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Guilhardi, Sobre Comportamento e Cognição (Vol. 8)

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Academic year: 2021

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(1)

Sobre Comportamento

e Cognição

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(2)

Sobre

Comportamento e

Cognição

(3)

Sobre

Comportamento

e Cognição

Expondo a

Vítriâbilidcidc

Volume 8

C

n i/j do por

/

íàlio José Quillumli

Mitriii Hcutriz Barbos Pinho Mddi

Pdtrícid Pidzzon Queiroz

Miirui C üro/inii Scoz

Hélio J. Gullhardi • Albina Rodrigues • Aline M. Carvalho • Almir Del Prette • Ana Lucia Cortegoso • Ana

Tereza de A. R. Cerqueira • Antonio Souza e Silva • Armando R. das Neves Neto • Cacilda Amorim •

Daniela Fazzio • Denis R. Zamignani • Diana T. Laloni • Eliane Falcone * Emmanuel Z. Tourinho • Eunice

Lima • Evandro G. Matos • Florence Correa • Francisco Lotufo Neto • Fred S. Keller • Gerry Martin • Gimol

B. Perosa • Giuliarta Cesar • Gregg Tkachuk • Ivete Dalben • Jalde Regra • José D. Ablb • Kester Carrara

• Luzia Trinca • Marcelo F. Benvenuti • Marco A. D'Assunçâo • M aria Am alia P. A. Andery • Maria Zilah da

S. Brandão • Mariângela G. Savoia • Marilza Mestre • Michela R. Ribeiro • Miriam Marinotti • Mônica Duchesne

• Neuza Corassa • Nilza Micheletto • Odete Simâo • Olavo Galvâo • Patrícia Alvarenga • Paula R. Braga-

Kenyon • Priscila Chacon • Rachel R. Kerbauy • Roberto A. Banaco • Rodrigo Dias • Roosevelt R. Starllng

• Rosângela Darwich • Sérgio Cirlno • Simone N. Cavalcante • Sônia

Meyer • Suzane Lõhr • Tereza Sério •

Vanise D. V. D'Assunção • Vera Otero • Wilton de Oliveira • Yara Ingberman • Zilda A. P. Del Prette

ESETec

(4)

Copyright © desta etliçào:

KSKTec K ditores A sso cia d o s, Santo André,

2(K)

I

.

T odos o s direitos reservados

Guilhardi, Hélio José, et al.

Sobre Comportamento e Cogniçâo: Expondo a variabilidade. - Org. Hôlio José Guilhardi. 1a

ed. Santo André, SP: ESETec Editores Associados, 2001. v.8

478 p. 24cm

l Psicologia do Comportamento e Cogniçâo

2. Behavlorismo

.V Análise do Comportamento

CDD 155.2

CDU 159.9.019.4

ISBN-

85

-

88303

- IO

-8

ESETec Editores Associados

Renzo Eduardo Leonardi

Teresa Cristina C um e Grassi-Leonardi

Coordenação editorial:

Teresa Cristina Cum e Grassi-Leonardi

Capa original:

Solange Torres Tsuchiya

Projeto gráfico original:

Maria Claudia Brigagâo

Equipe de preparação:

Luciana Maluí, Maria Eloisa Bonavita Soares Piazzon,

Noreen Campbell de Aguirre

Revisão de diagramação:

lolanda Maria do Nascimento, Léia Teresa da Silva

Revisão ortográfica e gramatical:

Maria Rita J. Martini Del Guerra

S olicitação dc exem plares: eseU itluol.com .br

Rua C atequese, 845

Bairro Jardim

Santo André

SP

</KP<W(W()-7IO

Tcl.( 1 1 )4 9 9 0 5 6 8 3 /4 4 3 2 3 7 4 7

(5)

O início... B. F. Skinner

O encontro... F. S. Keller

Os percalços em busca de um mundo melhor...

(6)

S

u m á r io

Capítulo 1 - Síndrom© do C arro na G aragem : fobia ou p e rfeccio nism o (análise funcional e plano terapêutico)

Marilza Mestre (UFPR) e Neuza Corassa ( UTP) ... 1

Capítulo 2 - Algumas considerações sobre o atendimento de um cliente com d iag nóstico de “a utista de alto fu n cio n a m en to ", por dois terapeutas em ambiente natural e de consultório

Miriam Marinotti e Antonio Souza e Silva (Clínica particular)... 14

Capítulo 3 - Com portamento “supersticioso": possíveis extensões para o comportamento humano

Marcelo Frota Benvenuti (P U C -S P )... 29

Capítulo4 - Da q u e ix a e sp o n tâ n e a à d e s c riç ã o de c o n tin g ê n c ia s de reforçamento

Giuliana Cesar (IAC - Camp / PUC-SP)... 35

Capítulo 5 - ‘Análise funcional das respostas de agressão em uma criança de 8 anos diagnosticada com autismo

Paula Ribeiro Braga-Kenyon (P U C -S P )... 49

C apítulo 6 - Práticas educativas parentais com o form a de prevenção de problemas de com portamento

Patrícia Alvarenga (UFRGS / U LBra)... 54

Capítulo 7 - Terapia Com portamental na enfermaria

Diana Tosello Laloni (PUCCamp)... 61

Capítulo 8 - Habilidades sociais: biologia evolucionáría, sociedade e cultura

Almir Del Prette e Zilda A. P. Del Prete (U FSC ar)... 65

A p resen ta ção ...

(7)

Capítulo 9 - 0 modelo cognitivo-com portam ental na bulimia nervosa

Mônica Duchesne (UERJ) e Aline de Mesquita Carvalho (FIO C R U Z).. 76

Capítulo 1 0 - In teg ração de razão e em oção: acerca da im po rtância do condicionam ento respondente para a noção de operante

Rosângela Araújo Darwich (Universidade da Amazônia) e Olavo de Faria Galvão (Universidade Federal do Pará)... 82

Capítulo 11 - A relação terapêutica e a morte anunciada: qual sobrevive?

Vera Regina lignelli Otero (Clinica ORTEC - Ribeirão Preto)... ^

C apítulo 12 - A relação terapeuta-cliente é o principal meio de intervenção terapêutica?

Sonia Meyer (Instituto de Psicologia da USP)...

Capítulo 1 3 - Terapia Analítico-Comportam ental

Michela Rodrigues Ribeiro (Universidade Católica de G oiás)... 99

Capítulo 1 4 - C om petências fetais no terceiro trim estre de gravidez: sua funcionalidade ao nascimento

Gimol Benzaquen Perosa (Faculdade de Medicina de Botucatu -

UNESP) ... 106

Capítulo 15 - Personalidade Borderina e a Terapia Comportamental Dialética

Francisco Lotufo Neto ... 116

Capítulo 16 - Considerações críticas sobre a importância e as limitações do uso do DSM-IV por profissionais de saúde mental

Evandro Gomes de Matos (Faculdade de Ciências Módicas da UNICAMP).... 124

Capítulo 17 - Aplicação da Terapia Cognitivo-Com portam ental para doenças gastrintestinais funcionais

Armando Ribeiro das Neves Neto (UNIFESP-EPM, NEPS e UNIFMU).. 133

Capítulo 18 - Detecção da história de reforçamento: problemas metodológicos para lidar com a história passada

Sérgio Cirino (Unicentro Newton Paiva & PUC/MG)...137

Capítulo 19 - Análise Funcional na Análise do Com portamento

Maria Amalia Pie Abib Andery, Nilza Micheletto e Tereza Maria de Azevedo Pires Sério (PUC/SP)... 148

Capítulo 20 - Behaviorismo Radical como pragm atismo na epistemologia

José Antônio Damásjo Atxb (Universidade Federal de Sào Carlos)...158

Capítulo 2 1 - 0 toque do amor num universo de linhas paralelas: Gritos e

sussurros de Ingmar Bergman

Hélio José Guilhardi (Instituto de Análise de Comportamento-Campinas) 162

(8)

Capítulo 22 - A história da prática do anafista do com portamento; esboço de uma trajetória

Nilza Micheleto (PUC - SP)... 172

Capítulo 2 3 - D es envolvim ento das h a bilid ad es sociais com o form a de prevenção

