA BOLSA-FORMAÇÃO DE 2011-2017

Vitória 2019

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PROGRAMA NACIONAL DE ACESSO AO ENSINO TÉCNICO E EMPREGO (PRONATEC): UMA ANÁLISE CRÍTICA DOS DADOS QUANTITATIVOS DA

INICIATIVA BOLSA-FORMAÇÃO DE 2011-2017

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Educação Profissional e Tecnológica, ofertado pelo campus Vitória do Instituto Federal do Espírito Santo, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Educação Profissional e Tecnológica.

Orientador: Prof. Dr. José Augusto Ferreira da Silva

Vitória 2019

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) (Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo)

D541p Dias, Jabson Cavalcante.

Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec): uma análise crítica dos dados quantitativos da iniciativa bolsa-formação de 2011-2017 / Jabson Cavalcante Dias. – 2019. 138 f. : il. ; 30 cm.

Orientador: José Augusto Ferreira da Silva.

Dissertação (mestrado) – Instituto Federal do Espírito Santo, Programa de Pós-graduação em Educação Profissional e Tecnológica, Vitória, 2019.

1. Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Brasil). 2. Ensino profissional – Política governamental. 3. Educação para o trabalho. 4. Força de trabalho – Efeito da educação. 5. Educação e Estado. 6. Reciclagem profissional – Avaliação. I. Silva, José Augusto Ferreira da. II. Instituto Federal do Espírito Santo. III. Título.

CDD 21 – 374.013 Elaborada por Marcileia Seibert de Barcellos – CRB-6/ES - 656

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Autarquia criada pela Lei n° 11.892 de 29 de dezembro de 2008

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

JABSON CAVALCANTE DIAS

PROGRAMA NACIONAL DE ACESSO AO ENSINO TÉCNICO E EMPREGO (PRONATEC): UMA ANÁLISE CRÍTICA DOS DADOS QUANTITATIVOS DA

INICIATIVA BOLSA-FORMAÇÃO DE 2011-2017

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Educação Profissional e Tecnológica, ofertado pelo Instituto Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Educação Profissional e Tecnológica.

Aprovado em 19 de dezembro de 2019.

COMISSÃO EXAMINADORA

__________________________________ Prof. Dr. José Augusto Ferreira da Silva Instituto Federal Fluminense - IFFluminense

Orientador

__________________________________ Profa. Dra. Ana Cláudia Ribeiro de Souza

Instituto Federal do Amazonas - IFAM Membro Interno

__________________________________ Prof. Dr. Remi Castioni

Universidade de Brasília - UnB Membro Externo

Defesa em: 19 de dezembro de 2019. Local: Ministério da Educação –

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Autarquia criada pela Lei n° 11.892 de 29 de dezembro de 2008

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

JABSON CAVALCANTE DIAS

CADERNO DE DADOS (MEMÓRIA INSTITUCIONAL)

PROGRAMA NACIONAL DE ACESSO AO ENSINO TÉCNICO E EMPREGO (PRONATEC) - INICIATIVA BOLSA-FORMAÇÃO DE 2011-2017

Produto Educacional apresentado ao Programa de

Pós-graduação em Educação Profissional e

Tecnológica, ofertado pelo Instituto Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Educação Profissional e Tecnológica.

Validado em 19 de dezembro de 2019.

COMISSÃO EXAMINADORA

__________________________________ Prof. Dr. José Augusto Ferreira da Silva Instituto Federal Fluminense - IFFluminense

Orientador

__________________________________ Profa. Dra. Ana Cláudia Ribeiro de Souza

Instituto Federal do Amazonas - IFAM Membro Interno

__________________________________ Prof. Dr. Remi Castioni

Universidade de Brasília - UnB Membro Externo

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Agradeço primeiramente a Deus que me concedeu a oportunidade de realizar um Mestrado e me levar onde jamais imaginei estar.

A minha família pela compreensão das minhas ausências, especialmente minha esposa Rosangela e meu filho Fernando por vivenciar comigo angústias, alegrias e realizações.

Agradeço ao Ministério da Educação, na representação da Setec, por essa grande oportunidade. E aos colegas de trabalho pelo aprendizado e colaboração durante o período do mestrado.

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espirito Santo, pelo suporte nas etapas desse mestrado.

Agradeço ao Prof. Dr. José Augusto Ferreira da Silva, que como meu orientador, sempre me apoiou e prontamente esteve no meu lado para orientar e auxiliar em todos os momentos para o aperfeiçoamento e finalização deste estudo, meu muito obrigado. Aos demais professores dos diversos Institutos Federais pela oportunidade de compreender a importância da EPT no processo de formação do cidadão e ter mudado minha concepção sobre o tema.

Aos colegas do mestrado, pelos momentos maravilhosos ao longo dessa trajetória. Aos participantes da pesquisa que gentilmente aceitaram meu convite para compartilhar suas vivências na EPT e no Pronatec/Bolsa-Formação.

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Quem costuma vir de onde eu sou Às vezes não tem motivos para seguir Então levanta e anda, vai, levanta e anda Vai, levanta e anda (Emicida – Levanta e Anda, 2014)

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O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), criado em 2011, tem a finalidade de ampliar a oferta de educação profissional e tecnológica, por meio de programas, projetos e ações. Essa política pública instituiu a Bolsa-Formação como uma iniciativa que visa a oferta de cursos gratuitos de educação profissional técnica e cursos de qualificação profissional nas diversas Redes de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) do País. Buscou-se com essa pesquisa, de abordagem qualitativa, analisar por meio de dados contidos em censos escolares, anteriores e posteriores a criação do Programa, e no Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e Tecnológica (Sistec) a contribuição do Pronatec/Bolsa-Formação, nos anos de 2011 a 2017, para a expansão da Educação Profissional e Tecnológica no Brasil. Os censos escolares que tratam da educação profissional não apresentam dados separados por programas, por outro lado, observa-se que desde o início do programa conjecturas não trazem dados e indicadores confiáveis a respeito da iniciativa. O que dificulta o monitoramento, avaliação e em alguns momentos a transparência durante a execução do Pronatec. Nesse trabalho desenvolveu-se um produto educacional que compila tais dados em um Caderno de

Dados, onde contempla-se informações sobre matrículas e ofertas, inédito entre as

publicações da EPT e uma avaliação crítica desses dados com vistas à qualidade da gestão e da melhoria das políticas públicas para a EPT.

Palavras-Chave: Ensino. Educação Profissional e Tecnológica. Pronatec. Bolsa-Formação. Caderno de Dados.

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The National Program for Access to Technical Education and Employment (Pronatec), created in 2011, aims to expand the offer of professional and technological education, through programs, projects and actions. This public policy instituted the Bolsa-Formação as an initiative that aims to offer free technical professional education courses and professional qualification courses in the various Vocational Education and Training Networks (VET) in the country. This research, with a qualitative approach, sought to analyze, through data contained in school censuses, before and after the creation of the Program, and in National Information System of Vocational education and training (Sistec) the contribution of Pronatec/Bolsa-Formação, in the years 2011 to 2017, for the expansion of Professional and Technological Education in Brazil. School censuses dealing with professional education do not present data separated by programs, on the other hand, it is observed that since the beginning of the program, conjectures do not bring reliable data and indicators about the initiative. This makes monitoring, evaluation and, at times, transparent during Pronatec execution difficult. In this work, an educational product was developed that compiles such data in a Data Notebook, which includes information on enrollments and offers, unprecedented among VET publications and a critical evaluation of these data with a view to the quality of management and the improvement of public policies for VET.

Keywords: Teaching. Vocational Education and Training. Pronatec. Bolsa-Formação. Data Notebook.

