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Estratégia de desenvolvimento socioeconômico inovacity - metodologia de gestão de inovação governamental para o desenvolvimento de cidades inteligentes e humanas

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

IRANI SANTOS

ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO INOVACITY - METODOLOGIA DE GESTÃO DE INOVAÇÃO GOVERNAMENTAL PARA O DESENVOLVIMENTO DE CIDADES

INTELIGENTES E HUMANAS

NATAL/RN 2018

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IRANI SANTOS

ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO INOVACITY - METODOLOGIA DE GESTÃO DE INOVAÇÃO GOVERNAMENTAL PARA O DESENVOLVIMENTO DE CIDADES

INTELIGENTES E HUMANAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Inovação, como requisito para obtenção do título de mestre em Ciência, Tecnologia e Inovação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Área de Concentração: Interdisciplinar Subárea: Engenharia/Tecnologia/Gestão

Orientadores: Profª. Drª. Zulmara Virgínia de Carvalho e Prof. Dr. Álvaro Duarte de Oliveira

NATAL/RN 2018

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CDU 338.1 RN/UF/BCZM

1. Cidade inteligente e humana - Dissertação. 2. Ecossistema de inovação - Dissertação. 3. Desenvolvimento socioeconômico - Dissertação. 4. Metodologia participativa - Dissertação. I. Carvalho, Zulmara Virgínia. II. Oliveira, Álvaro Duarte de. III. Título.

Santos, Irani.

Estratégia de desenvolvimento socioeconômico inovacity - metodologia de gestão de inovação governamental para o desenvolvimento de cidades inteligentes e humanas / Irani Santos. - 2018.

174 f.: il.

Dissertação (mestrado profissional) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Escola de Ciência e Tecnologia, Programa de Pós Graduação em Ciência, Tecnologia e Inovação, Natal, RN, 2018.

Orientadora: Profa. Dra. Zulmara Virgínia de Carvalho. Orienador: Prof. Dr. Àlvaro Duarte de Oliveira.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

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IRANI SANTOS

ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO INOVACITY - METODOLOGIA DE GESTÃO DE INOVAÇÃO GOVERNAMENTAL PARA O DESENVOLVIMENTO DE CIDADES

INTELIGENTES E HUMANAS

Esta dissertação foi apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Inovação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências para obtenção do título de Mestre em Ciência, Tecnologia e Inovação.

Aprovada em: 31 de julho de 2018.

Profa. Dra. Zulmara Virgínia de Carvalho Orientadora

Prof. Dr. Álvaro Duarte de Oliveira Orientador

Prof. Dr. Gláucio Bezerra Brandão Examinador Interno ao Programa

Prof. Dr. Carlos André Guerra Fonseca Examinador Externo ao Programa

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Dedico este trabalho a minha família pelo amor, compreensão, atenção e por sempre acreditar na minha capacidade de crescimento.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que me faz sempre enxergar pelos olhos da fé e da perseverança. Aos meus queridos pais: José e Rita, por todo amor e dedicação. Às minhas filhas Lênora e Ângela, pelo amor, companheirismo e compreensão de sempre! Aos meus Professores do MPI que despertaram a empreendedora que existe em mim, principalmente aos Professores Zulmara Virgínia e Gláucio Brandão por saberem transmitir uma força diferenciada da inovação. Ao Prof. Carlos André por todo incentivo e disponibilidade, a mim dedicados. Ao Prof. Álvaro Oliveira, em reconhecimento ao seu apoio e dedicação incansáveis que contribuíram, decisivamente, para o despertar da “onda de entusiasmo” gerada nos atores do ecossistema de inovação de Natal, “por uma cidade mais inteligente e humana”!

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“A riqueza do Estado depende cada vez mais da sua capacidade de captar a criação de valor através da inovação”

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RESUMO

Baseado no estudo de tecnologias existentes, especificamente a partir de uma análise descritiva de conceitos, metodologias e ferramentas europeias, este trabalho tem por objetivo apresentar uma Metodologia de Gestão de Inovação Governamental, dentro da abordagem inteligente e humana, que pode configurar-se como estratégia de desenvolvimento socioeconômico sustentável para as cidades brasileiras. Com a finalidade de operacionalizar a metodologia desenvolvida foi idealizada a empresa InovaCity, como uma Spin-off que surgiu no âmbito do Mestrado Profissional do Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Inovação- PPGCTI da Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN, a partir da validação metodológica no município de Natal RN para o desenvolvimento de Cidades Inteligentes e Humanas no território brasileiro. O estudo de caso validado ocorreu no período de setembro de 2015 a novembro de 2017. A proposta pretende contribuir para orientar gestores públicos sobre os novos modelos de governança que visam dar respostas aos problemas urbanos, levando em conta a realidade e as tendências tecnológicas e sociais, tais como o aumento da expectativa de vida e a conexão e acesso a informação que amplifica o acesso a pessoas, produtos, serviços e mercados.

Palavras-chave: Cidades Inteligentes e Humanas. Metodologias Participativas. Ecossistemas de Inovação. Desenvolvimento Socioeconômico.

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ABSTRACT

This Thesis reports the study of existing methodologies and technologies following specifically a descriptive analysis of concepts, methodologies and European technologies aiming to present a Government Management Methodology to address the Intelligent and Human approach for the sustainable socio-economic development of the Brazilian cities. Aiming to operationalize the resultant methodology the InovaCity enterprise has been idealized. InovaCity is a spin-of created in the context of the professional master degree of Post-graduation in Science, Technology and Innovation – PPGCT of Federal University of Rio Grande do Norte – UFRN. The methodological validation has been accomplished with the active application to the municipality of Natal RN, driving its strategy to the development of Natal Human Smart City and the dissemination to other Brazilian cities. The Natal Validation Case took place from September 2015 to November 2017. The resulting proposal intends to provide orientation guideline to public managers illustrating with Natal experience the new government models based on participative methodologies and digital economy principals to provide solutions to the urban problems, taking in consideration the present challenges such as the social and technical trends and emerging paradigms: the demographic expansion resulting from increased life expectancy and migration movements as well as the pervasive social connectivity and information access thatamplifies the access to person, products, things, services and markets.

Keywords: Human Smart Cities. Participative Methodologies. Innovation ecosystem. Socioeconomic development.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ecossistema de Inovação Quádrupla Hélice ... 50

Figura 2 – Plataforma de Inovação Urbana ... 51

Figura 3 – Prefeitura como Elo Integrador do Ecossistema de Inovação ... 61

Figura 4 – Estrutura do Programa Natal, Cidade Inteligente e Humana ... 63

Figura 5 – Arquitetura da infraestrutura tecnológica de gestão municipal ... 67

Figura 6 – Cronograma de Implementação do Programa ... 69

Figura 7 - Ribeira de costas para o cartão postal ‘Rio Potengi’ ... 77

Figura 8 - Ribeira se apropria do ‘Rio Potengi’ ... 77

Figura 9 -Ribeira Living Lab – Transformação de Ideias em Negócios ... 78

Figura 10 - Ribeira Living Lab onde o talento criativo se encontra ... 80

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Metodologia –InovaCity ... 52 Quadro 2 – Etapas adicionais – InovaCity ... 55 Quadro 3 – Canvas de Modelo de Negócios ... 89

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LISTA DE SIGLAS

ALC – América Latina e do Caribe

ANPROTEC – Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores

APLs - Arranjos Produtivos Locais

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CInO – Chief Innovation Officer

CMN – Câmara Municipal de Natal

COMCIT – Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia CONCIDADE – Conselho da Cidade do Natal

COSERN – Companhia Energética do Rio Grande do Norte

EMDS - Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável ENoLL – European Network of Living Labs

FACITEC – Fundo Municipal de Ciência, Tecnologia

FIERN – Federação das Indústria do Estado do Rio Grande do Norte FNP – Frente Nacional dos Prefeitos