Suzane Schmidlin Lòhr (Universidade Federal do P a ra n á )... jqq

Capitulo 24 - Uma proposta de um sistema de classificação das habilidades sociais

Eliane de Oliveira Falcone (Universidade do Estado do Rio de Janeiro

- U E R J )... 195

Capítulo 25 - Um levantamento de fatores que podem induzir ao suicídio

Roberto Alves Banaco (Pontifícia Universidade Católica de Sâo Paulo) 210

C ap ítu lo 2 6 - O m o d e lo de in te r v e n ç ã o c o m p o r ta m e n ta l re s id e n c ia l institucional

Daniela Fazzio (Pontifícia Universidade Católica de Sâo Paulo)... 218

Capítulo 2 7 - 0 estudo de padrões de interação entre pais e filhos: prevenção da aquisição de comportamentos desadaptados, embasamento para a prática clínica

Yara Kuperstein Ingberman (Universidade Federal do Paraná)... 226

Capítulo 28 - Implicações do contextualism o Pepperiano no Behaviorismo Radical: alcance e limitações

Kester Carrara (U N E S P )... 234

Capítulo 29 - Subtípos clínicos do TOC e suas implicações para o tratam ento

Priscila Chacon, Sérgio A. Brotto, Maria Cláudia M. Bravo, Maria Conceição do Rosário-Campos e Eurlpedes Constantino Miguel Filho

(Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas da FM USP - Ipq - HCFMUSF)... 243

Capítulo 30 - Psicoterapia Analítico Funcional (FAP): caracterização e estudo de caso

Maria Zilah da Silva Brandão (PSICC - Instituto de Psicoterapia e

Análise do Comportamento - Londrina - P R )... 255

Capítulo 31 - A n á lis e fu n cio n a l da e n ferm id ade: um q u ad ro conceituai a n a lític o -c o m p o r ta m e n ta l p a ra o r ie n ta r a in te rv e n ç ã o psicológica em contextos médicos

Roosevelt R. Starling (FUNREI/DPSIC)... 262

Capitulo 32 - Terapia por contingências: o terapeuta como comunidade verbal anti-internalista

Wilton de Oliveira (Instituto de Análise de Comportamento - Campinas) 297

(9)

Capítulo 33 - Psicologia Comportamental do Esporte

Garry L. Martin e Gregg A. Tkachuk (University ofMonitoba - Canadá) 313

Capitulo 34 - Anorexia nervosa e bulimia nervosa: aspectos fisiopatológicos e clínicos

Vanise Dalla Vecchia D 'Assunção e Marco Aurélio D 'Assunção

(Clinica p a rtic u la r)... 337

Capítulo 35 - Aspectos particulares da dependôncia de álcool e drogas em mulheres

Florence Kerr-Corrôa, Maria Odete Simão, Ivete Dalben, Luzia Trinca e Maria Eunice Carreiro Lima (UNESP)... 352

Capitulo 36 - A Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) e um sonho de criança

Fátima Cristina de Souza Conte (Instituto de Psicoterapia e Análise

do C o m p o rta m e n to -L o n d rin a -P R )... 373

Capítulo 3 7 - A integração de atividades m últiplas durante aten dim ento infantil, numa análise funcional do comportamento

Jaíde A. G. Regra (Universidade de M ogi das C ruze s)... 3QQ

Capitulo 38 - Quem ó o sr. Mortimer? Uma análise do com portamento de tirar conclusões de Sherlock Holmes e Watson

Cacilda Amorim (PUC - SP)... 398

Capitulo 3 9 - 0 ciúme enquanto sintoma do transtorno obsessivo-compuisivo

Albina Rodrigues Torres, Ana Teresa de Abreu Ramos-Cerqueira e Rodrigo da Silva Dias (U N E S P )... 413

Capitulo 4 0 - 0 grupo de apoio a familiares e portadores de TOC e Sindrome de Gilles de La Tourette

Denis Roberto Zamignani (Universidade Metodista de Sâo Paulo -

UMESP e ASTOC) e Maria Ceclclia Sampaio Labatte (ASTO C )... 420

Capitulo 41 - Análise funcional das dependôncias de drogas

Maria Teresa Araújo Silva, Luiz Guilherme Gomes Cardim Guerra, F^bio Leyser Gonçalves e Míriam Garcia-Mijares (U S P )... 434

Capítulo 4 2 - 0 repertório do terapeura sob ótica do supervisor e da prática clinica

Rachel Rodrigues Kerbauy (IPUSP)... 438

Capitulo 4 3 - 0 que aconteceu ao plano de Brasilia nos Estados Unidos?

Fred S. Keller (University o f North Carolina, Chapei Hill, Estados

U nidos)... 462

Capitulo 44 - Determinantes psicossociais dos transtornos ansiosos

(10)

A

presentação

Making d o... That has always been a favourite theme o f mine. To make the m ost o f what you have. Fazer acontecer... Esse tem sido sempre meu tema favorito. Fazer o

máximo a p artir do que vocô tem.

B. F. Skinner

Os volumes 7 e 8 da coleção Sobre Comportamento e Cogniçâo organizam uma amostra extensa e representativa do que ocorreu no IX Encontro Anual da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental, realizado em Campinas no ano

2000.

O leitor terá acesso, ao ler os textos publicados, a elaboradas apresentações teóricas e conceituais do Behaviorismo Radical de S kin n e re d o Behaviorismo Cognitivo, que apesar de terem em comum o mesmo substantivo, compartilham, menos do que se pensa, a visão“de homem, a concepção de comportamento, a metodologia de pesquisa e os procedimentos de ação na atuação profissional. Vocô terá a oportunidade de ler, analisar e concluir. Um indiscutível mérito dos volumes.

Outra seção disponível nas presentes publicações traz produtos significativos da

Ciência do Comportamento, esta que, por décadas, - sob legítima e construtiva base

metodológica - tem oferecido ao universo comportamental riqueza de dados, ao lado de sofisticados e eficientes procedimentos para análise e intervenção no comportamento humano cotidiano. Com preender para evoluir poderia ser um tema humanlstico que a Ciência do Comportamento ativamente incorpora na sua empreitada científica.

As contribuições da Psiquiatria, amplamente apresentadas nos dois volumes, descortinam um perfil significativo da influência recíproca entre a área médica e as terapias comportamental e cognitiva. Nos últimos anos, a Psiquiatria desenvolveu maneiras de

(11)

pesquisar, analisar e intervir nos problemas de pacientes psiquiátricos que deram ensejo a importantíssimos avanços no seu campo específico de ação. Os procedimentos dos psiquiatras incorporaram as técnicas cognitivo-comportamentais, dando a estas, não se pode negar, um status revelador e originando uma integração entre Psicologia e Psiquiatria jamais observada na história dessas duas disciplinas.

Ambos os volumes trazem uma abrangente amostra da atuação profissional em diversos campos de ação do psicólogo comportamental. Pode-se notar que o enfoque sobre o comportamento, a fim de analisar e influenciar as ações e sentimentos humanos, se am pliam para áreas nas q uais antes não se ousava fazô-lo. A p ersp e ctiva comportamental está presente, de maneira assertiva, em novas áreas (saúde, esporte, trânsito, organizações, comunidade etc.) e de formas criativas e inovadoras em áreas tradicionais (clinica e educação). A ação profissional (alternativa às ações de pesquisa e de ensino) envolve um maior número de pessoas, com treinamento muito diferenciado, assim não ó de se estranhar que aqui surja uma amostra muito diversificada de atuação. Um leitor perspicaz poderá, legitimamente, perguntar: estão os profissionais, de fato, lidando com o mesmo objeto de estudo? Os procedimentos de ação profissional compõem um arcabouço coerente e integrado, segundo uma matriz unificadora? Há preocupação explicita com o método científico? De quantos behaviorismos estamos na essência falando? etc. Os volumes, ao publicarem todos os trabalhos, não inventaram a diversidade: a testemunharam. Este ó o momento da comunidade comportamental. Fiquemos atentos, pois o terceiro nível de seleção cumprirá sua função. Em anos futuros teremos respostas mais claras às questões acima formuladas e a muitas outras. Estes dois volumes serão uma boa linha de base para uma adequada avaliação dos comportamentos da presente comunidade comportamental.

