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A história da prática do analista do comportamento: esboço de uma trajetória

N il/â Michelcto

n / c - s r

Este artigo tem com o ob jetivo s a) a p rese nta r cara cterística s das prá ticas do s an alista s do com p o rta m e n to em sua origem e sua relaçAo com as prá ticas da psico log ia do m in an te , b) ide ntifica r d ife ren tes fu nd am en to s te óricos que orien ta ra m estas prótlcaB e c a ra c te rl/a r o d e s e n v o lv im e n to e exp an sA o d e s ta * d ife re n te s prá tica s para d ife re n te s áre a s p o p u la çõ e s e am bie ntes, nas prim eiras d é cad as d e atuaçAo. A n álises c ritica s fe itas a estas atua çõe s, ta nto exte rn a s c om o fe ita s pe los próprios a n alista s do c o m p ortam e nto , sáo ap rese nta da s E stas c ritica s qu estio na m : asp ectos ético s relacio na do s á atuação dos m od iflca do res do com p ortam e nto ; a escolha do s com p ortam e nto s a ser m od ifica do s; os p ro ced im e nto s o té cnicas utilizados; a adoçAo de té cnicas d e svincu lad as do c om p ro m isso com os p n n clp io s qu e as sustentam . As a n álise s podem fornecer subsídio s que auxilie m a com p re en são , lim ites, dificu lda de s e po ssíve is de svios que podem estar ainda pre sen tes em nossas práticas. Podem d a r ele m e ntos para, tam bém , aju da r na identificaçAo de prá ticas fe cun da s qu e po de m ter sido abando na da s sem terem sido com p le ta m e nte ou correta m en te exploradas.

P a la v ra s -c h a v e : prática do an alista do com p ortam e nto , histó ria da m odlflcaçAo do com p ortam e nto , an álise ap licad a do c om portam ento.

This article a) pre sen ts cha racte ristics o f the p ra ctlces of the beha vior a n alysls in its on gin and relatton shlp w ith the do m ln ant pra ctices and b) ide ntifie s dive rse th eorettcal fo un d a tio n s w hich ha ve orien te d those pra ctices w h ile c h a ra c te ri/ln g the develo pm en t and spread o f th ose dlfferen t pra ctices to differen t po pu latlo ns and e n vlro nm e nts, du rin g the Initial decades. C riticai an alyse s m ade by th e beha vlor a n alysts them selve» are presented. Tho se critics questlo n: ethlcal asp ects related to behavlor m od ifle rs' actua tion ; th e cho lce o f b e ha viors to be m od lfie d; pro ced ures and te ch n lq u e s used; ad o p tlo n of techniq ues de ta che d from a com p ro m ise w lth th e princip ie s w hich sustaln th em The an alyse s can pro vid e aids to help w lth lhe cnm prehenB lo n o f limita, dlfflcu ltloa an d poaaible da to ura w hich c ãn stJIJ b e pro an nt in ou r pra cilc» » Tho y c an ala o prnvld a ele ine nts to holp to identify fe rtile pra ctices w hlch m ig ht have been aban do ne d be fo re com p le te ly or correctly explored K e y w o rd s : history o f beha vior anaiysis; applied b e ha vior anaiysis, behavior m odifica tion

Como fazer história de atuações tão diversas, que ocorrem em um período tão extenso? Um primeiro aspecto a ser considerado ó que todo trabalho que propõe a história de uma disciplina se insere em uma ampla discussão sobre a prática da história da ciência.

Questões relativas à prática da história da ciência

Pesquisadores da história da ciência (Kuhn, 1975; Feyerabend, 1977; Canguilhem, 1983; Hessen, 1985) e pesquisadores que analisam a história da análise do comportamento e das atividades práticas por ela orientadas (Parrot & Hake, 1983; Krasner, 1990; Morris, Tood, Midgley, Scheneider, Johnson, 1995; Andery, Micheletto e Sôrio, 1998) já produziram uma extensa discussão sobre maneiras de fazer a história de uma ciência. Questões que orientam as análises dos historiadores da ciência interferem em qualquer tentativa de historiar a prática do analista do comportamento.

