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Aspectos e sugestões interpretativas em 3 obras para trombone solista do maestro Duda: Duas Danças, Fantasia para Trompete e Trombone, e Suíte Monette

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA. MARLON BARROS DE LIMA. ASPECTOS E SUGESTÕES INTERPRETATIVAS EM 3 OBRAS PARA TROMBONE SOLISTA DO MAESTRO DUDA: Duas Danças, Fantasia para Trompete e Trombone, e Suíte Monette.. NATAL-RN 2017.

(2) MARLON BARROS DE LIMA. ASPECTOS E SUGESTÕES INTERPRETATIVAS EM 3 OBRAS PARA TROMBONE SOLISTA DO MAESTRO DUDA: Duas Danças, Fantasia para Trompete e Trombone, e Suíte Monette.. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Música (PPGMUS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na linha de pesquisa 2 – Processos e Dimensões da Produção Artística, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Música. Orientador: Prof. Dr. Ranilson Bezerra de Farias.. NATAL-RN 2017.

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(5) Dedico este trabalho a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para que este momento fosse possível, acreditando e me apoiando durante minha trajetória até os dias atuais... Em especial, dedico aos meus pais, Marluce Barros e Fernando Lima (Beiçola do Cavaco), e ao meu irmão Emanoel Barros, base familiar que sempre me incentivou e apoiou na realização dos meus sonhos. À minha noiva Emanuelly Barbosa por estar sempre junto apoiando minhas atividades e vivendo comigo cada sonho profissional desde minha primeira Graduação. Aos meus familiares, que sempre me apoiaram, acreditando na minha carreira, torcendo para que tudo desse certo durante toda minha vida. Ao meu orientador Ranilson Farias por mostrar os melhores caminhos a serem seguidos durante o Mestrado além de toda paciência, compreensão e ensinamentos. Além de todos os amigos que me apoiaram durante esses 2 anos de muita luta..

(6) AGRADECIMENTOS. Primeiramente, quero agradecer a Deus pelo dom da vida e pela oportunidade de ser músico, orientando minhas escolhas. Aos meus familiares, amigos, colegas de trabalho, alunos e demais pessoas que, em algum momento da minha vida, me apoiaram nessa batalha. Ao Maestro Duda por ceder seu tempo e informações valiosas para realização deste Trabalho, dispondo do seu momento de lazer para realização da entrevista que substanciou essa Pesquisa. À família do Prof. Radegundis Feitosa (in memoriam), através do seu filho Radegundis Tavares, que cedeu diversos materiais contribuindo para a realização deste Trabalho. Aos membros do Quinteto Brassil, Ayrton Benck, Valmir Vieira, Alexandre Magno, Cisneiro Andrade, Gláucio Xavier e Glauco Andreza por disponibilizarem materiais que contribuíram para o desenvolvimento da pesquisa. Aos professores que aceitaram participar das bancas examinadoras, Radegundis Tavares, Germanna Cunha e Alexandre Magno. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Música (PPGMUS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em especial, ao Prof. Ranilson Farias, meu orientador, pelos ensinamentos e conselhos durante nossas aulas e diversos momentos durante os 2 anos do Curso. Ao Prof. Gilvando Azeitona e toda sua classe de alunos de trombone da UFRN, que me apoiaram e fizeram como que me sentisse em casa, compartilhando de inúmeros momentos de felicidade durante esses 2 anos... muitas brincadeiras e resenhas... Aos meus companheiros da Turma 2016 do Curso de Mestrado em Música da UFRN, pelos diversos momentos de diversão, sofrimento, dúvidas e muita resenha durante o tempo do Curso... quantas histórias, hein?!... muito obrigado, pessoal (Regiane, Márcio, Fellipe, Flávio, Pedro, Carlos Henrique CH, Leandro, Simeão, Fernando e Mariana). Aos meus colegas de trabalho do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) - Campus Monteiro, em especial, aos professores do Curso de Instrumento Musical, por compreenderem.

(7) minhas necessidades e ajustes de horários para realização do translado Monteiro – PB1 / Natal – RN2, semanalmente, durante 2016. Aos meus alunos do Curso de Instrumento Musical do IFPB - Campus Monteiro pelo apoio, compreensão e ajustes de horários para realização das nossas atividades, pessoas especiais que me deram muita energia para que tudo fosse possível. Aos meus parceiros de luta da família Sexteto Tabajara (Emanoel Barros, Estêvão Gomes, Lucas Angelo, Gilvan Novo e Marcelo Lucena). Aos amigos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e da Associação de Trombonistas da Paraíba (ATPB) e meus eternos professores de trombone, Radegundis Feitosa (in memoriam), Sandoval Moreno e Alexandre Magno. Por fim, e não menos importante, todos aqueles que fazem a Filarmônica 28 de Junho da Cidade de Condado - PE3, instituição responsável pela minha formação musical, além de ser minha segunda casa, onde pude formar verdadeiros amigos e irmãos.. 1. Paraíba (PB). Rio Grande do Norte (RN). 3 Pernambuco (PE). 2.

(8) “[...] a prática interpretativa é uma atividade transformadora que exige do músico-intérprete além de dedicação e responsabilidade também máxima compreensão e saber específico.” (KUEHN, 2012, p. 10)..

(9) RESUMO. O presente Trabalho aborda questões interpretativas a respeito de 3 obras para trombone solista do Maestro Duda, com o objetivo de sugerir subsídios que auxiliem no desenvolvimento dos procedimentos de preparação e execução das peças. As obras aqui estudadas são: Duas Danças (Gizelle e Marquinhos no Frevo), Fantasia para Trompete e Trombone, e Suíte Monette. Dentre as principais características dos trabalhos composicionais do Maestro Duda, podemos destacar a utilização de gêneros musicais da cultura brasileira, porém, poucos são os trabalhos acadêmicos que abordam questões sobre a interpretação deste tipo de música. Este fato foi o que nos impulsionou a realizar uma investigação buscando evidenciar os principais aspectos interpretativos dos gêneros utilizados pelo Maestro Duda. Foi realizada uma entrevista semiestruturada com o compositor, objetivando compreender sobre as diversas questões referentes às Obras e sua carreira musical. Desta forma, o trabalho encontra-se divido em 3 partes: a primeira, contém informações sobre a carreira musical do compositor, produção artística e atualização do catálogo de composições para formações de instrumentos de metais; a segunda, aborda, de um modo geral, questões a respeito da interpretação; e a terceira parte, trata dos gêneros musicais utilizados pelo compositor além de conter sugestões interpretativas para o trombonista nas Obras estudadas.. Palavras-chave: Trombone. Maestro Duda. Música Brasileira. Interpretação. Sugestões Interpretativas..

(10) ABSTRACT. The present work deals with interpretative questions about 3 works for soloist trombone of Maestro Duda, with the objective of suggesting subsidies that aid in the development of the procedures of preparation and execution of the pieces. The works studied here are: Two Dances (Gizelle and Marquinhos in Frevo), Fantasia for Trumpet and Trombone, and Monette Suite. Among the main features of Maestro Duda's compositional works, we can highlight the use of musical genres of Brazilian culture, however, there are few academic works that deal with questions about the interpretation of this type of music. This fact was what prompted us to carry out an investigation seeking to highlight the main interpretative aspects of the genres used by Maetro Duda. A semi - structured interview was conducted with the composer, aiming to understand the various issues concerning the works and his musical career. In this way, the work is divided into 3 parts: the first contains information about the composer's musical career, artistic production and updating of the catalog of compositions for formations of metal instruments; the second addresses in general questions about interpretation; and the third part, deals with the musical genres used by the composer, besides containing interpretative suggestions for the trombonist in the works studied.. Keywords: Trombone. Master Duda. Brazilian Music. Interpretation. Interpretive Suggestions..