ICTs – Tecnologia da Informação e a Instituições Científicas e Tecnológicas IMD – Instituto Metrópole Digital

IoT – Internet da Coisas

IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano ISD – Instituto Santos Dumont

ISS – Imposto sobre serviços de qualquer natureza ITIV – Imposto de Transmissão Inter Vivos LLU – Living Lab Urbano

MCTIC – Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações MVP – Mínimo Produto Viável

NAGI – Núcleo de Apoio a Gestão da Inovação OP – Orçamento Participativo

PME – Plano Municipal de Educação PMN – Prefeitura Municipal do Natal PPA – Plano Plurianual Participativo

PPGCTI – Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Inovação PPP – Parceria Público Privado

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PUC-Rio – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro R3E – Rede de Eficiência Energética em Edificações

RMN – Região Metropolitana de Natal SBC – Sociedade Brasileira de Computação

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEMPLA – Secretaria Municipal de Planejamento

SEMURB – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo SGEOL – Smart Geo Layers

STARTS – Science, Tecnologies and Arts TI – Tecnologia da Informação

TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação

UERN – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte UFPE – Universidade Federal de Pernambuco

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte ULLs - Urban Living Labs

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 15

2 A DINÂMICA DE URBANIZAÇÃO E A GESTÃO DAS CIDADES ... 20

2.1 A dinâmica de urbanização ... 20

2.2 Conceito de Bairros Urbanos ... 22

2.3 Cenário Brasileiro ... 23

2.4 Gestão participativa das cidades ... 25

3 DAS CIDADES INTELIGENTES ÀS CIDADES INTELIGENTES E HUMANAS ... 27

3.1 Cidades inteligentes ... 27

3.2 Cidades inteligentes e humanas ... 28

3.3 Estudos de caso de cidades inteligentes e humanas ... 30

3.3.1 Cases Internacionais ... 30

3.3.2 Cases de Fracassos das Smart Cities ... 34

4 METODOLOGIAS, TECNOLOGIAS E FERRAMENTASPARA CONSTRUÇÃO DE CIDADES INTELIGENTES E HUMANAS ... 38

4.1 Living labs ... 38

4.2 Ecossistema de Inovação Living Lab ... 40

4.3 Ecossistema de Inovação Urbano ... 41

4.3.1 Living Lab Urbano ... 41

4.3.2 O bairro e a vizinhança ... 42

4.3.3 Sustentabilidade Urbana ... 43

4.4 Plataforma e metodologias MyN ... 44

4.5 Processos Participativos do MyN ... 47

5 METODOLOGIA DE GESTÃO GOVERNAMENTAL PARA A INOVAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DE CIDADES INTELIGENTES E HUMANAS - INOVACITY ... 49

5.1 Modelo de Inovação Urbano da Quádrupla Hélice ... 49

5.2 Plataforma de Inovação urbana. Metodologia de Funcionamento ... 50

5.3 Descrição detalhada da metodologia inovacity para criação do ecossistema de inovação urbana ... 52

6 APLICAÇÃO E VALIDAÇÃO DA METODOLOGIA: CASE NATAL ... 56

6.1 Programa Natal Cidade Inteligente e Humana ... 56

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6.3 Ecossistema de Inovação de Natal ... 58

6.4 Políticas públicas de Natal para o ecossistema de inovação ... 59

6.5 Estrutura do programa Natal cidade inteligente e humana ... 62

6.6 Estratégia do Programa de Natal ... 64

6.7 Plano de ação do programa de Natal ... 65

6.8 Infraestrutura Tecnológica de Natal... 66

6.9 Cronograma de Implementação do Programa de Natal ... 68

7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS - PRINCIPAIS PROJETOS DO CASE DE NATAL. ... 72

7.1 Planos de dados abertos ... 72

7.2 Smart Geo layers (SGEOL) ... 73

7.3 Aplicativo de Turismo Visit Natal ... 74

7.4 Aplicativo Fala Natal ... 74

7.5 Nova Educação: Jogos Digitais e Educação por Projetos ... 75

7.6 Centro de inovação Ribeira Living Lab ... 76

7.7. Publicações e apresentações ... 81

8 LIÇÕES APRENDIDAS ... 83

8.1 Otimização de recursos na criação do programa Natal cidade inteligente e humana 83 8.2 O valor do ambiente participativo e colaborativo ... 84

8.3 Estratégia para implementar dados abertos ... 84

8.4 Dificuldades encontradas ... 85

8.5 O Papel fundamental da abertura, transparência e colaboração ... 85

8.6 Como estimular o empoderamento e ativismo cívico positivo ... 86

8.7 A importância da comunicação aberta e transparente ... 86

8.8 Trabalho em rede ... 87

8.9 Atividades Futuras ... 87

9 EXPLORAÇÃO DOS RESULTADOS ... 88

9.1 Modelo de Negócio ... 89

9.2 Interface usuário-tecnologia ... 90

10 TRAJETÓRIA DA GESTORA EM INOVAÇÃO: CIO – CHIEF INNOVATION OFFICER ... 91

11 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 101

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ANEXO A – Termo de cooperação Prefeitura Municipal do Natal e Universidade

Federal do Rio Grande do Norte – Programa Natal Cidade Inteligente e Humana ... 111 ANEXO B - Políticas municipais de médio prazo - PPA 2018 - 2021 ... 118 ANEXO C – Lei complementar nº 167 de 18 de julho de 2017 - Incentivo a criação de parque tecnológicos em Natal/RN ... 121 ANEXO D – Trajetória da gestão da inovação e da informação – Relatório completo – julho a novembro 2017 ... 126 ANEXO E – Algumas notícias relacionadas – Programa Natal Cidade Inteligente e Humana (junho de 2015 – novembro de 2017 ... 168

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1 INTRODUÇÃO

De acordo com estudos relacionados a nova agenda urbana, até o ano de 2050 a população das cidades quase duplicará fazendo da urbanização uma das mais transformadoras tendências do Século XXI. À medida que a população, as atividades econômicas, as interações sociais e culturais, assim como os impactos ambientais e humanitários estão cada vez mais concentrados nas cidades, constituem-se desafios de sustentabilidade massivos em termos de habitação, infraestrutura, serviços básicos, segurança alimentar, saúde, educação, empregos, segurança, e recursos naturais, entre outros (HABITAT III, Quito 2016).

No Brasil, conforme dados referentes a população estimada (IBGE, 2017), a população urbana já atingiu 84%. Nesse sentido, a tendência prevista pela nova agenda urbana, advinda com as demandas da crescente transformação e concentração urbana, somando-se a falta de planejamento inerente às cidades brasileiras, agrava-se ainda mais com os problemas relacionados à segurança, mobilidade, saúde, educação, poluição, exclusão social, entre outros. Por outro lado, como mostra o Relatório GT2 (PBMC, 2013), que analisa os cenários de impactos resultantes do aquecimento global para o Brasil, o país experimentará, nas próximas décadas, escassez em água e alimentos, propagação de doenças e desastres naturais, acirramento da crise energética e desequilíbrio econômico e social.

Diante desse cenário, faz-se necessário e urgente, a busca por novos modelos de governança das cidades, que venham atender às crescentes demandas baseadas na nova agenda urbana, levando em conta a realidade urbanística e as tendências tecnológicas e sociais, tais como o aumento da expectativa de vida e a conexão e acesso a informação que amplifica o acesso a pessoas, produtos, serviços e mercados.

Novos paradigmas baseados em tecnologias da informação estão sendo criados por essas transformações, abrindo novas oportunidades, mas também novos riscos que ameaçam os benefícios esperados. Por isso, a orientação dessas mudanças aos administradores públicos é fundamental e exige uma governança democrática participativa e responsável, engajando e empoderando as pessoas.