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Figura 1 - Etapas da política pública ... 24

Figura 2 - Iniciativas do Pronatec. ... 43

Figura 3 - Modelo de funcionamento da Bolsa-Formação ... 48

Figura 4 - Etapas de elaboração da pesquisa ... 65

Figura 5 - Capa do Caderno de Dados elaborado como produto educacional, enviado para validação dos participantes da pesquisa (Apêndice D) ... 69

Figura 6 - Capa do Caderno de Dados elaborado como produto educacional, após validação dos participantes da pesquisa ... 72

Figura 7 - Nuvem de palavras das respostas sobre o que é EPT ... 82

Figura 8 - Nuvem de palavras das respostas sobre o papel da EPT ... 84

Figura 9 - Nuvem de palavras dos comentários sobre a relevância do Pronatec/Bolsa-Formação para EPT ... 90

Figura 10 - Nuvem de palavras dos comentários sobre a contribuição do Pronatec/Bolsa-Formação para o aumento nas matrículas divulgadas pelos Censos da Educação Básica ... 92

Figura 11 - Nuvem de palavras dos comentários sobre a alteração da lógica da oferta de EPT pelo Pronatec/Bolsa-Formação ... 96

Figura 12 - Nuvem de palavras das respostas sobre o papel da EPT ... 98

Figura 13 - Nuvem de palavras das respostas sobre o ponto forte na implementação e execução do Pronatec/Bolsa-Formação ... 100

Figura 14 - Nuvem de palavras das respostas sobre a fraqueza na implementação e execução do Pronatec/Bolsa-Formação ... 101

Figura 15 - Nuvem de palavras dos comentários quanto a avaliação da organização do produto educacional ... 105

Figura 16 - Nuvem de palavras das respostas sobre perspectivas para atualização do produto educacional ... 113

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Gráfico 1 - Matrículas em EPT de nível médio - Brasil (2007 - 2017) ... 37

Gráfico 2 - Matrículas em EPT de nível médio, por tipo de oferta - Brasil (2007 - 2017) ... 38

Gráfico 3 - Matrículas em EPT de nível médio por Rede - Brasil (2007 - 2017) ... 39

Gráfico 4 - Matrículas em EPT de nível médio, por localidade - Brasil (2007 - 2017) ... 40

Gráfico 5 - Matrículas em EPT de nível médio - Brasil (2010 - 2017) ... 44

Gráfico 6 - Matrículas realizadas pelo Pronatec (2011-2014) ... 44

Gráfico 7 - Grau acadêmico dos participantes ... 74

Gráfico 8 - Instituição, órgão ou rede ofertante pertenceu o participante ... 75

Gráfico 9 - Vivência na Educação Profissional e Tecnológica ... 76

Gráfico 10 - Conhece as metas do PNE 2014-2024 ... 77

Gráfico 11 - Conhece as metas da EPT (Meta 10 e 11) no PNE 2014-2024 ... 78

Gráfico 12 - Acompanha os resultados alcançados do PNE através dos canais de divulgação oficiais (INEP/MEC) ... 78

Gráfico 13 - Acompanha os resultados alcançados na Meta 11 (Expansão da oferta de educação profissional técnica) ... 79

Gráfico 14 - Termos que descrevem objetivos da EPT ... 85

Gráfico 15 -Tempo que exerceu atividades envolvido com o Pronatec/Bolsa-Formação ... 86

Gráfico 16 - Funções/Cargos ocupados pelos participantes entre 2011 a 2017 no Pronatec/Bolsa-Formação ... 87

Gráfico 17 - Relevância do Programa Pronatec/Bolsa-Formação para a EPT ... 88

Gráfico 18 - Aumento de 31% no número de matrículas na EPT entre 2010 a 2017 ... 91

Gráfico 19 - Alteração da lógica da oferta de EPT pelo Pronatec/Bolsa-Formação .. 94

Gráfico 20 - Participantes que leram o Caderno de Dados ... 102

Gráfico 21 - Avaliação quanto a organização do produto educacional ... 103

Gráfico 22 - Relevância do produto educacional como material de consulta à formulação de políticas ou programas em EPT ... 105

Gráfico 23 - Contribuição do Caderno de Dados na análise quanto as questões geográficas para implementar/monitorar/avaliar a política pública ou programa ... 107

Gráfico 24 - Contribuição do Caderno de Dados na análise quanto a absorção da oferta pelas Redes ofertantes da política pública ou programa ... 107 Gráfico 25 - Contribuição do Caderno de Dados na análise quanto aos tipos de

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política pública ou programa ... 108 Gráfico 26 - Contribuição do Caderno de Dados na análise ao perfil do público a ser

atendido pela política pública ou programa ... 109 Gráfico 27 - Público a qual se destina o Caderno de Dados ... 111

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Quadro 1 - Principais programas em educação na atualidade ... 28

Quadro 2 - Publicações pesquisadas ... 50

Quadro 3 - Normativos legais e infra legais pesquisados ... 53

Quadro 4 - Identificação dos participantes da pesquisa ... 62

Quadro 5 - Respostas para a pergunta: O que é Educação Profissional e Tecnológica - EPT ... 80

Quadro 6 - Respostas para a pergunta: O papel da Educação Profissional e Tecnológica - EPT no desenvolvimento econômico e social do País ... 82

Quadro 7 - Comentários para a pergunta: Relevância do Pronatec/Bolsa-Formação para a EPT ... 88

Quadro 8 - Comentários para a pergunta: Contribuição do Pronatec/Bolsa-Formação para o aumento nas matrículas divulgadas pelos Censos da Educação Básica ... 91

Quadro 9 - Comentários para a pergunta: Alteração da lógica da oferta de EPT pelo Pronatec/Bolsa-Formação ... 94

Quadro 10 - Respostas para a pergunta: Maior desafio a ser superado na EPT com o Pronatec/Bolsa-Formação ... 96

Quadro 11 - Respostas para a pergunta: qual a ponto forte mais relevante na implementação e execução do Pronatec/Bolsa-Formação ... 98

Quadro 12 - Respostas para a pergunta: qual a fraqueza mais relevante na implementação e execução do Pronatec/Bolsa-Formação ... 100

Quadro 13 - Comentários para a pergunta: Avaliação quanto a organização do produto educacional ... 104

Quadro 14 - Respostas para a pergunta: Perspectiva para atualização do produto educacional ... 112

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BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CBO – Classificação Brasileira de Ocupações

CEFET – Centros Federais de Educação Tecnológica

CODEFAT – Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador CNCT – Catálogo Nacional de Cursos Técnicos

EJA – Educação de Jovens e Adultos EPT – Educação Profissional e Tecnológica

EPCT – Educação Profissional, Científica e Tecnológica FIC – Formação Inicial e Continuada

FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica IFB – Instituto Federal de Brasília

IFES – Instituto Federal do Espírito Santo

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira ISSN – International Standard Serial Number

ISBN – International Standard Book Number

LDB – Lei de Diretrizes e Bases (da Educação Nacional) LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC – Ministério da Educação

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego

PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação PNE – Plano Nacional de Educação

PNQ – Plano Nacional de Qualificação

PLANFOR – Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador PEA – População Economicamente Ativa

PROEP – Programa de Expansão da Educação Profissional

PROFEPT – Programa de Pós-graduação em Educação Profissional e Tecnológica PRONATEC – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

PROEJA – Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos

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SETEC – Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

SIMEC – Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle

SISTEC – Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e Tecnológica SNA – Serviços Nacionais de Aprendizagem

