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3 IDENTIDADE DAS EMISSORAS: PROGRAMAÇÃO E PRODUTOS

6 O ESTUDO DE CASO

6.5 Relatório final do caso principal

Como analisado anteriormente, a TVU RN está presente online por meio do site e das redes sociais: Facebook, do Youtube e do Instagram. Entretanto, apenas por estar presente nesses espaços online não é o suficiente para que possamos confirmar com total clareza que a presença da emissora é realmente eficiente.

O primeiro ponto notado é que faz dois anos que nenhuma meta do Plano de Gestão da Comunica direciona o olhar para a relevância da TVU RN estar em convergência com a internet. Não apenas a emissora de televisão, mas a rádio FMU também não é contemplada, apenas a AGECOM com a meta de aumentar números de seguidores. Percebemos que não há preocupação com relação a esta temática e os setores apresentam desarticulação para que uma meta mais séria nesse sentido possa ser elaborada e aplicada. Um setor que talvez se aproxime dentro da estrutura atual da Comunica é o de Relações Públicas, ligado à Coordenadoria de Promoção Institucional, mas parece estar mais relacionado as metas gerais da Superintendência e a comunicação da Reitoria, sendo distante da realidade da emissora de televisão.

Com relação as ferramentas analisadas, percebe-se o avanço ganho com a atualização do site da emissora. O layout atual está mais dinâmico e esteticamente mais contemporâneo, além da maioria dos conteúdos ser atualizado com mais frequência. Todavia, poucas mudanças com relação ao site antigo foram realizadas como, por exemplo, o menu principal que apresenta poucas alterações. O que os usuários de fato buscam está escondido e itens que são de segundo ou terceiro interesse estão em destaque.

O usuário também tem dificuldades em acessar o site pelo sistema mobile, pois a atual ferramenta não tem um design responsivo e adaptado para um acesso em diferentes dispositivos, com diversas resoluções de tela. Além disso, ao levar em

consideração o principal produto de uma emissora de televisão, os espaços para os vídeos são muito pequenos. Existem apenas espaços para dois vídeos, quase no final da página, o que não justifica a principal função de um site de uma emissora como a TVU RN: divulgar o conteúdo produzido. Assim como os links das redes sociais que estão escondidos, na parte inferior do site, o que pode fazer com que o usuário sequer as acesse e tenha contato com essas ferramentas. A programação, por ser um dos assuntos mais procurados pelos usuários, também poderia ter mais destaque e ser uma página mais dinâmica criando hiperlinks para as redes sociais dos programas ou para notícias, sendo menos estática. A emissora não se interessou por publicação de notícias relacionadas à programação, o que seria interessante para a divulgação de estreias, convidados da semana e resumos de programas.

Com os dados do Google Analytics, pode-se esboçar um perfil de quem acessa o site da TVU RN: brasileiros moradores da cidade de Natal; do sexo tanto masculino quanto feminino; em idade entre 25 e 34 anos; acessa tanto do computador quanto do celular; fica em média na página 2 minutos e 25 segundos; acessa mais no período noturno, a partir das 18h; procura informações sobre a programação da emissora, contato e como sintonizar o sinal; e acessa o site a partir de pesquisa no google.

Com relação as redes sociais analisadas, o primeiro ponto a ser considerado é que a emissora não tem um gerenciamento estável nesses canais. Além de não ser de responsabilidade de um setor em especial, mas sim de todos e ao mesmo tempo de ninguém, ferramentas como o Instagram tornam-se inutilizáveis porque um dia tem publicação, no outro não tem; um dia o usuário obtém uma resposta, no outro não. Assim também acontece no Facebook da emissora, pois não há uma rotina nessas publicações mesmo com o número considerável de material produzido na instituição e compartilhado pelas fanpages dos programas. Não há o monitoramento e mensuração do que se é publicado, o que tornam essas redes sociais espaços sem objetivos e desérticas. E não adianta um dia ser realizada uma publicação e no outro não, demonstrando falta de planejamento e preocupação de que aquelas são ferramentas essenciais principalmente porque nota-se um número grande de usuários vindos de outras cidades do RN – muitas que não conseguem

sintonizar a TVU RN, e de outros usuários de cidades de estados longínquos como Rio de Janeiro e São Paulo.

O segundo ponto é a identidade da emissora que não segue um padrão. É visível a falta de ligação entre essas redes sociais. Não que um conteúdo precise ser replicado em todos os canais, mas é conveniente que tenha um modelo e que o usuário/telespectador consiga identificar de prontidão uma publicação da TVU RN. Os programas da emissora também não seguem um padrão de divulgação dessas plataformas digitais.

O padrão também recai na maneira como cada conteúdo é publicado. Há programas que são colocados na íntegra e outros em trechos. Uns tem descrição e outros não. Mas o que, sem dúvida, parece unânime com relação a identidade é a falta de cuidado ao publicar um conteúdo que está em trechos. Alguns são publicados sem os caracteres com os nomes dos entrevistados ou apresentador, sem vinheta do programa, sem o logo da emissora ou do programa.

