• Nenhum resultado encontrado

Nossa Santa Maria: um programa de educação para a participação (WEB)cidadã impulsionado pelas tecnologias educacionais em rede

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Nossa Santa Maria: um programa de educação para a participação (WEB)cidadã impulsionado pelas tecnologias educacionais em rede"

Copied!
188
0
0

Texto

(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS EM REDE – MESTRADO PROFISSIONAL. Andrewes Pozeczek Koltermann. NOSSA SANTA MARIA: UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PARA A PARTICIPAÇÃO (WEB)CIDADÃ IMPULSIONADO PELAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS EM REDE. Santa Maria, RS 2016.

(2) Andrewes Pozeczek Koltermann. NOSSA SANTA MARIA: UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PARA A PARTICIPAÇÃO (WEB)CIDADÃ IMPULSIONADO PELAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS EM REDE. Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional do Programa de PósGraduação em Tecnologias Educacionais em Rede, na Área de Concentração Tecnologias Educacionais em Rede para Inovação e Democratização da Educação, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Tecnologias Educacionais em Rede.. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Elena Maria Mallmann. Santa Maria, RS 2016.

(3) Ficha catalográfica elaborada através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Central da UFSM, com os dados fornecidos pelo autor.. ______________________ @ 2016 Todos os direitos autorais reservados a Andrewes Pozeczek Koltermann. A reprodução de parte ou de todo deste trabalho só poderá ser feita mediante a citação da fonte. E-mail: apk@doisac.com ______________________.

(4) Andrewes Pozeczek Koltermann. NOSSA SANTA MARIA: UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PARA A PARTICIPAÇÃO (WEB)CIDADÃ IMPULSIONADO PELAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS EM REDE. Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional do Programa de PósGraduação em Tecnologias Educacionais em Rede, na Área de Concentração Tecnologias Educacionais em Rede para Inovação e Democratização da Educação, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Tecnologias Educacionais em Rede.. Aprovado em 21 de outubro de 2016.. _____________________________________ Elena Maria Mallmann, Dr.ª (Presidente/Orientadora). _____________________________________ Valmor Scott Junior, Dr. (UFpel). _____________________________________ Jerônimo Siqueira Tybusch, Dr. (UFSM). Santa Maria, RS 2016.

(5) DEDICATÓRIA. Ao meu filho, André de Souza Pozeczek, dedico mais do que a expressão de trabalho que representa a presente etapa. Dedico o relato de parte do que sou e acredito, daquilo que espero que ele possa desfrutar. Mas, sobretudo, participar. Dedico a ele toda a minha esperança e expectativa em torno não só de uma Santa Maria efetivamente nossa, mas de um mundo, possivelmente, de/para todos..

(6) AGRADECIMENTOS Aos Idealizadores do Site Nossa Santa Maria: Iuri Lammel, Ricardo Pippi Reis, Gilson Piovezan e Liana Merladete. Sem os esforços e iniciativa empreendedora este, hoje, não seria possível. À Dois Atitude Criativa, empresa que manteve o projeto ativo, mesmo quando poucos acreditavam em sua potencialidade. À FADISMA, pela oportunidade de levar o projeto aos bancos da academia, unindo a ferramenta a uma metodologia de trabalho, transformando-o em uma Programa de Ensino, Pesquisa e Extensão. Ao Núcleo de Estudos em Webcidadania e a todos os seus membros, sejam eles sêniores, egressos, discentes ou docentes, que atuaram, direta e indiretamente, junto ao Programa, possibilitando o seu amadurecimento e consolidação. À UFSM e ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Educacionais em Rede, pela possibilidade de uma rica qualificação, em um ensino de qualidade, público e gratuito. À minha orientadora. Profª Dr.ª Elena Maria Mallmann por, primeiramente, acreditar neste projeto, mas, principalmente, pela sua paciência e sabedoria na condução deste discípulo. À minha banca da Qualificação da Dissertação: Profª. Drª. Dóris Roncarelli, pelas suas considerações e anotações meticulosas, capricho, organização das ideias e completo envolvimento com o tema proposto; Prof. Dr. Jerônimo Siqueira Tybusch, pelas sugestões certeiras e pelo conhecimento qualificado quanto ao tema, oportunizando um grande salto na qualidade; Profª. Drª. Taís Fim Alberti, por oportunizar a visualização de outra perspectiva e entendimento sobre o trabalho proposto. A todos.... os meus mais sinceros agradecimentos! À minha mãe, Ione, sempre incentivadora do aprimoramento acadêmico. Ao meu pai, Egidio, que, através de seus exemplos e conhecimento, oportunizou me tornar aquilo que hoje sou. Deles este trabalho muito tem. À minha irmã, Annie, um grande exemplo de pesquisadora, profissional e docente..

(7) 6. Mas não poderia deixar de agradecer aqueles que me acompanharam durante todo o período de mestrado, não apenas me ajudando, mas cobrindo muitas das minhas obrigações para que eu pudesse me dedicar por completo. Aquela que cuidou de tudo, organizando o dia para que sobrasse tempo para as reflexões, pesquisas e estudos. Aquela que enquanto (eu) neste estava, nunca deixou que nada na família faltasse. Falo de minha esposa Liana. Para ela, faltam palavras de agradecimentos, pois foi mais do que parceira, fez parte desta rotina. Foi mais do que ouvidos, foi fonte inspiradora e troca de ideias. Foi mais do que mãos e braços, foram imersões diretas neste. Foi mais do que corpo e alma, foi a própria razão de aqui, no final, estar..

(8) Se trabalharmos sobre o mármore, um dia ele acabará. Se trabalharmos sobre o metal, um dia o tempo o consumirá. Se erguermos templos, um dia se tornarão pó. Mas se trabalharmos sobre almas jovens e imortais, se nós as imbuirmos com os princípios do justo temor ao criador e amor à humanidade, daqui a cem anos pouco importará o quanto tenhamos acumulado no banco; que tipo de casa, palacete ou carro possuímos. Mas o mundo poderá ser diferente, talvez porque fomos importantes na vida dos jovens. (Frank Sherman Land).

(9) RESUMO. NOSSA SANTA MARIA: UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PARA A PARTICIPAÇÃO (WEB)CIDADÃ IMPULSIONADO PELAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS EM REDE. Autor: Andrewes Pozeczek Koltermann Orientadora: Elena Maria Mallmann. O presente estudo, desenvolvido no curso de Mestrado Profissional em Tecnologias Educacionais em Rede da UFSM, é abalizado no Programa Nossa Santa Maria, focado na educação para a participação cidadã em uma faculdade privada. É enquadrado na linha de pesquisa Gestão de Tecnologias Educacionais em Rede, dentro da Área de Concentração Tecnologias Educacionais em Rede para Inovação e Democratização da Educação. O seu propósito geral consistiu em compreender limites e potencialidades das Tecnologias Educacionais em Rede (TER) no processo de ensino-aprendizagem para incrementar a participação cidadã no âmbito do referido programa. O trabalho tem sua teoria de base alicerçada em autores das Ciências Sociais e, especificamente, da seara da TER. Metodologicamente, perpassou pela dinâmica de investigação típica de Estudo de Caso, baseado em aplicação de entrevistas e observação participante. A contribuição concreta é a implementação de um Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem (AVEA), resultando em inovação incremental na esfera educacional do Programa Nossa Santa Maria. As ações e diagnósticos advindos do Estudo de Caso originaram, como produto do mestrado profissional, a elaboração de um Manual de Melhores Práticas. Na perspectiva futura, está a viabilização do Programa Nossa Santa Maria de forma totalmente online, com base no AVEA, já implementado e nas diretrizes estabelecidas no Manual de Melhores Práticas. Conclusivamente, destaca-se que o contexto da sociedade em rede impulsiona o (re)conhecimento da webcidadania pautada em metodologias de trabalho acadêmico no tripé ensino, pesquisa e extensão, com estrutura, ferramentas e instrumentos mediados pelas TER.. Palavras-chave: Sociedade em rede. (Web)cidadania. Participação cidadã. Tecnologias Educacionais em Rede..