Hélio José Guilhardi Presidente da ABPMC

Gestão 2000-2001

(12)

Capítulo 1

Sindrome do Carro na Garagem:

Fobia ou Perfeccionismo? (Análise Funcional e Plano terapêutico)

M a r i l/a M e s tre '

u í p k

N e u /a Corassa* Psicóloga clinica - U I P

0 presente artigo trata de uma p esquisa clinica realizada com clientes do C P E M (Centro de Psicolo gia E specializado em Medo» - C uritiba/ PR), quo procuraram atendim ento psicológico em busca de au xilio ao m edo de dirigir (S ind ro m e do carro na G aragem, SCO). Esse transtorno causa problem as sociais áquoles que o apresentam e que só vêm ern busca de ajuda quando a estratégia de fuga/esquiva por eles desenvolvida proporciona custo elevado em relaçã o aos ga nh os obtidos. Foram analisados 124 casos clínicos no período de setem bro de 1997 a setem bro de 2000, com os objetivos de: 1 )ldentlíicar o perfil

psicológico da pessoa portadora de fobia de dirigir; 2) verificar se os dados, encontrados na clinica psicológica, de características típicas do fó bico de dirigir, se aplicam a ou tros tipos de fobia. 0 procedim ento usado foi a an álise c a so a caso das respostas dadas a dois inventános: H istórico de vtda e Inventário de M edos; as respostas sofreram tratam en to atra vés da correlação matemática do percentual de suas respostas. C om o resultados, foram obtidos: 1) de lineam ento do perfil do fóbico de dirigir (Sindrom e do C arro na Garagem ); 2) indícios de características com uns bos fó bicos em geral ; 3) indícios de características de perfeccionism o evidentes nesse perfil A lém do relato de pesquisa, o artigo descrevo com o as au to ra s realizam a anâliso funcional dosses caso s e propõem plano te rapêutico

P a la v ra s -c h a v e ; fo bias, pe rfeccio nism o, trânsito.

The present article treats of a clinicai research acco m plishe d with custom ers o f C P E M (C e nter of P sych olo gy S p ecia llze d in Fears - C uritiba / PR), that sou gh t psych olo gica l atten da nce In sea rch o f aid to the fe ar o f d rlvlng (S ynd rom e o f the car in th e G a ra ge , SCG ). That upset cau sos social pro blem s those that intro du ce him /it and that on ly com e in sea rch of help w he n th e esca pe strateg y / it avolds for th em develo pe d It p ro vld es high cost in relatio n to th e ob ta ln ed ea rnlng s. 124 clinicai cases

w ere analyzed In th e perio d o f S e ptem be r from 1997 to Septem ber of 2000. The objectives o f the study w ere 1. to identlfy

the p sych olo gica l pro flle o f th e pe rson bearer o f phobia o f drtving; 2. to verlfy th e data. fourtd at th e psych olo gica l clinic, of typlcal c h a ra c te rls tic i of th e fó bico of dnvm g, the othe r phobia types are applie d. The used p ro ced ure w as th e an alysis casa to I m arry o f the an sw ers give n to 2 inventories' Historical o f llfe and In ventory o f Fears; the an sw ers sufforod treatm ent

th rough th e m ath em atlca l c orrela tion o f th e pe rcen tile of your answ ers. As resu lts o b ta ln ed -if; 1) the de lin e a m e n to o f tho proflle of th e fó bico o f drivlng (S ynd rom e o f th e C ar In th e G a ra ge ), 2) Indications o f evident perfectionism characteristics

in that proflle ; 3) In dicatio ns o f cha racte ristics com m on to the fó bicos in ge ne ral. B esldes the rese arch rep ort th e article descrlb es as the authors th ey acco m pllsh th e fu nctio na l an alysis o f th ose case s and th ey pro po se therapeutíc pfan. K e y w o rd s : ph ob las, p e rfectio nism . traffic

Segundo Watson (conforme citado por Millenson, 1975), o medo é uma das trôs emoções básicas do ser humano. Trata-se de um estado corporal, uma reaçáo automática, que não necessita de aprendizagem e que visa gerar energia à evitação ou afastamento

'Psicóloga clinica (UFPR/1B81); mestre em l ’»icok>gia hxpenmental (USP-SP/1996), doutoranda em Hislôna (UFPR/ término provável ?003), sócia fundadora do Centro de Psicologia Especializado em Medos (CPEM/Curitiba); professora de Psicologia na graduaçAo e pôs - graduaçAo da PUC- PR e UTP(TUIUTI)

'Psicóloga clinica (UTP/1#8tt); sócia fundadora do Centrode Psicologia Especializado em Medo* (CPEM/ Curitiba), professorade Psicologia na pô*-graduaçAo(capacllaçAo de psicólogo* do tr»n*Ko) d* PUC-PR

(13)

de estimulação nociva ao ser (Ross, 1979). Seguir pela vida requer sentir medo, e esse ó um amigo precioso que mantém os animais longe do perigo. A diferença entre os outros animais e o homem ó que os primeiros sentem, basicamente, medo de morrer e daquilo que ponha sua vida em risco imediato. Quando vivem longe do ser humano, não se encontra no animal medo do futuro.

Dois historiadores, Delumeau, 1996 e Duby, 1995, fazem uma análise dos medos no ocidente entre os anos 1000 até o ano 2000 e apresentam um panorama muito parecido, nesta virada de milênio, ao que ocorreu na virada do milênio anterior. Os mesmos medos afetam o homem de agora em relação ao homem do passado: medo da miséria, do outro, das epidemias, da violência, do alóm. Hoje, acrescentamos um grande medo ao montante já existente: o medo da solidão. O homem do passado acreditava em seus pares e sabia que podia contar com sua família, seus amigos, seus '‘patrícios". Nos períodos de fome, ficavam solidários; na doença, se ajudavam; e mesmo quando segregados, isso ocorria em bando, e dentro desse se auto-ajudavam. Hoje, esse medo de ficar só gera outros medos, tão diversos quanto a história de cada homem.

O homem é o único ser que tem “medo do medo" e quando fica sob o controle dessa emoção antecipatória de contingências prováveis (e temidas) ele pode estar (e assim o é normalmente) agindo de forma adaptativa; porém, esse novo sentimento, a ansiedade, pode ser geradora de um sofrimento sem medida. Então, ansiedade seria o nome dado pela comunidade verbal para a emoção que segue a percepção de que há ameaça de alguma punição. Ela antecede a perda e tenta prevenir a frustração. Se tal perda já ocorreu, se já perdermos algo (ou alguém), o que sentimos chama-se tristeza (Graeff, Guimarães e Deakin, 1993). A ansiedade pode então surgir como sub-produto que visa alertar o organismo e tentar evitar novas perdas.

A ansiedade diz respeito à apresentação de reforçadores negativos e é vivenciada como uma sensação de apreensão quanto a algum perigo futuro não bem delineado; é uma experiência universal que tem como função a sobrevivência e pode se manifestar de quatro maneiras: fuga, agressão (defesa agressiva), submissão (Bernick, 1989) e imobilidade (depressão).

Na ansiedade ocorrem mudanças:

Fisiológicas: ritmo cardíaco, taxa respiratória, condutância cutânea...; Motoras: tremores musculares, hiperatividade, desorganização motora, baixo limiar para respostas motoras (sobressaltos), evitação ou afastamento;

Subjetivas: (acessíveis, graças ao relato verbal de pessoas que se dizem ansiosas) apreensão, preocupação, previsão de ameaças e sensações de medo, particulares ou generalizadas.

1. O CPEM e a percepção de um PADRÃO COMPORTAMENTAL em clientes com FOBIAS

A fobia é um caso especial de medo. A diferença entre a fobia e o medo é que o segundo diz respeito a uma emoção de aversão a algo que estando presente ameaça o organismo. Na fobia existe um medo de objetos (ou situações) que, no imaginário da pessoa, oferecem perigo desmedido.