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1 INTRODUÇÃO ... 16

2 CONTEXTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO ... 23

2.1 AVALIAÇÃODASPOLÍTICASPÚBLICASEMEDUCAÇÃO... 27

3 AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL ... 30

3.1 ORGANIZAÇÃOQUANTITATIVADAEDUCAÇÃOPROFISSIONALE TECNOLÓGICANOBRASILDE2007A2017 ... 35

4 PROGRAMA NACIONAL DE ACESSO AO ENSINO TÉCNICO E EMPREGO - PRONATEC ... 42

4.1 AINICIATIVABOLSA-FORMAÇÃO ... 45

5 METODOLOGIA... 50

5.1 CADERNODEDADOS ... 56

5.1.1 Construção do Produto Educacional... 59

5.1.2 Validação do Caderno De Dados ... 60

5.2 ANÁLISEDEDADOS ... 62

6 CADERNO DE DADOS (MEMÓRIA INSTITUCIONAL): PRONATEC/BOLSA-FORMAÇÃO 2011-2017 – PRODUTO EDUCACIONAL ... 67

6.1 FINALIDADE E APLICABILIDADE ... 69

7 PERCEPÇÕES DA EPT E A RELAÇÃO COM O CADERNO DE DADOS – RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 73

7.1 PERFILDOPARTICIPANTE ... 73

7.2 EDUCAÇÃOPROFISSIONALETECNOLÓGICA–EPT ... 76

7.3 PRONATEC/BOLSA-FORMAÇÃO ... 86

7.4 CADERNODEDADOS(MEMÓRIAINSTITUCIONAL) -PRONATEC/BOLSA-FORMAÇÃO2011-2017... 102

7.5 DIÁLOGOS:NÚMEROS,CONCEITOSEPERCEPÇÕES ... 113

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS FUTURAS ... 117

REFERÊNCIAS ... 121

APÊNDICE A - Solicitação da Base de Dados do Sistec ... 127

APÊNDICE B - Questionário Aplicado ... 129

APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ... 136

APÊNDICE D - Produto Educacional – Primeira versão ... 137

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1 INTRODUÇÃO

No ano de 2007, antes de realizar uma graduação eu tinha o desejo de entrar em um curso técnico. Desde a minha adolescência era aficionado com o surgimento da internet no Brasil e, em meados da década de 1990, optei por realizar um curso técnico na área de informática. Ainda lembro das feiras de ciências, os projetos inovadores e as possibilidades que se apresentavam para ingressar no mundo do trabalho, o qual acessei graças ao curso técnico, como programador web em um órgão ligado à Presidência da República. Em 2009, iniciei a graduação em Sistemas de Informação, dando continuidade ao que eu gostava e o queria seguir profissionalmente.

No início de 2011, fui nomeado para um cargo no Instituto Federal de Brasília (IFB), e encantei-me pelo que se oferecia ali e que me possibilitaria ótimas oportunidade na carreira profissional: a chance que muitos outros jovens poderiam ter de conseguir realizar um curso técnico. Aos poucos fui compreendendo os desafios que a Educação Profissional e Tecnológica enfrentava no país para criar oportunidades aos diversos públicos que essa modalidade de educação atendia.

No IFB atuei na área de gestão relacionada à organização de processos, planejamento estratégico o qual é composto pela elaboração, execução e monitoramento do Plano de Desenvolvimento Institucional. Nesse período foquei em trazer para a gestão do Instituto ferramentas e métodos próprios da área de Tecnologia da Informação, mas adaptada para a eficiência das atividades inerentes a minha atuação.

Durante esse período pude ver o surgimento do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e os desafios enfrentados pelo IFB para a sua implementação, em seu período de maior demanda, os anos de 2013 e 2014. Eram dezenas de cursos sendo ofertados, novos públicos, que nem se quer sabiam o que realizava o IFB no Distrito Federal. E ali era notável a grande dimensão do Programa ao se gerenciar ofertas, recursos e ao mesmo tempo garantir qualidade dos cursos. Em 2015, a partir das minhas experiências recebi o convite para compor o quadro da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação

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(Setec/MEC). A proposta foi de compor a equipe de gerência do Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e Tecnológica (Sistec) e subsidiar a gestão com dados, tanto de matrículas como referente aos repasses financeiros da Bolsa-Formação do Pronatec.

O desafio era gerar relatórios gerenciais os quais eram ausentes no Sistec e dessa forma deixava as redes ofertantes e demais atores sem condições de se aprofundar no monitoramento das suas ofertas. Assim, isso apresentava-se como um gargalo, pois direcionava esforços das equipes técnicas da Setec para gerar e disponibilizar relatórios com dados confiáveis sobre o Programa, e eu fazia parte dessa equipe de trabalho técnico.

Apesar disso, o cotidiano laboral foi uma oportunidade de estar em contato com todas as redes ofertantes do Programa, compreender os seus anseios para que a política pública fosse executada da melhor forma possível, trouxe-me conhecimento e responsabilidades para que os dados informados tivessem acurácia e refletissem, de fato, os recursos repassados as instituições executoras do Pronatec.

No ano de 2017 surge em minha vida a oportunidade de realizar o mestrado em Educação Profissional e Tecnológica oferecido aos servidores do MEC. A intenção era, qualificar os servidores dentro do órgão, para compreender e disseminar a importância da Educação Profissional e Tecnológica (EPT) para o desenvolvimento dos cidadãos e também do país. Entrei no mestrado em meados daquele ano.

A cada disciplina cursada e compreendendo o papel da EPT, relembrava os motivos que me levaram a realizar o curso técnico e o quanto me preparou para continuar meu desenvolvimento pessoal, educacional e profissional.

No momento de apresentar o projeto de pesquisa, inevitavelmente, olhei para o que eu poderia oferecer à EPT como retribuição ao que tinha me propiciado, assim optei por apresentar à sociedade dados do programa validados e com a metodologia de como foi contabilizado. Dessa maneira, defini usar o conhecimento adquirido nos três anos em que trabalhei diretamente com os dados do Pronatec/Bolsa-Formação para elaborar um produto educacional que pudesse ter valor para registrar o tamanho e a

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importância dos atores envolvidos nesse programa.

Diante das dificuldades enfrentadas por vários colegas que atuam na execução do Pronatec/Bolsa-Formação em encontrar dados que reflitam a realidade das matrículas e o dimensionamento de atendimento do Programa acredito que é pertinente para a memória do Pronatec e da própria EPT compilar, sistematizar e apresentar os dados em diversas visões para que todos possam enxergar a abrangência da execução do programa.

O exposto foi o que me conduziu a decisão de elaborar esse projeto de pesquisa e apresentar o Pronatec. Esse programa que foi criado pela Lei nº 12.513, de 26 de outubro de 2011, apresenta entre seus objetivos: expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de educação profissional técnica de nível médio presencial e a distância e de cursos e programas de formação inicial e continuada ou qualificação profissional (BRASIL, 2011b).

A proposta anunciada pelo Governo Federal era de proporcionar mais de 8 milhões de matrículas entre o período de 2011 a 2014, aproximadamente 2,3 milhões somente em cursos técnicos na forma concomitante e subsequente (FERES, 2015).

O Programa tem a justificativa no fortalecimento da força de trabalho qualificada. A sua concepção é um avanço a partir da criação de programas anteriores como o Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador (PLANFOR), criado em meados dos anos 1990, e o Plano Nacional de Qualificação (PNQ) criado em 2003.

Um programa de tamanha abrangência e de grande relevância ao cenário educacional desperta o interesse por pesquisá-lo, inclusive já é possível encontrar estudos realizados por organismos e pesquisadores dentro e fora do País1.

Destaca-se que a Educação Profissional e Tecnológica é umas das vinte metas

1 O Pronatec do Brasil foi objeto de um recente estudo acadêmico

(https://www.dropbox.com/s/bt7gxn95jl3ccxb/OM_MakingJobTrainingWork.pdf?dl=0/) elaborado pelos economistas Stephen O’Connel, do MIT; Lucas Ferreira Mation, do Ipea e João Bevilaqua Basto e Mark Dutz, do Banco Mundial.

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definidas no Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024, entre aquelas estruturantes para garantir o direito à educação básica com qualidade:

Meta 11: triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento público (BRASIL, 2014).

