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Uma TV universitária pública na era da cultura da convergência: estudo de caso da emissora TVU RN e a relação com a segunda tela

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS INSTITUCIONAIS

ISABELLE FERRET BADIALI

UMA TV UNIVERSITÁRIA PÚBLICA NA ERA DA CULTURA DA

CONVERGÊNCIA: ESTUDO DE CASO DA EMISSORA TVU RN E A RELAÇÃO COM A SEGUNDA TELA

NATAL – RN 2018

(2)

ISABELLE FERRET BADIALI

UMA TV UNIVERSITÁRIA PÚBLICA NA ERA DA CULTURA DA

CONVERGÊNCIA: ESTUDO DE CASO DA EMISSORA TVU RN E A RELAÇÃO COM A SEGUNDA TELA

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Processos Institucionais (MPGPI), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), linha de pesquisa Política e Gestão Institucional, como requisito para a obtenção de título de mestre.

Orientador: Prof. Dr. Sebastião Faustino Pereira Filho

NATAL – RN 2018

(3)

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio, para fins de estudo e pesquisa desde que citada a fonte.

(4)

ISABELLE FERRET BADIALI

UMA TV UNIVERSITÁRIA PÚBLICA NA ERA DA CULTURA DA CONVERGÊNCIA Estudo de caso da emissora TVU RN e a relação com a segunda tela

Dissertação apresentada a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte das exigências para a obtenção do título de mestre.

Natal, ____ de _____________ de _____.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Prof. Dr. Sebastião Faustino Pereira Filho

presidente

________________________________________ Profa. Dra. Miriam Moema Filgueira Pinheiro Examinadora Externa ao Programa - DECOM/UFRN

________________________________________ Prof. Dr. Sérgio Luís Rizzo Dela-Sávia

Examinador Interno – PPGPI/UFRN

________________________________________ Profa. Dra. Laís Karla da Silva Barreto

(5)

Dedico este trabalho aos primeiros amigos que fiz na TVU RN, em 2014, quando eu ainda era bolsista: meu eterno amigo e mentor, Mário Soares, e minha amiga que sinto tantas saudades, Bruna Carvalho (in memoriam).

(6)

Agradecimentos

Ao professor Sebastião Faustino, por ter orientado o meu projeto, sempre atencioso, paciente e cheio de boas ideias. Que a vida acadêmica lhe leve sempre a lugares surpreendentes. Meu muito obrigada!

À professora Miriam Moema (minha eterna e querida professora da Graduação em Radialismo) e ao professor Sérgio Della-Sávia, por terem me auxiliado na qualificação e dado a confiança que eu precisava para a continuação deste trabalho; e à professora Laís Karla pela disponibilidade em estar presente neste momento tão importante.

A todos os professores e professoras do Mestrado em Gestão de Processos Institucionais, que nos proporcionaram a multidisciplinariedade e a ampliação de nossos desejos por uma UFRN cada vez melhor.

A todos os colegas do mestrado por terem me dado um novo significado do que é o serviço público.

Às amigas do mestrado Sandra Abrantes e Marcella Leandro, pelo apoio no momento mais difícil pelo qual passei. Por serem leveza, carinho e boas vibrações.

A todos que construíram e constroem a TVU RN, e a todos que ainda estão por vir. Que a chama do amor por nosso local de trabalho nunca se apague, e sim, transborde e transforme.

A todos os colegas da TVU RN, em especial, aos que me auxiliaram em muitos momentos desta dissertação: Bruno Moura, Érica Lima, Joana Régis e Taiane Cristina.

Aos amigos que a TVU RN mais uma vez me propiciou, por sempre terem me auxiliado com muita atenção e carinho, sendo sempre pontos raros de apoio: Rosália Figueiredo, Ariston Bruno e Petras Furtado.

A todos que acreditam e lutam por uma televisão brasileira pública e de qualidade.

À UFRN, por ter me recebido como aluna em 2005 e ter me ensinado a ser um ser melhor, profissional e crítico. Agora novamente é minha segunda casa e espero cada vez mais poder retribuir por tudo que recebo por estar nela.

Aos meus pais, Sérgio Badiali e Leila Ferret Badiali, por terem me dado a oportunidade de reencarnar e experienciar uma vida ao lado deles e dos meus irmãos. Por serem exemplo de luta constante, fé e resiliência, dando-me o suporte necessário, apesar de todo o gênio de guerra e diferenças políticas. Amo vocês!

À minha irmã que leva poesia por onde passa, Michelle Ferret, por ser esperança em tempos difíceis. Gratidão é o maior elo da nossa eterna união.

Ao meu marido, Jorge Normando, por ser o que é. Por me amar, me aceitar, me incentivar e auxiliar sempre na minha evolução, desde o nosso encontro em maio de 2006. Só cheguei até aqui graças ao seu apoio. Te amo.

À toda a minha família que mora no Rio de Janeiro, meus tios e primos, em especial, à minha dinda, Jandaína Ferret, por ter acreditado que eu me tornaria uma borboleta.

(7)

À minha sogra, Dona Neném, ao meu sogro Seu Filgueira (in memoriam), e aos meus cunhados, Péricles, Juliana e Franklin, por sempre estarem perto, serem minha família. Aos meus sobrinhos, Pedro, Leon e Anabelle, por serem sempre rotas de fugas para eu não adultecer. Por me mostrarem que o melhor de mim é ser a tia que sou.

À Zag, Chico, Zinho, Lelê, Dorothy, Madeleine, José e Drax, por serem a minha esperança de quatro patas.

Aos meus falecidos avós e avôs, Lelé Badiali, Wanda Ferret, Celso Badiali e Odilson Ferret, por sempre estarem bem pertinho, cuidando de mim, fazendo com que eu nunca esqueça da minha ancestralidade.

A todos os meus amigos - os que passaram, os que estão ao meu lado e os que ainda virão, por toda a força e exemplo que são, em especial: Carol, tia Eliana, Fran, Miguel e Leilinha. Ao médico Gustavo Mendes e ao psicólogo Renoir França, por cuidarem de mim de forma tão humana e genuína.

Aos meus mentores espirituais e à equipe do Dr. Bezerra de Menezes, por terem me dado razões para continuar.

E, por fim...a Deus, por todas as concessões permitidas; a Jesus Cristo, por ser o maior exemplo e cuidado; à Nossa Senhora da Aparecida, por ser ouvido e amor, e a Allan Kardec, por ter dado voz aos Espíritos Espíritas e, assim, ter possibilitado meu crescimento pessoal e espiritual.

“Coração é terra que ninguém vê” (Cora Coralina)

(8)

Colapso

Um SOS veio da Antártica Apagão na informática É o fim do mundo ou guerra fria Caos na tecnologia

Ondas solares Bug no céu A nuvem foi virando véu A voz na terra emudeceu A comunicação morreu

E eu aqui tentando Morto de pavor Desconectado Falar com o meu amor

No apogeu da calamidade A falta de eletricidade É um colapso nas corporações E a impotência das nações Desnorteados, crentes e ateus Sem Facebook não encontram Deus Chora o planeta explode a anarquia É a vida sem telefonia

E eu aqui tentando Morto de pavor Desconectado...

(9)

RESUMO

Este estudo de caso tem como objetivo geral investigar como a TVU RN, enquanto emissora de televisão pública e local, utiliza os recursos midiáticos e tecnológicos disponibilizados pela convergência com o ciberespaço (multitelas). Para isso, no primeiro momento são considerados os seguintes aspectos: história, o modelo de gestão e a presença digital da emissora a partir de métricas do website e das plataformas digitais em que a TVU RN se encontra: Facebook, Instagram e YouTube. No segundo momento da análise do caso, duas unidades de análise da grade de programação foram escolhidas: os programas Grandes Temas e o TVU Notícias, ambos transmitidos ao vivo. Foram analisados três episódios de cada programa compreendendo desde a transmissão broadcast até o uso das ferramentas digitais, por meio de um roteiro aberto de análise e observação direta. Por fim, o trabalho apresenta um quadro do caso e possíveis encaminhamentos, tendo potencial para auxiliar gestores e servidores da TVU RN, além de instituições de emissoras públicas, em especial, as universitárias das Instituições Públicas de Ensino Superior (IFES) do país, pois a convergência é uma temática ainda em ascensão no meio científico, demandando mais estudos. A proposta é refletir sobre quais soluções podem ser realizadas nos processos institucionais para que o telespectador reconheça a TVU RN como um canal de televisão de informação, educação e entretenimento. É preciso reforçar os processos institucionais do serviço público por meio da inovação para que as TVs universitárias públicas não parem no tempo, e que consigam resistir por meio da convergência digital, que é necessária e que se configura cada vez mais como um caminho sem volta.

