• Nenhum resultado encontrado

A implementação do programa de Natal seguiu a metodologia apresentada anteriormente, a qual se inspirou nos resultados amplamente publicados na literatura cientifica e técnica relativas as Cidades Inteligentes e Humanas, bem como as metodologias dos Living Labs, plataforma e serviços abertos FIWARE, plataforma MyN de serviços ao cidadão, inovação social, novo urbanismo, especialização inteligente e outras componentes metodológicas.

As metodologias foram estruturadas e otimizadas na prática de implementação na Europa e em alguns projetos realizados na África (Tanzânia, África do Sul, Angola, Moçambique, Nigéria e Egito) na América Latina (Colômbia, México, Chile, Argentina, Uruguai), na Ásia (China, Índia, Japão, Taiwan e Coréia do Sul) e na Austrália.

O Cronograma foi elaborado na intenção de construir um modelo mais aproximado para transformar cidades inteligentes e humanas bem-sucedidas no que se refere à sua implantação, difusão, utilização e otimização de recursos.

A metodologia focada na participação está alicerçada fundamentalmente em reuniões e eventos presenciais que permitem o desenvolvimento da confiança e da identificação nas comunidades de grupos de interesse e lideranças comunitárias. Para implementação de uma proposta como essa é fundamental criar e manter um clima de entusiasmo que dê sustentabilidade ao processo.

A metodologia MyN das Cidades Inteligentes e Humanas, desenvolvida e aplicada na Europa por Álvaro de Oliveira permite, de forma simples, criar serviços ao cidadão (Apoio a idosos, crianças, comércio local, espaços públicos, hortas urbanas, animação do bairro, etc). A abordagem metodológica iniciada em Natal, através do Orçamento participativo fez surgir um diagnóstico, adaptando à realidade local a metodologia Europeia WIN (Wishes, Interests and Needs) para identificar os recursos e as necessidades existentes e determinar, de forma participativa, as prioridades dos serviços a serem desenvolvidos, co-criando assim planos de trabalho elaborados em comum acordo entre os parceiros para a criação de aplicações e serviços voltados às necessidades identificadas.

A partir de 2016, através do Projeto Smart Metropolis, desenvolvido para dar suporte a ações de cidades inteligentes, no âmbito da UFRN, o Programa passou a se beneficiar de um orçamento geral de três milhões e meio de reais, proveniente de uma Emenda Parlamentar para custear as pesquisas, durante um período de cinco anos.

A estratégia para mobilização de recursos junto às parcerias está focada em desenvolver projetos conjuntos entre o poder executivo municipal, o IMD/UFRN e outras instituições que formalizarem Acordos de Cooperação com a Prefeitura, no âmbito do Programa. O cronograma de implementação do programa e as suas 10 etapas estão descritas na figura 6.

Figura 6 – Cronograma de Implementação do Programa

Fonte: Elaborado pela autora.

1. Sensibilização e criação da “Onda de Entusiasmo”: A primeira etapa determinou o nível de engajamento dos atores do ecossistema de inovação local e a consequente adesão ao programa. Ocorreu a partir da organização de eventos de mobilização dos principais atores do Ecossistema de Inovação e da Gestão da cidade, com envolvimento e participação da mídia local. Nessa fase foi assinado um Termo de Cooperação Técnica entre a Prefeitura e UFRN estabelecendo as bases de operacionalização do programa; nessa etapa foi fundamental o papel do Gestor de Inovação, (representado pela Coordenadora do Programa), no processo de articulação dos atores do ecossistema de inovação e da mídia local.

2. Criação da visão da Cidade Inteligente e Humana: A segunda etapa definiu a visão de futuro da Prefeitura para transformar o município em um modelo de cidade inteligente e humana. Nessa fase o Prefeito da cidade assumiu a liderança visionária do processo de implementação do Programa. Ocorreu a partir de reunião estratégica com equipe da Prefeitura municipal, coordenada pela figura do Gestor da Inovação;

3. Construção da Estratégia: essa etapa foi co-desenhada com a participação e colaboração dos parceiros e cidadãos (quádrupla hélice), vista como uma Política de Estado de longo prazo. No primeiro momento, a prefeitura apresentou a UFRN, os desejos, interesses e necessidades da cidade, tendo por base as demandas do processo de participação popular advindas das discussões plenárias e metodológicas do orçamento participativo. Após discussão e análise das demandas a universidade passa a gerar soluções aplicadas a cidade, de acordo com o que foi apresentado. Ocorreu a partir de realização de oficinas e reuniões de trabalho entre técnicos da prefeitura e professores;

