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As configurações familiares na região metropolitana de Natal (RM/Natal): 2000 e 2010

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS URBANOS E REGIONAIS. CLÁUDIA ROSEANE PEREIRA DE ARAÚJO CAPISTRANO. AS CONFIGURAÇÕES FAMILIARES NA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL (RM/NATAL): 2000 E 2010. NATAL/RN 2015.

(2) CLÁUDIA ROSEANE PEREIRA DE ARAÚJO CAPISTRANO. AS CONFIGURAÇÕES FAMILIARES NA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL (RM/NATAL): 2000 E 2010. Dissertação apresentada como requisito parcial do título de mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Urbanos e Regionais, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na área de concentração Dinâmicas Urbanas e Políticas Públicas. ORIENTADORA: Profa. Dra. Maria do Livramento Miranda Clementino.. NATAL/RN 2015.

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(4) CLÁUDIA ROSEANE PEREIRA DE ARAÚJO CAPISTRANO. AS CONFIGURAÇÕES FAMILIARES NA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL (RM/NATAL): 2000 E 2010. Dissertação apresentada como requisito parcial do título de mestre, ao Programa de Pós – graduação em Estudos Urbanos e Regionais, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na área de concentração Dinâmicas Urbanas e Políticas Públicas.. APROVADO EM: 03/02/2015.

(5) Dedico este trabalho a Deus, aquele que é..

(6) AGRADECIMENTOS Sei que corremos o risco de esquecer algum nome, mas quero dizer que, se algum nome deixou de ser citado aqui não foi por negligência. Sou grata a todos que estiveram comigo ao longo da minha caminhada, e de algum modo me ajudaram a chegar até aqui. Inicio agradecendo aos meus pais, Sandoval Capistrano e Terezinha Pereira, pelos exemplos de vida, dedicação e amor ao próximo, salientando a ternura e a sabedoria de minha mãe. Às minhas avós: Iracema Brandão, pela sua docilidade, e Raimunda Pereira, pela sua sabedoria. Aos meus tios e tias, pelo apoio e compreensão, em especial Socorro e Antônio, por considerá-los meus pais, e Naire Capistrano. Ao meu amigo e companheiro Kaio César, por compreender minha ausência, pela confiança, pela motivação e apoio incondicional. Às minhas primas, Roseane e Kalyanny, pelo apoio e amizade em todos os momentos, e ao meu primo Alessandro. Aos meus irmãos, em especial a Henrique, as minhas sobrinhas Amanda, Natália e Sofia. Aos amigos que considero minha família: João Maria, Janaína, Seu César, Rogéria, Heloísa, Breno, Érika, Paulo Roberto “Cururupu”, Denilson, Maria, Dona Socorro, Dona Júlia, Gorete, Juracema, José Catique, Karina e Kamile, Rosa Helena, Luzia, Gracinha, Mirnes, Mike e a “Xarope” Eduardo. Quero deixar registrado aqui um abraço fraterno à pessoa de Juliana Ribeiro, que tem contribuído muito em várias fases de minha vida com seu profissionalismo e apoio nos momentos mais áridos da minha jornada acadêmica que teve início em 1999, meu eterno agradecimento e respeito. Aos meus colegas de turma dos Colégios Walt Disney, Imaculada Conceição e Colégio Geo. A todas as colegas da graduação do curso de Serviço Social da UFRN (20012005), e às colegas da Especialização em Saúde Pública na UNIFACEX (2005-2006). Aos meus queridos amigos de trabalho Ilena Felipe, Joaninha, Suzana Joffer, Carlos André, Anjinha, Aline, Josiane, Andréa Mota, Brenda Joceli e Adriana Mota,.

(7) Monara Bittencourt, Miro, William Elói, Simone Serejo, Patrícia Vasconcelos, Rodolfo e Flávio, pelo apoio, carinho e compreensão, por trocarem os meus horários de aula em função do mestrado, pelo aprendizado diário. Vocês são um presente em minha vida e mais uma família que tenho desde 2009.2. Sou uma pessoa muito melhor depois de ter conhecido vocês. Às amigas e aos amigos da iniciação científica e da extensão universitária, Osicleide Bezerra, Osileide Bezerra, Gustavo, Lucinha, Julimar, Geovânia Toscano, Pablo Spinelli, Talita, Evangilmárison, Rosângela, Linvaldina e Vergas Vitória. Aos alunos com quem, a partir de 2007, partilhei ideias, sentimentos, aflições, tristezas e muitas alegrias, pela oportunidade de aprender com vocês. Faço um agradecimento muito especial à universidade pública, sobretudo à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela busca na excelência no ensino, pesquisa e extensão, que pude vivenciar intensamente enquanto estudante, desde a graduação. No tocante ao ensino, agradeço a todos os professores do curso de bacharelado em Serviço Social do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), pela dedicação e por despertarem meu desejo pela pesquisa e a docência, especialmente aos professores Eliana Andrade, da disciplina “Questão Rural e Urbana”, e Roberto Marinho, da disciplina “Formação sócio-histórica do Nordeste”. Na iniciação científica e na extensão universitária, agradeço, com muito orgulho, por ter sido bolsista do professor Dr. José Willington Germano e da professora Dra. Brasília Carlos Ferreira; foi com esses dois grandes mestres que nasceu e se solidificou o desejo pela docência. Foi nesse período (2002-2005), que também conheci a extensão universitária, através dos Projetos de Extensão Trilhas Potiguares, Alfabetização Solidária e Projeto Canudos e, concomitantemente, engajei-me nos movimentos sociais ligados aos movimentos juvenis. Agradeço também pelo tempo que passei como discente na Universidade Federal de Pernambuco (2006-2007), ao legado que me foi deixado pelos professores Dra. Ana Arcoverde, Dra. Anita Costa, Dra. Rosineide Cordeiro, Dr. Dênis Bernardes. As colegas da UFPE, Jullyenne Tennório, Flávia, Adriana, Ana Paula e Dona Pedrina, muito obrigada pelo apoio e amizade! Às agências de fomento à pesquisa – CAPES, CNPq e Propesq/UFRN, que durante a graduação financiaram minha vida acadêmica..

(8) À Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), pela primeira experiência em docência como professora Pró-labore, e depois como professora substituta (2006-2007), ministrando a disciplina “Família e Trabalho”. À Secretaria de Educação a Distância (SEDIS), especialmente a equipe do curso de especialização de Gestão Pública em Saúde Pública, pela rica experiência vivenciada durante 2013 e 2014, outra família por solidariedade que construí, as queridas professoras Mércia, Jovanka, Élida e Rejane; as tutoras presenciais Renata, Maria das Graças, Maria Ivanúcia, e a terna Alana, sustentáculo e exemplo de profissionalismo do grupo. Aos queridos alunos dos polos de Lajes, Macau e Marcelino Vieira, João Batista, Maria Regina, Ana Selma, Francisco Veríssimo e Maria Sonalhe. Agradeço ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Urbanos e Regionais (PPEUR), a todo corpo docente, à coordenação e vice-coordenação e aos funcionários, pela atenção, organização, dedicação, agilidade, aderência do corpo docente à área de concentração do mestrado, professores envolvidos no ensino, pesquisa e extensão, e na resolutividade em qualquer procedimento requerido. Gostaria de destacar, também, a qualidade dos conteúdos e das bibliografias que foram trabalhadas nas disciplinas durante os semestres, discussões que contribuíram bastante para com este trabalho. O mestrado está sendo um momento ímpar e enriquecedor para minha formação acadêmica e profissional, pois estou conseguindo levar para a atuação profissional os textos lidos em sala de aula; foi e está sendo uma experiência muito rica, ou seja, estou conseguindo fazer a mediação entre a teoria e a prática. Aos professores que ministraram as disciplinas no PPEUR Sandra Gomes, Soraia Vidal, Alexsandro Ferreira e Lindijane de Souza Bento. Agradeço também aos professores que se fizeram presentes na qualificação, a convite da orientadora professora Dra. Maria do Livramento Miranda Clementino: o professor Dr. Moisés Alberto Calle Aguirre e a professora Dra. Zoraide Sousa Pessoa, pela leitura do trabalho, pelas sugestões e contribuições ao trabalho. À estatística Tiê Farias e à revisora Andreia Braz, Kalyane e André, verdadeiros anjos que, com profissionalismo, competência e pontualidade, fizeram a tabulação dos dados, a revisão de língua portuguesa e auxiliaram na formatação do trabalho, respectivamente..