(14)

A diferença entre fobia e a ansiedade, segundo Falcone (1995), ó basicamente quantitativa; depende de quanto tempo dura o episódio de ansiedade, o quanto de ansiedade a pessoa experimenta, a freqüência em que esta ocorre, em que nível o comportamento evitativo disfuncional ó precipitado pela ansiedade e como é a avaliação dada pela pessoa que está ansiosa. Na fobia, há uma ansiedade generalizada que se tornou especifica no momento em que a pessoa identifica em um determinado foco o objeto de sua aversão.

A DSM-IV (American Psychiatric Association, 1994) caracteriza a fobia em sub-típos: 1) Fobias Específicas (F E ); 2) Fobias Sociais ou generalizadas (FSG) e 3) a Fobia Social Circunscrita (F S C ). A SCG, segundo a ótica do CPEM, encaixa-se neste último caso.

Desde a fundação do C PEM ', suas psicólogas vêm atendendo aos mais diversos tipos de queixas em que o medo aparece como relato principal. Entre eles, o de maior ocorrência é a Fobia de Dirigir, conhecido como SÍNDROME do CARRO na GARAGEM (SCG), pois os seus portadores já possuem carro e carteira de habilitação, mas fogem de dirigir, deixando-o na garagem. Quando pensam em fazê-lo, passam a sentir tremores nas pernas e mãos, perdem o fôlego, ficam com placas vermelhas pelo corpo, suas mãos ficam geladas e pegajosas de suor, dormem mal na noite anterior a dirigir e, mesmo sendo pessoas muito honestas, se obrigam a “ inventar" desculpas que justifiquem o não dirigir, sofrem por não fazê-lo e sofrem mais ainda se tentam fazê-lo.

Corassa (1996 a e b) ao longo de sua prática clínica foi registrando um padrão tipico do comportamento desses clientes. Eles se classificam basicamente em dois grupos:

1. Grupo menor: é constituído de pessoas que já passaram por uma experiência com acidente (em relação a elas mesmas, um familiar ou amigo);

2. Grupo maior: simplesmente o que aparece é um grau elevadíssimo de ansiedade só de pensar em sair com o carro. As pessoas evitam, inclusive, realizar coisas muito pequenas como abrir porta-malas do carro ou apanhar qualquer objeto que tenham esquecido dentro do mesmo.

A hipótese clínica era de que as causas prováveis de tal padrão comportamental fossem: a) histôrico-culturais, com padrões de educação diferenciadas para os gêneros: como a "direção" da vida era dada ao masculino e à mulher cabia dependência desse ‘saber’; desta mesma forma, a mulher ficava exposta a regras sociais onde só homens dirigiam e a ela ^ra a passageira; outro padrão cultural diferenciado era o referente à forma de brincar, em que as meninas se expunham às contingências modeladoras com brinquedos ditos ‘femininos’, como bonecas, e os meninos, aos brinquedos ‘masculinos1, como carrinhos; ainda mais: era esperado que as mulheres se preocupassem com o bem-estar do 'outro' e, dos homens, esperava-se que fossem mais arrojados; b) filogenéticas, com diferenças cerebrais entre mulheres e homens; até chegar-se à c) evolução tecnológica do último quartil do século XX, que possibilitou que a força física fosse dispensável ao ato de dirigir.

Analisando o relato clínico dessas pessoas, certas características aparecem enquanto falam de suas vidas. Algumas são repetitivas para o fóbico em geral e ajudam na compreensão do quadro por eles apresentado.

’ 1997 « H dHtn de fundaçáo do CPfcM. no entanto Mettre tratando d* fobia* deede 1961 e C oram d*»d• 1989

(15)

P e rfil p s ic o ló g ic o d o fó b ic o 4

SCG (Medo de d irig ir) O utras Fobias Muito competentes Competentes Excesso de responsabilidade Responsáveis Detalhistas Tende a ser detalhista Necessidade de controlar Necessidade de controlar "Olhar" do outro "Olhar do outro” Dificuldade de receber Dificuldade de receber

criticas criticas

Organizadas

Críticos Críticos

Sensíveis aos sentimentos Sensíveis aos sentimentos Inteligentes Intejigentes

Elevada consciência social Consciência social

Ao identificar um padrào de comportamentos comuns entre os clientes que se queixavam de fobia de dirigir, desde uma avaliação clinica, o CPEM realizou uma pesquisa com 124 clientes que forneceram autorização para análise dos dados coletados com eles. Graças a isso, pôde-se traçar um perfil fidedigno de um padrão comportamental típico das pessoas que se queixam dessa Síndrome. Foram utilizados como instrumento de coleta, então, além da avaliação clinica, dois inventários: o de Medos, proposto por Wolpe (1976), e o Histórico de Vida, proposto por Lazarus (1977).

Dos 124, a maioria é constituída por mulheres; apenas 4 são do sexo masculino. Todos são adultos, com idade variando de 21 a 76 anos, mas cuja média fica por volta dos 40 anos. Desses, 66,6% são casados (entendendo-se por casado qualquer relação em que o casal coabite debaixo do mesmo teto). A profissão e a escolaridade também tôm ampla diversidade, desde faxineira, salgadeira e babás (com 1o grau) a advogados, jornalistas, professores universitários, médicos; desde aquelas que se formaram e deixaram de exercer a profissão aftós o casamento e que se intitulam “donas de casa” até aqueles que tôm pós-graduação e o reconhecimento do mercado de trabalho. Noventa e cinco por cento deles tôm o carro e os que ainda não, já providenciaram poupança ou consórcio para fazê-lo. Quanto à habilitação, 88% já a possuem e o tempo decorrido entre tirar a habilitação e deixar de dirigir varia de 2 a 31 anos.

No inventário de Medos, os resultados mostram que essas 124 pessoas, além de se queixarem de temer dirigir, sentem aversão por: falar em público, 69,2%; ser dominado, caçoado, ignorado, cheirar mal, rir ou chorar sem controle, 76,9%; ser desaprovado, fracassar, parecer bobo, 85,3%; sentir-se rejeitado, pessoas que maltratam outros, 92,4 % e perder o controle, cometer erros ou ser criticados, 100%.

4 PubHcndo «ntoríormente «m 1906 • 1000

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Do Histórico de Vida extraíram-se os seguintes dados em relação às alterações autonômicas ou cognitivas: dores de cabeça, problemas estomacais e ou intestinais, sentimento de covardia, 38,4%; aceleração cardíaca, tristeza, insônia, fadiga, sentimento de inferioridade, 53,8%; solidão, timidez, terrores, sensação de incompetência, suor excessivo nas mãos, conflito e culpa em relação ao dirigir, 61,5%; raiva e tremores nas mãos e pernas, 69,2%; ansiedade geral, 92,2% e tensão muscular, 100%.

Os dados obtidos na pesquisa podem servir de auxílio na elaboração da análise funcional (ou diagnóstico clínico) que irão permitir o sucesso na intervenção terapêutica.

2. Análise Funcional

Quando a pessoa procura o CPEM , via de regra o faz porque acredita que sua queixa, de algum modo, está relacionada com medos. Mas qualquer que seja a queixa, faz-se indipensável a operacionalização daquilo que essa pessoa relata. Nesse momento, já se iniciou uma ANÁLISE FUNCIONAL, como a proposta por Skinner. Há várias formas de proceder tal análise. Mestre (1991) descreve um modelo por ela adaptado, em que obedece ao paradigma:

S D A K

s *'■

S

S a

A contingência de três termos (Skinner, 1978) foi proposta como explicação para o controle da emissão do comportamento humano. Bernardes e Mayer (1982) apresentam esse tipo de controle como as causas de manutenção de comportamento. Mestre (1991) diz que o primeiro passo é descobrir de qual comportamento se fala, antes de se poder

saber o que o controla, e R é o comportamento que trouxe o cliente até a clínica, é sua

queixa, o seu mando, seu pedido de ajuda que vem tateado de "n" formas. Nem sempre o repertório verbal do cliente é claro a ponto de ao relatar se fazer compreender, nem sempre (ou qu^se nunca) o repertório verbal do cliente é o mesmo do terapeuta, portanto requer-se que o terapeuta operacionalize a fala do cliente de modo a entender seu mando, que pode ocorrer por déficit ou por excesso comportamental. No caso da SCG, quase sempre ela vem explícita, isto é, a pessoa chega se queixando de que não consegue dirigir e isso ó dito de uma forma que vem com muito sofrimento, com uma auto-crítica que anula toda sua competência no restante de seu repertório e que só enxerga aquilo de que não é capaz, embora desde a primeira sessão evidenciem-se fatos em que se destacaram ou pela profissão ou pelo desempenho social. A análise continua com investigação do contexto onde a queixa (não dirigir) se insere.

