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Participação popular na gestão integrada dos resíduos sólidos orgânicos: experiências na Paraíba

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Academic year: 2017

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UFPB

UERN UESC UFAL UFS UFRN UFPI

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE

FERNANDA TAVARES DE SOUZA

PARTICIPAÇÃO POPULAR NA GESTÃO INTEGRADA DOS

RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS: experiências na Paraíba

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FERNANDA TAVARES DE SOUZA

PARTICIPAÇÃO POPULAR NA GESTÃO INTEGRADA DOS

RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS: experiências na Paraíba

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal da Paraíba, na área de Gerenciamento Ambiental, linha de pesquisa “Indicadores Ambientais, Qualidade de Vida e Desenvolvimento Sustentável”, em cumprimento das exigências para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Orientadora: Profª. Dra. Maristela de Oliveira Andrade

Co-orientadora: Profª. Dra. Maria Cristina Crispim da Silva

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FERNANDA TAVARES DE SOUZA

PARTICIPAÇÃO POPULAR NA GESTÃO INTEGRADA DOS

RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS: experiências na Paraíba

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal da Paraíba, como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Mestre.

Aprovada em:___/___/___

Banca Examinadora:

___________________________________________ Profª. Dra. Maristela de Oliveira Andrade,

Orientadora

__________________________________________ Profª. Dra. Maria Cristina Crispim da Silva

Co-orientadora

___________________________________________ Profª. Dra. Belinda Pereira da Cunha

Membro Interno

_________________________________________ Profª. Dra. Elisangela M. Rocha

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AGRADECIMENTOS

À professora e orientadora Maristela de Oliveira Andrade pelo incentivo e presença durante a realização deste trabalho, à co-orientadora professora Maria Cristina Crispim, pela disposição e atendimento as solicitações em todas as etapas desta pesquisa.

À banca examinadora por suas valiosas contribuições para a melhoria deste trabalho.

À Universidade Federal da Paraíba por meio do PRODEMA.

Ao apoio da Capes na concessão de bolsa nos últimos seis meses deste trabalho.

À Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA – UFPB e sua secretaria pelos trâmites administrativos.

Aos professores integrantes do PRODEMA na pessoa do Professor Roberto Sassi.

Aos alunos do PRODEMA que interagiram comigo desde a primeira (inesquecível) turma em 1996 em nome do aluno Cleto Batista Barbosa in memorian.

Aos professores que contribuíram para a minha formação agradeço em nome do nosso querido professor Paulo Rosas in memorian.

Aos gestores, professores e alunos da Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Antonio Santos Coelho Neto pela parceria.

Aos moradores das comunidades da Penha, Jacarapé e do município de Pocinhos pelo rico aprendizado ao longo deste trabalho.

Aos técnicos, feirantes e comerciantes da EMPASA que dispensaram seu tempo em meio às vendas para contribuir com esta pesquisa e em especial à Silvana Alves dos Santos, responsável pelo programa de compostagem na empresa.

Ao Dr. José Farias, Vlamir Brasil, Caio Marcelo e Alex, equipe técnica de Meio Ambiente do Ministério Público Estadual da Paraíba pela permissão, “caronas” e conhecimento ambiental, ao acompanhar o trabalho realizado em Pocinhos – PB.

À Secretaria de Mulheres da Prefeitura Municipal de João Pessoa no nome de Nézia Gomes pelo aprendizado durante o ano de 2011 e a dispensa das horas necessárias a realização desta pesquisa.

Aos @migos de todas as horas, meus, e dos meus filhos, Nino e Iuri, que são fontes de energia para os meus movimentos, em especial a amiga/irmã Severa do Carmo.

À minha família, especialmente à minha mãe, que sempre me apoiou nessas e outras “investidas”, contribuindo para que eu alcance meus objetivos com alegria.

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“Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes”.

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RESUMO

SOUZA, Fernanda Tavares de. PARTICIPAÇÃO POPULAR NA GESTÃO INTEGRADA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS: experiências na Paraíba. 2013. 128 f. Dissertação (Mestrado em Meio Ambiente) – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, UFPB, João Pessoa, PB, 2013.

O gerenciamento de resíduos sólidos urbanos não vem contemplando a coleta dos resíduos orgânicos para um aproveitamento, nem orientando a população sobre o seu tratamento. A lei 12.305/2010 que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos veio impulsionar este estudo, em razão da necessidade de diminuir em 40% o volume de resíduos direcionado atualmente para os aterros, através de ações voltadas para a separação de resíduos sólidos orgânicos (RSO) pela população, que em geral perfazem mais de 50% do total dos resíduos sólidos. Ao analisar diferentes realidades na Paraíba, visando à implantação da gestão integrada de resíduos sólidos, com ênfase nos resíduos orgânicos, esta pesquisa examinou 03 experiências de gestão de RSO em: uma Empresa de Abastecimento e Serviços Agrícolas de João Pessoa; no município de Pocinhos no Estado da Paraíba e na Associação dos Produtores de Frutos do Mar da Praia da Penha. A metodologia adotada da pesquisa participante mostrou-se apropriada em contextos como Pocinhos, assim como na Escola Municipal Antonio Santos Coelho Neto e na Associação de Moradores e Amigos de Jacarapé, onde foi feita uma sensibilização e um estudo de percepção ambiental. Este tipo de pesquisa permite que a população participante se torne sujeito dos conhecimentos passando assim a perceber e detectar seus próprios problemas, levantando alternativas para saná-los ou amenizá-los. Por meio do diagnóstico socioambiental foi possível observar a percepção ambiental heterogênea dos segmentos participantes da pesquisa. Os resultados da pesquisa apontaram para a importância da participação social no processo de mudança, e da educação ambiental de forma constante e abrangente, de maneira a atingir os diversos públicos envolvidos na gestão e/ou gerenciamento de resíduos sólidos. Com relação à legislação, verificou-se não só a negligência relativa ao seu cumprimento, como a tentativa de estender os seus prazos. Ao final nas áreas estudadas, percebeu-se que a gestão dos resíduos sólidos exige uma gestão participativa, com base na educação ambiental, participação social e infra-estrutura pública, funcionando de maneira integrada, com ações tanto no nível individual como no coletivo.

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ABSTRACT

Fernanda Tavares de SOUZA. POPULAR PARTICIPATION in the INTEGRATED MANAGEMENT OF ORGANIC SOLID WASTE: experiences in Paraiba. 2013.128 f. Dissertation (Master's Degree in Environmental Science) - Graduate Program in Development and Environmental Sciences, UFPB, João Pessoa, PB, 2013.

The management of municipal solid waste has not been including the collection of organic waste to recycling, nor instructing the population about its processing. The law 12.305/2010 that establishes the National Solid Waste Policy came to support this study, because of the need to decrease to 40% the volume of waste currently directed to landfill, through actions geared toward organic solid waste separation by the population, which typically makes up more than 50% of the total solid waste. To analyze different realities in Paraiba, aiming at the implementation of integrated solid waste management, with emphasis on organic waste, this research studied 03 experiences or attempts of solid waste separation management at: João Pessoas’s Agency of Supply and Agricultural Services; the municipality of Pocinhos in the State of Paraíba; and the Association of Seafood Producers from Praia da Penha. The method chosen, the participant research, proved to be suitable for contexts like the one found in Pocinhos, as well as in the Municipal School Antonio Santos Coelho Neto and the Association of Residents and Friends of Jacarapé, where awareness and a study of environmental perception were performed. This type of research allows the participant population to become subject of knowledge thus realizing and detecting their own problems, raising alternatives to solve them or reducing them. Through the socio-environmental diagnosis it was possible to observe the heterogeneous environmental perception of the research participants. The survey results pointed to the importance of social participation in the process of change, and of constant and comprehensive environmental education, in order to reach the various stakeholders involved in solid waste management. Regarding legislation, we noted not only negligence concerning its enforcement, but also the attempt to extend its deadlines. At the end, in the studied areas, we noted that solid waste management requires a participatory management, based on environmental education, social participation and public infrastructure, working in an integrated way, with actions both at the individual scale as well as at the collective scale.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABAL - Associação Brasileira do Alumínio

ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais CAOPMAPAS - Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça e Meio Ambiente do Patrimônio Social do Estado

CEMIG - Companhia Energética de Minas Gerais CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem EMEPA - Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária S.A.