1 Palestra apresentada no IX Encontro Brasileiro de Psicoterapia • Medicina Comportamental, em setembro de 2000 1 7 2 N ll/ d M ic h c ic to

Várias metodologias têm sido propostas pelos historiadores da ciência. Podemos

citar entre elas: a) as que propõem que tal história deva ser entendida a partir de determinantes exteriores à própria ciência, como os contextos sociais, políticos, os valores sociais de um dado período e sociedade - externalismo (Hessen, 1985); b) as que

propõem que tal história seja construída a partir da relação do conhecimento analisado com as teorias que o precederam, uma história interna ao próprio campo científico -

internalismo. Tal relação pode ser analisada como estabelecendo uma continuidade entre

as teorias - continuísmo; ou como estabelecendo rupturas nas quais as teorias dominantes

e os modelos de investigação estabelecidos seriam substituídos- descontinuísmo (Kuhn,

1975, Feyerabend, 1977). Outras formas propostas poderiam ser ainda citadas, como, por exemplo, a história do conhecimento construída a partir da vida e obra dos grandes autores, ou a história do conhecimento construída a partir de uma perspectiva do conhecimento presente - presentismo etc. Estas várias metodologias têm sido sistematizadas através de várias dicotomias tais como o Internalismo versus externalismo; continuísmo versus descontinuísmo, presentismo versus historicismo.

Vários analistas do comportamento (Skinner, 1957/1992; Morris e colaboradores, 1995; Andery, Micheletto e Sério, no prelo) têm analisado a história da ciência a partir dos conhecimentos produzidos sobre comportamento verbal. Do ponto de vista da análise do comportamento, fazer história de uma ciência ó analisar a história do comportamento de seus cientistas e profissionais. Com preender este comportamento envolve identificar as contingências que descrevem este comportamento, ou seja, descrever as contingências que afetam o com portam ento dos cientistas enquanto indivíduos e descrever as metacontingências - práticas da comunidade que estabelecem os limites dentro dos quais as contingências operam. Fazer história, portanto, é analisar o comportamento de diversos cientistas e profissionais, tentando analisar como o conhecim ento produzido passa a controlar as práticas de analistas do comportamento que compartilham determinadas contingências (Andery, Micheletto e Sório, no prelo). Esta certamente é uma tarefa muito ampla. Pretende-se aqui levantar alguns elementos relativos ao comportamento dos analistas do comportamento que produziram conhecimento nas origens da comunidade de analistas do comportamento e assim possivelmente esclarecer algumas condições que atualmente afetaram nosso comportamento.

Tanto o comportamento dos analistas que produziram esta história como o meu próprio comportamento de historiar não estão sob o controle exclusivo do objeto analisado. Portanto, esta é um dos esboços possíveis da história da prática do analista do comportamento.

As fontes utilizadas neste esboço de história

Este esboço da história da prática do analista do comportamento foi construído a partir de vários textos (Álvarez, 1996; Hersen, Eisler e Miller, 1975; Kazdin, 1987 e 1982; Krasner, 1990; Martin e Pear, 1999; Ullmann e Krasner, 1965) que traçam a história da atuação de behavioristas. Estes textos são, geralmente, capítulos introdutórios ou finais de livros que sistematizam o desenvolvimento das pesquisas aplicadas e as atuações de analistas do comportamento em diferentes áreas. A análise mais completa, e bastante citada na literatura, ó feita por Kazdin, em 1978, em seu livro Hlstory of Behavior Modification. As

sistematizações aqui propostas, portanto, não se baseiam em fontes primárias, ou seja, os

dados sobre a atuação do analista do comportamento são fornecidos por analistas do comportamento que sumariaram esta história.

A seleção de cientistas e de práticas

Que atuações podemos considerar pertencentes à análise do comportamento? A partir de que parâmetros selecionar os cientistas cujo comportamentos poderiam ser analisados?

Os textos de história da atuação dos analistas do comportamento localizados unificam sob o rótulo de modificadores de comportamento ou terapeutas comportamentais aqueles p esq u isadores que adotaram um novo m odelo de co nce b e r e tra ta r o comportamento desajustado, propondo o que alguns historiadores descrevem como uma ruptura com o modelo dominante. Destaca-se, nos textos históricos, a síntese proposta por Ullmann e Krasner (1965) da oposição do que foi chamado de modelo médico, vinculado às práticas dominantes relacionadas à terapia psicanalítica, com o modelo psicológico, desenvolvido pelas teorias da aprendizagem.

