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Educação Ambiental. Prof.a Eliane Dalmora

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Academic year: 2021

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Texto

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2011

E

ducação

a

mbiEntal

(2)

Elaboração: Profª Eliane Dalmora

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial.

370.357

D148e Dalmora, Eliane

Educação ambiental / Eliane Dalmora. Indaial : Uniasselvi,

2011. 197 p. : il.

Inclui bibliografia.

ISBN 978-85-7830-481-2

1.

Educação ambiental

I. Centro Universitário Leonardo da Vinci

(3)

a

prEsEntação

Caro acadêmico!

A questão ambiental nos desafia ao aprendizado constante. Temos que ter esperança e acreditar nos nossos educandos, na possibilidade da educação, como transformação dos comportamentos e dos pensamentos conscientes. O meio ambiente reclama novas atitudes e comprometimento social, por isso é com prazer que pretendo fazer esta interlocução com você.

A Educação Ambiental tem uma trajetória de mais de quarenta anos de construção. Nesta caminhada estiveram em debate as seguintes questões: 1) Podemos acreditar em novas práticas pedagógicas, capazes de

transformar as relações sociedade/natureza?

2) Pode a Educação Ambiental contribuir para formar uma cultura de sustentabilidade socioambiental?

3) Até onde a Educação Ambiental pode desencadear novas relações institucionais fundadas em compromissos que visam à transformação da realidade das cidades e dos campos?

4) Quais foram seus avanços conceituais, teóricos e metodológicos? 5) Quais são os princípios que orientam a ecopedagogia?

6) Como as orientações pedagógicas podem promover a emancipação do sujeito?

7) De quem é a responsabilidade de promover a educação nos espaços não escolarizados?

8) Quais as metodologias mais apropriadas para a educação de adultos? 9) Como a Educação Ambiental com crianças pode superar um cotidiano

desinteressante das salas de aula?

10) Por que a Educação Ambiental depende de projetos multidisciplinares? 11) Qual a contribuição da transversalidade e da multidisciplinaridade no

(4)

entanto, quero ressaltar que o trabalho do educador é resultado das suas intenções. Escolhas são realizadas com base nos valores e compromissos éticos do educador. Portanto, a EA terá êxito se o coletivo de educadores refletirem sobre seus propósitos e, principalmente, decidirem quais práticas pedagógicas serão adotadas para atingir tais propósitos.

Algumas respostas para estas questões serão apontadas nos tópicos, outras dependerão do cenário a ser projetado para o futuro, em que profissionais em Educação Ambiental, como você, poderão fazer a diferença.

Portanto, esteja atento(a) quanto à forma de como você se engajará na promoção do conhecimento. Observe suas propostas pedagógicas. A sua participação pode ser variada, desde uma forma branda até uma mais ampla e democrática.

Na forma branda, a participação se fará presente apenas em algumas etapas do processo, delegando o planejamento a uma comissão de experts. Nesta comissão, o gestor é o mentor controlador e o condutor das ações. Separa-se o gestor que planeja, portanto, dita a palavra e o gestor executa as ações previamente definidas.

Já, na forma democrática trata-se de um fazer pedagógico (de planejamento e de ação) construído por um coletivo. Neste caso, observe como a comunicação pode ocorrer entre os sujeitos que participam da ação de modo conectado e integrado.

Portanto, para que a educação tenha esse propósito, é preciso que cada professor seja o sujeito e, mais, seja incentivado a participar de todas as etapas do planejamento da educação.

Para complementar suas reflexões sobre as potencialidades da Educação Ambiental, compreendendo as opções pedagógicas constituídas, faça seus estudos e procure responder aos exercícios propostos no final de cada tópico. Em caso de dúvidas busque saná-las.

Bons estudos! Prof.a Eliane Dalmora

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Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE.

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UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ... 1

TÓPICO 1 – SURGIMENTO E AVANÇOS DA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ... 3

1 INTRODUÇÃO ... 3

2 DEFINIÇÃO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ... 4

3 A PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ... 5

4 QUESTIONANDO O MODELO DE DESENVOLVIMENTO ... 8

RESUMO DO TÓPICO 1... 12

AUTOATIVIDADE ... 13

TÓPICO 2 – ASPECTOS LEGAIS E CONCEITUAIS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL ... 15

1 INTRODUÇÃO ... 15

2 A LEGALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL ... 15

3 A PERMANÊNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ... 18

4 A EDUCAÇÃO COMO PROCESSO ... 19

RESUMO DO TÓPICO 2... 25

AUTOATIVIDADE ... 27

TÓPICO 3 – PLANEJAMENTO E ATUAÇÃO DO EDUCADOR AMBIENTAL ... 29

1 INTRODUÇÃO ... 29

2 A POLÍTICA, GESTÃO E ENGAJAMENTO PROFISSIONAL NA PROMOÇÃO DA EA .. 29

3 OS COLETIVOS JOVENS ... 31

RESUMO DO TÓPICO 3... 34

AUTOATIVIDADE ... 35

TÓPICO 4 – FORMAÇÃO DO SUJEITO ECOLÓGICO CRÍTICO ... 37

1 INTRODUÇÃO ... 37

2 ETAPAS DO PROCESSO PEDAGÓGICO ... 37

3 CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA CRÍTICA DA EDUCAÇÃO ... 39

3.1 CONHECIMENTO DO CONTEXTO E DEFINIÇÃO DOS TEMAS GERADORES ... 41

LEITURA COMPLEMENTAR ... 44

RESUMO DO TÓPICO 4... 48

AUTOATIVIDADE ... 49

UNIDADE 2 – ABORDAGENS E EXPERIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ESPAÇOS ESCOLARIZADOS ... 51

TÓPICO 1 – DESENVOLVIMENTO, MEIO AMBIENTE E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ... 53

1 INTRODUÇÃO ... 53

2 MEIO AMBIENTE E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ... 53

3 A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO (DES)ENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ... 56

(8)

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL... 58

RESUMO DO TÓPICO 1... 60

AUTOATIVIDADE ... 61

TÓPICO 2 – A DIMENSÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL: DIVERSIDADE E COMPLEXIDADE ... 63

1 INTRODUÇÃO ... 63

2 A COMPLEXIDADE DA QUESTÃO AMBIENTAL ... 63

3 A DINÂMICA DOS ECOSSISTEMAS ... 68

RESUMO DO TÓPICO 2... 72

AUTOATIVIDADE ... 73

TÓPICO 3 – A ATUAÇÃO DO EDUCADOR EM PROL DO PATRIMÔNIO NATURAL ... 75

1 INTRODUÇÃO ... 75

2 DEFINIÇÃO DE PATRIMÔNIO NATURAL E IMPLICÂNCIAS PARA A GESTÃO AMBIENTAL ... 76

3 CONTRAPONTOS DA GESTÃO AMBIENTAL INTEGRADA E PARTICIPATIVA ... 80

RESUMO DO TÓPICO 3... 84

AUTOATIVIDADE ... 86

TÓPICO 4 – TEMAS TRANSVERSAIS E INTEGRAÇÃO CURRICULAR ... 87

1 INTRODUÇÃO ... 87

2 ALFABETIZAÇÃO ECOLÓGICA ... 87

3 O MEIO AMBIENTE NOS CURRÍCULOS ESCOLARES ... 90

LEITURA COMPLEMENTAR ... 93

RESUMO DO TÓPICO 4... 97

AUTOATIVIDADE ... 99

TÓPICO 5 – MEIO AMBIENTE NOS CONTEÚDOS ESCOLARES ...101

1 INTRODUÇÃO ...101

2 O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DO EDUCANDO ...101

3 ATIVIDADES DE SENSIBILIZAÇÃO E INTERVENÇÃO NA REALIDADE ...105

3.1 DATAS COMEMORATIVAS E EVENTOS ...106

3.2 A MÚSICA, A ARTE E A LITERATURA NO APRENDIZADO ...106

RESUMO DO TÓPICO 5...108

AUTOATIVIDADE ...109

TÓPICO 6 – UMA PROPOSTA DE INTEGRAÇÃO CURRICULAR VIA TEMA GERADOR ...111

1 INTRODUÇÃO ...111

2 AGROTÓXICOS: UMA QUESTÃO DE INTERFACE DOS SABERES ...111

RESUMO DO TÓPICO 6...117

AUTOATIVIDADE ...118

UNIDADE 3 – ECOPEDAGOGIA E SOCIOPOÉTICA ...121

TÓPICO 1 – CARTA DA TERRA NA ECOPEDAGOGIA...123

1 INTRODUÇÃO ...123

(9)