EMPASA - Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas EMLUR - Autarquia Municipal de Limpeza Urbana

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PGIRSU - Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos PMJP - Prefeitura Municipal de João Pessoa

PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos

PRONAF - Programa Nacional de Agricultura Familiar

PROHORT - Associação de Produtores Agroecológicos de João Pessoa SEE - Secretaria de Educação do Estado da Paraíba

SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEDESP - Secretaria do Desenvolvimento Sustentável da Produção

SERHMACT - Secretaria Estadual de Recursos Hídricos, Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia

SINIMA - Sistema Nacional de Informações sobre Meio Ambiente SINISA - Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento UFPB - Universidade Federal da Paraíba

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Público pesquisado... 19

Figura 02 a: Composteira na Agência de Uberlândia... 36

Figura 02 b: Composteira no CRIU - Uberlândia... 36

Figura 03 a: Composto orgânico - em Ituiutaba... 37

Figura 03 b: Detalhes da construção e aeração – Ituiutaba... 37

Figura 04: Material orgânico separado para composto na Praia da Penha... 38

Figura 05: Compostagem pronta na Praia da produção de composto na Praia da Penha... 38

Figura 06: Culturas algais em larga escala, produzidas na Praia da Penha a partir de composto... 39

Figura 07: Separação de resíduos orgânicos para as composteiras, para a produção do composto, na EMPASA – JP... 40

Figura 08: Mobilização dos ACS – Pocinhos – PB...54

Figura 09: Estudo de Gravimetria no lixão de POCINHOS – PB, realizado pela equipe... 59

Figura 10: Separação do lixo doméstico feita pela população de Pocinhos – PB... 62

Figura 11: Nova área destinada à segregação dos RSU em Pocinhos - PB... 63

Figura 12: Chegada ao galpão de caminhão adaptado à coleta seletiva em Pocinhos – PB... 63

Figura 13: Caminhões adaptados à coleta seletiva em Pocinhos – PB, com divisórias para cada tipo de resíduo... 64

Figura 14: Separação dos resíduos a partir do transporte em POCINHOS – PB... 64

Figura 15: Recepção dos resíduos pelos catadores em Pocinhos – PB... 65

Figura 16: Visão da nova área destinada à segregação dos resíduos pelos catadores em Pocinhos – PB... 65

Figura 17: Caminhão destinado à coleta dos resíduos sólidos de Pocinhos – PB... 66

(11)

Figura 19: Esquema descritivo com as atividades desenvolvidas nas duas

comunidades: Jacarapé e Escola Municipal Antonio Santos Coelho Neto... 70

Figura 20: Estufa de flores em Jacarapé... 75

Figura 21: Reuniões realizadas, na Associação de mulheres de Jacarapé, no âmbito do projeto... 76

Figura 22: Feira de trocas, realizadas como atividade final das reuniões... 77

Figura 23: Buraco feito por moradores de Jacarapé para depósito do lixo por falta de coleta pelo poder municipal... 80

Figura 24: Reaproveitamento de recicláveis no processo de produção caseiro, em casa de moradora em Jacarapé... 81

Figura 25: Casa de moradora, em Jacarapé, que já realiza aproveitamento de resíduos, incluindo os orgânicos... 81

Figura 26 a e b: Apresentação do projeto aos alunos envolvidos na pesquisa... 86

Figura 27: Entrada da EMASCN... 86

Figura 28: Placa de reforma da EMASCN... 86

Figura 29: Alunos em visita à EMPASA... 87

Figura 30: Leiras na EMPASA... 87

Figura 31: Alunos em visita ao Aterro Sanitário...88

Figura 32: Explicação técnica sobre o Aterro Sanitário...88

(12)

LISTA DE MAPAS

Mapa 01: Localização do município de POCINHOS - PB no Estado da Paraíba... 56

Mapa 02: Localização geográfica da comunidade de Jacarapé em parte

do município de João Pessoa... 71

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Apresentação da NBR 10.004 relativa à classificação

do resíduo segundo a sua periculosidade... 50

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01: Deposição de resíduos sólidos pelos municípios brasileiros... 23

Gráfico 02: Composição dos resíduos sólidos nos municípios brasileiros...23

Gráfico 03: Destinação Final de RSU no Estado da Paraíba (t/dia)... 29

Gráfico 04: Distribuição percentual dos RSD do município de Pocinhos - PB,

dados coletados em 09 e 11/07/2012... 60

Gráfico 05: Resultado das respostas obtidas pelo grupo de mulheres

de Jacarapé quando indagadas sobre o que é meio ambiente... 78

Gráfico 06: Percepção do que é o meio ambiente pelo grupo das mulheres

de Jacarapé... 79

Gráfico 07: Percepção dos problemas ambientes pelas mulheres do grupo

de Jacarapé... 79

Gráfico 08: Resultado das respostas obtidas pelos alunos participantes

da pesquisa quando indagados sobre o que é meio ambiente... 89

Gráfico 09: Resultado dos alunos participantes da pesquisa ao responderem

uma palavra que represente o meio ambiente... 89

Gráfico 10: Percepção dos problemas ambientais pelos alunos participantes

da pesquisa... 90

Gráfico 11: Resultado das soluções dadas aos problemas ambientais que

os incomodam, pelos alunos participantes da pesquisa... 90

Gráfico 12: Resultado das respostas dadas pelos alunos participantes

da pesquisa na EMASCN quando indagados sobre o que é lixo... 91

Gráfico 13 a: Resultado das respostas dadas pelos alunos participantes da pesquisa

na EMASCN quando indagados sobre uma palavra que represente resíduo sólido... 91

Gráfico 13 b: Resultado das respostas dadas pelos alunos participantes da pesquisa na EMASCN quando indagados sobre o que é resíduo sólido...92

Gráfico 14: Resultado das respostas dadas pelos alunos participantes da pesquisa

na EMASCN quando indagados a separação dos RSU nas suas residências... 92

Gráfico 15: Resultado das respostas dadas pelos alunos participantes da pesquisa

na EMASCN quando indagados sobre a frequência da coleta em suas residências... 93

(15)

na EMASCN quando indagados sobre o aproveitamento dos seus resíduos orgânicos... 93

Gráfico 17: Resultado das respostas dadas pelos alunos participantes da pesquisa

na EMASCN quando indagados sobre o destino dados as folhas das suas residências... 94

Gráfico 18: Resultado das respostas dadas pelos alunos participantes da pesquisa

na EMASCN quando indagados sobre a existência de horta em suas residências... 94

Gráfico 19: Resultado das respostas dadas pelos alunos participantes da pesquisa na

EMASCN quando indagados sobre a pretensão de ter uma horta em suas residências.... 95

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Participação dos Materiais no Total de RSU Coletado no Brasil...24

Tabela 02: Coleta e Geração de RSU no Estado da Paraíba... 25

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO... 13

CAPÍTULO 1 RESPONSABILIDADE CIDADÃ E GESTÃO COMUNITÁRIA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS: DA INVISIBILIDADE AO TRATAMENTO ADEQUADO... 20

1.1 Gestão Integrada e o Lugar da Participação... 25

1.2 Destinação de Resíduos Sólidos Orgânicos: Mundial e Brasil... 33

1.3 Experiências de Gestão dos Resíduos Orgânicos no Brasil... 34

1.4 Reaproveitamento de Resíduos Orgânicos em João Pessoa... 37

1.5. Avaliação do Projeto 1... 45

CAPÍTULO 2 UM NOVO CAMINHO PARA A GESTÃO MUNICIPAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS: LEGISLAÇÃO E CONTRIBUIÇÃO DO MPPB... 47