O Facebook tem um espaçamento grande nas publicações. De janeiro a junho de 2018, apenas 14 publicações foram realizadas e dessas, apenas três são vídeos, um dos conteúdos mais procurados pelos usuários da fanpage. Durante os primeiros meses do ano, a média de seguidores por mês chegou a 18 com um alcance médio das publicações de 194 e taxa de envolvimento variando entre 0% e 16%, o que pode ser considerados números baixos. O perfil dos usuários que acessam essa rede social da emissora são homens e mulheres, de idade entre 25 e 34 anos, brasileiros que moram em Natal-RN. Assim como nos dados do site, o que chama atenção é o acesso de usuários de outras cidades do Rio Grande do Norte, locais que não sintonizam a emissora, e de outros estados brasileiros.

O Instagram é a mídia social digital mais desatualizada da emissora. A última publicação aconteceu no final de dezembro de 2017 e, até o final dessa análise, não recebeu nenhuma nova publicação. Ao todo tem 40 publicações com curtidas variando entre 15 e 91, o que pode ser considerado um número relevante. Porém, os comentários são poucos, variaram entre 1 e 5 por publicação.

A rede social mais atualizada da emissora é o YouTube, que nos dias da análise apresentava 4.500 inscritos e 894.346 visualizações. As matérias jornalísticas são os conteúdos mais assistidos no canal, o que mostra a importância

do conteúdo estar em trechos e não completos. Muito material publicado está sem descrição, sem uso de hashtags, sem miniatura, sem vinheta ou logo do programa, sem títulos que chamem a atenção dos internautas e sem direcionamento para outros vídeos do canal. A qualidade máxima da imagem de 1080p foi apenas vista em poucos produtos, como o interprograma Cena Potiguar. A emissora está presente desde 2011 nesta rede social e apenas uma transmissão ao vivo foi realizada.

Sobre as subunidades, dois programas foram escolhidos para a análise: o Grandes Temas e o TVU Notícias, ambas produções ao vivo e iniciadas nos anos 1990. O site da emissora não é divulgado em nenhum programa analisado. No final do Grandes Temas, apenas a fanpage do Facebook do programa é divulgada; já o TVU Notícias, além da fanpage do próprio programa, há a divulgação do YouTube da emissora.

O Grandes Temas tem uma participação do telespectador que é evidente, já que é a proposta do programa desde o início quando foi concebido. Mas a participação é apenas pelo aplicativo de celular WhatsApp, a partir de pergunta em texto. O TVU Notícias não tem espaço claro de participação do telespectador, como as falas dos apresentadores ao final do programa não estimulam a participação dos telespectadores, como a do programa do dia 18 de junho: “Você pode rever as reportagens dessa edição, as entrevistas, pela internet” e do dia 25 de junho: “Você pode rever as matérias e entrevistas dessa edição nas redes sociais”. No dia 18 de junho, por exemplo, o arquivo não pode ser revisto em nenhuma rede social do programa ou da emissora.

A divulgação dos programas variou nas análises. O Grandes Temas divulga apenas uma vez, no mesmo dia de exibição do programa. Chamadas que são exibidas na emissora também são colocadas no Facebook do programa, o que é interessante. O TVU Notícias divulga o material mais no Instagram, por meio de vídeos, fotos e com o recurso possibilitado pela ferramenta: os stories.

Os programas da emissora variam quanto a presença nas redes sociais, uns estão apenas no Facebook e outros usam as mesmas redes sociais da emissora. O programa Café Filosófico, por exemplo, é o único com um canal próprio no Youtube com 2,2 mil inscritos, não tendo playlist no canal da TVU RN. Alguns programas

estão com contas duplicadas como é o caso do Olhar Independente no Instagram ; e do Grandes Temas e do Xeque Mate no Facebook.

Figura 106 - Resumo de quais redes sociais digitais são utilizadas pela emissora e pelos programas

Fonte: autora

6.6 Encaminhamentos

Após a investigação de como a TV Universitária, enquanto emissora de televisão pública e local, aos seus 45 anos de existência e com a maioria dos programas concebidos há mais de dez anos, utiliza os recursos midiáticos e tecnológicos disponíveis pela convergência com o ciberespaço, podemos realizar alguns encaminhamentos para possíveis melhorias. A proposta é que o leitor possa também pensar em outras possibilidades, pois de maneira alguma os encaminhamentos aqui expostos são determinantes. Pelo contrário, as mudanças precisam sim partir de um grupo de trabalho coeso, que tenha interesse na melhoria dos processos institucionais da emissora e conhecimento sobre convergência.