Aqueles que adotavam o modelo psicológico, segundo Ullmann e Krasner (1965),

propunham compreender o comportamento a partir da sua relação com o ambiente, e tomavam o próprio comportamento como objeto de estudo e intervenção. Eles enfatizavam o comportamento a ser modificado, buscavam identificar qual o comportamento, a que condições ambientais ele estava relacionado, que mudanças ambientais precisavam ser produzidas durante a intervenção. Concebiam o comportamento desadaptado como indistinto de comportamento adaptado; para eles, o comportamento desadaptado estava relacionado a circunstâncias ou a determinadas culturas. As condições do pós-guerra, por exemplo, evidenciaram uma maior incidência de comportamento desadaptados do que em outros momentos e em determinados grupos sociais, como entre os militares.

Este modelo psicológico se contrapôs ao modelo módico dominante. Segundo

Ullmann e Krasner (1965), aqueles que adotavam o modelo médico supunham que o

comportamento desadaptado, anormal, doente era determinado por causas subjacentes, e supunham, de forma análoga à medicina, uma patologia. O tratamento focalizava o que eles consideravam ser a origem subjacente - a experiência traumática. As causas subjacentes produziam sintomas - o comportamento. Portanto, tratar diretamente o comportamento*- o sintoma - levava, segundo os adeptos do modelo médico, simplesmente a novos sintomas - à substituição de sintomas. Conceber o comportamento como sintoma fundamenta-se na suposição de doença, que precisa ser identificada; daí a necessidade de classificação que resulta, como na medicina, em propostas de diagnóstico.

Os cientistas e os profissionais que se opuseram ao modelo módico apresentaram algumas críticas, como por exemplo: suas teorias eram imunes à falsificação; a relação entre o comportamento e os processos psíquicos subjacentes não era clara; havia pouca coincidência entre diagnósticos de diferentes profissionais; ocorria forte interferência de interpretações pessoais no diagnóstico.

Vários pesquisadores, com diferentes orientações teóricas dentro do behaviorismo, em diferentes locais, em várias décadas, trabalharam dentro dos supostos do que foi chamado, pelos historiadores, de psicologia da aprendizagem e propunham uma ênfase

na relação do comportamento com o ambiente; supunham que os experimentos permitiriam formular leis que esclareceriam o comportamento humano; as investigações experimentais relativas à aprendizagem de comportamento e sua eliminação orientaram as intervenções.

A delim itação de um inicio de atuação

Quando começar? Que critérios tomar para localizar um inicio de atuação dos analistas do comportamento?

Dois critérios são apontados nos textos de história como marcos de origem: o aparecimento do termo terapia comportamental e a reunião de pesquisadores em um movimento organizado.

Inicialmente, o termo modificação do comportamento e terapia comportamental são tratados indistintamente. Os primeiros pesquisadores propuseram o termo em trabalhos que tinham como objetivo alterar determinados comportamentos.

O termo terapia comportamental é proposto pela primeira vez por Skinner, em 1953, num texto de pequena circulação que descreve um trabalho de pesquisa básica, de Lindsley e Skinner e Solomon, com pacientes psicóticos em hospital psiquiátrico, em que eles investigavam a extensão dos princípios de condicionamento operante para humanos (Krasner, 1990; Kazdin, 1978). Segundo Kazdin, embora Skinner e seus colaboradores tenham proposto o termo, ele só se popularizou através de sua extensa adoção nas publicações de pesquisadores da Inglaterra e da África do Sul. Lazarus, em 1958, na África do Sul, utiliza o termo para referir-se à aplicação da técnica de inibição recíproca proposta por Wolpe com neuróticos. Eysenck, em 1959, na Inglaterra, para se referir a aplicações da moderna teoria de aprendizagem com neuróticos.

A década de 50, tanto no que se refere às primeiras formulações do termo terapia comportamental, como no que se refere à origem e desenvolvimento de movimentos organizados, é apontada como um marco.

Como indica Kazdin (1978), foi na África do Sul, com os trabalhos de Wolpe e Lazarus, e na Inglaterra, com Eysenck e Shapiro, que a modificação do comportamento ou terapia comportamental se originou mais evidentemente como um movimento organizado. Nos Estados Unidos, as várias intervenções clinicas, orientadas por investigações relacionadas às‘teorias da aprendizagem, ocorrem de forma dispersa, não unificada e se desenvolviam independentemente a partir da aplicação de técnicas diversas: prática negativa, proposta por Dunlap; terapia aversiva de Voeglin; terapia do reflexo condicionado de Salter, entre outras (Kazdin, 1978).