2.1 Legislação e Responsabilidade pelo Gerenciamento de Resíduos Sólidos... 47

2.2 O Papel do MPPB na Formulação dos PGIRSU nos Municípios Paraibanos e as Diretrizes que Fundamentam o PGIRSU de Pocinhos - PB... 52

2.3 Parceria Institucional e a Participação Social na Implementação de uma Política Pública em Pocinhos - PB: Projeto 2... 52

2.4. Avaliação do Projeto 2... 68

CAPÍTULO 3 PERCEPÇÃO AMBIENTAL EM RELAÇÃO AOS RESÍDUOS ORGÂNICOS EM DOIS ESPAÇOS COMUNITÁRIOS PROJETOS 3 E 4... 69

3.1 Percepção e Sensibilização para a Questão dos Resíduos Sólidos e Orgânicos na Comunidade de Jacarapé, no Cinturão Verde de João Pessoa: Projeto 3... 70

3.2. Resultados... 79

(18)

3.4 Sensibilização para a Questão dos Resíduos Sólidos e Orgânicos

na Escola Municipal Antonio Santos Coelho Neto: Projeto 4... 83

3.5. Avaliação do Projeto 4... 96

CAPÍTULO 4 PROPOSTAS PARA CONTRIBUIR COM A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA, COM BASE NA PNRS E OS PROCESSOS PAUTADOS EM PRINCÍPIOS ECOLÓGICOS, DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E PARTICIPAÇÃO SOCIAL... 97

4.1 Conclusão... 97

4.2 Propostas... 99

4.3 Propostas: ação individual e ação pública de participação... 104

CONSIDERAÇÕES FINAIS... 107

REFERÊNCIAS... 109

APÊNDICES... ... 115

(19)
(20)

INTRODUÇÃO

As cidades têm como grande desafio resolver o problema do lixo, desde a sua geração, acondicionamento até o tratamento, através da adoção de estratégias eficientes para a coleta, transporte e destinação final dos diversos resíduos de forma adequada e exigida por lei. Mas, a implantação eficaz de um programa de gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos requer a participação social, de modo que os gestores públicos devem promover campanhas de sensibilização e de educação ambiental que leve os seus cidadãos a compreenderem e tratarem os seus resíduos.

A pesquisa participante embasou este estudo e segundo Brandão (2006, p.43) este método tem por objetivo possibilitar uma maior interação entre pesquisador profissional e população pesquisada. Nesta metodologia a população participante torna-se sujeito dos conhecimentos passando assim a perceber e detectar os seus próprios problemas, levantando alternativas para saná-los ou amenizá-los.

Ao descrever este tipo de pesquisa Brandão (2006, p.52) afirma que a mesma permite que o profissional pesquisador se envolva com o meio social possibilitando uma maior interação entre ele e a população participante, contudo, é a população que vai expor os seus problemas, o que as incomoda, para que junto com o pesquisador busquem possíveis soluções para as demandas levantadas.

No Brasil, a lei Federal: 12.305, de 02/08/2010 que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos tem por objetivo traçar ações estratégicas que viabilizem processos capazes de agregar valor aos resíduos, aumentando a capacidade competitiva do setor produtivo, propiciando a inclusão e o controle social, norteando Estados e Municípios para a adequada gestão de resíduos sólidos, visando à redução da quantidade de resíduos descartados em aterros ou lixões.

As políticas públicas podem ser definidas como ações de governo e podem ser divididas em atividades diretas de produção de serviços pelo próprio Estado e em atividades de regulação, que influenciam econômica, social, ambiental, espacial e culturalmente (LUCCHESE, 2004). Por outro lado, há (todo) um comportamento social que está interligado de forma sistêmica às políticas vigentes e às práticas individuais e coletivas, que a maioria das vezes tem de ser mudado e adequado.

(21)

acondicionamento e disposição para a coleta adequada. Ainda, como resultado final, tem-se uma operação dos serviços menos onerosa, o que contribuirá sobremaneira para o interesse governamental em programas de parcerias, favorecendo a melhoria da qualidade de vida.

De acordo com Beck e Giddens (1997, p.64) “faz-se necessário refletirmos continuamente sobre nossas próprias práticas, inclusive sobre aquelas que estão intimamente ligadas ao nosso cotidiano”, a exemplo da ausência da coleta seletiva, do tratamento e da destinação do lixo que produzimos.

Segundo Silva (2006), os índices e indicadores existentes em âmbito mundial sobre qualidade ambiental e qualidade de vida, privilegiam a vida na cidade, em detrimento da vida no campo ou no setor peri-urbano. Sendo assim, é importante considerar as populações que habitam o campo e contemplá-las com pesquisas sobre a qualidade ambiental e de vida contextualizada ao meio rural, pois desta forma, estas populações configuram-se como lacunas a serem preenchidas pela pesquisa científica e ações governamentais.

Conforme a NBR nº 10.004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, os resíduos sólidos podem ser entendidos como, “Resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nessa definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam, para isso, soluções técnica e economicamente viáveis, em face à melhor tecnologia disponível.

Para Barros Júnior e Barros (2003), a matéria orgânica representa um grande potencial de resíduos geradores de impacto e é um elemento orgânico (biodegradável) causador da maioria dos problemas em aterros sanitários, como a liberação de gases e líquidos tóxicos, a com elevada capacidade de dispersão. O gás metano, produzido em aterros é um gás inflamável e contribui de maneira forte para o aumento do efeito estufa. Além disso, a produção do lixiviado vai aumentar a eutrofização em corpos de água.

(22)

Segundo a Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (EMLUR) grande parte desse crescimento se deve à intensificação no trabalho de coleta de entulhos e fiscalização do descarte de resíduos da construção civil (RCDs). Foram recolhidas 425.131,716 toneladas de resíduos sólidos em João Pessoa até 25 de dezembro de 2012, a capital produziu 413.304,285 toneladas, representando um aumento de quase mil toneladas na média mensal. A coleta de entulhos teve um crescimento médio de 8%, passando de 147 mil toneladas, em 2011, para mais de 158 mil toneladas este ano.

Como o foco da nossa pesquisa são os resíduos orgânicos, destacamos os dados a seguir: 98% dos municípios paraibanos têm destino irregular (lixões a céu aberto ao invés de aterros sanitários). De acordo com entrevista (apêndice) realizada com o coordenador de resíduos finais da EMLUR, Edmilson Fonseca, apenas a região metropolitana de João Pessoa possui aterro, atendendo a 05 municípios: João Pessoa (69%), Santa Rita, Bayeux, Cabedelo e Conde. Vale salientar que este aterro, embora publique que funciona dentro das exigências ambientais, não possui manta porque o solo é impermeável, como pudemos observar na visita técnica realizada em setembro de 2012 com os alunos. Segundo informação de técnico do aterro há uma instalação de tubulações para coleta do lixiviado e da produção de gás, que não é aproveitado, embora obtenha ganhos no mercado de carbono.

A relevância da presente pesquisa dá-se em função da urgência de encontrar meios de reduzir em 40% os resíduos como um todo além da obrigatoriedade e do prazo para que se cumpra a adequação dos aterros municipais à nova política nacional de resíduos sólidos, considerando que a pesquisa chama a atenção para a quantidade de resíduos orgânicos produzidos e sua destinação, sendo uma experiência acadêmica inédita no Estado da Paraíba. Dessa forma, pretende-se realizar uma análise sobre os processos participativos, como condição para o sucesso da política de cooperação entre o setor público e a comunidade, investigando os níveis de participação de diferentes segmentos sociais nas experiências detectadas e acompanhadas pela pesquisa em espaços sociais distintos, e alternativas de tratamento dos resíduos orgânicos.

(23)

De acordo com Ambiente Brasil (2012), João Pessoa teve um acréscimo de 11.827 toneladas na quantidade de resíduos coletados, entre 1º de janeiro e 25 de dezembro de 2012, em relação ao mesmo período de 2011.