Conforme o Observatório do PNE o número de matrículas para EPT em nível médio era de aproximadamente 1,8 milhão no resultado parcial de acompanhamento em 2017, sendo que a previsão para o fim do PNE, a meta era chegar ao número de 5.224.584 milhões de matrículas (BRASIL, 2019e). Portanto, houve a superação de 34,30% da meta. O Pronatec participa como uma das ações para garantir o alcance dessa meta. Porém, os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) nos censos da educação básica não diferenciam por políticas públicas, programas ou ações. Assim sendo, o acompanhamento das contribuições do Pronatec/Bolsa-Formação ficam dispersas. Um exemplo é o Painel SIMEC (Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle do Ministério da Educação) – módulo público na internet em http://painel.mec.gov.br e o Portal de Dados Abertos do MEC disponível em http://dadosabertos.mec.gov.br, que apresentam em linguagem técnica, muitas vezes inacessível ao público geral.

Assim sendo, diante do volume de dados e o alcance do Programa um grande desafio apresenta-se diante de todos: encontrar dados confiáveis sobre o programa e gerar informações capazes de identificar a parcela de contribuição do Pronatec para a EPT. Logo, diante das constatações aqui apresentadas é comum que a análise dos indicadores do Pronatec leve a leitura errônea do Programa. Com isso dados díspares apresentados a sociedade não representa fidedignamente a eficácia do Programa e sua participação em censos escolares e, por conseguinte, a contribuição para a EPT.

A ausência de dados e informações confiáveis referente à oferta de cursos do Pronatec/Bolsa-Formação criam distorções que provocam a aferição incorreta de indicadores do programa. Esse fato pode levar a leitura equivocada do Pronatec, e

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consequentemente, imprecisão quanto a sua contribuição para a EPT. Conforme já foi percebido por Melo e Moura:

Vale salientar, que solicitamos ao MEC dados mais detalhados sobre a EP em geral sobre o Programa (Pronatec), como número de matrículas anuais separados por oferta (Concomitante, Subsequente, Integrado e FIC), e por dependência administrativa, pública e privada. A ideia era construir um quadro com toda a oferta da EP no qual pudesse ser identificada a parcela correspondente exclusivamente ao Pronatec, destacando a matrícula pública e a privada, assim como os dados de conclusão.

Apesar do esforço, não conseguimos alcançar nosso intento, pois a resposta dada foi muito geral, evidenciando falhas no monitoramento, obstaculizando a transparência dos dados do Programa (MELO e MOURA, 2016, p. 108).

Dessa forma, observa-se que há dificuldade em interpretar regras de negócios do Programa diante de mudanças ocorridas em legislações e normativos durante sua execução, o que provoca interpretações diversas sobre situações de matrículas realizadas e suas categorizações e qualidade da base de dados alimentada pelo Sistec.

Nesse aspecto, faz-se necessário um estudo mais profundado sob a luz de análise documental para interpretação dos dados. A falta de atuação na qualidade dos dados, alterações e correções ao longo do tempo geram a incapacidade de aferição do Programa:

A ausência desses dados dificulta uma análise mais fidedigna da distribuição das matrículas do Pronatec, principalmente no tocante à distribuição entre a oferta pública e a privada. Mais grave ainda é a falta de informações sobre dados de conclusão dos cursos, o que impede avaliar a eficácia do Programa, mesmo a partir de sua limitada concepção de formação humana. A impossibilidade de análise da evolução da participação de cada tipo de instituição ofertante ao longo dos anos impossibilita que o Programa seja analisado em profundidade (MELO e MOURA, 2016, p. 108).

Com a intenção de analisar o programa, foi solicitado à Setec/MEC, acesso a base de dados do Sistec referente aos dados de matrículas de 2011 a 2017 do Pronatec/Bolsa-Formação, e acesso a documentação correlata para interpretação correta dos números da iniciativa. Isso fez-se necessário para um estudo mais aprofundado baseado em dados, cuja a fonte seja o próprio Sistema Nacional de EPT. E com isso, responder aos objetivos desta pesquisa.

Buscou-se com este estudo apresentar dados validados de matrículas e informações referentes ao Pronatec, apenas a Iniciativa Bolsa-Formação, essa, de fato criada em

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2011 junto com o programa. Utilizando como fonte a base de dados alimentada pelo Sistec e com isso, apresentar análise crítica sobre a eficácia do Pronatec/Bolsa-Formação. Várias ações podem ser feitas, observando indicadores, censos, relatórios oficiais e dados extraídos do sistema oficial para embasar e mensurar corretamente as informações de matrículas. Propõe-se, portanto, avaliar, por meio de dados e informações, disponibilizados em base de dados públicos, e no Sistec, a contribuição do programa Pronatec/Bolsa-Formação para a Educação Profissional e Tecnológica, entre os anos de 2011 a 2017, pelo quantitativo de matrículas realizadas no período, com vistas a qualidade da gestão dos dados e melhorias das políticas públicas para a EPT.

Para o alcance do objeto principal desse projeto os objetivos específicos são: Analisar dados do Pronatec/Bolsa-Formação; Apresentar os normativos legais e infra legais que regem a execução de ofertas do Pronatec/Bolsa-Formação; Elaborar indicadores por seções: parceiros demandantes, modalidades de demandas, redes ofertantes, ofertas, situações de matrículas, cursos e perfil dos estudantes para analisar o Pronatec/Bolsa-Formação; Validar o produto educacional elaborado com grupo de especialistas que atuaram no programa durante o período de 2011 a 2017; e Apresentar os resultados da pesquisa quanto a validação do produto educacional e as contribuições do Pronatec/Bolsa-Formação para a EPT.

Está dissertação foi organizada em seis capítulos, além desta introdução e das considerações finais.

O primeiro capítulo inicia-se com o percurso teórico-metodológico. É apresentado a relação do estado e o seu papel perante a sociedade como responsável pela formulação das políticas públicas. Foram expostas as políticas públicas em educação desde o fim do século XIX e os aspectos considerados em suas avaliações. O capítulo traz também os principais programas em educação na atualidade.

Trata-se no segundo capítulo, sobre as políticas públicas para a Educação Profissional e Tecnológica. Foi traçada uma linha do tempo desde o início do século XX. Os dados da EPT no Brasil, do período de 2007 a 2017, é destacado para compreendermos a evolução do número de matrículas realizadas nessa década.

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Apresenta-se o Pronatec e suas iniciativas, no terceiro capítulo, a finalidade e os objetivos do programa. É descrito brevemente sobre cada iniciativa. Conhecemos o número de matrículas realizadas no programa de 2011 a 2016. E por fim, joga-se luz sobre a iniciativa Bolsa-Formação, os tipos de cursos ofertados, os parceiros ofertantes e demandantes, alguns números da iniciativa divulgados pelo MEC, o montante de recursos financeiros empenhados no período analisado e o modelo de funcionamento da iniciativa.

O quarto capítulo contempla os procedimentos metodológicos da pesquisa, evidenciando a abordagem, o objetivo e a natureza. São apresentados os instrumentos e técnicas de coleta de dados, tanto para a elaboração do produto educacional, quanto para sua validação, assim como, a definição dos participantes e o método utilizado para a análise dos resultados. Nesse capítulo são delineados os objetivos específicos alcançados com a pesquisa.

Foi reservado o quinto capítulo para especificar sobre o produto educacional. Quanto às etapas de sua elaboração, sua finalidade, a aplicação do recurso na EPT, as bases teóricas que o sustenta e o processo de validação. São apresentados os Cadernos de Dados, tanto em sua primeira versão enviada aos participantes da pesquisa, quanto em sua versão final após análise e validação.

Por fim, no sexto capítulo foi apresentado os resultados e discussões da pesquisa a partir das compreensões dos participantes. Para tanto, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo proposta por Laurence Bardin. Os resultados da pesquisa estão organizados por seções, a primeira exibe o perfil dos participantes, em seguida foram obtidos suas compreensões, conhecimentos e perspectivas quanto à EPT. Na terceira seção foi verificado a relevância, as contribuições e os desafios na implementação e execução do Pronatec/Bolsa-Formação. E por último, foi perguntado sobre o produto educacional elaborado, sua estrutura e organização visual, relevância como material de consulta para formulação de políticas e programas, suas contribuições para a EPT e a qual público se destina. Conclui-se o capítulo com um diálogo das percepções obtidas após elaboração, análise e validação do Caderno de Dados.