(10)

ABSTRACT

This case study has as its general objective investigate how the TVU RN, while a public and local television station, uses media and technological resources available by the convergency with the cyberspace (multi-screen). For this, in the first moment are considered the following aspects: the history, its management model and the digital presence of this television station from the website and digital platforms where TVU is presented. In the second moment of this case study two units of analysis from the programming grid were chosen: Grandes Temas and TVU Notícias, both transmitted live. Were analyzed three episodes of each program comprising since the broadcasting transmission until the use of digital tools, by an open analysis script and direct observation. Lastly, the work presents a frame in depth of the case and possible referrals, having potential to help managers and servers of the TVU RN Besides public station institutions, specially, the universities and the public institutions of superior teaching (IFES) from the country , because convergency is a thematic still rising in the scientific environment , demanding more study. The proposal is to think about which sollutions can be done in the institutional process in order to the telespectators recognize the TVU RN as a television channel of information, education and entertainment. It's needed reinforce the institutional process of public services by the innovation in order to the public university televisions don´t stop in the time and resist by digital convergency , which is necessary and presents more and more as a non-return path.

(11)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Demonstrativo dos principais benefícios da TV digital do site da ONG Seja

Digital

52

Figura 2 – Classificação de categorias e gêneros 61

Figura 3 – Roda dos gêneros da televisão digital interativa 62

Figura 4 – Esquema dos pontos de análise do caso principal do estudo de caso 84

FFigura Figura 5 – Esquema dos pontos de análise das unidades individuais (programas ao vivo) 88

Figura 6 – Esquema dos procedimentos metodológicos deste estudo de caso 89

Figura 7 – Imagem da época com a estrutura do convênio entre UFRN, INPEuuuuuu e

Governo do Estado especificando as obrigações de cada instituição

91

Figura 8 – Marca do projeto, em 1972 92

Figura 9 – Escolas recebiam televisores para recepção do material audiovisual didático 93

Figura 10 – As aulas do SACI com duração diária de 45 minutos eram gravadas em

estúdio e simulavam uma sala escolar.

94

Figura 11 – Bastidores da gravação de uma das aulas de História do Brasil produzidas

pelo INPE

95

Figura 12 – Cidades e número de escolas alcançadas pelo programa 96

Figura 13 – Com a saída do INPE, a TV Universitária passou a funcionar em prédio próprio 97

Figura 14 – Gravação do programa Viajando o Sertão 98

Figura 15 – Sede da TVU RN no ano de 1995. Detalhe para a placa com o nome do

Núcleo de Tecnologia Educacional

99

Figura 16 – Reitor Geraldo dos Santos Queiroz inaugura a sede da TVU RN em 1995 100

Figura 17– Panfleto entregue nos anos 90 pelo setor de marketing da TVU, com as

sinopses e horários dos programas

101

Figura 18 – Organograma da Superintendência de Comunicação da UFRN 104

Figura 19 – Divisão das metas 2018 por veículo da superintendência 107

Figura 20 – Metas direcionadas para a TVU RN 108

Figura 21 – Metas da COMUNICA 108

Figura 22 – Meta de 2016 com objetivo de aumentar número de seguidores nas redes

sociais

109

Figura 23 – Página inicial do site antigo da TVU RN 110

Figura 24 – Página inicial do atual site da TVU RN 111

Figura 25 – Mapa do antigo site da TVU 112

(12)

Figura 27 - Página “História” do site antigo da TVU 113

Figura 28 - Página “Cobertura” do site antigo da TVU. Link abria para essa imagem em jpp 113

Figura 29 - Página “Equipe TVU” do site antigo da emissora 114

Figura 30 - Página “Programação” do site antigo da emissora com os programas e dias e

horários de exibição

Figura 31 – Página “Grade de programação” com um link que direcionava o usuário para o

arquivo em pdf

Figura 32 – Arquivo em formato pdf com a programação semanal da emissora. Conteúdo

desatualizado em 2016

114

115

115

Figura 33 – Página “sugestão de pauta” com os e-mails dos programas. 116

Figura 34 – Página “Links” com os endereços online dos parceiros da TVU. Algumas

páginas encaminhavam usuário para página de erro

116

Figura 35 – Ao clicar em “Fale conosco”, o site direcionava usuário para aplicativo externo.

Não havia formulário para envio padrão de respostas.

117

Figura 36 – Cabeçalho e menu do novo site da emissora. 118

Figura 37 – Carrossel de imagens localizado na página inicial do site 119

Figura 38 – Programação local e diária da emissora. No canto inferior direito, usuário é

encaminhado para a “Programação semanal”. Setor responsável pelas mudanças: Programação

119

Figura 39 – Vídeos em destaque sob responsabilidade dos setores de Jornalismo

(esquerda) e da Produção (direita). Abaixo as redes sociais da emissora

120

Figura 40 – Mapa do antigo site da TVU 120

Figura 41 – Página “Apresentação” do novo site da TVU 121

Figura 42 – Página “Histórico da TVU” do novo site da emissora

Figura 43 – Página “Equipe Gestora” do novo site da TVU

122

123

Figura 44 – Página “Sintonize” do novo site da TVU 123

Figura 45 – Página “Localização” da emissora 124

(13)

de exibição, e-mail de quem produz e redes sociais

Figura 47 – Página “Programação Semanal” com dois tipos de acesso: menu superior ou

no link contido na área inicial da “Programação local”

126

Figura 48 – Formulário da página “Sugestão de Pauta” com nome do usuário, telefone,

e-mail, programa, sugestão e difícil verificação

127

Figura 49 – Página “Parceiros” da emissora 128

Figura 50 – Formulário da página “Fale conosco” com nome, e-mail, assunto, mensagem e

difícil verificação

129

Figura 51 – Fluxo de usuários dos países que mais acessam o site 133

Figura 52 - Fluxo de usuários cidades brasileiras e mundiais que mais acessam o site 133

Figura 53 – Gráfico referente ao sexo dos usuários 134

Figura 54 – Divisão dos usuários por categoria idade”

Figura 55 - Divisão dos usuários por categoria do dispositivo que mais utiliza

134

135

Figura 56 – Divisão dos usuários por navegador 135

Figura 57 – Divisão dos usuários por sistema operacional 136

Figura 58 – Visão geral do público-alvo no período de 23 a 29 de julho de 2018 136

Figura 59 – Comparativo entre a visão geral do público-alvo 138

Figura 60 - Comparativo entre a visão geral do público-alvo nos dias 22 e 29 de julho 139

Figura 61 – Horários que os usuários acessam o site da emissora 140

Figura 62 – Dados das páginas mais visualizadas pelos usuários 141

Figura 63 – Origem do tráfego dos usuários do site 141

Figura 64 – Tipos de canais pelos quais os usuários acessam o site no período da coleta

de dados

142

Figura 65 - Tipos de canais pelos quais os usuários acessam o site em período maior do

que o coletado

143

Figura 66 – Tipos de dispositivos (computador ou celular) e tipos de pesquisa 143

(14)

Figura 68 - Fluxo de comportamento do usuário do site a partir do acesso pelo Facebook

da emissora

144

Figura 69 – Início da página da TVU RN no Facebook 145

Figura 70 – Total de seguidores da fanpage da emissora no período de janeiro a junho de

2018

145

Figura 71 – Alcance total de pessoas no período de janeiro a junho de 2018. Todos os

alcances são orgânicos

146

Figura 72 – Gráfico dos seguidores líquidos da fanpage 147

Figura 73 - Perfil dos usuários da fanpage: maioria homens com idade entre 25 e 34 anos 148