Faz -se necessário descobrirem-se as causas de manutenção dessa classe de respostas que constitui a queixa. O S refere-se aos estímulos discriminativos que o ambiente (interno ou externo ao organismo) controla de modo antecedente à emissão dessa queixa e a eliciação de sentimentos correlacionados a ela. Por exemplo, pode-se perguntar quais

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os sinais do ambiente que levam o sujeito da ação ficar sob esse tipo de controle? Por exemplo, o que estava acontecendo com a pessoa quando ela procurou ajuda?

O C significa as conseqüências que podem ocorrer de forma imediata ou em médio e longo prazo após a emissão da resposta. Faz -se necessário descobrir quais os ganhos e quais os custos dessa resposta. Os ganhos por inclusão, os reforçadores positivos, pessoais ou sociais; os ganhos por exclusão, ou os reforçadores negativos; esse comportamento como um todo afasta estimulação aversiva? Mas sabe-se que é impossível ter ganhos sem custo, e sabe-se também que a pessoa só procura ajuda quando esse custo for maior que os ganhos. Então resta descobrir: quais são os custos que o cliente vem pagando? De que forma? Será que, ao reduzir os custos, ele também

não perderá os ganhos?

São ainda Bernardes e Maier quem apontam para outro tipo de causa que se deve terem conta numa análise funcional. Trata-se das causas de origem. É importante descobrir quem é essa pessoa que fala. Quais são os seus valores? No que ela acredita? O que ela pensa e sente sobre si mesma e sobre o mundo? Essa é a tarefa a ser feita na análise do O. Quais são suas características biofísicas? Apresenta algum déficit orgânico? Quais sâo suas características? Aqui é que a pesquisa realizada pelo CPEM pode auxiliar, na medida em que o portador da SCG tem apresentado o padrão descrito; se o cliente em pauta apresentar padrão similar, pode-se pensar que ele feche o quadro característico da Síndrome.

Por fim, resta investigar sua história, que, segundo Skinner (1981), deve ser analisada em três aspectos: fílogenético ou o da evolução da espécie, que contém a seleção natural que alguns com portam entos sofreram e que cum prem funções de sobrevivência para o ser humano; a história pessoal (ontogenótica) daquele que se comporta: quais os esquemas de reforços e punições ao longo de sua vida? Quem foram os agentes dessas conseqüências passadas?; e a história do grupo sociah quais são os valores do grupo cultural ao qual o indivíduo pertence? Que tipo de controle esse grupo exerce sobre o comportamento dessa pessoa? No paradigma é a letra K, que segundo Keefe e colegas (1980), diz respeito ao meio ambiente, o qual é uma constante na vida de todos os humanos. De novo a pesquisa confirma os achados clínicos do CPEM. Os aspectos histórico-culturais do cliente que apresenta a SCG corresponde à hipótese de que as causas geradoras aparecem em cada caso: considerando que a maioria da pessoas está na média dos 40 anos de idade, e que o avanço tecnológico só nos últimos 10 anos permitiu que a classe média pudesse ter mais de um carro, então havia uma realidade de que as contingências de haver mulheres dirigindo era muito pouco provável; tambóm, via de regra, vêm de uma estrutura familiar tradicionalista em que o homem comandava o lar. Dentro dessa estrutura não lhes foi dado “treinar" a psicomotricidade com brincadeiras que lhes desenvolvessem a lateralidade , a orientação temporo - espacial e dissociação dos membros entre si, habilidades essas necessárias a um motorista. Alóm disso, sua auto-estima foi baseada na percepção que o 'outro' faria de si.

Quando se investigam esses dados, tem - se uma idéia do que é a queixa e o que a controla; quem ó a pessoa que se comporta e seu meio ambiente, pois quando um comportamento se altera, modificam-se tambóm as relações da pessoa com seu meio.

Os instrumentos utilizados pelo CPEM para realizar tal avaliação são:

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a) a Entrevista Clínica (Silvares e Gongorra, 1998), que ocorre num processo contínuo ao íongo da terapia e que é utilizada tanto na obtençáo de dados, como instrumento de observação e inquérito, como instrumento de persuasão e mudança comportamental;

b) o Histórico de Vida do modelo de Lazarus (1977) e que o CPEM adaptou após conhecer o perfil do fóbico que nos procura. Por exemplo, nele incluem - se perguntas sobre ter ou não carteira de habilitação e há quanto tempo, se houve ou não "reciclagens"1 e frases inacabadas que revelem a existência ou não de características do perfil descoberto pelo CPEM;

c) o Inventário de Medos (o modelo encontrado em W olpe, 1976), também adaptado pelo CPEM. Quando o cliente assinala valor 4 e/ou 5, pede-se a ele que sinalize, na linha ao íado, qual o sentimento e/ou pensamento que eíe tem a respeito do item. Isso ajuda na demarcação dos temas fóbicos;

d) outro instrumento usado é o que o CPEM denomina de "Videograma". O material utilizado é composto de: folhas de sulfite e caneta ou lápis colorido. Pede-se para a pessoa imaginar o "filme de sua vida" e quais são os pontos que ela considera que são marcantes. Tanto os bons quanto os "não-bons". A pessoa deverá escolher uma cor que gosta para as coisas boas e uma cor que não gosta para as "não-boas". O desenho será feito com duas linhas quebradas em “picos”. A linha superior contendo as coisas boas que já lhe ocorreram. A linha inferior contendo os picos inversos das experiências que ela julga desagradáveis. Pode ser feito em uma só folha, como pode-se utilizar mais de uma. Pode ser feito dentro da sessão ou como tarefa de casa. O objetivo ó auxiliar a visão do todo, pela própria pessoa. Uma segunda parte desse instrumento é fazê-la refletir de forma simbolizada no desenho, sobre suas metas, a curto, médio e longo prazo. Nesse momento, alguns encobertos podem ser revelados: por exemplo, aparecerá o motivo da consulta? Veio para dirigir e não o menciona como meta.

Após investigar-se tudo isso e descobrir-se o perfil do cliente em particular e se ele se encaixa no perfil do fóbico de modo geral, é que então se pode pensar em um plano terapêutico.

3. Plano Terapêutico

No caso do fóbico, se constatado que esse é do primeiro grupo, o de reação a acidentes traumáticos, pode-se pensar em tratá-lo com Dessensibilização Sistemática, como proposto por Wolpe (1976).

Caso faça parte do segundo grupo (sem causa aparente) e não se enquadre no perfil psicológico, é conveniente desistir de Dessensibilização e tentar outras estratégias , e aí cada caso será único e dependerá da habilidade do terapeuta em criar alternativas ao tratamento.

Mas caso ele encaixe-se no segundo grupo e possua as características do perfil fóbico delineado, principalmente os quesitos de ser detalhista, responsabilidade aguçada e preocupação com o " olhar" do outro ", então pode-se pensar num prognóstico favorável, caso utilize-se de Dessensibilização Assistemática (Variações da Dessensibilização: 1 Krcii'l«tiein t o lermo iiwdrt quundo alguém ji tem c ariou dc hahililaç&o e preciu repelir nula» dc volanlo O (T IM optou poi unai e«ic termo puta lixlm tu lobiai qur utili/cm auxilio técnico dc outro* profintonai»

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Wolpe, 1976). Nessa forma de trabalhar, o terapeuta aproveita constantemente as CRB2 (Kolemberg, 1997) para trabalhar mudanças cognitivas, controle de contingências por conseqüências, treino assertivo e aumento de empatia, além de análise de possíveis alternativas de solução de problemas.