4. Diagnósticos dos Recursos Existentes: Realizado levantamento dos recursos locais, nacionais e internacionais existentes para identificação de potenciais parcerias, de acordo com áreas de atuação. (Conhecimento, Pesquisa e Financiamento). Feito através de reuniões institucionais e participação em eventos nacionais e internacionais;

5. Plano de Ação: Após a construção da estratégia estabeleceu-se um plano de ação detalhado focado no bem-estar e qualidade de vida dos cidadãos com ações a serem implementadas do decurso de todo o programa, considerando como vetores fundamentais, a inovação e sustentabilidade. Nessa fase é considerada a formulação de um plano de trabalho para cada ação focado nas diferentes áreas de conhecimento priorizadas na construção da estratégia. Ocorreu a partir de realização de oficinas e reuniões de trabalho entre técnicos da Prefeitura, professores e pesquisadores;

6. Definição e uso da Plataforma de Gestão: A prefeitura adotou a plataforma FIWARE, a partir da realização de estudos feitos pela equipe IMD/UFRN, com análise e constatação de

viabilidade da plataforma para adoção no programa. O estudo considerou como melhor modelo de plataforma aberta, padronizada e interoperável para evitar dependência de fornecedores ou estruturas técnicas e servir de base ao ecossistema de inovação da cidade; 7. Serviços ao Cidadão: Foram priorizados serviços de grande impacto para o cidadão e que

gerassem rápida visibilidade para acelerar a adesão, a participação e a transformação da colaboração cidadã. Na primeira fase foram desenvolvidos a Política de Dados Abertos; aplicativo de Segurança Pública, Fala Natal (ouvidoria), aplicativo de Turismo, Sistema de Gestão Integrada e Georeferenciado para serviços ao cidadão. As aplicações são desenvolvidas em colaboração entre o IMD/UFRN e técnicos das Secretaria Municipais, sem custo financeiro para a Prefeitura. Foram utilizados recursos do Projeto Smart Metropolis, advindo de uma Emenda Parlamentar. São realizadas reuniões e sessões temáticas, descrição dos Serviços prioritários e desenvolvimento dos Aplicativos prioritários. No segundo momento os aplicados deverão ser validados junto ao cidadão em um amplo processo participativo. Os novos serviços ao cidadão também serão estimulados a partir de eventos que permitam o co-desenho e co-criação baseado na plataforma FIWARE; 8. Integração do Ecossistema de inovação local: Essa etapa está alinhada a criação de um

ambiente favorável a integração e estímulo ao ecossistema de inovação local. Dentre as ações foram desenvolvidas, pelos atores do ecossistema de inovação e prefeitura, a Lei de incentivos à criação de parques Tecnológicos em Natal, a Política Municipal de Dados Abertos, o Plano municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação que tem como objetivo transformar Natal e Região Metropolitana em referência nacional de cidades inteligentes e humanas e estabelece a criação da Lei municipal de inovação e a reestruturação do Fundo Municipal de Apoio a Ciência, Tecnologia e Inovação;

9. Implementação dos serviços Verticais: Em desenvolvimento a definição de termos de referência que deverá descrever cada um dos serviços verticais priorizados da cidade inteligente e humana: Iluminação, mobilidade, educação, saúde. Após o processo de licitação serão implementados os serviços verticais. Essa fase ainda não foi implementada, mas está inserida como metas e recursos definidos no Plano Plurianual 2018-2021;

10. Monitoramento e avaliação: Realiza-se análise da implementação de cada fase do Programa e elaboração de relatórios adequados ao controle de gestão, de forma a garantir a otimização de resultado. O método de acompanhamento é descrito através de relatório de acompanhamento conforme plano de trabalho da ação.

7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS - PRINCIPAIS PROJETOS DO CASE DE NATAL

Esse capítulo apresenta os principais projetos idealizados e desenvolvidos, no âmbito do Programa Natal Cidade Inteligente e Humana com foco no Termo de Cooperação Técnica entre PMN e IMD/UFRN. A implementação do case de Natal se ancorou em cerca de 30 projetos e iniciativas inovadoras que se sumarizam neste capítulo. Também apresenta uma breve descrição do Centro de Inovação da “Ribeira Living Lab”, cuja proposta, pretende ser o motor de transformação de um bairro histórico do município, transformando-o no primeiro bairro inteligente e humano de Natal.