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– PósGraduação em Letras Neolatinas

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AMPLIAÇÃO LEXICAL QUALITATIVA EM ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

Christiane Alves de Lima

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AMPLIAÇÃO LEXICAL QUALITATIVA EM ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

Christiane Alves de Lima

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro como quesito para a obtenção do Título de Doutor em Letras Neolatinas (Estudos Linguísticos Neolatinos)

Orientador: Profª. Doutora Maria Aurora Consuelo Alfaro

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AMPLIAÇÃO LEXICAL QUALITATIVA EM ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

Christiane Alves de Lima

Orientadora: Profª. Doutora Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio

Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Doutor em Estudos Linguísticos Neolatinos.

Aprovada por:

___________________________________________________________ Presidente, Profª. Doutora Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio (UFRJ) ___________________________________________________________________ Profª. Doutora Tânia Reis Cunha – UFRJ

___________________________________________________________________ Profª. Doutora Katia Ferreira Fraga – UFPB

___________________________________________________________________ Profª. Doutora Ângela Maria da Silva Correa - UFRJ

___________________________________________________________________ Profª. Doutora LucianaMaria de Almeida Freitas - UFF

___________________________________________________________________ Profª. Doutora Maria Mercedes Riveiro Quintans Sebold - UFRJ (Suplente)

___________________________________________________________________ Profª. Doutora Vera Albuquerque Sant’Ánna – UERJ (Suplente)

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Lima, Christiane Alves de.

Ampliação lexical qualitativa em espanhol como língua estrangeira / Christiane Alves de Lima. – Rio de Janeiro: UFRJ / FL, 2011.

xx, 290 f.;il.; 31 cm.

Orientadora: Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio

Tese (doutorado) – UFRJ / FL / Programa de Pós-graduação em Letras Neolatinas, 2011.

Referências bibliográficas: f. 250-268.

1. Teorias Linguísticas. 2. Didática das línguas. 3. Abordagem lexical 4. Linguística de Corpus. 5. Inferência lexical. I. Lagorio, Maria Aurora Consuelo Alfaro. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras, Programa de Pós-graduação em Letras Neolatinas. III. Título.

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Ao meu pai, Antonio, que, na modéstia do saber,

burilou-me com a sensível percepção de mundo,

abrindo-me as portas do conhecimento.

À minha mãe, Dina,

que me ensinou a trilhar o caminho correto da vida

e compartilhou comigo o regozijo de cada vitória.

Aos meus amores, Marcelo e Matheus,

pela mera complacência de me amar,

completando a minha vida,

serenando a minha alma.

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AGRADECIMENTOS

À Profa Dra Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio, que nesses anos de convívio

acadêmico, vem contribuindo de forma significativa para a minha formação. Exemplo a ser seguido, agradeço-lhe por ter compartilhado o seu conhecimento e pela paciência ao longo dessa trajetória.

Aos ex-comandantes da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, General Castro, General Villas Bôas e General Abreu, ao atual comandante, General Araújo, aos ex-subcomandantes, General Monteiro e Coronel Vilemar, ao atual subcomandante, Coronel Saturnino, aos ex-chefes de Divisão de Ensino, Coronel Bandeira, Coronel Alves e Coronel Vianna Peres, ao atual chefe, Coronel Bianco e, às ex-chefes da Seção de Idiomas, Major Maristela e Major Claudia Brito, pelo incentivo e pela concessão para a realização do curso de Doutorado, na certeza do retorno positivo para a Força Terrestre.

Aos companheiros de labuta verde-oliva, Andréa Firmo, Vilas Boas, Laviola, Shirlei Porto e Augusto, pela parceria, cumplicidade e compreensão, principalmente, na fase final dessa pesquisa.

Aos demais companheiros castrenses que foram solidários e compreensivos durante o tempo dedicado a esse projeto acadêmico.

Aos amigos confidentes, Ana Cardoso, Viviane Lima, Sara Araújo, Daniel Soares e Renato Vasquez, que sempre estiveram dispostos a ajudar-me, encorajando-me nas horas de desânimo.

Ao anjo personificado, Mônica Benarroz, pela constante demonstração de amor fraternal em suas orações, nos seus conselhos e na sua co-orientação informal em todos os momentos em que precisei.

A todos os professores e profissionais da Pós-graduação da Letras/UFRJ que contribuíram para a realização dessa pesquisa.

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“¿Qué es la vida?: un frenesí.

¿Qué es la vida?: una ilusión,

una sombra, una ficción;

y el mayor bien es pequeño,

que toda la vida es sueño,

y los sueños, sueños son.”

“O que é a vida? um frenesi.

O que é a vida? uma ilusão,

Uma sombra, uma ficção;

e o maior bem é pequeno,

que toda a vida é sonho,

e os sonhos, sonhos são.”

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RESUMO

AMPLIAÇÃO LEXICAL QUALITATIVA EM ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

Christiane Alves de Lima

Orientadora: Profª. Doutora Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio

Resumo de Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Doutor em Estudos Linguísticos Neolatinos.

O componente léxico se constitui em um dos constructos relevantes da linguagem que possibilita o acionamento da interação social. O tratamento lexical está intrinsecamente vinculado à concepção de língua que orienta as vertentes metodológicas em LM e LE. Considerando o processo de ampliação lexical qualitativa em espanhol como LE, realizamos, nesta investigação, um estudo de caso, qualitativo e de cunho etnográfico, que consiste na análise do processamento inferencial dos léxicos blanco, repliegue e hostigamiento a partir da leitura de textos que os apresentaram semanticamente recontextualizados. A atividade foi realizada por um grupo de aprendizes brasileiros de espanhol em uma instituição militar de ensino superior localizada na cidade do Rio de Janeiro. Refletimos sobre a função do léxico nas Ciências da Linguagem, analisamos o lugar que tem ocupado no processo de ensino e aprendizagem de LE, avaliamos as contribuições da Linguística de Corpus no ensino de línguas e discutimos o processo de inferenciação lexical, bem como o de reconstrução do sentido do componente léxico que se apresenta semanticamente contextualizado em textos de diferentes assuntos. Os dados foram coletados através de questionários, gravações em áudio, protocolo verbal dialogado e atividades de compreensão leitora, sendo analisados quantitativa e qualitativamente. Os resultados da análise demonstraram que predomina a concepção de decodificação. Embora se perceba que o sentido lexical se constrói pelas circunstâncias contextuais, evidenciamos a tentativa de recuperar interpretações construídas em contextos diferentes. As estratégias lexicais que se sobressaíram foram: identificação do significado dicionarizado, tradução direta, transferência semântica a partir da semelhança fônica com o português, palpite/ dedução, abandono do léxico, negociação do sentido a partir de pistas textuais irrelevantes ou inadequadas.

Palavras-chave: ciências da linguagem, didática das línguas, linguística de corpus, abordagem lexical, inferenciação, sentidos recontextualizados.

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RESUMEN

AMPLIACIÓN LEXICAL CUALITATIVA EN ESPAÑOL COMO LENGUA EXTRANJERA

Christiane Alves de Lima

Orientadora: Profª. Doutora Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio

Resumen de Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Doutor em Estudos Linguísticos Neolatinos.