Diferentes práticas dos analistas do comportamento estão relacionadas a diferentes caminhos pelos quais os behaviorismos se desenvolveram. Ou seja, as diferentes orientações metodológicas que nortearam a construção dos diferentes behaviorismos originam diferentes atuações. Estas diferentes orientações, em décadas posteriores, se misturaram, gerando novas orientações. Três orientações teóricas são destacadas pelos historiadores da análise do comportamento: as propostas de Pavlov e Hull, originando as práticas baseadas no condicionamento respondente; Tolman, originando as práticas cognitivas e Skinner, gerando as práticas orientadas pelo condicionamento operante.

As investigações sobre o condicionam ento clássico e suas influências na m odificação do com portam ento

Vários historiadores (Martin e Pear, 1999; Kazdin, 1978; Ullmann e Krasner, 1965; Krasner, 1990; Hersen, Eisler e Miller, 1975, entre outros) indicam as pesquisas de Pavlov na Rússia, e de Watson, Rainer e Jones nos Estados Unidos e o desenvolvimento teórico do behaviorismo de Hull como conhecimentos básicos para o desenvolvimento das atuações dos analistas do com portam ento orientadas pelos princípios do condicionam ento respondente.

Pavlov, em 1912-13 na Rússia, ao desenvolver experimentos de condicionamento com animais, identificou resposta emocionais semelhantes ao comportamento neuróticos de humanos. Ele chamou tais processos de neurose experimental. E explica estes comportamentos como resultado de um desequilíbrio provocado entre os processos de inibição e desinibição do córtex cerebral (uma excitação extrema cria uma reação defensiva de inibição).

Watson e Rayner, em 1920, nos Estados Unidos, sob influência de Pavlov, a partir de experimento com animais, estudam reações emocionais em bebês, propondo que três reações emocionais instintivas inatas básicas (medo, amor e raiva), provocadas por um pequeno conjunto de estímulos, seriam estendidas, por condicionamento a novos estímulos ambientais - os hábitos emocionais. Watson e Rayner e, posteriormente, sua aluna Jones constroem experimentalmente as respostas emocionais e estabelecem uma conjunto de técnicas para extingui-las. A construção de processos emocionais e sua eliminação através da aplicação destas técnicas "desafia crenças sobre a necessidade de estados psicodinâmicos subjacentes" (Kazdin, 1978, p. 133). Pesquisas desenvolvidas no tratamento de enurese através de condicionamento respondente, como o proposto por Mowrer, levaram também ao questionamento da proposição da psicanálise de que tratar diretamente o comportamento leva à substituição de sintomas (Ullmann e Krasner, 1965).

O u tra s té cn ica s e p rop o sta s de a tu a ção se d e se n vo lve ra m a p a rtir do condicionamento reflexo ou clássico: Salter, por exemplo, propõe a terapia reflexa condicionada,; Dunlap, a prática negativa; Voegtlin e Lemere, a terapia aversiva com alcoólatras.

Em 1924, muitas das técnicas que foram incorporadas às práticas atuais dos a na lista s do com portam ento, já estavam sendo testadas. Estas té cn ica s foram transposiçõeS de técnicas utilizadas em experimentos com animais e depois difundidas para aplicação, e nelas era evidente a preocupação com as bases empíricas da aplicação e sua relação com explicações fornecidas para o comportamento. Os resultado foram obtidos gradualmente, a partir de várias investigações, e foram fundamentando as críticas propostas ao modelo médico dominante.

Na década de 40, os desenvolvimentos do behaviorismo - os neobehaviorismos — fornecem novos fundam entos, ou dão continuidade às explicações teóricas e experimentais que subsidiaram o desenvolvimento das práticas relacionadas ao reflexo.

Hull, com seu behaviorismo fundado em uma metodologia hipotético-dedutiva, dá novos elementos para esta orientação. Seu behaviorismo, também chamado mediacional, fundamenta-se na investigação de variáveis intervenientes, introduzidas entre o estímulo e a resposta: S - O - R. Esta preocupação com processos mediacionais entre o S e a R

permite a união das propostas de investigação de Hull de variáveis que ocorrem dentro do organismo com explicações fundadas em processos de inibição e excitação do córtex, propostas por Pavlov. Tal reunião leva alguns historiadores a chamar tal orientação de Pavloviana-Hulliana.