(9) À Maria do Livramento que, desde janeiro de 2012, quando soube que seria a orientadora pensei: quanto prazer e alegria em passar esse tempo aprendendo com uma profissional que tem um reconhecido notório saber em diversas áreas do conhecimento. Parabéns, professora, pelo que representa para a produção e difusão do conhecimento no país, porque há muito tempo a UFRN tornou-se pequena para sua competência, profissionalismo, compromisso com o ensino na graduação, na pós-graduação, na pesquisa, na extensão, e comprometida com a sociedade. À senhora, meu respeito e eterna gratidão. Finalizo assim meus agradecimentos, com o trecho da música “Canção da América (1979)”1:. Amigo é coisa para se guardar Debaixo de sete chaves Dentro do coração Assim falava a canção que na América ouvi Mas quem cantava chorou Ao ver seu amigo partir [...] Amigo é coisa para se guardar No lado esquerdo do peito Mesmo que o tempo e a distância digam “não” Mesmo esquecendo a canção O que importa é ouvir A voz que vem do coração Pois seja o que vier, venha o que vier Qualquer dia, amigo, eu volto A te encontrar Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.. 1. Uma composição de Fernando Brant e Milton Nascimento. Disponível em: <https://www.letras.mus.br/milton-nascimento/27700/>..

(10) é necessário voltar às coisas simples, à capacidade de formular perguntas simples, perguntas que, como Einstein costumava dizer, só uma criança pode fazer mas que, depois de feitas, são capazes de trazer uma luz nova à nossa perplexidade (SANTOS, 2005, p. 15)..

(11) RESUMO. O presente trabalho faz parte de uma pesquisa de mestrado vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Urbanos e Regionais (PPEUR-UFRN) e teve como objetivo geral retratar e analisar as configurações familiares, por meio de suas composições e tamanhos, nos municípios da Região Metropolitana de Natal (RM/Natal), levando em consideração os anos de 2000 e de 2010, no intuito de compreender a inserção social das configurações familiares dentro desse espaço metropolitano. A pesquisa é do tipo exploratória e de análise descritiva, tendo como suporte a pesquisa bibliográfica e documental, descrevendo e dissertando sobre as composições, as tipologias e os tamanhos das configurações familiares da Região Metropolitana de Natal, a partir de um estudo comparativo do banco de dados dos Censos Demográficos do ano 2010 em relação ano de 2000. No entanto, para efeito de comparação metodológica entre os dados desses dois Censos Demográficos, que passaram por mudanças conceituais e de classificação no ano de 2010, alterando o conceito de família e a incorporando naquilo que ficou denominado de unidade doméstica, optamos por trabalhar com a metodologia de classificação do grupo de pesquisa em rede denominado de “Observatório das Metrópoles”, o qual o PPEUR/UFRN integra, e que a partir de uma tipologia própria, reorganizou os dados dos Censos Demográficos tanto do ano de 2000 quanto de 2010, com o objetivo de fazer comparações e análises mais detalhadas nas regiões metropolitanas do país. Observa-se que as mudanças econômicas em curso aceleram as transformações sociodemográficas em todo o mundo e vêm refletindo na formação das famílias, que continuam experimentando consideráveis mudanças, as quais têm transformado as configurações, as composições e os tamanhos das estruturas das unidades domésticas ou das configurações familiares. Portanto, observou-se nos resultados desta pesquisa, uma tendência de mudanças no âmbito das configurações familiares dos municípios da Região Metropolitana de Natal, a partir das comparações dos dados do Censo Demográfico de 2010 em relação ao de 2000. No entanto, verificou-se que a composição das unidades domésticas denominada de família, em sua forma tradicional, definida na classificação a partir de laços de parentesco ou “com parentesco”, constituiu-se ainda de forma maciça na composição das configurações familiares da região, porém, com uma tendência de queda relativamente acentuada em todos os municípios que compõem a própria RMN. No tocante à análise da tipologia das configurações familiares, no que se refere a casais com filhos e casais sem filhos, percebeu-se um aumento percentual no número de casais sem filhos em todos os municípios da região metropolitana de Natal, em contraposição há um decréscimo, ao mesmo tempo, do número de casais com filhos em praticamente todos os municípios da RMN, em proporções até maiores do que comparado com a diminuição dos primeiros. Já a análise do ciclo, no tocante à condição de mulheres com filhos e de homens com filhos, percebe-se que a figura materna ainda aparece sendo a principal responsável diretamente pela criação ou a guarda dos filhos. Finalmente, o que nos chamou muito a atenção na pesquisa, foram os dados das mudanças no âmbito das composições e dos tamanhos das famílias, que se expressarem muitas vezes com maior intensidade nos municípios fora do núcleo central da região metropolitana, que é exatamente a capital do estado, Natal. Palavras-chave: Configurações Familiares. Região Metropolitana de Natal. Políticas Sociais..

(12) ABSTRACT This paper is part of a Research Project linked to the Post-Graduation Program in Urban and Regional Studies (PPEUR-HFRN), whose general objective was to portrait and analyze the family configurations, with the aid of its configurations and sizes, in the municipalities of Natal Metropolitan Region (RM/Natal), taking in consideration the years 2000 and 2010. The target is to understand the social insertion of the family combinations inside the metropolitan space. it is an exploratory, documental and descriptive research describing and discussing the compositions, the typologies and the sizes of the family configurations of Natal Metropolitan Region-NMR, based on a comparative study of Demographic Censuses database of the 2010 and 2000 years. For methodological comparison between the data of these two Demographic Censuses, which underwent conceptual and classification changes in the 2010 year, what modified the family conception and incorporated it in what turned out to be the domestic unit, we preferred to work with a methodology of network research group classification named “Metropolis Observatory”, in association with PPEUR/UFRN, which developed a typology of its own, rearranged the data of the above-mentioned Demographic Censuses with the purpose of proceeding accurate comparisons and analyses on the metropolitan regions of the country. It is noticeable that the economic changes in course accelerate the socio-demographic transformations all over the world and reflect in the formation of the families, which continue to experience considerable changes affecting the configurations, compositions and sizes of the domestic units or family configurations. It was observed in the results of this research a change bias in the interior of the family configurations in the municipalities of Natal Metropolitan Region when one compares de 2000 and 2010 Demographic Censuses data. In this regard, it was verified that the composition of the domestic units named family, in its traditional form, defined in the classification from kinship bonds or “with kinship”, constitute still de massive form in the composition of the family configurations in the region, but with a decline bias accentuated enough in all municipalities compounding the NMR. Regarding the typology analysis of the family configurations, especially in what concerns couples with and without children, it was detected a percentage growth in the number of couples without children in all municipalities of the NMR. In contrast, there is a visible diminishing in the number of couples with children in practically all municipalities of the NMR, proportionally in greater number comparatively that of the couples without children. The cycle analysis allows to observe, in what matters the condition of the woman with children as well the man with children, that the maternal figure is still the principal responsible by the care and education of the children. Last but not the least, we call the attention for the changes in the family compositions and sizes, especially in the municipalities out the central nucleus of the metropolitan region, that is exactly the capital of the State, Natal. Key words: Family Configurations. Natal Metropolitan Region. Social Policies..