Figura 74 – Seguidores da fanpage a partir do país, cidade e idioma 148

Figura 75 – Gráfico dos tipos de conteúdo mais acessados pelos usuários da fanpage da

emissora

149

Figura 76 – Menu de acesso aos conteúdos da página 149

Figura 77 – Publicações realizadas no período pesquisado: janeiro a junho de 2018 150

Figura 78 – Tipo de conteúdo, alcance médio e envolvimento médio da fanpage 151

Figura 79 – Publicação de maior alcance do período pesquisado 151

Figura 80 – Mensagem de telespectador enviada por “inbox” e não respondida 152

Figura 81 - Mensagem de telespectador enviada por “inbox” e não respondida 153

Figura 82 – Comentários sem feedback 153

Figura 83 – Nenhuma enquete foi realizada durante o período pesquisado 154

Figura 84 - Nenhum evento foi publicado durante o período pesquisado 154

Figura 85 – Única avaliação da página durante o período pesquisado 155

Figura 86 – Início do perfil da emissora no Instagram 156

Figura 87 – Quantidade total de publicações realizadas durante o período pesquisado 157

Figura 88 – Quantidade de publicações diárias no Instagram da emissora durante o

período pesquisado

(15)

Figura 89– Número de curtidas em cada publicação realizada entre agosto e dezembro de

2018

158

Figura 90 – Publicações com comentários durante o período pesquisado 159

Figura 91 – Tipos de material publicado entre janeiro e junho de 2018 159

Figura 92 – Hashtags colocadas nas postagens analisadas 160

Figura 93 – Início do canal da emissora no YouTube 160

Figura 94 – Playlists do canal da emissora na rede social 161

Figura 95 – Materiais com o maior número de visualizações 162

Figura 96 – Qualidade máxima na qual material do Cena Potiguar pode ser assistido pelo

usuário

163

Figura 97 – Blocos inteiros de programas como o Tela Rural e com títulos pouco atrativos 163

Figura 98 – Publicação sem descrição do produto 164

Figura 99 – Final do material publicado não encaminha para o Bloco 2, mas sim, para

outro vídeo de outro canal

164

Figura 100 – Materiais sem miniatura inicial atrativa, padronizada e elaborada 165

Figura 101 – Início da fanpage do programa Grandes Temas 166

Figura 102 – Playlist do programa no YouTube da TVU RN 166

Figura 103 – Fanpage do TVU Notícias 171

Figura 104 – Perfil do Instagram do programa 172

Figura 105 – Playlist do programa no canal do YouTube da emissora 172

Figura 106 - Resumo de quais redes sociais digitais são utilizadas pela emissora e pelos

programas

(16)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - perfil das produções internas da TVU RN 76

Quadro 2 – Características das unidades de análise 82

Quadro 3 – Modelo após a coleta de dados 86

Quadro 4 – Competências dos setores da TVU RN 105

Quadro 5 – Metas 2018 da Superintendência de Comunicação da UFRN 107

Quadro 6 – Comparativo entre o site antigo e o atual site da TVU RN 130

Quadro 7 – Programas exibidos no primeiro semestre de 2018 167

(17)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 18

2. TV EM TRANSFORMAÇÃO 23

2.1 Histórico da TV no Brasil e no Rio grande do Norte 26

2.1.1 Imagem, movimento e som: o nascimento da TV 27

2.1.2 Está no ar a televisão do Brasil: anos 1950 30

2.1.3 A TV fica mais acessível: anos 1960 34

2.1.4 TV colorida e a chegada da primeira televisão do RN: anos 1970 39

2.1.5 TV comercial chega ao RN: anos 1980 42

2.1.6 A TV por assinatura e a lei do Cabo: anos 1990 44

2.1.7 Do analógico ao digital: anos 2000 e anos 2010 48

2.2 TV digital: desafios e o futuro interativo que ainda não chegou 50

3. IDENTIDADE DAS EMISSORAS: PROGRAMAÇÃO E PRODUTOS 55

3.1 Programação 55

3.2 Produtos: categoria, gênero e formatos 59

4. CULTURA DA CONVERGÊNCIA: QUANDO O CIBERESPAÇO

INVADE O COTIDIANO E A TELEVISÃO

64

4.1 A televisão universitária e a inovação no serviço público 69

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 72

5.1 O caso principal: a TVU RN 75

5.2 Unidades múltiplas de análise: a escolha dos programas 81 5.3 Processo de construção do método deste estudo de caso 83

6. O ESTUDO DE CASO 90

6.1 História da TV Universitária do Rio Grande do Norte 90

6.2 Atual modelo de gestão 102

6.2.1 COMUNICA: metas 2018 e a convergência 106

(18)

6.3.1 Análise do site 109

6.3.1.1 O usuário do site: Google Analytics 131

6.3.1.2 Métricas do site da TVU RN: 23 a 29 de julho de 2018 132

6.3.2 Facebook da emissora 144

6.3.3 Instagram da emissora 155

6.3.4 YouTube da emissora 160

6.4 Análise das subunidades 165

6.4.1 Programa Grandes Temas 164

6.4.1.1 Análise das exibições do Grandes Temas 165

6.4.2 Programa TVU Notícias 170

6.4.2.1 Análise das exibições do TVU Notícias 172

6.5 Relatório final do caso 174

6.6 Encaminhamentos 178

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 181

REFERÊNCIAS 183

APÊNDICES 189

APÊNCICE A – ROTEIRO ABERTO DE ANÁLISE INDIVIDUAL DOS EPISÓDIOS DOS PROGRAMAS (UNIDADES DE ANÁLISE)

APÊNDICE B – PUBLICAÇÕES DO INSTAGRAM DA TVU: PERÍODO AGOSTO A DEZEMBRO DE 2017

APÊNDICE C – GRANDES TEMAS: COLETA DE DADOS

APÊNDICE D – TVU NOTÍCIAS: COLETA DE DADOS

189

195

199

211

ANEXOS

ANEXO A – DECRETO 71.464 DE 1º DE DEZEMBRO DE 1972

ANEXO B – REPORTAGEM DE 1973 DO “O ESTADO DE S.

223

223

(19)

PAULO”: AS DÚVIDAS E OS MISTÉRIOS DO PROJETO SACI

ANEXO C – MATÉRIA DE 1975 DO “JORNAL DO BRASIL”: GEISEL E NEY BRAGA VÃO A NATAL INSPECIONAR PROJETO SACI NA ÁREA DA TELEDUCAÇÃO

ANEXO D – JUSTIFICATIVA DO PROJETO “JORNAL DA EDUCAÇÃO”

ANEXO E – OFÍCIO Nº 097/89 – DG: SOLICITAÇÃO DE RECURSOS

ANEXO F – REGIMENTO INTERNO DA SUPERINTENDÊNCIA DE COMUNICAÇÃO 227 228 230 232

(20)

1 INTRODUÇÃO

O romantismo paira sobre a áurea das emissoras de televisão universitárias públicas no Brasil. Primeiro por muitos pesquisadores acreditarem que por essas emissoras estarem relacionadas com Instituições Públicas de Ensino Superior (IES), estaduais ou federais, sempre estarão atreladas a um baixo orçamento e funções coadjuvantes, o que pode justificar a não preocupação da gestão pela audiência e ao não investimento em produções novas e diversificadas. Segundo, por serem públicas, é quase unânime a crença de que precisam seguir uma dependência ideológica vista muitas vezes em produções de caráter exclusivamente institucional e educativo sem grandes inovações. Por compreendermos complexidade em que se encontram as emissoras de televisão públicas, a reorganização e o pensamento crítico sobre os processos institucionais tornam-se cada vez mais fundamentais, pois assuntos urgentes como a convergência digital precisam ser levados em consideração para que essas emissoras sobrevivam. Com a TV Digital e o maior acesso da população brasileira à internet, as emissoras de televisão Universitárias públicas do país carecem de renovação, como é o caso da TV Universitária do Rio Grande do Norte, a primeira emissora do estado.

