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Os estudos iniciais da História Social da Família

Abordaremos, neste capítulo, as contribuições dos primeiros estudos de análises sobre a história social da família. Assim, demonstraremos, para fins didáticos, as contribuições ou os construtos teóricos realizados por Ariés (2006), como já citado, mas também os de Bachofen, Engels e Morgan.

De acordo com a literatura especializada, a família apresenta três (3) formatos básicos, ao longo do seu processo de formação, quais sejam: a família nuclear ou conjugal (patriarcal), a família extensa ou consanguínea e a família abrangente. A família nuclear é compreendida como sendo composta pelo tripé: pai-mãe-filhos; já a família extensa é a que a incorpora, além dos elementos da família nuclear, outros membros, como tio, tia, primo, prima e sobrinhos, dentre outros, que contenham laços de parentesco. Por último, tem-se a família abrangente, que inclui os não parentes que coabitam no mesmo espaço, como, por exemplo, cunhados, sogro(as) etc. (OSÓRIO, 1996).

As condições econômicas e sociais determinam a(s) forma(s) como a família está e é organizada na sociedade. Isso pode ser observado na percepção de Engels (2002), por exemplo, quando afirma que a ordem social em que vivem os homens de determinada época ou determinado país também está condicionada pelo grau de desenvolvimento do trabalho, que, na verdade, está atrelada às condições de organização da produção, que por sua vez, são relativas, ao mesmo tempo, está atrelada tanto questões econômicas quanto sociais.

Ainda de acordo com Engels (2002), até o início da década de 1860 não poderia se pensar em uma história da família, pois as discussões sobre esta ainda estavam centradas em perspectivas eminentemente religiosas, influenciadas principalmente pelos “Cinco Livros de Moisés”8. Os estudos e pesquisas sobre a história da família se iniciam em 1861 com a obra O Direito Materno de Bachofen. Depois, tem-se os estudos de Mac Lennam em 1865, sendo a Etnologia Descritiva uma de suas principais obras, e em 1871 aparecem os estudos de Morgan, tais como o Sistema de Consaguinidade e Afinidade da Família Humana.

A organização familiar presente na descrição dos “Cinco Livros de Moisés” é semelhante à da família patriarcal. Essa organização familiar apresentada é descrita demasiadamente como sendo a mais antiga, mas ao mesmo tempo, equiparada também à família moderna burguesa, no sentido mesmo da propriedade privada, relativa à propriedade privada dos meios e/ou fatores de produção; como já se estivesse produzindo e reproduzindo valores da própria da sociedade capitalista. Isto porque essa tipologia familiar passa a ser caracterizada não apenas pelo sentido da poligamia e sim pela organização de indivíduos livres, mas também não livres, sob o poder paterno do seu chefe de família, que mantinham sob o seu poder, a mulher, os filhos e certo número de escravos, com direito de posse sobre eles.

Já os estudos de Bachofen, a partir de 1861, têm uma relevante contribuição para a história da formação social da família por trazer outras hipóteses para explicar a presença de diversos outros arranjos familiares, que não seja apenas o modelo nuclear/patriarcal, como sendo o natural, normal e universal. As teses proferidas por Bachofen (apud ENGELS, 2002, p. 14-15) são:

8 Essa obra representa a primeira grande descrição histórica sobre família. “Os Cinco Livros de Moisés” é

formado pelos cinco primeiros livros da Bíblia que são: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

1. primitivamente, os seres humanos viveram em promiscuidade sexual; 2. Estas relações excluíam toda a possibilidade de estabelecer, com certeza, a paternidade, pelo que a filiação apenas podia ser contada por linha feminina, segundo o direito materno, e isso se deu em todos os povos antigos; 3. Em consequência desse fato, as mulheres, como mães, como únicos progenitores conhecidos [...] gozavam de grande apreço e respeito, chegando ao domínio absoluto (ginecocracia9); 4. A passagem para a monogamia, em que a mulher pertence a um só homem, incidia numa transgressão de uma lei religiosa muito antiga...

