N O R M A S P A R A V I S I T A S D O M I C I L I A R I A S C O M P R I O R I D A D E À P U É R P E R A E A O R E C É M - N A S C I D O
Maria Jacyra de Campos Nogueira *
N O G U E I R A , M . J . de C . N o r m a s p a r a visitas domiciliarias c o m prioridade à puérpera e ao recém-nascido. Rev. Esc. Enf. USP, S ã o Paulo, 7 5( 3) : 2 0 5 - 2 1 5 , 1 9 7 9 .
São apresentadas normas para orientar o pessoal auxiliar de enfermagem (visitadoras e auxiliares de enfermagem) de ambulatorios e centros de saúde, no planejamento e execu-ção de visita domiciliaria à puérpera e ao recém-nascido.
I N T R O D U Ç Ã O
A visita d o m i c i l i a r i a é u m m é t o d o utilizado h á m u i t o t e m p o pela e n f e r m a g e m c o m u n i t a r i a ou de saúde p ú b l i c a , n a assistência à f a m í l a 2
.
S u a s v a n t a g e n s e limitações t ê m sido m u i t o discutidas, m a s , como as p r i m e i -ras t ê m s u p l a n t a d o as ú l t i m a s , ela c o n t i n u a a ser u s a d a , estando p r e v i s t a , i n c l u s i v e , no p r o g r a m a m a t e r n o - i n f a n t i l p a r a o P a í s E m nosso m e i o , e m v i r t u d e da f a l t a de e n f e r m e i r a s , ela t e m sido r e a l i z a d a pelo pessoal a u x i l i a r de e n f e r m a g e m ( a u x i l i a r e s de e n f e r m a g e m ou v i s i t a d o r a s ) , t r e i n a d a s e s u p e r v i s i o n a d a s pela e n f e r m e i r a .
O t r a b a l h o q u e apresentamos é baseado e m u m d o c u m e n t o q u e elaboramos, enq u a n t o r e p r e s e n t a n t e da Escola de E n f e r m a g e m da U S P j u n t o ao C e n t r o de S a ú d e -Escola d o B u t a n t ã , p a r a o c o n v ê n i o e n t r e a U n i v e r s i d a d e de S ã o P a u l o e a S e c r e t a r i a de Estado da S a ú d e do G o v e r n o do Estado de S ã o P a u l o . Esse d o c u m e n t o teve como f i n a l i d a d e f o r n e c e r subsídios p a r a o estabelecimento de n o r m a s técnico-administra-tivas p a r a o pessoal a u x i l i a r de e n f e r m a g e m da r e f e r i d a u n i d a d e s a n i t á r i a .
N O R M A S P A R A O P L A N E J A M E N T O E E X E C U Ç Ã O D E V I S I T A D O M I C I L I A R I A C O M P R I O R I D A D E À P U É R P E R A E A O R E C É M - N A S C I D O
1 — OBJETIVO PRINCIPAL
V e r i f i c a r , n o d o m i c í l i o , as condições d e s a ú d e da p u é r p e r a e do recém-nascido, prestar-lhes cuidados de e n f e r m a g e m , d a r o r i e n t a ç ã o à m ã e e e n c a m i n h á - l o s ao
ser-viço de saúde p a r a os devidos controles.
2 — ETAPAS DA VISITA DOMICILIARIA
2 . 1 — P l a n e j a m e n t o . 2 . 2 — E x e c u ç ã o . 2 . 3 — R e g i s t r o de dados.
2 . 1 — Planejamento
O p l a n e j a m e n t o da visita d o m i c i l i a r i a , com p r i o r i d a d e à p u é r p e r a e ao recém-nascido, c o m p r e e n d e as m e s m a s fases de u m a visita d o m i c i l i a r i a e m geral, isto é: seleção das visitas a serem realizadas, coleta de dados, revisão de conhecimentos, elaboração do p l a n o e p r e p a r o do m a t e r i a l .