AUTOATIVIDADE ...131

TÓPICO 2 – ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM ADULTOS ...133

1 INTRODUÇÃO ...133

2 A PROBLEMÁTICA AMBIENTAL E EDUCACIONAL À LUZ DE UM PROJETO DE CIVILIZAÇÃO ...133

3 IMPASSES DA EMANCIPAÇÃO NA COMUNICAÇÃO SOBRE MEIO AMBIENTE ...135

RESUMO DO TÓPICO 2...140

AUTOATIVIDADE ...141

TÓPICO 3 – O SENTIDO DA APRENDIZAGEM ...143

1 INTRODUÇÃO ...143

2 A APRENDIZAGEM DO EDUCANDO NA ECOPEDAGOGIA ...143

3 O ATO DE PESQUISA COMO FORMA DE APRENDIZADO COM SENTIDO ...145

3.1 HISTÓRIAS DE VIDA E AÇÕES DA SOCIEDADE NA NATUREZA ...145

3.2 ESTUDOS DE CASO NO APRENDIZADO DA REALIDADE AMBIENTAL LOCAL ...147

3.3 AS GINCANAS COMO MOVIMENTO EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE ...148

RESUMO DO TÓPICO 3...150

AUTOATIVIDADE ...151

TÓPICO 4 – O CONTEXTO DAS COMUNIDADES EM UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ...153

1 INTRODUÇÃO ...153

2 O CONTEXTO DAS COMUNIDADES EM UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ...153

2.1 CONHECIMENTO E DEBATE DA REALIDADE ...154

2.2 SENSIBILIZAÇÃO ...156

2.3 PROJEÇÃO ...158

2.4 MOBILIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO ...158

RESUMO DO TÓPICO 4...161

AUTOATIVIDADE ...162

TÓPICO 5 – O APREÇO DAS CRIANÇAS PELA NATUREZA ...163

1 INTRODUÇÃO ...163

2 OS AMANTES DA NATUREZA ...163

3 A PERDA DA AFETIVIDADE PELA NATUREZA NA INFÂNCIA ...165

4 CONSTITUINDO BRINCADEIRAS E APRENDIZADOS NA INFÂNCIA ...168

RESUMO DO TÓPICO 5...171

AUTOATIVIDADE ...172

TÓPICO 6 – ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM CRIANÇAS ...173

1 INTRODUÇÃO ...173

2 ORIENTANDO A CRIANÇA PARA AMAR A TERRA ...173

3 A DISSEMINAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS NO BRASIL ...176

4 IDEIAS PARA DESCOBRIR E OBSERVAR O MUNDO ...179

5 OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA FORMAÇÃO PARA A CIDADANIA ...183

RESUMO DO TÓPICO 6...187

AUTOATIVIDADE ...188

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UNIDADE 1

FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

AMBIENTAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

Ao final desta unidade, você será capaz de:

• compreender a dimensão ampla e integrada da proposta institucional; • identificar os pressupostos teórico-metodológicos que orientam a

forma-ção do sujeito ecológico crítico.

Esta unidade está organizada em quatro tópicos, sendo que, em cada um deles, você encontrará atividades para uma maior compreensão das informações apresentadas.

TÓPICO 1 – SURGIMENTO E AVANÇOS DA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

TÓPICO 2 – ASPECTOS LEGAIS E CONCEITUAIS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL

TÓPICO 3 – PLANEJAMENTO E ATUAÇÃO DO EDUCADOR AMBIENTAL

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TÓPICO 1

UNIDADE 1

SURGIMENTO E AVANÇOS DA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO

AMBIENTAL

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, a gravidade dos problemas ambientais pode ser evidenciada por impactos disseminados em todo o planeta Terra. Como consequência, questionam-se as atuais bases de sustentação das sociedades modernas. Particularmente, nesta década, a gravidade da destruição ambiental está em evidência no debate internacional, atingindo, inclusive, os círculos de negociações econômicas. Porém, os avanços na resolução dos problemas ainda não são assumidos com a devida seriedade, pois afetam os interesses de crescimento econômico de grandes corporações. Como resultado, são traçados acordos, mas não há o devido cumprimento e cobrança para a implantação de políticas ambientais. Além disso, não se busca atribuir responsabilidades aos cidadãos, empresas ou demais instituições quanto aos impactos ambientais gerados.

Neste sentido, “[...] cabe à Educação Ambiental ajudar a sociedade a superar o analfabetismo ambiental, que consiste no desconhecimento ou ignorância dos problemas ambientais, das ameaças da (in) sustentabilidade dos ecossistemas e da própria condição de vida da humanidade.” (DIAS, 2004, p. 3).

O objetivo maior da Educação Ambiental é ousado, por pressupor um novo olhar do mundo e um pensar diferente, constituinte de uma grande solidariedade planetária. Em síntese, a educação se integra à proposta de construção de uma sociedade sustentável visando à promoção da vida, ao equilíbrio dinâmico, à sensibilidade social e à consciência planetária.

FONTE: Disponível em: <www.coave.org.br/lista-downloads.php?baixar=70>. Acesso em: 23 ago. 2011.

Neste tópico será relatado como a proposta da Educação Ambiental foi evoluindo, resultado de um amplo debate de ambientalistas e pesquisadores, que culmina com a assinatura de acordos internacionais e um grande movimento social, preconizado nas escolas e nos meios de comunicação. Gradativamente, são definidos os princípios, os objetivos e os métodos de Educação Ambiental.

(14)

2 DEFINIÇÃO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A Educação Ambiental tem uma história recente de consolidação. Sua relevância é decorrente da gravidade dos problemas ambientais, que se globalizam e se complexificam com o desenvolvimento capitalista da sociedade industrial e técnico-informacional. O engajamento da educação para a formação de uma sociedade de responsabilidade global, quanto à questão ambiental é resultado de inúmeros esforços de pesquisadores, ambientalistas e educadores que buscam traduzir acordos internacionais e gerar uma Agenda de Educação Ambiental de caráter amplo e integrado. A estratégia é repensar princípios e valores que se constituem no espaço de ensino-aprendizagem, da escola, família e trabalho.

Atualmente, a Educação Ambiental é, efetivamente, apresentada como necessária para todas as nações, devendo ser permanente na formação do cidadão e presente em todos os níveis de ensino. Desde as primeiras formulações, projetos e experiências, foram se configurando e originaram um amplo coletivo de educadores, que têm feito diferença no modo como cada cidadão convive e se apropria dos recursos naturais.

Neste movimento, a Educação Ambiental é definida como “um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornem aptos a agir e resolver problemas ambientais presentes e futuros”. (DIAS, 2004, p. 523).

Esta definição coloca inúmeros desafios para a educação. Além disso, há urgência na sua implantação, frente à gravidade dos problemas de poluição ambiental e à evidência das catástrofes globais.

NOTA

O processo de educação implica o desenvolvimento da percepção e a formação de habilidades e interesses de participação do cidadão na prevenção e solução de problemas ambientais. Também requer uma abordagem da complexidade da dinâmica dos ecossistemas estabelecida nas inter-relações com os modos de apropriação dos recursos por parte das populações. Para facilitar o processo de ensino-aprendizagem, o educador pode partir da realidade do educando, identificando os problemas concretos da comunidade e das relações nos locais de trabalho.