El componente léxico se constituye en uno de los constructos relevantes del lenguaje que posibilita el accionar de la interacción social. El tratamiento lexical está intrínsecamente vinculado a la concepción de lengua que orienta las vertientes metodológicas en LM y LE. Considerando el proceso de ampliación lexical cualitativa en español como LE, realizamos, en esta investigación, un estudio de caso, cualitativo y de cuño etnográfico, que consiste en el análisis del procesamiento de inferencia de los léxicos blanco, repliegue y hostigamiento a partir de la lectura de textos que los apresentaron semánticamente recontextualizados. La actividad se realizó con un grupo de aprendices brasileños de español en una institución militar de enseñanza superior ubicada en la ciudad de Río de Janeiro. Reflexionamos sobre la función del léxico en las Ciencias del Lenguaje, analizamos el lugar que sigue ocupando en el proceso de enseñanza y aprendizaje de LE, evaluamos las contribuciones de la Lingüística de

Corpus en la didáctica de lenguas y discutimos el proceso de inferencia lexical, así como el de reconstrucción del sentido del componente léxico que se presenta semánticamente contextualizado en textos de diferentes asuntos. Los datos han sido colectados a través de cuestionarios, grabaciones en audio, protocolo verbal dialogado y actividades de comprensión lectora, siendo analizados cuantitativa y cualitativamente. Los resultados del análisis demostraron que predomina la concepción de descodificación. Aunque se perciba que el sentido lexical se construye por las circunstancias contextuales, evidenciamos el intento de recuperar interpretaciones construidas en contextos distintos. Las estrategias lexicais que se sobresalieron fueron: identificación del significado registrado en diccionarios, traducción directa, transferencia semántica a partir de la similitud fónica con el portugués, deducción, abandono del léxico, negociación del sentido a partir de pistas textuales irrelevantes o inadecuadas.

Palabras claves: ciencias del lenguaje, didáctica de lenguas, lingüística de corpus, abordaje lexical, inferencia, sentidos recontextualizados.

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ABSTRACT

AMPLIAÇÃO LEXICAL QUALITATIVA EM ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

Christiane Alves de Lima

Orientadora: Profª. Doutora Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio

Abstract de Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Doutor em Estudos Linguísticos Neolatinos.

The component lexicon consists of one of the relevant language constructs that make it possible the social interaction actuation. The lexical treatment is intrinsically bound to the language conception that regulates the methodological strands in the Mother Language and Foreign Language. Considering the qualitative lexical increase process in Spanish as a Foreign Language, we carried out a qualitative ethnographic-based case study in this investigation that consists of inferential processing analysis of the lexicon blanco, repliegue

and hostigamiento from text reading that presented them semantically recontextualized. The activity was carried out by a group of Brazilian Spanish learners at a universtiy-leveled military institution located in Rio de Janeiro city. We reflect on the role of the lexicon in the sciences of language, we analised the role that the lexicon has being performing in the Foreign Language teaching and learning process, we evaluated the contributions of the Corpus Linguistics in the language teaching and we discussed the lexical inference process as well as the meaning reconstruction of the component lexicon that presents itself semantically contextualized in texts of different subjects. The data was collected by means of questionnaires, audio recordings, dialog-based oral protocol and reading comprehension activities and it was analised both in the quantitative and qualitative way. The analysis results demonstrated that the decodification concept predominates. Even though it is realized that the lexical meaning is made by the contextualized circumstances, we pointed out the attempt of recovering interpretations made in different contexts. The lexical strategies that protude the most were: identification of the dictionary-based meaning, direct translation, semantic transference from the phonic similiarity to Portuguese, guess/deduction, abandon of the lexicon, meaning negotiation from irrelevant or inadequate textual hints.

Keywords: sciences of language, language didactics, Corpus Linguistics, Lexical Approach, inference process, recontextualized meanings.

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SUMÁRIO

Lista de figuras ... xvii

Lista de tabelas ... xviii

Listas de graficos... xiv

Lista de quadros ... xx

INTRODUÇÃO ... 1

CAPÍTULO 1. O LÉXICO E AS TEORIAS LINGUÍSTICAS ... 8

1.1. O lugar do léxico ... 8

1.2. O léxico nos diversos paradigmas ... 9

1.3. A Gramática Normativa ... 10

1.4. O Estruturalismo ... 13

1.5. A Gramática Gerativa ... 18

1.6. A Pragmática ... 22

1.7. A Análise do Discurso ... 23

1.8. A Análise da Conversação ... 25

1.9. A Linguística Textual ... 27

1.10. A Sociolinguística ... 29

1.11. O Ensino/aprendizagem de léxico em LE... 30

CAPÍTULO 2. O COMPONENTE LEXICAL: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA NA DIDÁTICA DAS LÍNGUAS ... 34

2.1. O Método Gramática/Tradução ... 34

2.1.1. O lugar do léxico no método Gramática/Tradução ... 36

2.2. O Método Direto ... 46

2.2.1. O lugar do léxico no método Direto ... 49

2.3. O Método Audiolingual ... 55

2.3.1. O lugar do léxico no método Audiolingual ... 59

2.4. O Método Comunicativo ... 64

2.4.1. O lugar do léxico no método Comunicativo ... 69

2.5. Quadro geral das principais perspectivas metodológicas ... 76

CAPÍTULO 3. A ABORDAGEM LEXICAL EM LÍNGUA ESTRANGEIRA... 81

3.1. A competência léxica ... 81

3.2. A competência estratégica ... 85

3.3. A competência leitora ... 88

3.4. A negociação de sentidos ... 91

3.5. A inferenciação ... 92

3.6. A Linguística de Corpus ... 97

3.6.1. A perspectiva da língua em uso ... 97

3.6.2. A concepção de corpus ... 100

3.6.3. O corpus e o ensino de línguas ... 107

3.7. Lexical Approach ... 115

3.7.1. As colocações (collocations) ... 119

CAPÍTULO 4. O QUADRO METODOLÓGICO ... 126

4.1. A base da pesquisa ... 126

4.2. Problemas e hipóteses ... 127

4.3. A construção do recorte metodológico ... 130

4.3.1. O protocolo verbal ... 130

4.3.2. As etapas da pesquisa ... 133

(15)

5.1. As representações do conceito de léxico ... 144

5.1.1. O questionário de sondagem …... 144

5.1.2. As oportunidades de aprendizagem ... 163

5.1.3. O léxico na leitura ... 172

5.2. As estratégias inferenciais dos alunos na compreensão lexical ... 195

5.2.1. A inferenciação cotextual e contextual ... 195

5.2.2. A inferenciação a partir do conhecimento em LM ... 197

5.2.3. A inferenciação a partir do conhecimento técnico ... 198

5.2.4. A inferenciação a partir do conhecimento de mundo ... 203

5.2.5. A inferenciação a partir do campo temático... 205

5.2.6. A inferenciação pelo processo imagético ... 208

5.2.7. A inferenciação pelo processo de pareamento de palavras... 209

5.3. As estratégias de outra natureza na compreensão lexical ... 211

5.3.1. O abandono da leitura do texto ... 211

5.3.2. O apoio na formatação tipográfica do léxico ... 213

5.3.3. O apoio na leitura em voz alta ... 214

5.3.4. A construção do sentido através de hipóteses ... 216

5.3.5. O revezamento espontâneo/deliberado de turno ... 220

5.3.6. Os conhecimentos linguísticos em outras línguas ... 222

5.3.7. A contribuição do aprendiz não iniciante ... 223

5.3.8. A ativação de esquemas mentais... 223

5.3.9. A interação com outras duplas ... 226

5.3.10. A recuperação do sentido construído em outros contextos ... 227

5.4. A composição dos sentidos do léxico contextualizado ... 230

6.CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 244

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 250

ANEXOS ... 269

Anexo A – autorização dada pelo informante para o uso de dados coletados ... 270

Anexo B – questionário de sondagem do perfil dos informantes ... 271

Anexo C – questionário de sondagem do conceito de léxico e do processo de ensino-aprendizagem ... 274 Anexo D – protocolo verbal dialogado do componente léxico blanco ... 276