(10) ABSTRACT. NOSSA SANTA MARIA: A EDUCATIONAL PROGRAM FOR THE (WEB) CITIZEN PARTICIPATION DRIVEN BY NETWORK EDUCATIONAL TECHNOLOGIES. Author: Andrewes Pozeczek Koltermann Adviser: Elena Maria Mallmann. The present study, developed during Professional Masters in Network Educational Technologies of the UFSM, is based on the Nossa Santa Maria Program, focused on education for the citizen participation in a private college. It is framed in the research line Management of Network Educational Technologies, within the Area of Concentration Educational Technologies in Network for Innovation and Democratization of Education. The overall aim was to understand the limits and potential of Network Educational Technologies (NET) in the teaching-learning process to increase citizen participation in the Nossa Santa Maria Program. The theoretical foundations of this work are based on Social Sciences authors, specifically those from the NET field. Methodologically, it adopted the investigation dynamics typical of Case Studies, based on application of interviews and participant observation. The practical contribution has been the implementation of a TeachingLearning Virtual Environment (TLVE), resulting in incremental innovation in the educational sphere at the Nossa Santa Maria Program. The actions and diagnoses from the Case Study originated, as an outcome of the master's programme, the preparation of a Manual of Best Practices. The aim for the future is to enable a fully online version of Nossa Santa Maria Program, based on TLVE, already implemented, and on the guidelines specified in the Manual of Best Practices. Conclusively, it should be highlighted that the network society's context drives the recognition/knowledge of web citizenship based on methodologies of academic work sustained by three pillars: education, research and extension, with structure, tools and instruments mediated by the NET.. Keywords: Network society. (Web) citizenship. Citizen participation. Network Educational Technologies..

(11) LISTA DE ILUSTRAÇÕES. Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7 Figura 8 Figura 9 Figura 10 Figura 11 Figura 12 Figura 13 Figura 14 Figura 15 Figura 16 Figura 17 Figura 18 Figura 19 Figura 20 Figura 21 Figura 22. Figura 23 Figura 24 Figura 25 Figura 26 Figura 27 Figura 28 Figura 29 Figura 30 Figura 31 Figura 32. Mapa conceitual da presente pesquisa ......................................... Projeto Wiki barulho, utilizando o WikiMapp .................................. MyFunCity: Cidades Sustentáveis ................................................. Página inicial do PortoAlegre.cc .................................................... Primeira versão do site Nossa Santa Maria .................................. Exemplo de postagem colaborativa no site Nossa Santa Maria ... Captura da página principal do site eletrônico Nossa Santa Maria, com destaque para as categorias em formato de ícones ... Etapas do Programa de Ensino, Pesquisa e Extensão ................. Print do Blog Nossa Santa Maria ................................................... Print da Revista Nossa Santa Maria .............................................. Print da Publicação Eletrônica "ReVista de Estudos em Webcidadania" no Google Livros ................................................... Ciclo da Pesquisa-Ação ................................................................. Ciclo do Programa durante a etapa de Execução ......................... Início das atividades da Primeira Turma do Programa Nossa Santa Maria ................................................................................... Preparação da Primeira Turma do NEW ....................................... Reuniões dos grupos/eixos de trabalho ........................................ Problema apontado na plataforma e posicionamento enquanto demanda ........................................................................................ Trabalho de Campo na Praça Dom Bosco .................................... Exemplo de ativismo digital elaborado pelo eixo ........................... Folder distribuído na comunidade do entorno da praça ................ Reunião em formato de Mateada na praça Dom Bosco ................ Reunião com representantes da Câmara de Vereadores de Santa Maria e entrega do Ofício de Solicitação de Informações e Providências ................................................................................. Apresentação Pública do Resultado dos Trabalhos de cada Eixo da Primeira Turma ......................................................................... Retorno do Legislativo quanto ao ofício de solicitação de informações e providências ........................................................... Solenidade de Formatura da Primeira Turma do Programa .......... Primeiro volume da publicação ReVista de Estudos em Webcidadania ................................................................................ Fotos atuais da Praça Dom Bosco ................................................ Linha do Tempo / Evolução do Projeto Nossa Santa Maria .......... Theme escolhido para o Moodle do Projeto .................................. Página Inicial do AVEA do Programa Nossa Santa Maria ............ Tela de abertura do "curso", com destaque para a apresentação do Programa ................................................................................. Detalhe do tópico (módulo) preparação no Moodle........................ 33 55 56 57 60 61 62 76 77 78 79 85 89 92 93 93 94 94 95 95 96. 96 97 98 98 99 100 101 124 125 126 128.

(12) LISTA DE TABELAS. Tabela 1. Moodle em números (julho de 2016) ............................................. 121.

(13) LISTA DE GRÁFICOS. Gráfico 1 Gráfico 2 Gráfico 3 Gráfico 4 Gráfico 5 Gráfico 6 Gráfico 7. Enquadramento Institucional no Programa ................................. Eficiência dos canais de comunicação atual ................................ Orientação e conteúdo em grupo fechado no Facebook .............. Transição de “rede social” para um Ambiente Virtual ................... Grau de Conhecimento quanto aos AVEA ................................... Domínio quanto a usabilidade de AVEA ...................................... Histórico de pesquisa de AVEAs no Google ................................. 106 107 108 109 110 110 122.

(14) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS. AVEA FADISMA IES NEW NossaSM TER UFSM. Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem Faculdade de Direito de Santa Maria Instituição de Ensino Superior Núcleo de Estudos em (Web)cidadania Nossa Santa Maria Tecnologia Educacional em Rede Universidade Federal de Santa Maria.

(15) LISTA DE APÊNDICES. Apêndice A Apêndice B Apêndice C Apêndice D. Pesquisa com Discentes, egressos e professores do Programa Nossa Santa Maria ..................................................................... Roteiro – Entrevista Dirigida – gestão da Faculdade .................. Tela inicial do AVAE do Programa completo ............................... Tela completa do Programa de Ensino, Pesquisa e Extensão no Moodle .................................................................................... 151 155 157 159.

(16) LISTA DE ANEXOS. Anexo A Anexo B Anexo C Anexo D. Cartas de anuências e autorizações ............................................ Tela de exemplificação de problema publicado na plataforma ..... Ofício de pedido de informação e providências ............................ Manual de Melhores Práticas do Programa Nossa Santa Maria ................................................................................................ 163 167 169 171.