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3 A PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA O

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A seguir são destacados os principais eventos e datas que ajudaram a consolidar a atual proposta da Educação Ambiental para sociedades sustentáveis. A expressão Educação Ambiental (Environmental Education) é cunhada, pela primeira vez, na Inglaterra, em 1965, sendo indicada nas escolas como integrante da educação geral e atribuição de todas as disciplinas afins. (DIAS, 2004).

Neste momento, a Educação Ambiental deixa de ser uma educação ecológica com atribuição restrita aos professores de Ciências e Biologia, na qual, era definida como a ciência que ensinava a conservação, as relações dos seres vivos entre si e destes com o mundo. Com uma visão mais abrangente, a Educação Ambiental passa a ser referenciada pelas contribuições múltiplas das ciências, em especial pela perspectiva que integra uma rede de relações sociais, culturais e naturais. (CARVALHO, 2004).

Buscando agregar novas proposições de envolvimento da sociedade, em 1968, na Conferência de Educação, realizada na Grã-Bretanha, funda-se a Sociedade para a Educação Ambiental, refletindo a agregação de parceiros provenientes de campos diferenciados do conhecimento. Já, em 1970, nos Estados Unidos, é implementada a Lei sobre Educação Ambiental. Seguindo o movimento mundial, no Brasil, o então Ministério da Educação e Cultura publica o documento Ecologia – uma proposta de ensino de 1º e 2º Graus. (DIAS, 2004). Porém, esta publicação foi amplamente questionada quanto aos seus propósitos e conteúdo, pois simplifica a questão ambiental e apresenta incongruência com as recomendações internacionais, que propõem o rompimento do paradigma reducionista de conhecimento, presentes nas disciplinas escolares.

Em 1972, uma equipe de pesquisadores coordenados por Dennis e Donella Meadows publica o relatório Limits to growth, apresentando uma das obras mais polêmicas e divulgadas das ciências ambientais e que se constituiu um grande alerta sobre os rumos do crescimento econômico nas bases energéticas e de consumo dos recursos naturais.

Na ocasião, em Estocolmo, é realizada a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Foi considerado um marco na história do ambientalismo, por ser a primeira busca por um acordo internacional sobre as questões ambientais. Com sucesso, coloca o problema da poluição ambiental como questão prioritária. A ideia de desenvolvimento sustentável começa a ser estruturada ao se reforçar as dificuldades das nações do Sul em seguirem os padrões de desenvolvimento dos países do Norte. Porém, muitas nações visualizaram os acordos como mais uma forma de colonização, uma ameaça à soberania nacional, o que resultou em ecos pouco significativos em países como o Brasil, que seguiram a perspectiva imitativa de desenvolvimento como sinônimo de crescimento econômico. (SATO, 2004).

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Mais especificamente, a Conferência apresenta, na recomendação no 96, que a Educação Ambiental (EA) é essencial para a formação de uma nova consciência planetária e para ampliar o compromisso no combate à crise mundial.

O relatório Meadows teve o mérito de situar a problemática do meio ambiente numa escala planetária, tendo como pano de fundo a hipótese de um sistema fechado no que concerne à fronteira dos recursos naturais renováveis. (FURTADO, 1996). Logo, há questionamentos provenientes do interior da própria economia sobre a perspectiva do crescimento econômico propalada como o “melhor” caminho a ser seguido pelos países “subdesenvolvidos”. Esse caminho, o de imitação do modo de vida do Ocidente industrial, confronta-se com os limites ecossistêmicos, o pluralismo cultural de cada nação e a grande diferença socioeconômica entre os países do Norte e do Sul do meridiano, entre o Ocidente e o Oriente e entre as regiões de um mesmo país. Muitos dos problemas resultantes do modelo eram negados pela grande maioria dos economistas. Em caso de expansão dos níveis de consumo para todos os povos, a pressão exercida sobre os recursos não renováveis e a poluição do meio ambiente seria de tal ordem que o sistema econômico mundial entraria em colapso. (FURTADO, 1996).

UNI

Observe como o relatório dos limites do crescimento é atual, quando refletimos sobre a sociedade de consumo, seu modo de vida e de trabalho que excede a capacidade natural dos ecossistemas e da biosfera de se regenerar. O efeito desta sociedade é caracterizado pelo indicador denominado de Pegada Ecológica. Observe que a biocapacidade do planeta terra é estimada em 1,8 ha pessoa, porém a pegada ecológica média da população mundial é de 2,2 hectares. Estamos realizando o consumo muito além da oferta e disponibilidade de recursos naturais, ultrapassamos os limites ecológicos em curto período do tempo. Você considera que o seu modo de vida contribui para a atual pressão sobre os recursos naturais? Entre no site: http://www.pegadaecologica.org.br/index.php> e faça o teste identificando qual o impacto do seu estilo de vida para o planeta. Observe as dicas sobre como você pode colaborar para reduzir o seu impacto.

Apesar da pertinência e das evidências sobre a questão, reações contrárias ao relatório permearam as reuniões preparatórias à Conferência de Estocolmo, realizada em 1972. Pelo menos duas posições (antagônicas) estavam em debate na época (SACHS, 1986):

a) dos adeptos ao crescimento econômico a qualquer custo, para os quais as limitações ambientais seriam um entrave ao avanço da industrialização dos países em desenvolvimento, tirando-lhes a oportunidade de atingir os mesmos níveis dos países desenvolvidos, argumentavam que a suposta escassez dos recursos naturais poderia ser evitada no interior do próprio modelo de

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b) e a do movimento ambientalista preservacionista, defensores de uma política de “crescimento zero”, ajustada às conclusões de relatório Meadows.

ESTUDOS FUTUROS

No próximo tópico, você verá como o posicionamento contrário às limitações para o crescimento foi predominante no Brasil, permeando as políticas públicas de incentivo às iniciativas privadas, em especial visando à aceleração do crescimento econômico, urbano-industrial.

Em 1975, ocorre, em Belgrado, o Workshop em Educação Ambiental, promovido pela UNESCO. A Carta de Belgrado define os princípios e orientações para um programa internacional de EA e se tornou um documento de referência para a questão ambiental. Questiona a natureza fragmentária dos programas de ensino, que impede uma visão mais ampla e complexa das questões ambientais. Faz, além disso, um chamamento às responsabilidades individuais quanto ao uso dos recursos e aos estilos de vida, clamando por uma ética global, que promova atitudes nos indivíduos de corresponsabilidade para a distribuição equitativa, o uso e acesso aos recursos naturais. Questiona, também, o estilo econômico gerador de desigualdades sociais e de diferenças nas bases de consumo entre nações ricas e pobres.

Em 1977, em Tbilisi (na Geórgia), realiza-se a I Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, organizada pela UNESCO/ Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). Institui-se, então, a primeira fase do Programa Internacional de Educação Ambiental, acordado em 1975, pela Unesco/Pnuma. Na ocasião, estabelece-se a permanência, a multidisciplinaridade e a integração dos conteúdos às questões do local.

FONTE: Adaptado de: <www.ambiente.sp.gov.br/ea/projetos/Apostila_EA.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2011.

Também são definidos os objetivos, características e estratégias de implementação da EA, nos mais diversos países. Destaca-se que a EA deve estar na formação de crianças, adolescentes, adultos e idosos, como parte dos programas curriculares. As universidades devem internalizar a educação ambiental na formação dos profissionais, integrando nas profissões a ética ambientalista. Os meios de comunicação podem contribuir para veicular mais amplamente as informações sobre as questões ambientais para a sociedade.