As teses proferidas pelo autor substituem a afirmação do não conhecimento do estágio de promiscuidade sexual presente na literatura clássica; ao contrário, percebe-se que há vários momentos na história que comprovam um estado social em que homens e mulheres mantinham relações sexuais com vários parceiros, em especial entre os povos gregos e asiáticos, e essas relações não violavam a moral estabelecida. No que diz respeito à descendência, se dava por linhagem materna e não paterna, ou seja, a descendência era exclusiva da mulher. De acordo ainda com Bachofen (apud ENGELS (2002), a linhagem sendo exclusividade feminina assegurou, por muito tempo, às mulheres um elevado status social. Outro ponto relevante nesses estudos foi trazer para a academia a discussão da pré-história da ascensão do papel da família.

Outro autor que veio a contribuir com estudos sobre família, foi Mac Lennam, considerado o patrono e a primeira autoridade nos estudos sobre a História da Família. As suas teses consistiam na difusão da exogamia10 e no reconhecimento da descendência, baseado no direito materno. Porém, as suas ideias foram refutadas e bastante criticadas. Uma das refutações ao pensamento de Mac Lennam, observadas em Engels (2002), por exemplo, derivaram de pesquisas posteriormente realizadas, tanto na área da antropologia quanto da etnografia, tendo em vista as comprovações de que entre povos não desenvolvidos, existiam outras formas de matrimônio, como, por exemplo, o matrimônio por grupos; ao contrário das ideias defendidas por Mac Lennam, quando afirmava a existência de apenas três formas de matrimônio, a partir da sua tese baseada na exogomia, denominadas de poligamia11, poliandria12 e monogamia. E finalmente, as

9Sistema de poder político que tem o domínio absoluto da mulher” (ENGELS, 2002, p. 15).

10 Relações de Matrimônio com pessoas que não pertencem ao mesmo grupo familiar.

11 “Condição que permite que o marido ou a esposa tenha mais de um cônjuge” (GIDDENS, 2005, p.

152).

12 “Condição em que a mulher casada tenha dois ou mais maridos simultaneamente. Enquanto que a

poligamia é a condição em que o homem possa ser casado com mais de uma mulher” (GIDDENS, 2005. 152).

contribuições teóricas de Morgan13 nos estudos sobre Família têm como “pedra de toque os sistemas de parentesco e as formas de família a eles correspondentes”, como bem afirma Engels (2002, p. 21). As ideias de Morgan anulam as teses de Mac Lennam.

O descobrimento da primitiva gens de direito materno, como etapa anterior a gens de direito paterno dos povos civilizados, tem, para a história primitiva, a mesma importância que a teoria da evolução de Darwin para a biologia e a teoria da mais-valia [...] para a economia política (ENGELS, 2002, p. 23).

A premissa de que a gens do direito materno é anterior a gens do direito paterno sinaliza pela primeira vez uma evolução das fases clássicas da história da família, ou seja, introduz uma ordem cronológica precisa para a pré-história da humanidade. A obra de Morgan tem uma relevante contribuição para os estudos sobre a pré-história da humanidade. A classificação feita por esse autor sobre os estágios evolutivos da humanidade, apesar de ser refutável, ainda permanece válida para diversas áreas, tais como a Antropologia e a História, devido ao mérito de ter sido uma explicação científica sobre os estados evolutivos da humanidade. Outro mérito foi ter deixado de lado crenças religiosas e metafísicas sobre a eternidade das atuais formas familiares (CANEVACCI, 1981).

Essa dimensão histórica trazida por Morgan para a compreensão da realidade humana, em especial das composições familiares, representa que a família monogâmica éresultado da lenta evolução de três etapas sucessivas do desenvolvimento da família. Estes estados estão divididos da seguinte forma, e com suas respectivas fases: Estado Selvagem (fase inferior, fase média e fase superior), Estado da Barbárie (fase inferior, fase média e fase superior) e Estado da Civilização. O autor se detém apenas nos dois primeiros estados; o Selvagem e a Barbárie; no Estado da Civilização, apenas se ocupa da passagem do estado da Barbárie para o estado Civilizatório.