Anexo E – 1º texto referente a blanco ... 277

Anexo F – 2º texto referente a blanco ... 278

Anexo G – 3º texto referente a blanco ... 279

Anexo H – 4º texto referente a blanco ... 280

Anexo I – protocolo verbal dialogado do componente léxico repliegue ... 281

Anexo J – 1º texto referente a repliegue ... 282

Anexo K – 2º texto referente a repliegue ... 283

Anexo L – 3º texto referente a repliegue ... 284

Anexo M – 4º texto referente a repliegue ... 285

Anexo N – compreensão leitora do texto relacionado a hostigamiento ... 286

Anexo O – quantificação dos dados referentes aos grupos A e B ... 287

(16)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Exercício com foco no uso gramatical do componente léxico. 37

Figura 2 Exercício com foco no significado das palavras-alvo. 38

Figura 3 Exercício com foco na aplicação da tradução direta para o espanhol. 40

Figura 4 Exercício com foco na significação de um determinado número de palavras. 41

Figura 5 Exercício com foco no significado das palavras-alvo. 43

Figura 6 Exercícios com foco no aspecto denotativo do componente léxico. 48

Figura 7 Exercício com foco na utilização do diálogo para chamar a atenção para as palavras novas.

50

Figura 8 Exercício com foco na significação de um determinado número de palavras. 52

Figura 9 Exercício com foco na significação de um determinado número de palavras. 53

Figura 10 Exercício com foco na significação de um determinado número de palavras. 58

Figura 11 Exercício com foco no aspecto gramatical para chamar a atenção para as palavras novas.

60

Figura 12 Exercício com foco na utilização do diálogo para chamar a atenção para as palavras novas.

62

Figura 13 Recurso visual complementar para as estruturas e palavras novas. 63

Figura 14 Exercício com foco na utilização de cores diferentes no ensino e prática das palavras novas.

66

Figura 15 Recurso visual complementar para as estruturas e palavras novas. 68

Figura 16 Exercícios com foco na utilização de figuras diferentes no ensino e prática das palavras novas.

70

Figura 17 Exercício com foco na utilização de figuras diferentes no ensino e prática das estruturas e palavras novas.

71

Figura 18 Exercício do tipo campo semântico. 72

Figura 19 Exercício do tipo campo semântico. 72

Figura 20 Exercício do tipo campo semântico. 73

Figura 21 Exercício do tipo campo semântico. 74

Figura 22 Exercício do tipo campo semântico. 75

Figura 23 Exercício do tipo campo semântico. 85

Figura 24 Exercício do tipo campo semântico. 87

Figura 25 Exercício do tipo campo semântico. 103

Figura 26 Exercício do tipo campo semântico. 104

Figura 27 Exercício do tipo campo semântico. 105

Figura 28 Exercício com foco no aspecto colocacional para chamar a atenção para o uso de expressões lexicais.

106

Figura 29 Exercício do tipo campo semântico. 109

Figura 30 Exercício do tipo campo semântico. 111

Figura 31 Exercício do tipo campo semântico. 111

Figura 32 Exercício do tipo campo semântico. 112

Figura 33 Exercício do tipo campo semântico. 122

Figura 34 Exercício do tipo campo estratégico. 123

(17)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 perspectiva tradicional: léxico e processo de ensino-aprendizagem. 154

Tabela 2 perspectiva cognitiva: léxico e processo de ensino-aprendizagem. 156

Tabela 3 perspectiva qualitativa: léxico e processo de ensino-aprendizagem. 162

Tabela 4 oportunidades de aprendizagem: atividades de compreensão oral. 168

Tabela 5 oportunidades de aprendizagem: atividades de compreensão escrita. 169

Tabela 6 oportunidades de aprendizagem: atividades de expressão oral. 170

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 comprometimento pessoal com os estudos linguísticos fora de sala de aula. 166

Gráfico 2 estudo formal de idiomas antes de ingressar na formação de nível superior profissional-militar.

287

Gráfico 3 idioma curricular na formação de nível superior profissional-militar. 287

Gráfico 4 estudo formal de idiomas após concluir a formação superior profissional-militar.

287

Gráfico 5 estudo formal de idiomas após a formação superior. 288

Gráfico 6 quantitativo de interessados no CID e no TCL (grupo A). 288

Gráfico 7 quantitativo de interessados no CID e no TCL (grupo B). 288

Gráfico 8 formação superior em outras áreas do conhecimento profissional. 289

Gráfico 9 informantes que serviram em OM próxima à fronteira. 289

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Léxico nas teorias linguísticas. 33

Quadro 2 Léxico na didática das línguas. 79

Quadro 3 Perspectiva metodológica do ensino de línguas. 80

Quadro 4 Estruturação do questionário de sondagem 1. 138

Quadro 5 Estruturação do questionário de sondagem 2. 139

Quadro 6 Agrupamento das respostas relativas a blanco. 193

Quadro 7 Agrupamento das respostas relativas a repliegue. 194

Quadro 8 Agrupamento das respostas relativas a

hostigamiento.

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INTRODUÇÃO

problematização da abordagem do léxico no ensino de línguas estrangeiras (LE) constitui objeto de estudo da Linguística. O componente lexical tem sido visto como um dos elementos representativos no sistema da língua. Para o senso comum, o desenvolvimento do conhecimento lexical é uma prática social que se estabelece tanto em sala de aula como nas interações extraclasses, nas quais os aprendizes são expostos continuamente a diferentes níveis semânticos de constructos lexicais, construindo, de forma espiral, seu conhecimento de mundo. A aquisição da bagagem lexical se configura como meio que possibilita aprender e internalizar as estruturas gramaticais desenvolvidas em diferentes contextos comunicativos. Desse modo, o léxico é percebido como elemento auxiliar no processo de aprendizagem de uma língua.

A

O processo de ensino do léxico no percurso histórico dos principais métodos e enfoques na didática das línguas está intrinsecamente relacionado à forma de conceituar a língua. Assim sendo, a abordagem de ensino em L2/LE, considerando a língua como objeto ou a língua em uso, definirá o tipo de aproximação lexical.

A aprendizagem de uma língua estrangeira pode parecer um processo desafiador quando é representada como uma necessidade de desenvolver um vasto repertório de palavras. Nesse processo, a idealização de um falante eficiente está fundamentada na construção de um conhecimento lexical quantitativo e não qualitativo. A análise das diversas perspectivas metodológicas no ensino de línguas estrangeiras, no que tange ao léxico, pode dar pistas das representações lexicais em cada uma dessas propostas.

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Scaramucci (1995). Entretanto, são poucos os estudos nessa temática. Considerando a análise das perspectivas metodológicas na didática das línguas e a complexidade/dinamismo do componente lexical, propomos uma abordagem de ensino qualitativa a partir do processo de inferenciação em textos contextualizadores em sala de aula.