(11) LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Padrões rítmicos do caboclinho da Tribo Canindé do Recife................... 59. Figura 2 – Ritmo da ciranda – Andamento: andante.................................................. 62. Figura 3 – Elementos rítmicos do Bumba-meu-boi com Sotaque de Matraca (ou Boi da Ilha)................................................................................................ 66. Figura 4 – Duas Danças, I Movimento. Gizelle, Maestro Duda – Partitura editada por Radegundis Feitosa e João Evangelista (compassos 1-4)................... 70. Figura 5 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Indicação de andamento da Obra (compasso 1)............................................................. 70. Figura 6 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Falta de indicação de acelerando no compasso 2 e indicação de tempo primo no início da seção A (compasso 2)............................................................................... 71 Figura 7 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Indicações de acelerando (compassos 2 e 10) e tempo primo na seção A (compassos 71 3 e 11)....................................................................................................... Figura 8 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Indicações de acelerando no compasso 74 antes de retornar ao Segno no compasso 11. 72. Figura 9 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Indicações de suspensão e locais para respiração na seção B (compassos 19-34).......... 72 Figura 10 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Seção C: indicação de rubato; existência de intervalos de 13ª; região grave desconfortável para o trombone tenor, compassos 44, 46 e 48................. 73. Figura 11 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Antecipação de figuras alterando a estrutura rítmica (compassos 43-49).......................... 74 Figura 12 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Retardo das figuras alterando a estrutura rítmica (compassos 43-49).......................... 74 Figura 13 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Indicação de acelerando e antecipação do retardo (compassos 59-66).......................... 75. Figura 14 – Duas Danças, II Movimento Marquinhos no Frevo, Maestro Duda......... 75. Figura 15 – Duas Danças, II Movimento Marquinhos no Frevo, Maestro Duda Seção A (compassos 1-14)........................................................................ 76.

(12) Figura 16 – Duas Danças, II Movimento Marquinhos no Frevo, Maestro Duda Execução das colcheias inseridas após as semicolcheias (síncopas e colcheias da primeira parte do segundo tempo)........................................ 76. Figura 17 – Duas Danças, II Movimento Marquinhos no Frevo, Maestro Duda Articulação e acentuação das figuras........................................................ 77. Figura 18 – Duas Danças, II Movimento Marquinhos no Frevo, Maestro Duda Passagem (compassos 15-16); seção B (compassos 15-30); perguntas e respostas da seção B (compassos 15-22).................................................. 77 Figura 19 – Fantasia para Trompete e Trombone, I Movimento Toada, Maestro Duda - Introdução – Perguntas e Respostas – Agrupamento das quintinas (quiálteras de 5 sons) – Sugestão de tempo (compassos 1-9)... 80 Figura 20 – Fantasia para Trompete e Trombone, I Movimento Toada, Maestro Duda - Tema da Toada (compassos 9-17) – Sugestão do legato.............. 80. Figura 21 – Fantasia para Trompete e Trombone, I Movimento Toada, Maestro Duda - Glissando proposto pelo compositor (compassos 30-31)............. 81 Figura 22 – Fantasia para Trompete e Trombone, II Movimento Caboclinho, Maestro Duda - Partitura do trombone – Trecho do II Movimento (compassos 43-44).................................................................................... 81 Figura 23 – Fantasia para Trompete e Trombone, II Movimento Caboclinho, Maestro Duda – Partitura do trompete – Trecho do II Movimento (compassos 43-46).................................................................................... 82 Figura 24 – Fantasia para Trompete e Trombone, II Movimento Caboclinho, Maestro Duda - Sugestão de ornamentação – Tema do II Movimento (compassos 43-53).................................................................................... 82 Figura 25 – Fantasia para Trompete e Trombone, III Movimento Frevo, Maestro Duda – Seção A (compassos 54-69); trecho de perguntas; sugestões interpretativas............................................................................................ 84. Figura 26 – Fantasia para Trompete e Trombone, III Movimento Frevo, Maestro Duda – Seção B (compassos 70-85); Final (compassos 88-92); sugestões interpretativas........................................................................... 84 Figura 27 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda – Indicação de andamento e acelerando na introdução (compassos 1-4).......................... 88.

(13) Figura 28 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda – Indicação de dinâmica na seção do tema principal (compassos 8-23)........................... 88. Figura 29 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda – Fraseado e indicação de acento e crescendo na seção do tema (compassos 8-23)...... 90. Figura 30 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda – Indicações de acento na seção de transição (compassos 24-31)...................................... 91. Figura 31 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda – Sugestões de posições para trombone na seção de solos (compassos 32-47)................. 91. Figura 32 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda – Solos de trompete e trombone e indicação de andamento na seção A (compassos 1-16).......................................................................................................... 93. Figura 33 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda – Estrutura rítmica original do compasso 8 do solo de trombone na seção A............. 94. Figura 34 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda – Sugestão interpretativa da rítmica do compasso 8 do solo de trombone na seção A................................................................................................................ 94. Figura 35 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda – Trecho do soli e acompanhamento na seção B (compassos 16-24)..................................... 94. Figura 36 – Suíte Monette, II Movimento Balada, Maestro Duda – Reexposição do tema A e solo para trombone entre os compassos 25 e 34........................ 95. Figura 37 – Suíte Monette, II Movimento Balada, Maestro Duda – Indicação de andamento na reexposição do tema A entre os compassos 35 e 54 em compasso ternário e sugestão de fraseado nestes compassos................... 95 Figura 38 – Suíte Monette, III Movimento Valsa, Maestro Duda – Seção A, sugestão de acento nas notas do terceiro tempo do compasso 10 e de andamento................................................................................................. 96 Figura 39 – Suíte Monette, III Movimento Valsa, Maestro Duda – Indicações de dinâmicas, andamento e ralentando na seção B........................................ 97. Figura 40 – Suíte Monette, III Movimento Valsa, Maestro Duda – Indicações de dinâmicas, execução e ralentando na Coda (compassos 57-61)............... 97 Figura 41 – Suíte Monette, IV Movimento Boi Bumbá, Maestro Duda – Solos para trompete e trombone na introdução (compassos 2-9)............................... 99.

(14) Figura 42 – Suíte Monette, IV Movimento Boi Bumbá, Maestro Duda – Indicações de andamento originalmente escritas pelo Maestro Duda nos compassos 1-2........................................................................................... 99. Figura 43 – Suíte Monette, IV Movimento Boi Bumbá, Maestro Duda – Sugestão de andamento a partir do compasso 9 até o final do movimento.............. 100. Figura 44 – Suíte Monette, IV Movimento Boi Bumbá, Maestro Duda – Sugestão de acentos no trecho do soli em uníssono (compassos 11-25).................. 101. Figura 45 – Elementos rítmicos do Bumba-meu-boi com Sotaque de Matraca (ou Boi da Ilha)................................................................................................ 101. Figura 46 – Suíte Monette, IV Movimento Boi Bumbá, Maestro Duda – Trecho do solo do trombone (compassos 43-57)....................................................... 101 Figura 47 – Suíte Monette, IV Movimento Boi Bumbá, Maestro Duda – Trecho dos 2 solos de trompete e do trombone simultaneamente (compassos 7589)............................................................................................................. 102.

(15) LISTA DE FOTOGRAFIAS Foto 1 – José Ursicino da Silva (Maestro Duda).................................................... 25 Foto 2 – Mestres do frevo homenageados no documentário 7 Corações................ 36. Foto 3 – Boi - Principal personagem do Bumba-meu-boi....................................... 64. Foto 4 – Lira – Instrumento de percussão do Bumba-meu-boi / Sotaque de Matraca..................................................................................................... 66 Foto 5 – Matraca – Instrumento de percussão do Bumba-meu-boi / Sotaque de Matraca..................................................................................................... 67 Foto 6 – Pandeirões – Instrumento de percussão do Bumba-meu-boi / Sotaque de Matraca................................................................................................. 67.