Faz-se necessário discorrer de forma rápida sobre as principais características de cada estado evolutivo mencionado anteriormente, para se ter uma melhor apreensão de como se deu tal processo/evolução. De acordo com Engels (2002, p. 27-29), o “estado selvagem subdivide em três fases: fase inferior, fase média e fase superior”. Na fase Inferior, o período em que há a apropriação da natureza é considerado a infância do gênero humano. A alimentação era baseada em frutos e raízes, devido a não aquisição do fogo pelo homem. Na fase Média, o homem tem o domínio do fogo pelo atrito com

pedras, em consequência, tem uma mudança em seu tipo de alimentação. É acrescido na dieta alimentar o cozimento de peixes, crustáceos, moluscos, dentre outros. Esse momento é mais conhecido como Período da Pedra Lascada; na fase superior, o homem já utiliza como meios e instrumentos de trabalho o arco e flecha. Alguns povos já começam a fixar-se por longos tempos em um mesmo lugar, no período denominado sedentarismo, momento esse também conhecido como Pedra Polida, porque a produção dos meios e instrumentos de subsistência tinha como base da pedra polida, como, por exemplo, o machado de pedra.

O “estado da barbárie se subdivide em três fases: fase inferior, fase média e fase superior”, como bem afirma Engels (2002, p. 29-32), momento em que a criação de animais e a agricultura fazem parte da produção e reprodução da natureza via o trabalho humano14, como exemplo pode-se citar: o cultivo de grãos e frutas; a domesticação e criação de animais. Na fase inferior, o que marca esse período é a introdução da cerâmica na cotidianidade dos seres humanos. Na fase média, predominam a domesticação de animais, o cultivo de hortaliças por meio de irrigação, para a construção das moradias, são utilizados o tijolo e a pedra para essas construções. Na fase superior, há a fundição de ferro e a aquisição e utilização da escrita alfabética.

O último estado é o da Civilização, como foi mencionado anteriormente, esse estado foi um período em que Morgan não se deteve em pesquisar, mas esse momento é o da indústria, segundo Engels (2002). Esses três (03) estágios sucessivos e unilaterais correspondem às respectivas composições familiares: família consanguínea, família punaluana, família e família sindiásmica, dessa última deriva a família monogâmica.

Essa divisão do processo de evolução da humanidade por estágios proposta por Morgan foi reiteradamente aceita por Engels, e acrescida de outro elemento tão importante quanto o proposto por aquele, foi inserida a tese da formação econômico- social, articulada com um modo de produção particular e por uma determinada organização social (CANEVACCI, 1981).

A família é um elemento ativo que sempre está se transformando interna e externamente, como podemos observar, à medida que a sociedade evolui histórica, econômica, biológica, política e culturalmente, a composição familiar vai se

14 “Trabalho é uma necessidade natural, é a mediação entre homem e natureza, é também a condição da

existência humana independente [...] da forma de sociedade. É por meio do trabalho que o homem se reconhece como tal. A principal diferença entre o trabalho do homem e dos animais, é que o ser humano tem a capacidade teleológica, ou seja, a capacidade de antecipar os resultado ou produto do seu trabalho, capacidade essa desprovida aos animais” (BOTTOMORE, 2001, p. 383).

metamorfoseando. “O mesmo acontece [...] com os sistemas políticos, jurídicos, religiosos e filosóficos. Ao passo que a família prossegue vivendo, o sistema de parentesco se fossiliza; e, enquanto este continua de pé pela força do costume, a família ultrapassa” (ENGELS, 2002, p. 35).

Para compreender a família em sua perspectiva histórica, deve-se partir da premissa de que família é resultado de um processo histórico através de sucessivos estágios de desenvolvimento, e que o formato monogâmico constitui a última forma, Canevacci (1981, p. 56). Do ponto de vista histórico, a família monogâmica e patriarcal constituem formatos modernos de configurações familiares nesse momento histórico.