(13) LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Distribuição percentual dos tipos de Unidade doméstica segundo os municípios da Região Metropolitana de Natal: 2000 e 2010 ......................................... 77 Tabela 2 – Distribuição percentual dos tipos de composição das unidades domésticas segundo os Municípios da Região Metropolitana de Natal:2000 e 2010 ....................... 82 Tabela 3 – Distribuição percentual das fases do ciclo da unidade doméstica, segundo os municípios da região Metropolitana de Natal................................................................. 93.

(14) LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Tipo de unidade doméstica – Com Parentesco.............................................. 78 Gráfico 2: Tipo de unidade doméstica: Unipessoal ........................................................ 79 Gráfico 3: Tipo de unidade doméstica: Sem Parentesco. ............................................... 80 Gráfico 4: Tipo de Composição da Unidade Doméstica: Casal sem Filhos ................... 84 Gráfico 5: Tipo de Composição da Unidade Doméstica: Casal com Filhos .................. 86 Gráfico 6 - Tipo de Composição da Unidade Doméstica: Mulher sem cônjuge e com filhos ............................................................................................................................... 87 Gráfico 7: Tipo de Composição da Unidade Doméstica: Homem sem cônjuge e com filhos ............................................................................................................................... 89 Gráfico 8: Tipo de Composição da Unidade Doméstica: Outros. .................................. 91 Gráfico 9: Fases do Ciclo da Unidade Doméstica: Casal com filhos < 16 ..................... 94 Gráfico 10: Fases do Ciclo da Unidade Doméstica: Casal com filhos >16 .................... 95 Gráfico 11: Fases do Ciclo da Unidade Doméstica: Casal com filhos < e >16............ 96.

(15) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ADPF – Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MNRU – Movimento Nacional de Reforma Urbana NOB/SUAS – Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNS – Política Nacional de Saúde PNASM – Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher PNAS – Política Nacional de Assistência Social PNPF – Política Nacional de Planejamento Familiar PPEUR - Programa de Pós-Graduação em Estudos Urbanos e Regionais RMN – Região Metropolitana de Natal.

(16) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 16 1.1 Problema de Pesquisa ........................................................................................... 18 1.2 Objetivo geral........................................................................................................ 18 1.3 Objetivos específicos ............................................................................................ 18 2 METODOLOGIA E/OU CORPUS DA PESQUISA .................................................. 21 2.1 Coleta de Dados .................................................................................................... 22 2.2. Análise dos Dados................................................................................................ 27 3 APRESENTAÇÃO DAS REFLEXÕES TEÓRICAS ................................................ 30 3.1 Os estudos iniciais da História Social da Família ................................................. 30 3.2 Família: do espaço público ao espaço privado ..................................................... 38 3.3 Família no século XX: desafios e perspectivas..................................................... 48 3.4 Afinal, o que é Família(s)?.................................................................................... 54 3.4.1 As funções familiares ..................................................................................... 60 3.5 Um olhar demográfico sobre as Configurações Familiares no Brasil: uma abordagem histórica .................................................................................................... 65 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS .......................................... 74 4.1 Breve caracterização da Região Metropolitana de Natal ...................................... 74 4.2 As Configurações Familiares na Região Metropolitana de Natal ........................ 76 4.2.1 Tipologia das Unidades Domésticas dos municípios da Região Metropolitana de Natal: 2000 e 2010.............................................................................................. 76 4.2.2. Tipologia da composição das unidades domésticas por Municípios da Região Metropolitana de Natal: 2000 e 2010 ...................................................................... 80 4.2.3. Distribuição percentual das fases do ciclo da Unidade Doméstica dos municípios da Região Metropolitana de Natal: 2000 e 2010 .................................. 92 5 APROXIMAÇÕES CONCLUSIVAS ........................................................................ 99 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 104.

(17) As Configurações Familiares na Região Metropolitana de Natal (RN/Natal): 2000 e 2010. 16. 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho faz parte de uma pesquisa de mestrado vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Urbanos e Regionais (PPEUR), na linha de pesquisa Cidades e Dinâmica Urbana. O ponto de partida foi a classificação das configurações familiares, por tipologia e tamanho, que considerou dados do Censo Demográfico dos anos de 2000 e 2010, e de uma metodologia organizada pelos pesquisadores do grupo de pesquisa em rede “Observatório das Metrópoles”2. Buscamos compreender qual a inserção social das configurações familiares dentro do espaço metropolitano de Natal, no Rio Grande do Norte. A Região Metropolitana de Natal foi instituída em 1997, por Lei Complementar3 Estadual nº 152/97 de 16/01/1997, e era composta por dez (10) municípios4. Em 2013, foi acrescentado o município de Barra de Maxaranguape à RMN, por meio da Lei Complementar Estadual nº 391/2009 de 22 de julho de 2009. Assim, atualmente a RMN é composta por onze (11) municípios. As transformações econômicas, sociais e políticas em curso a partir da década de 1980 contribuíram para a formação da RM/Natal. De acordo com Clementino e Pessoa (2009), essa formação vem ocorrendo de forma socialmente segmentada, como é o caso demais regiões metropolitanas do Brasil. Os traços da crise social vivenciada pelas regiões metropolitanas brasileiras também se expressam em Natal, principalmente por uma realidade social marcada negativamente por questões relacionadas a educação, trabalho, distribuição de renda, questões demográficas e infraestrutura básica (de saúde e saneamento) (CLEMENTINO; PESSOA, 2009, p. 83).. A esses traços da crise social presentes nas regiões metropolitanas no Brasil, e consequentemente na RM/Natal, podemos acrescentar a temática “família”, como uma expressão da questão social1, a qual é preciso compreender No entanto, um ponto crucial no nosso trabalho é a definição do que seja família, tendo em vista o grau de complexidade que envolve tal conceito. Essa questão é 2. Grupo interinstitucional de pesquisa que envolve instituições governamentais e não governamentais e está sob a coordenação geral do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 3 De acordo com Bonavides (2008), a lei complementar tem como objetivo explicar, complementar ou ainda adicionar algo seja necessário à Constituição Federal ou Estadual. 4 Os municípios eram Natal, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, Macaíba, Extremoz, Ceará-Mirim, Nísia Floresta, São José do Mipibu, Monte Alegre e Vera Cruz..