(16) LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Duas Danças, I Movimento Gizelle, Maestro Duda - Seções e compassos................................................................................................. 69 Tabela 2 – Fantasia para Trompete e Trombone, III Movimento Frevo, Maestro Duda - Forma do III Movimento.............................................................. 83 Tabela 3 – Suíte Monette, I Movimento Ciranda, Maestro Duda - Estrutura formal do I Movimento......................................................................................... 87. Tabela 4 – Suíte Monette, II Movimento Balada, Maestro Duda - Estrutura formal. 92.

(17) LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Catálogo não – temático de composições para instrumentos de metais do Maestro Duda....................................................................................... 38. Quadro 2 – Fantasia para Trompete e Trombone, Maestro Duda – Movimentos e andamentos da Obra.................................................................................. 78. Quadro 3 – Fantasia para Trompete e Trombone, I Movimento Toada, Maestro Duda – Forma do I Movimento (compassos 1-31)................................... 79.

(18) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ATPB – Associação de Trombonistas da Paraíba BA – Bahia bpm – Batidas por minuto CD – Compact Disc CE – Ceará DF – Distrito Federal Dr. – Doutor EUA – Estados Unidos da América ff – Fortíssimo IFPB – Instituto Federal da Paraíba INPS – Instituto Nacional de Previdência Social MA – Maranhão mf – Mezzo-forte MPB – Música Popular Brasileira p – Piano PA – Pará PB – Paraíba PE – Pernambuco PPGMUS – Programa de Pós-Graduação em Música PR – Paraná Prof. – Professor RJ – Rio de Janeiro RN – Rio Grande do Norte Séc. – Século SP – São Paulo Tbn – Trombone Tpt – Trompete TVs – Televisões UFPB – Universidade Federal da Paraíba UFPE – Universidade Federal de Pernambuco UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte UK – United Kingdom.

(19) UNIRIO – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

(20) SUMÁRIO. 1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 20. 2. O MAESTRO DUDA.......................................................................................... 25. 2.1. Goiana - PE e as Bandas de Música na região da Mata Norte de PE............ 25. 2.2. Primeiros contatos com a música em Goiana – PE.......................................... 27. 2.3. O ingresso no mercado de trabalho................................................................... 30. 2.4. O Maestro Duda na atualidade.......................................................................... 35. 2.5. Catalogação de composições para instrumentos de metais............................. 37. 2.5.1. Catálogo não - temático de composições para instrumentos de metais do Maestro Duda........................................................................................................ 38. 3. INTERPRETAÇÃO MUSICAL....................................................................... 42. 3.1. O papel do intérprete.......................................................................................... 42. 3.2. Fidelidade e liberdade na interpretação musical............................................. 45. 3.3. Tradição oral e escrita na Música..................................................................... 48. 3.4. Interpretação musical das obras do Maestro Duda através de seus manuscritos.......................................................................................................... 4. ASPECTOS E SUGESTÕES INTERPRETATIVAS PARA TROMBONE SOLISTA NAS OBRAS DO MAESTRO DUDA............................................. 4.1. 50. 53. Gêneros musicais e elementos da cultura nordestina utilizados nas obras do Maestro Duda................................................................................................. 53. 4.1.1. Valsa..................................................................................................................... 53. 4.1.2. Frevo..................................................................................................................... 55. 4.1.3. Toada.................................................................................................................... 57. 4.1.4. Caboclinho............................................................................................................ 58. 4.1.5. Ciranda.................................................................................................................. 60. 4.1.6. Balada................................................................................................................... 63. 4.1.7. Bumba-meu-boi do estado do MA........................................................................ 64. 4.2. Duas Danças (Gizelle e Marquinhos no Frevo)................................................ 68. 4.2.1. I Movimento Gizelle (Valsa) - Aspectos e sugestões interpretativas................... 69. 4.2.2. II Movimento Marquinhos no Frevo - Aspectos e sugestões interpretativas....... 75. 4.3. Fantasia para Trompete e Trombone (Toada)................................................. 4.3.1. I Movimento Toada - Aspectos e sugestões interpretativas................................. 78. 78.

(21) 4.3.2. II Movimento Caboclinho - Aspectos e sugestões interpretativas........................ 81. 4.3.3. III Movimento Frevo - Aspectos e sugestões interpretativas............................... 82. 4.4. Suíte Monette....................................................................................................... 84. 4.4.1. I Movimento Ciranda - Aspectos e sugestões interpretativas............................... 87. 4.4.2. II Movimento Balada - Aspectos e sugestões interpretativas............................... 92. 4.4.3. III Movimento Valsa - Aspectos e sugestões interpretativas................................ 96. 4.4.4. IV Movimento Boi Bumbá - Aspectos e sugestões interpretativas...................... 98. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 104. REFERÊNCIAS.................................................................................................. 106. APÊNDICE A - Entrevista realizada com o Maestro Duda........................... 112 APÊNDICE B - Duas Danças (Gizelle e Marquinhos no Frevo) Trombone solista................................................................................................. 120. APÊNDICE C - Fantasia para Trompete e Trombone - Trombone solista.. 122. APÊNDICE D - Suíte Monette - Trombone solista......................................... 123 ANEXO A - Carta de Autorização.................................................................... 128.

(22) 20. 1 INTRODUÇÃO. A pesquisa a respeito de questões relacionadas à performance musical no Brasil está crescendo nos últimos anos e, consequentemente, a quantidade de instrumentistas realizando trabalhos nesta área. Isto é possível perceber através dos relatos de Borém; Ray (2012) em seu trabalho sobre a pesquisa em performance no Brasil no século XXI, como também através de Cerqueira (2015) ao realizar um levantamento de teses e dissertações sobre o ensino de performance musical. A respeito do aumento de trabalhos na área de performance musical, Borém; Ray (2012, p. 159-160) destacam que:. Observa-se um grande desenvolvimento da pesquisa em Performance Musical no Brasil no século XXI, não apenas no sentido quantitativo, mas também no papel que o[s] performers têm desempenhado nesse meio. A partir de uma posição inicial em que o performer se destacava apenas participando como sujeito dos objetos de pesquisa conduzidas por pesquisadores não-performers (que muitas vezes nem incluíam o nome dos performers como co-autores dos trabalhos publicados), progrediu para o quadro atual em que são autores da pesquisa e, mesmo, líderes de grupos de pesquisa.. Ainda a respeito das pesquisas sobre performance no país, Borém; Ray (2012) apontam alguns dos problemas existentes nos trabalhos realizados nesta área. Dessa forma, Borém; Ray (2012, p. 160, grifo do autor) comentam que:. Entretanto, alguns problemas - novos e antigos - ainda permeiam o cenário da pesquisa em Performance Musical no Brasil. Ainda ligados à tradição de uma herança acadêmica em que a performance foi a última subárea da música a se ingressar em programas de pós - graduação strictu senso (grosso modo, primeiro nos EUA4, depois no Brasil e atualmente na Europa) em que performers são orientados por pesquisadores de outras subáreas da música sem experiência em performance musical. Os sinais mais claros deste descompasso estão evidentes na quantidade de trabalhos de viés analítico, musicológico ou educacional que apresentam dois problemas básicos: falta de profundidade e ausência de uma relação factível com a performance.. Mesmo com o aumento de pesquisas sobre performance, podemos notar que não temos uma grande quantidade de trabalhos especificamente na área de trombone. Com o surgimento das pós - graduações em Música no Brasil e, consequentemente, pesquisas sobre o trombone, é possível encontrar algumas dissertações relacionadas à interpretação de obras musicais para esse instrumento, sendo elas: O trombone na música brasileira (SANTOS, 4. Estados Unidos da América (EUA)..