A literatura aponta que o desenvolvimento tecnológico levou inicialmente as grandes empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação - TICs e as Universidades a criar modelos de negócios equivocados, focados apenas nas tecnologias apresentadas aos administradores públicos como uma misteriosa “caixa preta”, solução para todos os problemas existentes, ignorado que a cidade é constituída por pessoas com uma dinâmica orgânica que gera os problemas e exige as soluções (OLIVEIRA; SANTOS, 2016).

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O modelo orientado exclusivamente para utilização de tecnologias, emulando o antigo sucesso do negócio do mainframe e lock-in num fornecedor proprietário surge como exemplo de fracasso.

A IBM define Cidade Inteligente como o uso de TIC para capturar, analisar e integrar informações relevantes no núcleo dos sistemas das cidades. Foi nesse contexto que as estratégias e modelo de negócio das cidades inteligentes fracassaram totalmente e conduziram a grandes “fiascos” como são os conhecidos casos de Masdar e Songdo (HAUBENSAK, 2014).

Ao mesmo tempo que se desenvolvia esse modelo meramente tecnológico para a cidade, estava acontecendo na Europa, uma profunda revolução na inovação social dinamizada pelo movimento dos Living Labs com base numa metodologia de co-design e co-criação participada User driven open innovation (OLIVEIRA; MARSH, 2014) pelos cidadãos num modelo de quadrupla-hélice que orienta a inovação em benefício do cidadão, engajando-o de forma sustentável na construção da Inovação da Democracia. A sua aplicação no meio urbano foi estimulada por várias iniciativas apoiadas pela Comissão Europeia e que conduziram ao modelo de Cidade Inteligente e Humana.

Algumas prefeituras iniciaram na Europa um processo de experimentação através de projetos pilotos adotando as metodologias de Living Labs, onde a participação da população e a sua interação com a governança da cidade, as universidades e as empresas foram aprofundando os conceitos e metodologias. De acordo com Caragliu; Del Bo; Nijkamp (2017), uma cidade se torna uma Cidade Inteligente quando investimentos em capital humano e social e tecnologias de informação e comunicação tradicionais e modernas (TICs) alimentam o crescimento econômico sustentável e uma alta qualidade de vida, com uma gestão sábia, equilibrada e sustentável dos recursos naturais, através da governança participativa. O empoderamento dos cidadãos e a transformação da governança democrática estimula o crescimento de um Ecossistema de Inovação alicerçado no Living Lab Urbano. (OLIVEIRA; CAMPOLARGO; MARTINS, 2015).

O modelo da Cidade Inteligente se diferencia da abordagem humana, se concentra para implantação tecnológica como a maneira principal de alcançar a inovação e o melhoramento da eficiência dos serviços. Embora importante, e às vezes crucial no apoio à inovação orientada para as pessoas, a tecnologia deve ser vista como um meio e não um fim em si. As Cidades Inteligentes e Humanas são aquelas nas quais os governos se envolvem com os cidadãos e estão abertos ao envolvimento por parte dos cidadãos. Elas se apoiam no co-design de processos de

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inovação tecnológica e social, através de uma relação entre as pessoas, baseada na confiança recíproca, com base na abertura, transparência e participação.

A Cidade Inteligente e Humana é uma cidade onde as pessoas - cidadãos e comunidades - são os principais atores da "inteligência" urbana. Uma Cidade Inteligente e Humana adota serviços que nascem das necessidades reais das pessoas e foram co-criados através de processos interativos, participativos e colaborativos (OLIVEIRA; CAMPOLARGO, 2015).

Baseado no estudo de tecnologias existentes, especificamente a partir de uma análise descritiva de conceitos, metodologias e ferramentas europeias, este trabalho tem por objetivo apresentar uma Metodologia de Gestão de Inovação Governamental, dentro da abordagem inteligente e humana, que pode configurar-se como estratégia de desenvolvimento socioeconômico sustentável para as cidades brasileiras.

Com a finalidade de operacionalizar a metodologia desenvolvida foi idealizada e criada a empresa InovaCity, como uma Spin-off que surgiu no âmbito do Mestrado Profissional do Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Inovação - PPGCTI da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, a partir da validação, no município de Natal/RN, da Metodologia de Gestão da Inovação Governamental para o desenvolvimento de Cidades Inteligentes e Humanas no território brasileiro. O estudo de caso validado ocorreu no período de setembro de 2015 a novembro de 2017.

A empresa idealizada é baseada em soluções inovadoras para superação dos desafios urbanos que os governos das cidades brasileiras enfrentam, como segurança, mobilidade, saúde, educação, poluição e exclusão social. A proposta pretende contribuir para orientar gestores públicos sobre os novos modelos de governança que visam dar respostas aos problemas urbanos, levando em conta a realidade e as tendências tecnológicas e sociais, tais como o aumento da expectativa de vida e a conexão e acesso a informação que amplifica o acesso a pessoas, produtos, serviços e mercados.

O trabalho divide-se em nove capítulos com o propósito de contribuir com a metodologia da pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico da proposta apresentada.

O primeiro capítulo contextualiza a dinâmica da urbanização como um dos desafios à gestão das cidades, principalmente no que se refere ao cenário brasileiro, tendo em vista a expansão desenfreada e, por vezes, desordenada dos municípios, o que implica na crescente demanda por serviços e na necessidade de respostas adequadas aos interesses comuns. Faz referência a importância do conceito de bairro, e traz a gestão participativa das cidades como forma inovadora de envolver o cidadão na resolução dos desafios urbanos.

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O segundo capítulo discorre sobre paradigmas existentes em resposta aos desafios urbanos. Apresenta uma distinção entre os conceitos de cidades inteligentes e cidades inteligentes e humanas. O primeiro conceito focado no uso exclusivo das TICs, e o segundo com foco no cidadão. A partir de então, a pesquisa defende o uso da componente Humana, no modelo de cidades inteligentes, através de estudos de casos de sucesso e modelos de fracasso de Smart Cities.

O terceiro capítulo apresenta metodologias, tecnologias e ferramentas para construção de cidades inteligentes e humanas. Baseia-se em modelos de inovação participativa adotados por cidades europeias, como os living labs, que utiliza a inovação aberta centrada no usuário, e a metodologia e plataforma MyN, focada nos WINs (desejos, interesses e necessidades dos cidadãos), no co-design, co-criação e na reconstrução e empoderamento dos bairros.

O quarto capítulo apresenta a Metodologia de Gestão de Inovação Governamental para o desenvolvimento de cidades inteligentes e humanas – InovaCity, foco desse estudo. Parte da análise de metodologias, tecnologias e ferramentas europeias, e assim utiliza a esquematização do ecossistema de inovação urbana da quádrupla hélice: governo, academia, empresas e cidadãos. Através da Plataforma de Inovação Urbana, explica o funcionamento da InovaCity, desde o mapeamento das melhores práticas à transformação de iniciativas em soluções tecnológicas a serem escaladas. Descreve de forma detalhada a Metodologia no processo de criação do Ecossistema de Inovação Urbano.

O quinto capítulo aborda a aplicação e validação da Metodologia InovaCity desenvolvida no município de Natal/RN, no período de setembro de 2015 a novembro de 2017. Discute o caso de Natal, no contexto do Programa Natal, Cidade Inteligente e Humana, analisando o ecossistema de Inovação Urbano Local e a transformação da Prefeitura Municipal como o seu Elo integrador. Descreve o processo da estruturação do programa, através da implementação de políticas, estratégias, plano de ação e metodologias participativas; da infraestrutura tecnológica, com base no uso da Plataforma e tecnologia FIWARE. Apresenta o cronograma de implantação do programa aplicando a metodologia InovaCity.

O sexto capítulo discute os resultados baseados nos principais projetos do case de Natal, no âmbito do Termo de Cooperação Técnica realizado entre PMN e IMD/UFRN. Também apresenta uma breve descrição do Centro de Inovação da “Ribeira Living Lab”, cuja proposta, pretende ser o motor de transformação de um bairro histórico do município, transformando-o no primeiro bairro inteligente e humano de Natal.