(17) GLOSSÁRIO1. Programa Nossa Santa Maria / Nossa Santa Maria / (apenas) Programa: Atualmente em sua terceira turma, capacita, anualmente, discentes e egressos para uma postura e reflexão ativista. Realizado e conduzido pelo Núcleo de Estudos em (Web)Cidadania da FADISMA, é enquadrado institucionalmente nas dimensões de ensino, pesquisa e extensão. Alia alunos e professores em torno da importância da consciência da cidadania em prol do compartilhamento, de modo voluntário, de seu saber com a comunidade, dentro do intuito de tornar acessível aquilo que é norma e código e, por conseguinte, aproximando cidadãos - entre eles, das searas de atuação da Faculdade e de seu potencial social. Tem como base: estimular positivamente a participação dos munícipes nas discussões de caráter social, econômico, político e cultural; desencadear o resgate da mobilização social, fortalecimento de iniciativas positivas existentes e; principalmente, oportunizar participação ativa à população. Envolve, entre suas bases, o site Nossa Santa Maria, que possibilita, através da sua base de dados, ser objeto de pesquisa, extensão e ações ativistas sociais (FADISMA, 2016). Projeto / Ferramenta / Plataforma / Site Nossa Santa Maria: Trata-se de um sistema que possibilita a inserção de problemas de forma georreferenciada no mapa do município, localizado no endereço eletrônico www.nossasm.com.br. Oportuniza seus a usuários apontar desafios ao município, propondo ideias que fomentem soluções nas mais diversas áreas, como Cidadania, Cultura, Educação, Esportes, Lazer e Bem-Estar, Meio ambiente, Saúde, Segurança, Trânsito e Urbanismo. Participação Cidadã: A participação - seja ela política, econômica, social ou cultural - deve ser entendida como um exercício de cidadania, em prol da garantia de direitos e (re)conhecimento de deveres. Leon (2009) define muito bem este conceito: Mais recentemente, alguns fatores como o reconhecimento da sociedade civil organizada por parte dos governos e a consequente elevação da participação da população nos programas governamentais, somados à ampliação e à diversificação dos temas de discussão na arena pública, têm determinado um novo padrão de governança. Este padrão termina por oferecer um novo espaço onde o conceito de participação pode ser ampliado até o conceito de cidadania, ou seja, a participação cidadã” (LEON, 2009, p. 205).. 1. Para uma melhor compreensão daquilo que será tratado a seguir, apresenta-se a definição de alguns termos/expressões que frequentemente são apresentados no percurso do presente estudo. Insta informar que os itens a seguir são apresentados sob a ótica da instituição que abrange o Programa objeto de estudo do presente..

(18) SUMÁRIO 1 1.1. INTRODUÇÃO ................................................................................... PERCURSO METODOLÓGICO ......................................................... 2. DA SOCIEDADE EM REDE, A (WEB)CIDADANIA: O RETRATO DE UM PROJETO EM PROL DE UMA SANTA MARIA EFETIVAMENTE NOSSA .................................................................. DOS TERRITÓRIOS À SOCIEDADE EM REDE ............................... A DEMOCRACIA E A WEBCIDADANIA ............................................ CIBERCULTURA, COLABORATIVIDADE E A CULTURA DA CONVERGÊNCIA .............................................................................. DOS MAPAS COLABORATIVOS À CARTOGRAFIA SOCIAL ......... UMA SANTA MARIA EFETIVAMENTE NOSSA: UM CASO LOCAL DE FOMENTO À CULTURA WEBCIDADÃ ....................................... DAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS EM REDE, A CONSTRUÇÃO E PRÁTICA EM PROL DO EXERCÍCIO E DA DISSEMINAÇÃO DO PAPEL DA CIDADANIA .................................... 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6. 3. 3.1 3.2 3.2.1 3.2.2 3.2.3 3.2.4 3.2.5 3.3 3.3.1 3.4 3.5 4 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.7.1 4.7.2. DA FERRAMENTA, A METODOLOGIA DE ENSINOAPRENDIZAGEM: O DESAFIO REAL COMO ALICERCE DO ENSINO, DA PESQUISA E DA EXTENSÃO .................................... ATORES ENVOLVIDOS ................................................................... ESTABELECIMENTO DO PROJETO ENQUANTO PROGRAMA .... Processo de Seleção ...................................................................... Preparação ....................................................................................... Execução .......................................................................................... Consolidação ................................................................................... Avaliação .......................................................................................... BASE METODOLÓGICA DO PROGRAMA ....................................... Da soma da Pesquisa-ação ao PBL: A Metodologia de Execução do Programa ................................................................... EXEMPLIFICAÇÃO ........................................................................... EVOLUÇÃO DO NOSSA SANTA MARIA ......................................... DISCUSSÕES DE RESULTADOS.................................................... GARGALOS COMUNICACIONAIS E EDUCACIONAIS DO PROGRAMA ...................................................................................... DIAGNÓSTICO DE MATURIDADE DE TER ..................................... TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS EM REDE NO ÂMBITO DO PROGRAMA ...................................................................................... AMBIENTES NO CAMPO DO ENSINO-APRENDIZADO NO NOSSA SANTA MARIA ..................................................................... CRITÉRIOS E JUSTIFICATIVAS DA ESCOLHA DO AVEA ............ MOODLE NO ÂMBITO DO PROGRAMA .......................................... DA GESTÃO DA INFORMAÇÃO À POTENCIALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES ...... ............................................................................... Tópico Etapas do Projeto ............................................................... Tópico Seleção .................................................................................. 29 37. 43 44 47 51 54 59. 66. 73 74 77 80 81 83 84 84 84 88 91 101 103 105 112 114 117 119 123 125 126 126.

(19) 4.7.3 4.7.4 4.7.5 4.7.6. Tópico Preparação ........................................................................... Tópico Execução .............................................................................. Tópico Consolidação ....................................................................... Tópico Avaliação ............................................................................... 126 129 129 129. 5 5.1. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................... MANUAL DE MELHORES PRÁTICAS ENQUANTO RESULTADO E PRODUTO FINAL ........................................................................... RESULTADOS PESSOAIS E ACADÊMICOS ................................... PRÓXIMAS ETAPAS .......................................................................... 131. REFERÊNCIAS .................................................................................. 141. ÍNDICE REMISSIVO ........................................................................... 147. APÊNDICES ....................................................................................... 149. ANEXOS ............................................................................................. 161. 5.2 5.3. 135 136 138.

(20) 29. 1 INTRODUÇÃO. Ninguém é como foram seus pais. Os filhos não serão como seus pais e nem aquilo que pregam. A cada dia que passa, as pessoas deixam de vivenciar a transição para se notar, efetivamente, enquanto parte de uma nova realidade, a realidade de pessoas conectadas. Aliás, constantemente, ouve-se e sente-se o tanto que se está conectado e no âmbito educacional não é diferente. A transformação é, notadamente, uma realidade, tanto que Fava (2014), em sua obra “Educação 3.0”, expressa esta transformação discente relatando: Os antigos alunos eram indivíduos isolados; os novos, são mais conectados socialmente. Se a busca pela aprendizagem já foi mais silenciosa e passiva, os novos estudantes são agora ativos, barulhentos e públicos (FAVA, 2014, p. 258).. Nesse contexto, tão públicos, ou notórios, conhecidos e reconhecidos, deveriam ser os direitos e deveres. Ou, ainda, tanto quanto deveria ser o seu compromisso com a profusão dos referidos direitos e deveres e tanto quanto tinha de ser o seu potencial de ação perante às mazelas da sociedade, sob o alicerce do conhecimento e oportunidades, tão raros, que poucos desfrutam. Uma vez que um cidadão é caracterizado pela sua identificação em um determinado território, que possui leis próprias e define, em uma esfera nacional e regional, dentre deveres e direitos sociais da população, percebe-se, pelo menos empiricamente, a possibilidade de afirmar que a soma destes fatores reflete a própria definição de cidadania. Em hipótese, por sua vez, a cidadania não existe sem uma efetiva colaboratividade2, uma vez que a troca de informações e o impacto de ações na socialização dos direitos e obrigações legitimam a própria democracia. Acredita-se que novas teses sejam evidenciadas nesse contexto, com vistas ao reflexo do compartilhamento de saberes e atuação direta dos cidadãos na sociedade da informação, impactando-os, através do exercício individual, a partir do pensamento local que pode desenvolver o global, na construção da sua cidadania.. 2. No contexto apresentado, colaboratividade remete a ações realizadas de forma integrada entre indivíduos para a garantia e exercício pleno da cidadania..