No tocante ao ensino da língua espanhola como língua estrangeira, não identificamos nenhum trabalho dessa natureza. Com relação à relevância da contextualização lexical, Gattolin (1998), em sua pesquisa sobre motivação e aprendizagem do léxico em língua inglesa, ao chamar a atenção para a sistematização lexical em sala de aula, destaca que a apresentação do item lexical em diferentes contextos contribui para o processo de aprendizagem. Opinião semelhante enfatiza Rodrigues (2008, p. 33), em sua pesquisa sobre as percepções dos professores e alunos sobre o ensino e aprendizagem do léxico em inglês, na qual defende que “o professor que acredita que o ensino de vocabulário é um aspecto realmente importante no processo de aprendizagem de línguas deveria pensar em qual seria

a melhor estratégia para explicar determinada palavra”, e levar em consideração “sugestões sobre como lidar com o léxico em sala de aula, procurando fazê-lo de forma contextualizada” (GATTOLIN, 2008, p. 43), pois a natureza do componente léxico se evidencia a partir da análise de diversos contextos.

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Nessa perspectiva, as mais recentes discussões, em particular, os estudos da Linguística de Corpus, da Psicologia Cognitiva bem como o interesse da Linguística e dos professores de línguas pelo estudo lexical dentro do contexto de sala de aula - que discutem a relativização da aprendizagem do léxico – também nos dão indícios do reconhecimento do seu papel na construção discursiva.

No panorama histórico da didática das línguas, a abordagem lexical nos métodos de ensino de línguas estrangeiras, desenvolvidos em contextos educacionais, apresenta uma tendência a colocar em papel secundário o componente léxico (ABADÍA, 2000; CERVERO e PICHARDO CASTRO, 2000), sendo apresentado como suporte linguístico, isto é, um meio e não um fim em si mesmo dentro do processo de aprendizagem.

Na perspectiva cognitiva, o indivíduo se apropria do conhecimento novo a partir de redes de esquemas mentais (BARALO, 2001). Agrupam-se as palavras a partir de suas relações semânticas, acionando o processamento das informações de forma lógica. Dessa maneira, à medida que novos conhecimentos vão sendo apropriados, as redes de informações estão constantemente sendo reorganizadas, levando em consideração as conexões lexicais pré-existentes, apresentando-as relacionadas. Desse modo, a probabilidade de armazená-las e recuperá-las em um prazo longo de tempo é maior. As discussões sobre o lexicón mental, na Psicologia Cognitiva (BARALO, 1997, 2001; BROWN, 1980; AITCHISON, 1987), em que o indivíduo processa e reorganiza seu conhecimento prévio, caracterizam o aspecto dinâmico da construção lexical. Nesse sentido, corroboramos com Morante Vallejo (2005b, p. 26) que:

aprender palavras não é um ato acumulativo, baseado na memorização, mas que se trata de um processo cognitivo complexo, que dá lugar ao desenvolvimento de um

lexicón mental. O conhecimento compreendido no lexicón implica tanto conhecer as peças léxicas que o conformam, como conhecer as relações que estabelecem, suas propriedades e as regularidades e arbitrariedades do seu uso1.

1 aprender palabras no es un acto acumulativo, basado en la memorización, sino que se trata de un proceso

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Com relação à natureza semântica, a negociação de significados que se estabelece a partir da contextualização lexical não tem feito parte da prática pedagógica nas representações metodológicas desenvolvidas no contexto de ensino de línguas estrangeiras. A noção do discurso, que é a base da construção de sentidos, não tem sido levada em conta na maioria das abordagens em LE. A língua em uso apresenta uma diversidade significativa do componente lexical, sendo abordada pela sociolinguística variacionista.

Esse contexto nos levou, portanto, a: 1) identificar e analisar que concepções de léxico um determinado grupo de aprendizes brasileiros de espanhol como língua estrangeira representa na atividade de leitura; 2) reconhecer e comentar as estratégias lexicais que são colocadas em prática em uma proposta de compreensão leitora e; 3) analisar como os informantes reformulam a composição de sentidos, em seus esquemas mentais, quando o léxico se apresenta semanticamente contextualizado em textos que abordam diferentes assuntos.

O ponto de partida deste trabalho consiste em uma discussão sobre o tratamento do léxico nas metodologias de ensino de línguas estrangeiras e seu lugar dentro de uma proposta de leitura interacional, propondo uma abordagem qualitativa a partir da contextualização lexical da língua em uso.

Com base nas teorias da Linguística, o trabalho apresenta uma discussão sobre o papel do léxico nas correntes teóricas das ciências da linguagem segundo a perspectiva de Martelotta (2008), Kenedy (2008), Costa (2008) e Dubois et al (1998). Considerando as propostas de compreensão leitora (KLEIMAN, 1996; KATO, 1999, 2002), a pesquisa apresenta uma análise das vertentes metodológicas de ensino de línguas a partir das observações de Richards e Rodgers (1998), Richards e Lockart (1986), Abadía (2000), Omaggio (1986) e Cervero e Pichardo Castro (2000). A perspectiva da Linguística de Corpus

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respectivamente, traçam um olhar crítico sobre o componente léxico. O aspecto teórico do processo inferencial apresentado por Kleiman (1996), Kato (1999, 2002) e Marcuschi (1999) pode dar pistas da construção do sentido lexical.

Dessa maneira, orientando-nos pela corrente funcionalista e a partir de uma proposta de atividade de leitura em língua estrangeira, que implica a inferenciação e a negociação de sentidos, nossa hipótese principal é que a construção do sentido do léxico guarda uma relação com a perspectiva normativa dos conceitos de língua e de léxico adquiridos pelo aprendiz na aprendizagem de línguas. A estratégia lexical mais recorrente do aluno no processo de negociação do significado tende a ser tradução literal. Nessa perspectiva, o aprendiz deveria fazer uso da técnica de inferência lexical a partir da construção do sentido implícito no contexto. Entretanto, percebemos que os aprendizes trazem uma memória de uma prática de leitura decodificadora, em que se processa o texto unidirecionalmente, cujo sentido do componente léxico se estabelece pela tradução isolada.

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No universo considerado, apoiando-nos nas informações do primeiro questionário, selecionamos os indivíduos que comporiam as oito duplas e que fariam parte da próxima etapa. Mesclamos alunos com diferentes conhecimentos prévios de língua estrangeira e com distintas experiências profissionais e pessoais. Elaboramos um protocolo verbal dialogado (anexo D e I) que foi aplicado às duplas, em que levamos em consideração a utilização de textos retirados da internet. Selecionamos e aplicamos a sequência de quatro textos diferentes (anexo E, F, G e H) a quatro duplas, sendo distribuídos à medida que completavam o instrumento introspectivo. O objetivo era analisar como esses indivíduos reformulariam o sentido do componente léxico blanco em cada contexto. Selecionamos e aplicamos a sequência de quatro textos diferentes (anexo J, K, L e M) as demais duplas, nos mesmos moldes adotados com as duplas anteriores, com o objetivo de analisar como reformulariam o sentido do componente léxico repliegue em cada contexto. Foram distribuídos gravadores de voz (MP3) às duplas para que, durante a interação aluno-aluno, os diálogos pudessem ser registrados em áudio (anexo P).

Por último, selecionamos um texto extraído da internet (anexo N) e apresentamos a todos os integrantes das duplas da etapa anterior uma proposta de atividade de compreensão leitora. Essa tarefa deveria ser realizada individualmente e envolvia o entendimento do léxico

hostigamiento. O objetivo era observar o processamento leitor do informante. As respostas deveriam ser dadas em português a fim de verificarmos se houve a aproximação do sentido assumido naquele contexto.