A TVU RN tem uma importância histórica tanto no campo da Comunicação quanto no campo da Educação, quando chegou a transmitir via satélite, em meados dos anos 1970, aulas à distância para escolas do ensino fundamental básico e público. Hoje, a emissora transmite a programação em sinal aberto e está localizada fisicamente no Campus Central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a UFRN, em Natal. Completou no ano de 2017 exatos 45 anos, percorrendo ao longo desse tempo diversas fases, que contribuíram para aquilo que é o seu atual momento institucional.

Desde 2016 a TVU RN encontra-se em um processo de retomada da grade de programação e de um caminhar aparentemente brando e sem planejamento para as questões urgentes oriundas da tecnologia digital. Apesar de ser novamente a pioneira como a primeira emissora federal a ter um canal aberto digital, a TVU RN ainda passa por dificuldades em manter o funcionamento do sinal e, na internet, a emissora está “presencialmente” no site e nos perfis nas redes sociais: Facebook, YouTube e Instagram, não possui aplicativo e não transmite a programação online. A problemática deste trabalho surgiu quando nos deparamos com um

(21)

desconhecimento por parte da população sobre qual programação é transmitida pela emissora, fator que vai além dos horários de exibição e diz respeito pincipalmente a uma identidade que não é reconhecida. Algumas pessoas também desconhecem que a TVU é a primeira emissora do RN. Toda essa percepção oriunda de uma observação de alguns anos leva-nos à hipótese de que a divulgação da emissora é realizada de maneira aleatória e sem a utilização de ferramentas online, que são fundamentais hoje para qualquer empresa, de diversos ramos de atividade, ainda mais quando se trata de uma emissora que não consegue transmitir o sinal para todo o Rio Grande do Norte. Mesmo sendo a TV Universitária do RN uma emissora pública e educativa financiada por recursos da própria UFRN, ou seja, com concessão do sinal para exploração sem fins lucrativos, acredita-se que ela está também inserida em uma lógica de mercado que reforça que:

Uma emissora é, ao mesmo tempo, uma empresa, regida por uma lógica econômica; uma instituição, voltada a missões no espaço público; e uma marca, em concorrência com outras emissoras, via seus programas e programação. (JOST, 2007, p.89-90).

O interesse pela tessitura deste objeto de pesquisa se deu devido a atuação da pesquisadora dentro da emissora. O cargo de Programador de Rádio e TV, inserido no setor de Programação, está presentemente limitado a uma configuração já estabelecida por uma outra geração de profissionais e repassada aos que chegaram recentemente, no ano de 2016. As dificuldades em modificar fluxos ultrapassados, ineficientes, que não condizem com a real capacidade de atuação do setor é a principal justificativa pessoal da pesquisadora. A experiência e a tentativa de melhoria dos processos institucionais parecem ir mais além do que os interesses acadêmicos sobre o trabalho de um setor responsável pela programação em uma televisão universitária pública do país. É como se a pesquisa acadêmica, inserida em um mestrado profissional, de certa forma, venha a ser um instrumento colaborativo para nossa atuação (aqui incluo os colegas de trabalho que estão direta e indiretamente ligados as atividades da emissora) dentro desse contexto específico de trabalho, ampliando as perspectivas profissionais, pois as críticas e as sugestões de melhoria são tentativas complexas desde a minha posse, em 21 de janeiro de 2016.

Além disso, justifico a escolha pessoal não somente pelo aspecto da experiência, como também, pela afinidade com o objeto e a curiosidade acadêmica sobre o assunto, este que é do meu interesse desde quando iniciei o curso de

(22)

Radialismo, na UFRN, no ano de 2005, época em que pouco falávamos sobre televisão pública ou sobre as novas tecnologias digitais, e quando realizei a pós-graduação em Gestão da Comunicação e Mídias Digitais. Ademais, o que também motivou fortemente a escolha por este objeto e confirmou a certeza em realizá-lo foi um “encontro” virtual que tive com um diagnóstico realizado no ano de 2012, em um momento considerado pela Superintendência de Comunicação como de “migração digital”, e enviado por um dos servidores da época à chefia da emissora por e-mail no dia 8 de fevereiro. O documento possibilitou a certeza das hipóteses que eu havia levantado desde a minha chegada na instituição. Percebe-se que nos últimos cinco anos, os serviços prestados pelo setor de Programação da TVU RN, por exemplo, são os mesmos dos atuais, e igualmente os pensamentos do que é necessário para o ideal funcionamento, limitando as práticas e os avanços imprescindíveis para a emissora. A convergência digital ainda parece ser um assunto de pouca importância como um meio para avanços institucionais.

Institucionalmente, estamos tratando de uma das primeiras emissoras Universitárias do país e da primeira a ter a concessão de um canal digital. O pioneirismo da TVU RN é intrínseco a história dela e pensar na televisão pública é tarefa difícil por diversas questões, estas que perpassam por toda uma manutenção tecnológica, de pessoal e gerencial que são dispendiosas para a administração pública. O mestrado profissional nos possibilita essa visão institucional fundamental para que possamos refletir sobre nossas práticas e reforçar os motivos de sustentação de uma emissora de televisão implantada em um contexto de uma universidade pública brasileira. Esta análise é um ponto dentro de uma imensidão complexa chamada TVU RN, ainda assim, significativo, atual e urgente para o amadurecimento da cultura organizacional.

Academicamente, pode-se dizer que a televisão é objeto de estudo há muitos anos no Brasil e no mundo, entretanto, podemos aferir, após levantamento bibliográfico, que o interesse pelas emissoras de televisão Universitárias é recente e se restringe a um grupo específico de pesquisadores, que geralmente realizam porque estão ligados a estas emissoras enquanto parte integrante dos processos ou a tratam nos estudos pelo olhar da Educação, analisando principalmente as produções e os conteúdos. Souza e Rebouças (2015) em “O estado da arte da pesquisa sobre TV Universitária” nos apresenta essa realidade a partir de um levantamento realizado no Portal de Periódicos da Capes e nos Anais do Congresso

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Intercom. A pesquisadora selecionou trinta trabalhos acadêmicos, entre teses, dissertações e artigos, que abordam sobre TV Universitária, constatando que há poucos estudos sobre o objeto, além de haver:

[...] uma recorrente confusão conceitual sobre ele; 3) as pesquisas existentes estão restritas a fóruns específicos e a poucos pesquisadores, que se repetem nas referências, além de, muitas vezes, serem funcionários e/ou coordenadores das TVs em estudo. É possível inferir, portanto, que há um paradoxo: a Universidade - locus da pesquisa e construção de conhecimento - não reflete sobre a TV que produz. (SOUZA; REBOUÇAS, 2015, p.1)

Além do mais, os estudos sobre as mídias analógicas nessa entrada “forçada” em um mundo com transmissão e recepção digital, que potencializa uma cultura participativa, convergente, interativa, em um contexto de inovação, também são recentes. Daí a importância de pensarmos nessa televisão local, com recursos públicos e fortalecida por uma cultura institucional instituída e inserida em um tempo histórico dinâmico. Por essa escolha e pelo entendimento que “a própria academia não reflete cientificamente sobre a televisão que produz” (SOUZA, 2016, p.28), compreendemos que esta pesquisa tem potencial para auxiliar gestores, servidores e instituições de emissoras públicas, em especial, as Universitárias do país (apesar de que não há uma unanimidade ao compará-las na maneira como surgiram, são geridas ou estruturadas).

Este trabalho é um Estudo de Caso (Yin, 2015), que tem como objetivo geral Investigar como a TVU RN, enquanto emissora de televisão pública e local, aos seus 45 anos de existência, utiliza os recursos midiáticos e tecnológicos disponíveis pela convergência com a segunda tela (internet). Elegemos como objetivos específicos: Compreender a TVU RN a partir da história da emissora e o modelo de gestão, incluindo a identidade, programação e produção da emissora; Discutir sobre a importância da cultura da convergência em um período de abarcamento da segunda tela no cotidiano dos telespectadores brasileiros, abrangendo a importância do fenômeno para a TVU RN; e, Explicar a inovação no serviço público como um caminho possível para o crescimento da presença digital da emissora potiguar a partir da melhoria dos processos institucionais.