(23) 21. 1999); Sonata para trombone e piano de Almeida Prado: uma análise interpretativa (NADAI, 2007); Possibilidades interpretativas nos trechos orquestrais para trombone da série das Bachianas Brasileiras de Heitor Villa - Lobos (AREIAS, 2010); O trombone na Paraíba, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte: levantamento histórico e bibliográfico (SANTOS NETO, 2009); Inventiva nº 1 para trombone solo, Francisco Fernandes Filho (Chiquito): estudo estilístico e interpretativo (SILVA, 2012); Transcrição para trombone da Suíte in A minor para flauto concertato de G. Ph. Telemann: a construção da performance por meio do processo transcritivo (PACHECO, 2013); Polacas para trombone e banda filarmônica do Recôncavo baiano: catálogo de obras e sugestões interpretativas da Polaca Os Penitentes de Igayara Índio dos Reis (SANTOS, 2013); Quatro obras de Gilberto Gagliardi segundo o Quarteto Brasileiro de Trombones: revisão e edição crítica (TEIXEIRA, 2013); O gesto musical na interpretação de três obras para trombone de Estércio Marquez Cunha (ANGELO, 2015). Em 29 anos de pesquisas relacionadas ao trombone no país, temos apenas 9 trabalhos relacionados à interpretação musical. Além dessas pesquisas, ainda é possível encontrar diversos trabalhos sobre o ensino do instrumento, a respeito de sua técnica, análises de métodos, saúde do músico e sobre a sua história. Desse modo, se compararmos essa produção em relação àquelas realizadas em outros países nos quais a pesquisa em Música já é um fato consolidado, notamos que os nossos trabalhos acadêmicos ainda são poucos. Portanto, um dos motivos para a realização desta Pesquisa foi contribuir com a área de trombone no que diz respeito à performance, buscando uma melhor compreensão dos diferentes aspectos interpretativos existentes nas músicas do citado compositor onde podemos encontrar elementos da cultura popular brasileira. Neste sentido, José Ursicino da Silva (Maestro Duda), se destaca como um dos principais autores que escrevem obras baseadas em elementos da música popular, além de ser responsável pelo aumento e diversificação do repertório com estas características, dedicado aos instrumentos de metais. Ressaltamos aqui, que as obras compostas pelo Maestro Duda estudadas neste Trabalho são aquelas, especificamente, dedicadas ao trombone, destacando também, que esta Pesquisa tem como um dos seus objetivos, compreender os principais aspectos inerentes à interpretação deste tipo de música. A respeito do Maestro Duda, é possível encontrar 3 trabalhos oriundos de pesquisas realizadas em programas de pós - graduações no Brasil que abordam questões relacionadas à sua produção musical, sendo eles: Elementos estilísticos tipicamente brasileiros na Suíte Pernambucana de Bolso de José Ursicino da Silva (Maestro Duda) (SALDANHA, 2001);.

(24) 22. Maestro Duda: a vida e obra de um compositor da terra do frevo (FARIAS, 2002); e O Grupo Brassil e a música do maestro Duda para quinteto de metais: uma abordagem interpretativa (CARDOSO, 2002). Estes trabalhos apresentam tanto questões relacionadas à história do compositor quanto a respeito das suas obras. Portanto, foi utilizado como ponto de partida desta Pesquisa, as Peças para trombone do Maestro Duda bem como o material produzido por esses 3 autores. A exemplo do Maestro Duda, diversos compositores brasileiros escreveram obras para trombone que se inspiram em elementos da música brasileira, estando estas, dessa forma, relacionadas às diferentes culturas de cada região do país, que também apresentam diversas peculiaridades que as caracterizam. O intérprete deve estar muito atento às principais particularidades de uma peça, pois nem sempre a partitura será capaz de transmitir todas as informações possíveis a respeito de uma determinada obra. Isto também se torna bastante evidente quando o músico lida com elementos musicais da cultura popular brasileira. Assim, ao tocar este tipo de música, o instrumentista deve saber que, diversas são as possibilidades interpretativas, pois como destaca Cook (2006), nenhuma performance é capaz de esgotar todas as possibilidades inerentes à interpretação de uma obra musical. Destacando aqui, as dificuldades encontradas pelo executante, quando este se depara com o repertório tradicional de outra região. A falta de informações nas partituras do Maestro Duda, sejam manuscritas ou escrita em editores de partituras, pode gerar diversos problemas para o intérprete, principalmente quando não se tem conhecimento prévio a respeito dos diversos elementos musicais utilizados pelo compositor (CARDOSO, 2002). Do mesmo modo, não há uma padronização das diferentes formas de se interpretar este tipo de música, pois muitos dos conhecimentos a respeito de obras que possuem tais características são transmitidos ainda de forma oral, podendo variar de acordo com as experiências adquiridas por cada pessoa. Portanto, esta Pesquisa de cunho qualitativo, busca sugerir subsídios interpretativos que auxiliem o trombonista no desenvolvimento dos procedimentos de preparação e execução das obras: Duas Danças5, Fantasia para Trompete e Trombone, e Suíte Monette do Maestro Duda. Assim sendo, este Trabalho visa contribuir com o aumento e diversificação do repertório e literatura para o trombone, como também, para a área da performance musical, através de sugestões interpretativas, buscando auxiliar o músico no desenvolvimento dos procedimentos de preparação e execução.. 5. Gizelle (Valsa) e Marquinhos no Frevo..

(25) 23. Em uma das etapas iniciais deste Trabalho, foram realizadas pesquisas bibliográficas através da leitura de livros, artigos, anais, materiais disponíveis em internet e materiais relacionados à produção musical do Maestro Duda. Foram feitas análises a respeito dos principais aspectos interpretativos dos gêneros e elementos musicais utilizados, como também, uma entrevista semiestruturada com o compositor, buscando compreender questões históricas a respeito das obras e dos seus intérpretes. Assim, as análises foram realizadas de forma descritiva a partir do material coletado, com o intuito de oferecer uma visão geral a respeito da produção composicional do Maestro Duda e de suas obras para o trombone solista. Desta forma, o trabalho está organizado em 3 partes, sendo a primeira delas a respeito do Maestro Duda, a segunda a respeito da interpretação musical e a terceira sobre as Obras estudadas. A primeira parte busca abordar questões relacionadas ao compositor, tanto no que diz respeito a sua história, carreira profissional e produção do repertório para instrumentos de metais, quanto em relação às suas atividades na atualidade. A segunda parte trata de questões relacionadas à interpretação musical, refletindo a respeito do papel do intérprete, sobre a fidelidade e a liberdade, tradição e questões específicas a respeito da interpretação de obras do Maestro Duda a partir das suas partituras manuscritas. Na terceira parte, realizamos uma abordagem a respeito dos gêneros musicais e elementos da cultura brasileira utilizados pelo Maestro Duda nas obras Duas Danças, Fantasia para Trompete e Trombone, e Suíte Monette, como também, sugestões interpretativas através dos principais aspectos encontrados nas Obras. Salientando, porém, que as sugestões serão realizadas apenas na parte do trombone solista, embora elas possam ser aplicadas para as formações instrumentais aqui estudadas. Assim, destacamos que, todas as questões abordadas neste Trabalho, têm como finalidade a construção do conhecimento a respeito da produção musical do Maestro Duda, especificamente, das obras voltadas para o trombone solista. Buscamos fundamentar nossas falas através da contribuição de diferentes autores, como também, trazer discussões a respeito da interpretação musical de obras baseadas nos gêneros e elementos musicais da cultura brasileira, sabendo que poucos são os trabalhos escritos abordando questões relacionadas à interpretação e/ou execução deste tipo música. É importante salientar que, neste caso, a tradição oral ainda é a principal ferramenta de transmissão de conhecimentos e não os trabalhos científicos. Desse modo, muitas das sugestões deste Trabalho são oriundas da experiência do autor desta Dissertação enquanto músico, por estar executando este tipo de repertório desde os seus.