Em 1980, em Budapeste, na Hungria, a UNESCO promove o Seminário Internacional sobre o Caráter Interdisciplinar da EA no ensino de Primeiro e Segundo Graus. A experiência de transversalização da temática ambiental

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demonstra que não há limites entre a educação formal e não formal, na medida em que a escola participa da sociedade, engajando-se na problematização da realidade à qual o educando está inserido.

4 QUESTIONANDO O MODELO DE DESENVOLVIMENTO

Em 1992, no Rio de Janeiro, ocorreu a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), também chamada de Eco-92 ou Rio-92. Na ocasião, foram instituídos acordos internacionais de onde se originaram propostas para implementar as Agendas 21, avançar na proposta da Carta da Terra e instituir o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. (SATO, 2004). A Responsabilidade Global é definida nos seguintes termos:

Nós, signatários, pessoas de todas as partes do mundo, comprometidos com a proteção da vida na Terra, reconhecemos o papel central da educação na formação de valores e na ação social. Comprometemo-nos com o processo educativo transformador através de envolvimento pessoal, de nossas comunidades e nações para criar sociedades sustentáveis e equitativas. Assim, tentamos trazer novas esperanças e vida para nosso pequeno, tumultuado, mas ainda assim belo planeta.

O Tratado de Educação Ambiental para sociedades sustentáveis e Responsabilidade Global reafirma a permanência da Educação Ambiental para uma sociedade sustentável e equitativa, além de enfatizar o papel da educação na formação de cidadãos críticos e atuantes, corresponsáveis pela sustentabilidade planetária.

DICAS

Para que você tenha uma compreensão ampla da temática veja o livro SATO, Michèle. Educação Ambiental. São Carlos, SP: Rima, 2004. Observe como historicamente a EA tem ocupado o lócus de sustentação de um novo projeto de sociedade, eticamente comprometida com o pensamento crítico e com responsabilidade socioambiental.

Visando consolidar uma proposta de caráter universal, coesa e coerente com a proposta do desenvolvimento sustentável são definidos os princípios da Educação Ambiental, a seguir resumidos:

1 A EA é um direito de todos. Visa formar cidadãos com consciência global e planetária e respeito à soberania dos povos (recupera, reconhece e respeita a

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2 A base é o pensamento crítico e inovador, em qualquer tempo e lugar (da educação formal à não formal), integrando conhecimentos, aptidões, valores, atitudes e ação.

3 A EA é um ato político e de transformação social com o desenvolver do pensamento crítico e inovador.

4 A abordagem pressupõe o conhecimento holístico e sistêmico, com caráter multi e interdisciplinar.

5 Os valores a serem preconizados são relativos à solidariedade, à igualdade e à democracia - como participação equitativa nos processos de decisão política. 6 O objetivo é promover a cultura da paz, da cooperação, do diálogo e da

austeridade feliz (consiste no atendimento igualitário às necessidades básicas, combatendo a fome de muitos e o consumismo das populações ricas).

7 A comunicação é um processo democrático e visa à emancipação da informação, opondo-se às tentativas de uso dos meios como forma de dominação e alienação política e cultural.

8 A abordagem é da ética do respeito a todas as formas de vida, valorizando e conservando a dinâmica, diversidade e a integridade de seus ecossistemas. (GADOTTI, 2004).

ESTUDOS FUTUROS

Na Unidade 3, você verá, mais detalhadamente, as contribuições da Carta da Terra para consolidar os pressupostos da Educação Ambiental visando à ética de responsabilidade global. Também veremos o significado e as aplicações da transversalidade e interdisciplinaridade no processo educativo.

Quanto aos objetivos de uma Educação Ambiental crítica e de formação para a cidadania busca-se:

1 Capacitar o educador para ser um mediador do processo de ensino e aprendizagem, realizando um planejamento das atividades de ensino, pesquisa e extensão de modo integrado, garantindo o diálogo efetivo com a comunidade ao desenvolver conteúdos de caráter socioambiental.

2 Realizar um planejamento integrado do currículo, visando abranger as múltiplas dimensões da questão ambiental, o qual inclui temas de natureza inter e transdisciplinar além dos múltiplos campos do conhecimento disciplinar

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(Geografia, História, Biologia, Sociologia e Química).

3 Contribuir para gerar diagnósticos socioambientais do contexto em que a instituição se insere, buscando o diálogo com os saberes tradicionais de uso dos recursos e mediados pelas contribuições dos saberes elaborados pelo campo científico.

4 Gerar comportamentos e atitudes de respeito à questão socioambiental através de uma pedagogia com significados que desperte as sensibilidades através de relações de convivência da sociedade com a natureza.

5 A partir do diagnostico socioambiental e o despertar das sensibilidades o objetivo é gerar a atitude para a mudança da realidade, desenvolvendo assim um cidadão criativo e ativo.

6 Aproximar a escola da comunidade, tornando-a mais próxima das necessidades da sociedade e assim obtendo o reconhecimento da sua importância.

Ao se estabelecer parâmetros, a qual a EA vai estar inserida pretende-se romper com uma visão ingênua e até mesmo simplista da questão ambiental o qual tende a banalizar a sua inserção nos planos educacionais, como ressalta Carvalho (2004, p.152): “a educação ambiental passou a ser usado como termo genérico para algo que se aproximaria de tudo o que pudesse ser acolhido sob o guarda-chuva de boas práticas ambientais”.

Sem a definição dos princípios éticos que balizam as relações da sociedade com a natureza, os educadores podem banalizar sua proposta em comportamentos esparsos restritos, descontextualizados da própria complexidade da problemática ambiental (sistêmica e global). Acabam apontando a atos isolados, tais como: atitudes de separação de lixo doméstico, plantio de árvores, mutirões de limpeza de rios e áreas públicas, redução do consumo individual de água e resíduos. Sem critérios claros do que seriam “os bons comportamentos” é elencado um conjunto de temas que se repetem em distintas realidades, sem gerar questionamentos mais amplos sobre as reais questões da crise ecológica, a origem do problema e as responsabilidades quanto a possíveis soluções.

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DICAS

Visando compreender as críticas e os riscos a que está imbuída a educação no meio escolar brasileiro. Você pode fazer a leitura do livro:

BRÜGGER, Paula. Educação ou adestramento ambiental? Florianópolis: Letras Contemporâneas, 1999.

Observe a importância das concepções pedagógicas, as quais podem limitar a proposição para a formação de um sujeito crítico e capaz de estabelecer atitudes comprometidas com a sustentabilidade e a economia solidária.

Visando superar a aplicação inicial da educação ecológica, começa a se estruturar uma nova roupagem, resultado de experiências, reflexões e pesquisas efetivadas nas mais diversas situações pedagógicas e nações. Paralelamente, impactos ambientais se replicam, se conjugam e se estendem pelos continentes, gerando preocupações no campo acadêmico, político e social. Torna-se consensual a necessidade de redefinir as formas como conscientemente a economia capitalista e a sociedade armamentista e tecnológica gera impactos, comprometendo a existência da vida no planeta Terra.

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Neste tópico, vimos que:

• A proposta institucional da EA foi sendo construída a partir da segunda metade do século XX, como resultado do engajamento político e do debate científico de uma série de organizações governamentais e não governamentais.

• A EA como proposta diferenciada da educação ecológica foi cunhada primeiramente na Inglaterra, em 1965. Já no Brasil, nos anos de 1970, a EA surge com fragilidades, como resposta às tendências mundiais. O contexto político e de desenvolvimento centrado no crescimento econômico impede a consolidação da proposta tal como vinha ocorrendo mundialmente.

• Os pressupostos básicos da EA foram definidos durante a Conferência de Belgrado (em 1975) e a Conferência de Tbilisi (em 1977). As Conferências de Estocolmo (em 1972) e do Rio (em 1992), foram fundamentais para reafirmar a importância e o compromisso dos educadores no movimento por constituir sociedades sustentáveis de responsabilidade planetária.