Para a compreensão do problema proposto e dos objetivos, este estudo de caso está dividido em cinco capítulos. O primeiro capítulo intitulado “TV em transformação” aborda primeiramente sobre o atual processo em que a televisão mundial está passando devido as novas tecnologias de comunicação e a internet. O

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principal argumento é que a mídia tradicional – ainda a mais usada no Brasil, converge e não desaparece, reforçando a maneira como transmite os conteúdos e a relação com o telespectador. Além da história da tradicional mídia no país, aborda-se sobre a TV Digital enquanto uma tecnologia em construção e que ainda não é o que querem que ela seja: interativa, tornando as plataformas de redes sociais ferramentas mais usuais para telespectadores e produtores. Finalizamos o segundo capítulo apresentando a cultura da convergência como o caminho atual mais executável para as mídias tradicionais, e o ciberespaço (Levy, 2009) como estímulo para a cultura participativa e a interatividade.

O segundo capítulo fala que a transmissão televisiva parte fundamentalmente quando uma emissora reforça a identidade a partir do que é de fato uma televisão - mesmo em tempos de segunda tela: programação e produtos, elementos que foram estabelecidos desde o ano de 1950 no Brasil.

No terceiro capítulo, adentramos na cultura da convergência e sobre a importância das televisões universitárias no Brasil, tendo a inovação no serviço público como um caminho possível com a utilização dos recursos gratuitos disponíveis pela cultura da convergência para a divulgação do conteúdo e participação efetiva dos telespectadores no campo público.

No quarto capítulo, descrevemos os procedimentos metodológicos, em que apresentamos a escolha pelo estudo de caso único/combinado, integrado, com múltiplas unidades de análise (Gray, 2012; Yin, 2003) por ser uma metodologia (Creswell,2014; Yin, 2015) capaz de responder a problemática. Optamos por uma análise da unidade principal, a TVU RN, e duas unidades subunidades (seguindo a lógica da replicação, não de amostragem): os programas ao vivo, Grandes Temas e TVU Notícias.

A análise do caso principal foi realizada a partir do histórico, contexto, modelo de gestão, organograma, análise do site e das redes sociais da emissora universitária pública. Depois, partimos para cada unidade individual de análise – os programas, em que analisamos três episódios de cada produção a partir de um roteiro aberto de análise e observação direta. Após o relatório individual do Grandes Temas e do TVU Notícias, classificamos e interpretamos os dados para a criação da representação e visualização dos dados do caso principal, para assim concluir o trabalho com o relatório final do caso e encaminhamentos, fechando dessa maneira o último capítulo desta dissertação.

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2 TV EM TRANSFORMAÇÃO

A televisão é um dos meios de comunicação mais tradicionais do mundo, tendo sua formulação pensada desde o início do século XX por países hegemônicos. Hoje, a mídia está em quase todas as partes do planeta, dos países mais pobres aos mais ricos, de culturas diferentes, sendo utilizada para diversos fins. Por isso, cada localidade define um tipo de uso para a televisão, sendo essas questões não determinadas mais por espaços geográficos, visto que, muitos conteúdos produzidos e formatos de programas são exportados, copiados e assistidos em diversas línguas. Os produtos culturais televisivos caminham por diversas regiões, em frequências dispares, transformando e reformulando diariamente o que conhecemos há setenta anos como TV. Porém, as transformações não surgem apenas por uma questão natural de evolução da mídia tradicional.

Usar o controle remoto e zapear as escolhas de um produto televisivo para outro ou aguardar o horário marcado para o programa favorito começar, deitado em um sofá da sala de casa, não é mais sinônimo de assistir televisão em países como o Brasil. O que há dez anos poderia ser considerado estático, com um fluxo de programação determinado pelas emissoras a partir de pesquisas realizadas por institutos que mediam a audiência por aparelhos nas residências, atualmente não é, pois com as possibilidades redefinidas por uma nova cultura midiática, por hábitos reconstituídos pelo acesso às novas tecnologias digitais e pela internet, o telespectador não pode ser mais limitado como um ser passivo e complacente. Todavia, ainda é difícil definirmos com precisão que tipo de relação é essa entre televisão, ciberespaço e público, porque a cada nova possibilidade há uma restruturação do que há pouco estava posto e, defende Cannito (2010, p.218) que “em vez de eliminar as mídias anteriores, o digital tornará cada mídia mais específica”.

Essas remodelações com a chegada de novas mídias, novas plataformas digitais, novas possibilidades midiáticas, não podem ser analisadas puramente pela tecnologia em si. No clássico livro Televisão: tecnologia e forma cultural, publicado em Londres, em 1974, pelo pesquisador Raymond Williams, época em que “a televisão, como meio popular de entretenimento, não era digna de estudo” (TURNER, 2016, p.7), trouxe um questionamento que ilustra o que em 2018 ainda

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vivenciamos, um caminhar distante entre quem faz conteúdo para televisão e quem atualiza as tecnologias. Ao falar sobre a história social dos usos da tecnologia televisiva, o pesquisador tece a seguinte reflexão:

Na radiodifusão, no rádio e depois na televisão, o grande investimento foi nos meios de distribuição. Investiu-se na produção apenas o necessário para fazer a distribuição tecnicamente possível e atraente. Ao contrário de todas as tecnologias de comunicação anteriores, o rádio e a televisão foram sistemas concebidos principalmente para a transmissão e recepção como processos abstratos, com pouca ou nenhuma definição anterior de conteúdo. (WILLIAMS, 2016, p.37).

Mais adiante, ainda no primeiro capítulo, o autor britânico completa e exemplifica:

Essencialmente, também no caso da televisão, a tecnologia de transmissão e recepção foi desenvolvida antes do conteúdo, e partes importantes dele eram e mantiveram-se como subprodutos da tecnologia, em vez de empreendimentos independentes. Como exemplo, podemos recordar que, apenas depois da introdução da cor, programas televisivos ‘coloridos’ foram planejados para persuadir as pessoas a comprar aparelhos em cores. (WILLIAMS, 2016, p.41)

A partir do pensamento de Williams (1974) podemos compreender que a transformação do conteúdo midiático precisa partir da ideia de que a tecnologia não limita ou determina as relações proporcionadas pela televisão. Assim também defende Lévy (1999, p.25), ao explicar que “uma técnica é produzida dentro de uma cultura, e uma sociedade encontra-se condicionada por suas técnicas”. Quem produz, independente do teor ideológico que escolheu, do lugar social, político e econômico de onde se fala, realiza uma relação não apenas técnica, todavia, cultural, sendo necessária uma atualização das práticas e um olhar aquém do que é aparentemente categórico. Logo, o primeiro pensamento quando as mídias tradicionais se confrontam com novos recursos tecnológicos é que haverá a extinção dos paradigmas já firmados. Sem dúvida, a televisão está passando, principalmente nos últimos anos, por um processo de transição, em que os atuais telespectadores tem outras práticas culturais se comparadas aos que presenciaram a mídia nos anos 1980, por exemplo, quando a TV era reinante em relação aos outros meios de comunicação de massa da época.

Essa soberania das emissoras de televisão frente a outras mídias parece não ser mais a mesma. A abordagem constante ultimamente é a de que vivemos um momento de mudança de comportamento com a consolidação e a valorização do ciberespaço no cotidiano das pessoas e com o maior acesso as novas tecnologias.

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O acesso as novas mídias, plataformas e dispositivos digitais é uma coisa crescente que não pode ser ignorada, e quem produz e pensa as mídias tradicionais como a televisão e o rádio precisa levar em consideração essas novas tendências de consumir informação e entretenimento, em um contexto cultural, mercadológico e social convergente:

Por convergência, refiro-me ao fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam. (JENKIS, 2012, p.29).