A política desenvolvida atualmente no Estado não favorece o conhecimento tecnológico das populações periurbanas, bem como de cidades de pequeno porte do semiárido paraibano, com relação à importância da produção, separação e tratamento dos resíduos orgânicos. Para isso, esta pesquisa realizou-se em diferentes contextos, entre os quais uma experiência em espaço comunitário e duas experiências de caráter público, sendo uma parte para diagnóstico e acompanhamento, e outra parte de intervenção, através de pesquisa participante, em uma comunidade e uma escola pública.

No final deste estudo, esperamos comprovar as seguintes hipóteses:

H1 – A quantidade de resíduos orgânicos nos resíduos domésticos por ser a maior parte do peso, deve ser o foco da gestão, para alcançar o objetivo da legislação de diminuir em 40% o material descartado nos aterros.

H2 – A participação da população na gestão dos resíduos sólidos é indispensável (possível).

(24)

OBJETIVOS

O objetivo geral do estudo foi analisar dentro de espaços específicos, as soluções para

a gestão de resíduos sólidos, em especial os orgânicos.

Os objetivos específicos estão elencados abaixo:

 Elaborar um diagnóstico de modelos de aproveitamento de resíduos orgânicos implantados no município de João Pessoa

 Sensibilizar o público de uma comunidade escolar do cinturão verde de João Pessoa, a Escola Municipal Antonio Santos Coelho Neto para a construção e adoção de um modelo de gestão de resíduos orgânicos.

 Investigar a implantação do plano integrado de gestão integrada de resíduos sólidos no município de Pocinhos - PB no Cariri Paraibano;

 Avaliar o efeito da produção de composto orgânico com relação ao aumento da vida útil do aterro sanitário, considerando a disposição somente dos rejeitos;

 Acompanhar e avaliar o processo perceptivo e participativo das comunidades envolvidas nos modelos de gestão de resíduos para detectar o que deu certo e o que não deu certo na pesquisa realizada;

 Propor um conjunto de sugestões sobre possíveis conteúdos para um programa de EA para sensibilizar moradores urbanos e rurais para a compostagem do lixo orgânico.

A dissertação foi dividida em 04 (quatro) capítulos, que enfocaram momentos distintos da pesquisa, começando com um capítulo de referencial teórico sobre a problemática dos resíduos sólidos a partir de sua conceituação, e envolvendo a gestão pública com a inclusão da participação social. Um levantamento do panorama de outros países e experiências do Brasil ensejou a primeira etapa da pesquisa, que enfocou a experiência de um modelo participativo de gestão de resíduos sólidos com ênfase nos orgânicos na Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas em João Pessoa.

(25)

projeto “Construção de Cidadania Socioambiental”, constituindo a etapa seguinte da pesquisa que enfocou a construção e implantação do plano integrado de gerenciamento de resíduos sólidos da cidade de Pocinhos - PB.

No terceiro capítulo, são apresentadas duas experiências de gestão comunitária em João Pessoa de implantação de gestão participativa de resíduos sólidos como proposta de pesquisa participante e observação direta em uma comunidade escolar no bairro da Penha - Escola Municipal Antonio Santos Coelho Neto e no grupo de mulheres “Flores de Jacarapé” de uma associação de moradores em Jacarapé. O processo envolveu uma sensibilização através de atividades, incluindo visitas de campo com os alunos ao aterro sanitário municipal e a EMPASA e uma análise da percepção ambiental dos diversos públicos envolvidos na pesquisa. E, por último, no quarto capítulo, apresentam-se com base na pesquisa realizada, duas propostas de gestão de RSU: a primeira que pode ser realizada individualmente e a segunda para que se desenvolva coletivamente.

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Metodologia

Adotou-se a observação direta e a pesquisa participante em 03 (três) das 04 (quatro) áreas estudadas: Jacarapé, Penha, Pocinhos – PB. Para denominar os diferentes contextos empíricos da pesquisa, os definiremos respectivamente como: projeto 1, 2, 3 e 4 para identificá-los ao longo do texto, considerando que são propostas distintas de gestão de RSU.

Abaixo se apresenta um quadro com as áreas estudadas e os grupos pesquisados em cada uma delas, sendo a metodologia específica descrita ao longo dos capítulos.

ESPAÇOS ESPECÍFICOS GRUPOS

EMPASA-PB  Feirantes e comerciantes da EMPASA

 Técnicos da EMPASA

Município de Pocinhos-PB

 Técnicos envolvidos na implantação do plano de GRS de Pocinhos-PB

 Agentes de Saúde de Pocinhos-PB

 Professores e Técnicos da Escola de Ensino Fundamental Afonso Campos

 Alunos do 9° ano do Colégio Municipal Padre Galvão  Catadores

Grupo de Mulheres

Flores de Jacarapé  Mulheres do Grupo “Flores de Jacarapé”

Escola Antônio Santos Coelho Neto

 Professores e Técnicos  Alunos do 8° ano B (manhã)  Alunos dos Ciclos 3 e 4 (noite) Figura 01: Público pesquisado

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CAPÍTULO 1

RESPONSABILIDADE CIDADÃ E GESTÃO COMUNITÁRIA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS: DA INVISIBILIDADE AO TRATAMENTO ADEQUADO

Neste capítulo será feita uma análise sobre resíduos sólidos considerando experiências relevantes, e que valorizam, em especial, a compostagem. No que diz respeito à responsabilidade cidadã, serão descritas algumas experiências de gestão comunitária, a primeira contempla a nível internacional (Índia e um panorama da Europa), seguida de experiências da gestão de resíduos no Brasil, incluindo João Pessoa.

Nas últimas décadas, a busca por melhores meios de subsistência e qualidade de vida tem promovido a migração de muitos habitantes do campo para os centros urbanos. Esse aumento populacional vem acompanhado do aumento do padrão de consumo de produtos dos mais diversos segmentos. Se por um lado, as pessoas adquirem novos hábitos de consumo, há que se supor que adquiram também hábitos corretos de descarte de resíduos. No entanto, não é o que se verifica em grande número de cidades brasileiras, nas quais, os resíduos são depositados em “lixões” de forma inadequada, ou mesmo nas ruas, becos ou terrenos baldios.

Desta forma, muitos problemas urbanos gerados são de cunho socioeconômico-ambiental, desde a desfiguração da paisagem até o comprometimento da saúde pública, por meio do sub-emprego e propagação de doenças, incluindo grande número de crianças como catadores informais, e os impactos na água, solo e ar, demandando mais recursos financeiros para a mitigação, correção ou eliminação destes impactos.

Sabe-se, então, de maneira sucinta, quais as principais consequências do descarte de resíduos de maneira inadequada e sem obedecer aos critérios das políticas públicas que tratam sobre o tema em âmbito nacional e, para que seja possível estabelecer um estudo sobre a dinâmica que envolve o fluxo de descarte de resíduos faz-se necessário que a seguir citemos uma definição conceitual de “Resíduo”, objeto deste estudo.

Resíduo sólido é todo aquele material produzido por atividades humanas, ou animais em alguns casos, que freqüentemente é descartado como algo indesejado ou inútil. Pode-se dizer que se trata de uma massa heterogênea de materiais descartados pela comunidade urbana, da mesma forma os rejeitos pela agricultura e pela indústria (SANTANA, 2005). As comunidades rurais também os geram, mas de uma forma geral, reaproveitam mais os resíduos orgânicos, em virtude das criações de animais.

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conceitos distintos. Conforme consta do inc. XV, do art. 3º, da Lei nº 12.305/10, a definição de rejeitos é mais restrita e refere-se aos resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação, não apresentem alternativa além da disposição final ambientalmente adequada, ou seja, a distribuição segura e ordenada em aterros.

Os rejeitos domésticos e os rejeitos comerciais, às vezes, são considerados juntos como “Rejeitos Urbanos”. Já os processos industriais produzem rejeitos sólidos e ou semi -sólidos e podem ser explosivos, tóxicos ou radioativos. Indústrias de Processamento Químico produzem rejeitos orgânicos ou inorgânicos, que são misturas com variações na concentração de seus componentes.

