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4 DISCUSSÕES DE RESULTADOS

4.3 TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS EM REDE NO ÂMBITO DO PROGRAMA

Acredita-se na importância da contextualização analítica aqui exposta como forma de compreender a dinâmica de trabalho dos discentes junto ao Programa em voga, verificando os percursos que estes transcorreram até a vivência prática em um contexto real.

Fica claro, ainda mais quando relacionado aos capítulos anteriores, que o uso da Internet vem a potencializar, não apenas a relação humana, mas também a própria consciência cidadã. Muito embora as práticas sejam reais e suas ações com atuação local, só foi possível uma maior socialização dos resultados com a ajuda da grande rede.

Da mesma forma, percebe-se que o uso das redes sociais virtuais, mais do que imprimir velocidade na relação e conexão entre as pessoas, possibilita a troca de conhecimento em prol de uma “inteligência coletiva” (LÉVY, 1998).

Couto (2012), ainda, durante o 1°Congresso sobre práticas inovadoras na educação em um mundo impulsionado pela Tecnologia, já relacionava o uso das redes sociais virtuais na educação, com os seguintes benefícios:

A expressão prática do pensamento crítico, a busca por resolução de problemas, o agir colaborativamente, a capacidade de escrever e se comunicar, a criatividade, a autonomia, a liderança, a adaptabilidade, a responsabilidade e a cidadania. (COUTO, 2012, p. 01)

Não menos importante, está a “cidadania”, esta que é o ponto-chave na formação de pessoas enquanto grande objetivo/missão das Faculdades/Universidades. Mais do que educar, elas possuem o compromisso de formar verdadeiros cidadãos ou, no mínimo, fomentar a cultura em prol da cidadania.

Lembra-se, aqui, que Cidadania, deriva do latim “civitas", ou seja, cidade, que, por sua vez, através do fomento da Cultura Cidadã, oportuniza o pertencimento e o empoderamento53 dos Cidadãos. Tapscott e Williams (2007) já alertavam, ou

melhor, ressaltavam quanto ao “cidadão hiperpoderoso”, uma nova geração de cidadãos digitais que possuem, na ponta dos dedos, os meios para criar e transformar. Cultura e informação são matéria-prima para produções auto- organizadas.

Ao mesmo ponto e, talvez, na mesma medida que nossos cidadãos empoderam-se, também entra o desafio em levar a informação, despertando, assim, a sua importância, no meio de tantos outros mecanismos de acesso à informação.

Baumann (2004) contribui com da sua obra “Amor Líquido”, relacionando aos conectados, o engajamento e o estado líquido dos relacionamentos e ações.

Os contatos exigem menos tempo e esforço para serem estabelecidos e também para serem rompidos. A distância não é obstáculo para se entrar em contato - mas entrar em contato não é obstáculo para se permanecer à parte. Os espasmos da proximidade virtual terminam, idealmente, sem sobras nem sedimentos permanentes. Ela pode ser encerrada, real e metaforicamente, sem nada mais que o apertar de um botão. A realização mais importante da proximidade virtual parece ser a separação entre comunicação e relacionamento. Diferentemente da antiquada proximidade topográfica, ela não exige laços estabelecidos de antemão nem resulta necessariamente em seu estabelecimento. 'Estar conectado' é menos custoso do que 'estar engajado' - mas também consideravelmente menos produtivo em termos da construção e manutenção de vínculos. A proximidade não virtual termina desprovida dos rígidos padrões de comedimento e dos rigorosos paradigmas de flexibilidade que a proximidade virtual estabeleceu. Se não puder imitar aquilo que esta transformou em norma, a proximidade topográfica vai se tornar um “ato de transgressão” que certamente enfrentará resistência." (BAUMAN, 2004, pp. 38-39).

Nesse sentido, após a análise dos processos de trabalho aqui enquanto metodologia do Programa Nossa Santa Maria, fica evidente o impacto, muito embora ainda não medido, na cultura cidadã dos seus participantes.

Fica evidenciado que, mesmo com o avanço tecnológico, a sociedade em rede contemporânea ainda expõe limites e possibilidades para o exercício de uma cidadania participativa, ou seja, aquele cidadão que desempenha efetivamente seus direitos, deveres e obrigação. A percepção do lugar e de suas interconexões da

53 Acredita-se no empoderamento cidadão, uma vez que, com a transformação (através de novos

conhecimentos) dos próprios alunos e, estes, por sua vez, com a realização de ações de impacto social, levando informação, ou pelo menos o seu acesso, às comunidades onde as ações são executadas.

contemporaneidade são desenvolvidas em territórios cartografados54, e podem

transpor os muros universitários, se bem desenhados e fomentados.

Observa-se, ainda, que o problema não está somente na forma de abordagem da metodologia de ensino do Programa, mas também nas funcionalidades das ferramentas de comunicação disponíveis nos ambientes de aprendizagem, no site, e, sobretudo na abordagem pedagógica desenvolvida pelos professores. No que tange ao uso de tecnologia, fica claro que não é suficiente apenas a sua disponibilização, pois se faz necessária a fluência do seu uso em todos os seus aspectos funcionais e formativos. Por isso, será relevante pesquisar o processo de implantação deste novo recurso tecnológico e suas implicações educacionais no cotidiano.

É possível afirmar que o sucesso do EAD depende do desenvolvimento de fluência tecnológica pelos profissionais que atuam nessa modalidade. Isso quer dizer que é necessário serem capazes de entender, criar e compartilhar informações mediados pelas tecnologias (MALLMANN et al., 2012, p. 41).

De tudo e tanto, reside a necessidade de uma Tecnologia com roupagem Educacional e ligada em Rede para gestionar todo este processo, promovendo a organização da inteligência coletiva, dada a complexa sistemática do Programa, o que parece ser fundamental. Mais, ainda, extrapolar as paredes da sala de aula, oportunizando a conexão do aluno (online) com seus mentores e para que sirva como base ou, pelo menos, para o início de um processo de Gestão do Conhecimento, controlando etapas, documentos e processos. Trata-se de uma forma de potencializar não apenas as ações individuais e coletivas dos discentes atuantes, mas em prol da potencialização da cultura cidadã “da e na” comunidade.

Na próxima seção deste capítulo, relacionando com os assuntos até aqui já abordados, espera-se propor uma ferramenta educacional de ensino para servir como mecanismo de apoio, suporte e, também, aprendizagem, sob a perspectiva potencial de envolver ainda mais os alunos no diálogo (entre si) e com as conexões acadêmicas, buscando a flexibilização do conhecimento e a convergência das modalidades educacionais.

54 Cartografia, conforme evidenciado pela Associação Internação de Cartografia (ICA), é a “ciência

que trata da organização, apresentação, comunicação e utilização da geoinformação, sob uma forma que pode ser visual, numérica ou tátil, incluindo todos os processos de elaboração, após a preparação dos dados, bem como o estudo e utilização dos mapas ou meios de representação em todas as suas formas” (BATISTA, 2012 ,p.13).

4.4 AMBIENTES NO CAMPO DO ENSINO-APRENDIZADO NO NOSSA SANTA