A televisão sempre foi uma mídia convergente, que agregou desde o início em sua natureza aspectos do rádio, do teatro, do cinema. Jost (2007) a chama de intermedia, ou seja, uma mídia capaz de sintetizar técnicas, longe de ser independente, que agrega e converge com novas tecnologias. Por esse motivo, diante desta nova configuração de hábitos de recepção e de consumo com as plataformas digitais, o questionamento possível é, afinal de contas, a televisão como conhecemos e construímos vai acabar com a consolidação da internet no cotidiano das pessoas? Concordamos quando Miller (2009, p.24) nos diz que, “A TV não está morta, ela está mudando”. É importante o entendimento de que a confluência é a atual experiência de mais um momento chave de transição midiática na nossa história, que não ocorre de uma mídia que irá se tornar outra ou vai se sobrepor a outra, que tem menor grau de relevância. Não há perda da identidade, mas transformação, novas narrativas, estéticas, conteúdos. As mídias irão agregar, se retroalimentar:

Na verdade, essa conversa toda sobre ‘qual mídia vai vencer na era digital’ ainda é um debate analógico. O debate digital é convergente. Esse papo de que a TV vai ‘perder’ para a internet é teórico. Na prática, tudo vai confluir. (CANNITO, 2010, p.17)

Para França (2009), a mídia televisiva ainda tem papel fundamental no cotidiano da população, respondendo aos aspectos socioeconômicos e culturais do Brasil, dessa maneira, se ajustando ao modo de vida dos brasileiros. A mídia é a mais consumida no país e a adaptação aos novos modelos de negócio é o que estamos presenciando. Todo esse questionamento reforça o que Roger Fidler apresenta como midiamorfose:

A midiamorfose não é tanto uma teoria, mas um modo de pensar a respeito da evolução tecnológica dos meios de comunicação como um todo. Ao

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invés de estudar cada modalidade separadamente, leva-nos a ver todas elas como integrantes de um sistema interdependente e a reparar nas semelhanças e relações existentes entre as formas do passado, do presente e as emergentes. Ao estudar o sistema de comunicação como um todo, veremos que os novos meios não surgem por geração espontânea, nem de modo independente. Aparecem gradualmente pela metamorfose dos meios antigos. E quando emergem novas formas de meios de comunicação, as antigas geralmente não deixam de existir, mas continuam evoluindo e se adaptando. (FIDLER, 1997. In: FINGER; SOUZA, 2012, p. 374)

A partir deste termo, compreende-se que há uma coexistência entre as mídias, gerando conteúdos que se adaptam a diversas telas, contribuindo para gerar novas relações sociais, e não um desaparecimento total de meios significativos ou a confluência em uma só mídia.

Mas afinal, o que é televisão e como ocorreram, nesse longo tempo de mídia no Brasil, as mudanças e quais foram elas? Como a televisão brasileira está lidando com as novas tecnologias?

2.1 Histórico da TV no Brasil e no Rio Grande do Norte

A televisão brasileira como conhecemos atualmente foi construída ao longo dos quase setenta anos de existência. Com objetivo de entender o atual momento histórico, levando-se em consideração a consolidação dos padrões construídos e reconhecidos pelo público, faz-se necessário neste trabalho o resgate da história do meio enquanto técnica e linguagem construídas por diversas emissoras e profissionais. O desafio em abordar sobre a história da televisão no país foi sentido ao longo de toda a construção da pesquisa e dos entrelaces aqui apresentados. Com finalidade de compreender as fases históricas, tomaremos como base principalmente as pesquisas dos livros “História da Televisão no Brasil – do início aos dias de hoje” e “História da televisão brasileira – uma visão social e política”, ambos publicados em 2010.

O pesquisador Sérgio Mattos (2010) divide em seis fases essa história, delimitando em anos os períodos: fase elitista (1950 – 1964); fase populista (1964 -1975); fase do desenvolvimento tecnológico (1975 – 1985); fase da transição e da expansão internacional (1985 – 1990); fase da globalização e da TV paga (1990 – 2000); fase da convergência e da qualidade digital (2000 – 2010); e fase da portabilidade, mobilidade e interatividade digital (2010 em diante).

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Já os organizadores Ana Paula Goulart Ribeiro, Igor Sacramento e Marco Roxo (2010), compreendem a TV brasileira em seis períodos a partir de textos de diversos pesquisadores da área. Neste livro, as seguintes denominações para os períodos foram dadas: anos 1950: a televisão em formação; anos 1960: a televisão em ritmo de popularização; anos 1970: a televisão em tempos de modernização; anos 1980: a televisão em transição democrática; anos 1990: a televisão em divergência; e anos 2000: a televisão em convergência.

O aparelho de televisão chegou ao país há sessenta e oito anos, sendo inicialmente um marco pouco comemorado pela população porque não havia claramente o entendimento das potencialidades dessa nova mídia. Na época, a TV foi divulgada antes mesmo da sua venda real. Segundo Briggs e Burke: (2006, p.165-166) “A produção e o controle das imagens nas telas estavam em mãos de corporações que haviam trabalhado com o som antes das imagens, na época em que o cinema mostrava imagens sem som”. Assim, o início é marcado por uma ideia imaginária do que viria a ser o aparelho televisivo e o conteúdo na vida das pessoas. Um rádio com imagens? Um cinema na sala de casa? Um teatro apresentado em um novo palco? Um misto de rádio, cinema e teatro? Quais possibilidades este novo meio de comunicação poderia trazer para uma população já adaptada ao rádio? Em plena “Era de Ouro” radiofônica?

Hoje conhecemos com nitidez a importância e valorização dessa mídia para os brasileiros, pois são quase setenta anos de popularidade e familiaridade com os produtos e a maneira como são ofertados. O questionamento que se levanta é como a identidade da TV aconteceu para que presentemente ainda estejamos falando e estudando sobre esse meio de comunicação e as possíveis mudanças.

2.1.1 Imagem, movimento e som: o nascimento da TV

A televisão já era realidade desde a década de 1930 em países como Grã-Bretanha, Alemanha, Estados Unidos, França e Suécia, lugares que tinham relação direta com o invento e com outras ferramentas fundamentais para a nova mídia com imagens. A preocupação de melhoramento das práticas e dos recursos dentro dos universos da fotografia e do cinema, por exemplo, se constituiu de sumo valor para um novo lugar midiático, este que nasceu com preocupações envoltas agora na transmissão das imagens e do som, a qualidade de recepção e a fabricação dos

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novos aparelhos conhecidos como televisores. E esses países, localizados em sua maioria na Europa, assim como as grandes organizações e o trabalho de pesquisadores/inventores como Boris Rosing, Vladimir Zworykin, John Logie Baird e Philo Farnsworth, são fatores essenciais para o marco inicial da televisão no mundo. Uma data que merece ser lembrada é o dia 30 de setembro de 1929, quando Baird, depois de infindáveis negociações com uma relutante BBC, obteve permissão para lançar um serviço experimental de televisão. O presidente do Conselho Britânico de Comércio, dando sua bênção, disse aos espectadores (ainda não descritos assim) que esperava ansiosamente que ‘esta nova ciência aplicada estimulasse e criasse uma nova indústria, não somente para a Grã-Bretanha e para o Império Britânico, mas para o mundo todo.’ (BRIGGS; BURKE, 2006, p.177)

O início das vendas dos televisores mundo afora ocorreu no final dos anos 1920, mas, antes disso, a televisão não era muito discutida porque o rádio e o cinema tinham uma boa representatividade, então, o pensamento rondava sempre em como seria a inserção deste recente meio de comunicação na sociedade. Além disso, o fator econômico da época influenciou para que o desenvolvimento da TV fosse mais lento, principalmente devido ao período da “Grande Depressão”, nos Estados Unidos, país que poderia, conforme comenta Briggs e Burke (2006), ter tomado a liderança no progresso da televisão no mundo.

Fatos marcantes devem ser destacados nos anos 1930, como a primeira emissora de TV pública do mundo que surgiu em 1936, quando a British Broadcast Corporation (BBC) inaugurou seus estúdios no centro de entretenimento Alexandra Palace, na Inglaterra. Um ano depois, “a BBC transmitiu a coroação do Rei Jorge VI, que foi assistida por cerca de 50 mil telespectadores” (MATTOS, 2010, p.192). O ano de 1937 também é caracterizado pelo início das transmissões televisivas na França. Já nos anos seguintes, na antiga União Soviética, a televisão foi ao ar no ano de 1938 e, um ano depois, na Suécia.