(21) 30. Lembrando Castells (1999a), entre um conjunto de paradigmas, apresenta-se o aspecto da penetrabilidade, nesse contexto, dos efeitos das novas tecnologias: Como a informação é uma parte integral de toda a atividade humana, todos os processos de nossa existência individual e coletiva são diretamente moldados (embora, com certeza, não determinados) pelo novo meio tecnológico. (CASTELLS, 1999a, p. 78). Fato é que já era claro, ainda em 19993, o impacto da tecnologia na atividade humana e, atualmente, após 17 anos, com o uso cada vez maior da Internet, fica visto a sua latente abrangência e significado perante a sociedade na qual se está inseridos. E, neste sentido, o Nossa Santa Maria trata e representa um pouco disso, da legitimação do contra à passividade, a qual será possível reconhecer enquanto objeto de estudo do presente trabalho. É um Programa4 de Ensino, Pesquisa e Extensão, de abordagem transdisciplinar, desenvolvido pelo Núcleo de Estudos em (Web)Cidadania5 (NEW) da FADISMA6, instituição privada de ensino superior, localizada na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, no Brasil, que concentra suas atividades nas áreas de Graduação e pós-graduação das Ciências Sociais Aplicadas. Esse Programa consiste na união de uma plataforma. tecnológica,. representada pelo site www.nossasm.com.br, com uma metodologia de trabalho, que objetiva despertar a cultura para a participação cidadã, entre os discentes e egressos, bem como levar à comunidade a educação cidadã por meio de ações ativistas desenvolvidas pelos seus membros. Enquanto plataforma, como já elucidado no glossário que antecede os presentes aspectos introdutórios, consiste em um sistema online que permite ao cidadão, das mais diversas localidades, a inserção de problemas reais, de forma. 3. Ano referente ao lançamento da obra de Castells. “Um programa é um conjunto de projetos relacionados e gerenciados de modo coordenado para a obtenção de benefícios e controle que não estariam disponíveis se fossem gerenciados individualmente” (PMI, 2004 apud ALBERTIN, 2008, p. 23). 5 Não existe uma definição precisa para o termo Webcidadania. No entanto, fazendo referência à Castells (2003, p. 115) quando afirma que “o ciberespaço tornou-se uma ágora eletrônica global”, pode-se concluir que a Internet é um dos principais meios democráticos de debate político e, consequentemente, de exercício da cidadania, apreciação essa que configura a então Webcidadania. 6 A Faculdade de Direito de Santa Maria (FADISMA) é uma Instituição de Ensino Superior de natureza privada, que concentra as suas atividades de ensino, pesquisa, extensão e prática profissional nas áreas das Ciências Sociais Aplicadas. Mais informações sobre podem ser obtidas em seu site institucional, no endereço eletrônico www.fadisma.com.br. 4.

(22) 31. georreferenciada, possibilitando o compartilhamento via redes sociais virtuais7 e, consequentemente, a socialização destes problemas. Enquanto metodologia de trabalho, como também será possível conferir adiante, o Programa Nossa Santa Maria está alicerçado na pesquisa-ação, empregando os artifícios de Project-Based Learning8 e Problem-Based Learning (PBL) como estratégia didático-pedagógica, fazendo uso de problemas reais, inseridos pelo cidadão através do site do projeto9, englobando tanto munícipes como a comunidade acadêmica da instituição que o contempla. É neste contexto que discentes e egressos são desafiados à obtenção de novos conhecimentos e aprofundamento de temas já conhecidos sob a ótica dos Cursos de Graduação em Direito e Ciências Contábeis, propondo, muitas vezes, o desencadeamento de soluções às problemáticas apresentadas na plataforma, dada a legitimação de práticas de extensão focadas no direito à informação, em prol da disseminação de direitos e deveres correlatos aos desafios. Trata-se da junção de (re)conhecimento do desafio real, sob a ótica local, da reflexão sobre e da idealização e execução de ação em prol da solução junto à sociedade, favorecendo o contexto de responsabilidade social e desenvolvimento do indivíduo enquanto cidadão. Mas o que, finalmente e essencialmente, o presente trabalho pretende com o estudo dessa iniciativa é levantar o seu histórico, seu ingresso no seio acadêmico, o mapeamento de sua estrutura de trabalho e, por fim, a incorporação de Tecnologias Educacionais em Rede no processo de atuação vigente para a verificação de ameaças e oportunidades do seu uso. Da mesma forma, o estudo tem a intenção de, no âmbito do Programa, (re)conhecer a corresponsabilização da academia e da sociedade diante dos problemas locais sendo levados a efeito. Espera-se, por isso, mostrar que o Programa Nossa Santa Maria, enquanto uma ferramenta de participação social e metodologia de impacto discente,. “As Redes Sociais Virtuais ou Social Medias, consistem em um conjunto de participantes autônomos, unindo ideias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados, através de espaço específico na Internet, permitindo compartilhar dados e informações das mais diversas formas (textos, arquivos, imagens fotos, vídeos, etc.)” (TOMAEL; ALCARA; DI CHIARA, 2005). 8 “Project-Based Learning”, ou seja, Aprendizagem baseada em Projetos, conforme compilação levantadas por William Bender, “é um modelo de ensino que consiste em permitir aos alunos confrontar as questões e os problemas do mundo real que consideram significativos, determinando como abordá-los e, então, agindo cooperativamente em busca de soluções" (BENDER, 2014, p.11). 9 Ao fazer uso da expressão “projeto”, o presente refere-se ao site Nossa Santa Maria, parte do Programa que leva mesmo nome. 7.

(23) 32. representa um novo e importante processo de ensino-aprendizagem. E que o seu consequente compartilhamento de informações, sob o alicerce e envolvimento acadêmico, é capaz de impactar positivamente na transformação das pessoas em um processo de estímulo à atividade (pró-atividade) mas, também, da comunidade na qual o Programa é aplicado. Para tanto, será possível observar que, para compreender o lugar e o papel da iniciativa, a estrutura do presente trabalho é segmentada pelo (re)conhecimento do contexto e conceito de sociedade em rede10, sem a intenção de esgotá-lo, a partir de revisão bibliográfica e contextualização do Programa Nossa Santa Maria. Também, perpassar-se-á pelo mapeamento da estrutura de unidades e módulos do escopo de atuação do Programa e, por conseguinte, pela identificação de ferramentas e instrumentos utilizados, atualmente, dentro do contexto da FADISMA. Na sequência, o trabalho estabelece a implantação de um Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem, dentro do contexto de Tecnologia Educacional em Rede no seu processo de trabalho. Antes, aqui, para entender, de antemão, o relato de toda essa dinâmica, adianta-se um visão geral do Programa de Ensino, Pesquisa e Extensão Nossa Santa Maria, já destacado enquanto objeto de estudo do trabalho. Essa visão é dada a partir do mapa conceitual abaixo, que conecta aspectos que são detalhados a seguir.. Manuel Castells (1999a) aborda pioneiramente o tema na obra “A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura”, em seu primeiro volume “A sociedade em rede”, fazendo referência ao mundo amplamente conectado, compartilhando não apenas informações, mas também aspectos culturais, exigindo uma readequação social, com impacto na ordem econômica. 10.

(24) 33. Figura 1 - Mapa conceitual da presente pesquisa. Fonte: Pesquisa. Em linhas gerais, o mapa traduz, com a sua primeira parte, a inserção do cidadão no contexto da sociedade em rede, com vistas na percepção da importância de sua proatividade, no site Nossa Santa Maria, enquanto um território virtual11. Nesta etapa, também apresenta-se a forma como o cidadão pode colaborar com a publicação de problemáticas. locais que acabam impactando. no convívio. comunitário. A segunda parte do mapa aponta o entendimento da dinâmica do Programa Nossa Santa Maria, desde suas fases, no escopo de ensino, pesquisa e extensão, à atuação discente no processo de problematização de desafios reais com o foco na promoção de ações, potencializadas pelo uso da Internet, com vistas na disseminação de conhecimento e empoderamento do cidadão12.. Alinhado a “ciberespaço”, termo este que será melhor será abordado no capítulo 2.2.1. “Cibercultura, Colaboratividade e a Cultura da Convergência”. 12 Dar luz e conhecimento acerca dos direitos, deveres e obrigações a um cidadão com vistas à transformação social. 11.

