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Efeitos de variáveis interferentes

Alguns estudos sobre efeitos de história se ca racterizam pela investigação de contingôncias passadas sobre um responder estável. Este responder estável pode ser abalado através da introdução de uma variável interferente. As drogas nos estudos de Barrett, 1977, são exem plos de variáveis interferentes.

" A res|>osta adjuntiva aa caracteriza pala emlssâo excessiva de uma resposta diferente daquela reforçada durante o osquema de reforçamento erti vigor Eln é considerada um efeito colateral dos esquemas de reforçamento baseados no tempo (por exemplo DRL ou Fl)

14 Variável Interferente è uma variável capaz de Interromper o fluxo normal do comportamento Pode ser qualquer estimulo que se Intrometa na situação experimental como por exemplo um som, uma lufada de ar. um choque, uma mudança brusca na temperatura ambiente, uma mudança no nlvel de prlvaçio do sujeito, a liberação de reforços nâo contingentes com a resposta etc Em inglês tal variável 6 chamada de

di»ruptlv0 e o verbo é lo dlsrupt. A tradução dos termos dltrupl. dltrupllva e ditrupUon respectivamente pelos termos Interferir, Interferente e

interferência, no presente texto. 6 uma tradução provisória que merecerá o escrutínio da comunidade cientifica brasileira

De fa to , e fe ito s in te rfe re n te s so b re o c o m p o rta m e n to a tu a l têm sido amplamente demonstrados em trabalhos com a utilização de diversas variáveis. Lattal e Abreu-R odrigues (1997) usaram um esquem a de tem po fixo (FT)15 para interferir no padrão de respostas produzido em um esquem a de intervalo variável (V l)1fl. Numa série de experim entos, esses autores m ostraram e fe ito s de diversos va lo re s de FT sobre um responder estável em VI. Dependendo da com binação do valor do VI com o valor do FT, o padrão de respostas em VI sofria tam anha m odificação, a ponto de gerar peculiares scallops invertidos: um aum ento substancial na taxa de respostas logo após a liberação da comida em FT, seguido de uma desaceleração até a próxima liberação de com ida. Tal padrão de respostas é com pletam ente inesperado para um responder sob controle de um esquem a de reforçam ento em VI.

A literatura de escolha tam bóm tem usado algum as va riáveis interferentes que podem vir a ser uma boa a lternativa para o estudo de efeitos de história. Nevin, Tota, Torquato e Shull (1990) subm eteram pom bos a um esquem a de reforçam ento m últiplo VIVI (m u ltV IV I17 ) e usaram um procedim ento de alim entação p révia10 como variável interferente.

O procedim ento de alim entação prévia - com o o próprio nome indica - se caracteriza pela sim ples p ré-alim entação do sujeito da pesquisa antes da sessão experim ental. A p e sar de sua sim plicidade, curiosam ente, o p rocedim ento não está bem d escrito na literatura operante. O term o alim e nta ção prévia não figura entre os termos técnicos sugeridos por C atania (1991). O term o tam bóm não ó citado em obras clássicas da Análise do C om portam ento com o o m anual "Táticas da pesquisa cientifica", publicado por M urray Sidm an em 1960. O term o tam bóm não aparece na recente obra Experimental Analysis o f Behavior (ainda não traduzida para o português), publicada por Iversen e Lattal em 1991.

Na obra de referência Schedules o f R einforcem ent (ainda sem tradução para o português), publicada por Ferster e S kinner em 1957, o term o alim e nta ção prévia a parece de fo rm a p ouco p recisa e num a única c ita çã o . Nessa cita çã o não ó especificado o tem po tra n sco rrid o entre a liberação da com ida e o inicio da sessão e xpe rim e ntal. De form a vaga, os a u to re s ape n a s dizem que os seus su je ito s e x p e rim e n ta is - p o m b o s - fo ra m a lim e n ta d o s "um p o u c o a n te s da se s s ã o

experim entalf...)"19. Eventualmente, os sujeitos podem ter sido alim entados 5 minutos,

30 m inutos, 1 hora ou a q ua lquer tem po, "pouco" antes da sessão experim ental. Mesm o nos estudos mais recentes, os a utores que têm tra b a lh a do com o procedimento de alim entação prévia não especificam os parâm etros utilizados. Alguns

“ PT é ii abreviaçáodo termo inglês flxadtlma, que em português significa tampo fixo* Num asquama reforçamento PT os reforçadores sâo liberados de forma náo contingente com a resposta a cada intervalo da tempo pré estabelecido

'* VI é a abreviaçáo do termo Inglês variabla intarvalqua em português significa 'Intervalo variável' Num esquema de VI uma resposta é reforçada geralmente de forma randômica em torno de um valor pré estabelecido

" Num esquema de reforçamento múltiplo, dois ou mais componentes se Intercalam ao longo da sessáo. geralmente de forma randômlca Em

<«da componente esté em vigor um esquema de reforçamento Os componentes sêo independentes entre si Quaisquer esquemas de reforçamento podem estar em vigor nos componentes do esquema múltiplo É importante ressaltar que cada componente é sinalizado por um estimulo discriminativo

" O termo alimentação prévia é uma tradução para o termo prafaading em inglês Assim, como no caso da tradução do termo dltmpl, a traduçáo do tarmo prafaading também é uma traduçáo provisória Eventualmente o termo prafaading pode vir a ser usado em português, sem traduçáo. assim como os termos: acallopa houtalighl o sáo

" N o original em inglês 'Just bafora lha tla rl o f an axparimantal a a itio n f J*0p 371

trabalhos relatam intervalos de 30 a 90 m inutos entre a liberação da com ida e o inicio da sessão (cf. Grace, Schwendim an e Nevin, 1998).