No mundo, são descartados diariamente dois milhões de toneladas de resíduos domiciliares, cifra que ao longo de um ano fornece um total de 730 milhões de toneladas (WALDMAN, 2010). Todavia, observe-se que a maior parte dos resíduos sólidos urbanos (RSU) advém dos descartes das moradias, categoria conhecida com Resíduos Sólidos Domiciliares (RDO). Superando folgadamente os Resíduos Públicos (RPU) e as sobras do comércio, este rejeito, também rubricado como lixo domiciliar, é o principal do meio urbano.

Waldman chama a atenção para os aspectos sociais (2010, p. 31),

quando o assunto em pauta são os resíduos, o conceito de sociedade suscita múltiplas conjunturas propensas a impulsionar a reflexão. Dentre outras, a temática sugere atenção para as interfaces como as conjunturas históricas, padrão civilizatório, gostos culturais, fatores ecológicos, estilos de vida, contradições sociais e exercício de poder.

A constituição física dos RDO apresenta três grandes frações: a fração orgânica, úmida ou molhada, a fração inorgânica ou seca, e além destas, restos considerados inservíveis. Segundo Waldman, (2010) a fração orgânica, úmida ou molhada, corresponde à maior parte dos RDO, é basicamente composta por lixo culinário. Nela encontram-se: comida deixada no prato, grumos, gorduras, grãos recusados, talos, sementes, cascas, folhas, palha, borra de café, alimentos estragados, óleo de fritura, migalhas, ossos, sebo e ademais, restos de poda de jardim, dejetos de animais, etc. A fração úmida pode ser reincorporada aos ciclos de matéria e energia da natureza através da compostagem, processo que transforma a massa orgânica dos RDO em um recompositor de solos agrícolas.

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segura em aterros sanitários. Os outros 82 % depositam seus resíduos em locais irregulares, denominados de lixões.

A constituição dos resíduos sólidos é o material não aproveitado em processo produtivo, sendo caracterizado como restos de atividades humanas, e composto em sua maioria por resíduos orgânicos. No entanto, de acordo com o Compromisso Empresarial para Reciclagem – CEMPRE (2012), a composição do lixo no Brasil está dividida em: 51% de matéria orgânica, 35% de recicláveis e 14% de outros, destes, destacamos os chamados resíduos orgânicos, que compõem mais de 50% dos resíduos sólidos totais.

No entanto pouca atenção tem sido dada aos resíduos orgânicos produzidos nas residências, escolas, restaurantes, empresas e pela própria natureza, sendo de origem vegetal ou animal. Estes resíduos são também restos de alimentos (carnes, vegetais, frutos, cascas de ovos), madeira, ossos, sementes e etc. Segundo dados do CEMPRE (2012), cerca de 4% do lixo sólido orgânico urbano gerado no Brasil em 2010 foi reciclado, e 211 municípios brasileiros têm unidades de compostagem, estando a maior concentração nos estados de Minas Gerais (78) e Rio Grande do Sul (66) unidades. Isto demonstra a necessidade de se aumentar estes espaços, e disseminá-los pelo restante do país.

Os resíduos orgânicos ao se biodegradarem produzem lixiviado e gases, sendo o maior percentual de metano, de maneira a contribuírem gravemente para a poluição ambiental. Por outro lado, a compostagem que é o processo de decomposição biológica da matéria orgânica presente no lixo, por meio da ação de microorganismos existentes nos resíduos, em condições adequadas de aeração, umidade e temperatura, pode contribuir sobremaneira para a diminuição de impactos negativos para o meio ambiente. Segundo o CEMPRE (2012), o processo de compostagem pode resultar em adubo de alta qualidade, na proporção de 500 quilos de composto orgânico por cada tonelada de lixo doméstico.

O Relatório do Banco Mundial para a América Latina, realizado em 1990 (PROIN/CAPES; UNESP/ICGE, 1999) já apontava a Região Nordeste do país como aquela que pratica a disposição de resíduos mais inadequada para a conservação da natureza e qualidade de vida das pessoas. Acredita-se que esse cenário pouco tenha mudado nos dias de hoje, pois é possível verificar-se in loco a quantidade de lixo acumulado de forma

desordenada em muitos pontos das maiores cidades nordestinas.

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Gráfico 01: Deposição de resíduos sólidos pelos municípios brasileiros Fonte: Pesquisas ABRELPE 2010 e 2011.

Sendo que, conforme termos percentuais houve um discreto aumento na destinação final ambientalmente adequada de RSU, em relação ao ano de 2010. Em termos quantitativos, no entanto a destinação inadequada cresceu 1,4% isto representa 23,3 milhões de toneladas de RSU dispostos em lixões e aterros controlados.

Desta maneira, destaca-se a representatividade de trabalhos e estudos voltados para uma melhor adequação da gestão dos resíduos sólidos no Brasil. No Gráfico 02, apresenta-se a composição gravimétrica média dos RSU coletados no Brasil, de acordo com o resultado das Audiências e Consulta Pública para Conselhos Nacionais, citado pala ABRELPE (2012).

Gráfico 02: Composição dos resíduos sólidos nos municípios brasileiros Fonte: ABRELPE (2012).

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Material Participação Quantidade (t/ano)

Metais 2,9% 1.610.499

Papel, Papelão, TetraPak 13,1% 7.275.012

Plástico 13,5% 7.497.149

Vidro 2,4% 1.332.827

Matéria Orgânica 51,4% 28.544.702

Outros* 16,7% 9.274.251

Total 100,0% 55.534.440

Tabela 01: Participação dos Materiais no Total de RSU Coletado no Brasil

Fonte: Pesquisa ABRELPE 2011 e Plano Nacional de Resíduos Sólidos - Versão pós Audiências e Consulta Pública para Conselhos Nacionais (Fevereiro/2012)

(*) OUTROS - Incluem-se:

 rejeitos inertes de difícil reciclagem (entulho, por exemplo);

 lixo hospitalar;

 outros resíduos domésticos variados (óleos, lubrificantes, tintas, pesticidas, etc).

Na análise da tabela 01 pode-se observar que grande quantidade, cerca de 31,9%, do lixo produzido no Brasil é potencialmente utilizável para reciclagem, soma-se a isso a estimativa de produção de resíduo orgânico, 51,4%, que se presta a ser transformado em composto, o que diminuiria significativamente o volume de material que vai para os aterros sanitários, aumentando dessa forma o seu tempo de vida.

No que diz respeito à coleta seletiva no Brasil, dos 5.565 municípios, 3.263 (58,6%) indicaram a existência de iniciativas de coleta seletiva, em 2011, segundo a ABRELPE, como pode-se observar no Mapa 01, vê-se ainda as quantidades destas iniciativas nas diversas regiões do país.

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Mapa 01: Quantidades / Percentuais de Municípios por Região e Brasil em que existem Iniciativas de Coleta Seletiva

Fonte: Pesquisa ABRELPE/ 2011.

Os dados referentes à coleta e geração de RSU no Estado da Paraíba, podem ser visualizados na tabela 02 e demonstram aumento na geração de resíduos.

Tabela 02: Coleta e Geração de RSU no Estado da Paraíba.

Fonte: Pesquisa ABRELPE 2010 e 2011, PNAD (2002 a 2010) e IBGE 2011.

1.1. Gestão Integrada e o Lugar da Participação

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Refere-se aos aspectos tecnológicos e operacionais da questão, envolvendo fatores administrativos, gerenciais, econômicos, ambientais e de desempenho: produtividade e qualidade, por exemplo, e relaciona-se à prevenção, redução, segregação, reutilização, acondicionamento, coleta, transporte, tratamento, recuperação de energia e destinação final de resíduos sólidos.

Assim, entende-se o Modelo de Gestão de Resíduos Sólidos como um "conjunto de referências político-estratégicas, institucionais, legais e financeiras capaz de orientar a organização do setor".

