Relatório Final
Mestrado Integrado Em Medicina
Universidade Nova de Lisboa
Nova Medical School |Faculdade de Ciências Médicas
Tiago Henrique Calado Rosado
2013396
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Índice
Página
I. Introdução 2
II. Objetivos Gerais 2
III. Síntese das Atividades Desenvolvidas 3
A. Cirurgia Geral 3
B. Medicina Interna 3
C. Ginecologia e Obstetrícia 4
D. Saúde Mental 4
E. Medicina Geral e Familiar 5
F. Pediatria 5
IV. Reflexão Crítica 6
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I. INTRODUÇÃO
No Mestrado Integrado em Medicina (MIM) da Faculdade de Ciências Médicas, o 6º ano é caracterizado por um estágio profissionalizante (EP), organizado em diferentes estágios parcelares realizados em seis áreas clínicas diferentes (Anexo I). O presente relatório pretende expor sucintamente as atividades desenvolvidas ao longo deste ano, organizando-se em três partes: uma primeira a título de Introdução, em que descrevo as linhas orientadoras do EP; uma segunda parte em que são enumerados os Objetivos Gerais deste ano curricular; seguidamente uma terceira parte, em que são sintetizadas as Atividades Desenvolvidas representativas de cada estágio; e por fim, uma quarta parte em que é feita uma Reflexão Crítica contemplando o cumprimento dos objetivos estabelecidos e incluindo uma autoavaliação retrospetiva sobre a globalidade do ano letivo e do MIM. Inclui-se ainda uma secção de Anexos, onde está exposto o cronograma com referência aos trabalhos realizados no âmbito do estágio profissionalizante, bem como as atividades extracurriculares desenvolvidas ao longo deste ano letivo.
II. OBJETIVOS GERAIS
O objetivo principal do MIM é que o aluno “adquire uma base de conhecimentos sólida e coerente, associada a um adequado conjunto de valores, atitudes e aptidões que lhe permita tornar-se um médico fortemente empenhado nas bases científicas da arte da Medicina, nos princípios éticos, na abordagem humanista que constituiu o fundamento da prática médica”(1)
O EP apresenta-se como o culminar de seis anos de aprendizagem médica contínua e dado o seu carácter profissionalizante, pretende-se que haja a consolidação de conhecimentos previamente adquiridos, aperfeiçoamento de raciocínio clínico, treino de competências clínicas gerais, de comunicação e de relação interpessoal. Pretende-se ainda objetivamente que o aluno seja capaz de aperfeiçoar as técnicas de colheita de história clínica e exame objetivo, e exercer a prática clínica inserido numa equipa médica. Paralelamente, o aluno deve ainda conseguir conciliar os estágios com a preparação para a Prova Nacional de Seriação (PNS).
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III. SÍNTESE DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
A. CIRURGIA (09/09/2019 – 31/10/2019)
O estágio parcelar de Cirurgia Geral foi realizado no Hospital Beatriz Ângelo (HBA), onde integrei a equipa da Dra. Rita Garrido. Apesar do estágio ter a duração de oito semanas, apenas quatro são destinadas a atividades da Cirurgia Geral (CG), sendo as restantes quatro compostas por sessões teóricas, serviço de urgência e estágios opcionais, no meu caso Gastroenterologia. Durante as quatro semanas dedicadas à CG, o meu estágio desenvolveu-se sobretudo no bloco operatório (BO), consulta externa (CE) e enfermaria de cirurgia. Ao nível do bloco operatório, foi-me dada a possibilidade de visualizar e participar em procedimentos cirúrgicos, três dos quais como primeiro ajudante e dois como segundo ajudante. Embora a minha intervenção nestas cirurgias tenha sido limitada às competências de um aluno de 6º ano, tive a oportunidade de adquirir experiência no bloco operatório a nível de procedimentos e técnicas e também sedimentar os passos da desinfeção cirúrgica. Relativamente à CE, assisti a 27 consultas pré e pós-operatórias, participando ativamente na entrevista clínica e exame objetivo. Durante os dias dedicados à enfermaria do hospital, acompanhei a evolução clínica de dez doentes. O estágio opcional de Gastroenterologia foi estritamente observacional, sendo que grande parte das atividades eram compostas pela observação das técnicas desta especialidade, nomeadamente a colonoscopia, a endoscopia alta, CPRE e disseção submucosa endoscópica. O estágio tinha também uma componente de consulta, mas que infelizmente não se proporcionou o número de vezes que pretendia por questões logísticas. Foi ainda proposto no final do estágio a realização de um congresso, em que cada grupo de alunos apresentaria um caso clínico que tenha experienciado durante o seu estágio. O meu grupo de trabalho, com a ajuda da Dra. Rita Garrido, apresentou um caso raro de rutura de pneumoperitoneu com enfisema subcutâneo consequente.