(18) As Configurações Familiares na Região Metropolitana de Natal (RN/Natal): 2000 e 2010. 17. evidenciada na própria mudança metodológica do IBGE no ano de 2010, em relação ao de 2000, com uma grande contribuição dos pesquisadores do grupo de pesquisa do “Observatório da Metrópoles”, em relação a essa mudança, tendo em vista a sua definição. Isto porque nos Censos Demográficos até 2000, e nas Pesquisas Nacionais por Amostras de Domicílios (PNAD´s) até 2011, o IBGE (2012b, p. 284) considerava família um “conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência, residente na mesma unidade domiciliar, ou a pessoa que mora só em uma unidade domiciliar”. Entende-se por dependência doméstica, no conceito acima, conforme ainda explicações do IBGE (2012), a relação estabelecida entre a pessoa de referência da própria família e os empregados domésticos e os agregados da família. As normas de convivência, por sua vez, são as regras estabelecidas para o convívio de pessoas que moram juntas, sem estarem ligadas por laços de parentesco ou dependência doméstica. Todavia, o IBGE não define para o segundo caso o que seriam tais regras de convívio de pessoas que moram juntas. Já no Censo Demográfico de 2010, o IBGE (2012a, p. 36) introduziu o conceito de unidade doméstica, considerando como tal: “a pessoa que morava sozinha ou o conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência”. Sendo assim, o que era considerado como família no Censo de 2000, passou a ser incorporada ao conceito unidade doméstica no Censo Demográfico de 2010, porém restringindo a sua definição, em relação ao seu conceito no Censo demográfico de 2000. Assim, o conceito de família passa a ser restringido ao “conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco na unidade doméstica” (IBGE 2012a, p. 35). Explicando melhor, a nova definição do que passou a ser família, enquanto unidade doméstica, o IBGE (2012b, p. 36), passa a identificá-la a partir da composição de duas pessoas ou mais com parentesco, quando constituída, por sua vez,. somente pela pessoa responsável pelo domicílio com pelo menos uma pessoa, na condição de parente (cônjuge ou companheiro(a), filho(a) ou enteado (a), pai, mãe, padrasto, madrasta, sogro (a), neto (a) ou bisneto(a), irmão ou irmã, avô ou avó, ou outro parente); ou por famílias conviventes..

(19) As Configurações Familiares na Região Metropolitana de Natal (RN/Natal): 2000 e 2010. 18. Portanto, é com essa definição de família do IBGE que vamos trabalhar nesta pesquisa, porém, retratando o conceito de unidade doméstica do próprio IBGE, como sinônimo de Arranjos Familiares, baseado em autores como Ariés (2006), Giddens (2000), Montali (2005), dentre outros. Os outros tipos de unidade doméstica, classificadas pelo IBGE, além de família (“duas pessoas ou mais com parentescos”), são: Unipessoal (quando constituída apenas pela pessoa responsável pelo domicílio) e “Duas pessoas ou mais sem parentesco” (quando constituída somente pela pessoa responsável pelo domicílio, com pelo menos uma pessoa na condição de convivente ou agregado (a) e que não possui família segunda, terceira etc.). A metodologia da coleta de dados, levando em consideração os dados dos. Censos de 2000 e 2010, a partir das mudanças conceituais realizadas pelo IBGE e a forma como os pesquisadores do “Observatório das Metrópoles” vão reordenar os dados dos próprios Censos Demográficos de 2000 e 2010, para poder compará-los, haja vista as mudanças metodológicas na construção do conceito de família, será explicitada no capítulo da metodologia. Apresentaremos, a seguir, o problema de pesquisa do nosso trabalho, bem como a compreensão mais detalhada dos seus objetivos. 1.1 Problema de Pesquisa Até que ponto as configurações familiares do espaço metropolitano da região de Natal/RN, levando em consideração as suas composições, tipo e tamanho, nos remontam a espaços sociais e de indivíduos com atributos sociais desigualmente distribuídos? 1.2 Objetivo geral Retratar e analisar as configurações familiares, por meio de suas composições e tamanhos, nos municípios da Região Metropolitana de Natal (RM/Natal), de acordo com os Censos Demográficos de 2000 e de 2010, a fim de compreender qual a inserção social dos arranjos familiares dentro desse espaço metropolitano. 1.3 Objetivos específicos a) Compreender a diversidade e a relatividade do conceito de família ao longo de sua construção histórica..

(20) As Configurações Familiares na Região Metropolitana de Natal (RN/Natal): 2000 e 2010. 19. b) Identificar as características socioeconômicas da Região Metropolitana de Natal, no Rio Grande do Norte. c) Caracterizar os tipos de configurações familiares, por tamanho e composições, dos municípios da Região Metropolitana de Natal, a partir de um estudo comparativo dos dados dos Censos Demográficos dos anos de 2000 e 2010.. Compreender as estruturas populacionais, no caso específico, as configurações familiares, a partir de processos ou condições sociodemográficas, que é o nosso escopo de análise neste trabalho, nos remete à verificação ou à percepção dos resultados das mudanças nas formas e concepções de viver e sobreviver de uma sociedade, determinados por possibilidades de estilos de vida de diferentes camadas sociais que irão refletir nas próprias configurações familiares (BERQUÓ, 1998). Esses processos de mudanças demográficas dependem de transformações sociais, econômicas e culturais em um determinado tempo e em uma população de um país (BERQUÓ, 1989). Nos estudos demográficos, esses processos são resultados de vários condicionantes: evolução dos níveis e padrões da fecundidade; quantidade e tempo da nupcialidade; separações, divórcios; recasamentos; alterações dos níveis de mortalidade por sexo e idade; e também da intensidade dos deslocamentos espaciais da população no território. Assim, em termos gerais, algumas hipóteses são levantadas a partir desses estudos, que estarão presentes também nas nossas análises para o caso da Região Metropolitana de Natal (RM/Natal), como, por exemplo, a de que o caráter nuclear da família no Brasil continua predominante, mas com o tamanho menor; já que vem ocorrendo um aumento considerável das uniões estáveis e de famílias monoparentais, tendo o pai ou a mãe como chefe da família; contudo, esta última aparece de forma mais frequente nas duas últimas décadas do século XXI. O presente trabalho está organizado em seis (06) seções, dispostas da seguinte maneira: a seção 1 traz uma introdução que contém um breve contexto sobre a temática a ser trabalhada, nela estão contidos o problema de pesquisa, os objetivos geral e específicos do trabalho; a seção 2 contém a metodologia a ser utilizada para responder ao problema de pesquisa proposto, explicando como será esse percurso metodológico de coleta e análise dos dados; a seção 3 traz as reflexões teóricas centradas no objeto de.

(21) As Configurações Familiares na Região Metropolitana de Natal (RN/Natal): 2000 e 2010. 20. estudo. Tal seção discutirá a história social da família, e os arranjos familiares na atualidade, abordando os seus limites, como também os seus desafios conceituais. Ainda será feita uma reflexão dos arranjos familiares no Brasil; a seção 4 será dedicada às análises e interpretações dos resultados. Nesta seção, será feira uma breve discussão sobre a Região Metropolitana de Natal, logo após são dispostos os resultados e as análises dos dados através de tabelas gráficos e análise de conteúdo de tabelas; a seção 5 é dedicada a algumas aproximações conclusivas sobre o tema que venho estudando durante o mestrado; a última seção traz as referências utilizadas para a escrita do trabalho..