A l g u n s cuidados, e n t r e t a n t o , são característicos desse tipo de visita:
quanto ao itinerário: as visitas a p u é r p e r a s e recém-nascidos d e v e m p r e c e d e r visitas de outros tipos a serem feitas n o m e s m o i t i n e r á r i o , p r i n c i p a l m e n t e aquelas des-tinadas a casos de doenças transmissíveis;
quanto ao horário: d e v e m ser evitados os h o r á r i o s q u e a t r a p a l h e m os afazeres do-mésticos, pois, g e r a l m e n t e , as m ã e s f i c a m sobrecarregadas c o m os mesmos, q u a n d o há u m n o v o m e m b r o e m casa;
quanto ao plano: deve ser com o b j e t i v o de a t e n d e r p r i o r i t a r i a m e n t e à p u é r p e r a e ao recém-nascido, m a s a f a m í l i a , como u m todo, e suas necessidades, não deve ser es-quecida, pois a u n i d a d e d e t r a b a l h o d a e n f e r m a g e m c o m u n i t á r i a é a f a m í l i a ;
quanto ao preparo do material: o m a t e r i a l m í n i m o p a r a esta visita d o m i c i l i a r i a , q u e deve constar da m a l e t a d a pessoa q u e faz a v i s i t a , é o seguinte:
material educativo: (folhetos, e t c . ) com os seguintes assuntos:
• cuidados gerais com o recém-nascido ( a l i m e n t a ç ã o , asseio c o r p o r a l , h i d r a t a ç ã o , sono, e t c ) ;
• i m p o r t â n c i a e técnica de a l e i t a m e n t o m a t e r n o ; • cuidados com o coto u m b i l i c a l ;
• cuidados n o p u e r p e r i o ( h i g i e n e í n t i m a , a l i m e n t a ç ã o , p r e v e n ç ã o de i n f e c ç õ e s ) ; • época de r e t o r n o da p u é r p e r a e recém-nascido ao serviço de saúde, etc.
material para cuidado: f i t a m é t r i c a , t e r m ô m e t r o , tensiômetro e estetoscopio de adul-tos, toalhas de p a p e l , gase esterilizada, cotonetes esterilizados e álcool.
2 . 2 — Execução
A o i n i c i a r a visita, a abordagem inicial é s e m e l h a n t e à realizada p a r a outros tipos de visitas, isto é, h á necessidade de q u e a v i s i t a d o r a se i d e n t i f i q u e e esclareça os objetivos de sua v i s i t a .
A visitadora d e v e p r o c u r a r n ã o i n t e r f e r i r nos afazeres domésticos e colocar a puérpera e sua f a m í l i a à v o n t a d e .
A visita d o m i c i l i a r i a com p r i o r i d a d e à p u é r p e r a e ao recém-nascido deve seguir d e t e r m i n a d a sistematização, a f i m de ser obtido r e n d i m e n t o m a i o r ; precisa, entre-tanto, ser f l e x í v e l e adaptada às necessidades e motivações da m ã e e da f a m í l i a .
A s atividades são as seguintes:
• l e v a n t a m e n t o de dados da p u é r p e r a e do recém-nascido, p o r meio de entrevista e de e x a m e físico s u m á r i o ;
• orientação ou o u t r a s condutas de acordo com os dados l e v a n t a d o s ; • registro dos dados obtidos.
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CONDUTA A SER SEGUIDA
DESVIOS
7 — Fazer o exame físico
su-mário. Nos casos em que
hou-ver problema de cicatrização ou
iníecção do local da episiotomia ou da cesária, encaminhar para consulta médica urgente (nas 24 horas subseqüentes à visita).
8 — Orientar sobre a existência de métodos anticoncepcionais c
encaminhar para o médico para a orientação e prescrição do mé-todo.
1 — Fazer o exame físico
su-mário. Encaminhar para con-sulta com o pediatra, antes de completar 1 mês de idade.
2 — Idem item 1.
3 — Idem item 1,
Encaminhar para consulta ur-gente com o pediatra (nas 24 horas subseqüentes à visita). Orientar sobre o valor do alei-tamento materno, da hidratação e técnica de amamentação.
4 — Levantar causas de choro.