(25) 34. A terceira parte do mapa, como é possível observar, resume a implementação e o uso de uma Tecnologia Educacional em Rede em prol da melhor organização de ideias, promovendo a gestão do conhecimento13 e a potencialização das “partes” anteriores deste ciclo e, por conseguinte, dos cidadãos. Em linhas gerais, o objeto de estudo é alicerçado no contexto e prática de webcidadania e participação cidadã em âmbito local mediado por Tecnologia Educacional em Rede. Acredita-se que, assim, seja possível confirmar uma potencial melhoria na mecânica de trabalho do Programa a partir da tecnologia educacional em rede. Espera-se que essa prática oportunize organização e disponibilização de materiais e conteúdos trabalhados, avisos, alertas e afins. Isso. tudo. acontecerá. formalizando. um. canal. de. comunicação. e. relacionamento dos gestores do projeto com os membros, haja vista o site que representa o cerne do Programa Nossa Santa Maria figurar o escopo externo do projeto (desafios postados pelo cidadão, revista, blog e afins) e não comportar hoje uma área restrita para sua manutenção e reflexão acadêmica necessária. Por fim, espera-se que a implantação de uma Tecnologia Educacional em Rede impacte nos processos do Programa de Ensino, Pesquisa e Extensão Nossa Santa Maria e que também venha a contribuir para uma maior adesão à metodologia proposta. e,. consequentemente,. trazer. maior. efetividade. às. ações. de. colaboratividade e participação. E, a partir daqui, o trabalho, enquanto estudo teórico-prático, trata da concepção, atualização e perspectivas do Nossa Santa Maria como programa de ensino, pesquisa e extensão, no período de tempo compreendido entre 2013 e 2016, na já referida Faculdade, sob a seguinte indagação enquanto problema de pesquisa: Quais os limites e potencialidades da implantação das Tecnologias Educacionais em Rede no processo de ensino-aprendizagem e estímulo à participação cidadã, no âmbito do Programa? Traçado enquanto objetivo geral, o estudo apresenta a análise dos limites e possibilidades da implementação de uma Tecnologia Educacional em Rede, com escopo social e educacional voltada ao estímulo da participação cidadã, no âmbito do Programa Nossa Santa Maria.. “Gestão do Conhecimento é o processo sistemático de identificação, criação, renovação e aplicação dos conhecimentos que são estratégicos na vida de uma organização” (LUCHESI, 2012). 13.

(26) 35. As discussões acerca de tal questão, bem como a delimitação das ações do presente, são sustentadas pelos seguintes objetivos específicos: a) Mapear a estrutura de unidades e módulos de trabalho do Programa, identificando ferramentas e instrumentos utilizados, atualmente, no projeto em questão, dentro do contexto da FADISMA. b) Relatar a implementação de Tecnologia Educacional em Rede, mais especificamente de um Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem, elencando suas potencialidades, dentro da dinâmica e condução do Curso de Extensão Universitária em (Web)cidadania, parte integrante do Programa objeto de estudo. c) Elaborar um Manual explorando as melhores práticas referentes à implementação. e. execução. do. Programa. Nossa. Santa. Maria,. consolidando-o enquanto produto final, objeto do Programa de PósGraduação em Tecnologias Educacionais em Rede da Universidade Federal de Santa Maria.. A motivação para a articulação desses pontos vem de uma justificativa pessoal, uma vez que o Programa tem idealização e execução, da concepção da plataforma através de uma iniciativa empresarial privada, até o enquadramento e gestão enquanto um Programa de Ensino, Pesquisa e Extensão na FADISMA, nas mãos do autor. Na esfera social, acadêmico-científica, justifica-se o estudo pela socialização de experiências educacionais reais de participação colaborativa14 e exercício da própria cidadania. Mas, sobretudo, pela potencialidade temática para a academia, no quesito ensino-aprendizagem com destaque às Tecnologias Educacionais em Rede. Isso, além, é claro, da oportunidade discente de pesquisa focada em ações num contexto de metodologia e seus desdobramentos baseados em projetos/problemas reais. Estas resultarão enquanto produto final no âmbito do Programa de PósGraduação em Tecnologias Educacionais em Rede, um benchmarking enquanto manual de melhores práticas observadas no âmbito do Programa Nossa Santa Maria.. 14. Participação Colaborativa está relacionada à ação ou contribuição que impacta no coletivo..

(27) 36. Acrescenta-se, aí, a legitimidade do Programa no quesito tecnológico, bem como sua interconexão à metodologia de trabalho e à potencial apresentação de uma contribuição de interesse ao campo de pesquisa em questão. Dentre os resultados que se acredita apurar, almeja-se a confirmação da contribuição do Programa Nossa Santa Maria para o debate e reflexão, na construção e consolidação da educação para a participação cidadã. Aspira-se, também, que o modelo, sob o apoio das Tecnologias Educacionais em Rede, no que se refere a potencialidades, possibilite ainda mais desdobramentos proativos, individuais e coletivos, no ensino, pesquisa e extensão, dentro do contexto da instituição que o contempla. Essa aposta reside no fato de que a concepção do autor e do grupo de pesquisa em constante formação e interação concebem uma abordagem mediada por territórios virtuais para ouvir o cidadão e, com uma metodologia de construção coletiva, estimula-se a co-criação, a exploração de diferentes sistemas conceituais com a esperança de minimizar os anseios de uma comunidade em questões de cidadania e democracia. Já quanto às limitações, acredita-se que o desafio esteja na capacidade institucional. Pensa-se que a instituição e professores ainda precisam integrar conhecimento e sua aplicação conforme estes são absorvidos pelos educandos. E, para tanto, a adequação das necessidades de formação às rápidas mudanças sociais passa não só pelo desenvolvimento de competências para uso de ferramentas digitais de modo eficiente e contextualizado, como ocorre com o Nossa Santa Maria, mas, também, pela sua ampliação, o que representaria investimento em novos recursos humanos e tecnológicos, iniciativa de qualificação permanente e continuada e, sobretudo, apoio, on e offline, na educação para a formação de sujeitos autônomos identificados com o papel de transformadores. Ressalta-se,. ainda,. que. o. estudo. está. autorizado. pela. FADISMA,. organizadora do Programa de Ensino, Pesquisa e Extensão – Nossa Santa Maria, através do Núcleo de Estudos em (Web)Cidadania, bem como pela empresa Dois Atitude Criativa, proprietária legal da plataforma do projeto, conforme Anexo A nas Cartas de Anuência e Autorização..