O sétimo capítulo aborda as lições aprendidas ao longo do processo de aplicação da iniciativa, no período de setembro de 2015 a novembro de 2017, considerando as etapas

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realizadas e os resultados alcançados. Apresenta o conhecimento adquirido durante a realização do trabalho proposto; contempla tanto as experiências bem-sucedidas, bem como aquelas passíveis de aperfeiçoamento; e envolve a participação da equipe do projeto e também outros stakeholders.

O oitavo capítulo descreve a criação da empresa InovaCity e o seu modelo de negócio, baseado na ferramenta Canvas. A missão da empresa está focada na exploração dos resultados do projeto, tendo como plano de negócio operacionalizar no mercado a consultoria da metodologia de gestão de inovação governamental para o desenvolvimento de cidades inteligentes e humanas no território brasileiro.

O nono e último capítulo apresenta a Trajetória da Gestora da Inovação junto ao programa de Pós-graduação em Ciência, Tecnologia e Inovação – PPGCTI/UFRN. Relata as ações no âmbito da Metodologia InovaCity validada no case de Natal/RN. Aponta Irani Santos, como idealizadora e coordenadora do Programa Natal, Cidade Inteligente e Humana, na condição de Diretora de Desenvolvimento Socioeconômico da Prefeitura de Natal.

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2 A DINÂMICA DE URBANIZAÇÃO E A GESTÃO DAS CIDADES

O desenvolvimento socioeconômico dos centros urbanos apresenta-se como um dos grandes desafios estratégicos do paradigma técnico-científico. Nesse cenário, a UN-Habitat apresenta que 54% da população mundial vive em centros urbanos, com um crescimento de aproximadamente 1,5 bilhão de pessoas nos últimos 20 anos. Nesse sentido, a expectativa para 2025 é que 6 em cada 10 pessoas resida em centros (Habitat III, 2016).

Devido à urbanização contínua das nossas sociedades, torna-se cada vez mais difícil para as autoridades das cidades fornecerem serviços adequados para atender às necessidades dos cidadãos. Questões como mudanças demográficas, saúde, segurança, alojamento sustentável, transporte, energia e meio ambiente afetam as cidades; elas são percebidas pelos cidadãos como fatores-chave para sua qualidade de vida.

Nesse sentido, faz-se necessário que as administrações municipais desempenhem um papel estratégico na conceituação, desenvolvimento e implementação de respostas adequadas aos desafios sociais locais ou globais que enfrentam.

Isto é particularmente desafiador num contexto de crise e desconfiança entre os cidadãos e as administrações públicas. As TIC podem assegurar que as infraestruturas e serviços públicos aos cidadãos, permitindo-lhes participar no co-design de soluções para problemas comuns.

2.1 A dinâmica de urbanização

A expansão desenfreada, e, por vezes, desordenada, traduziu-se na formação de inúmeros desafios socioeconômicos nos espaços urbanos: organização do espaço urbano, segurança urbana, sustentabilidade ambiental, garantia do pleno acesso aos direitos básicos, dentre outros elementos importantes que possibilitam o exercício da cidadania plena a totalidade de seus cidadãos. Ao mesmo tempo, estabelece situações de desigualdades socioespaciais, nas quais bairros expandem seus indicadores socioeconômicos de formas distintas (Habitat III, 2016).

Essas situações contraditórias desenvolvem-se a partir da dinâmica histórico-econômica das cidades, quando as atividades essenciais para o funcionamento da cidade são

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deslocadas ou pulverizadas a novas localidade no território, fazendo com que haja transformações geográficas no bairro. Esse cenário apresenta uma importante fragilidade no desenvolvimento urbano quando os antigos centros urbanos se transformam em localidades com estrutura subutilizada ou abandonada, dando condições favoráveis a disseminação de problemas sociais (violência, marginalidade.).

O estabelecimento de uma urbanização que privilegia o crescimento dos demais bairros em detrimento do centro é uma tônica do processo de evolução das cidades. Segundo Vargas e Castilho (2009), a degradação das zonas centrais apresentou-se como uma preocupação dos grandes centros urbanos a partir da década de 1950 na Europa e na América do Norte, e a partir da década de 1980 no Brasil.

No cenário brasileiro, Costa (2011), ainda destaca o fato de que o Brasil apresentar centros urbanos ordenados em função do crescimento de zonas portuárias pelo fato de, historicamente, o crescimento estar pautado no comércio exterior. Entretanto, a transformação da estrutura produtiva nacional, aliado com o desenvolvimento e a priorização de outros modais de transporte, fez com que o fluxo de atividades e pessoas diminuísse paulatinamente nessas regiões, fazendo com que instalasse o processo de degradação do território e gentrificação das cidades.

A transposição do cenário de degradação do centro urbano apresenta-se como um elemento essencial para o reestabelecimento do sentimento de pertencimento do munícipe com os valores, a cultura e a história da cidade onde vive. Nesse contexto, a revitalização do centro urbano caracteriza uma avaliação de sua herança histórica e patrimonial, o caráter funcional e sua estrutura física, readequando-a de forma a possibilitar qualidade de vida aos cidadãos e dinamização da economia local, de forma a estabelecer efetivamente um cenário profícuo a criação de riqueza socioeconômica (VARGAS E CASTILHO, 2009, p. 3-5).

Diante desse contexto, torna-se imprescindível o desenvolvimento de estratégias que possibilitem o desenvolvimento sustentável e estruturado dos centros urbanos, a fim de superar os obstáculos estruturais e estabelecer um ambiente que garanta as condições suficientes para o exercício da cidadania plena por seus cidadãos.

Em um paradigma técnico-econômico mundial caracterizado na sociedade do conhecimento, com a difusão das Tecnologias de Informação e Comunicações (TICs) como base para a geração de vantagens competitivas, torna-se essencial a geração de estratégias de gestão do meio urbano que explorem as possibilidades criadas com o uso das TICs e possibilitem a viabilização de soluções disruptivas ao desenvolvimento da população local.

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2.2 Conceito de Bairros Urbanos

Na história da urbanização, os bairros sempre estiveram presentes. Ainda hoje, se você perguntar a alguém de uma grande metrópole - ou mesmo de uma cidade de tamanho médio ou pequeno - onde eles moram, a resposta mais comum que você obterá será associada ao nome de um bairro. Embora suas fronteiras exatas possam ser desfocadas (se existirem), as vizinhanças fazem parte da vida e da cultura da maioria dos ambientes urbanos do mundo. Então, quando é relatado (como nas estatísticas da OMS) que a maioria da população global já vive nas cidades e que essa porcentagem deve crescer ainda mais nos próximos anos, isso é apenas uma contabilidade parcial da realidade. É necessário acrescentar que a maior parte da população em todo o mundo, em uma extensão que não é totalmente capturada como um fenômeno estatisticamente relevante está cada vez mais concentrada em bairros urbanos.

A importância deste conceito tem sido conhecida por pesquisadores e profissionais de diversas disciplinas - desde a geografia econômica até a ciência política, da sociologia ao design e arquitetura urbana, da psicologia à gestão pública, etc - e na literatura está associada a um tipo específico de personagem que todos os bairros parecem exibir. Esta é a coexistência de uma dimensão espacial (embora genericamente, a localização de um bairro seja clara e muitas vezes reforçada por um topônimo específico) com uma dimensão social (que é promovida pelo tempo recorrente, interação face a face de um grupo pequeno de pessoas que residem nas proximidades) (UNRIC, 2014).