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compreensão leitora em LE, considerando o processo de contextualização lexical. No quarto capítulo, descrevemos as etapas metodológicas adotadas nesta investigação. No quinto capítulo, expomos e analisamos os dados obtidos na aplicação dos instrumentos de coleta de dados. E, no sexto capítulo, tecemos nossas considerações finais sobre os resultados analisados no capítulo anterior.

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CAPÍTULO 1. O LÉXICO E AS TEORIAS LINGUÍSTICAS

As palavras constroem o mundo em que vivemos. Conhecê-las é fazer parte do mundo e dele se apropriar. Qualquer mudança na língua toma forma pelo léxico que registra as ações, as ideias, também, os ideais e os sentimentos num tempo histórico. O léxico é social, formado a partir da necessidade de se interagir com o outro, sendo um dos fatores que constitui a própria humanidade, estando nas atividades do ser humano, ajudando-o a nomear o seu mundo (LEAL, 2003, p. 215).

s diversas correntes da Linguística, enquanto ciência da linguagem, procuram dar inteligibilidade aos fenômenos da língua, partindo de pressupostos teóricos específicos, seja do ponto de vista da sua estrutura interna, em que se propõe a analisar os princípios gerais que regem a produção, seja do ponto de vista das funções que desempenham nas práticas sociais. Os postulados das diversas teorias linguísticas subsidiam os diferentes conceitos de língua que se constroem.

A

Paradigma teórico abordage

m perspectiva modelo de língua léxico

formal

normativa escrita etimológico

estruturalist a

langue

parole (denotativosignificado )

gerativista competência

desempenho

funcional funcionalista uso sentidos

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Do ponto de vista do sistema, a língua é concebida como um conjunto de unidades organizadas em estruturas hierárquicas que se dispõem de forma harmônica na construção do enunciado. Os elementos lexicais, que constituem um inventário aberto e ilimitado, em combinação com os elementos gramaticais, representam entidades constitutivas do sistema. A função do léxico se estabelece pela designação tanto de entidades concretas quanto abstratas externas à língua. Por sua vez, a função dos elementos gramaticais é a de estabelecer as relações formais para a produção de enunciados.

A natureza do léxico no sistema linguístico está diretamente relacionada à significação; tradicionalmente, os traços gramaticais e os elementos lexicais constituem a base da construção dos sentidos. A função significativa do léxico se torna evidente quando existe a possibilidade de estabelecer uma comunicação básica entre indivíduos de línguas diferentes, que desconhecem as regras gramaticais, mas que compartilham itens lexicais na língua em que interagem. Dessa maneira, a importância do léxico na atividade comunicativa faz parte da reflexão crítica para discutir o seu papel no ensino/aprendizagem, a partir do lugar que ocupa nas teorias linguísticas.

1.2. O léxico nos diversos paradigmas

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diferenciação com sua realização é o princípio platônico fundamental desta abordagem que trata o léxico como um conjunto cujos significados são pré-estabelecidos.

As correntes das ciências da linguagem que dialogam com a sociologia concebem a língua como uma instituição social, portanto, tentam dar conta do seu uso, levando em conta esta relação dinâmica. Dessa forma, conceitos como interação, construção de sentidos, negociação constituem tentativas de reformular a natureza da língua numa perspectiva dialógica em que o contexto faz parte da atividade comunicativa.

1.3. A Gramática Normativa

A gramática normativa representa uma tentativa de descrição completa da língua, em particular, de seus princípios de organização. Entretanto, esta descrição se refere à língua escrita, especialmente àquela de textos literários eruditos, portanto, à idealização de um determinado registro. Essa gramática tem como proposta estabelecer normas e padrões de comportamento linguístico. Quanto aos discursos referentes à relação entre língua e gramática, se estabelece uma analogia, que naturaliza a representação de identidade entre ambas. A questão é que o significado de gramática não tem como referente o puramente descritivo, mas o normativo.

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algo plausível, a gramática normativa não pretende dar conta de todas as manifestações linguísticas.

Essa perspectiva sobre a língua, herdeira de uma tradição aristotélica e platônica, sedimentou o pensamento teórico do século XVIII e possibilitou, principalmente, a partir da metade do século XIX, a disseminação de um modelo de gramática. Esta gramática pressupõe a prescrição da norma culta, que consiste na representação linguística de um grupo minoritário de indivíduos pertencente a uma classe social elitizada, constituindo-se em um objeto escrito que regula as regras gramaticais, sendo padronizado como um “livro de gramática do estândar, normativa e perfeitamente fixada”2 (BERNÁRDEZ, 2000, p. 138).

Nesse caso, a natureza das amostras da língua selecionada legitima a dicotomia entre clássico e vulgar, em que se opta pelo modelo dos eruditos.

A gramática normativa tem como escopo determinar as instruções linguísticas daquilo que deve ser dito ou não. A variante padrão – oral ou escrita – tende a ser estabelecida como uso corrente, sendo considerada como o principal meio de comunicação. As prescrições da norma culta são consideradas como a única forma “correta” de realização da língua, classificando as demais formas possíveis como “erradas”. Nesse caso, a valorização dessa norma implica suplantar ou anular outros registros – popular, vulgar, coloquial, familiar, gírias –, já que essa norma se propõe a alcançar a condição de modelo de língua oficial a ser seguido. Se considerarmos o seu papel histórico, a gramática normativa se apresenta como um instrumento que pretende orientar o estudo daquilo que seja considerado simples ao complexo, do “imperfeito” ao “perfeito”, do barbarismo ao civilizado (BERNÁRDEZ, 2000), em que se define a língua que deve ser imitada.

Quanto à expectativa em relação ao conteúdo dessa norma, o gramático se predispõe a conformar as partes informativas entendidas como base de referência para a normatização de regularidades do sistema. A gramática normativa tem como premissa que a língua é uma

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unidade idealizada, homogênea e unitária; um sistema fechado de regras (CABRAL, 1974); um conjunto organizado e opositivo de relações, adotado por determinada sociedade para permitir o exercício da linguagem entre os homens (ROCHA LIMA, 2003).

Esse tipo de gramática considera como seu objeto de estudo a oração, que por sua vez está composta por entidades reconhecidas como ‘palavras’, uma forma sequencial, que na transcrição escrita, está compreendida entre dois espaços em branco, que tende a denotar um objeto – substantivo; uma ação ou um estado – verbo; uma qualidade – adjetivo; uma circunstância – advérbio; ou uma relação – preposição (DUBOIS ET AL, 1998). Nesse contexto, enfatiza-se a prescrição das regras que regem a estrutura interna das palavras (CABRAL, 1974), as regras que possibilitam as combinações entre morfemas e raízes na constituição das palavras – regras de formação e derivação - e a descrição das distintas formas que consolidam essas palavras em categorias de número, gênero, tempo, pessoa. Considerando a palavra como objeto isolado a ser analisado, o estudo da Morfologia constitui-se, portanto, na parte da gramática de maior destaque.

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Por outro lado, a gramática normativa no intuito de representar a unicidade da língua, apresenta o significado do léxico, do ponto de vista formal como a associação de um significado a um significante linguístico, que representa a realização de um ato fônico (DUBOIS ET AL, 1998), em que se estabelece a relação entre um objeto ou entidade abstrata e uma palavra. Entretanto, essa relação considera o aspecto ‘literal’ do significado da palavra, isto é, se aproxima à definição das categorias lógicas, desconsiderando acepções, usos e construções de outra natureza. Esta representação lexical é produto do conceito dicionarizado, que atribui autoridade unívoca a este tipo de registro .