(28) 37. 1.1 PERCURSO METODOLÓGICO. Em um primeiro momento, a teoria de base, enquanto sustentação de premissas ou pressupostos teóricos nos quais é fundamentada a interpretação do estudo aqui apresentado, está alicerçada na interdisciplinaridade. Esta transversalidade de conexão de conhecimentos, cujo o sujeito e o objeto interagem entre si, produzindo ciência e socializando conhecimentos, é muito bem definido por Thiesen (2007, p.99): A interdisciplinaridade, como fenômeno gnosiológico e metodológico, está impulsionando transformações no pensar e no agir humanos em diferentes sentidos. Retoma, aos poucos, o caráter de interdependência e interatividade existente entre as coisas e as ideias, resgata a visão de contexto da realidade, demonstra que vivemos numa grande rede ou teia de interações complexas e recupera a tese de que todos os conceitos e teorias estão conectados entre si. Ajuda a compreender que os indivíduos não aprendem apenas usando a razão, o intelecto, mas também a intuição, as sensações, as emoções e os sentimentos. É um movimento que acredita na criatividade das pessoas, na complementaridade dos processos, na inteireza das relações, no diálogo, na problematização, na atitude crítica e reflexiva, enfim, numa visão articuladora que rompe com o pensamento disciplinar, parcelado, hierárquico, fragmentado, dicotomizado e dogmatizado que marcou por muito tempo a concepção cartesiana de mundo.. O trabalho apresenta, ainda, fundamentalmente, autores das Ciências Sociais, como Zygmunt Bauman, Manuel Castells, Michel Foucault e Milton Santos, compondo seu eixo central. Suas obras, (re)conhecidas na disciplina “Tecnologias Educacionais em Rede, Inovação e Democratização”, presente na grade curricular do Programa de Pós-Graduação a que se apresenta o estudo em questão, fomentam e interligam conceitos e contextos de expressão significativa para o Programa pesquisado. Vale ressaltar que, entre esses conceitos centrais, a cidadania e cultura cidadã estão vinculadas a diferentes autores, no entanto este não tem o intuito de esgotá-los, mas sim abordá-los e relacioná-los. E, no que tange a autores enquadrados na seara da Tecnologia Educacional em Rede, o trabalho apresenta, por exemplo, Don Tapscott, Anthony Williams e William Bender, muito embora também se lance mão de outras obras, embasadas em artigos e monografias recentes (TAPSCOTT; WILLIAMS, 2007; BENDER, 2014)..

(29) 38. Para tanto, utiliza-se uma abordagem sistêmica e complexa, de forma direta ou indireta, penetrando no mundo dos fenômenos através de ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e da mudança que ocorre na natureza e na sociedade (LAKATOS; MARCONI, 1999). Enquanto procedimento, o trabalho é representado por uma pesquisa de campo, apoiada em estudo de caso do Programa Nossa Santa Maria enquanto abordagem metodológica de investigação e estratégia de pesquisa. E é assim enquadrado, devido ao fato, conforme Yin (2005, p.32), desse método de pesquisa possibilitar a investigação de um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto real em virtude de múltiplas fontes de evidências a serem utilizadas. Nesse sentido, o estudo traz, enquanto técnica a observação, a aplicação de questionários, entrevistas, análise de documentos, dentro da perspectiva de levantamento de dados e subsídio informacional. Quatro momentos caracterizam todo essa mecânica de reflexão e análise: Primeiro, o estudo de caso é antecedido por levantamento bibliográfico em torno dos temas que norteiam a sociedade em rede e a webcidadania, fazendo-se relação, através da observação participante, com a plataforma online do Programa Nossa Santa Maria no âmbito acadêmico. Ressalta-se que o tipo observação participante é definido como observação completa de oportunidade que, conforme Adeler e Adler (1987) é quando, a exemplo da situação do autor no Programa Nossa Santa Maria, o pesquisador já faz parte do grupo. Esta abordagem possui como característica a inserção do pesquisador no contexto da pesquisa, quando, através das suas experiências e conhecimentos adquiridos, possam potencializar as ações, colhendo, para a investigação, informações relevantes. Utiliza-se de, ainda, uma abordagem exploratória documental, com objetivo descritivo de natureza aplicada. Essa exploração é legitimada pela apresentação dos estágios do Programa no âmbito da instituição de ensino na qual o mesmo está inserido. Objetiva-se, lançando mão da técnica de análise de documentos, relatórios, publicações, notícias relacionadas no site da Instituição e, especialmente, através das experiências vivenciadas do autor, identificar seus instrumentos, ferramentas, estrutura de módulos e unidades de estudo, verificando e apontando seus limites e potencialidades, do seu ingresso no seio acadêmico ao seu fomento..

(30) 39. Não se pretende, nesta etapa, fazer apenas uma revisão ou contextualização do Programa dentro do escopo de seus instrumentos e ferramentas de trabalho, mas verificar, principalmente, seus limites e potencialidades enquanto uma metodologia que proporcione educação para a participação cidadã àqueles envolvidos. Muito embora a pesquisa exploratória tenha como premissa conhecer e interpretar a realidade sem interferir para modificá-la, a atuação da presente pesquisa também objetiva compreender e melhor esclarecer o problema enfrentado pelo pesquisador (MALHOTRA, 2001). E, em um terceiro momento, lançou-se mão de métodos e técnicas com perspectiva participativa e crítica, a partir da observação e experiência do autor enquanto parte do programa, colhendo abordagens em publicações investigadas e pesquisas realizadas. Utilizou-se, ainda, de entrevistas estruturadas junto à equipe gestora da Faculdade e questionário semiestruturado para discentes, docentes e egressos atuantes no projeto. Esse universo é representado por, no caso dos gestores, três sócios-administrativos, membros do primeiro ciclo (27), do segundo ciclo (20) e do atual (15). Suas percepções contribuirão para a implantação de uma Tecnologia Educacional em Rede com vistas na potencialização das ações do Programa. Nesta etapa, a coleta, organização e análise dos dados terão como base os registros contínuos dos encontros com o grupo do ciclo atual e anteriores do Programa. Em um último momento, figura a implantação da Tecnologia Educacional em Rede, no âmbito de um Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem escolhido em compatibilidade com as informações coletadas na etapa anterior, gerando um produto apto a contribuir com as necessidades do projeto. Com a integração das apreciações de cada momento, espera-se concluir, por hora, o assunto, configurando para o campo de pesquisa a promoção da discussão, respondendo ao problema de pesquisa, solucionando os seus objetivos e, finalmente, evidenciando a ligação do uso da tecnologia ao aprimoramento da educação para a participação cidadã. A organização da presente pesquisa é distribuída em um total de seis capítulos, iniciando (capítulo 1) pela contextualização dos aspectos introdutórios e esclarecimento do percurso metodológico..

(31) 40. No segundo capítulo, é apresentado o tema “Da sociedade em rede, a (Web)cidadania: o retrato de um projeto em prol de uma Santa Maria efetivamente nossa”, abordando e contextualizando os territórios e a sociedade em rede, reconhecendo a democracia e a webcidadania envoltos por um novo movimento denominado cibercultura. Neste aspecto, enfoca-se a colaboratividade e a cultura de convergência, apresentando cases de aplicações reais através do uso de mapas colaborativos e cartografia social encerrando, por fim, com a apresentação do projeto Nossa Santa Maria enquanto ferramenta de colaboratividade. As Tecnologias Educacionais em Rede, sua evolução, contextualização e cenário atual também são apresentadas neste capítulo, onde é exposto o avanço da legislação Brasileira na regulamentação dos processos de ensino a distância, seus benefícios enquanto tecnologias no contexto educacional, fazendo uma análise da sua potencial inserção no Programa Nossa Santa Maria. No terceiro capítulo “Da ferramenta, a metodologia de ensino-aprendizagem: o desafio real como alicerce do Ensino, da Pesquisa e da Extensão”, é explorado o Programa de Ensino, Pesquisa e Extensão, sendo detalhados os atores envolvidos na manutenção do Programa bem como o detalhamento de todos os processos de trabalho. É apresentada a forma de trabalho, sendo exemplificadas todas as atividades de um eixo específico de trabalho como forma de melhor compreender a dinâmica do Programa. Ainda neste capítulo, é abordada a evolução do Programa através de um infográfico. Fazendo uso de uma abordagem não convencional, no capítulo 4 são apresentadas as discussões de resultados, subdivididos em sete tópicos:. 1. Gargalos Comunicacionais e Educacionais do Programa 2. Diagnóstico de Maturidade de TER 3. Tecnologias Educacionais em Rede no âmbito do Programa 4. Ambientes no campo do ensino-aprendizado no Nossa Santa Maria 5. Critérios e justificativas da escolha do AVEA 6. Moodle no âmbito do Programa 7. Da gestão da informação a potencialização das atividades.