Essa interação frequente e direta, de certa forma, aprofunda o conhecimento e a "familiaridade" entre os vizinhos mais do que os habitantes de comunidades diferentes e distantes (ou geograficamente ou culturalmente). Isso cria uma espécie de identificação entre a pessoa e o lugar onde ela mora, representado pelo bairro, com todos os seus componentes materiais (construídos de forma natural e artificial) e imateriais (tanto racionais quanto emocionais), que às vezes são referidos como “Identidade de Lugar” (OLIVEIRA; MARSH, 2014)

O impacto da identidade da vizinhança no comportamento individual e coletivo foi estudado a partir de diversas perspectivas científicas e em diferentes campos de aplicação. Por exemplo, é comum concordar que a sensação de um bairro forte e coeso deve aumentar a resiliência da comunidade (ou seja, a capacidade de resistir) a uma variedade de adversidades externas. Além disso, pode melhorar o desempenho médio de seus membros em uma série de contas mensuráveis: da redução da violência familiar com crianças à ação positiva associada à

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inclusão social; de lutar contra comportamentos criminosos, arriscados ou não saudáveis ou para alcançar uma absorção mais rápida ou mais generalizada de novas tecnologias.

2.3 Cenário Brasileiro

No Brasil, está ocorrendo uma urbanização mais acelerada do que a média mundial. Ao redor do mundo, em 2008, o número de pessoas que viviam em cidades atingiu 50% da população total. No Brasil, o censo de 2010 registrou que 84% da população vivem nas cidades. As cidades brasileiras enfrentam, assim, uma combinação incoerente de fatores. Uma grande parte dos administradores públicos não percebe as TIC como estratégias para a administração. Assim, as TICs não são incorporadas na estratégia dos governos e, consequentemente, a falta da conexão por banda larga a preços acessíveis está afetando negativamente pequenos processos e serviços que, juntos, poderiam ajudar a resolver muitos problemas da sociedade.

Os países de todo o mundo estão buscando alcançar um crescimento econômico inteligente (liderado pela inovação), inclusivo e sustentável (TIROLE, 2018). Tal objetivo exige uma reavaliação do papel do governo e das políticas públicas na economia. Em particular, requer uma nova justificativa de intervenção do governo que vá além da simples correção de falhas de mercado.

Para Mazzucato; Penna, (2016), a política de inovação implica identificar e articular novas missões que possam motivar a criação de novos padrões de produção, distribuição e consumo em todos os setores. A autora defende que as políticas orientadas para a missão podem ser definidas como políticas públicas sistêmicas, que se baseiam em conhecimentos de ponta para atingir metas específicas ou "grande implantação de ciências para enfrentar grandes problemas". Sendo assim, abordar as missões de inovação exige investimentos por ambos os atores, privados e públicos.

A atual situação política e econômica do Brasil representa um grande desafio em um país cujo desenvolvimento socioeconômico ainda está incompleto. Os escândalos de corrupção parecem ter congelado a agenda no Congresso, impedindo a passagem de contas que são importantes para a inovação e o desenvolvimento econômico, como a reforma do código tributário ou mudanças na legislação de compras para permitir o uso estratégico de contratos públicos para inovação. Além disso, o governo federal decidiu implementar um programa de política macroeconômica rigoroso. Portanto, a política terá que considerar as limitações

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impostas pelo contexto político, incluindo um orçamento público limitado para investimentos públicos.

Apesar desses obstáculos, é possível que o Brasil estabeleça uma agenda positiva a longo prazo para o desenvolvimento e espalhe as sementes para transformar seu sistema nacional de inovação de forma que seja mais orientado para a missão. As políticas precisam abordar as fraquezas do Sistema Nacional de Inovação do Brasil e desenvolver seus pontos fortes:

• A presença de todos os elementos de um sistema de inovação desenvolvido - isto é, instituições-chave- está em todos os subsistemas, como os de educação e pesquisa, de produção e inovação, de financiamento público e privado, de políticas e regulação. Um subsistema de pesquisa científica que melhorou substancialmente nas últimas décadas e está produzindo conhecimento de ponta em algumas áreas-chave, com "ilhas de excelência produtiva" em setores como o petróleo e o gás, a aviação, a agropecuária, a saúde e, em menor grau, a automação bancária;

• Os recursos naturais estratégicos (por exemplo, recursos minerais e hídricos, além da biodiversidade dos seis biomas terrestres do Brasil e seu bioma marítimo) que, a longo prazo, serão cada vez mais exigidos à medida que o processo de inclusão econômica avança nas economias emergentes. Um aparelho estatal multifacetado de agências dedicadas à promoção e execução de políticas de ciência, tecnologia e inovação, incluindo uma caixa de ferramentas completa de instrumentos de oferta e demanda; • Um mercado interno forte para consumo em massa, que cresceu como resultado das

políticas de inclusão social;

• Exemplos positivos de iniciativas políticas sistêmicas "orientadas para a missão", explicitamente ou implicitamente focadas na inovação, que levam a interações positivas entre o estado, o setor empresarial e a academia.

Diante do contexto apresentado, Mazzucato; Penna (2016) reafirma que pensar grande não significa jogar dinheiro público em atividades diferentes. Requer uma estrutura política que possa apoiar o papel do setor público- em parceria com empresas e a academia - na direção da mudança socioeconômica e tecnológica. Isso exige que a inovação orientada para a missão seja colocada no centro da política econômica e uma estrutura que reconheça o papel catalisador do governo na criação e modelagem dos mercados, não apenas para consertá-los. Exige novos indicadores para avaliar os investimentos públicos, capturando esse impacto iminente e transformacional. Requer diferentes ideias sobre a organização do governo e a distribuição de

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riscos e recompensas que emergem do esforço coletivo na busca do crescimento liderado pela inovação inteligente.

Para o Brasil, isso significa desenvolver um programa estratégico de inovação que aproveite os pontos fortes de seu sistema de inovação para superar as fraquezas do país e enfrentar seus desafios, aproveitando as oportunidades oferecidas por um país tão vasto e rico. Atualmente, também significa trabalhar dentro das limitações impostas por políticas econômicas ausentes.

O conceito de Arranjos Produtivos Locais, ou APLs, desempenha um papel importante na política de desenvolvimento nacional e na política de CTI. Os APLs são vistos como um meio de atingir uma série de políticas com diferentes objetivos em diferentes tipos de atores econômicos. Esses arranjos locais são citados em planos de desenvolvimento em relação a setores tradicionais, indústrias intensivas em capital e atividades intensivas em conhecimento. Embora os APLs desempenhem um papel importante nos setores tradicionais, eles também são cada vez mais usados em áreas de uso intensivo de conhecimento, envolvendo iniciativas como parques tecnológicos e com vínculos estreitos com a política nacional de inovação.

O Brasil é reconhecido como um país muito empreendedor, apesar de não "inovador" (tecnológico). Mas, os indivíduos são propensos a tomar riscos. O Brasil tem o cérebro, o dinheiro e a infraestrutura para desenvolver inovações radicais. No entanto, uma agenda de políticas públicas coerente, visionária e de longo prazo precisa ser criada e implementada (MAZZUCATO; PENNA, 2016).

2.4 Gestão participativa das cidades

Ao longo dos anos, os governos municipais buscam formas inovadoras de envolver os cidadãos na resolução de desafios urbanos. Exemplos incluem as famosas abordagens orçamentárias participativas utilizada sem Porto Alegre/RS, onde os cidadãos participam diretamente na decisão de como uma porcentagem do dinheiro público é gasto, além de outras centenas de experiências de orçamentos participativos em andamento em todo o mundo, bem como da adoção de Planos Plurianuais Participativos (PPAs).

Por outro lado, a crescente transformação tecnológica trouxe ao processo participativo, um novo conjunto de métodos - gerados pelos smartphones, pela crescente preferência por transações online, hardware de baixo custo e tecnologias peer-to-peer (de pessoa para pessoa), estão permitindo que as cidades trabalhem com os cidadãos para encontrar formas mais

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inteligentes de usar recursos, coletar dados e tomar decisões. Neste contexto, a qualidade do desenvolvimento das cidades e das pessoas que as habitam depende principalmente da capacidade dos governos de compreenderem esta nova época, além de proporcionar o melhor serviço público.