Nessa perspectiva, que considera a palavra isolada, sua estrutura e as relações estabelecidas, o papel do léxico é central, sendo o principal fundamento desse modelo de gramática. Os princípios que embasam o modelo de léxico seguem esta linha de maneira que o significado das palavras tem uma hierarquia. A atribuição do sentido das palavras está relacionada ao seu uso culto, documentado principalmente nos textos literários.

Nesse contexto, o léxico é o elemento básico para a competência linguística, deslocando para si o foco do estudo gramatical. A palavra é uma entidade significativa que faz parte da oração. O léxico se estabelece pela relação intrínseca entre o significado (sentido) e o significante (forma) e o significado se institui mediante a etimologia, isto é, na historia da língua. Dessa maneira, a língua enquanto objeto, abstração lógica do pensamento, modela a percepção do conceito de léxico.

1.4. O Estruturalismo

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métodos divergentes em relação à língua. Entretanto, é atribuído ao suiço Ferdinand de Saussure o mérito de ser o principal expoente das primeiras discussões teóricas. Embora essas linhas teóricas sigam caminhos distintos, de forma geral, reconhecem que a língua consiste em um sistema, dotado de uma estrutura, sendo que os elementos constituintes são analisados a partir de sua organização e do seu funcionamento (COSTA, 2008).

De acordo com o postulado saussuriano, a língua é entendida como “um produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias adotadas pelo

corpo social, a fim de permitir o exercício desta faculdade entre os indivíduos” (SAUSSURE, 1995, p. 17), que implica “sistemas ligados uns aos outros, cujos elementos (sons, palavras, etc.) não têm nenhum valor independentemente das relações de equivalência e de oposição

que os unem” (DUBOIS ET AL, 1998, p. 378). A língua é, portanto, um sistema de signos; uma abstração mental estruturada por unidades interrelacionadas, que funciona a partir de determinados princípios, constituindo-se em um todo coerente. Nesse sentido, seus elementos não são percebidos isoladamente, mas sim como um conjunto solidário, um sistema harmonioso e organizado.

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A gramática estrutural considera as línguas como sistemas autônomos que se organizam de acordo com leis internas, inerentes a seus próprios sistemas (MARTELOTTA, 2008). Dessa forma, coloca-se em evidência o princípio da imanência, em que se prioriza “o estudo dos enunciados realizados (corpus), tentando definir sua estrutura - a arquitetura, a

independência dos elementos internos” (DUBOIS ET AL, 1998, p. 248) e descrever essas redes de relações. O estruturalismo tem como referência a existência de um conjunto de elementos, a legitimação de associações significativas e a presença de leis combinatórias, em que tenta afastar-se de propostas atomistas, que se propõem a analisar unidades isoladas. Nesse caso, a ruptura epistemológica com a visão de gramática tradicional se estabelece a partir do distanciamento da perspectiva normativa em detrimento de uma postura descritiva. Focada na sistematicidade das línguas, a teoria estruturalista evidencia os elementos que compõem a língua e suas combinações.

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liberdade individual de suas escolhas no processo de materialização da língua. Na realização da fala, a maneira pessoal de utilizar o código é determinada pelo próprio usuário.

Ao estabelecer esta oposição, o postulado saussuriano determina a língua como objeto possível de estudo, explicitando as limitações para o estudo da fala, em virtude de os atos comunicativos do indivíduo serem assistemáticos e ilimitados. A ciência se centra naquilo que é recorrente e sistemático. “O estruturalismo promove a exclusão do sujeito e de sua criatividade para adaptar sua fala aos diferentes contextos” (MARTELOTTA, 2008, p. 58), desconsiderando os aspectos extralinguísticos. A língua, que apresenta uma regularidade sistêmica, é o único objeto passível de ser observado através do funcionamento das unidades e analisado, possibilitando a sua compreensão.

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A perspectiva estruturalista propõe a dicotomia do signo linguístico. De acordo com essa perspectiva, o signo linguístico é uma entidade psíquica de duas faces indissociáveis (SAUSSURE, 1995); representa a combinação do conceito e da imagem acústica, em que significado e significante tratam de dar a dimensão representativa do signo em uma língua. Considerando que a apresentação da forma sonora e/ou imagética da palavra “cadeirante” represente a parte física (significante) do signo linguístico, o significado é o conceito de algo que permite a formação de uma representação mental no indivíduo, em que se estabelece uma interpretação construída socialmente, nesse caso, que caracteriza uma pessoa que, por deficiência física, ou por estar provisoriamente impossibilitada de andar, locomove-se em cadeira de rodas.

O fato de o signo resultar de um conjunto de relações mentais, em que uma ou várias ideias são interpretadas e convencionadas pela comunidade linguística, cria as bases para novos fundamentos na abordagem do significado. Embora significado e significante sejam concebidos como entidades inerentes, a teoria saussuriana traz à tona a arbitrariedade do signo, uma vez que não há uma justificativa que dê conta da analogia existente entre o conceito e a imagem. “A língua é arbitrária na medida em que é uma convenção implícita entre os membros da sociedade que a usam” (DUBOIS ET AL, 1998, p. 64). O princípio da arbitrariedade institui os postulados teóricos para a formulação da semântica.

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O lugar do léxico na perspectiva estruturalista está marcado pelo aspecto referencial, como elemento de distinção entre signos. A classificação que postula o conceito de morfema, como menor unidade funcional, se opõe à noção de lexema como unidade de significado. Este modelo de análise se diferencia da abordagem da gramática normativa em que a oração constitui a unidade maior e a palavra a menor. Dessa forma, a análise estruturalista está focada no estudo dos valores e das relações dos elementos.

A unidade mínima na abordagem estruturalista, no caso o fonema, funciona como entidade opositiva, relativa e negativa, que leva à significação, mas que não tem significado em si. Para a teoria estruturalista, em oposição ao conjunto finito de fonemas, o léxico é um conjunto aberto, que configura um sistema no campo semântico. A distinção entre morfemas lexicais e morfemas gramaticais dificulta uma abordagem específica do significado, já que o modelo de análise formal aplicado aos componentes gramaticais quando usado na análise dos componentes lexicais exclui elementos da natureza social e histórica do léxico.

1.5. A Gramática Gerativa

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Como pressuposto teórico, a perspectiva chomskyana sustenta o pressuposto de que os seres humanos são dotados, de forma inata, de um conhecimento universal específico da língua, inerente à espécie humana. Essa característica dos indivíduos possibilita a aprendizagem da língua. Critica os estruturalistas que acreditam no condicionamento das estruturas, postulando que esse comportamento linguístico não aciona o processo de aquisição da língua e tampouco dá conta de como a língua seja adquirida com tanta regularidade e rapidez (MARTELOTTA, 2008). Essa abordagem se propõe a ser um modelo de explicação teórico das regularidades das línguas e do fenômeno da criação dos enunciados (NIQUE, 1974).

A capacidade genética, que oferece condições para que os indivíduos falem e se entendam com o uso da língua, é compreendida como um dispositivo cognitivo, relacionado com a competência linguística. Nesse caso, as fases iniciais do comportamento linguístico de uma criança fornecem dados que evidenciam que a aprendizagem não é imitativa, mas criativa, na medida em que ela produz enunciados nunca antes ouvidos. Ao mesmo tempo, algumas características da linguagem infantil significam que a aprendizagem consiste em um processamento de regras.