• Como resultado, a EA deve ter: permanência na escola, na universidade, nos meios de comunicação, na comunidade e no trabalho; continuidade em todos os níveis de ensino; tratamento interdisciplinar e transversalidade dos conteúdos. • A EA consiste numa educação do cotidiano, problematizadora da realidade,

um convite à participação social ativa e um chamado para a responsabilidade do educando.

• A EA tem como princípios: a solidariedade, soberania dos povos, não violência, austeridade feliz, participação democrática, consciência planetária holística e conhecimento interdisciplinar e sistêmico.

• O objetivo da educação é a formação para a cidadania que implica educadores atuantes como mediadores dos processos de ensino-aprendizagem, com postura de pesquisa e extensão (participação e envolvimento social como forma de leitura do mundo).

• O planejamento integrado e participativo, a integração curricular, a inserção social dos conteúdos concretizam a proposta da educação ambiental conectada com a realidade local e sua contextualização global.

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1 Observe o conceito de EA e educação ecológica, justificando por que a Educação Ambiental é mais do que uma disciplina derivada da Biologia. 2 Faça uma síntese da evolução da EA e explique a importância dos encontros

internacionais na promoção do desenvolvimento sustentável.

3 Defina a educação como responsável pela formação de cidadãos críticos e atuantes, corresponsáveis pela sustentabilidade planetária.

4 Escreva sobre a responsabilidade dos educadores e os possíveis impasses para desenvolver a educação ambiental nas escolas.

5 Apresente os princípios que orientam as novas relações sociedade/natureza, destacando as possíveis dificuldades para a sua efetiva concretização. 6 A preocupação com o ensino de “bons comportamentos” está presente nos

objetivos de muitos educadores. Quais os problemas que esta postura pode originar?

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TÓPICO 2

ASPECTOS LEGAIS E CONCEITUAIS DA EDUCAÇÃO

AMBIENTAL NO BRASIL

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

A Política Nacional de Educação Ambiental está se consolidando no Brasil, como resultado da organização em rede dos educadores ambientais na busca pela aprovação da Lei de Educação Ambiental, bem como sua regulamentação e divulgação nos mais diversos territórios e instâncias educacionais.

A Educação Ambiental é assumida como permanente, democrática, interdisciplinar e sistêmica. Seus propósitos são ousados por sugerir uma práxis educativa, de formação humanista para sociedades sustentáveis, de responsabilidade local/global e intergeracional. Sugere a redefinição das bases de consumo e produção buscando redefinir consciências e o compromisso compartilhado das empresas, governos, educadores e meios de comunicação.

2 A LEGALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL

Atualmente, a EA atinge maturidade por apresentar consolidada a sua matriz conceitual e consensos quanto aos pressupostos teóricos e metodológicos da educação. No Brasil, a regulamentação da EA se efetivou com a instituição da Política Nacional do Meio Ambiente, prevista na Lei no 6.938/81 de 31/08/81. Em particular o Artigo 2o, inciso X destaca a necessidade de promover a “Educação Ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.” (BRASIL, 2010).

A Constituição Federal, de 1988, por sua vez, reconhece o direito de todos os cidadãos brasileiros e atribui ao Estado o dever de “promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. (Art. 225, §1º, inciso VI). Já, na Lei nº 9.394, de 20/12/96 – Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a menção à EA é feita parcialmente no Artigo 32, inciso II, no qual atribui ao Ensino Fundamental a incumbência de estimular a “compreensão ambiental natural e social do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se

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fundamenta a sociedade”; e no Artigo 36, § 1º, segundo o qual os currículos do Ensino Fundamental e Médio “devem abranger, obrigatoriamente, [...] o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil”.

FONTE: Adaptado de: <http://eduep.uepb.edu.br/biofar/v5n1/utilizacao_de_maquete_tridimensional_ como_incentivo_a_conservacao_das_areas_de_preservacao_permanente.htm>. Acesso em: 23 ago. 2011.

Em 27 de abril de 1999, se institui a Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA através da Lei nº 9.795, que reitera o direito de todos à Educação Ambiental, indicando seus princípios e objetivos, os atores e instâncias responsáveis por sua implementação, nos âmbitos formal e não formal, e as suas principais linhas de ação.

O Plano Nacional de Educação (PNE) regulamentado pela Lei nº 10.172, de 09/01/01, coerentemente com a complexidade da questão ambiental, a inclui como um tema transversal. Porém, a proposta é relapsa a que estabelece a PNEA, quando restringe seu tratamento ao Ensino Fundamental e Médio e não em todos os níveis e modalidades de ensino como prevê a Lei nº 9.795/99.

Visando regulamentar a Lei nº 9.795/99 se cria o Decreto nº 4.281, de 25/06/02, que detalha as competências, atribuições e mecanismos definidos para a PNEA. Institui responsabilidades para a coordenação da PNEA atribuídas à Diretoria de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (DEA/MMA), e pela Coordenação-Geral de Educação Ambiental do Ministério da Educação (CGEA/MEC). (HENRIQUES, TRAJBER, MELLO, LIPAI, CHAMUSCA, 2007).

Somente em 2004, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Educação passam a realizar a Consulta Pública visando uma construção participativa do Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA).

FONTE: Adaptado de: <www.revistasustentabilidade.com.br/.../educacao-ambiental/pronea3.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2011.

UNI

Para aprofundar seus conhecimentos, leia na íntegra os documentos e legislação que integram a Política Nacional do Meio Ambiente - PRONEA, presente no site do MEC/SECAD: MMA/MEC. PRONEA. Brasília: MMA, 2005. Disponível em: <http://portal. mec.gov.br/dmdocuments/publicacao1.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2011.

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A proposta é que se busque sintonia entre a PRONEA e os acordos globais, em particular o Tratado de Educação Ambiental para sociedades sustentáveis e Responsabilidade Global.

Sintonizado com o Tratado de Educação Ambiental para sociedades sustentáveis e Responsabilidade Global, o PRONEA apresenta as diretrizes que orientam os educadores: transversalidade e interdisciplinaridade; sustentabilidade socioambiental; democracia e participação social; integração dos sistemas de ensino e desenvolvimento e meio ambiente.

FONTE: Adaptado de: <www.sema.rs.gov.br/upload/ProjetoPlanEA-CIEA.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2011.

Em síntese, a finalidade da EA é edificar os pilares das sociedades sustentáveis, que envolvem a colaboração dos sistemas sociais para incorporar a dimensão ambiental nas suas atividades de produção e consumo, nos sistemas jurídicos que consolidam normas e condutas e no sistema político-cultural que consolida os espaços democráticos e de Educação Ambiental.

A competência para implementar as ações de promoção da educação ambiental é de todos os segmentos sociais e esferas do governo. A atribuição do Governo Federal é de articular ações educativas para proteger, recuperar e potencializar a educação, de maneira a promover mudanças culturais e sociais.

DICAS

Para complementar os conhecimentos quanto aos avanços da EA no Brasil, sugiro a leitura do texto: HENRIQUES, Ricardo; TRAJBER, Rachel ; MELLO, Soraia; . LIPAI, Eneida M; CHAMUSC, A Adelaide (Orgs). Educação ambiental: aprendizes e sustentabilidade. MEC/ SECAD, 2007. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao2. pdf>. Acesso em: 20 jan. 2011.

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Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à Educação Ambiental, incumbindo:

I- ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; II- às instituições educativas, promover a Educação Ambiental de maneira

integrada aos programas educacionais que desenvolvem;

III- aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, promover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;

IV- aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação; V- às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas,

promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente;

VI- à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais.

FONTE: Disponível em: <www.anvisa.gov.br/legis/leis/9795_99.htm>. Acesso em: 23 ago. 2011.