À medida que o mundo adota cada vez mais infraestruturas avançadas de comunicação e outras tecnologias de informação e comunicação (TIC), a coesão social no ambiente da cidade parece ser progressivamente perdida. A incerteza sobre que tipos de modelos sociais resultam da digitalização da sociedade exige ações participativas decisivas do público e das autoridades civis das cidades (MAZZUCATO; PENNA, 2016).

É certo, que o rápido crescimento das TIC permitiu a criação e adaptação de serviços, na verdade a informática e as redes sociais estão a impulsionando o ecossistema de inovação democrática assim como transformações sociais a todos os níveis da nossa sociedade. Os cidadãos estão cada vez mais informados e exigentes no que diz respeito às suas necessidades. A colaboração e a participação cívica têm vindo a aumentar, fortalecendo o compromisso com a dinâmica democrática e com a qualidade de vida da sociedade, onde os interesses gerais prevalecem sobre os interesses individuais.

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3 DAS CIDADES INTELIGENTES ÀS CIDADES INTELIGENTES E HUMANAS

O conceito de Cidade Inteligente foi criado pela indústria tradicional das TIC com o objetivo de explorar novas oportunidades de mercado. Este conceito foi usado através de infraestruturas TIC sofisticadas capazes de saber o que está acontecendo numa cidade - carros estacionados, engarrafamentos, disponibilidade de camas nos hospitais, o consumo de energia, a qualidade da água e do ar, temperatura, ruído, etc.

Nas Cidades Inteligentes e Humanas, o foco é o bem-estar, qualidade de vida e felicidade dos cidadãos, onde as tecnologias de informação são utilizadas com base em metodologias apropriadas para resolver os problemas sociais, econômicos e ambientais identificados por metodologias participativas (OLIVEIRA; CAMPOLARGO, 2015).

3.1 Cidades inteligentes

As Cidades Inteligentes podem ser definidas a partir de três pontos inter-relacionados: a presença de tecnologias de informação e comunicação, de sistemas de infraestrutura urbana e de processos integrados de governança. Na Cidade Inteligente, o desenvolvimento urbano sustentável é alcançado através do uso central das tecnologias de informação e comunicação para ligar e coordenar digitalmente vários sistemas urbanos em um sistema de informação abrangente e único.

Nesse sentido, Washburn et al. (2010) definia o uso de tecnologias de computação inteligente para tornar mais inteligentes, interconectados e eficientes os componentes críticos de infraestrutura e serviços de uma cidade, que incluem administração urbana, educação, saúde, segurança pública, edifícios, transporte e utilidades. Já Haubensak (2014), afirma ainda que a IBM define Cidade Inteligente como o uso de TIC para capturar, analisar e integrar informações relevantes no núcleo dos sistemas das cidades. Uma Cidade Inteligente pode, ao mesmo tempo, tomar decisões inteligentes para diferentes tipos de necessidades, incluindo aspectos diários, proteção ambiental, segurança pública, serviços da cidade e atividades industriais e comerciais, aponta o citado autor.

Tais conceitos permitem considerar que através do uso da Internet das Coisas (Internet of Things - IoT) todos os dados relevantes podem ser recolhidos, proporcionando uma visão integrada de todos os processos da cidade. O uso intensivo de modelos de análise de dados, provavelmente processados em computação em nuvem, completa a compreensão da cidade

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como uma máquina e permite agir no mundo real para adaptá-la às novas circunstâncias - os carros podem ser encaminhadas para os lugares de estacionamento disponíveis ou de forma a evitar zonas congestionadas, as ambulâncias podem ser redirecionadas, o consumo desnecessário de energia pode ser racionalizado, os cidadãos podem ser avisados sobre as condições ambientais, etc.

Uma Cidade Inteligente desenvolvida aplica esta lógica a todos os elementos funcionais de uma cidade, permitindo um controle integrado dos sistemas urbanos, especialmente quando tais sistemas estão relacionados com os diferentes departamentos de uma administração da cidade. Adicionalmente, a combinação de informações fornecidas por redes de sensores com aplicativos de smartphones (especialmente viável quando o acesso aberto a dados públicos é implementado) permite a personalização de serviços da cidade, como para atender às necessidades de um cidadão específico de acordo com sua posição, perfil e padrões de comportamento.

No entanto, no contexto da crise financeira, graves limitações foram induzidas nos investimentos em infraestruturas e, em alguns casos, na prestação de serviços básicos urbanos; isto parece ter criado uma nova consciência social: os cidadãos demandam uma representação mais eficaz para superar a erosão da confiança nas autoridades.

Na realidade, a explosão de participação em massa baseado nas redes sociais confirma uma "demanda das ruas", que está chamando para a abertura, a transparência e a confiança no governo e sistema político. As soluções meramente suportadas por tecnologia não tiveram a capacidade de engajar os cidadãos e as prefeituras já que estes não se apropriaram dos serviços “inteligentes”. Os desafios urbanos são maiores e requerem uma transformação mais radical.

Este cenário justificou a necessidade de desenvolver o conceito de Cidades Inteligentes, reorientando-o novamente para os cidadãos, para as suas necessidades e para uma colaboração aberta com as autoridades públicas.

3.2 Cidades inteligentes e humanas

O conceito de Cidades Inteligentes e Humanas, utiliza novos modelos e metodologias: Living Labs, Design Thinking e Gamificação, para engajar e motivar cidadãos e prefeituras no co-desenho e co-criação de produtos e serviços para dar resposta aos seus WINs (Desejos, Interesses e Necessidades) (COSTA; OLIVEIRA, 2017).

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A internacionalização do movimento foi iniciada por Álvaro Oliveira em 2011 com a evangelização dos conceitos e metodologias na comunidade brasileira de Living Labs, o que levou a adesão de um grupo inicial de 21 cidades, nas quais se incluem Natal. Em 2015, o movimento se formalizou e foi assumido pela Frente Nacional dos Prefeitos - FNP como núcleo inicial para constituição de uma Rede ligada ao movimento Europeu liderado por Álvaro Oliveira (OLIVEIRA; SANTOS, 2016).

Oliveira Estabeleceu a ligação oficial da Rede Brasileira com a Comissão Europeia coordenando e facilitando o processo do acordo bilateral de cooperação entre a União Europeia e o Brasil para a inovação das Cidades Inteligentes – FIWARE. A data o plano de ação do acordo bilateral foi discutido e acordado em evento de alto nível realizado em Natal com a participação a nível ministerial do Brasil e da União Europeia bem como as comunidades acadêmicas e de inovação do Brasil e da União Europeia.

Segundo Oliveira; Campolargo (2015), a incorporação da componente humana no conceito de cidades inteligentes, remete a utilização da análise de dados com o objetivo de assegurar inteligência, não só em termos de automação de funções de rotina, mas também na compreensão, monitoramento, análise e planejamento da cidade, melhorando a qualidade de vida dos seus cidadãos através de um modelo de governança aberto, transparente e confiável, envolvendo e capacitando os cidadãos na co-criação de soluções para os desafios sociais coletivos.

Nas Cidades Inteligentes e Humanas, os cidadãos, empoderados pelo conhecimento, pelo acesso a dados abertos e a ferramentas digitais, podem efetivamente participar do processo de planejamento e construção de suas cidades. O apoio à transformação das cidades em Cidades Inteligentes e Humanas é desenvolvido por três frentes: My Neighbourhood (2014); My Neighbourhood (2013) e Oliveira (2013).

• Infraestrutura tecnológica, que pode ser possibilitada através de parcerias público-privadas ou outras parcerias;

• Infraestrutura de conhecimento, inteligência que precisa ser alcançada pela maioria das instituições de treinamento;

• Amplo conhecimento das pessoas sobre esse movimento, que o município promoverá para garantir o apoio popular.