(32) 41. Esta proposta de discussão em sequência, relacionada aos capítulos anteriores (2, 3), consolida a presente pesquisa, orientando e sistematizando a construção das argumentações com base na reflexão de cada etapa. Em seu último capítulo, 5, são realizadas as considerações e a análise final, com identificação da contribuição para o campo de pesquisa e expectativa de trabalhos futuros. Neste item, é apresentado o Manual de Melhores Práticas, com base na análise e reflexão e enquanto produto final da presente dissertação..

(33) 43. 2 DA SOCIEDADE EM REDE, A (WEB)CIDADANIA: O RETRATO DE UM PROJETO EM PROL DE UMA SANTA MARIA EFETIVAMENTE NOSSA. Levando em conta a ideia de que a sociedade da informação, assim como a sua sucessora, a sociedade em rede, protagonista deste, teve sua origem na sociedade capitalista pós-industrial e surgiu no final do século XX, no contexto da era da informação15, é possível conferir, nesse contexto, a expressão e presença da “globalização”. Cenário e conjuntura histórica, aí, denotam uma economia interligada em escala mundial, possibilitada por inovações tecnológicas diversas, do singular e promissor microprocessador à comunicação por satélites, à rede mundial de computadores, à fibra ótica, etc. Fato, ainda, é que toda essa gama de conquistas tecnológicas estabeleceu novos paradigmas comportamentais, como aqueles que já eram evidenciados por Kuhl (1975). Mais do que isso, uma série de mudanças socioeconômicas, culturais e políticas, que caracterizam, atualmente, a sociedade contemporânea: dotada de instantaneidade e, até, relatividade do tempo, disponibilidade de amplo acesso ao fluxo de transmissão de informações e conhecimento e para qualquer lugar do mundo (BAUMAN, 2003). E, consequentemente, dado o estreitamento das relações e distâncias, a máxima “pensar global e agir local”16 passou a ser legitimada. Nesta etapa do trabalho, retrata-se o surgimento da sociedade em rede, seu conceito e a lógica de seu funcionamento, bem como o (re)conhecimento do lugar da webcidadania17, abalizado pela apresentação do caso local, com a apresentação do site Nossa Santa Maria, pano de fundo do Programa de ensino, pesquisa e extensão neste trabalho pesquisado. Este site, enquanto um sistema georreferenciado do mapa do município de Santa Maria, localizado no centro do Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil,. “A Era da Informação é um conceito que diz respeito ao atual momento de evolução das técnicas e dos objetos técnicos que compõem o processo de produção e transformação do espaço geográfico, bem como o modo de viver na sociedade. Por definição, a era da informação – também chamada de era digital ou era tecnológica – corresponde a todas as transformações instrumentais ocorridas após a Terceira Revolução Industrial” (PENA, 2016). 16 Expressão utilizada enquanto “máxima” na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento no Rio de Janeiro – Rio 92 ou ECO 92. 17 Não existe uma definição consolidada por autores para o termo “webcidadania”. No entanto, a mesma está relacionada quanto ao uso da Internet na mobilização e transformações reais e um efetivo engajamento cívico. 15.

(34) 44. permite ao usuário a identificação de problemas e propostas de ideias que fomentem soluções e criação de ações que visem mobilizar os santa-marienses nas mais diversas áreas. Objetiva-se, com este, instigar a participação na vida pública, motivando-os para uma efetiva ação ou, no mínimo, atuantes de forma colaborativa. A partir da observação participante no projeto, verifica-se que, embora a ferramenta já tenha sido utilizada pelos mais diversos usuários, contextualizando os seus anseios, questionamentos e contribuições, essas ações dispersas, por si só, não teriam eficácia se fossem tratadas de forma isolada. Desta forma, aborda os limites e potencialidades para o fomento da cultura webcidadã extramuros da comunidade acadêmica na qual o projeto se centra atualmente.. 2.1 DOS TERRITÓRIOS À SOCIEDADE EM REDE Demo (1992, p. 17) define a cidadania “como um processo histórico de conquistas populares, através das quais uma sociedade torna-se consciente e organizada, com capacidade de conceber e efetivar um projeto próprio de desenvolvimento social”. Entender a sociedade, como ela se organiza e relaciona-se em rede, através de territórios, oportuniza refletir sobre os valores e comportamentos dos indivíduos, talvez, justamente, a partir dessa capacidade. O brasileiro Milton Santos, em sua obra “O Espaço do Cidadão” (SANTOS, 1993), por exemplo, aborda com clareza uma reflexão correlata ao tema, definindo o valor do indivíduo dependente, em larga escala, do lugar onde está. Santos (1993) relata a necessidade de “igualar lugares”, ressaltando que as diferenças geográficas não podem impactar no acesso de recursos de qualquer natureza e que a falta desses acessos não pode caracterizar o valor de um indivíduo. Da mesma forma, a rede urbana e a rede de serviços, sendo apenas reais para os outros ou para alguns, qualifica os cidadãos enquanto incompletos, fazendo um alerta para que essas distorções sejam corrigidas em nome de uma cidadania plena. Santos (1993) apresenta, também, que os bens sociais (direitos) existem apenas de uma forma mercantil, reduzindo o número dos que potencialmente lhes têm acesso. Tornam-se ainda mais pobres aqueles que têm de pagar por aquilo que,.

(35) 45. em condições democráticas normais, teria de lhe ser entregue gratuitamente pelo poder público. O autor observa, ainda, que o indivíduo depende do lugar em que está e que, desse modo, a igualdade dos cidadãos supõe, para todos, uma acessibilidade semelhante aos bens e serviços, o que, infelizmente, na realidade, está longe de acontecer. Aponta, também, que as desigualdades sociais também são desigualdades territoriais, pois derivam do lugar onde cada qual se encontra, mostrando, ainda, que “a República somente será realmente democrática quando considerar todos os cidadãos como iguais, independente do lugar onde estejam” (SANTOS, 1993, p. 123). Já Virilio (1993), na primeira parte da obra “O Espaço Crítico”, retrata as consequências de uma cidade superexposta, em fase de um multiculturalismo, acesso a informações através de meios eletrônicos, troca de experiências interculturais, enfim, transformando-se em parte de um mundo globalizado. O confronto e a reflexão oriunda das obras supramencionadas convergem para um ponto: além das cidades estarem perdendo a sua própria identidade, passam por uma metamorfose, agora cada vez mais compartilhando dos mesmos problemas e, seus cidadãos, das mesmas angústias. Santos (2008) já abordava esse potencial cenário, apresentando o panorama da nação brasileira. Para ele, essas transformações nas cidades impactam, socialmente, as pessoas, mudando comportamentos e necessidades. Mesmo com uma sociedade cada vez mais conectada e informada, o direcionamento da mídia, ou o controle sobre ela, faz com que a população tenha, em não raros casos, acesso a apenas parte de uma informação, o que nos remete à Foucault (2005). O pensador já alertava quanto à “vontade de verdade” e sobre as instituições que a cercam exercerem pressão sobre a produção discursiva, monstrando, de uma maneira um tanto quanto não otimista que: ... em toda sociedade a produção do discurso é ao mesmo tempo controlada, selecionada, organizada e redistribuída por certo número de procedimentos que têm por função conjurar seus poderes e perigos, dominar seu acontecimento aleatório, esquivar sua pesada e temível materialidade (FOUCAULT, 2005, p. 09)..