(26) 24. 10 anos de idade na Filarmônica 28 de Junho da cidade de Condado - PE6, que já foi distrito da cidade natal do Maestro Duda (Goiana - PE), além de diferentes bandas de música na região da Mata Norte de PE. Outras referências interpretativas estão relacionadas ao Prof7. Dr8. Radegundis Feitosa (1962 - 2010), do qual o autor deste Trabalho foi aluno de extensão na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desde 2007 com 15 anos de idade até 2010, como aluno do curso superior. É importante salientar que, todas as Obras aqui estudadas foram dedicadas ao Prof. Dr. Radegundis Feitosa, além dos únicos registros fonográficos dessas músicas terem sido realizadas pelo mesmo. No decorrer da carreira musical, o autor desta Dissertação também teve a oportunidade de participar dos seguintes grupos, como membro e/ou substituto: Quinteto Brassil, que teve dezenas de obras dedicadas pelo Maestro Duda (membro na temporada 2011); Brazilian Trombone Ensemble, Quarteto de Trombones da Paraíba além de orquestras sinfônicas no estado de PE e Paraíba (PB). Recentemente, com o Sexteto Tabajara, o autor deste Trabalho vem desenvolvendo atividades voltadas à interpretação de um repertório totalmente composto de músicas brasileiras, principalmente de compositores pernambucanos e paraibanos. Além dessa experiência pessoal, também foram de valiosa contribuição, as discussões com o orientador deste Trabalho Dr. Ranilson Farias, que desenvolve, há décadas, trabalhos voltados à interpretação de músicas brasileiras com o Sexteto Potiguar e a Big Band Jerimum Jazz na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Por fim, fica aqui registrado que as sugestões interpretativas contidas neste Trabalho para o trombone solista não se apresentam exatamente como regras, mas sim, devem ser vistas como uma possibilidade dentre tantas outras que podem surgir, a partir de futuras pesquisas. Nosso objetivo é tão somente trazer para a comunidade trombonística subsídios que possam auxiliar outros instrumentistas na compreensão e execução dos diferentes aspectos interpretativos da música brasileira (popular), inseridas nas obras para trombone do Maestro Duda.. 6. Pernambuco (PE). Professor (Prof.). 8 Doutor (Dr.). 7.

(27) 25. 2 O MAESTRO DUDA. No dia 23 de dezembro de 1935, nasceu na cidade de Goiana - PE, o primeiro filho de Lídio Pereira da Silva e Edite Gonçalves do Nascimento. José Ursicino da Silva, que nas décadas seguintes se tornaria o Maestro Duda, logo se destacou entre os principais instrumentistas, compositores e arranjadores de PE, como também, no cenário musical brasileiro e internacional. Foto 1 – José Ursicino da Silva (Maestro Duda).. Fonte: ARRANJADORES... (2011)9.. 2.1 Goiana – PE e as Bandas de Música na região da Mata Norte de PE. A cidade natal do Maestro Duda está localizada no extremo nordeste do Estado, na região da Mata Norte de PE. Ela ficou conhecida por importantes episódios históricos que lá ocorreram ainda no século XVI, como também, ocupou local de destaque no cenário econômico do Estado no final do século XIX, sendo, na época, a primeira cidade mais importante depois de Recife (capital do Estado). Farias (2002, p. 13) destaca que:. 9. Documento online não paginado..

(28) 26. A antiga cidade de Goiana [- PE], localizada na zona da mata do estado de Pernambuco [(PE)], está situada a meio caminho entre as cidades de Recife [- PE] e João Pessoa [- PB]. Seu povoamento é anterior a 1570 e ela foi palco de episódios importantes da nossa história como a expulsão dos holandeses em 1646 e a revolução praieira em 1848. No final do século XIX, era considerada a cidade mais importante de Pernambuco [(PE)] depois do Recife [- PE]. Sua economia, que girava em torno dos engenhos de cana-deaçúcar e outras atividades comerciais existentes, faziam de Goiana [- PE] uma cidade muito próspera que funcionava como um grande centro de abastecimento para toda a região. Um porto fluvial permitia às pessoas mais abastadas comprarem produtos vindos diretamente da Europa, o que contribuía para intensificar o comércio da cidade.. A região da Mata Norte de PE é formada por 19 cidades que possuem 24 filarmônicas, sendo que, 13 destas bandas estão entre as mais antigas do estado (SILVA, C., 2015). Neste contexto, a cidade de Goiana - PE se destaca por ter as duas bandas de música mais antigas em atividade da América Latina: a Sociedade Musical Curica, fundada em 8 de setembro de 1848; e a Sociedade Musical 12 de Outubro, mais conhecida como Saboeira, fundada em 12 de outubro de 1849. Ainda a respeito das duas sociedades musicais, Farias (2002, p. 15) menciona que:. No início de suas formações, ainda no tempo do império, essas duas instituições pertenciam a partidos políticos diferentes, a Curica era do Partido Conservador, enquanto que a Saboeira pertencia ao Partido Liberal. Por muito tempo essas bandas foram inimigas, e muitas são as histórias sobre conflitos entre elas. A rivalidade existente entre as duas e o constante desejo de superar a adversária durante as apresentações era um estímulo eficaz para que os músicos buscassem um maior aperfeiçoamento visando um bom domínio do instrumento e da leitura musical. As bandas possuíam um arquivo variado, tocando desde os tradicionais dobrados até gêneros mais populares como maxixes e frevos. Em 1944, quando de sua passagem por Goiana [- PE], o pesquisador e musicólogo Curt Lange pôde ouvi-las, e muito elogiou o repertório apresentado.. Entre o final do século XIX e início do século XX, décadas antes do nascimento do Maestro Duda, duas sociedades musicais também foram fundadas na Região da Mata Norte, em cidades vizinhas de Goiana - PE: a Sociedade Musical Pedra Preta, em 20 de setembro de 1870 em Itambé - PE; e no distrito do município de Goiana - PE, Goianinha10 (atual município de Condado - PE), a Filarmônica 28 de Junho, em 28 de junho de 1905. Estas. 10. Goianinha integrava o território do município de Goiana [- PE] e começou a ser povoada desde o final do século XVII, tendo seu nome mudado para Condado [- PE] em 31 de dezembro de 1943. Posteriormente, tornou-se município autônomo por lei, em 31 de dezembro de 1958, e emancipada em 11 de novembro de 1962 (CONDADO..., [19--?])..

(29) 27. Bandas estão em atividade até os dias atuais, mas, como destaca Moreira (2015, p. 34), sabese que em Goiana - PE haviam outras bandas:. Um profícuo trabalho realizado por Mário Santiago, escrito e publicado no ano do centenário da Sociedade Musical Curica em 1948, relata que em Goiana [- PE] o movimento musical vem desde o século XVIII. O primeiro grupamento catalogado pelo autor data de 1789 [...]. Após o atravessar do século, já em época oitocentista, citamos um número considerável de filarmônicas que existiram em Goiana [- PE] no final do século XIX e início do século XX. As agremiações musicais já extintas no município foram: Banda de Negros do Engenho Monjope (1859), Banda Marcial (1822), Banda Euterpe (1882), Banda São Luís de Gonzaga (1888), Clube Filarmônico 13 de Maio (1888), Filarmônica 20 de Julho (1893), Filarmônica Nova União (1895). Ainda se registram nos anais da história de Goiana [- PE] as Filarmônica Bela (1897), Clube Musical 1º de Março (1902), Sociedade Recreativa da Usina de Goiana (1903), Filarmônica 28 de Junho (1905), Filarmônica 6 de Março (1918), Filarmônica 27 de Março (1938) e Filarmônica Goianense (1946).. Percebe-se que Moreira (2015) cita a Filarmônica 28 de Junho (1905) como extinta do município de Goiana - PE, porém, como citado no parágrafo anterior, a mesma está sediada na cidade de Condado - PE desde a emancipação da Vila Condado em 1962. A região da Mata Norte, ao longo do tempo, se destacou pela quantidade de bandas de música tendo, atualmente, sociedades musicais centenárias que cultivaram este movimento ao longo dos anos, incentivando e formando instrumentistas para os mais variados ambientes de trabalhos na área de Música no país.. 2.2 Primeiros contatos com a música em Goiana - PE. Aos 8 anos de idade, o Maestro Duda iniciou seus estudos na Sociedade Musical Saboeira na cidade de Goiana - PE. Percebe-se que, muitas crianças tiveram ou têm o contato com aulas de música nas cidades da Mata Norte do Estado, através das escolas mantidas pelas bandas de música. Desta forma, o Maestro Duda assim como muitos outros músicos, tiveram a iniciação musical nas bandas de suas cidades. Em entrevista concedida a Saldanha, o Maestro Duda diz que:. O começo, foi como auto didata [sic] na 'Banda Saboeira de Goiana - PE estudando com o mestre da banda, ele era o regente e quem indicava o instrumento, de acordo com o que tinha desocupado. Aqui na cidade não, o filho quer tocar saxofone, o pai vai a loja, compra o instrumento e o filho já chega com o instrumento na mão, é diferente. Na 'Banda Saboeira', eu.