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2 CONTEXTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO

A relação do Estado com a Sociedade ocorre como de um agente de coerção ou de persuasão. Essa relação se constitui em responder às demandas oriundas do ambiente social ou transformar demandas em respostas (BOBBIO, 2007).

O Estado representa a sociedade e, por isso, precisa submeter-se a reação e aos interesses manifestados por ela. O governo enquanto seu agente, tem como objetivo principal o domínio da disputa de todas as orientações políticas, de todos os partidos, incluindo as oposições e a situação, e, portanto, manter-se no poder (SILVA et al, 2017).

Destaca-se que o papel do Estado como aquele responsável pela função estratégica de desenvolvimento, manutenção e conversação, é o de ser formulador de um conjunto de regras que visa proteger e atender à vontade geral. Em países como o Brasil devido a sua formação histórica colonial de “Estado protetor, paternalista, o qual muito é demandado pela sociedade para satisfazer e suprir lacunas institucionais, sociais e organizacionais” (SILVA et al, 2017).

Ao Estado é atribuído as responsabilidades sociais de garantir condições mínimos em diversas áreas como: saúde, educação, segurança, habitação e seguridade social. Assim, a sociedade é o formulador de demandas e o Estado busca respondê-las. Logo, a relação do Estado com a sociedade se dá por meio das políticas públicas.

A política pública proposta pelo Estado é definida como um conjunto de diretrizes, decisões e ações sob o controle estatal. Na década de 1990, no Brasil foi atribuído a ineficiência das políticas públicas a explicação para os altos índices de desigualdade social no país.

Por vezes, a finalidade da política pública tem como objetivo a imposição de uma estrutura econômica à sociedade. Constituem-se, por ocasião, de tentativas do Estado de regular as instabilidades gerada pelo desenvolvimento da acumulação capitalista. As políticas públicas de forma sistêmica podem ser definidas pelas seguintes etapas

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de elaboração: definição da agenda a partir da identificação da demanda, formulação, implementação e avaliação do programa. A partir desse modelo, políticas públicas são estruturadas como um processo, o qual reúne um conjunto de atividades – etapas – visando o alcance de demandas procedentes da sociedade.

Figura 1 - Etapas da política pública

Fonte: SILVA at el, 2017.

Considerando que as políticas públicas são compreendidas como o Estado agindo para implementar um projeto de governo através de programas e ações voltados para setores específicos da sociedade (HÖFLING, 2001, p. 31). O histórico da política educacional no Brasil reflete esses conceitos. O Estado buscando atender as demandas proveniente dos interesses da sociedade.

As políticas públicas em educação podem ser elaboradas de forma a assegurar e melhorar a prestação destas atividades para a sociedade, ou seja, políticas públicas educacionais são as decisões do governo, ou gestão, como construção de prédios, formação docente, currículos, valorização etc., que influenciem no ambiente escolar, nos resultados de ensino-aprendizagem e desenvolvimento de alunos, professores, servidores, pais e comunidade.

A história da educação pública proporcionada pelo estado brasileiro tem sua origem no fim do século XIX, com o surgimento dos primeiros grupos escolares em São Paulo. Assim, com a proclamação da república é que o Estado assume entre outras funções

IDENTIFICAÇÃO DE DEMANDAS E DEFINIÇÃO

DA AGENDA

FORMULAÇÃO IMPLEMENTAÇÃO AVALIAÇÃO DO

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a educar o povo (SAVIANI, 2005).

A educação na primeira república é marcada pelo caráter salvador ao qual a mesma foi relacionada, provocando desta forma o surgimento de uma crença empolgante no que diz respeito à capacidade que a mesma exerceria na solução de todas as mazelas da desigualdade social (PEREIRA, 2018).

A realidade educacional no período é marcada pela precariedade, evasão, repetência, más condições de trabalho e desvalorização salarial. Somente a partir de 1920 os profissionais da educação movimentam-se em torno de um otimismo pedagógico capaz de renovar as práticas pedagógicas e organização do ensino em prol de uma preocupação com a qualidade do ensino e com a organização interna das escolas (SAVIANI, 2005).

Em 1925, a reforma Rocha Vaz promoveu mudanças no ensino secundário. Estabeleceu a obrigatoriedade de um curso ginasial, seriado, e de frequência obrigatória. A reforma foi neutralizada por um conjunto de medidas tomadas pelo Congresso Nacional. Em 1930, a Revolução tornou-se o principal momento para que os educadores buscassem o controle da educação, algo almejado desde 1920 (BRASIL, 2018g).

Saviani (2004) também destaca que em 1931, a conhecida reforma Francisco Campos baixou um conjunto de decretos que não mencionavam diretamente o ensino primário, mas influenciou diretamente este campo da educação, pois de um modo geral a reforma possibilitou um grande avanço no que diz respeito à regulamentação da educação em âmbito nacional. Como uma espécie de coroamento de um processo foi lançado em 1932 o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Dirigido “ao povo e ao governo”, esse manifesto propunha-se a realizar a reconstrução social pela construção educacional.

A publicação do Manifesto gerou agitações no meio educacional. O Manifesto é sem dúvida um importante legado deixado para o longo século XX, influenciando a política educacional e estabelecendo marcos significativos com propostas de reconstrução social e educacional. Influenciou diretamente na primeira constituição de 1934 ao

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inserir a educação como dever do Estado.

A Constituição de 1937 manteve a dualidade na educação. Ao definir uma escola propedêutica para os mais ricos e uma pré-vocacional para os menos favorecidos. Significava formar uma “elite” com condições intelectuais para o domínio e uma classe de trabalhadores para atender a demanda do mercado (POMPEU et al, 2014).

Outro marco importante no cenário educacional do País foi o então Ministro da Educação Gustavo Capanema que implantou as chamadas Leis Orgânicas do Ensino, que ordenaram o ensino primário, normal, comercial, industrial e agrícola. Também na década de 1940 foram criados o SENAI, o SENAC, o Conselho Nacional de Educação Primária e o Fundo Nacional de Educação Primária, essas reformas foram realizadas na tentativa de centralizar e uniformizar o ensino (PEREIRA, 2018).

Ao longo desse período da educação brasileira, depreende-se que o processo de escolarização ou de organização do sistema escolar público estatal foi sempre movido pela crença de que existiria uma educação “salvadora”, capaz de reduzir os problemas provocados pelas desigualdades sociais e econômicas.

O Brasil passava por sérios problemas econômicos, políticos e educacionais, o sistema escolar não conseguiu aparelhar as diferenças de classe e muito menos aproximar e diminuir as diferenças entre riqueza e pobreza (PEREIRA, 2018).

Em 1964 já no Regime Militar iniciou-se um processo de reorientação do ensino. Foi um período conturbado do ponto de vista democrático. A política educacional foi se definindo por uma política compensatória, que procurava legitimar-se por uma estratégia de hegemonia, esta política expressou a dominação da burguesia viabilizada pelo Estado Militar.

A educação foi assumindo uma concepção produtivista e o modelo renovador foi desaparecendo. Esta concepção faz parte da teoria do capital humano. A teoria que relaciona a educação ao mercado e à produção, estimulando a educação técnica profissional de caráter terminal em detrimento da educação propedêutica, favorecendo a privatização de inúmeras empresas estatais, provocando ao mesmo

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tempo o sucateamento da escola pública brasileira (SAVIANI, 2005).

Do início da república até 1985 houve uma transição nas concepções e práticas por parte daqueles que comandaram a educação, perpassando por convicções iluministas, renovadoras e posteriormente produtivistas, mesmo com estas visíveis transições e várias tentativas legíveis de dar um rumo novo ao sistema educacional brasileiro, a característica da educação manteve-se dual durante todo este período (PEREIRA, 2018).