Os estágios acima descritos da evolução do homem por meio de um método cronológico correspondem a certas composições familiares tais como: Família Consanguínea, Família Punaluana, Família Sindiásmica e a Família Monogâmica. Esta última deriva da família Sindiásmica. Cada composição familiar corresponde a um momento singular da história do homem, de acordo com Canevacci (1981) e Engels (2002).

A família consanguínea é a primeira etapa da família, suas principais características são: os grupos conjugais são classificados por gerações, por exemplo, todos os avôs e avós são maridos e mulheres entre si. O matrimônio é recíproco entre irmãos e irmãs no interior do grupo. Esse formato familiar desapareceu, mas a região da Polinésia expressa graus de parentesco consanguíneo (ENGELS, 2002).

A família Punaluana, etimologicamente “punalua”, quer dizer companheiro íntimo (ENGELS, 2002). Esse formato de família é fundado sobre o “casamento de várias irmãs, carnais e colaterais, com as esposas de cada um dos outros, no interior de um grupo”. Na família consanguínea as relações de parentesco entre primos e primas, sobrinhos e sobrinhas, não tinha sentido. Pode-se observar que nas famílias por grupos não há como ter certeza de quem seria o pai de uma criança, sabe-se quem é a mãe. Como bem afirma Engels (2002, p. 45), “toda parte onde existe o matrimônio por grupos a descendência só pode ser estabelecida do lado materno [...] apenas se reconhece a linhagem feminina”.

Na família punaluana as sanções para com o incesto aumentam e restringem-se ao casamento de várias irmãs com os maridos de cada uma das outras, ou vice-versa, (CANEVACCI, 1981).

Nesse formato familiar, caracterizado pela família sindiásmica ou de casal, as sanções para com o tabu do incesto são ainda maiores, a possibilidade de casamento é

até dois indivíduos de cada vez. A família monogâmica surge a partir desse formato. O formato do casamento entre casais individuais e sem a obrigação da coabitação exclusiva entre si, as partes permaneciam juntas até quando desejassem, (CANEVACCI, 1981).

Neste estágio, um homem vive com uma mulher, mas de maneira tal que a poligamia e a infidelidade ocasional continuam a ser um direito dos homens, embora a poligamia seja raramente observada, por causas econômicas; ao mesmo tempo, exige-se a mais rigorosa fidelidade das mulheres, enquanto dure a vida em comum, sendo o adultério destas cruelmente castigado (ENGELS, 2002, p. 50).

Nos formatos anteriores de família (consanguínea e punaluana), os homens nunca tiveram nenhuma dificuldade para encontrar mulheres, na família por grupos a busca por mulheres era escassa devido às imposições do tabu do incesto.

Um outro dado importante é que tanto no período da selvageria quanto da barbárie, tanto nas fases inferior, média e superior, como também no matrimônio sindiásmico, a mulher não é apenas livre como possuía relevante posição social, política e econômica. Como descreve Engels (2002, p. 52):

Habitualmente as mulheres mandavam na casa; as provisões eram comuns, mas – ai do pobre marido ou amante que fosse preguiçoso ou desajeitado demais para trazer sua parte ao fundo de provisões da comunidade. As mulheres constituíam a grande força dentro dos clãs (gens) e, mesmo em todos os lugares. Elas não vacilavam, quando a ocasião exigia, em destituir um chefe e rebaixá-lo à condição de mero guerreiro.

A predominância das mulheres nessas sociedades imputa-lhes o direito de propriedade, de prerrogativas políticas e religiosas, e que lhes reservava prestígio social. Como pode-se observar, o matriarcado é naturalizado devido à vida nômade dos povos primitivos. Com o desenvolvimento da agricultura e o advento do sedentarismo, progressivamente instala-se o patriarcado. Nesse momento o homem era responsável pela busca dos alimentos como a caça denominado espaço público, às mulheres cabiam as responsabilidades doo cuidado com a prole, que cresciam sob a influência quase exclusiva da mãe, sendo reservado às mulheres os serviços domésticos, denominado

espaço privado. Dessa forma, surge a primeira divisão internacional do trabalho (DIT), pela divisão sexual do trabalho (OSÓRIO, 1996).