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gramaticais e excluir as que não são. O conceito de gramaticalidade passa a ter relação com a aceitabilidade pelos falantes, no sentido de ter significado.

A concepção gerativa da gramática estabelece, portanto, dois princípios básicos: o princípio do inatismo, como um conjunto de fatores inatos ao homem que identifica e distingue traços linguísticos, que se ajustam a diversos sistemas (gramática universal) e; o princípio da modularidade, que prevê a organização mental subdividida em módulos ou partes, sistemas cognitivos, que funcionam de forma independente. Esse princípio coloca em evidência a análise dos componentes da gramática como módulos autônomos. Nesse sentido, se estabelece a perspectiva de uma “gramática modular” (KENEDY, 2008, p. 135), em que a descrição gerativa do funcionamento da sintaxe se constitui em um evento particular sem nenhuma relação com o funcionamento da fonologia ou da morfologia, por exemplo.

A distinção chomskyana entre competência, sistema de regras interiorizado pelo indivíduo, e performance/desempenho, manifestação desse saber linguístico nos atos de fala, na qual a primeira torna-se objeto de estudo, traz à tona a discussão sobre o posicionamento teórico de priorizar uma idealização de língua, tendo como expectativa um falante idealizado. Nessa perspectiva, o usuário da língua, elemento que interfere significativamente na realização do enunciado, é isolado da descrição gerativa nos mesmos moldes do que ocorre na análise estruturalista. À luz da noção de cognição chomskyana, a descrição do saber linguístico tenta explicar a possibilidade que o indivíduo tem para construir frases e para reconhecer e diferenciar as frases gramaticais, uma vez que sua gramática intuitiva lhe permite estabelecer um juízo de gramaticalidade.

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criança bebeu a água” está constituída por um sintagma nominal – “a criança” – e por um sintagma verbal – “bebeu a água”. O sintagma nominal é formado pelo determinante “o” e pelo substantivo “criança”. Por sua vez, o sintagma verbal é formado pelo verbo “bebeu” e por outro sintagma nominal “a água”. Os gerativistas fazem referência ao diagrama arbóreo como um esquema organizador das estruturas sintagmáticas recorrentes no estudo descritivo. Nesse sentido, a composição dessas árvores de regras estruturais representa as estruturas engendradas, em que tais esquemas implicam a descrição sintática das frases de base da estrutura profunda e a descrição das operações que possibilitam transformar a estrutura de base para a estrutura de superfície.

Na gramática gerativa, o léxico, faz parte dos dispositivos da língua, organizados em um lexicón- dicionário - constituindo um dos elementos do componente de base da gramática, que define as estruturas profundas da língua. Como as partes constitutivas de uma estrutura de base se dividem em componente categorial e componente lexical, as palavras selecionadas desse inventário léxico propiciam a construção da frase. O componente categorial (SN / SV) representa as regras de reescrita que resultam em um indicador sintagmático (derivação), que representa o nível sintático no qual são geradas frases gramaticais e interpretativas – “a criança bebeu a água” e não “a água bebeu a criança”.

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Diferente da gramática normativa e do estruturalismo, o gerativismo avança na análise do léxico no campo semântico quando tenta explicar porque uma mesma frase pode ter um ou vários sentidos diferentes ou quando elabora suposições que deem conta das mudanças de sentido. Embora sejam evidenciadas as regras de interpretação semântica no gerativismo, estas se limitam a sanar ambiguidades de sentido geradas na estrutura sintática. Nesse sentido, a função da semântica consiste em relacionar o sentido das palavras com as representações semânticas das estruturas profundas, em que se considera a interpretação não só do componente de base como também da categoria gramatical (DUBOIS ET AL, 1998).

1.6. A Pragmática

Esta área de estudo tem como objetivo explicar o sentido dos enunciados que excede a perspectiva referencial do estudo da semântica. Enquanto esta se propõe a estabelecer a relação do mundo exterior com as palavras, a pragmática leva em consideração os elementos inferenciais implícitos na linguagem. Um dos parâmetros de análise diz respeito às situações de uso que caracterizam uma situação de comunicação, + formal e – formal como determinante para as escolhas discursivas do falante.

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A análise do significado implícito do léxico construído pelos usuários e pelo contexto tenta dar conta do aspecto interpretativo de um enunciado, do papel do contexto, das relações entre o significado literal e o significado no discurso, do uso de metáforas e de como essa intencionalidade do significado inside nas regras do sistema linguístico. Na perspectiva pragmática, o enunciado é uma entidade comunicativa que fundamenta a interação.

O contexto em que se apresentam os enunciados faz parte do objeto da análise, o significado que o falante atribui se diferencia do significado pré-estabelecido por uma comunidade linguística. Por sua vez, este significado do falante amplia o sentido explícito e/ou implícito em circunstâncias que também fazem parte do objeto de estudo.

Quanto ao elemento circunstancial, a noção de contexto na pragmática evidencia o contexto linguístico (cotexto), que considera o elemento linguístico (lexical ou gramatical) que precede ou segue um enunciado; o contexto situacional, que analisa o conjunto de informações que estão no contexto imediato dos participantes do discurso; e o contexto sociocultural, que implica a configuração de informações que derivam do conhecimento social e cultural dos falantes. O sentido intencional faz parte da composição dos enunciados, redimensionando a perspectiva do léxico.

1.7. A Análise do Discurso

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A análise do discurso tem como pressuposto a natureza interativa da língua, a partir de uma perspectiva histórico-social, com foco no seu uso e funcionamento. A observação e análise da língua é feita em situações de uso e não em sua abstração, a partir do conceito de enunciação como a realização de uma troca linguística entre enunciadores específicos em determinadas circunstâncias.

A extensão textual, na análise do discurso, não estabelece parâmetros de observação. O constructo discursivo não guarda relação com suas dimensões, mas sim com seu caráter funcional enquanto unidade de significação na enunciação. A textualidade leva em consideração a estrutura discursiva, uma confluência dinâmica de elementos linguísticos que se combinam em um contexto situacional, segundo as condições de produção (ORLANDI, 2000).

Essa perspectiva discursiva entende que o discurso é um processo e um produto social. O enunciador se estabelece no discurso como um sujeito histórico, que enuncia a partir de uma posição-sujeito em que o inconsciente e a ideologia fazem parte. Portanto, não é um ato individual, mas sim social. Nesse sentido, as condições em que são produzidos os sentidos estão relacionadas ao contexto histórico-social, ideológico, situacional, aos interlocutores e ao propósito do discurso.

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estabelecem relações interdiscursivas num processo dialógico em que o elemento lexical exerce a função de conector.

Nesse sentido, a análise do discurso recoloca a questão lexical, uma vez que atribui a esta escolha o desempenho de um papel importante na construção de sentidos no processo enunciativo.

1.8. A Análise da Conversação

A perspectiva teórica da análise da conversação tem como pressuposto básico a natureza interativa da língua. Outros pressupostos como a língua variar no tempo (variedade diacrônica) e no espaço (variedade diatópica), de acordo com as particularidades dos usuários (variedade diastrática) e com a situação de comunicação (variedade diafásica), se referem à perspectiva variacionista que orienta os trabalhos nesta perspectiva. A questão relevante, além de resgatar o processo dinâmico e a natureza dialógica que regula e identifica formas de comportamento linguístico e extralinguistíco dos falantes, é o conceito de registro. A distinção da situação comunicativa como + formal e – formal leva, entre outros, a escolhas léxicas que se adequem a elas. De acordo com Briz Gómez (1998), o uso desses registros está relacionado ao comportamento dos falantes. Estudos sobre a cortesia guardam uma afinidade sobre esta questão.