(22) As Configurações Familiares na Região Metropolitana de Natal (RN/Natal): 2000 e 2010. 21. 2 METODOLOGIA E/OU CORPUS DA PESQUISA5. De modo geral, método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que irão permitir responder ao problema de pesquisa proposto. O método a ser utilizado é importante porque dá segurança e evita perda de tempo na construção do trabalho. Dificilmente haverá ciência sem a utilização de métodos científicos, mas não há um método melhor do que o outro, pois o melhor método é aquele que propicia ao pesquisador responder às suas indagações, como se observa na reflexão que segue:. [...] não há um método melhor do que o outro, o método, “caminho do pensamento”, “alma do conteúdo” (Minayo, 1993), ou seja, o bom método será sempre aquele capaz de conduzir o investigador a alcançar respostas para suas perguntas, ou, dizendo de outra forma, a desenvolver seu objeto, explicá-lo ou compreendê-lo, dependendo de sua proposta (GÓMEZ-MINAYO; MINAYO, 2003, p. 117).. Nossa pesquisa é do tipo exploratória e de análise descritiva, descrevendo e, sobretudo, disserta sobre as composições, as tipologias e os tamanhos das configurações familiares da Região Metropolitana de Natal, a partir de um estudo comparativo do banco de dados dos Censos Demográficos de 2000 e de 2010 no Brasil. A pesquisa do tipo Exploratória tem como caraterística contribuir no levantamento de possíveis problemas de pesquisa. De acordo com Triviños (1987, p. 109):. Os estudos exploratórios permitem ao investigador aumentar sua experiência em torno de determinado problema. O pesquisador parte de uma hipótese e aprofunda seu estudo nos limites de uma realidade específica, buscando antecedentes, maior conhecimento para, em seguida, planejar uma pesquisa descritiva ou de tipo experimental.. Faz parte desse tipo de pesquisa o levantamento bibliográfico e documental sobre o objeto, proporcionando assim aproximações sucessivas com o problema de 5. De acordo com Bauer e Gaskell (2002, p. 44), a palavra corpus vem do latim e significa corpo. O sentido de corpus utilizado aqui é o proposto por Barthes (1967, p. 96 apud BAUER; GASKELL, 2002, p. 44-46), que quer dizer uma coleção finita de materiais, determinada de antemão pelo analista, com [...] arbitrariedade, e com a qual ele irá trabalhar. O autor, ao analisar textos, imagens, música e outros materiais como significantes da vida social, estende a noção de corpus de um texto para qualquer outro material..

(23) As Configurações Familiares na Região Metropolitana de Natal (RN/Natal): 2000 e 2010. 22. pesquisa. A fase exploratória constitui a primeira etapa da investigação, quando se busca “conhecer com maior profundidade o assunto de modo a torná-lo mais claro ou construir questões importantes para a condução da pesquisa” (LOPES, 2006, p. 226). A pesquisa do tipo Descritiva tem como objetivo principal a descrição de determinada população ou o estabelecimento de relações entre variáveis com o propósito de contribuir para uma maior apreensão de uma dada particularidade da sociedade (LOPES, 2006). Na proposta que se segue, será realizada uma descrição das famílias da Região Metropolitana de Natal, a partir de sua composição e tamanho e condição sócio-ocupacional, tentando estabelecer relações entre essas variáveis. As pesquisas descritivas visam “[...] descobrir a existência de associações entre as variáveis” (idem, 2006, p. 217). Outras características, não menos importantes da pesquisa descritiva, são a observação, o registro, a análise, a classificação e a interpretação dos fatos.. 2.1 Coleta de Dados. Ao conceber o processo de pesquisa como um mosaico que descreve um fenômeno complexo a ser compreendido é fácil entender que as peças individuais representem um espectro de métodos e técnicas, que precisam estar abertas a novas ideais, perguntas e dados (GUNTHER, 2006, p. 2).. A coleta de dados, como já mencionado, será realizada através de dados secundários, provenientes dos Censos Demográficos do IBGE, para os anos de 2000 e de 2010, a respeito das composições, tipologias e dos tamanhos das configurações familiares da Região Metropolitana de Natal (RM/Natal). No entanto, os dados coletados serão dispostos por meio de uma tipologia elaborada pelo grupo de pesquisa em rede “Observatório das Metrópoles”, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Urbanos e Regionais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. O ponto crucial do nosso trabalho, em termos metodológicos, é a definição do que seja família, tendo em vista o grau de complexidade que envolve tal conceito, em função de sua inter-relação com as questões sociodemográficas, econômicas, culturais etc. A preocupação com a compreensão do conceito de família é evidenciada na própria.

(24) As Configurações Familiares na Região Metropolitana de Natal (RN/Natal): 2000 e 2010. 23. mudança metodológica do IBGE para o Censo Demográfico do ano de 2010, em relação ao Censo Demográfico do ano 2000, com uma grande contribuição metodológica dos pesquisadores do grupo de pesquisa do “Observatório da Metrópoles”, tendo em vista o alcance de suas novas definições para o que podemos denominar de família. Para tanto, é necessário ter prudência momento da opção metodológica, pois, segundo Bourdieu (2010, p. 10, grifo nosso):. Como profetas que incentivam a impureza original da empiria [...] ou sumos sacerdotes do método que [...] levariam todos os pesquisadores, durante a vida, a ficar presos aos bancos do catecismo metodológico, os que dissertam sobre a arte de ser sociólogo ou a maneira científica de fazer a ciência sociológica têm em comum, muitas vezes, a característica de estabelecer a dissociação entre o método ou, a teoria e a teoria.. Nos Censos Demográficos até 2000, e mesmo nas PNAD até 2011, o IBGE (2012b, p. 284) considerava família sendo um “conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência, residente na mesma unidade domiciliar, ou a pessoa que mora só em uma unidade domiciliar”. Entende-se, por dependência doméstica, no conceito acima, conforme ainda explicações do IBGE (2012), a relação estabelecida entre a pessoa de referência da própria família e os empregados domésticos e agregados da família. Normas de convivência, por sua vez, são as regras estabelecidas para o convívio de pessoas que moram juntas, sem estarem ligadas por laços de parentesco ou dependência doméstica. Entretanto, o IBGE não explicita, para o segundo caso, o que de fato seriam essas determinadas regras de convívio de pessoas que moram juntas. Já no Censo Demográfico de 2010, o IBGE (2012a, p. 36) introduziu o conceito de unidade doméstica, tratando-a como: “a pessoa que morava sozinha ou o conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência”. Sendo assim, o que era considerado como família no Censo Demográfico de 2000, passou a ser incorporado ao conceito unidade doméstica no Censo Demográfico de 2010, porém restringindo sua definição, em relação ao seu conceito no Censo demográfico de 2000. Assim, o conceito de família passa a ser restringido, levando em consideração apenas o “conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco na unidade doméstica” IBGE (2012a, p. 35)..