Um dos acontecimentos que pode ser considerado um divisor histórico para a televisão mundial foi a Segunda Guerra, que gerou por motivos militares a interrupção das transmissões na maioria dos países, quando “as fábricas de televisores foram utilizadas na produção de material bélico” (MATTOS, 2010, p.192). Isso demonstra que grandes empresas sempre estiveram à frente da viabilização dos aparelhos e das transmissões, pois “desde o início todas as vantagens do negócio estavam do lado das grandes organizações, e não de inventores individuais” (BRIGGS; BURKE, 2006, p. 178).

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Durante o período dessa Guerra – de 1939 a 1945, a Alemanha foi o único país participante que continuou as transmissões televisivas até o ano de 1943. “Na Inglaterra, a guerra praticamente silenciou a BBC, além de ter restringido as transmissões da NBC [National Broadcasting Company] nos Estados Unidos e as transmissões da televisão de Moscou” (MATTOS, 2010, p.192). França, Londres e Moscou somente retomaram as suas transmissões em outubro de 1944, justificando a importância, na época, dos meios de comunicação (jornais, rádio, cinema, teatro e televisão) para a difusão em massa da propaganda do regime nazista:

Os nazistas entenderam como utilizar o poder de atração das tecnologias então emergentes, como o cinema, os alto-falantes, o rádio e a televisão, a serviço da sua propaganda. [...] Em 1935, a Alemanha se tornou a primeira nação a introduzir o serviço de televisão regular. Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda, viu o enorme potencial desse tipo de mídia para a divulgação da propaganda nazista, embora acreditasse que a melhor opção eram as exibições coletivas como no cinema ou no teatro. (United States Holocaust Memorial Museum, 2017)

O pós-guerra apresentou o retorno das produções dos aparelhos, e novamente perpetuou o conceito de que a televisão era uma atração apenas para quem pudesse pagar por ela. Entretanto, apesar de uma programação pouco representativa, a venda de televisores nos Estados Unidos viveu um crescimento significativo a partir de 1947 quando haviam apenas 178 mil aparelhos e, cinco anos depois, em 1952, os norte-americanos já usavam mais de 20 milhões, sendo um terço da população com acesso ao aparelho. O crescimento também ocorreu na Grã-Bretanha, pois em 1947, a quantidade de televisores era de quase 15 mil, passando para um milhão no final de 1951. A ascensão na aquisição de aparelhos de televisão também foi sentida na Escócia, País de Gales e norte da Inglaterra.

No início dos anos 1950, a televisão tornou-se um produto economicamente mais viável do que os filmes para o bolso dos norte-americanos. O novo hábito também foi responsável pela diminuição do número de salas de cinema nos Estados Unidos.

De Hollywood, algumas tentativas de pressão para que a televisão fosse paga não obtiveram sucesso graças ao poder das redes de rádio, embora essa tendência demorasse a se definir. E algumas empresas de cinema se mexeram para garantir concessões para televisão [...] Uma das saídas, a venda de filmes para empresas de televisão, só foi concretizada em meados da década de 1950. (BRIGGS;BURKE, 2006, p.234)

A média semanal de ida aos cinemas nos Estados Unidos teve uma queda de 43 milhões em menos de dez anos, compreendendo o período de 1948 a 1956.

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“Uma audiência realmente de massa começava a crescer explosivamente a cada semana, enquanto o público de cinema diminuía [...]” (BRIGGS; BURKE, 2006, p.234).

2.1.2 Está no ar a televisão do Brasil: anos 1950

A primeira exibição pública do televisor que se tem notícia no Brasil é do ano de 1939, na Feira de Amostras do Rio de Janeiro, organizada pelo Ministério dos Correios da Alemanha. Na época, a imprensa registrou a novidade exposta durante 15 dias e que havia sido vista pelos poucos que receberam o convite com entrada franca do Ministério da Justiça do Brasil. O jornal “O Globo” destacou na primeira página o invento principalmente porque o patrocinou, trazendo-o como “o início de uma nova phase do nosso progresso”. Conforme observa Mattos (2010), a Segunda Guerra Mundial também foi responsável pelo esquecimento da novidade no Brasil, só retomando quatorze anos mais tarde.

Enquanto nos países já citados a expansão da televisão era evidente desde o pós-guerra, inclusive com relação aos processos de regulamentação e de pensar comercialmente essa nova mídia, no Brasil, o início aconteceu oficialmente apenas no dia 18 de setembro de 1950. Com festa de inauguração, a TV Tupi de São Paulo (a primeira emissora da América do Sul) entra no ar às 22h, com a fala de Sonia Maria Dorce vestida de índia, com apenas cinco anos: “Boa noite. Está no ar a televisão do Brasil”.

A novidade no Brasil já era realidade em outros países. Em 1950, apenas nos Estados Unidos, o número de emissoras era de 107 para 4 milhões de televisores. Como também,

No ano em que a televisão chegou oficialmente ao Brasil, a Cuba e ao México, 1950, a BBC Londres conseguiu realizar a primeira transmissão de TV internacional transmitindo seu sinal além do Canal da Mancha, fato que foi considerado como primeira etapa para a formação de uma rede europeia de televisão, a Eurovisão. Nesse mesmo ano, tanto o Reino Unido como o Canadá adotaram o sistema de transmissão a cabo para levar o sinal de televisão aos locais onde não se conseguia captar os sinais eletromagnéticos. Em 1951, são realizadas as primeiras transmissões públicas em cores nos Estados Unidos, utilizando o sistema de 405 linhas e 24 quadros por segundo. (MATTOS, 2010, p.193).

A implantação da primeira emissora de televisão brasileira foi de responsabilidade do dono dos Diários e Emissoras Associadas, Assis Chateaubriand

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(1892 – 1968), que iniciou, em fevereiro do ano anterior, a compra dos primeiros equipamentos para a montagem da TV Tupi Difusora de São Paulo. O modelo norte-americano de transmissão, em que os canais VHF percorrem do 2 ao 13, foi o adotado pelo governo.

Assis Chateaubriand acompanhou de perto todos os preparativos para a chegada da TV Tupi, Canal 3 de São Paulo. São muitos os relatos de que o empresário tinha o costume de entrar nos estúdios ou nas salas técnicas sem se anunciar para ver como os profissionais estavam treinando ou se adaptando à nova tecnologia. (RICCO; VANNUCCI, 2017, p.13).

Seis anos antes da primeira transmissão, em 1944, a revista Seleções do grupo empresarial Reader´s Digest – que até hoje está no mercado, lançou uma publicidade da empresa General Eletric, com objetivo de revelar ao leitor brasileiro a futura chegada da televisão no país. O anúncio com o título “A Eletrônica trará a Televisão ao nosso lar”, demonstra que a antecedência prematura da divulgação dessa nova mídia tinha como objetivo “a formação de um imaginário tecnológico sobre a televisão, que a apresenta de múltiplas formas” (BARBOSA, 2010, p. 16). No anúncio, a empresa diz aos futuros telespectadores o que viria a ser a televisão: o acesso ao mundo e ao país na sala de casa. O futuro em imagem e som chegava assim com um ar de estranheza por quem recebia a notícia. Conforme Mattos (2010), o aparelho foi motivo de chacota e ceticismo quando, por exemplo, falavam do perigo de cenas íntimas de casais serem feitas próximas a um aparelho televisor, pois este poderia registrar o momento. “A televisão causava um misto de estranhamento e admiração” (BARBOSA, 2010, p.25).

A publicidade teve papel fundamental na criação desses imaginários, uma vez que, dessa forma, empresas como a General Eletric incutiam a necessidade da compra dos novos aparelhos. A competição entre fabricantes não demorou muito a ocorrer, pois começou a existir uma corrida de melhoramento de som e imagem da novidade. Na revista “O Cruzeiro” de 11 de janeiro de 1952, o anúncio da empresa Zenith deixa fulgente o que estava por vir nas próximas décadas, como publicou Marialva Barbosa (2010, p.28): “Este é um detalhe decisivo para a escolha de seu televisor: somente Zenith pode lhe oferecer a comodidade de uma imagem ampliada quando a perfeita visão exigir tamanho muito maior do que a tela regular”.