No site, sugerimos a atualização da arquitetura de informação, visto que, é preciso alinhar a organização e categorização dos conteúdos com o que o usuário de fato procura. Se as páginas institucionais, que, por exemplo, contam a história da emissora e quem é responsável pelos setores, são os conteúdos menos procurados,

porque eles recebem destaque? O site também precisa ter design responsivo, colocar em evidência as redes sociais da emissora, atualizar com informações de estreia de programas e apresentar notícias sobre temas ou convidados da semana. Deixar de ser um site institucional e passar a ser uma ferramenta atualizada sobre os acontecimentos da grade de programação, inclusive sobre a programação TV Brasil. Informações repetidas como o “Sugestão de pauta” e o “Fale conosco” precisam ser um canal único e com destaque, além de estimulado para que o internauta queira de fato participar. Esses canais de participação também podem ser divulgados nos programas da emissora, como o Grandes Temas, que poderia ir além dos textos enviados apenas pelo WhatsApp.

As redes sociais da TVU RN precisam ser mais atualizadas, com conteúdos padronizados, seguindo tendências e publicando o carro chefe de qualquer emissora de televisão: o audiovisual. Também é preciso uma conexão maior com o que é publicado nas redes sociais dos programas, realizando compartilhamentos e gerando engajamento e fluxo para as outras páginas. Ao colocar como meta, não focar no aumento do número de seguidores, mas na qualidade dessas relações priorizando a utilização das tecnologias digitais para a solução dos problemas da instituição.

O site e as redes sociais da emissora merecem destaque em todos os programas, inclusive nos intervalos com a divulgação dos endereços por meio de VT´s institucionais.

No programa Grandes Temas, a participação poderia ir além das perguntas, explorando outras redes sociais, hashtags, áudios e vídeos enviados pelos telespectadores. O nome do usuário e a foto também poderiam aparecer no programa, indo além apenas da fala do apresentador. Claro que são recursos que precisam de mais elaboração e tempo, contudo, são soluções interessantes e atuais usadas em diversos programas de televisão que tem como o foco o debate.

Recursos de monitoramento e publicação como as hashtags também podem ser colocadas no vídeo durante todos os programas. Dessa maneira, o telespectador pode realizar publicações nas redes sociais e registrar que está assistindo ou assistiu ao programa. Ao final dos programas ao vivo, realizar a transmissão ao vivo pelo Facebook, Instagram ou YouTube da emissora ou do programa, mesmo que o

engajamento seja baixo, perguntando aos telespectadores o que elas acharam do programa, por exemplo. O telespectador talvez espere pela extensão do assunto e conhecer os bastidores, o aproximando da realidade da emissora.

Trechos do programa Grandes Temas no Facebook, Instagram e YouTube são válidos, como a transmídia também são interessantes a serem pensados, como por exemplo, a fala significativa de um entrevistado. Assim como, valorizar a minutagem nos programas que são publicados na íntegra, ou seja, o telespectador pode ir direto no conteúdo que procura daquela discussão através da marcação do tempo que é publicada na descrição.

A valorização das miniaturas dos produtos no YouTube também é para ser levada em consideração. O usuário procura por títulos chamativos ou que falem algo que referencie o conteúdo na própria capa dos vídeos. A melhoria da qualidade dos produtos que vão para a web também é importante a se pensar. Os vídeos também deveriam ser publicados em qualidade máxima, em 1080p.

Dois grandes avanços seriam a transmissão dos produtos ao vivo pela internet e a criação de um aplicativo mobile. Esses recursos permitem alcançar usuários que não tem acesso ao conteúdo pela televisão e aumentar a interatividade.

No entanto, todos esses encaminhamentos só serão possíveis de serem realizados quando de fato esta for uma meta a ser buscada pela emissora. Uma meta que não é apenas anual, mas rotineira. Levar em conta que as novas possibilidades com a convergência digital e tecnológica devem ser planejadas. E não é o que podemos conferir após as análises. Pelo contrário, há uma desorganização exatamente por ainda parecer não ser uma preocupação institucional. Sobre isso:

Não avance se não tiver metas. É decisivo mapear suas metas específicas de negócios antes de embarcar num programa de mídia social. Como disse Yogi Berra, um dos maiores jogadores da história do beisebol americano: ‘Se não souber aonde está indo, pode não chegar a lugar nenhum’. As companhias que alardeiam ‘êxito’ porque monitoram o número de seguidores jamais competirão efetivamente com aquelas que monitoram vendas e ganhos obtidos por atingir seus seguidores” (STERNE, 2011, p.36).

A sugestão é que um dos setores seja responsável pelo gerenciamento do site e das redes sociais da emissora, e essa atividade não pode ficar a cargo apenas de um servidor ou de um único bolsista. Assim como é preciso que esses servidores e bolsistas sejam profissionais capazes de medir resultados, realizar aprofundamento da reputação da emissora na internet, prever planos, monitorar os canais de conversação, ouvir o telespectador, seguir tendências digitais, além de conseguir trazer para os programas da emissora recursos que evidenciam a convergência. Ampliando dessa maneira a autorreferencialidade e a autopromocionalidade.

Ratificamos um planejamento integrado com os produtos da emissora, criando uma unidade entre todas as produções e uma identidade a partir de um marketing digital coeso. Os processos institucionais precisam ser mapeados, avaliados e revisados, e todas essas etapas necessárias devem ser feitas por meio de um planejamento a médio e a longo prazo.