3 A PERMANÊNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A aprendizagem ocorre durante toda a vida da pessoa; como direito de todos à educação não se estabelecem limites nem de idade nem de gênero, etnia, raça, religião ou outra categoria excludente: a Educação Ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal. (art. 2º, da Lei nº 9.394).

A teoria e a prática da educação são, por natureza, inclusivas e abrangentes, entendendo que toda a pessoa tem capacidade de aprender em qualquer momento e ciclo da vida, trata-se de pensar a nossa relação de estar no mundo, seja natural ou sociocultural.

A partir desta proposição desenvolveram-se propostas de educação ambiental envolvendo múltiplos segmentos da sociedade e da educação, como destaca o art. 3º da lei:

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Atualmente, há experiências de Educação Ambiental envolvendo todos os níveis de Ensino Fundamental, Médio e Superior. Também há avanços significativos nas diferentes esferas da sociedade assumindo corresponsabilidades socioambientais, envolvendo empresas públicas e privadas e movimentos sociais. São amplos movimentos envolvendo a elaboração da Agenda 21, os programas de qualidade total e de gestão ambiental nas empresas, a responsabilidades das instituições de ensino quanto à formação de profissionais tem levado ao lançamento de programas de múltiplas faces, resultando a disseminação ampla da EA no país.

No que se refere às políticas ambientais desenvolvidas na esfera governamental, temos iniciativas significativas na esfera federal e na esfera municipal. Entretanto, há que se avaliar a natureza destas iniciativas, pois muitas ações têm sido pouco incisivas ou sem a continuidade que a política pública poderia garantir. Isto é resultado da própria situação de precariedade enfrentado pela educação pública brasileira, traduzida em investimentos insuficientes e o estilo de formação dos licenciados, cuja atuação se restringe a repassar conteúdos, sem refletir sobre o planejamento mais amplo e o propósito do ato de ensinar. Como resultado, a postura do profissional educador está aquém do enfrentamento aos desafios da educação do mundo contemporâneo: uma sociedade da informação dual marcada por um lado pelo estudante com acesso amplo e ilimitado às novas tecnologias da informação e do outro o estudante excluído, enfrentando níveis de analfabetismo dados pelas novas formas de desigualdade social e educacional.

4 A EDUCAÇÃO COMO PROCESSO

O art. 1o da Lei da EA a define como um processo por meio do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Entendida como processo, a EA terá abertura para a construção de relações, distanciando a proposta de gerar um produto único onde as pessoas são treinadas, capacitadas ou formadas para assumirem comportamentos tidos como os mais adequados para com o ambiente. A preocupação é de gerar possibilidades de elaborar e reelaborar programas amplos de educação, coadunada com as próprias mudanças nas relações da sociedade com o conhecimento e as configurações mais contemporâneas de ensino-aprendizagem.

Enquanto processo e não um produto preestabelecido, a educação pode ser atualizada no seu tempo e no espaço. No espaço, considera-se que as sociedades locais, são ora resultado de um território e ora estruturante deste território, resultando em dinâmicas específicas de uso e apropriação dos recursos naturais.

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ESTUDOS FUTUROS

Na Unidade 3, veremos mais detalhadamente, os passos metodológicos para se efetivar uma educação do cotidiano incluindo exemplos de atividades de educação ambiental efetivadas em cada estágio de desenvolvimento cognitivo do educando.

Com base na perspectiva freiriana, o conteúdo da Educação Ambiental provém desta realidade como forma de foco de interesse em que o aprendizado acontece mediado pelas necessidades ou simplesmente pelas observações e reflexão no seu posicionamento no mundo. Esta é uma atitude política em que o processo educativo gera o sentido da participação enquanto possibilidade de crítica e transformação das realidades cujas necessidades fundamentais da vida são ameaçadas. A atitude é, conscientemente, definida pelos sujeitos que se posicionam e se responsabilizam pela existência livre de toda a forma de manipulação política ou de interesses de poder pessoal.

A práxis implica a síntese em que teoria e prática se inter-relacionam de modo equitativo e assim provocam o movimento pela educação, que implica a tomada da consciência da realidade, de modo não mais alienado e superficial, mas numa releitura iluminada pela consciência histórica e social dos conteúdos.

A realização da práxis pedagógica provoca a emancipação da sociedade de suas relações de dependência. Sob esta ótica, a sociedade vem sendo desafiada a repensar politicamente sua relação com o ambiente, confrontando o modelo de sociedade que se realiza com o consumo para além das reais necessidades humanas, caracterizando a demanda contínua e progressiva de recursos naturais, consumo de energia e geração de trabalho.

No contraponto, há a própria limitação conferida pela natureza, cujos recursos tendem ao esgotamento, com tempos geológicos de reposição. Uma educação que se pretende “ambientar” tem o desafio de religar as questões da sociedade e da natureza, todas as dimensões biofísicas e sociais que compõem o desenvolvimento da humanidade no planeta terra.

Neste contexto, um programa de Educação Ambiental, começa com a investigação da realidade apresentada em cada sociedade e visa problematizar as relações instituídas no meio ambiente, seja na esfera do trabalho, no espaço doméstico ou no lazer, como nos indica Freire “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, midiatizadas pelo mundo”.

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FIGURA 1 – INTEGRAÇÃO DA PRÁXIS EDUCATIVA COM O MOVIMENTO PARA AS SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS Sociedades Sustentáveis Ações Reflexões Práxis - ação libertadora Participação Política AMBIENTE EDUCAÇÃO Necessidades Limitações

FONTE: Adaptado de Sato (2004)

Compreender criticamente a realidade dos problemas ambientais envolve uma leitura da realidade local, mas interpretada sob referenciais teóricos mais amplos proporcionados pela pedagogia da autonomia e da libertação (ver figura a seguir), como ressalta Paulo Freire na obra Pedagogia da Autonomia (2002).

O entendimento do processo educativo como ato político suscita reflexão sobre que propósito a educação atende; se está a serviço da emancipação política ou da formação para o ajuste do indivíduo na sociedade global.

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Esta perspectiva se distancia da educação adestradora, cujo aprendizado ocorre por condicionamento de respostas operantes, apresentada por Burrhus F. Skiner. Entende-se que o comportamento é ensinado por meio de esforços imediatos e contínuos a uma resposta aos estímulos, que induzirão o indivíduo a ter a resposta cada vez mais adequada.

A fundamentação deste entendimento está nos experimentos realizados com animais em laboratórios no qual identifica respostas do tipo reflexo, condicionadas ou não, que são emitidas devido a estímulos sensoriais como a salivação em resposta à comida e a contração da pupila diante da luz.

Freire (2002) propõe que o aluno como um sujeito social e histórico, com suas próprias experiências traz conhecimentos, portanto o aprendizado e o ato de ensinar são muito mais do que um treinamento similar ao processo operatório realizado no adestramento de animais. Trata-se de sujeitos de

FIGURA 2 – PAULO FREIRE E SUA ACUIDADE COMO OBSERVADORA DA REALIDADE

FONTE: Disponível em: <http://professoreducacional.blogspot.com/2010_1 0_01_archive.html>. Acesso em: 20 jan. 2011.

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procura, de decisão e de opção. Portanto, sujeitos não meramente reprodutores do conhecimento e aprendizes que reproduzem a realidade, mas são seres de transformação.

Como eixo norteador de sua prática pedagógica é possível a formação ética dos educadores, conscientizando-os sobre a importância de estimular os educandos a uma reflexão crítica da realidade em que estão inseridos.

Ao abordar a questão ambiental na educação há que se considerar sistemicamente as relações entre o global e o local que ora se distinguem e ora interagem e interatuam, como se refere o art. 4o da Lei no 9 que define para a EA uma abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais.