Uma outra questão m etodológica é o m ontante de com ida usado. Em alguns estudos a quantidade de com ida liberada durante o a lim entação prévia ó uma certa porcentagem do peso m édio ad libitum 20 do su jeito e xpe rim e ntal. O utros estudos sugerem valores absolutos independentes do peso do sujeito (cf. Grace e col., 1998). Facilm ente, podem os im aginar os efeitos discre p a ntes do p rocedim ento se num experim ento um pom bo pesar 4 00gr e um outro 780gr. Será que um valor absoluto (digamos 60gr de comida como o usado por Grace e col., 1998) teria o mesmo impacto nos dois diferentes sujeitos? Muito provavelmente, não. O procedimento de alimentação prévia se mostra uma boa alternativa como variável interferente21, já que os resultados são sem pre claros e independem dos parâm etros usados.

Uma outra variável que pode tam bém ter a função d isruptiva é a extinção. O Procedim ento de extinção é um dos mais clássico s proce d im en to s usados com o teste em experim entos que utilizem esquem as de reforçam ento.

Tanto do ponto de vista de processo q uanto de procedim ento, a literatura especializada dispõe de duas co nceituações d ifere n te s de extinção. Uma delas, sugerida por Rescorla e Skucy (1969), propõe que o p rocedim ento de extinção se iguale à substituição do esquema de reforçamento em vigor pela liberação do reforçador não contingente á resposta, como nos esquemas de e FT. A outra conceituação, m a is tr a d ic io n a l,23 d e fin e o p ro c e d im e n to de e x tin ç ã o co m o a re tira d a ou a indisponibilidade do estim ulo reforçador. Assim, para colocar em extinção uma dada resposta que esteja sendo m antida por um esquem a de re forçam ento em FR, basta que o reforçador não seja mais liberado.

A sugestão de Rescorla e Skucy (1969) apresenta alguns problem as, pois o resultado final do procedimento é diferente do resultado do procedimento tradicional de retirada do reforçador. A e lim ina çã o do re forçam ento, fre q ü en te m e n te , induz a comportamentos agressivos. Tais comportamentos não acontecem quando se interrompe a relação de contingência entre resposta e reforço. Além do mais, num procedim ento típico de extinção, o padrão de respostas é bastante peculiar: logo após a retirada do reforçam ento, observa-se, freqüentem ente, um aum ento substancial na taxa de respostas, seguida de uma queda brusca. Este padrão de respostas tende a se repetir algumas veze& até que a taxa de respostas seja bem baixa ou mesmo chegue a zero. No caso da extinção pela interrupção da relação de contingência entre a resposta e o reforço, em geral, a taxa de resposta se mantém constante por um tem po e é seguida por uma queda suave até níveis bem baixos, chegando, eventualm ente, a zero.

" Ad llbltum é um tarmo latino qua significa à vontada, am português Fraqúentemente o tarmo apareça na sua forma abreviada. ad lib. Como tarmo técnico ad llbltum è usado na música arudita, dasda o século 17 para Indicar qua o intarprata da música está «utori/ado a executá Ia "A vontade" no qua diz respeito A sua velocidade O tarmo também é usado como um tarmo técnico na Anéllsa do Comportamento am descrições procedimentais. * Ê bastante provável que o fato de ser uma varlAval tAo poderosa qua. por Isso, nAo tenha despertado o interesse dos pesquisadoras no sentido da uma descrição mais detalhada do procedimento de allmentaçAo prévia. A Araa ainda careca de um estudo paramétnco com vérlos montantes da comida liberada em diferentes Intervalos antas das sessOes experimentais, conduzidas em diferentes esquemas de reforçamento ” VT é a nbreviaçAo do tarmo inglês vunabl# Um». que am português significa 'tampo variável'. Num esquema reforçamento VT os reforçadores sAo liberados de forma nAo contingente ás respostas e a cada Intervalo de tempo pré-estabelecido. O Intervalo de tempo é em geral definido randomicamente de tal forma que os Intervalos variam bastante durante a sessão, impedindo qualquer forma de discrimlnaçAo ” Ferster e Skinner, 1857

Na maioria dos experim entos que usam o procedimento de extinçáo na fase de testes, opta-se pelo procedimento de extinçáo tradicional (pela remoção do reforçamento).

O ponto crítico na u tilização de um p rocedim ento de alim entação prévia, de extinção ou de um esquem a de re forço-independente-da-resposta (FT ou VT), como variáveis interferentes, é a possibilidade de interferência na relação de contingência estabelecida entre estím ulos (tanto antecedentes quanto conseqüentes) e respostas. Se o a ce sso a uma ce rta q u a n tid a d e de co m id a e s tiv e r se n d o usad o com o conseqüência reforçadora na m anutenção de um responder de um pombo (mantido a 80% do seu peso ad libitum ), que efeitos uma quantidade extra de com ida (em forma de alim entação prévia ou de um esquem a de FT ou VT) teria no seu responder? E se o reforçam ento não fosse m ais liberado com o no caso da extinção?

O abalo na relação resposta/conseqüência, provocado por um procedim ento de alim entação prévia, pela extinção ou pela introdução de um esquem a de VT, pode ser ocasião para que variáveis que controlaram o re sponder no passado voltem a contar para o controle do co m portam ento atual. Se esse fo r o caso, uma variável interferente seria um bom instrum ento para investigação de efeitos de história.