(30) 28. comecei tocando trompa, eu queria tocar pistom, mas na certa ele [o regente] não quis e disse 'você não tem embocadura de instrumento de boca não, vai tocar clarinete'. O meu padrinho tocava requinta e ele era o requinta mais famoso do estado. O seu nome era Severino de Paiva e o apelido era 'Bita '. Então eu pedia a requinta a ele, durante o dia ele me emprestava e eu ficava estudando e a noite ele pegava e ia tocar (SILVA, 2000 apud SALDANHA, 2001, p. 17).. Após este contato com os primeiros instrumentos da Banda, ele chegou a tocar a clarineta, entretanto, em uma situação bastante inusitada durante uma apresentação da Banda Saboeira, o maestro Alberto Aurélio de Carvalho pediu para que o mesmo substituísse um dos saxofonistas que não pôde comparecer na ocasião (FARIAS, 2002). A partir deste fato, o Maestro Duda teve seu primeiro contato com o saxofone, optando por continuar seus estudos musicais se aperfeiçoando como saxofonista. Aos 10 anos de idade, compôs seu primeiro frevo, intitulado Furacão que, inicialmente, teve uma orquestração bastante simples. A respeito deste fato, Farias (2002, p. 17, grifos do autor) comenta que:. Com os poucos conhecimentos musicais que absorvera na banda até então e baseando-se em sua natural intuição musical, Duda fez uma orquestração bastante simples dessa primeira peça, e contou com a prestimosa ajuda do mestre Alberto Aurélio de Carvalho, que fez a distribuição do arranjo para toda a banda. Foi dessa forma, que com muito orgulho, Duda viu sua primeira composição sendo tocada pela Saboeira. Em entrevista realizada para esta pesquisa ele esclareceu da seguinte maneira essa primeira experiência: ‘(...) Eu fiz o meu arranjo pequenininho, assim, um piston, um trombone, um saxofone, um clarinete... um de cada um, aí o mestre pegou, levou pra casa e fez o arranjo pra banda toda’ (SILVA, 2001 apud FARIAS, 2002, p. 17).. O frevo Furação foi a primeira música de uma numerosa produção de composições e arranjos durante toda sua carreira. Ainda jovem, o Maestro Duda desenvolvia sua percepção musical através da escuta de músicas que tocavam no rádio. Como ele mesmo relatou em entrevista concedida para Farias (2002), a importância do rádio na sua formação musical se deu devido poder escutar os mais variados gêneros musicais, como também os principais sucessos das big bands existentes na sua época da adolescência (SILVA, 2001 apud FARIAS, 2002). A partir disto, transcrevia as melodias para que ele e seus amigos pudessem tocar nos ambientes de diversões da cidade, pois havia uma grande dificuldade naquele período de se conseguir partituras originais, especialmente, para as formações musicais disponíveis em seu meio. A respeito disso, Farias (2002, p. 17-18, grifos do autor) destaca que:.

(31) 29. Ainda na sua cidade, por volta dos 13 anos, o saxofonista Duda formou um conjunto musical com alguns amigos, a Jazz Infantil. As apresentações eram aos domingos à tarde, e o grupo executava as musicas que tocavam no rádio, como os sucessos das big bands, que na época eram muito prestigiadas. O fato de copiar as músicas para que o grupo pudesse tocar, utilizando-se do rádio, proporcionava a ele, além de um bom treinamento auditivo, o contato com as obras dos grandes mestres do swing americano. Essa atividade serviria de base para que o compositor viesse a adquirir o seu conhecimento musical a partir de iniciativas próprias.. A respeito desta sua fase em que copiava as músicas a partir da escuta do rádio para o seu grupo Jazz Infantil, o Maestro Duda, em entrevista, relatou que: (...) a Rádio tocava, e o povo cantava pelas ruas. Aí eu tirava. Eu já era mais danadinho do que os outros, já escrevia as melodias pros [sic] cabras tocar. (...) ouvia o rádio, aí tirava a melodia, escrevia, aí juntava eu, Marcos, Mário... a gente fez o conjunto, um piston, um trombone e um sax, que era eu. Não tinha menino que tocasse bateria. Era ‘Jazz Infantil’, agora o baterista tinha um bigodão (...), seu Israel, era um velho, porque era o único jeito. (...) Mário era da Curica e eu e Marcos da Saboeira, aí foi uma briga danada na cidade, ‘Não, não pode misturar os músicos’, ‘Toma os instrumentos’, ‘Não deixa eles tocarem...’ (...) a gente não podia ensaiar nem numa sede nem na outra, aí o presidente do clube de lá, o Santa Cruz, na época o Fernando, representante do INPS11 disse: ‘então ensaia lá, no Santa Cruz’. (...) A gente ensaiava na sede do Santa Cruz e durante o dia de domingo a gente tinha matinê e manhã de sol. A gente arrumou uns amigos lá e alugou... pediu a sede emprestado, da Saboeira mesmo, né, aí um tomava conta do bar, e o apurado era da gente que tocava (...) (SILVA, 2001 apud FARIAS, 2002, p. 18).. Portanto, o Maestro Duda, ainda muito jovem, inicia sua trajetória musical se destacando como instrumentista, compositor e arranjador, tendo desenvolvido suas habilidades a partir do contato com a banda de música, como também pela escuta através do rádio. Silva, M. (2015, p. 63) ao falar da importância das bandas, diz que:. [...] as cidades do interior do Brasil organizaram suas bandas civis, e estas passaram a tomar parte nas retretas e a abrilhantar festas religiosas e também tinham suas funções políticas. Encontravam-se bandas de música tanto nas cidades como nas vilas, povoados os mais humildes, sítios e fazendas, por onde apenas podiam passar carros de boi. De certa forma, elas passam a representar nas cidades do interior, um Conservatório.. O Maestro Duda, a partir desta fase inicial, levando-se em consideração o contexto das bandas de música na região da Mata Norte de PE, pôde obter conhecimentos e experiências que o levaram como instrumentista aos mais diversos ambientes. A partir de um olhar um 11. Instituto Nacional de Previdência Social (INPS)..