Os passos usados no Centro de Psicologia Especializado em Medos - CPEM para a Dessensibilizaçáo Assistemática são:

3.1. T re ino em R elaxam ento:

A ansiedade ó uma constante na vida do fóbico e torná-lo menos ansioso ó a primeira necessidade do trabalho terapêutico. A adrenalina faz com que ele fique numa prontidão de alerta que o impede de colocar-se sob efeito de contingências que pudessem fazê-lo mudar suas antigas regras fóbícas. Quando se treina a pessoa no relaxamento, ela começa a produzir, gradualmente, endorfinas endógenas que bloqueiam a adrenalina e a pessoa permite-se entrar sob o efeito de novas contingências, além de aumentar sua sensibilidade a tais efeitos.

Mestre (1979)fl adaptou o modelo de relaxamento de Jacobson (em Wolpe, 1976). Tal adaptação parte do pressuposto da lei da somaçáo de sub-liminares de Sherrington (em Millenson, 1975), quer dizer, se o relaxamento muscular por si só já é suficiente para produzir endorfinas, é de se esperar que o efeito seja maior se somado a outros fatores de produção dessa mesma enzima. É sabido que a seleção natural dotou os humanos de algumas respostas reflexas de controle da ansiedade: o velho "suspiro" é um exemplo disso. Quando se está triste, cansado ou com medo, naturalmente o suspiro aparece; quando a emoção é a raiva, aparece o "bufar" e a ansiedade que acompanha tais emoções tende a aliviar. Então, ensina-se ao cliente a suspirar enquanto procede o relaxar. Mas, outra unidade é al somada. Pede-se á pessoa que imagine um lugar seguro e agradável para finalizar o exercício. Al a idéia é retirada de Schultz ( em Wolpe 1976), que pressupõe que, quando as pessoas estão em lugares ou situações seguras, elas automaticamente produzem endorfinas e relaxam. Então a junção dos três procedimentos, exercitados durante três semanas seguidas todo dia com repetição de três vezes cada elemento, garantem o inicio do contracondicionamento com a pessoa quase que completamente relaxada.

Com o passar do contracondicionamento, pode-se ir retirando o número de exercícios. Ng 4" semana, já se pode fazer duas vezes cada elemento do exercício total; na 5" semana, uma vez cada elemento; na 6* semana, reduz-se para duas vezes o exercício total; na 7“ semana, uma vez semanal, e depois passasse para cada 15 dias, um mês e se a pessoa quiser conservar o efeito do relaxamento, recomenda-se que o repita pelo menos uma vez cada elemento num período de cada dois meses. O modelo usado é o descrito: R e la xa m e n to

1a Parte: R esp iraçã o : imagine que seu pulmão contém um balão de "gás", desses de festa, e que ele vai até a barriga, você vai inspirar tentando encher o balão que está na barriga para só depois encher o pulmão. (Ajuda se você colocar a mão sobre a barriga,

* Mealre enquanto aluna de Pwcotogte fez tal adaptaçAo como trabalho exigido para avaliação na dwaplina de Psicoterapia Comportamental. a partir dal vém aperfeiçoando tal adaptaçAo a partir doe reeultadoe relatado* por h m cliente*

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sentirá o "balão" encher e, ao suspirar, ajuda se vocô fizer "barulho” com a boca como se fosse o esvaziar de um pneu).

A respiração deve acompanhar cada exercício, quando vocô inspirar, contrair; quando expirar, relaxar. Inspirar. Expirar lentamente "até que o pulmão fique sem ar = suspiro."

2a Parte: Fazer 3 vezes cada exercício

I.Mãos: Fechar fortemente ambas as mãos. Tencionar. Abrir lentamente. Relaxar.

S u s p ira r.

II.Braços: Dobrar ambos os braços. Tencionar. Abrir lentamente. Relaxar. Suspirar. III.Ombros : Elevar os ombros em direção às orelhas. Tencionar. Soltar lentamente.

Relaxar. Suspirar.

IV.Pescoço: CUIDADO com torcicolos (vértebras) Giro Completo: Frente/ Direita

/Trás/Esquerda. Suspirar.

V.Face: Fazer uma careta bem forte, tencionar. Soltar lentamente. Relaxar. Suspirar.

VI.Pescoço: (para lado oposto) Só um giro Completo. Suspirar. VII.Tórax/Costas:

A)Dê um grande abraço em vocô mesmo. Tencionar. Soltar lentamente.

Suspirar.

B) "Estufe" o peito. Tencionar. Soltar lentamente. Suspirar.

VIII. Abdômen: Estufar a barriga o máximo que puder. Soltar lentamente. Suspirar. IX.Nádegas: Contrair as nádegas fortemente. Tencionar. Soltar lentamente. Suspirar.

X. Pernas/Pés:

A)Esticar as pernas para a frente, apontar os pós p/ cima e contrair. Soltar lentamente. Suspirar.

B)Esticar as pernas para a frente, apontar os pós para a frente (pós de bailarina). Soltar lentamente. Suspirar.

3* Parte:

X. Pensar num lugar seguro e/ou agradável, (cena segura) Suspirar.

A cena segura adequada ao cliente nem sempre ó fácil de se detectar, nem sempre o que a pessoa julga agradável ó seguro e vice-versa. É aconselhável pedir ao cliente que a descreva com detalhes. Alguns chegam a trazer fotos, outros a desenham (não esquecer que são detalhistas e se vocô apresenta uma descrição que não corresponda ao que ele imaginou, isso pode ser um entrave ao invés de ajuda).

Enquanto o treino no relaxamento prossegue, o terapeuta e o cliente começam a focar o mando do cliente, fazendo-o relatar situações ligadas à fobia que despertam o medo, e atribuindo valores a quanto de ansiedade elas provocam no cliente. Aqui também

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o CPEM fez adaptações e se percebe a extrema importância do terapeuta estar atento às descrições do cliente evitando assim que a hierarquia das situações geradora de ansiedade (que é única e própria de cada um) seja ferida e todo o tratamento se perca.

3. 2. Construção da Hierarquia : Foco Fóbico

Em sessão, inicia-se uma lista - modelo com as dificuldades. Explica-se que essa lista vai funcionar como um rascunho que a pessoa reformulará a cada vez que lembrar de novos itens. Na sessão seguinte, a pessoa traz a lista e recebe fichas catalográficas comuns, uma para cada item da lista. Como tarefa de casa ela transcreverá em cada ficha o item e os sentimentos que a cena lhe desperta quando ela imagina estar vivendo a situação. Na próxima sessão, terapeuta e cliente procedem à avaliação em escala de Ansiedade (Wolpe, 1976).

3. 3. “Treino Psicom otor”

Como essas pessoas de modo geral não se submetem a contingôncias geradoras de repertório comportamental, ó comum apresentarem algum tipo de déficit motor, não por algum tipo de deficiência perceptual ou habilidade motora, mas por falta de treino, puro e simples. No caso da Sindrome do Carro na Garagem algumas estratégias são necessárias: orientação temporo - espacial, dissociação de membros, atenção diferencial a estímulos do trânsito ao invés do "olhar” do outro. Al cabe à criatividade do terapeuta montar estratégias específicas para cada cliente.

3.4 . Contra-condlcionam ento

Quando o relaxamento já está fazendo efeito (e isso pode ser medido pelo relato de um sono melhor; de mais calma em situações de estresse de ordem diferente da queixa; de melhor capacidade de raciocínio; de diminuição de tensão muscular; de um melhor conhecimento de seu próprio corpo), e a construção hierárquica já foi concluída, pode-se pensar em começar a Quarta Fase, que é subdividida em 3 etapas:

3.4. a . Contra-condicionamento IMAGINÁRIO

Nessa fase induz-se a pessoa a relaxar e apresenta-se cada cena da hierarquia, passo a passo. Aqui o cuidado anterior com a construção hierárquica ó fundamental, para não apresentarmos situações de maior ansiedade do que o relaxamento pode controlar. As paradas, intercaladas em cada sessão, se fazem importante porque ó comum nessa fase surgirem encobertos dos quais o cliente não havia se dado conta e que fazem parte de seu quadro fóbico.

Quando nessa fase o cliente relata não sentir mais ansiedade, ó sinal de que está pronto para a próxima etapa.

3.4. b. Contra-condicionamento SIMBÓLICO

Nessa, dependendo do foco fóbico, adaptam-se situações simbólicas (às vezes concretas) àquilo que desperta o medo. No caso do dirigir pode-se usar um simulador de direção, com ou sem filmes de trânsito, ou, na falta de um simulador, pode-se usar um carro desligado.