(36) 46. Ainda que retórica em um contexto social anterior ao atual, essa abordagem de pensamento aponta um comportamento cada vez mais presente. Castells (2013), no que tange ao assunto controle, associado ao desconforto social, comenta, inclusive, na obra “Redes de Indignação e Esperança”, que os “movimentos sociais foram e continuam a ser alavancas da mudança social”, reportando que: Geralmente se originam de uma crise nas condições de vida que torna insustentável a existência cotidiana para a maioria das pessoas. São induzidos por uma profunda desconfiança nas instituições políticas que administram a sociedade (CASTELLS, 2013, p. 157).. Nesse contexto, no entanto, é fato inegável que o acesso às informações, com o advento das tecnologias, mais especialmente pelo uso frequente da Internet, mudou o comportamento humano e suas percepções políticas. O próprio Castells (2005) reforça que os sites de redes sociais virtuais se tornam plataformas para todos os tipos de atividades, de amizades, marketing, educação, entretenimento e, sim, ativismo sociopolítico. “São espaços vivos que conectam todas as dimensões da vida das pessoas” (CASTELLS, 2013, p. 136). Não obstante, o autor alerta que o sucesso destas redes não está no anonimato, mas, muito pelo contrário, na expressão real de uma pessoa conectando-se com outras pessoas reais. “O mundo real em nossa época é um mundo híbrido, não um mundo virtual nem um mundo segregado que separaria a conexão online da interação off-line” (CASTELLS, 2013, p. 169). O autor complementa: Se é nesse mundo que vivemos e é nele que as grandes transformações estão acontecendo, ao ponto, em um futuro próximo, de não sabermos mais distinguir o “on” e do “off”, nem, consequentemente, o “real” e do “virtual”, mais fidedigna é a máxima a seguir:... quanto mais o movimento consegue transmitir suas mensagens pelas redes de comunicação, mais cidadãos conscientes aparecem, mais a esfera pública da comunicação se torna um terreno contestado e menor é a capacidade dos políticos de integrar demandas e comunicações com ajustes meramente cosméticos. A derradeira batalha pela mudança social é decidida na mente das pessoas e, nesse sentido, os movimento sociais em rede têm feito grande progresso no plano internacional (CASTELLS, 2013, p.173).. Nesse novo mundo, em uma sociedade em rede, fica um desafio para os povos, já anunciado por Santos (2011, p. 64): “pensar o futuro a partir das realidades do presente”, a partir não apenas da escolha de novas variáveis históricas, mas.

(37) 47. através da dosagem e combinação da técnica, economia a partir dos valores e que esteja, aliada à tecnologia, em benefício do “maior número”. Mas, daí e do contexto correlato à questão de territórios, ao que parece, é preciso ir além da valorização da ideia de que a rede, em sua relação com o território, exerce um papel determinante. Offner e Pumain (1996, p. 15) lembram que as redes são igualmente mobilizadas na construção de territórios políticos, na medida em que oportunizam a promoção da solidariedade, bem como o seu controle espacial. Para eles, se a realidade da interação entre os territórios e as redes contradiz os mitos de desterritorialização, isso não significa, contudo, afirmar a neutralidade das redes técnicas em relação à dinâmica territorial. Junto de Pumain, Offner já dizia que a verdadeira eficácia territorial das redes é designada pelo fato de que elas tornam possível o reforço da interdependência entre os lugares, integrando o real e virtual, convertendo-se em ações e realizações nos lugares vividos. Ou seja, através das redes os territórios formam um sistema (OFFNER e PUMAIN, 1996). O que se espera é que esse sistema seja de confluência de fatores sociais, políticos e econômicos que, conjugados com as novas tecnologias da comunicação, possam promover a webcidadania e, com ela, o bem comum.. 2.2. A DEMOCRACIA E A WEBCIDADANIA. A democracia tem sua origem na Grécia Antiga, sendo sua etimologia relacionada a “demos”, cujo significado está diz respeito a povo e “kratos” que, por sua vez, está relacionado a “domínio, poder”. Possui, em seu significado, o “poder do povo” ou “governo do povo”. Sendo desenvolvida em Atenas, cidade de destaque na Grécia Antiga, nos primórdios deste sistema de governo, a democracia não era um privilégio de todos os cidadãos. Em sua forma antiga, era um sistema limitado, visto que, por exemplo, estrangeiros, escravos e mulheres não atuavam nas decisões políticas da cidade. Exercida na maioria dos países, este regime político em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente, em um governo do povo, pelo povo e para o povo, ainda hoje precisa se consolidar. E a sociedade em rede, como não poderia deixar de ser, parece ter um papel fundamental..

(38) 48. Agora, buscando o entendimento da interconexão daquela, da consequente e necessária webcidadania e da já referida democracia, recorre-se, inicialmente, à Jean Pierre Leroy, que define a democracia como sendo: ... a busca e a construção permanentes de acordos e a gestão democrática dos dissensos de forma a assegurar a possibilidade de convivência entre classes e setores sociais e a execução de políticas que permitem a todos viver com dignidade. (LEROY, 2010, p. 64 apud LIMA, 2015, p. 180).. No Brasil, a Constituição, denominada “cidadã” (GUIMARÃES, 1988), promulgada no ano de 1988, apresenta, em seu artigo sexto (6º), na seção dos direitos fundamentais, os seguintes direitos sociais: educação, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, dentre outros. No entanto, essas garantias, muitas vezes, não são encaradas pelos cidadãos como “direitos”, visto que muitos dos irmãos da nação têm o direito à vida afetado ou negado, dada à situação expressiva de vulnerabilidade física, social, econômica e cultural. Sobre isso, Santos (2007) faz uma reflexão, justamente, relacionando o uso desses “direitos” à conquista pessoal e não como direitos, de fato, sociais. Canclini (2009) pode ser somado a esse apurado de reflexões, dada a sua mostra de que se conquista o umbral da cidadania não só obtendo respeito às diferenças, mas contando com os “mínimos competitivos em relação a cada um dos recursos capacitadores” (CANCLINI, 2009, p. 103) para participar da sociedade: trabalho, saúde, poder de compra e os outros direitos socioeconômicos, junto com a “cesta” educativa, informacional, de conhecimentos. Ou seja, as capacidades que podem ser usadas para conseguir melhor trabalho e maior renda. Agora, com a evolução das tecnologias e o uso cada vez mais popularizado da Internet, a cobrança dos cidadãos em busca de um nivelamento desses “direitos” tornou-se mais evidente, seja pela maior disseminação das notícias ou pelo natural estreitamento de distâncias. Trata-se de um desafio a ser superado, tanto pelo “poder constituído” como também pelo povo, por meio da sua voz agora potencializada pelo universo digital. De fato, “consciente da sua relevância na produção da decisão política, o eleitor exerce a cidadania por intermédio de todos os instrumentos que a sofisticada tecnologia colocou à disposição” (CAGGIANO, 2012, p. 402)..

Referências

Documentos relacionados

ao setor de Fisiologia Vegetal do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Minas Gerais, com clones pertencentes ao Instituto Agronômico de Campinas

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas CONSEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente DMAIC - Definição, Mensuração, Análise, Melhoria

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em

escolar e entrevistas com roteiros semiestruturados aplicados às professoras formadoras da Universidade Federal de Permabuco (UFPE) e da Escola Cristo Rei, aos profissionais

Desse modo, tomando como base a estrutura organizacional implantada nas SREs do Estado de Minas Gerais, com a criação da Diretoria de Pessoal, esta pesquisa permitirá

escola particular.. Ainda segundo os dados 7 fornecidos pela escola pública relativos à regulamentação das atividades dos docentes participantes das entrevistas, suas atribuições

Fonte: elaborado pelo autor, 2018. Cultura de acumulação de recursos “, o especialista E3 enfatizou que “no Brasil, não é cultural guardar dinheiro”. Ainda segundo E3,..

O tema proposto neste estudo “O exercício da advocacia e o crime de lavagem de dinheiro: responsabilização dos advogados pelo recebimento de honorários advocatícios maculados