(25) As Configurações Familiares na Região Metropolitana de Natal (RN/Natal): 2000 e 2010. 24. Explicando melhor a nova definição do que passou a ser família, enquanto um componente da unidade doméstica, o IBGE (2012b, p. 36) passa a identificá-la a partir da composição de duas pessoas ou mais com parentesco, quando constituída, por sua vez, somente pela pessoa responsável pelo domicílio com pelo menos uma pessoa, na condição de parente (cônjuge ou companheiro(a), filho(a) ou enteado (a), pai, mãe, padrasto, madrasta, sogro (a), neto (a) ou bisneto(a) , irmão ou irmã, avô ou avó, ou outro parente); ou por famílias conviventes.. Portanto, é com essa definição de família do IBGE que vamos trabalhar no decorrer desta pesquisa, porém, retratando o conceito de unidade doméstica do IBGE, como sinônimo de configurações familiares. A compreensão de configurações familiares, ou unidade doméstica parte de um conjunto de variação de formatos e tamanhos dos agrupamentos de pessoas no espaço e no território para garantir a sua sobrevivência e sua reprodução social (IBGE, 2014; MONTALI; TAVARES, 2009). Ainda neste capítulo, retomaremos essa discussão. Os outros tipos de unidade domésticas, classificadas pelo IBGE, além do que se denominou de “família” (duas pessoas ou mais com parentescos), são a “Unipessoal” (quando constituída apenas pela pessoa responsável pelo domicílio), e “Duas pessoas ou mais sem parentesco” (quando constituída somente pela pessoa responsável pelo domicílio com pelo menos uma pessoa na condição de convivente ou agregado (a) e que não possui família segunda , terceira etc. ). No entanto, a partir dessas mudanças conceituais, e na tentativa de possibilitar a comparação dos dados dos Censos Demográficos do ano de 2010, com o de 2000, é que surge de nossa parte a preocupação de formular uma tipologia elaborada especificamente pelo grupo de pesquisa em rede “Observatório das Metrópoles”, a partir de uma adequação das novas composições conceituais realizadas pelo próprio IBGE. O presente trabalho decorreu dos estudos que os pesquisadores do “Observatório das Metrópoles”, vem se debruçando sobre as regiões metropolitanas do Brasil. As definições de famílias, no Censo Demográfico de 2000, e de unidade doméstica, no Censo Demográfico de 2010, definidas pelo IBGE, de que o conceito de famílias do Censo de 2000 seriam, em princípio, comparáveis com o novo conceito de unidade doméstica do Censo de 2010..

(26) As Configurações Familiares na Região Metropolitana de Natal (RN/Natal): 2000 e 2010. 25. No entanto, a base de microdados do Censo de 2010 só disponibiliza variáveis para o conjunto de unidades domésticas com parentesco, ou seja, para a condição de famílias, tal como definida em 2010 (a V5090 – Tipo de composição familiar das famílias únicas e conviventes principais e a V5100 – Tipo de composição familiar das famílias conviventes secundárias), conforme denotado por Ribeiro e Salata (2014), o que interessa nas pesquisas sobre população do “Observatório das Metrópoles” são as preocupações de como as diferentes formas ou como as pessoas se organizam para garantir sua sobrevivência e sua reprodução social e como se distribuem em seus territórios, não poderia, assim, se restringir a trabalhar apenas com os arranjos domésticos, onde há somente relação de parentesco entre seus componentes. Sendo assim, os pesquisadores do “Observatório das Metrópoles” construíram uma tipologia com duas classificações, que foi apropriada neste trabalho para efeito de análise e interpretação dos dados. A primeira das classificações leva em conta o “tipo de composição das unidades domésticas”, assim dividida:. 1 Unipessoal 2 Unidades domésticas organizadas a partir de relações de parentesco 2.1 Casal sem filho, com e sem parentes 2.2 Casal com filho, com e sem parentes 2.3 Mulher sem cônjuge com filho, com e sem parentes 2.4 Homem sem cônjuge, com e sem parentes 2.5 Outros tipos. 3 Unidades domésticas sem parentesco Já a segunda classificação, considera a fase do “ciclo de vida das unidades domésticas”, constituídas por casal com filho ou monoparentais com filho, que se desdobram segundo a idade dos filhos. Dando lugar, assim, à seguinte tipologia: 1 Unipessoal 2 Unidades domésticas organizadas a partir de relações de parentesco 2.1 Casal sem filho, com e sem parentes 2.2 Casal com filho, com e sem parentes 2.2.1 com todos os filhos com menos de 16 anos.

(27) As Configurações Familiares na Região Metropolitana de Natal (RN/Natal): 2000 e 2010. 26. 2.2.2 com filhos de 16 anos e mais e de menos de 16 anos 2.2.3 com todos os filhos com 16 anos ou mais 2.3 Mulher sem cônjuge com filho, com e sem parentes 2.3.1 com todos os filhos com menos de 16 anos 2.3.2 com filhos de 16 anos e mais e de menos de 16 anos 2.3.3 com todos os filhos com 16 anos ou mais 2.4 Homem sem cônjuge, com e sem parentes 2.4.1 com todos os filhos com menos de 16 anos 2.4.2 com filhos de 16 anos e mais e de menos de 16 anos 2.4.3 com todos os filhos com 16 anos ou mais 2.5 Outros tipos. 3 Unidades domésticas sem parentesco. As variáveis que dão conta das tipologias acima, incluindo o conjunto de unidades domésticas, foram construídas para os anos de 2000 e de 2010. Uma vez que pessoas que compõem as unidades domésticas são as mesmas que fazem parte dos domicílios, e que o responsável pela unidade doméstica é o responsável pelo domicílio, muitas das variáveis de domicílio são usadas para caracterizar as unidades domésticas (RIBEIRO; SALATA, 2014). Assim, para calcular o número de componentes das unidades domésticas, os pesquisadores do “Observatório das Metrópoles” tiveram de trabalhar com a variável V0401 – Morador, número. Já para trabalhar com a posição dos diferentes componentes no interior da unidade doméstica, utilizou-se da variável V0502 – Relação de parentesco ou de convivência com a pessoa responsável pelo domicílio. A tipologia ora expressada segue uma concepção multidimensional da estruturação do espaço social, em especial das famílias da RMNATAL/RN, permitindo, assim, atingir uma interpretação mais detalhada dos possíveis configurações e composições sócio-ocupacionais que as famílais ocupam em suas múltiplas escalas no espaço social. Em termos de base tórica, no tocante ao conceito de estrutura social, voltando à questão teórica sobre o que seja configurações familiares ou unidade doméstica, leva-se em consideração as definições de Ribeiro e Lago (2000, p. 112 apud CLEMENTINO; PESSOA, 2007 p. 8), analisadas aqui neste trabalho pelo recorte das configurações.

(28) As Configurações Familiares na Região Metropolitana de Natal (RN/Natal): 2000 e 2010. 27. familiares na RM/Natal. Os autores partem da concepção de que a estrutura social deve ser entendida, simultanemente, como um espaço de posições sociais e um espaço de indivíduos, ocupando postos e dotados de atributos sociais desigualmente distribuídos e ligados às suas histórias. Asssim, em termos teórico-metodológicos, seguiremos Ribeiro e Lago (2000 apud CLEMENTINO; PESSOA, 2007), que ao se utilizarem, por sua vez, da perspectiva teórica de Bourdier (1989), desenvolvem a ideia de que os indivíduos ocupam relações relativas onde estão inseridos, encontrando-se, ao mesmo tempo, em situações ou contextos distintos. As relações ocupadas pelos indivíduos na sociedade são classificadas, tomando por base as ideiais de Ribeiro e Lago (2000), a partir de diferentes agrupamentos sociais em seus aspectos econômicos, sociais e até mesmo simbólicos, dialogando com alguns princípios gerais que se contrapõem e que se encontram na essência da forma da organização da sociedade capitalista. Complemetando a metodologia, Ribeiro (2000 apud CLEMENTINO; PESSOA, 2007, p. 25), destaca que se faz necesário ainda observar três aspectos importantes em sua aplicação: 1) a escolha da análise social, 2) a escolha das variáveis pelas quais a distribuição das pessoas no espaço será discutida e 3) a escolha da unidade espacial de análise, por meio da qual essa descrição será efetuada. Essa é a metodologia utilizada como suporte para os estudos da Rede Observatório das Metrópoles (CLEMENTINO; PESSOA, 2007, p. 21). Uma questão relevante trazida sobre os estudos na Região Metropolitana de Natal é a falta de evidências de pesquisas referentes ao tema da família e suas singularidades, o que reforça nosso interesse de realizar uma análise exploratória e descritiva sobre o tamanho o tipo e a composição das configurações familiares nesse campo empírico. 2.2. Análise dos Dados A análise dos dados é a fase da pesquisa em que serão utilizadas técnicas que estão diretamente ligadas com o problema proposto. De acordo com Lakatos (1991), a análise ou explicação é a tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fenômeno estudado e outros fatores que sejam relevantes para serem analisados, fazendo a ligação com o referencial teórico. As técnicas utilizadas na análise de dados auxiliam a responder ao problema de pesquisa. Como afirma Bourdieu (2010), é o momento de.