Para medo de injeção, utiliza-se no CPEM um "kit" contendo seringas e agulhas de injeção, garrotes, agulhas de costura para o início; após o uso do "kit" pode-se usar um filme com cenas graduais de injeção diferentes (muscular, intravenosa, intradórmica);

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Para medo de dentista, também se utiliza um filme especialmente criado para essa fase. Para cada medo, criam-se instrumentos que de forma simbólica permitam a exposição gradual do sujeito ao perigo potencial.

3.4. c. Contra-condicionamento com EXPOSIÇÃO AO R E A L :"R ECICLAG EM "

Essa última fase é quando passo a passo a pessoa ó exposta ao foco fóbico. Também aqui há três fases:

c1. Com presença de pessoa de segurança: essa pessoa é escolhida dentro da realidade

de cada caso: fobia de dirigir: instrutor de auto-escola; fobia de injeção: terapeuta e técnico de laboratório: de dentista: terapeuta e dentista; de aviões, elevador, lugares altos e/ou abertos: alguém da família, amigo ou terapeuta.

c2. Sozinho, com meia independência: a pessoa de segurança está por perto mas não

junto;

c3. Sozinho.

A alta ocorre quando a pessoa considera ter atingido seus objetivos, mas sempre deverá ter um acompanhamento por parte do terapeuta após a alta. O CPEM tenta fazê-lo de modo sistemático pelo prazo de dois anos.

4. Conclusão

Trabalhando com fóbicos do dirigir, as autoras se viram obrigadas a ampliar seu conhecimento de uma realidade social que é o trânsito, contexto onde ocorre o drama do cliente que procura o CPEM. Nesse estudo, o que se encontrou foi que esse é o maior e mais complexo ambiente democrático que o homem ocupa; . Lá está o módico, o estudante, a feirante e o mecânico, o pós-graduado e o analfabeto, o bombeiro e o bandido, o velho ancião e o jovem que recém tirou a carteira, a pessoa pacata e feliz e o ansioso e beligerante. O que tem medo e o que precisa fazer direção defensiva.

Para inserir no trânsito a pessoa com fobia foi necessário estudá-la. Foram constatados três tipos básicos de comportamento neste espaço: os cautelosos são pessoas que respeitam as normas de conviver e consideram o espaço do outro, da mesma maneira que cuidam do seu; os conhecidos como donos do mundo: eles são briguentos, agitados, reclamões e agem como se os outros motoristas não soubessem nada e tudo tivesse que girar em torno deles; os de comportamento encoberto: estes comportamentos se verificam com pessoas que parecem adequadas no trabalho ou na família. Porém, no trânsito se transformam, por não conseguirem se posicionar por elas mesmas, necessitam se fazerem fortes através de algo, geralmente para com pensar uma insegurança ou um sentimento de inferioridade. Agora imaginem - se os horários de pico, como levar os filhos para a escola ou ir para o trabalho, em que vão junto consigo os valores de sua família de origem, vão também suas preocupações com a família atual. Seu lado profissional também estará aqui presente: é ele (a) alguém que sente prazer ou tédio naquilo que exerce como ganha-pão? Como está ele(a) administrando sua casa dentro da pós-modernidade em que os papéis e funções masculina-feminina passam por transformações que geram crise,

'Coraua(1996, 1996 * 2000)

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nem sempre percebidas como crescimento? Sobra tempo na correria da vida para esse(a) motorista cuidar de si? Do ponto de vista estético e da saúde? Náo é ele(a) alguém estressado por tantos afazeres? Onde anda o tempo para o lazer? E o afetivo? Como anda a expressão das emoções pela pessoa amada (filhos, namorados, pais, amigos)? O motorista ou o pedestre ó alguém com todas essas áreas do "ser pessoa" funcionando enquanto o trânsito corre.

Ao realizar a pesquisa, as autoras tinham como hipótese, baseadas em suas observações clínicas, de que tais pessoas tivessem desenvolvido tais características ao longo de uma aprendizagem de fuga e ou esquiva do imprevisível e incontrolável, através de uma auto-exigência que modelou um repertório de comportamentos com desempenho dentro de padrões de perfeição. Os comportamentos que se percebem como fora desse padrão de aprovação tornam-se foco de evitação (é o caso do dirigir). Á medida que o custo da fuga - esquiva torna-se socialmente inviável, elas entram em conflito e buscam formas de adaptação.

A hipótese então é a de um perfeccionismo antecedendo a fobia e ambos como parte de uma cadeia de comportamentos modelados.

Ter presente esse padrão comportamental na anáíise funcionai permite a construção de plano terapêutico mais eficaz e personalizado. E os achados do CPEM têm sido de

ajuda também para entender o trânsito e colaborar para torná-lo melhor.

O modo como o CPEM vem fazendo tal análise funcional e a proposta terapêutica para casos de SCG devem, no entanto, ser adaptados a cada cliente e suas necessidades.

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Capítulo 2

Algumas considerações sobre o

atendimento de um cliente com diagnóstico

de "autista de alto funcionamento", por dois

terapeutas, em ambiente natural e de

consultório

M iria m M a rin a ! ti Clinica Particular A n ton io Sou/a c Silva

C 'linka Particular

Este trab alh o é fruto do aten dim en to rea liza do c om um jove m com dia gn óstico de “ au tista de alto fu ncion am e nto ", pelou dois autores, em situaçAo clinica e natural, resp ectiva m e nte O aten dim en to c lin ic o foi In icia do q u an do ele cursa va a 1*. série do, entâo, 1". grau e o aten dim en to paralelo, em situaçAo natural, há ap roxim ad am en te três a n os qu a n d o se en con trava no C olegial In icia m o s o a rtig o de screve nd o cara cterística s do clien te quo serâo releva ntes para as an álise s sub seq üe ntes NAo se trata p ro priam en te da u m e stu d o d e caso, visto qu e o pro cesso co m o um to do M o aerà ab ord ad o, princip alm & nta dada a In via bilida de de fa /ê -lo , n e ste esp aço O p tam o s, entAo, por con cen trar no ssa a ton çâo em a lg un s a sp e cto s qu e nos parecem releva ntes para o e stud o do autism o, do p onto de vista da A n álise d o C o m po rtam en to . D en tre estes: p e culia rida de s relativas A sensibilidade a conseqüências: (in )dependência fu ncion al de repertórios verbais: con trole por regras e sensibilidade a con ting ên cias, d e sen volvim en to de rep ertôn o verb al a u to -referen te e discrim in açã o d e e ve ntos privad os: de sen vo lvim e n to de habilida de s v erb ais e sociais etc. A seçAo fina l do artig o volta -se para a díscussA o d o s lim ite s, ad oq ua çõe s e im p lica çõe s próprios ao aten dim en to de ga bin ete ou em situa ção natural.

P a lavras-chave: au tism o de a lto -fun clon am en to, com p ortam e nto verbal, ha bilida de s sociais.

This study de rive s from the w ork done, by the tw o authors, w ith a you ng ste r dla gn ose d as a “h lg h -lu n ctlo n ln g a u tlst” In clinicai and natural setting s respectlvely. The clinicai trea tm en t started when he w as atten din g th e first g ra de o f prirnary school w he re as ttto natural setting a sslsta nce be gan three years ago, when he w as in tho Senlor H lgh S ch oo l N ow adays, he Is a university student. Firstly, the article d e scrib es som e ch a racte ristics o f the Client that will be releva nt for tu rthe r an alysls. This should not bc^viewed as a study case on ce the trea tm en t is not en tirely descrlb ed due to apaco co n straln ts. Thus, our focus o f atten tion is con cern ed with som e releva nt asp ects fo r the stu dy o f au tism from th e po in t-o f-vie w o f the B e ha vlor Analysls. Som e o f these asp ects aro a s fo llows: pocula ritie s related do co n seq ue nce s sen sibility: fu nctio na l (in )de pe nd ence o f verbal rep ertoires; rule-g ove rn ed beha vlor and sen sibility to con tlng en cies; de velo pm en t of s e lf-refe rrln g verb al rep ertolre and d iscrlm in atio n of private events: im p rove m e nt o f verb al and social skills etc. The final part o f th e artlcle ta ckle s the llmits, th e use fu ln ess as w ell as th e im p llca tlon s pre sen t In both clinicai and natural settings.