A educação se mostra desta forma com incisiva participação no processo de formação dos tipos de homens que se pretende para um dado momento histórico, exercendo sua força no processo de produção de valores, ideias, crenças e habilidades.

O modelo político, econômico e educacional que vem se implantando mostrou-se ineficiente do ponto de vista da homogeneização das oportunidades culturais e econômicas, provocando problemas de seletividade, desigualdade, exclusão e concentração de renda (PEREIRA, 2018).

O que tem se expressado ao longo do tempo é uma dominação elitista, a história revela que o Brasil se desenvolveu, se urbanizou, cresceu, industrializou-se, teve muitos avanços e progressos, mas estes benefícios foram somente para a minoria da população.

2.1 AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO

Por outro lado, a parte que se refere a avaliação de política pública em educação precisa considerar que:

A análise da política educacional não pode prescindir do confronto do que é declarado nos pressupostos e metas que as orientam, com os dados a respeito dos resultados alcançados. [...] A dimensão do declarado — expressa pelos planos, programas e projetos de ação — passa a ser entendida em seu caráter político, isto é, como produtos da negociação entre interesses diferentes ou até mesmo antagônicos, tendo em vista obter certo grau de consenso acerca dos fins e dos meios da educação, consenso este que, mesmo que provisório, é necessário como apoio à ação político-educacional (GATTI apud. RIBEIRO, 1998, p. 21).

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processos de aprendizagem, da gestão escolar e da aplicação de recursos públicos são insuficientes para promover alterações significativas da função política na área de educação. Outras questões precisam ser consideradas como o envolvimento de autores de diversas instâncias de decisão que atuam desde o planejamento aos que executam a política educacional. Enquanto não observado essa premissa, as avaliações dos resultados de programas irão alcançar índices positivos, porém, não avaliarão de fato a política da educação (HÖFLING, 2001, p. 39).

No Brasil os programas direcionados para atender as políticas educacionais são oferecidos para diversos segmentos como: educação básica, especial, à distância, profissionalizante, de jovens e adultos e educação superior. Atualmente destaca-se como principais políticas públicas educacionais existentes no país os programas destacados no Quadro 1.

Quadro 1 - Principais programas em educação na atualidade

Programa Objetivo

Programa Brasil Alfabetizado

Promover a superação do analfabetismo entre jovens com 15 anos ou mais, adultos e idosos e contribuir para a universalização do ensino fundamental no Brasil. Educação para Jovens e

Adultos (EJA)

Alfabetizar jovens, adultos e idosos, estimulando-os a continuar sua formação em cursos de educação de jovens e adultos (EJA).

Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC)

Aumentar a oferta de cursos de educação tecnológica e profissionalizante. O programa atende estudantes da rede pública, trabalhadores e beneficiários de outros programas sociais do governo.

Programa Universidade Para Todos (PROUNI)

Conceder bolsas de estudos integrais e parciais para estudantes de cursos de graduação e de cursos sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação superior.

Fundo de Financiamento Estudantil (FIES)

Financiar a graduação na educação superior de estudantes matriculados em cursos superiores não gratuitas na forma da Lei nº 10.260/2001.

MedioTec

Garantir que o estudante do ensino médio, após concluir essa etapa de ensino, esteja apto a se inserir no mundo do trabalho e renda.

Programa Escola Acessível

Promover condições de acessibilidade ao ambiente físico, aos recursos didáticos e pedagógicos e à comunicação e informação nas escolas públicas de ensino regular.

Apoio à Formação Superior e Licenciaturas Interculturais Indígenas (PROLIND)

Apoiar projetos de cursos de licenciaturas específicas para a formação de professores indígenas para o exercício da docência nas escolas indígenas.

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Programa Caminho da Escola

Renovar, padronizar e ampliar a frota de veículos escolares das redes municipal, do DF e estadual de educação básica pública.

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da

Educação Básica (FUNDEB)

Promover a redistribuição de recursos financeiros do governo federal para projetos vinculados à educação. Educação em Prisões Apoiar técnica e financeiramente a implementação da

Educação de Jovens e Adultos no sistema penitenciário. Programa Brasil

Profissionalizado

Fortalecer o ensino médio integrado à educação profissional nas redes estaduais de educação profissional.

Rede e-Tec Brasil

Desenvolver a educação profissional e tecnológica na modalidade da educação a distância, ampliando e democratizando a oferta e o acesso à educação profissional pública e gratuita no País.

Fonte: Sistematizado pelo autor a partir das informações do portal do Ministério da Educação (2019).

A implementação dessas políticas de educação surge no sentido de garantir o assegurado pela Constituição Federal e por outras leis, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). A Lei de Diretrizes e Bases reafirma o direito à educação e estabelece diretrizes a serem adotadas por todos os sistemas de educação do país, público e privado (BRASIL, 1996).

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3 AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL

No Brasil, a educação profissional tem sido objeto de ações estatal ao longo da história, principalmente a partir do início do século XX com o processo da industrialização. O marco mais importante desse período foi em 1909, já na República, a criação das dezenove “Escolas de Aprendizes Artífices” em várias capitais do país, pelo então presidente da república, Nilo Peçanha. Destinadas ao ensino profissional, primário e gratuito, estabeleceram-se como balizadores da Educação Profissional e Tecnológica como política pública no Brasil (BRASIL, 2018).

No ano de 1927, o Congresso Nacional aprovou o projeto que tornaria obrigatória a oferta nas escolas primárias subvencionadas ou mantidas pela União. Pouco depois é criado o Ministério da Educação em 1930, presente em sua estrutura uma instância de Inspetoria do Ensino Profissional Técnico (BRASIL, 2018).

A educação profissional e tecnológica nesse período é tratada com um referencial a ser disseminado como solução para o desenvolvimento econômico do país. O então presidente do Brasil Getúlio Vargas (1937-1945) transforma as Escolas de Aprendizes Artífices em Liceus Industriais. Novos liceus foram criados para a ampliação do ensino profissional em todo o País (BRASIL, 2018).

Na Constituição Federal de 1937, o ensino profissional é tratado e enfatizado como dever do Estado. Define-se que as indústrias e os sindicatos deveriam criar escolas de aprendizes na esfera da sua especialidade. Como desdobramentos, na década de 1940, ocorre a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) em 1942, a promulgação da Lei Orgânica do Ensino Industrial (Decreto-Lei nº 4.073/1942) com a definição de dois ciclos para este ensino, como o estabelecimento das bases iniciais de organização da rede federal de estabelecimentos de ensino industrial (Decreto-Lei nº 4.127/1942), no ano de 1946 foi criado o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), pelo Decreto-Lei nº 8.621/1946 e a Lei Orgânica do Ensino Agrícola (Decreto-Lei nº 9.613/1946) (BRASIL, 2018).

Em 1959, as escolas técnicas federais são instituídas como autarquias a partir das escolas industriais e técnicas mantidas pelo Governo Federal, as quais hoje compõem

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a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Já em 1961, foi criada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que passou a permitir aos concluintes de cursos de educação profissional, organizados nos termos das Leis Orgânicas do Ensino Profissional, continuar os estudos no ensino superior (BRASIL, 2018).

Na década de 1970 as Escolas Técnicas Federais do Paraná, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais foram transformadas em Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs) iniciando um processo de ampliação da oferta de cursos superiores tecnológicos. A Lei nº 5.692/71 definiu compulsoriamente que todo o ensino de segundo grau, hoje denominado ensino médio, deveria conduzir o educando à conclusão de uma habilitação profissional técnica ou, ao menos, de auxiliar técnico (habilitação parcial). Em 1982, a Lei nº 7.044/82 reformulou a Lei nº 5.692/71 e retirou a obrigatoriedade da habilitação profissional no ensino de segundo grau.