B. MEDICINA INTERNA (04/11/2019 – 11/01/2020)
Na segunda metade do semestre fui inserido na equipa do Dr. José Ribeiro, especialista de Medicina Interna no Hospital São José, ao longo de oito semanas. Considero este estágio como aquele que maior dedicação exigiu da minha parte. A minha atividade desenvolveu-se maioritariamente no internamento e no serviço de urgência, participando ainda assim todas as semanas nas reuniões de serviço e em sessões teóricas lecionadas pelos especialistas do serviço.
4 Acompanhei um total de 21 doentes internados, sendo responsável pela sua reavaliação diária, pelo registo clínico da sua evolução, por eventuais colheitas gasimétricas, pela elaboração da nota de alta e apresentação na visita clínica orientada pelo Dr. Júlio Almeida. Fui confrontado ainda com questões burocráticas hospitalares e a necessidade de esclarecer familiares, o que contribuiu para a minha experiência enquanto profissional. O serviço de urgência (S.U.) constituiu outro momento importante do estágio; dediquei-me principalmente ao balcão e à zona das macas, onde tive autonomia para realizar anamnese, exame objetivo, gasimetrias e registo na plataforma informática do S.U. Participei ainda ativamente numa das sessões teóricas, com um trabalho de grupo sobre o Delirium, tema pertinente já que é uma patologia muito prevalente nos internamentos de Medicina Interna.
C. GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA (20/01/2020 – 14/02/2020)
O estágio parcelar de Ginecologia e Obstetrícia foi realizado no Hospital dos Lusíadas, sob a tutela do Dr. Pedro Faustino, durante quatro semanas. Neste período, acompanhei o meu tutor e a sua equipa em diversas vertentes desta especialidade, incluindo serviço de urgência, bloco de partos, internamento, consulta, bloco operatório, ecografia obstétrica, consulta de patologia do colo e procriação medicamente assistida. A nível da consulta, foi-me dada a oportunidade de fazer exame objetivo ginecológico com espéculo e citologias cervicais. O Dr. Pedro permitiu que participasse como segundo e terceiro ajudante, tanto no bloco de partos como no bloco operatório, tendo participado num total de sete intervenções cirúrgicas. O Hospital dos Lusíadas possui estruturas exclusivamente dedicadas à procriação medicamente assistida, tive o privilégio de observar os vários processos incluídos nesta técnica, incluindo punções foliculares e técnicas laboratoriais de criopreservação de embriões. Foi-nos ainda proposto apresentar um artigo relacionado com a especialidade, tendo escolhido um artigo acerca da terapia hormonal de substituição prolongada.
D. SAÚDE MENTAL (17/02/2019 – 06/03/2020)
O estágio parcelar de Saúde Mental foi realizado sob a tutela do Dr. Rui Durval, no Centro Hospital Psiquiátrico de Lisboa. O estágio teria uma duração de quatro semanas, mas, devido ao surgimento de casos de COVID-19 e ao consequente plano de contingência, a última semana não se pode concretizar. As restantes três semanas dividiram-se em diferentes atividades, incluindo hospital de dia, consulta externa, seminários teóricos e reuniões científicas. No
5 hospital de dia acompanhei os doentes internados inseridos em duas equipas, participei nas visitas clínicas e colhi a história clínica de uma doente internada com sintomatologia sugestiva de perturbação depressiva recorrente, história essa que foi posteriormente discutida. Na consulta externa tive uma participação ativa nas entrevistas clínicas e fiquei responsável pela informatização da mesma, acompanhando no total 41 consultas. As reuniões científicas incluíram entrevistas coletivas com toda a equipa, a doentes com patologia psiquiátrica por esclarecer e discussão de histórias clínicas de internos da especialidade. Na última semana não foi possível concretizar uma reunião com o Dr. José Salgado sobre o seu trabalho de saúde mental com os sem-abrigos, nem participar no serviço de urgência. Pelas particularidades da especialidade, este era um estágio que se previa maioritariamente observacional, mas o Dr. Durval deu-me toda a liberdade de tornar o estágio mais interativo, aceitando inclusivamente aceitar-me no seu serviço para o meu estágio clínico opcional.