A tendência da educação foi de apresentar os problemas sociais e ambientais sem situá-los espacialmente e socialmente, eram problemas distantes da realidade do educando, tornando o processo de ensino e aprendizagem sem foco de interesse, o conteúdo ministrado é apreendido mecanicamente, como uma informação curiosa, mas que não gera um debate, uma compreensão significativa e uma conexão com a sua própria vida, capaz de suscitar um questionamento sobre o estilo de desenvolvimento, o compromisso da sociedade e dos indivíduos quanto à degradação ambiental em curso.

De outro lado ao localizar um problema, situando-o no contexto do educando, perde-se a universalidade da questão ambiental no mundo contemporâneo, simplificando a questão com soluções pequenas e individuais de comportamentos, no qual não descolados.

A Educação Ambiental visa lançar questionamentos sobre a forma como os indivíduos e as coletividades se posicionam neste mundo, gerando profundas transformações nas condições de vida do planeta Terra. Ao propor a contextualização do cotidiano, a dialogicidade, a relação da teoria com a prática o objetivo da proposta de Paulo Freire é passar de uma visão de mundo baseada no senso comum para uma visão crítica da realidade, capaz de estimular a transformação, gerando-se então uma ação pedagógica fundamentalmente libertadora. A educação é o lócus da reflexão, o que implica relacionar o mundo vivido, as experiências cotidianas com as teorias.

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DICAS

Caro acadêmico! Para aprofundar os conhecimentos sobre a abordagem de Paulo Freire, sugerimos a leitura do texto: PERNAMBUCO, Marta Maria; SILVA, Antonio Fernando G. da. Paulo Freire: a educação e a transformação do mundo In: CARVALHO, Isabel Cristina Moura de; GRÜN, Mauro; TRAJBER, Rachel (Orgs). Pensar o Ambiente: bases filosóficas para a Educação Ambiental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, UNESCO, 2006. Disponível em: <http:// portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao4.pdf>. Acesso em: 20 jan. de 2011.

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você viu que:

• A Lei da EA foi aprovada em 1981, sendo constituinte da Política Nacional do Meio Ambiente. Garante o direito de todos à educação permanente, para todos os níveis de ensino e escolaridade, integrada e comprometida com a realidade e complexidade da questão ambiental.

• A Constituição Federal de 1988 reitera a promoção da EA como um direito de todos. Já a IDB prevê que o ensino fundamental forme para o conhecimento e valores compreensivos quanto aos ecossistemas e à realidade socioambiental do país. • Nos anos 90, o planejamento passa a ter uma conotação participativa, em

especial em 2004, o Ministério da Educação instituiu as Consultas Públicas como forma de definição da Política Nacional.

• O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global e o PRONEA orientam os educadores para práticas pedagógicas fundamentadas na transversalidade e interdisciplinaridade; sustentabilidade socioambiental; democracia e participação social; integração dos sistemas de ensino e desenvolvimento e meio ambiente.

• A EA não está restrita a um momento do currículo escolar ou a uma série do ensino fundamental, deve ser permanente na escola, estar no Ensino Médio e Fundamental e permanecer durante toda a vida do cidadão, ocupando os espaços de formação não formais, tais como os meios de comunicação e os programas de capacitação do mundo do trabalho. A responsabilidade para a execução, implementação das ações formais e não formais é dos órgãos integrantes do SISNAMA, as empresas, instituições entidades de classe. • Educação é compreendida como um processo a ser planejado e implementado

por educadores atuantes e criativos, engajados na construção de novos valores de sustentabilidade e corresponsabilidade. Isto exige uma atitude constante de atualização no tempo e no espaço, com a leitura crítica da realidade, em particular quanto aos modos de uso e apropriação dos recursos naturais. • Como A EA pressupõe fortes vínculos com a realidade, são salutares as

contribuições quanto à perspectiva Freiriana de educação como base teórica e metodológica. Entre os ensinamentos de Paulo Freire destacamos: a educação como um processo que parte de sujeitos vinculados a um mundo real, o conteúdo de ensino e aprendizagem proveem desta realidade; as necessidades são o foco de interesse do ensino-aprendizagem; a educação visa à formação política e à responsabilidade dos sujeitos como agentes figurativos dos processos históricos, transformação social e de construção da realidade.

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equitativo e assim provocam o movimento pela educação, que implica a tomada da consciência da realidade, de modo não mais alienado e superficial, mas numa releitura iluminada pela consciência histórica e social dos conteúdos. • O entendimento do processo educativo como ato político suscita reflexão sobre

que propósito a educação atende; se está a serviço da emancipação política ou da formação para o ajuste do indivíduo à sociedade global.

• Ao propor a contextualização do cotidiano, a dialogicidade e a relação da teoria com a prática o objetivo da proposta de Paulo Freire é passar de uma visão de mundo baseada no senso comum para uma visão crítica da realidade, capaz de estimular a transformação, gerando-se então uma ação pedagógica fundamentalmente libertadora.

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1 Faça uma síntese dos artigos mais importantes da Lei no 9.755/99, comentando sobre possíveis impasses para implementar os pressupostos legais.

2 No Brasil, a legislação, muitas vezes, tende a regular as situações ideais sobre a forma como a sociedade deve proceder. Porém, no campo ambiental há grande distanciamento entre os princípios legais e a sua execução efetiva. Como a consulta participativa na elaboração do PRONEA pode ajudar a solucionar estes impasses?

3 Em que consiste o planejamento educacional numa perspectiva processual? 4 Quais são as contribuições de Paulo Freire para uma proposta de educação

voltada para a formação de novos valores de sociedade e sua relação com o ambiente?

5 Por que a EA valoriza uma formação de um agente ativo, capaz de decisão política e de exercício da cidadania?

6 A perspectiva da práxis pedagógica é amplamente conhecida entre os educadores, porém poucos fazem a opção por esta proposta. Quais os possíveis esforços pessoais e mudanças institucionais para que os educadores optem pela proposta freiriana de ensino-aprendizagem?

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TÓPICO 3

PLANEJAMENTO E ATUAÇÃO DO EDUCADOR AMBIENTAL

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

Não nasci marcado para ser professor assim. Vim me tornando desta forma no corpo das tramas, na reflexão sobre a ação, na observação atenta a outras práticas ou à prática de outros sujeitos, na leitura persistente, crítica, de textos teóricos. Não importa se com eles estava de acordo ou não. [...] Ninguém nasce feito. Vamos nos fazendo aos poucos na prática social que tomamos parte. (FREIRE, 1983, p. 87).

Neste tópico serão apresentadas sugestões para o exercício do educador ambiental, que inicia seu trabalho no planejamento educacional e avança com a sua inserção tanto na política pública, como na gestão empresarial. Sua atuação pode ser diferenciada se engajada e articulada de modo participativo e cooperativo, assim propiciando ações coletivas propensas a resultados ampliados.

Observe que o educador engajado na promoção de novos ideários, que visa motivação dos sujeitos para a participação, precisa assumir uma postura que vai além do simples repasse de informação ou de quem realiza a formação. O educador age como um facilitador dos processos de ensino aprendizagem, na medida em que visa o efetivo envolvimento e compromisso do educando na busca pelo conhecimento e vivência de novas experiências de vida e de relacionamento com o mundo.

2 A POLÍTICA, GESTÃO E ENGAJAMENTO PROFISSIONAL

NA PROMOÇÃO DA EA

A Educação Ambiental está mais propriamente inserida na proposta de gestão ambiental integrada, ou seja, no planejamento participativo que integra os aspectos físicos, químicos e biológicos com os aspectos socioeconômicos. Constitui-se a leitura dos modos de apropriação social dos recursos naturais, numa perspectiva sistêmica.