As propostas que se desenvolvem na África do Sul e Inglaterra estão vinculadas a trabalhos anteriores à década de 50 que se desenvolveram a partir dos trabalhos sobre condicionamento clássico ou respondente de Pavlov, na Rússia, em 1912-1913, e de Watson e Rayner (1920), Jones (1924) e Hull (1943), nos Estados Unidos.

Na década de 50, Wolpe, na África do Sul, propôs um procedimento que foi chamado de dessensibilização sistemática, para eliminar comportamento fòbicos. Eysenck e Shapiro, na Inglaterra, trabalhando em hospital, desenvolvem, independentemente, técnicas de aplicações semelhantes á dessensibilização sistemática proposta por Wolpe,

Wolpe propõe a exposição gradual ao vivo ou imaginária ao estímulo que provoca as reações de ansiedade. Supõe que o relaxamento é uma reação inibidora da ansiedade. Wolpe, ao propor os princípios de inibição recíproca vinculados ao funcionamento do sistema nervoso, que fundamentam a dessensibilização sistemática, é influenciado pelos supostos de Hull de variáveis que operam no organismo - a ansiedade entre o estímulo e a resposta é o que deveria ser mudado. Como afirma Alvarez (1996), "as operações terapêuticas, a dessensibilização sistemática, aparecem destinadas a repor o equilíbrio do sistema nervoso, quando eram dirigidas a inibir uma parte excitada mediante a ativação de sua antagônica (p. 29). Wolpe reuniu na dessensibilização sistemática um conjunto de propostas de outros pesquisadores: as técnicas de Masserman de descondicionamento, baseadas nos experimentos de Jones, que adota os conceitos de inibição de Pavlov e a técnica de relaxamento de Jacobson.

Eysenck, na Inglaterra, também usa Hull para explicar as causas da ansiedade, e os estudos do reflexo que investigaram os processos de ansiedade, propondo tarefas gradualmente mais próximas do estímulo que produz a ansiedade. Posteriormente, o contato com Wolpe leva a adotar a proposta de dessensibilização sistemática.

Estas aplicações dos princípios de condicionam ento são fundam entais no estabelecimento do novo modelo proposto para atuar sobre o comportamento desadaptado e vão constituindo e viabilizando as características do novo modelo proposto pela teoria da aprendizagem..

Eysenck se destaca por uma profunda crítica que propõe, em seu artigo de 1959,

Teoria da aprendizagem e terapia comportamental, à teoria psicanalítica e ao modelo

módico que a fundamenta. Conduz pesquisas na área de psicopatologia com grupos. Shapiro, seu discípulo, rejeita o teste como instrumento na prática clínica, consíderando- o irrelevante para o tratamento. Ele defende medidas individualizadas e diretas do com portam ento e o estudo de casos individuais. Organiza grupos de estudo de condicionamento para discutir Pavlov e Hull para planejar técnicas de intervenção.

Se é possível indicar a importância destes iniciadores da prática como fundamentais para estabelecer um novo modelo e combater o modelo de doença mental, deve-se indicar, entretanto, que suas propostas podem ser analisadas como permitindo a volta dos elementos que combatiam pela porta dos fundos. Como analisa Álvarez (1996):

"... o uso que, tanto Wolpe como Eysenck. fizeram do condicionamento pavloviano passa

por Hull (e S pence), de m aneira que já Incorpora os constructos de “ansiedade", “inibição“ e demais. Ou seja, se trata de behavioristas mediacionais, outras vezes chamados "metodológicos". Sem negar o comportamento, parecem sem dúvida estudar a inferioridade que negavam a principio, posto que em certa medida não se interessavam pelo comportamento em si senão como modo de lidar com a “ansiedade", a "inibição", a "personalidade". Ao final Wolpe e Eysenck, como hullianos, se comprometeram com constructos hipotéticos de natureza fisiológica, porém o m esmo caminho (método) leva às "variáveis intrapslquicas" (cognitivas) que tratavam de superar“ (p. 29).

As investigações sobre o condicionam ento operante e suas influências na modificação do comportamento: do com portam ento dos organismos ao comportam ento humano

Nos Estados Unidos, paralelamente à aplicação de técnicas decorrentes do condicionamento clássico de forma dispersa, desenvolve-se um movimento mais organizado, v in c u la d o aos e s tu d o s so bre co n d ic io n a m e n to o p e ra n te . D os e stu d o s so bre