Consideram-se elementos indispensáveis na composição de um modelo de gestão:

 Reconhecimento dos diversos agentes sociais envolvidos, identificando os papéis por eles desempenhados e promovendo a sua articulação;

 Consolidação da base legal necessária e dos mecanismos que viabilizem a implementação das leis;

 Mecanismos de financiamento para a auto-sustentabilidade das estruturas de gestão e do gerenciamento;

 Informação à sociedade, empreendida tanto pelo poder público quanto pelos setores produtivos envolvidos, para que haja um controle social;

 Sistema de planejamento integrado, orientando a implementação das políticas públicas para o setor.

Deste modo, a composição de modelos de gestão fundamenta-se nos seguintes aspectos, que devem ser articulados: arranjos institucionais; instrumentos legais e mecanismos de financiamento.

A partir de um modelo básico de gestão de resíduos sólidos, contemplando diretrizes, arranjos institucionais, instrumentos legais, mecanismos de financiamento, e outras questões pertinentes, pode-se criar uma estrutura para o gerenciamento dos resíduos, de acordo com este modelo de gestão.

Segundo Tchobanoglous etal.,(1993) apud Schalch (2002), gerenciamento de resíduos

sólidos pode ser definido como a disciplina associada ao controle da geração, estocagem, coleta, transferência, transporte, processamento e disposição dos resíduos sólidos, de acordo com princípios de saúde pública, econômicos, de engenharia, de conservação, estéticos, e de proteção ao meio ambiente, sendo também responsável pelas atitudes públicas.

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complexa relação interdisciplinar, compreendendo os aspectos políticos e geográficos, o planejamento local e regional, elemento de sociologia e demografia, entre outros.

Gerenciar os resíduos de forma integrada é articular ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento que uma administração municipal desenvolve, apoiada em critérios sanitários, ambientais e econômicos, para coletar, tratar e dispor o lixo de uma cidade, ou seja: é acompanhar de forma criteriosa todo o ciclo dos resíduos, da geração à disposição final, empregando as técnicas e tecnologias mais compatíveis com a realidade local.

Este ciclo começa com a coleta, considerando os diferentes tipos de fontes (domésticas, industriais, hospitalares, etc.). A coleta pode ser: seletiva, quando os materiais são destinados à reciclagem e não seletiva, quando é feito o transporte dos resíduos até os locais de disposição final ou de tratamentos (incineração, compostagem, separação, etc.).

Do processo de tratamento são recuperados alguns materiais destinados à reciclagem ou ao reaproveitamento em determinadas atividades, e produzidos novos resíduos, que são conduzidos à disposição em aterros sanitários. Os materiais da reciclagem fecham o ciclo, alimentando as diferentes fontes de resíduos.

Para um bom gerenciamento de resíduos o gestor deve buscar parcerias com: instituições públicas; regionais, subsidiárias ou representações; cooperativas de catadores; comunidade; empresas de coleta seletiva; empresas de reciclagem e com relação aos tipos de tratamento temos: triagem ou segregação de resíduos; compostagem; reciclagem e incineração.

A triagem consiste na separação manual de materiais provenientes de resíduos, para definir a possibilidade de utilização dos mesmos para outros fins, como por exemplo, para a reciclagem. A triagem somente é realizada em resíduos sólidos que podem ser reutilizados para alguma finalidade.

A compostagem é o processo biológico pelo qual a matéria orgânica existente nos resíduos é convertida em outra, mais estável, pela ação de microorganismos já presentes no próprio resíduo ou adicionados por meio de inoculantes, rica em nutrientes, que pode ser usada na agricultura ou outras formas de produção de vegetais.

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A reciclagem é o processo de recuperação e transformação em novos produtos, de materiais de difícil decomposição como metais, vidros e plásticos (PHILIPPI Jr., 1999). Podemos também acrescentar os materiais de fácil reaproveitamento, como por exemplo, o papel.

A reciclagem pode ser destinada à produção de materiais semelhantes aos originais, como é o caso de garrafas de vidro produzidas a partir do vidro de outras garrafas, ou ainda, para produção de materiais diferentes dos originais, como por exemplo, bancos de jardim e objetos de gramados produzidos de garrafas plásticas (MURCK; SKINNE; PORTER, 1996).

Segundo a Associação Brasileira do Alumínio – ABAL (2012) o Brasil é o campeão mundial de reciclagem de latas de alumínio, chegando a reciclar cerca de 5,5 bilhões de latas, recuperando 65% da produção nacional, superando os Estados Unidos que recuperou 63%. Isso decorre do mercado de reciclagem deste elemento estar bem estruturado, ao mesmo tempo em que a miséria da população faz com que a mesma aproveite tudo o que pode gerar renda, não sendo o resultado de uma política pública instituída.

A incineração é o processo de combustão, sob condições controladas, com enriquecimento de 50 a 150% de O2 em relação ao ar, produzindo a completa oxidação/destruição das moléculas do resíduo pelo oxigênio. As temperaturas do processo de incineração são de 900 a 1.000 ºC, reduzindo o volume do material em 75 a 95% (KELLER, 2000). As suas vantagens são: a redução volumétrica; não geração de efluentes líquidos; a destruição de substâncias é dependente de sua estabilidade térmica e não da periculosidade dos resíduos e a possibilidade de recuperação energética. As desvantagens são: elevado custo inicial; mão-de-obra especializada; problemas operacionais e de manutenção; elevado custo energético, poluição atmosférica, o que requer controle de emissões e a polêmica nacional quanto às dioxinas e furanos (que podem ser tóxicos).

Em todos os processos descritos acima, entende-se a participação social da população, como elemento fundamental para a gestão dos resíduos sólidos urbanos, uma vez que a mesma deve ser co-responsável pela gestão dos RSU, desde a sua geração até o seu destino e tratamento final.

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Gráfico 03: Destinação Final de RSU no Estado da Paraíba (t/dia) Fonte: Pesquisa ABRELPE 2010 e 2011.

1.2 Destinação de Resíduos Sólidos Orgânicos: Mundial e Brasil

Uma revisão inicial sobre este tema vem trazer exemplos internacionais a respeito dos modelos atuais de gestão de resíduos sólidos. A seguir incluiremos alguns exemplos de tratamento de resíduos sólidos na Índia, alguns países europeus e Brasil (Minas Gerais e Paraíba), destacando o tratamento dispensado aos resíduos orgânicos.

1.2.1 Resíduos sólidos orgânicos na Índia

A compostagem tem sido praticada na Índia rural há séculos por fazendeiros, no tratamento de seus próprios resíduos domésticos e agrícolas, e os retornando como composto aos seus campos, para aumentar a fertilidade dos solos (Zhu, etal., 2008).

Com relação às parcerias de compostagem, a Índia, segundo Zhu, et al., (2008)

consideram que os esquemas de compostagem, são oportunidades ideais para a participação do setor privado ou o envolvimento de ONGs. Defende-se que as autoridades municipais, raramente têm o know-how e capacidade para dirigir usinas de compostagem, precisando coordenar e terceirizar o tratamento de resíduos orgânicos, como regulamentado pela legislação.

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Segundo Zhu, et al., (2008), os projetos de compostagem devem ser acompanhados

por esforços concentrados de marketing e campanhas de conscientização no setor agrícola, e, a municipalidade deve se responsabilizar, através do pagamento apropriado das taxas de tratamento de resíduos às usinas de compostagem (como exigidas por outras usinas de tratamento, tais como incineradores).

Neste país, as parcerias públicas, privadas ou públicas comunitárias geram oportunidades excelentes de gestão, podendo ser projetadas realisticamente. Na Índia, o programa de gestão de resíduos enfatiza especialmente a importância do tratamento de resíduos biodegradáveis, considerando a compostagem, atualmente como sendo a opção de tratamento mais apropriada para o país, pois considera-se que a degradação descontrolada gerada pelos resíduos é minimizada por este processo de tratamento, reduzindo o lixo orgânico de 25% a 30 % do lixo inicial. Atualmente planos de compostagem operam em cerca de 50 cidades na Índia. Com relação às autoridades municipais Zhu, etal., (2008), observam

que elas raramente têm “know-how” para gerir planos de compostagem, precisando da participação do setor privado e envolvimento de ONG’s para a coordenação e parcerias no tratamento de resíduos orgânicos, e, devem ser acompanhados por campanhas de incentivo no setor da agricultura, em função da política a favor dos fertilizantes químicos e da propaganda negativa relativa aos compostos orgânicos.