Para avançar ao ponto de gerar dados maciços ligados ao funcionamento das cidades e usá-los para beneficiar a vida das pessoas, segundo (OLIVEIRA, 2014), é necessário ter:

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• Infraestrutura física incluindo uma plataforma aberta tal como o FIWARE, que permita a coleta e organização de dados e informações, com foco em problemas específicos da cidade, e que seja robusta e segura o suficiente para que as pessoas confiem nela;

• Sobre a infraestrutura física, uma estrutura de software para permitir que tais dados sejam disponibilizados abertamente à população através de APIs (Aplicações de Interfaces de Programação) públicas;

• Uso de APIs públicas para que todas as pessoas que possuem conhecimentos suficientes possam desenvolver aplicativos e consultar os dados abertos disponíveis, gerando soluções que podem ser pessoais, para grupos, para fins comerciais ou sociais;

• Treinamento extensivo tecnologicamente capaz de usar os dados e tecnologias abertos dos cidadãos para o desenvolvimento de soluções para melhorar a vida nas cidades.

A pretensão para os processos e soluções de Cidades Inteligentes e Humanas é que sejam escaláveis e transferíveis. Para isso foram feitos os esforços a nível nacional e internacional para chegar à definição e aceitação de padrões das Cidades Inteligentes e Humanas. Em geral, os padrões pretendem impulsionar a inovação. Eles fazem isso demarcando um determinado campo de desenvolvimento, definindo metas e objetivos relacionados, bem como fornecendo especificações técnicas que os acompanham. Isso deve beneficiar os desenvolvedores, fornecendo-lhes incentivos e metas para que se envolvam em práticas inovadoras; ao mesmo tempo, deve beneficiar os gestores públicos e planejadores políticos, dando-lhes uma ferramenta para orientar e monitorar o desenvolvimento.

A plataforma FIWARE, uma plataforma aberta, interoperável, que está sendo adotada por muitas cidades da Europa e está em processo de padronização foi recentemente adotada a nível internacional com iniciativa da TM Forum e da FIWARE Foundation. O apoio político foi consolidado no formato do Manifesto das Cidades como City as a Platform de que Natal é o único signatário do grupo de cidades fundadoras.

3.3 Estudos de caso de cidades inteligentes e humanas

3.3.1 Cases Internacionais

As cidades do Reino Unido: Londres, Birmingham, Bristol, Glasgow, e Manchester, estão atualmente entre os centros de inovação de Cidades Inteligentes mais mencionados. Em Bristol, por exemplo, o conselho da cidade e a universidade se uniram para implementar a

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criação de um Living Lab para desenvolver e testar novos produtos e serviços. Manchester estabeleceu uma agência dedicada para desenvolver uma estratégia digital integrada para a cidade e sua região. Deste projeto, vários projetos de Cidades Inteligentes foram lançados com foco especial em permitir que indivíduos e grupos comunitários se envolvam.

A iniciativa Future City Glasgow exemplifica, de forma semelhante, como é o pensamento de Cidades Inteligentes, ao integrar o gerenciamento de uma grande quantidade de dados e aplicativos de mídia social com foco no desempenho da sustentabilidade urbana, particularmente em relação à energia urbana e viagens. Na Europa, a estratégia Open and Smart Citiesé uma iniciativa conjunta de seis grandes cidades da Finlândia (Helsinque, Espoo, Vantaa, Oulu, Tampere e Turku), desenvolvida com o apoio do governo finlandês e implementado entre 2014-2020. Um dos principais objetivos é promover a abertura, a acessibilidade e a participação da comunidade. Assim, enquanto os sistemas tecnológicos são uma das principais ferramentas, a Cidade Inteligente e Humana está mais definida em termos de governança aberta. Um segundo objetivo-chave relacionado é aumentar a cooperação entre as cidades, promovendo a maior região da cidade como o principal centro de inovação. O conceito de Cidade Inteligente aqui ganha maior significado visto que a interoperabilidade do serviço não será apenas para o aprimoramento em todos os serviços a nível de cidade individual, mas especialmente entre as seis cidades em apoio ao desenvolvimento regional.

A Índia atraiu atenção global quando seu governo lançou a iniciativa 100 Smart Cities em 2014 (alocando US$1,2 bilhão no orçamento 2014/2015). Notavelmente, isto incluiu a construção de cerca de 20 a 30 novas cidades, como Dholera em Gujarat e uma série de novas Cidades Inteligentes no Corredor Industrial de DelhiMumbai, bem como cidades satélites em torno de cidades existentes, ao lado do aprimoramento dos centros urbanos existentes (OLIVEIRA, SANTOS, 2016).

Em Londres, a iluminação das ruas chegou em meados do século 18, seguida por linhas telefônicas, um sistema de esgoto, acesso público à eletricidade, luzes de rua elétricas, ônibus e o metrô de Londres, no século 19. No século 20, as viagens aéreas, os telefones celulares e a internet deixaram sua marca na cidade. Agora, as novas tecnologias digitais estão começando a ter um impacto profundo no funcionamento de Londres, desde a zona de tarifação de congestionamento, que utiliza câmeras e software para reconhecer automaticamente placas de números de carros até a London Air Quality Network (Rede da Qualidade do Ar de Londres), que mede e mapeia a poluição do ar da cidade com equipamento de detecção digital. No futuro próximo, um piloto do Transport for London poderia ver os sensores usados nas passagens rodoviárias para torná-los mais seguros para os pedestres. A cidade também planeja

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investir em redes modernizadas e um mapa 3D de canos e cabos nas ruas de Londres, o que tornará mais fácil a manutenção e construção de estradas. Como a evolução de Londres nos últimos séculos demonstra, as cidades estão usando a tecnologia para evoluir e adaptar-se constantemente às necessidades das pessoas que vivem e trabalham nelas.

Muitas cidades estão experimentando a internet das coisas (Internet of Things - IoT): objetos embutidos com sensores e capacidade de comunicação e compartilhamento de dados com pessoas e outros objetos. Aqui está um resumo de algumas das aplicações de ponta do IoT nas cidades de hoje:

• Lixeiras inteligentes em Barcelona: um projeto-piloto usando sensores em caixas está testando se as rotas de vans de coleta de lixo podem ser otimizadas apenas enviando-as para caixas cheias. A cidade estima que o sistema poderia economizar 10% na eliminação de resíduos;

• Faróis inteligentes de Glasgow: este projeto-piloto está testando se os sensores nas luzes da rua economizam energia ao permitir que as luzes se acendam e desliguem automaticamente quando as pessoas passam por elas durante a noite;

Sensorização da cidade em Santander: a cidade espanhola de Santander é o lugar de um dos maiores projetos-piloto de sensorização da cidade no mundo, com mais de 20.000 sensores coletando dados em tudo, desde a disponibilidade de espaço de estacionamento até a qualidade do ar. De acordo com a avaliação do piloto, o projeto testa o conceito de redes de sensorização de toda a cidade de forma a ajudar o governo da cidade a fazer mudanças práticas orientadas pela análise desses dados na plataforma de gestão municipal FIWARE que será apresentada neste trabalho.

Edifícios inteligentes em Londres: em 2014, o grupo Canary Wharf lançou o Cognicity Challenge, um acelerador projetado para identificar e pilotar tecnologias de Cidades Inteligentes na propriedade Canary Wharf. As tecnologias que o desafio está atualmente testando incluem Demand Logic, que visa ajudar as empresas a reduzir os custos de eletricidade monitorando inteligentemente o seu uso. O Centro de Inovação de Londres Catapult se destaca como exemplo de grande sucesso no estimulo e apoio ao urbanismo urbano.

Uma tendência interessante em projetos-pilotos de detecção é a evolução de um modelo fechado e proprietário para um baseado em plataformas modulares e especificações abertas. Na Europa, a Comissão Europeia financiou o desenvolvimento do FIWARE. Em vez de se concentrar no desenvolvimento de sensores proprietários, o projeto procura criar uma rede aberta e modular, que pode aceitar sensores de várias organizações. Os pesquisadores também estão publicando especificações de código aberto para todo o software e hardware que o

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projeto desenvolve. Isso contrasta com os projetos-pilotos de detecção anteriores que se concentraram na implantação de sensores proprietários e disponibilizaram poucas informações sobre sua tecnologia ou descobertas.