E. MEDICINA GERAL E FAMILIAR (18/03/2020 – 17/04/2020)
O estágio parcelar de Medicina Geral e Familiar inaugurou a suspensão da prática clínica presencial, sendo substituído por tarefas realizadas exclusivamente online. As tarefas incluídas envolviam a participação em cursos online da World Health Organization e a realização de um portefólio. Neste estava incluído a descrição de uma consulta com um questionário associado, vídeo-consultas para interpretar e indicações para a elaboração de um trabalho de grupo, com base num caso clínico. O caso clínico envolvia uma consulta da especialidade de uma jovem que teve relações sexuais desprotegidas nos dias anteriores. Apesar de compreender que a situação na altura não permitia que alunos pudessem vivenciar a prática clínica de um especialista de Medicina Geral e Familiar, penso que as tarefas propostas não tenham em si, sido boas representações da cadeira e senti a falta de uma componente mais prática.
F. PEDIATRIA (20/04/2020 – 15/05/2020)
O último estágio do semestre, também ele totalmente online, incidiu na cadeira de Pediatria. Tal como o estágio anterior, foi-nos dado uma lista de tarefas e a eventualidade de fazer duas semanas de estágio prático nos sítios previamente estabelecidos. O Prof. Dr. Luís Varandas sugeriu ainda sessões de discussão de casos clínicos para colmatar algumas falhas teóricas que eventualmente existissem. As tarefas incluíam um artigo de revisão sobre um tema relacionado com a especialidade e um trabalho de grupo que seria apresentado em contexto de
6 minicongresso. O tema do artigo de revisão que escolhi foi a Depressão em Idade Pediátrica, e o trabalho de grupo que realizei e apresentei com os meus colegas, teve como título Um Olhar
Comum na Pediatria, que explorava os diversos tipos de conjuntivites em idade pediátrica.
IV. REFLEXÃO CRÍTICA
A organização curricular do MIM da Nova Medical School (NMS) proporciona um contacto precoce com a prática clínica, permitindo assim a aquisição progressiva de aptidões clínicas e interpessoais. Nesse sentido, o 6º ano apresentou-se como o final do ciclo de formação pré-graduada com o objetivo de aplicar os seis anos de curso em seis estágios profissionalizantes que abrangiam as principais especialidades médico-cirúrgicas. As múltiplas parcerias da NMS com instituições públicas e privadas permitiu que, na grande maioria dos estágios, fosse possível um rácio tutor-aluno de 1:1, condição essencial para um melhor proveito dos estágios clínicos. Terminado este incomum ano letivo, considero terem sido cumpridos os objetivos inicialmente propostos dos estágios que efetivamente tiveram valências práticas. Independentemente do meu interesse nas especialidades representadas pelos estágios parcelares práticos e do seu caráter mais ou menos observacional, sinto que existiu em todos eles, a consolidação dos conhecimentos adquiridos em unidades curriculares prévias, com amplificação das competências clínicas, incluindo o raciocínio clínico e procedimentos médicos.
Destaco o estágio de Medicina Interna que colmatou algumas lacunas que considerava importantes, a realização de técnicas como a gasimetria, a correta informatização da atividade clínica e a burocracia subjacente à prática médica e à vida hospitalar são exemplo disso; considero ainda que tenha sido o primeiro estágio em que me foi confiada a responsabilidade da saúde de um doente internado e que me obrigou a lidar com a morte, o que me fez crescer como profissional e pessoa. Saliento ainda o estágio de Saúde Mental, já que este me proporcionou o contacto constante com doentes com patologia psiquiátrica descompensada, contacto este que me deu tato humano e experiência. Realço estes dois estágios não apenas pelo conhecimento médico que obtive, mas também pela herança humanística que me deixaram.