Os anos 1990 foram marcados por fatos importantes para a EPT. O Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador (PLANFOR) criado em 1995 pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e instituído a partir de 1996. Foi criado com o objetivo geral de apresentar ofertas de educação profissional para qualificar, anualmente, pelo menos 20% da População Economicamente Ativa (PEA), articulado ao conjunto de ações das agências de educação profissional já existentes no país (BULHÕES, 2004). Em 1996 foi promulgada a segunda Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), pela Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. A expressão “Educação Profissional” foi introduzida como uma das modalidades de educação, conforme disposto no Art. 39, modificado pela Lei nº 11.741/2008 que diz: a educação profissional e tecnológica integra-se aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia (BRASIL, 2008).

O Decreto nº 2.208 de 17 de abril de 1997 (BRASIL, 1997b) proibiu cursos de tipo técnico integrado ao Ensino Médio, e estabeleceu a separação entre Ensino Médio e educação profissional, fazendo com que as instituições ofertantes de educação profissional deixassem a missão de oferta propedêutica e profissionalizante.

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Ainda em 1997 foi criado o Programa de Expansão da Educação Profissional (PROEP), oriundo do Acordo de Empréstimo n° 1.052/OC-BR, celebrado entre o Ministério da Educação e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O objetivo era financiar a expansão física da Rede de Educação Profissional, pública (estados e municípios) ou privada, e não mais para investir na expansão da Rede Federal. Os recursos poderiam também ser utilizados para financiar as adaptações necessárias à implantação da reforma.

Já no começo desse século, em 2001, foi instituído o Plano Nacional de Educação (PNE 2001-2010) regulamentado pela Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001 (BRASIL, 2001). A Educação Profissional Tecnológica foi tratada como uma das modalidades de ensino. Esse plano foi desconsiderado pelo governo Lula no início do seu mandato em 2003.

Quanto ao Decreto nº 2.208/1997 esse permaneceu até 2004, quando o Decreto nº 5.154 de 21 de julho de 2004 o revogou e permitiu o retorno dos cursos do tipo integrado, mantendo os cursos concomitante e subsequente (BRASIL, 2004).

Com a mudança na administração federal no ano de 2003, foi instituído o Plano Nacional de Qualificação (PNQ), implementado em 2004, através da Resolução nº. 333/2003 do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (CODEFAT), e sob a Coordenação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Seu objetivo foi contribuir para promover a integração das políticas e para a articulação das ações de qualificação profissional do Brasil, e em conjunto com outras políticas e ações vinculadas ao emprego, trabalho, renda e educação, promovendo gradativamente a universalização do direito dos trabalhadores à qualificação.

Em 2005 foi criado o Proeja pelo Decreto nº. 5.478, de 24 de junho de 2005, e denominado como Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade Educação de Jovens e Adultos. Sua criação foi uma decisão governamental de atender à demanda de jovens e adultos pela oferta de educação profissional técnica de nível médio, da qual em geral são excluídos, bem como, em muitas situações, do próprio ensino médio. O programa teve inicialmente como base de ação a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica. O Decreto nº. 5.840,

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de 13 de julho de 2016, ampliou a abrangência e os princípios pedagógicos, passando a ser chamado Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) (BRASIL, 2005).

No ano de 2007 o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) foi lançado em conjunto com o Plano Metas Compromisso Todos pela Educação, instituído pelo Decreto nº 6.094, de 24 de abril de 2007 (BRASIL, 2007). O PDE constitui-se um conjunto de programas que visaram melhorar a educação no Brasil, em todas as suas etapas. O prazo para ser completado era quinze anos, mas acabou descontinuado antes do prazo. Para a EPT a meta era ampliação dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia (BRASIL, 2018f).

Em 2008 a Lei nº 11.741, de 16 de julho de 2008, alterou a LDB para redimensionar, institucionalizar e integrar as ações da educação profissional técnica de nível médio, da educação de jovens e adultos e da educação profissional e tecnológica (BRASIL, 2008). O Capítulo III do Título V da Lei nº 9.394/96 passou a ser denominado “Da Educação Profissional e Tecnológica”. Neste ano a Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, criou a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, também conhecida por Rede Federal. Esta constituiu-se em um marco na ampliação, interiorização e diversificação da educação profissional e tecnológica no país (BRASIL, 2008a).

No ano seguinte foi instituído o Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e Tecnológica (Sistec) em substituição ao Cadastro Nacional de Cursos Técnicos de Nível Médio (CNCT), pela Resolução CNE/CEB nº 3, de 30 de setembro de 2009.

No primeiro ano de governo da presidenta Dilma Rousseff (2011) foi lançado o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) criado por meio da Lei nº 12.513 de 26 de outubro, com a finalidade de ampliar a oferta de cursos de Educação Profissional e Tecnológica, por meio de programas, projetos e ações de assistência técnica e financeira (BRASIL, 2011b).

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A Rede e-Tec Brasil foi criada também em 2011 pelo Ministério da Educação (Decreto n° 7.589) em substituição ao Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil (e-Tec Brasil). Sua finalidade é desenvolver a educação profissional e tecnológica na modalidade da educação a distância, ampliando e democratizando a oferta e o acesso à educação profissional pública e gratuita no país (BRASIL, 2011). Constitui uma das iniciativas incorporada ao Pronatec, para potencializar a interiorização e a democratização da oferta de cursos da EPT.

Em 2014, o Decreto nº 8.268, de 18 de junho, alterou o Decreto nº 5.154/2004 e entre as mudanças e inclusões acrescentou a qualificação profissional, inclusive formação inicial e continuada de trabalhadores através de cursos e programas da educação profissional com carga horária mínima de cento e sessenta horas para formação inicial. Ainda neste ano pela Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014 foi lançado o segundo Plano Nacional da Educação (PNE 2014-2024) este implementado para guiar a educação no país nessa década. Foram estabelecidas vinte metas a serem cumpridas no prazo de sua vigência. Para Educação Profissional e Tecnológica foram definidas duas metas:

Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educação profissional.

Meta 11: triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento público (BRASIL, 2014).

Em 2016, foi lançado pelo Ministério da Educação o MedioTec, ação realizada dentro do Pronatec para oferta de cursos de educação profissional técnica de nível médio na forma concomitante para o aluno das redes públicas estaduais e distrital de educação, matriculado no ensino médio regular (BRASIL, 2018c).

Observa-se que ao longo da história as ações voltadas as políticas públicas para a educação profissional são regulamentadas e coordenadas por um amplo conjunto de medidas composta por leis, decretos, resoluções e pareceres.

Os fatos descritos evidenciam um amplo avanço obtidos em favor da classe trabalhadora desde o ano de 2003 se considerarmos o histórico recentes de políticas

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no Brasil no âmbito da EPT (PELISSARI, 2015).

Diante da necessidade de desenvolvimento e de crescimento do país, é evidente a urgência de ampliar as políticas públicas que atendam aos anseios de jovens que desejam se qualificar para o mercado de trabalho, por isso a ampliação da oferta de vagas e de incentivos governamentais para atender a esta demanda são fundamentais (OLIVEIRA e SCOTT, 2015).

Destaca-se que a educação profissional e tecnológica é parte da educação geral e que deve ser trabalhada de forma integrada, como assinalam Ferreira e Ruiz:

O entendimento preliminar da educação tecnológica provém de uma concepção ampla e profunda da educação, que preencha os estágios formativos construídos nos processos básicos dos valores inerentes ao ser humano, privilegiando as vertentes da tecnologia, admitindo o trabalho como categoria de saber e de produção, que se organiza de maneira inovadora, provocando mudanças socioeconômicas. (Ferreira; Ruiz, 2004, p. 14).

Como expectativa para o futuro da EPT é estratégico a ampliação da educação profissional integrada ao ensino médio, com a apropriada flexibilização e diversificação curricular, tornando o ensino médio mais atrativo, permitindo que o aluno vislumbre nessa etapa não apenas o caminho para a educação superior, mas também uma possibilidade concreta de qualificação para o trabalho.