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O PRONEA (BRASIL, 2010) sugere as seguintes formas de atuação para o educador e o gestor ambiental:

• influenciando no planejamento das políticas públicas, participando dos espaços participativos (conselhos, fóruns comitês etc.);

• promovendo a transversalidade da questão ambiental, disseminando-a nos diferentes setores da gestão pública e privada (secretarias de obras, turismo, saneamento, saúde, educação, urbanismo, agricultura, indústria e comércio); • construindo e implementando a Agenda 21, nas mais diversas esferas de

atuação (município, escolas, nações e regiões);

• estimulando a formação, qualificação e aperfeiçoamento em Educação Ambiental dos trabalhadores e da população em geral;

• realizando diagnósticos socioambientais, inserindo matrizes de acompanhamento e monitoramento dos impactos ambientais gerados pelos empreendimentos.

Nesta perspectiva, ao atuar com adultos, o gestor ambiental é o facilitador dos processos de ensino-aprendizagem, para instituir mudanças significativas nas relações sociedade/natureza. O facilitador tem a tarefa de motivar os participantes para que se responsabilizem por sua própria experiência de aprendizagem, garantindo, assim, a autonomia na busca da aprendizagem após o momento da capacitação.

A aprendizagem não é apenas resultado do esforço de quem ensina, mas, de antemão, depende da vontade de aprender. Portanto, a primeira tarefa do educador é motivar o educando para a busca da aprendizagem. A aprendizagem é resultado de um desenvolvimento autônomo, no qual os capacitadores podem colaborar como facilitadores e mediadores desta busca.

Já, para o educador ambiental que trabalha em instituições de ensino, suas ações consistem em:

• colaborar no planejamento dos projetos políticos pedagógicos, de modo a contemplar a educação ambiental conforme a legislação;

• promover a transversalidade da questão ambiental no currículo contribuindo com a capacitação dos educadores e na elaboração de projetos integrados com as mais diversas áreas do conhecimento e a troca de experiências entre os educadores e assim, estimulando a formação de coletivos de educadores;

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• viabilizar a participação e automobilização dos jovens e crianças para com as questões ambientais emergentes, em especial as relacionadas diretamente com a sociedade local;

• estimular a formação, qualificação e aperfeiçoamento em Educação Ambiental dos trabalhadores e da população em geral, quando atua nos cursos profissionalizantes ou de formação universitária.

3 OS COLETIVOS JOVENS

Em 2003, o Ministério do Meio Ambiente lançou a campanha Vamos Cuidar do Brasil, com a Conferência Nacional do Meio Ambiente, reunindo jovens e infantojuvenis de dezesseis mil escolas, das mais diversas procedências do país. A Conferência primou pelo processo participativo das comunidades e das escolas, elaborando uma proposta de política ambiental de caráter sistêmico, inter e multidisciplinar; com estratégias de gradativa implementação tanto para a educação presencial com a difusa e a distância.

Com este programa, o MEC passa a atuar para além da formação de professores do Ensino Fundamental (com ênfase da 5ª à 9ª série) e na elaboração de materiais didáticos. Um dos programas mais amplos de educação não formal, previstos na política nacional, foi desencadeado com a juventude. Em todos os estados foram criados os Coletivos Jovens (CJ) de Meio Ambiente, com o objetivo de criar instrumentos de gestão para a afirmação cidadã. Motivados, os grupos organizados ou indivíduos se colocam num movimento autônomo e horizontal, por fomentar o empoderamento e a participação do segmento jovem nas ações relacionadas com as questões socioambientais emergentes

Os coletivos são espaços de interlocução, implementados pelo MEC, MMA e Secretaria Nacional de Juventude; coordenados por educadores locais que estimulam a mobilização de adolescentes para a realização da Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente.

Foi realizada uma conferência em 2003, envolvendo 5.658.877 estudantes e professores, 15.452 escolas. Como resultado foi elaborada a Carta Jovens Cuidando do Brasil, a criação da Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida nas Escolas-Com-Vidas, do Programa Vamos Cuidar do Brasil e a criação dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente.

FONTE: Adaptado de: <http://www.scribd.com/doc/56976518/12/A-Conferencia-Nacional-Infanto-Juvenil-pelo-Meio-Ambiente-representa-um>. Acesso em: 23 ago. 2011.

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FIGURA 3 – PROGRAMAS INTEGRADOS DE EA QUE VISAM CAPACITAR E FORTALECER GRUPOS DE EDUCADORES E EDUCANDOS

PRESENCIAL Formação Continuada

Material Didático

DIFUSA Conferências de Meio Ambiente nas escolas

Mobilização AÇÕES ESTRUTURANTES COM-VIDAS Coletivos Jovens A DISTÂNCIA Rede de Educação para a Diversidade ED UC AÇ ÃO AMB IENTAL N AS ESCOL AS

FONTE: Disponível em: <www.mma.gov.br/propostasdasescolas>. Acesso em: 20 jan. 2011.

Os coletivos jovens fazem parte de programas integrados de Educação Ambiental nas escolas que incluem programas de formação continuada, com a organização de material didático:

a) visando à formação continuada;

b) a formação de uma rede educação para diversidade na categoria da educação à distância;

c) ações estruturantes COM-VIDAS que originam os coletivos jovens;

d) as conferências de Meio Ambiente nas escolas de abrangência difusa (Figura 3). Com a intenção de construir um processo permanente de Educação Ambiental na escola e na comunidade, o programa contemplou quatro dimensões: 1 Capacitação: que consistiu em programas de formação de educadoras(es)

ambientais e educandos (coletivos jovens) para a participação.

Em 2005, foi realizada a II Conferência. Na ocasião foi elaborada a Carta das Responsabilidades – Vamos Cuidar do Brasil, que contribui para o Programa Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas e reafirma a importância dos coletivos. A carta é um manifesto de compromisso dos jovens com a construção de uma “sociedade justa, feliz e sustentável” e com “responsabilidades e ações cheias de sonhos e necessidades”. (HENRIQUES; TRAJBER; MELLO; LIPAI; CHAMUSCA, 2007).

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3 Organização social : constituição de Conselhos de Meio Ambiente e Qualidade de Vida nas Escolas, estabelecendo o controle social da Educação Ambiental na escola e a implementação da Agenda 21 Escolar, dando suporte a atividades curriculares e extracurriculares das escolas.

4 Pesquisa-ação: incentivo a projetos de pesquisa comprometidos com a implementação de ações de transformação da realidade, unindo os conhecimentos aprofundados, os resultados de pesquisas locais e potencializando a ação das ONGs de um mesmo território, com vista à construção de projetos coletivos de intervenção transformadora.

ESTUDOS FUTUROS

Na Unidade 2, veremos mais detalhadamente, como se efetiva a proposta de pesquisa-ação e de participação na Educação Ambiental.

Os princípios que orientam a formatação dos coletivos são a autonomia no ato de aprender traduzida pela ideia de que ‘jovem escolhe jovem’, ‘jovem educa jovem’ e da interlocução na qual ‘uma geração aprende com a outra’. O movimento gerado com os debates em conferências permitiu a construção de uma identidade de educadores ambientais, a formação política dos jovens e a continuidade do movimento para novos participantes oriundos das ações de mobilização.

O objetivo é superar a visão estreita no qual os dois termos – Educação e Ambiental que eram considerados meros adjetivos qualitativos nos sistemas de meio ambiente passam a ser substantivos, onde processos de educação se tornam mais concretos; e estejam efetivamente em todos os níveis e modalidades de ensino: da gestão do espaço escolar ao acadêmico mais amplo.

DICAS

Caro acadêmico! Para aprofundar os seus conteúdos e para se inteirar dos programas governamentais, sugerimos a consulta na Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental no site <www.mma.gov.br> e do site: <www.mec.gov.br/ secad/ educambiental>, acesse o material Coletivos Jovens de Meio Ambiente – Manual Orientador (2005). Fique atento à agenda do MDA e do MEC e participe desta mobilização nacional pela construção de sociedades sustentáveis.

Referências

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