Através do estágio de Ginecologia e Obstetrícia no Hospital dos Lusíadas e o de Cirurgia Geral no Hospital Beatriz Ângelo, pude vivenciar a realidade hospitalar de hospitais público-privados e privados. Apesar de academicamente serem semelhantes, existem diferenças que não passam despercebidas. Ambos os estágios tiveram componentes observacionais muito fortes, e foram
7 ao encontro dos meus interesses, já que pretendo especializar-me numa especialidade exclusivamente médica.
A inexistência de uma valência prática no estágio parcelar de MGF e Pediatria é um ponto importante a referir. O plano de contingência e a cessação das atividades em estruturas hospitalares foi crucial como medida de saúde pública e de segurança dos alunos, mas veio com um preço.
Dado o meu interesse na especialidade de MGF, a possibilidade que me foi negada de assumir um papel com mais responsabilidade e autonomia em contexto de consultas e procedimentos da especialidade, foi uma lacuna importante no último ano do MIM. No entanto, as vivências hospitalares em estágios efetuados nos anos anteriores tanto nesta especialidade, como em Pediatria, garantem que este contacto foi efetivamente estabelecido, podendo eventualmente vir a existir reposições no internato de formação geral.
Relativamente aos trabalhos realizados (Anexo II), e apresentados às diversas equipas que integrei, estes foram fundamentais para que pudesse melhorar a minha capacidade de exposição em público. Destaco igualmente os congressos e cursos que tive a oportunidade de assistir (Anexo III), incluindo o curso de preparação para a Prova Nacional de Seriação que ocupou cerca de sete horas semanais e que acabou por limitar a minha participação em outro tipo de congressos.
Em suma, este foi um ano para sedimentar conhecimentos, colmatar lacunas e ganhar experiência em contexto hospitalar. Apesar das limitações impostas pelo COVID-19, considero que acabei este ano letivo mais autónomo, confiante e consciente da dinâmica do funcionamento interno hospitalar e da sua plataforma; ao mesmo tempo diria ainda “mais
capaz” de vir a assumir e a desempenhar adequadamente as minhas funções enquanto futuro
médico.
Tudo o que vivi nestes últimos seis anos foi único, daí que quero também aproveitar a oportunidade, para um especial agradecimento à Instituição que me acolheu e proporcionou todas estas oportunidades: a Nova Medical School.
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V. ANEXOS ANEXO I
Cronograma do Ano Letivo 2019/2020
Estágio
Parcelar
Regente
Período de
Estágio
Local
Tutor
Cirurgia Prof. Doutor Rui
Maio
09/09/2019 – 31/10/2019
Hospital Beatriz Ângelo Dra. Rita Garrido Medicina Interna Prof. Doutor Fernando Nolasco 04/11/2019 – 11/01/2020
Hospital São José Dr. José Ribeiro
Ginecologia e Obstetrícia Prof.ª Doutora Teresinha Simões 20/01/2020 – 14/02/2020
Hospital dos Lusíadas Dr. Pedro
Faustino
Saúde Mental Professor Doutor
Miguel Talina 17/02/2019 – 06/03/2020 Centro Hospitalar Psiquiátrico Lisboa Dr. Rui Durval Medicina Geral e Familiar Prof.ª Doutora Isabel Santos 18/03/2020 – 17/04/2020 Plataforma Online ---
Pediatria Prof. Doutor Luís Varandas
20/04/2020 – 15/05/2020
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ANEXO II
Trabalhos realizados no âmbito do estágio profissionalizante
Estágio Parcelar Tema e Autores
Cirurgia Geral “Os Corticóides (quase) Assassinos”
Minicongresso
Francisco Cirurgião, João Gameiro, Tiago Rosado
Medicina Interna “Delirium”
Journal Club
Franscisco Belchior, Rafael Curto, Tiago Rosado
Ginecologia e Obstetrícia “Terapia Hormonal de Substituição
Prolongada”
Journal Club
Tiago Rosado
Medicina Geral e Familiar “Tive uma relação sexual não protegida”
Minicongresso Tiago Rosado
Pediatria “Um Olhar comum na Pediatria”
Minicongresso
André Vital, Marcelo Xambre, Rafael Vital, Tiago Rosado
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ANEXO III
Cursos e Conferências frequentados durante o 6º Ano do MIM
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