K a y w o rd a : hlg h -fu n ctlo n in y autlam , verb al behavlor, socia l skills.

Esta apresentação ó fruto de um trabalho realizado com um jovem (C) diagnosticado como “autista de alto-funcionamento"1, pelos dois autores, em situação clinica e natural, respectivamente.

' A òspender do autor «/ou da obra a ser consultada, poder se-ia atribuir a M ia cliente o diagnóstico de "Síndrome ou Transtorno da Asperger'' Dada a controvérsia existente na literatura optamos, entâo. pekx critérios adotados no DSM-IV. dada sua representatividade nos meios clinico • acadêmico, e A adoçio destes critérios pelo psiquiatra a neurologista que o atenderam Segundo o DSM-IV, seria mais apropriado (alarmos em "aiAismo", no caso deste

timnfr, devido »o tort* alnwo <* comprometimento obe«v*dos /wdesewoMmento da 'A depender do autor atou da obras ser consultada, poder-se-ia atribuir

a este cliente o diagnóstico de 'Síndrome ou Transtorno de Asperger' Dada a controvérsia existente na literatura optamos, entâo, pelos critérios adotados no DSM IV , dada sua representatividade nos meios dlnioos acadêmico, e * adoção destes crNénos pelo psiquiatra e neurologista que o atenderam Segundo o DSM IV, ivsria mais apropriado (alarmos em 'autismo', no caso deste cliente, devido ao forte atraso e comprometimento obeervBdoe no desenvolvimento da linguagem Tais características nâo estâo presentes nos crtténos relativos ao Transtorno de Asperger constituindo, inclusive, elemento fundamental para o diagnóstico diferencial destes dois quadros

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A decisão de divulgar este caso foi determinada, em grande parte, pela escassez observada na literatura de trabalhos relativos aos denom inados "autistas de alto- funcionamento", os quais, a despeito de seus déficits e peculiaridades, apresentam desenvolvimento de linguagem, habilidades cognitivas e sociais suficientes para que possam se integrar a escolas regulares e ter uma vida adulta bastante independente, em contraste com o que ocorre com autistas mais severos. Não se trata, propriamente, de um estudo de caso visto que não abordaremos o processo como um todo, dada a inviabilidade de fazê-lo, neste espaço. Centraremos nossa atenção em alguns aspectos do atendimento que nos parecem relevantes para o estudo do autismo, do ponto de vista da Análise do Comportamento.

O atendimento clínico foi iniciado quando C. estava com 7 aos de idade e cursava a 1". série do, então, 1o. grau. O atendim ento em situação natural foi iniciado há, aproximadamente, três anos quando C se encontrava no curso Colegial e, desde então, os dois atendimentos se mantêm, alternando-se semanalmente, ou seja, a cada duas semanas são realizadas sessões no consultório e, nas semanas intermediárias, é feito o atendimento em situação natural.

A decisão de se iniciar atendimento paralelo, em situação natural, envolvendo outro terapeuta, foi tomada considerando-se vários fatores:

a) embora o repertório desenvolvido por C. lhe permitisse uma convivência bastante razoável em situações “protegidas" (em casa, passeios ou viagens com a família, na escola), ele ainda apresentava algumas características (comportamentos socialmente inadequados e/ou déficits de repertório) que dificultavam sua autonomia (freqüentar lugares públicos desacompanhado; fazer compras etc);

b) por outro lado, ele começava a demonstrar aceitação ou, mesmo, interesse em

ampliar sua independência;

c) paralelamente a isto, vinha sofrendo muito no convívio com os colegas de escola que o incomodavam, fosse através de brincadeiras que não entendia ou não a ceita va , fosse através de provocações e gozações deliberadas.

Consideramos, então, que o início de um atendimento em situação natural poderia facilitar a generalização dos ganhos até então obtidos, aprimorar o controle de estímulos (principalmente de natureza social) sobre seu comportamento e instalar novas respostas, sob controle de situações menos artificiais que a clínica.

Uma vez consideradas as possíveis vantagens de se iniciar este tipo de intervenção, passamos a analisar as características da pessoa a ser responsável por ela (familiares? Estudantes de psicologia? P sicólogos?). Optamos por um profissional por várias razões: d) devido ao fato deste já ter bastante experiência na análise e programação de contingências, o que nos parecia fundamental para um caso em que o repertório a ser instalado eram amplo e complexo e as situações possíveis, diversificadas e, até certo ponto, imprevisíveis;

e) por outro íado, dado o íongo tempo que vínhamos trabaíhando com C., havia o risco de termos ignorado constante e sistematicamente alguns aspectos relevantes e priorizado muito, outros; pensamos, então, que a inclusão de um profissional qualificado poderia enriquecer a análise até então realizada;

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f) vínham os também considerando, já nesta época, a idéia de transferir o atendimento de C. a um profissional com mais experiência no trabalho com adultos;

g) além disso, embora as intervenções devessem correr de forma integrada (do ponto de vista de referencial de análise, estabelecimento de prioridades etc), também era importante que a pessoa responsável pelo atendimento em situação natural tivesse autonomia para tomar decisões próprias ás circunstâncias com que se defrontasse o que, em nosso entender, também falava a favor de se ter outro profissional atuando;

h) finalmente, consideramos importante que este profissional fosse do sexo masculino, visto que praticamente todas as pessoas que participaram de sua formação e com as quais ele teve contato mais próximo ou duradouro eram mulheres (professoras, orientadoras, coordenadoras, psicólogas etc); em seu convívio com colegas, os raros relacionamentos "bem sucedidos” (o que, para ele significava, basicamente, sem atritos ou punições) ocorreram com meninas, as quais, em geral, eram menos criticas e, por vezes, protetoras. Assim, pensamos que ele se beneficiaria de um contato sistemático com um profissional do sexo masculino, o qual poderia, ao mesmo tempo, vir a constituir- se em modelo e num interlocutor distinto daqueles que, via-de-regra, foram aversivos.

Atualmente, C. está cursando Processamento de Dados em nlvel superior, no período noturno e, recentemente, começou a trabalhar durante o dia. Dada a pouca disp o n ib ilid ad e de tem po, bem com o a p rogressiva ind e p endência e adaptação demonstradas por C., prevê-se reestruturação dos atendimentos de modo que C. volte a freqüentar, apenas, sessões de consultório, sendo que os atendimentos em situação natural se tornarão eventuais, quando for possível e necessário realizá-los. Neste caso, a continuidade do atendimento provavelmente ficará por conta do segundo autor, dada sua maior experiência com o atendimento de adultos e a importância que este relacionamento adquiriu para C.

Passaremos, a seguir, a descrever algumas características apresentadas por C., no inicio do atendimento, visto que tais informações se mostrarão relevantes para os tópicos abordados em seqüência.

Descrição do sujeito no inicio do atendim ento

C. gos foi encaminhado pela escola que suspeitava tratar-se de um “superdotado”, devido a um conjunto de características que serão descritas a seguir. Por outro lado, já passara por atendimentos psicológicos, sendo que no último havia sido dito à mãe e à escola tratar-se de um bloqueio emocional, motivado pela dinâmica familiar e, em especial, pela figura materna, o qual, através de terapia, em algum momento seria superado. Em função da concepção de trabalho adotado por esta psicóloga, ela se recusava a manter contato com a escola e/ou trabalhar com aspectos escolares, pois acreditava que resolvidos os problemas emocionais, todos os outros desapareceriam.

Quando iniciamos o atendimento, C. tinha 7 anos e freqüentava a 1a. série numa escola regular. Do ponto de vista da escola, C. tinha um potencial intelectual muito alto, facilidade para aprender, excelente memória, porém grandes dificuldades de socialização e de respeitar as regras inerentes ao cotidiano escolar. Alfabetizara-se “sozinho”, entre 2- 3 anos de idade, sendo que até então nunca havia sido observado falando. Ou seja, as primeiras palavras que ouviram dele constituíam leitura de gibis e jornais. Permanecia

Referências

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