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O indivíduo e os grupos sociais impõem determinados usos que se adaptam ao discurso e costumam ser internalizados na língua após terem sido massificados pelos seus usuários. Da análise léxico-semântica da linguística da conversação, Briz Gómez (1998) afirma que o uso de palavras de algumas áreas temáticas relacionadas com fatos e problemas da vida diária é recorrente. Por outro lado, esse autor também destaca a redução e seleção que sofre o léxico comum. Nesse caso, esse uso restrito de unidades léxicas tem como contraponto o aumento da capacidade significativa dessas palavras que envolve tanto aspectos pejorativos como valorativos, dependendo da intencionalidade do falante.

A polissemia de muitas palavras e seu emprego de forma genérica são consequências desses eventos lexicais. A extensão semântica desses componentes lexicais está relacionada com a disponibilidade léxica de cada usuário. A insuficiência do inventário léxico do indivíduo costuma a ser suprida pelo contexto-situacional, através dos recursos de entonação ou por gestos. Do mesmo modo, justifica-se o emprego da perífrase e da paráfrase explicativa, constituindo-se em rodeios frequentes para referir-se a algo anteriormente comentado. O uso de proformas (DUBOIS ET AL, 1998), que consistem em elementos lexicais representantes de um conjunto de propriedades comuns a todos os membros de uma determinada categoria lexical, torna-se um recurso auxiliar na conversação.

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frequência: lexemas intensificadores, exclamações interrogativas como formas expletivas, frases e expressões metafóricas.

A metáfora como um fenômeno típico do discurso coloquial, constitui um procedimento cognitivo que estabelece analogias. Este recurso é uma estratégia para viabilizar uma série de conteúdos inferenciais, que fazem parte da experiência física, social e histórico-cultural do usuário. Algumas unidades léxicas tendem a perder o seu significado original e convertem-se em marcadores fáticos do discurso: os verbos de percepção, os vocativos as formas enumerativas e as formas de finalização e de reforço conclusivos.

É no registro conversacional que é possível observar a língua em uso, especialmente nos processos de gramaticalização e lexicalização que fazem parte da dinâmica da língua.

1.9. A Linguística Textual

O conceito de texto é de produto verbal (oral ou escrito) como a unidade mínima de sentido pleno, o qual é estabelecido mediante procedimentos de negociação entre os interlocutores. Em sua natureza, constitui-se em um conjunto de propriedades passíveis de serem apreendidas por uma comunidade linguística como um todo coerente (OLIVEIRA, 2008). Nessa perspectiva, o texto representa “o próprio lugar da interação e os interlocutores, como sujeitos ativos que – dialogicamente – nele se constroem e são

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Dessa maneira, a conscientização sobre o sentido a ser construído no texto possibilita que os sujeitos envolvidos percebam que a compreensão não é um processo de decodificação da mensagem codificada por um emissor. A recuperação da mensagem se configura em uma atividade interativa complexa de produção de sentidos, que se realiza a partir do reconhecimento dos elementos linguísticos evidenciados pelas pistas superficiais do texto. Considerando o fluxo interacional das informações, a compreensão pressupõe o acionamento de um repertório de saberes e a reestruturação desse constructo na comunicação sócio-interativa com o texto. O leitor/ouvinte de um texto utiliza o seu conhecimento e os mecanismos estratégicos a seu dispor para alcançar a interpretação.

Assim, como fator determinante, o sentido textual é resultado da interface texto-sujeitos, em que se pressupõe que os interlocutores compartilham (ao menos se espera) o mesmo conhecimento prévio. Ao englobar o conhecimento compartilhado, a linguística textual considera que a noção de contexto abrange o cotexto, a situação imediata (observações do momento situacional), a situação mediata (entorno sociocultural) e o contexto sociocognitivo (KOCH, 2002). Esse contexto é dinâmico à medida que na interação texto-sujeitos ocorra alterações em qualquer um de seus constituintes.

A coesão e a coerência são propriedades que estabelecem a textualidade. O texto coeso pressupõe a existência de unidades semântica e sintática que sequenciam os enunciados, articulando-os semanticamente. Os marcadores de coesão estabelecem a correspondência necessária ao acionamento da interpretação e expansão dos sentidos. A coerência textual constitui-se nos fatores facilitadores para a construção do sentido textual, que se configuram nos domínios linguístico, extralinguístico e pragmático (OLIVEIRA, 2008).

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linguístico nessa proposta: “a função referencial coloca o signo em relação, não diretamente com o mundo dos objetos reais, mas com o mundo percebido no interior das formações

ideológicas de uma dada cultura” (DUBOIS ET AL, 1998, p. 511). O referente é a base da percepção particular do indivíduo, organizando as informações sobre a realidade extralinguística para prover a produção do significado. Assim, é um componente da dimensão perceptivo-cognitiva.

A experiência perceptiva faz parte do processo de cognição, de construção e de ordenação do universo. Do ponto de vista da coerência discursiva, os componentes léxicos se constituem em marcadores discursivos, que desempenham a função referencial no discurso. Nesse sentido, a noção de léxico se afasta da visão clássica do significado literal. O discurso constitui-se no lugar de significações e o léxico é produto das construções significativas do contexto discursivo.

1.10. A Sociolinguística

Diversas áreas das ciências da linguagem priorizam os fatores sociais, culturais e psícológicos que interagem na linguagem. Entre elas: a etnolinguística, a psicolinguística, a dialetologia e a sociolinguística. Para este trabalho, a perspectiva da sociolinguística é relevante para analisar o papel do léxico.

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Nessa perspectiva, uma das definições da língua é que ela é variável, assim, um dos objetos da sociolinguística é, portanto, mapear a variação, estabelecendo os fatores que a determinam, já que ela pode ser encontrada em todos os níveis da língua: fonética-fonológica, gramatical, léxica e discursiva.

A variação léxica problematiza o conceito de sinonímia, quando se coloca a questão numa área próxima à lexicologia, entretanto, é justamente no nivel do discurso que a sociolinguística valida este conceito. As unidades léxicas podem ser neutralizadas semanticamente no discurso, no uso comunicativo da língua. O que coloca em questão a análise dessa ‘equivalência’ reside no fato de que esses enunciados contêm itens lexicais que têm conotações, valorações, isto é, intenções comunicativas ou de estilo que fazem parte de uma situação comunicativa específica. (MORENO FERNÁNDEZ, 1998)

1.11. O Ensino/aprendizagem de léxico em LE.

Este trabalho parte do pressuposto de que o desenvolvimento lexical exige o acionamento de operações de natureza perceptiva, cognitiva, estratégica, histórica, sociocultural e interacional. A aprendizagem lexical, no caso de L2/LE, requer do aprendiz o acionamento dos conhecimentos linguísticos, de mundo e textual desenvolvidos de forma espiral a partir das suas experiências enquanto integrante de uma comunidade linguística. O léxico desempenha um papel importante na organização da interação comunicativa que pressupõe uma seleção a partir de uma disponibilidade na bagagem lexical.

Imagem

Figura 1. Fonte: MARQUES, 1984. p. 27.
Figura 3. Fonte: ROMANOS, 2004, p. 100.
Figura 4. Fonte: MARQUES, 2004. p. 21.
Figura 5. Fonte: BECKER, 1973, p. 178-179.
+7

Referências

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