(29) As Configurações Familiares na Região Metropolitana de Natal (RN/Natal): 2000 e 2010. 28. submeter a prática a uma reflexão que seja diferente da filosofia clássica do conhecimento e que se aplica não à ciência já constituída em relação à qual seria necessário estabelecer as condições de possibilidade e de coerência para uma ciência concebida a partir da produção diversos conhecimentos intercambiáveis. Assim, a pesquisa a ser realizada terá caráter tanto quantitativo como qualitativo. Quanto ao primeiro caráter, no tocante principalmente à apropriação da tipologia realizada pelos pesquisadores do “Observatório das Metrópoles”, foram utilizados métodos estatísticos, advindos da estatística descritiva. Quanto à apresentação dos dados, foram feitas tabelas6 e gráficos (informativos e analíticos)7, através das tipologias já descritas organizadas pelos pesquisadores do “Observatório da Metrópoles”, proveniente dos Censos Demográficos de 2000 e 2010. No entanto, tiveram de ser extraídas da forma bruta em que se encontravam dos bancos de dados do IBGE para os anos de 2000 e 2010, para a Região Metropolitana de Natal, no que se refere às configurações familiares ou unidade doméstica. Esses dados tabulados e/ou formatados resultaram em três (03) tabelas que serviram de base para os resultados e análises do trabalho, denominadas da seguinte forma: Tabela 1 – Distribuição percentual dos tipos de Unidade doméstica segundo os municípios da Região Metropolitana de Natal, 2000 e 2010; Tabela 2 – Distribuição percentual dos tipos de composição das unidades domésticas segundo os Municípios da Região Metropolitana de Natal, 2000 e 2010; Tabela 3 – Distribuição percentual das fases do ciclo da unidade doméstica segundo os municípios da Região Metropolitana de Natal. Das três (03) tabelas decorrentes da tabulação e/ou formatação dos dados dos Censos Democráticos dos anos de 2000 e 2010, resultaram em 11 gráficos que contribuíram para evidenciar as análises do trabalho. Segundo Lakatos (1991), as tabelas e os gráficos são métodos estatísticos sistemáticos de apresentar dados, através de colunas verticais ou fileiras horizontais, obedecendo à classificação dos objetos ou materiais da pesquisa. Já no tocante à análise qualitativa, o pesquisador é integrante ativo do processo de conhecimento e interpreta a realidade, atribuindo-lhe significado e sentido. Para Martinelli (1999, p. 35), o objeto não é um dado neutro e objetivo, mas está permeado “É construída utilizando dados obtidos pelo próprio pesquisador em números absolutos e/ou percentagens” (LAKATOS, 1991, p. 170). 7 “São figuras que servem para a representação dos dados [...] e podem evidenciar aspectos visuais dos dados, de forma clara e de fácil compreensão [...] e são empregados para dar destaque a certas relações significativas”. 6.

(30) As Configurações Familiares na Região Metropolitana de Natal (RN/Natal): 2000 e 2010. 29. de sentidos. A relação entre sujeito e objeto do conhecimento está em um constante processo de interação, construção e reconstrução do saber. A principal técnica de pesquisa qualitativa que será utilizada neste trabalho é a análise de conteúdo, essa entendida “como uma técnica de pesquisa voltada para a descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo” (BARDIN, 1979 apud MINAYO, 2007, p. 82). Foram analisadas e interpretadas as informações advindas dos dados dispostos nas Tabelas 1, 2 e 3 e, para tanto, faz-se necessário diferenciar análise de interpretação. A análise, segundo Minayo (2007, p. 80), é ir além do descrito, fazendo uma decomposição dos dados e buscando as relações entre as partes que foram decompostas, e a interpretação busca sentido das falas e das ações para se chegar a uma compreensão ou explicação que vão além do descrito e analisado..

(31) As Configurações Familiares na Região Metropolitana de Natal (RN/Natal): 2000 e 2010. 30. 3 APRESENTAÇÃO DAS REFLEXÕES TEÓRICAS. Neste capítulo, abordaremos como a família foi adquirindo uma posição relevante na produção de sentidos e de significados na sociedade, ao longo do tempo, do século XV à atualidade. A história social da família é de grande valia para compreender as suas especificidades e/ou singularidades, no que diz respeito aos seus tamanhos e configurações existentes, sobretudo, na atualidade. A partir dos estudos sobre a história da família, percebe-se que para entendê-la em suas múltiplas variações é necessário pensá-la como uma construção social, desnaturalizando-a e, por sua vez, desvelando as suas estruturas e composições, ao longo do tempo. Isto porque, as determinações econômicas, políticas, culturais e sociais alteram de forma significativa a compreensão e a funcionalidade da família. Compreender, então, a família como um processo de construção social, como bem afirma Ariés (2006), significa desnaturalizá-la do enfoque em que aparece como um lócus sagrado de convivência eterna e de perfeita harmonia. Ao mesmo tempo, é importante perceber o momento histórico em que a família sai do espaço público para o espaço privado e as suas funções. 3.1 Os estudos iniciais da História Social da Família Abordaremos, neste capítulo, as contribuições dos primeiros estudos de análises sobre a história social da família. Assim, demonstraremos, para fins didáticos, as contribuições ou os construtos teóricos realizados por Ariés (2006), como já citado, mas também os de Bachofen, Engels e Morgan. De acordo com a literatura especializada, a família apresenta três (3) formatos básicos, ao longo do seu processo de formação, quais sejam: a família nuclear ou conjugal (patriarcal), a família extensa ou consanguínea e a família abrangente. A família nuclear é compreendida como sendo composta pelo tripé: pai-mãe-filhos; já a família extensa é a que a incorpora, além dos elementos da família nuclear, outros membros, como tio, tia, primo, prima e sobrinhos, dentre outros, que contenham laços de parentesco. Por último, tem-se a família abrangente, que inclui os não parentes que coabitam no mesmo espaço, como, por exemplo, cunhados, sogro(as) etc. (OSÓRIO, 1996)..