(32) 30. pouco mais aprofundado sobre a sua obra, podemos considerar o frevo, um dos principais gêneros musicais explorados por ele em sua carreira, como também, evidenciar a influência do estilo das big bands americanas na sua trajetória, tanto nos arranjos quanto nas composições.. 2.3 O ingresso no mercado de trabalho. O Maestro Duda participou de diversas orquestras durante sua carreira profissional, tendo atuado em rádios e Televisões (TVs), orquestras sinfônicas, de baile e de frevo, exercendo as funções de instrumentista, arranjador e compositor. Aos 15 anos de idade, iniciou suas atividades profissionais, mudando-se para Recife - PE, capital do Estado, em busca de oportunidades em um centro maior. Essa é uma prática bastante conhecida entre os diversos músicos brasileiros que começam seus estudos em bandas sediadas nas pequenas cidades e, posteriormente, as deixam em busca de espaços que lhes proporcionem estudo e trabalho. Em muitos casos, essa migração acontece devido ao fato de muitas bandas de música no país serem instituições filantrópicas, tendo apenas um professor de música (mestre) para lidar com os diferentes naipes da banda. O mestre, apesar de desenvolver um ótimo trabalho em relação à formação do aluno, pode não ser capaz de dar continuidade ao desenvolvimento dele, pois, muitas vezes, domina apenas os conhecimentos básicos para orientar na iniciação de um determinado instrumento. No caso do Maestro Duda não foi diferente, e a necessidade de aperfeiçoar-se o levou a deixar sua cidade natal. Nesse sentido, Farias (2002, p. 19) relata que:. [...] Assim aconteceu com o maestro Duda, que seguiu para a capital do estado, onde se aperfeiçoaria como instrumentista, arranjador e compositor. Tomou essa decisão após haver recebido um convite irrecusável para fazer parte da famosa Jazz Band Acadêmica, um grupo muito atuante no Recife [PE], e nesse gênero, um dos mais antigos surgidos no Brasil. A Jazz Acadêmica foi fundada em 1931 pelo célebre compositor Lourenço da Fonseca Barbosa, mais conhecido por Capiba, e animava os grandes carnavais pernambucanos. Na década de trinta, chegou a excursionar com grande sucesso pelo Brasil, permanecendo em atividade ate o ano de 1965. [...] Duda chegou ao Recife [- PE] no ano de 1950, para integrar, como saxofonista, a já citada Jazz Band Acadêmica. Por ser muito jovem, sua família não permitiu que ele permanecesse por muito tempo naquela capital e exigiu sua volta. Ele, porém, já tinha certeza que o seu lugar era naquele meio musical, muito mais avançado e movimentado. Depois de um curto tempo em Goiana [- PE], convenceu a família e voltou para o Recife [- PE], a fim de dar continuidade aos seus estudos..

(33) 31. Ao retornar para Recife - PE, iniciou suas atividades de arranjador e compositor, atividades semelhantes às que eram realizadas em Goiana - PE com a Jazz Infantil. Outro fato importante nesta fase inicial da sua vida profissional em Recife - PE foi o contato com partituras de big bands editadas nos EUA. Através desse material, o Maestro Duda realizou estudos detalhados para entender como funcionava a escrita composicional daquele tipo de música, com o qual só tinha o contato através do rádio. Essa experiência veio a influenciar mais tarde os seus diversos trabalhos. Durante a segunda guerra, Natal [- RN]12 servia como ponto estratégico para o exército americano e muitas partituras trazidas pelos militares para seus eventos sociais, segundo o maestro Duda, foram posteriormente levadas para o Recife [- PE]. Em contato com essas partituras, Duda, que até então só conhecia esse tipo de musica através do rádio, teve a oportunidade de estudálas detalhadamente, observando o processo composicional empregado pelos grandes mestres desse estilo como Glenn Miller e Tommy Dorsey (FARIAS, 2002, p. 20).. Em 1952, aos 17 anos, teve sua primeira composição gravada pela Jazz Band Acadêmica e, aos 18 anos, ele assumiu a regência do Grupo. Posteriormente, esse Grupo também passou a integrar o elenco da Rádio Jornal do Commercio [sic], juntamente com a Jazz Paraguari, orquestra oficial da rádio (FARIAS, 2002). Maestro Duda destacou que:. Nessa época, a Jazz Band Acadêmica passou a fazer parte do elenco da Radio Jornal do Commércio [sic] (...). A Paraguari tocava na programação da noite, e tinha a Jazz Acadêmica que fazia a programação de dia, porque naquele tempo no rádio, não tocava disco não. Não tinha disco não, era tocando ao vivo mesmo (SILVA, 2001 apud FARIAS, 2002, p. 21).. Com a Orquestra Paraguari, participou de festivais de música carnavalesca, onde se destacou com a composição de um maracatu, como destaca Saldanha (2001, p. 19, grifos do autor): “No ano de 1953, já atuando como arranjador e regente da Orquestra Paraguari, teve seu maracatu ‘Homenagem a Princesa Isabel’ classificado em segundo lugar no Festival de Música Carnavalesca promovido pela Câmara Municipal do Recife [- PE]”. No período em que esteve na Rádio Jornal do Commercio [sic], o elenco era formado por diversos músicos que, no decorrer dos anos, se tornariam importantes nomes da música brasileira.. 12. Rio Grande do Norte (RN)..

(34) 32. A Rádio Jornal do Commércio [sic], concentrava um grande número de músicos em seu elenco. Durante anos, arranjadores, compositores, cantores e instrumentistas contratados pela empresa, amadureceram suas aptidões musicais através do trabalho desenvolvido nos grupos da rádio. Alguns desses artistas tiveram o seu talento reconhecido tanto no Brasil quanto no exterior, como Jackson do Pandeiro e sua companheira Almira Castilho, Dimas Sedícias, Claudionor Germano, o sanfoneiro paraibano Severino Dias de Oliveira, mais conhecido como Sivuca e Hermeto Pascoal. Segundo o maestro Duda, foi através de um convite seu que o instrumentista e compositor Hermeto Pascoal, passou a integrar o Sistema Jornal do Commércio [sic], onde atuou como sanfoneiro (FARIAS, 2002, p. 23).. Em 1960, após o período como arranjador e compositor na Rádio Jornal do Commercio [sic], assumiu o Departamento de Música da então TV Jornal do Commercio [sic]. Entre 1960 e 1975, o Maestro Duda estudou regência, foi membro da Orquestra Sinfônica do Recife - PE, formou sua primeira orquestra de baile, e atuou como compositor e arranjador em rádio e TVs de São Paulo (SP). Além dessas atividades, foi vencedor de festival de música e teve trabalhos gravados por importantes nomes da música brasileira (SALDANHA, 2001).. Em 1960, fez cursos de música sacra e regência na Escola de Artes da Universidade Federal de Pernambuco [(UFPE)]. Em 1961, musicou para o teatro, a peça ‘Um americano no Recife’, com direção de Graça Melo, além de outras peças dirigidas por Lúcio Mauro e Wilson Valença. A partir de 1962, o Maestro Duda passou a fazer parte também da Orquestra Sinfônica do Recife [- PE], atuando como oboísta e corne-inglês. [...]. Após três anos de intenso trabalho como arranjador, instrumentista e compositor no sudeste do Brasil, retornou ao Recife [- PE] em 1970, e compôs a serie de frevos que denominou de ‘Familiar’. A partir de 1971, retomou as atividades com a sua orquestra de baile. Neste mesmo ano foi vencedor com o frevo de rua ‘Quinho’, do Festival do Frevo, realizado pela Rede Tupi. Em 1975, gravou um álbum para a gravadora Rozenblit, contendo vários frevos, em homenagem ao Diário de Pernambuco. Teve alguns choros, gravados pela Orquestra Tabajara de Severino Araújo, pela orquestra de Osmar Milani, e sambas gravados por Jamelão (SALDANHA, 2001, p. 22, grifos do autor).. No início da década de 70, precisamente em 1970, o Maestro Duda retornou para PE (após uma temporada no estado de SP), e encontrou no Estado um novo movimento musical denominado Movimento Armorial, encabeçado pelo escritor Ariano Vilar Suassuna (1927 2014). O Movimento Armorial13 foi iniciado oficialmente no dia 18 de outubro de 1970,. 13. O Movimento Armorial une a cultura popular com a erudita, numa interligação com a música, pintura, escultura, literatura, teatro, gravura, arquitetura, cerâmica, dança, poesia, cinema e tapeçaria, utilizando-se do ‘material’ popular para a recriação e a transformação em diferentes práticas artísticas. [...]. Ariano Suassuna divide o Movimento Armorial em três fases: uma fase preparatória, de 1946 a 1969, uma fase experimental, de 1970 a 1975 e uma fase ‘romançal’, a partir de 1976 (NÓBREGA, 2007)..