Revistas da época, que eram exclusivas do universo radiofônico, igualmente abriram espaço para a televisão, mesmo ela ainda não estando popularmente disseminada no cotidiano da população brasileira. No segundo número da revista Radiolândia, em 1954, o início da coluna especial chamada de Televisolândia

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esclarece que estava “destinada a divulgar um apanhado de informações, comentários e pequenas reportagens sobre a televisão e sua gente – esses artistas que vão se tornando ídolos de um público mais apaixonado [...]” (BARBOSA,2010, p.30). Vale destacar que o rádio e o teatro não deram aos artistas a popularidade que se tornaria uma das marcas registradas das emissoras de televisão. A fama de quem estampava seu rosto na telinha viria a ser muito maior do que daqueles que apenas eram ouvidos ou vistos nos tablados ao vivo.

O novo artefato era bastante oneroso nos anos 1950, se comparado a equipamentos de alto padrão da época como vitrolas e carros populares. Para autores como Mattos (2010, p.85), a primeira fase de desenvolvimento da TV no Brasil é elitista, “quando o televisor era considerado um luxo ao qual apenas a elite econômica tinha acesso”, enquanto a política brasileira estava marcada pelo populismo da Era Vargas (CONH apud MATTOS, 2010). Não apenas pode-se compreender como uma fase elitista para o público, mas também, para os próprios realizadores da nova façanha midiática. Até hoje manter uma emissora de televisão demanda altos recursos financeiros, imaginemos em seu início, quando os equipamentos foram encomendados à empresa americana RCA Victor, assim como houve a necessária participação de técnicos dos Estados Unidos para a implantação dos canais.

Mattos (2010) conta que um desses técnicos que vieram ao Brasil informou a Assis Chateaubriand que não havia nenhum aparelho de televisão no país, fato preocupante porque faltavam poucos dias para a inauguração da primeira emissora brasileira. Por isso, contam que duzentos televisores foram enviados por meio de contrabando e instalados em bares e lojas paulistanas, além de outros terem sido colocados no saguão do Diários Associados, que foi o palco da cerimônia de inauguração. Esse fato nos apresenta mais uma vez a improvisação técnica de um universo novo, ainda pouco explorado e acessível a poucos. Nesses primeiros anos, os telespectadores também eram televizinhos, fato que perdurou em muitas regiões brasileiras até os anos 80, quando as pessoas não tinham o televisor em suas residências e compartilhavam a experiência nas casas de quem tinha. Barbosa (2010, p.32) apresenta a cena comum da época:

Os chamados “televizinhos” compareciam em grande número nos horários dos programas mais esperados. Às crianças debruçadas nas janelas pedia-se invariavelmente por silêncio. Os adultos pedia-se espremiam nas poltronas da sala, em assentos que se multiplicavam de maneira improvisada diante

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daquele móvel de onde saíam imagens meio mágicas, repletas de sons, de um alhures que existia como potencialidade imaginativa.

Assim, por ser tão cara não apenas para o público, como também, para os realizadores que precisavam instalar e manter equipamentos importados, em discurso realizado na cerimônia de inauguração oficial, Chateaubriand agradece aos que o ajudaram financeiramente. A fala do empresário reflete uma das maiores influências da programação televisiva até os dias atuais, a publicidade:

O empreendimento da televisão no Brasil, em primeiro lugar, devemo-lo a quatro organizações que, logo, desde 1946, se uniram aos Rádios e Diários Associados para estuda-lo e possibilitá-lo neste país. Foram a Companhia Antarctica Paulista, a Sul América Seguros de Vida e suas subsidiárias, o Moinho Santista e a Organização Francisco Pignatari. Não pensem que lhes impusemos pesados ônus, dado o volume da força publicitária que detemos. (BARBOSA,2010, p.18)

A segunda emissora brasileira também foi a TV Tupi de Chateaubriand, agora em outro importante centro urbano, a cidade do Rio de Janeiro. Por problemas técnicos, só pôde ser inaugurada um ano depois do previsto, em 20 de janeiro de 1951, dia também do padroeiro da cidade. Assim como a pioneira paulista, a TV Tupi carioca iniciou com experimentalismo, sobretudo com relação ao estúdio, situado no prédio do grupo dos Diários Associados, mesmo local das rádios Tupi e Tamoio. Os relatos dão conta de um estúdio pequeno, com duas câmeras, sem acústica correta, desorganização de equipamentos e muito calor. “Os primeiros anos da televisão [...] foram marcados pela falta de recursos e de pessoal e pelas improvisações (MATTOS, 2006, p.87).

Além da TV Tupi de São Paulo e do Rio de Janeiro, são inauguradas nos anos 1950 outras emissoras, como: TV Paulista – SP (14 de março de 1952); TV Record SP (27 de setembro de 1953); TV Rio (15 de julho de 1955); e TV Cultura -SP (1958). “O crescimento inicial da televisão, a partir de 1950, pode ser atribuído ao favoritismo político, o qual concedia licenças para a exploração de canais sem um plano preestabelecido” (MELO apud MATTOS,2010, p.55). As primeiras produções eram todas ao vivo, assim como os anúncios, havendo distanciamento de horário entre as exibições, uma vez que de acordo com Almeida (1985, p.14-15):

Não há como desvincular-se o nascimento do vídeo da história da televisão comercial [...] Até 1956 todos os programas produzidos e transmitidos pelas estações de televisão eram realizados ao vivo. Esta característica, fruto da inexistência do vídeo-tape, obrigava os profissionais da área a desdobrarem-se em improvisos [...]

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A primeira programação que se tem notícia no país é da TV Tupi de São Paulo, realizada toda ao vivo:

Em São Paulo, nos dias que se seguiram ao da inauguração, paulatinamente, é colocada no ar a programação da emissora: musicais, teleteatros, programas de entrevistas e um pequeno noticiário, “Imagens do Dia”. As transmissões ocorriam entre às cinco da tarde e às dez da noite, com grandes intervalos entre os programas, para que pudessem ser preparados para ir ao ar, sempre ao vivo. (BARBOSA, 2010, p.20)

Além da exibição dos programas ao vivo, devido a inexistência de tecnologia que pudesse gravar as produções, a programação da televisão nos anos 1950 não tinha horários fixos ou rotinas padronizadas porque o experimentalismo refletia em todos os processos, além de um desconhecimento e falta de público, este que tinha acesso a compra dos aparelhos e que estava inserido no contexto dos grandes centros urbanos: Rio de Janeiro e São Paulo. De maneira geral:

Uma análise da programação levada ao ar durante os primeiros meses mostra claramente um engatinhar hesitante na busca de atrações e programas para preencher os horários das transmissões, mas levaria ainda algum tempo para que as estações de TV pudessem estruturar sua programação, uma verdadeira caixa de surpresas para os primeiros telespectadores. (Brandão, 2010, p.38)

Por isso, para estudiosos desse meio de comunicação como Mattos (2010), a fase é considerada elitista devido a esse público.

2.1.3 A TV fica mais acessível: anos 1960

A ‘TV ao vivo’ adentra nos anos 1960 em uma nova fase, considerada pelos pesquisadores como mais popular, acessível a novos públicos – estes agora com contornos mais distantes do rádio, do teatro e do cinema e, com isso, as emissoras também passaram a exigir práticas mais pensadas, profissionais, deixando um pouco de lado o experimentalismo dos primeiros anos. Esse aspecto reflete-se na maneira como as emissoras passam a organizar suas grades de programação, compreendida por Bergamo (2010, p.60) como:

[...] aquilo que, de certa maneira, materializa a noção que esses profissionais têm de seu público. O ‘como fazer televisão’, com isso, é indissociável da elaboração de uma certa rotina pensada a partir desse público.

Por isso, esse novo conceito de público e o acesso do aparelho televisor por uma maior parte da população irá caracterizar uma nova maneira de assistir e,

Referências

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