(32) As Configurações Familiares na Região Metropolitana de Natal (RN/Natal): 2000 e 2010. 31. As condições econômicas e sociais determinam a(s) forma(s) como a família está e é organizada na sociedade. Isso pode ser observado na percepção de Engels (2002), por exemplo, quando afirma que a ordem social em que vivem os homens de determinada época ou determinado país também está condicionada pelo grau de desenvolvimento do trabalho, que, na verdade, está atrelada às condições de organização da produção, que por sua vez, são relativas, ao mesmo tempo, está atrelada tanto questões econômicas quanto sociais. Ainda de acordo com Engels (2002), até o início da década de 1860 não poderia se pensar em uma história da família, pois as discussões sobre esta ainda estavam centradas em perspectivas eminentemente religiosas, influenciadas principalmente pelos “Cinco Livros de Moisés”8. Os estudos e pesquisas sobre a história da família se iniciam em 1861 com a obra O Direito Materno de Bachofen. Depois, tem-se os estudos de Mac Lennam em 1865, sendo a Etnologia Descritiva uma de suas principais obras, e em 1871 aparecem os estudos de Morgan, tais como o Sistema de Consaguinidade e Afinidade da Família Humana. A organização familiar presente na descrição dos “Cinco Livros de Moisés” é semelhante à da família patriarcal. Essa organização familiar apresentada é descrita demasiadamente como sendo a mais antiga, mas ao mesmo tempo, equiparada também à família moderna burguesa, no sentido mesmo da propriedade privada, relativa à propriedade privada dos meios e/ou fatores de produção; como já se estivesse produzindo e reproduzindo valores da própria da sociedade capitalista. Isto porque essa tipologia familiar passa a ser caracterizada não apenas pelo sentido da poligamia e sim pela organização de indivíduos livres, mas também não livres, sob o poder paterno do seu chefe de família, que mantinham sob o seu poder, a mulher, os filhos e certo número de escravos, com direito de posse sobre eles. Já os estudos de Bachofen, a partir de 1861, têm uma relevante contribuição para a história da formação social da família por trazer outras hipóteses para explicar a presença de diversos outros arranjos familiares, que não seja apenas o modelo nuclear/patriarcal, como sendo o natural, normal e universal. As teses proferidas por Bachofen (apud ENGELS, 2002, p. 14-15) são:. Essa obra representa a primeira grande descrição histórica sobre família. “Os Cinco Livros de Moisés” é formado pelos cinco primeiros livros da Bíblia que são: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. 8.

(33) As Configurações Familiares na Região Metropolitana de Natal (RN/Natal): 2000 e 2010. 32. 1. primitivamente, os seres humanos viveram em promiscuidade sexual; 2. Estas relações excluíam toda a possibilidade de estabelecer, com certeza, a paternidade, pelo que a filiação apenas podia ser contada por linha feminina, segundo o direito materno, e isso se deu em todos os povos antigos; 3. Em consequência desse fato, as mulheres, como mães, como únicos progenitores conhecidos [...] gozavam de grande apreço e respeito, chegando ao domínio absoluto (ginecocracia9); 4. A passagem para a monogamia, em que a mulher pertence a um só homem, incidia numa transgressão de uma lei religiosa muito antiga.... As teses proferidas pelo autor substituem a afirmação do não conhecimento do estágio de promiscuidade sexual presente na literatura clássica; ao contrário, percebe-se que há vários momentos na história que comprovam um estado social em que homens e mulheres mantinham relações sexuais com vários parceiros, em especial entre os povos gregos e asiáticos, e essas relações não violavam a moral estabelecida. No que diz respeito à descendência, se dava por linhagem materna e não paterna, ou seja, a descendência era exclusiva da mulher. De acordo ainda com Bachofen (apud ENGELS (2002), a linhagem sendo exclusividade feminina assegurou, por muito tempo, às mulheres um elevado status social. Outro ponto relevante nesses estudos foi trazer para a academia a discussão da pré-história da ascensão do papel da família. Outro autor que veio a contribuir com estudos sobre família, foi Mac Lennam, considerado o patrono e a primeira autoridade nos estudos sobre a História da Família. As suas teses consistiam na difusão da exogamia10 e no reconhecimento da descendência, baseado no direito materno. Porém, as suas ideias foram refutadas e bastante criticadas. Uma das refutações ao pensamento de Mac Lennam, observadas em Engels (2002), por exemplo, derivaram de pesquisas posteriormente realizadas, tanto na área da antropologia quanto da etnografia, tendo em vista as comprovações de que entre povos não desenvolvidos, existiam outras formas de matrimônio, como, por exemplo, o matrimônio por grupos; ao contrário das ideias defendidas por Mac Lennam, quando afirmava a existência de apenas três formas de matrimônio, a partir da sua tese baseada na exogomia, denominadas de poligamia11, poliandria12 e monogamia. E finalmente, as. 9. “Sistema de poder político que tem o domínio absoluto da mulher” (ENGELS, 2002, p. 15).. 10. Relações de Matrimônio com pessoas que não pertencem ao mesmo grupo familiar. “Condição que permite que o marido ou a esposa tenha mais de um cônjuge” (GIDDENS, 2005, p. 152). 12 “Condição em que a mulher casada tenha dois ou mais maridos simultaneamente. Enquanto que a poligamia é a condição em que o homem possa ser casado com mais de uma mulher” (GIDDENS, 2005. 152). 11.

(34) As Configurações Familiares na Região Metropolitana de Natal (RN/Natal): 2000 e 2010. 33. contribuições teóricas de Morgan13 nos estudos sobre Família têm como “pedra de toque os sistemas de parentesco e as formas de família a eles correspondentes”, como bem afirma Engels (2002, p. 21). As ideias de Morgan anulam as teses de Mac Lennam. O descobrimento da primitiva gens de direito materno, como etapa anterior a gens de direito paterno dos povos civilizados, tem, para a história primitiva, a mesma importância que a teoria da evolução de Darwin para a biologia e a teoria da mais-valia [...] para a economia política (ENGELS, 2002, p. 23).. A premissa de que a gens do direito materno é anterior a gens do direito paterno sinaliza pela primeira vez uma evolução das fases clássicas da história da família, ou seja, introduz uma ordem cronológica precisa para a pré-história da humanidade. A obra de Morgan tem uma relevante contribuição para os estudos sobre a pré-história da humanidade. A classificação feita por esse autor sobre os estágios evolutivos da humanidade, apesar de ser refutável, ainda permanece válida para diversas áreas, tais como a Antropologia e a História, devido ao mérito de ter sido uma explicação científica sobre os estados evolutivos da humanidade. Outro mérito foi ter deixado de lado crenças religiosas e metafísicas sobre a eternidade das atuais formas familiares (CANEVACCI, 1981). Essa dimensão histórica trazida por Morgan para a compreensão da realidade humana, em especial das composições familiares, representa que a família monogâmica é resultado da lenta evolução de três etapas sucessivas do desenvolvimento da família. Estes estados estão divididos da seguinte forma, e com suas respectivas fases: Estado Selvagem (fase inferior, fase média e fase superior), Estado da Barbárie (fase inferior, fase média e fase superior) e Estado da Civilização. O autor se detém apenas nos dois primeiros estados; o Selvagem e a Barbárie; no Estado da Civilização, apenas se ocupa da passagem do estado da Barbárie para o estado Civilizatório. Faz-se necessário discorrer de forma rápida sobre as principais características de cada estado evolutivo mencionado anteriormente, para se ter uma melhor apreensão de como se deu tal processo/evolução. De acordo com Engels (2002, p. 27-29), o “estado selvagem subdivide em três fases: fase inferior, fase média e fase superior”. Na fase Inferior, o período em que há a apropriação da natureza é considerado a infância do gênero humano. A alimentação era baseada em frutos e raízes, devido a não aquisição do fogo pelo homem. Na fase Média, o homem tem o domínio do fogo pelo atrito com 13. Lewis Henry Morgan (1818-1881), americano e considerado o fundador da antropologia moderna..

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