3.1 ORGANIZAÇÃO QUANTITATIVA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA NO BRASIL DE 2007 A 2017

Os dados da educação profissional e tecnológica encontram-se disponíveis através dos censos da educação básica. O censo escolar da educação básica é uma pesquisa realizada anualmente pelo INEP em articulação com as secretarias Estaduais e Municipais de Educação, sendo obrigatória aos estabelecimentos públicos e privados de educação básica, conforme determina o art. 4º do Decreto nº. 6.425/2008 (BRASIL, 2013a).

Cabe informar que o INEP é a autarquia federal, vinculada ao Ministério da Educação que tem entre suas finalidades, a de organizar e manter o sistema de informações e estatísticas educacionais no Brasil (BRASIL, 1997).

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Segundo o instituto, os dados coletados no censo escolar constituem a mais completa fonte de informações para a formulação, monitoramento e avaliação de políticas públicas e para a definição de programas e de critérios para a atuação do MEC junto às escolas, aos estados e aos municípios. O Censo Escolar utiliza o cálculo de vários indicadores, dentre eles o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e outros que possibilitam contextualizar os resultados das avaliações e monitorar a trajetória dos estudantes desde seu ingresso na escola (BRASIL, 2013a).

A pesquisa do censo escolar apura dados sobre escolas, turmas, professores e alunos de todas as etapas e modalidades de ensino da educação básica, inclusive da educação profissional, em todo o País, compõe, portanto, um quadro detalhado que permite aos pesquisadores e aos órgãos de governo verificar a situação atual e a evolução da educação básica, assim como os resultados das políticas públicas em andamento (BRASIL, 2013a).

Os números da educação profissional são divulgados em um capítulo específico e podem ser conferidos nas Sinopses Estatísticas da Educação Básica divulgados pelo INEP em sua página oficial na internet (BRASIL, 2018e).

Serão aqui apresentados os principais dados da EPT, no período de 2007 a 2017, referente ao quantitativo de matrículas por: tipo de oferta, redes ofertantes, localidades, regiões e variações percentuais entre períodos.

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Gráfico 1 - Matrículas em EPT de nível médio - Brasil (2007 - 2017)

Fonte: Censo da Educação Básica/INEP (2007-2017). Elaborado pelo autor (2019).

No período de 2007 a 2017, houve uma expansão do número de matrículas de EPT de nível médio no Brasil (de 1.007.237 em 2007 para 1.791.806 em 2017), perfazendo um crescimento de 77,89%. Quando observado a comparação entre o período de 2007 a 2014, o crescimento alcançou a marca de 87,26%.

O Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece em sua Meta 11 que as matrículas de Educação Profissional Técnica devem ser triplicadas até 2024. O número a ser triplicado é correspondente ao número de matrículas de 2014, ano de aprovação do PNE, em vigor desde junho daquele ano (BRASIL, 2013).

Em 2015, o número de matrículas nessa etapa do ensino era de aproximadamente 1,79 milhão. De 2010 a 2014, houve um aumento de pouco mais de 500 mil matrículas, ritmo favorável ao atingimento da meta em 2024. Porém, de 2014 para 2016, o indicador teve uma queda de aproximadamente 110 mil matrículas. Ao fim do PNE, o número de matrículas deve chegar a exatamente 5.224.584 milhões de matrículas (BRASIL, 2013).

Outro indicador importante a ser analisado é o número de matrículas pelas formas de articulação com o Ensino Médio, que pode ser subsequente, concomitante, integrada ou Normal/Magistério.

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Gráfico 2 - Matrículas em EPT de nível médio, por tipo de oferta - Brasil (2007 - 2017)

Fonte: Censo da Educação Básica/INEP (2007-2017). Elaborado pelo autor (2019).

Do total de matrículas na Educação Profissional, aproximadamente 48,80% eram na forma subsequente ao Ensino Médio, enquanto que as formas integrada ou concomitante representavam parcelas de, respectivamente, 27,60% e 18,31% do total. Os 5,29% restantes correspondem à modalidade Normal/Magistério.

Quanto ao total de matrículas na Educação Profissional distribuído entre as redes pública e privada de ensino, permaneceu equilibrado até 2015, em 2017 esse percentual passou a ser de 58,92% e 41,08%, respectivamente (BRASIL, 2013).

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Gráfico 3 - Matrículas em EPT de nível médio por Rede - Brasil (2007 - 2017)

Fonte: Censo da Educação Básica/INEP (2007-2017). Elaborado pelo autor (2019).

A queda no total de matrículas na Educação Profissional de nível médio foi consequência da retração na rede privada, sendo que na rede pública houve uma expansão de mais de 60 mil matrículas. A rede privada teve queda de mais de 230 mil matrículas de 2014 a 2017 (BRASIL, 2013).

A divisão por localidade urbana e rural revela que praticamente todas as matrículas estavam no meio urbano. Nada menos que 94,45% do total de matrículas em 2017 estavam localizadas em áreas urbanas, enquanto consequentemente apenas 5,55% estavam no meio rural.

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Gráfico 4 - Matrículas em EPT de nível médio, por localidade - Brasil (2007 - 2017)

Fonte: Censo da Educação Básica/INEP (2007-2017). Elaborado pelo autor (2019).

As regiões que possuem maior quantidade de matrículas na Educação Profissional em 2017, são o Sudeste e o Nordeste, com respectivamente 45% e 27% do total. Quando observado a variação por períodos a região que mais se destaca é o Norte com aumento de 212, 6% de 2007 para 2017. O quantitativo passou de 34.027 em 2007 para 106.379 em 2017. A região Sul por sua vez, aumento de 224.563 matrículas em 2007 para 302.258 em 2017, um crescimento de 34,60%.

Tabela 1 - Matrículas em EPT de nível médio, por localidade - Brasil (2007 - 2017)

Região 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 (%) Região (2017) Variação Absoluto (2007-2017) Brasil 1.007.237 1.144.755 1.252.240 1.361.827 1.458.496 1.532.562 1.602.946 1.886.167 1.825.457 1.775.324 1.791.806 - 784.569 Norte 34.027 45.631 56.235 58.664 67.955 82.501 88.898 107.598 110.441 107.461 106.379 6% 72.352 Nordeste 218.278 239.831 262.792 281.700 309.533 339.908 356.580 484.742 485.372 451.508 487.045 27% 268.767 Sudeste 498.386 584.440 626.649 696.217 742.852 760.312 792.811 880.806 803.496 804.323 806.210 45% 307.824 Sul 224.563 234.451 254.620 269.017 273.894 274.412 279.245 307.161 310.205 310.105 302.258 17% 77.695 Centro-Oeste 31.983 40.402 51.944 56.229 64.262 75.429 85.412 105.860 115.943 101.927 89.914 5% 57.931

Fonte: Censo da Educação Básica/INEP (2007-2017). Elaborado pelo autor (2019).

A expansão do número de matrículas de EPT de nível médio no Brasil, desde o início da vigência do PNE até 2017, foi de 188.860 matrículas (de 1.602.946 em 2013 para 1.791.806 em 2017). Considerando o propósito da Meta 11 de triplicar o número de matrículas de EPT observado no início da vigência do PNE, a expansão ocorrida representa 5,5% da meta a ser atingida até 2024 (acréscimo de 3.243.918 de matrículas) (BRASIL, 2018a).

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Considerando o aumento constatado no período 2010-2017, tem-se que a meta a ser alcançada em 2024 exige que cerca de 480 mil novas matrículas, em média, sejam criadas a cada ano. Com base no avanço ocorrido desde 2013, verifica-se que o ritmo de crescimento médio foi de 47 mil matrículas novas por ano, dez vezes menor do que o necessário para o alcance da meta em 2024. Esses dados sugerem que dificilmente o Brasil conseguirá triplicar o número de matrículas de EPT até 2024.

Referências

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