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O conceito de Living Lab teve origem na NOKIA, na Finlândia no final dos anos 90. Quando a empresa se posicionava como o maior fabricante de celulares do mundo e tomou a decisão estratégica de transformar o celular, objeto de comunicação em objeto de design e moda a fim de continuar a crescer no mercado com equipamentos mais atrativos e com tempo de vida mais curto, criando no usuário a necessidade de mudança e transformando assim o celular em um objeto de desejo emocional. Foi então encomendado ao Media Lab do MIT um estudo com o objetivo de aprofundar a pesquisa do Prof. Von Hipel e do Prof. William Mitchell na área de “User Driven Innovation” focando os requisitos para que a rotação rápida de modelos pudessem ser um sucesso de mercado sintonizado com o desejo, interesse e necessidade dos usuários desse mercado.

O estudo entregue à NOKIA deu os princípios orientadores para criar o ambiente colaborativo do Living Lab dando primazia à participação de usuário e à experimentação no processo de inovação. Álvaro Oliveira, Professor da Universidade de Helsinque, CKIR, e o Prof. Veli Pekka Niitamo, Diretor de Inovação da NOKIA operacionalizaram a implementação primeiro em Tampere na Finlândia. O sucesso foi imediato e de grande impacto levando a TEKES, agência finlandesa de inovação a criar o primeiro programa de incentivo para testar a implementação dos Living Labs em outros setores industriais.

O sucesso se repetiu e a sua implementação se estendeu â União Europeia por iniciativa do primeiro ministro finlandês Esko Aho, no seu papel de Presidente da União Europeia. No dia 19 de novembro de 2006 Esko Aho lançou publicamente o Manifesto de Helsinque, de autoria de Álvaro Oliveira, Veli Pekka Niitamo e Seija Kulki diretora do CKIR, que funcionou como o instrumento político cujo desenvolvimento e aplicação à escala europeia foi mandatado ao diretório da Inovação DGXIII (Fireball Roadmap for Smart Cities, 2014). O movimento ad-hoc dos Living Labs se organizou formalmente em uma associação ao ENoLL (European Network of Living Lab) (OLIVEIRA, 2010) e Álvaro Oliveira foi eleito o 1º Presidente à escala europeia. Organizou a co-criação do Roadmap Europeu para os Living Labs e negociou com a Comissão Europeia as Políticas Públicas que levaram os Living Labs a transformar-se no principal pilar da política de inovação Europeia, atraindo investimentos muito significativos, na ordem de centenas de milhões de Reais, durante os programas quadro

6º, 7º e Horizonte 2020. O programa Horizonte 2020 atualmente em vigor tem por base a metodologia de inovação Living Labs.

Até hoje os Living Labs penetraram todos os setores da atividade econômica europeia incluindo a inovação da democracia, através da participação e colaboração dos cidadãos. Uma área de desenvolvimento se aplicou aos Living Labs Urbanos integrando os ecossistemas de inovação urbanos que são um dos pilares das Cidades Inteligentes e Humanas (Manifesto de Roma), e dos Territórios Inteligentes (Manifesto de Budapeste) que foram inspirados e se transformaram políticas públicas de Inovação pela liderança de Álvaro Oliveira que não só criou os instrumentos como os operacionalizou e de forma entusiástica tem feito sua evangelização por todo o mundo, incluindo o Brasil. O ENoLL estima que existam nesta data cerca de 25.000 instituições, universidades, grandes empresas, pequenas empresas, parques tecnológicos, incubadoras, etc associados aos cerca de 300 clusters de Living Labs existentes a nível mundial.

Entre os desdobramentos conceituais, um Living Lab é uma rede de usuários como foco no processo de inovação “user driven”, cuja experimentação, no mundo real, tem o objetivo de fornecer estrutura e governança para a participação do usuário no processo de inovação (ALMIRALL; WAREHAM, 2008).

É dentro desse viés de apropriação social dos processos de inovação que os Living Labsse configuram como ambientes viabilizadores de inovação aberta e propulsores de transformação das cidades. Desconstruindo os processos de inovação fechada, nos quais a geração de riqueza é centralizada, a inovação aberta é focada na geração de riqueza colaborativa, a chamada economia do bem comum (Jean Tirolle) na qual destacamos a metodologia de “Generative Commons” desenvolvida por Oliveira no decurso dos projetos de Living Labs que coordenou e em particular nos projetos Periphèria, Myneighbourhood e Lisbon FIWARE. Os Living Labs podem promover a conectividade entre cidadãos, cientistas, editores, instituições de pesquisa, fundações de pesquisa públicas ou privadas, estudantes e profissionais de educação, bem como empresas.

Com vistas a apoiar a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação co-criativa, centrada no ser humano e orientada para o usuário para melhor atender às necessidades das pessoas, foi criada em 2006, a Associação Internacional ‘Rede Europeia de Living Labs’ (ENoLL). Oliveira fez uma evangelização dos Living Labs por todo o Brasil, apresentando-os e promovendo-os como base de um sistema de inovação focado não apenas na inovação tecnológica, mas também na social. Algumas iniciativas brasileiras tornaram-se membros da ENoLL e formaram a Rede Brasileira de Living Labs, criada em 2011. Entre elas: Amazon Living Lab - Fundação

Feitosa (Manaus, Amazonas); Espirito Santo Cidadania Digital (Vitoria, Espirito Santo); Living Lab INdT - Well Being and Wealth Care LL (Manaus, Amazonas); Inova Unicamp Innovation Agency Living Lab (Campinas, São Paulo); Amazonas Living Lab (Manaus, Amazonas); BBILL (Belo Horizonte, Minas Gerais); EDP/Brasil Living Lab (São Paulo, São Paulo); Group Inter-Action Living Lab (Manaus, Amazonas); Habitat Living Lab (Vitória, Espirito Santo); Rio Living Lab (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro).

Na época da criação Rede Brasileira de Living Labs, foi redigido e votado um manifesto - a Carta de Manaus - que foi enviada ao Governo Federal, assumindo o reconhecimento formal dos Living Labs no Brasil e defendendo Programas de apoio e fomento à sub-rede nacional, objetivando, entre outros pontos de pauta, a definição de Políticas Públicas Federais, Estaduais e Municipais, ajustadas a este movimento de inovação aberta no Brasil. Este movimento teve no Brasil uma dinâmica inovadora muito importante levando a uma maior aproximação dos 4 elementos da hélice quádrupla e da sua aplicação no meio urbano nasceram as primeiras iniciativas de Human Smart Cities ligadas aos Living Labs. No início de 2015 contavam-se 21 cidades brasileiras, que sob a liderança de Oliveira avançaram para a criação de uma Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas. Em 2015 esta Rede formalizou-se politicamente no âmbito da FNP (Frente Nacional de Prefeitos).