A urbanização na Índia criou um novo problema. Os resíduos domésticos urbanos ainda contêm até 55% de resíduos biodegradáveis, mas são cortados da reutilização rural e, portanto, são eliminados em esgotos ou aterros. A degradação incontrolável de matéria orgânica está causando problemas higiênicos e ambientais em muitas áreas urbanas, a compostagem, em contrapartida, é um processo de tratamento biológico controlado, no qual bactérias e fungos degradam resíduos orgânicos, sob condições aeróbicas, em uma substância húmus chamada composto.

A compostagem é benéfica num sistema de Gestão de Resíduos Sólidos (GRS), porque reduz os resíduos orgânicos de 25 a 30 por cento do seu peso inicial. Se os resíduos forem compostados próximos à sua fonte de geração (por exemplo, a nível de casa ou vizinhança), uma parcela consideravelmente menor de resíduos terá que ser transportada e eliminada, diminuindo outros impactos ambientais, gerados pelo transporte.

Atualmente, usinas de compostagem operam em aproximadamente 50 cidades na Índia segundo Zhu, i et al., (2008), usinas em grande escala, que tratam entre 100 e 700 toneladas

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por metais pesados e outros poluentes. Cidades como Bangalore, Chennai, Mumbai, e Pune, possuem esquemas de compostagem comunitários através dos quais os resíduos classificados são transformados em compostos de alta qualidade.

1.2.2 A realidade brasileira e o panorama de RSU em alguns países da Europa

Atualmente, a Recuperação Energética é considerada uma realidade e importante alternativa no gerenciamento dos resíduos urbanos. Países que adotaram esse processo, além de criar novas matrizes energéticas, conseguiram reduzir substancialmente o volume de seus resíduos sólidos.

Muito embora a Recuperação Energética - ao contrário de outros países - ainda não exista no Brasil, a ABRELPE e a PLASTIVIDA entendem que essa é uma alternativa ambientalmente correta, que deve ser considerada pelos municípios quando da elaboração dos seus planos de gestão integrada de resíduos, com vistas a um futuro mais sustentável.

O termo Recuperação Energética é utilizado para denominar os métodos e processos industriais que permitem recuperar parte da energia contida nos resíduos sólidos. Os métodos mais empregados utilizam a incineração e, com o calor obtido, gera-se vapor e/ou energia elétrica que pode ser novamente aproveitada pela sociedade.

Em conformidade de onde e como são geradas, as características dos RSU varia (composição, poder calorífico, umidade, etc.), o que influencia diretamente na eficiência do sistema de recuperação energética. Basicamente a recuperação energética pode ser dividida em dois grupos: Incineração/Mass Burning (com excesso de oxigênio) e Gaseificação/Pirólise (com déficit de oxigênio).

O gráfico a seguir apresenta a evolução das formas de tratamento de resíduos sólidos em toda a Europa. A tendência tem sido a diminuição dos aterros que teve redução de 33% e o aumento de outras formas de destinação como o tratamento térmico que teve um incremento de 34%, processos alternativos e compostagem que subiram 102% e um aumento de 54% com a reciclagem.

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Gráfico 28: Evolução dos tratamentos dos resíduos sólidos urbanos na Europa (kg per capita).

Fonte: Eurostat.

Com esta hierarquia determinada pela PNRS, verifica-se que reciclagem e recuperação energética não são tecnologias concorrentes e sim complementares. Considerando a realidade dos sistemas de coleta, é evidente que os resíduos secos, separados e coletados na fonte, são aptos para reciclagem e devem ter seu encaminhamento nesse sentido. Para os demais resíduos, coletados misturados e contaminados com as frações orgânicas, a forma mais eficiente de destinação é a recuperação energética.

Além disso, também o rejeito do processo de triagem e reciclagem pode ser destinado às usinas de recuperação energética.

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Gráfico 29: Estatísticas européias de tratamento do RSU (Dados de 2009) Fonte: Eurostat.

Segundo o professor de Engenharia Ambiental da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp), Sandro Mancini: “O Brasil está caminhando para adotar o modelo americano de tratamento de lixo”. Nos Estados Unidos o conceito é construir grandes aterros sanitários afastados das cidades. Por se produzir muito lixo, embora haja reciclagem, ela não é suficiente. Isto, por si só, não resolve os problemas, porque grandes aéreas serão ocupadas com os aterros e contaminação ambiental ainda é passível, principalmente se não houver associado com o aterro o aproveitamento do gás metano produzido. O lixiviado é outro problema, que mesmo sendo encaminhado para as lagoas de estabilização, não existe ainda um tratamento adequado, para quantidades tão grandes de nutrientes, que aí são jogados e desperdiçados. Logo, a solução tem de partir da diminuição do envio de resíduos sólidos para os aterros e principalmente da diminuição de orgânicos, que são os resíduos mais danosos.

Mancini (2011) destaca que, no mundo, existem dois grandes modelos de gerenciamento na destinação dos resíduos: um europeu, que visa o conceito de aterro zero com foco na reciclagem; e outro americano, que tem por base a construção de aterros. O professor cita como exemplo “O lixo doméstico de Nova York que é enviado para um grande aterro a 600 km da cidade”. Mais uma vez fica demonstrado a pouca sustentabilidade do modelo americano, que agrega grandes custos, aumentando a pegada ecológica a processos que poderiam ser revertidos em benefícios, como o modelo europeu.

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têm de ser recolhidos e compostos separadamente. A lei européia define ainda, a necessidade de redução de resíduos para todos os países do continente, com o estabelecimento de metas e prazos.

Por outro lado, no Brasil, contrariamente ao caminho tomado pelos países da Europa, ainda estamos discutindo jogar o lixo no lixo e construindo aterros caríssimos quando na verdade o indicado é que os aterros deverão ser eliminados, como estão sendo na Europa e deverão ser no restante do mundo.

O paradoxo aparece quando se comparam os números mesmo com a coleta seletiva restrita a poucos municípios, o Brasil é um dos campeões de reciclagem. De acordo com dados do CEMPRE (Compromisso Empresarial para a Reciclagem), o Brasil reciclou, em 2008, aproximadamente 91,5% da produção nacional de latas, enquanto o Japão recuperou 90,8%, a Argentina reciclou 87,3% e os Estados Unidos, 54,2%.

Em relação a garrafas PET, os Estados Unidos reciclaram 27%, a Europa, 46%, e o Brasil, 54,8%. O campeão é o Japão, com 69,2%. De acordo com Mancini, o sucesso brasileiro dá-se pelo grande número de catadores que se formaram de maneira independente, tendo esta função como única maneira de sobrevivência à miséria.

Em 2011, dos 5.565 municípios, 3.263 (58,6%) indicaram a existência de iniciativas de coleta seletiva. Embora a quantidade de municípios com atividades de coleta seletiva seja considerável, é importante destacar que muitas vezes tais atividades resumem-se na disponibilização de Pontos de Entrega Voluntária (PEV) à população ou na formalização de convênios com cooperativas de catadores para a execução dos serviços, sem, no entanto haver uma rede compartilhada para tratar os RSU.

1.3 Experiências de Gestão dos Resíduos Orgânicos no Brasil

Com relação à gestão dos resíduos orgânicos no Brasil, tem-se algumas experiências e citamos a seguir um exemplo de uma empresa em Minas Gerais – CEMIG e no final deste capítulo um modelo de gestão implantado na Paraíba - EMPASA, o qual foi incorporado à esta pesquisa pela sua relevância.

A Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG, fundada em 22 de maio de 1952, é uma holding composta por mais de 100 empresas e com participações em consórcios e

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Esta empresa atua nas áreas de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, na distribuição de gás natural, por meio da Companhia de Gás de Minas Gerais – GASMIG, e telecomunicações, por meio da Cemig Telecom, e no uso eficiente de energia, por meio da Efficientia.

A CEMIG investe no desenvolvimento de alternativas energéticas por meio de diversos programas voltados para a sustentabilidade, dentre eles um programa relacionado à gestão de resíduos sólidos, com destaque para a quantidade de resíduos enviados para o aterro sanitário de 2006 a 2010 (Tabela 03).

Tabela 03: Destinação final de resíduos sólidos orgânicos em Minas Gerais

Destinação final de resíduos* (t)

Ano Reciclagem e reutilização Incineração e coprocessamento

2006 3165 734

2007 4592 318

2008 15.076 730

2009 13.345 501

2010 7.101 254

2011 14.779 232

*No período de 2006 a 2010, o volume de resíduos enviados para o aterro foi zero. Fonte: CEMIG 2011

A CEMIG incluiu a gestão ambiental dos resíduos orgânicos gerados nas suas instalações o que nos fez incluí-la como exemplo, uma vez que este é o foco do nosso estudo. Implantou em 2004, a compostagem, tendo por objetivo transformar os resíduos orgânicos putrescíveis em húmus e diminuir o envio de resíduos para o aterro e/ou lixões.

A iniciativa objetivou promover a melhoria contínua do Sistema de Gestão Ambiental por meio da redução da quantidade de resíduos gerados e os demais benefícios provenientes da compostagem, uma vez que esse processo permite a ciclagem da matéria orgânica e traz vantagens comparativamente aos adubos químicos, promovendo a melhoria da qualidade do solo pela aplicação, na terra, ou diretamente junto às plantas, do húmus produzido, que pode incluir o uso das minhocas, formando um vermicomposto.

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empresa acredita que a disposição, tratamento e responsabilidade sobre o “lixo doméstico”, no espaço urbano não deve ser somente responsabilidade do poder público.

As Composteiras instaladas são feitas de alvenaria e tiveram o dimensionamento adequado à quantidade de resíduos gerados em cada instalação. Os resíduos orgânicos gerados no âmbito das instalações da distribuidora são encaminhados para a composteira e o processo da vermicompostagem os transforma em húmus. O tempo médio para a conclusão do processo é em média 90 dias.

A vermicompostagem ou “Barril ecológico” é realizado por meio da minhoca. A minhoca ingere terra e matéria orgânica equivalente ao seu próprio peso e digerindo e expelindo cerca de 60% do que comeu sob a forma de excrementos (húmus). A minhoca recicla, assim, restos de comida e outra matéria orgânica, produzindo um adubo orgânico rico em flora bacteriana (cerca de 2 milhares de bactérias vivas e ativas, por cada grama de húmus produzido) e devolvendo para a terra cinco vezes e meio mais nitrogênio, duas vezes mais cálcio, duas vezes e meia mais magnésio, sete vezes mais fósforo e onze vezes mais potássio do que contém o solo do qual se alimenta.

A composteira (Figura 02 a e 02 b) tem como função principal transformar todo o material orgânico em adubo natural (húmus). Outra função é a de poder produzir minhocas. Desta maneira, temos exemplos de empresas promovendo práticas sustentáveis e disseminando-as para o público interno e externo com excelentes resultados, através de construção simples (Figura 03 a e 03 b).

.

Figura 02 a: Composteira na

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000

Uma vez apresentadas as experiências acima, conceitua-se a seguir os termos gestão e gerenciamento, descrevendo-se ainda os tipos de tratamento para os resíduos sólidos, culminando com o reconhecimento da importância da participação para o tratamento dos RSU.

1.4. Reaproveitamento de Resíduos Orgânicos em João Pessoa

Com o objetivo de relatar experiências que façam parte da realidade paraibana, foi feito um estudo de caso em dois espaços: uma associação comunitária e outra em uma empresa pública, sendo uma na comunidade da Praia da Penha e outra na EMPASA de João Pessoa. A finalidade desse relato foi sensibilizar e mostrar iniciativas inovadoras de compostagem próximas e que podem ser socializadas e replicadas.

1.4.1 Experiência da associação de produtores de frutos do mar da praia da penha

Na Escola Municipal Antonio Santos Coelho Neto, localizada na Praia da Penha em João Pessoa, há um trabalho relativo à coleta seletiva deste o ano de 2006, que contempla a produção de composto orgânico pelos moradores da Praia da Penha. Este projeto é um exemplo de gestão comunitária com parceria institucional e foi implementado na Associação de Pescadores da Praia da Penha.

Este projeto inicialmente teve o apoio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de João Pessoa, por meio da Diretoria de Educação Ambiental a qual a pesquisadora era a gestora na época, e vem sendo desenvolvido pela Universidade Federal da Paraíba.

Figura 03 a: Composto orgânico - em Ituiutaba

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O projeto teve início na escola por meio da sensibilização dos alunos para a separação do lixo, uma vez que são filhos de pescadores locais, e em seus objetivos está, a produção do composto orgânico realizado a partir dos resíduos orgânicos domésticos produzidos pelas famílias desses pescadores da Praia da Penha.

Este projeto visa à produção aquícola e para isso é necessário produzir toda a cadeia alimentar, que se inicia com as microalgas. Para que se possam produzir microalgas, é necessário que haja nutrientes, que se adquiridos comercialmente, a produção torna-se muito dispendiosa, desta maneira o aproveitamento do composto orgânico para a liberação de seus nutrientes em água é utilizado.

Após a disponibilização de nutrientes, presentes no composto processam-se a produção de microalgas (fitoplâncton), que alimentará o zooplâncton, ambos são alimentos para todo o tipo de organismos aquáticos.

Desta forma os pescadores aproveitam os seus resíduos orgânicos domiciliares, para a custo zero, produzirem algas em larga escala, para os seus sistemas de produção aquícola, favorecendo assim, o aumento da produção do pescado.

Neste caso não tem-se dados sobre a quantidade de resíduos orgânicos que são aproveitados, mas sabe-se que estes (Figura 04) são utilizados pela comunidade para a produção de composto (Figura 05), que é aproveitado como meio de cultura para a produção de microalgas, que são utilizadas atualmente na alimentação de ostras. Como podemos ver na Figura. 06. O processo de produção de microalgas com o uso de composto é viável, atingindo estas densidades elevadas.

Figura 04: Material orgânico separado para composto na Praia da Penha

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Figura 06: Culturas algais em larga escala, produzidas na Praia da Penha a partir de composto

Fonte: Cristina Crispim, 2008.

1.4.2 Estudo de caso da EMPASA

Projeto 1 - Experiência de compostagem em uma unidade de abastecimento público de alimentos de João Pessoa

Metodologia Projeto 1 - EMPASA

A investigação da unidade de compostagem implantada por esta empresa foi realizada por meio de visitas à EMPASA, aplicação de entrevistas com técnicos, e questionários com feirantes e comerciantes para compreender os processos adotados. Neste período foi programada e realizada uma visita com um grupo de alunos do Projeto 4 deste estudo, como parte da sensibilização e capacitação oferecida a eles.

Por serem os resíduos orgânicos o elemento norteador da pesquisa, incluímos a iniciativa da EMPASA, como experiência exitosa no Estado da Paraíba, como modelo de gestão pública e exemplo local ao universo estudado.

Imagem

Tabela 02: Coleta e Geração de RSU no Estado da Paraíba.
Gráfico 03: Destinação Final de RSU no Estado da Paraíba (t/dia)   Fonte: Pesquisa ABRELPE 2010 e 2011
Gráfico  28:  Evolução  dos tratamentos  dos  resíduos  sólidos  urbanos  na  Europa  (kg  per  capita)
Gráfico 29: Estatísticas européias de tratamento do RSU (Dados de 2009)  Fonte: Eurostat
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Referências

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