A eficiência dos serviços prestados ao cidadão é o coração de todas as visões da Cidade Inteligente. Uma maneira de conseguir isso é através da implantação em larga escala de sensores para medir e monitorar infraestrutura. Por exemplo, o monitoramento de tubos de água para reduzir vazamentos ou monitoramento e modelagem do tráfego para que ele flua suavemente. Outra maneira para uma cidade promover o uso eficiente de recursos é apoiar ferramentas digitais que ajudem as pessoas a usar melhor os ativos subutilizados. Por exemplo, as pessoas possuem coisas que raramente usam, elas se movem de forma ineficiente em carros particulares e muitas cidades têm espaços não utilizados e subutilizados.

Fazer uso melhor dos recursos existentes através do compartilhamento e da colaboração é muitas vezes definido como "economia compartilhada". Os programas que promovem o uso compartilhado em vez da propriedade existem há muito tempo: clubes de carros, esquemas de compartilhamento de bicicletas e bibliotecas de ferramentas, para citar alguns. Agora, a internet e as plataformas digitais têm o potencial de fazer um trabalho muito melhor de conectar grupos distribuídos de pessoas para fazer melhor uso desses recursos pondo em contato direto a oferta e a demanda do mercado, descartando assim o papel do intermediário.

Os carros são um dos principais exemplos de um bem subutilizado, com estimativas mostrando que ficam parados em 96% do tempo. Isso tem um tremendo impacto nas cidades em termos da quantidade de espaço dedicada aos estacionamentos. O Reino Unido como um todo tem cerca de 8 a 11 milhões de vias de estacionamento regulamentadas e outras 17 milhões não autorizadas. A presença de carros também exige que uma cidade dedique uma grande quantidade de espaço público às estradas, em comparação com outros possíveis usos do mesmo espaço. Por exemplo, em Cingapura, uma cidade-estado onde a habitação é extremamente densa e dispendiosa, as estradas ocupam 12% da área total da terra, em comparação com 14% da habitação (OLIVEIRA, 2015).

Além de software inteligente que facilita o fluxo de tráfego e sensores e aplicativos que ajudam a usar melhor os espaços de estacionamento, persuadir os cidadãos a fazer escolhas de transporte mais sustentáveis ajuda a resolver os impactos negativos que os carros têm nas cidades.

Cidades desde Bremen à Xangai criaram clubes de carros para incentivar o compartilhamento de carro. Ao invés de confiar nos governos ou empresas da cidade, novas

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ferramentas digitais agora permitem que as pessoas se conectem diretamente entre si para alugar seus carros por hora. Esse modelo peer-to-peer (P2P) está crescendo em popularidade e agora existem dezenas de programas do tipo em várias cidades ao redor do mundo.

Além de alugar carros particulares por hora, as pessoas também podem se conectar para compartilhar viagens de carro. Um exemplo disto é Nebengers em Jacarta, que usa o Twitter para combinar pessoas que têm espaço em seus carros com pessoas que procuram compartilhar um passeio. A conta do Nebengers no Twitter tem 83.000 seguidores e sete funcionários do Nebengers “tweetam” cerca de 1.000 pedidos de compartilhamento de viagem por dia.

Cerca de 600 cidades em todo o mundo também criaram programas de compartilhamento de bicicletas - outra forma de promover uma alternativa à propriedade de automóveis. Estudos sobre esses tipos de esquemas em Barcelona, Paris, Lyon e Montreal, mostraram que entre 7% e 13% dos usuários estavam substituindo viagens de carro, táxi ou motocicleta. O modelo P2P também foi estendido para o ciclismo, com serviços como o Spinlister que permite que os usuários aluguem bicicletas uns dos outros.

3.3.2 Cases de Fracassos das Smart Cities

O caminho equivocado das Smart Cities originou alguns cases notáveis de fracasso, a exemplo das cidades de Masdar em Abu Dhabi, que visava usar tecnologias avançadas para se tornar a primeira cidade “zero de carbono” do mundo; Songdo na Coréia do Sul, uma cidade permeada por sensores para melhorar a sustentabilidade e gestão da cidade e o “Vale do Plan IT” em Portugal, com a visão de um "sistema de operação urbano" usado para gerenciar toda a cidade. O objetivo desses projetos foi a criação de novas cidades de alta tecnologia a partir do zero. No entanto, nenhuma delas acabou como planejado. A cidade de Masdar, que abriu o caminho em 2008, abriga apenas um punhado de edifícios que compõem o Instituto Masdar de Ciência e Tecnologia e alguns estudantes residentes. O Vale do Plan IT acabou não sendo construído por causa da crise financeira. Songdo é o mais desenvolvido dos três, mas não está claro se os $ 35 bilhões gastos com isso resultaram em uma cidade que é mais sustentável e habitável do que as cidades comuns.

Muitos dos campeões dessas primeiras Cidades Inteligentes eram empresas de TI (Tecnologia de Informação) que sabiam muito sobre tecnologias avançadas de rede e análise de dados, mas pouco sobre o funcionamento das cidades, e é por isso que eles se concentraram na

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construção de novas cidades a partir do zero, em vez de se envolverem com as questões que as cidades atuais enfrentavam. No entanto, os críticos mostraram o quão impraticável seria aplicar tecnologia desenvolvida baseada em visões utópicas nas cidades do mundo real. Como resultado, as empresas de TI começaram a desenvolver produtos e serviços para vender às cidades existentes. Uma maneira como eles fizeram isso foi buscando entender os desafios das cidades.

Apesar do que as empresas aprenderam ao trabalhar com as cidades, as ferramentas oferecidas aos governos municipais hoje ainda são tecnologias de ponta. Por exemplo, o cerne da oferta da Cidade Inteligente muitas vezes é um núcleo de controle central, onde os "gerentes da cidade" podem monitorar suas cidades em centenas de computadores e em telas gigantes montadas na parede, uma prática extraída da gestão do tráfego, mas agora abrangida para a cidade e seus vários sistemas como um todo.

As Cidades Inteligentes estão agora alcançando um ponto de virada. Elas continuarão a se concentrar em tecnologia de ponta ou começarão a considerar as necessidades das pessoas e o papel que elas podem desempenhar para tornar suas cidades melhores? A China e a Índia até agora concentraram seus projetos-piloto principalmente nos aspectos de hardware do desenvolvimento da Cidade Inteligente, afirmando que os projetos da Cidade Inteligente devem usar sistemas inteligentes de monitoramento e controle automatizados para tornar os ambientes da cidade mais habitáveis e "sistemas de informação para gestão de cidades digitais e integradas” para tornar a gestão da cidade mais eficiente e precisa. No entanto as grandes adaptações de TICs já estão adaptando os seus produtos à plataforma aberta FIWARE, mas ainda mostram grandes dificuldades na área de consultoria de participação e inovação social. Vai ser necessário desenvolverem o ecossistema adequado incluindo empresas com esse conhecimento e nesta oportunidade que se enquadra a InovaCity.

As cidades devem estar cientes de quatro das maiores falhas com a visão de tecnologia das Cidades Inteligentes:

• Começando com tecnologia em vez de desafios urbanos. O trabalho em Cidades Inteligentes geralmente começa com a questão: como podemos aplicar as tecnologias de ponta já existentes? Isso acontece porque o principal objetivo dos projetos-piloto de Cidades Inteligentes é, muitas vezes, o desenvolvimento econômico. Ou seja, apoiar as empresas a criarem e comercializarem tecnologias que podem ser vendidas para cidades do mundo todo.

• Uso insuficiente ou falta de evidências. Apesar dos enormes valores investidos em Cidades Inteligentes em todo o mundo, há poucas evidências publicadas que mostram que

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