(35) 33. unindo a cultura popular com a erudita a partir de diversas manifestações artísticas, utilizando-se do material popular com o intuito de recriar e transformar as práticas artísticas (NÓBREGA, 2007). Marinho (2010, p. 30) destaca que: “A integração da arte popular com a arte erudita, para Suassuna, não se dá na relação de superioridade ou inferioridade, mas de respeito às diferenças, uma vez que ele considera a arte popular com uma expressão do que o povo vê e sente.” Assim, mesmo o Maestro Duda tendo envolvimento com este Movimento, não participou das articulações que definiram as suas bases (FARIAS, 2002). A respeito da ligação do Maestro Duda com a música nordestina e principais semelhanças com a música do Movimento Armorial, Farias (2002, p. 30) destaca que:. [...] observando-se a sua obra, pode-se constatar a sua forte ligação com a música nordestina, principalmente com os gêneros pernambucanos, como o frevo, a ciranda e o maracatu, entre outros. Ele também foi buscar ‘nas raízes populares da cultura nordestina’, como fazem os compositores armoriais, o material para o desenvolvimento de sua obra, e este é um dos principais pontos que eles têm em comum.. É possível perceber nas diversas composições do Maestro Duda, especificamente, àquelas dedicadas ao trombone, a utilização de elementos da nossa cultura, principalmente a nordestina. Obras escritas com essas características são muito importantes para a diversidade do repertório utilizado pelos trombonistas brasileiros, sendo cada vez mais exploradas por eles, destacando que, a maioria das peças estudadas nas principais escolas de música do país está voltada para o repertório erudito europeu e americano. Ao comentar sobre os materiais didáticos e o repertório utilizado nas escolas de música no Brasil no ensino de instrumento, Feitosa (2013, p. 45) aponta que: “Tanto os materiais didáticos como o repertório são em sua maior parte voltados para a cultura musical europeia.” Nesse sentido, ressalta-se aqui, a importância do Maestro Duda para a formação do repertório de música brasileira para o trombone, destacando também uma de suas principais características, a utilização, em suas obras, de elementos musicais da cultura popular brasileira. Podemos perceber que o Maestro Duda utiliza os vários ritmos e gêneros da música nordestina, mas foi através do frevo que ele obteve reconhecimento no cenário musical pernambucano e brasileiro. Destacou-se como maestro de orquestra de frevo e se tornou um dos principais divulgadores deste gênero, não só no Brasil como também no exterior. Farias (2002, p. 32) em relação à orquestra de frevo do Maestro Duda, destaca que:.

(36) 34. Trabalhando intensamente durante os festejos carnavalescos, a orquestra tornou-se bastante conhecida, recebendo convites para apresentar-se também fora do país. Em 1984, o maestro Duda apresentou-se com sua orquestra, em Miami, inaugurando o I Voo Internacional do Frevo.. Em sua vasta obra, observa-se que o Maestro Duda escreveu peças para as mais diversificadas formações instrumentais, porém, foi através do Grupo Quinteto Brassil, Quinteto de metais e percussão14, que ele começou a explorar os instrumentos de metais também como solistas, dedicando numerosas composições para o Grupo e seus componentes. O Quinteto Brassil, desde a década de 1980, está sediado na UFPB, no Departamento de Música. Pelo Grupo passaram vários instrumentistas de destaque no cenário musical brasileiro, dentre eles: Radegundis Feitosa, Nailson Simões, Anor Luciano, Valmir Vieira, Cisneiro Andrade, Ayrton Benck, Glauco Andreza, Gláucio Xavier, entre outros. Atualmente, o Quinteto Brassil é conhecido como Sexteto Brassil e formado pelos seguintes componentes: Ayrton Benck, Gláucio Xavier, Cisneiro Andrade, Alexandre Magno, Valmir Vieira e Glauco Andreza. Este Grupo foi o principal difusor das obras do Maestro Duda, tanto no Brasil quanto em outros países. Farias (2002, p. 33-34) ressalta que: A partir de 1980, dava-se início uma grande parceria entre o Quinteto Brassil e o maestro Duda. Esse grupo, ligado a Universidade Federal da Paraíba [(UFPB)], desenvolve um importante trabalho de divulgação da música brasileira para metais. Segundo [...] Vieira [(2001 apud FARIAS, 2002)] tubista do grupo, o arranjo de Aquarela do Brasil do maestro Duda marca o início desta relação, que gerou muitos arranjos, composições e transcrições. [...] O trabalho do Quinteto gerou três discos. O segundo, lançado no ano de 1985, ‘Brassil Plays Brazil’ é uma homenagem ao aniversário de sessenta anos do maestro Duda. Esta parceria foi muito importante por ter proporcionado, entre outras coisas, a valorização do repertório brasileiro de música para metais.. Diversos foram os trabalhos do Maestro Duda escritos e estreados pelo já citado Grupo, que se tornou conhecido também, através das singulares interpretações de suas peças. Várias de suas obras são consideradas referenciais no âmbito do repertório brasileiro para metais, projetando o referido autor como um dos principais compositores e arranjadores para essa família de instrumentos. Como já observado, o Maestro Duda se destacou tanto no cenário musical pernambucano quanto no cenário nacional, através dos seus arranjos e composições escritas 14. O quinteto de metais é uma formação bastante tradicional e consta de: 2 trompetes, uma trompa, 1 trombone, uma tuba. No caso do Brassil, o Grupo acrescentou um baterista / percussionista, devido ao fato de explorarem de forma bastante significativa, a música brasileira, que possui em seus mais variados gêneros e ritmos, essencial ligação com a percussão..

(37) 35. para big bands, bandas sinfônicas, bandas de música, orquestras sinfônicas, grupos de câmara, instrumentos solistas, entre outras formações. A respeito das conquistas e reconhecimentos alcançados pelo compositor, Farias (2002, p. 35, grifo do autor) comenta que:. [...] no ano de 1993, o maestro Duda foi escolhido para participar do projeto Memória Brasileira, da Secretaria de Cultura de São Paulo [(SP)], como um dos arranjadores que mais se destacaram no cenário da música popular brasileira no século XX, ao lado de nomes como maestro Cipó, Cyro Pereira, Nelson Ayres, José Roberto Branco e Moacir Santos, entre outros. O projeto lançou o CD15 Arranjadores, no qual o maestro Duda participa com um arranjo das Bachianas Brasileiras n° 5 de Heitor Vila Lobos, interpretado pela banda Savana.. Ainda a respeito das conquistas do Maestro Duda, Saldanha (2001, p. 23) acrescenta:. Suas músicas foram gravadas no Brasil e no exterior e estão presentes em mais de 100 discos. Vencedor de vários festivais de frevo em Pernambuco [(PE)]. Obteve também diversos prêmios na música popular brasileira, como o de melhor arranjador do MPB16-SHELL 80, promovido pela Rede Globo de Televisão, pela Shell e pela Associação Brasileira de Produtores de Discos.. A partir das conquistas obtidas pelo Maestro Duda e da sua vasta produção, percebe-se a sua importância e contribuição para a música brasileira. Foi um músico bastante ativo, se destacando em diversos trabalhos realizados no decorrer da sua carreira. Atuou como professor e arranjador no Conservatório Pernambucano de Música; tocou oboé e corne-inglês nas Orquestras Sinfônicas do Recife e Orquestra Sinfônica da Paraíba; foi regente, instrumentista e arranjador da Banda Sinfônica da Cidade do Recife - PE. Dessa forma, se mostra um músico bastante versátil, pois além de atuar como compositor, também participou de diferentes formações musicais, exercendo as mais diversificadas funções, alcançando bastante destaque e reconhecimento através das suas atividades e produções musicais.. 2.4 O Maestro Duda na atualidade. Atualmente, aos 81 anos de idade, o Maestro Duda atua como arranjador e compositor, como também, é constantemente solicitado para diversos eventos de música por todo o Brasil como professor convidado. O seu maior legado está relacionado às composições e arranjos. 15 16. Compact Disc (CD). Música Popular Brasileira (MPB)..

Referências

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