A família patriarcal, organização familiar centrada na figura masculina e não no poder no pai. Esse momento é caracterizado como sendo do domínio da História escrita, momento de transição entre a família de direito materno (matrimônio por grupos, ou matrimônio sindiásmico) e a monogomia. O fato indiscutivelmente mais importante ocorrido na família patriarcal foi o desmoronamento do direito materno. Nas palavras de Engels (2002, p. 60):

O homem apoderou-se também da direção da casa; a mulher viu-se degradada, convertida em servidora, em escrava da luxúria do homem, em simples instrumento de reprodução. Essa baixa condição da mulher, manifestada sobretudo entre os gregos [...] tem sido gradualmente retocada, dissimulada e, em certos lugares, até revestida de formas de maior suavidade, mas de maneira alguma suprimida.

A perda do direito materno é considerada pelo movimento feminista “a grande derrota histórica do sexo feminino em todo o mundo” (ENGELS, 2002, p. 60). Desde então, a mulher não conseguiu reverter o direito materno, perda essa sentida e mantida até hoje tanto na produção como na reprodução das relações sociais.

A família monogâmica surge a partir da família sindiásmica, no estágio da barbárie na transição entre a fase média e superior. A forma de casamento é entre casais individuais, e a coabitação é exclusiva. Essa configuração familiar é a primeira que não se baseia em condições naturais, e sim econômicas, com a finalidade de perpetuar e preservar a propriedade privada, como bem demonstra um trecho da obra de Engels (2002, p. 84):

A única coisa que se pode responder é que a família deve progredir na medida em que progrida a sociedade, que deve modificar-se na medida em que a sociedade se modifique; como sucedeu até agora. A família é produto do sistema social e refletirá o estado de cultura desse sistema.

A família é o resultado de formas histórias de organização entre os humanos devido as necessidades de sobrevivência econômica, social, cultural e ideológica. Os estudos sobre família(s) possuem até hoje uma grande capacidade de adaptação teórica, dialogando sob várias áreas do saber de forma transdisciplinar, pois a complexidade do

tema faz com que nenhuma das áreas, de forma isolada, consiga abordá-la em sua totalidade. Dessa forma, faz-se necessário mostrar a partir de qual perspectiva está se discutindo transdisciplinaridade. De acordo com Iribarry (2003, p. 486):

A transdisciplinaridade não procura o domínio sobre várias outras disciplinas, mas a abertura de todas elas àquilo que as atravessa e as ultrapassa. A visão transdisciplinar está resolutamente aberta na medida em que ela ultrapassa o domínio das ciências exatas por seu diálogo e sua reconciliação não somente com as ciências humanas mas também com a arte, a literatura, a poesia [...]. Rigor, abertura e tolerância são características fundamentais da atitude e da visão transdisciplinar. O rigor na argumentação, que leva em conta todos os dados, é a barreira às possíveis distorções. A abertura comporta a aceitação do desconhecido, do inesperado e do imprevisível. A tolerância é o reconhecimento do direito às ideias e verdades que podem se contrariar entre diferentes disciplinas.

Nenhuma área do conhecimento dará conta isoladamente das mudanças que ocorrem ao longo do tempo com a família, não será apenas a História, a Demografia, a Antropologia, a Sociologia, a Psicologia, o Serviço Social, a Geografia e o Direito que conseguirá apreender como, quando e por que essas mudanças perduram na família desde a pré-história. É preciso haver um diálogo entre as diversas áreas do conhecimento, o qual deve ser pautado na necessidade de promover trocas e aproximações entre as mais diversas áreas do saber, porque pensar a família a partir de uma ou duas perspectivas não conseguirá ter a compreensão dos desafios postos à família a partir da modernidade até a atualidade. Dessa forma, a seguir, discutiremos o lugar assumido pela família da modernidade à contemporaneidade, ou seja, como se deu a passagem da família do espaço público para o espaço privado.