Se as causas não forem de fo-me ou sede (choro contínuo mesmo após ter mamado, sido trocado e hidratado), encami-nhar para consulta médica ur-gente (nas 24 horas subseqüen-tes à visita). Orientar a mãe sobre berço improvisado e me-lhoria das condições de aeração e insolação.
CONDUTA A SER SEGUIDA DADOS NORMAIS OU
DESEJÁVEIS
7 — Idem item 1.
Reforçar orientações sobre o curativo e fazê lo, se necessário, para que a mulher aprenda a
fazê-lo sozinha.
8—Fazer exame físico sumário
e encaminhar para consulta pós-parto, 30 a 40 dias após o mes-mo.
1 — Fazer o exame físico
su-mário. Encaminhar para con-sulta com o pediatra, em torno do 1.° mês de idade.
2 — Idem item 1.
3 — Idem item 1.
Reorientar, se necessário, sobre valor do aleitamento materno e técnica de amamentação.
4 — Idem item 1. DESVIOS
7 — Má higiene no local de
cicatrização, má cicatrização e infecções.
8 — Gravidez não desejada, por
falhas na utilização de meios an-ticoncepcionais ou outros mo-tivos.
1 — Antes ou após os 9 meses.
Parto gemelar. Peso menor que
2500 g ou maior que 4000 g.
2 — Fototerapia, transfusão de sangue, ou soro, infecções, in-cubadora.
3 — Ausência ou insuficiência de
leite materno, problema de ma-mas da mãe, desconhecimento ou tabus relativos ao aleitamen-to e hidratação.
4 — Dormir pouco, chorar
mui-to, dormir na cama dos pais, apesar de boas condições econô-micas da família. Posição ina-dequada no leito. Ambiente
con-finado e sem ventilação. NORMAL OU
DESEJÁVEL
7 — Curativo diário com
me-dicamentos indicados. Cicatri-zação adequada.
8 — Filho planejado e/ou
gravi-dez desejada.
1 — 9 meses, peso entre 2500 g
e 3500 g.
3 — Leite materno
aproxima-damente de 3/3 horas. Agua e chá com pouco açúcar, nos in-tervalos.
Suga e engole bem. Uso de téc-nica correta para amarnentar.
4 — Dorme a maior parte do dia, só acordando para mamar.
Fecha os olhos à claridade,
cho-ra de sede, fome ou mal-estar
Dorme em berço próprio, mas perto dos pais, em colchão fir-me, sem travesseiro, decúbito la-teral após as mamadas. Am-biente com boa ventilação e in-solação.
TIPO DE DADO
7 — Curativo de
epi-siotomia ou da
cica-triz de cesária.
8 — Aceitação da
criança pelos pais.
RECÉM-NASCIDO 1 — Idade gestacional,
peso e altura ao nas-cer.
2 — Intercorrências no
berçário.
3 — Alimentação e
hi-dratação.
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1CONDUTA A SER SEGUIDA
DESVIOS
2.5 — Nos casos dn dermatite
amoniacal ensinar a lavar as fraldas, enxaguar bem e na úl-tima água enxaguar com água avinagrada; passar a ferro as fraldas; não usar talco nem óleo mineral; caso não melhore com a higiene, levar ao médico.
2.6 — No caso de falta de
as-seio e vestuário não adequado, orientar explicando a necessi-dade.
CONDUTA A SER SEGUIDA DADOS NORMAIS OU
DESEJÁVEIS
2.5 — Ensinar a fazer a limpe-za cem água morn*, entre as
de-fecações; banho de assento, sem molhar o umbigo, em lugar do banho fceial, até a queda do coto umbilicall; banho após (de-monstrar técnica).
2.6 — Idem item 2.5
1
DESVIOS
2.5 — Dermatite amoniacal,
im-petigo, restos de fezes velhas; uso de talco e óleo mineral
2.6 — Vestuário em desacordo
com a temperatura ambiente. Restos de leite ou outras
su-j idades na pele e couro
cabe-ludo.
NORMAL OU DESEJÁVEL
2.5 — Pele integra, limpo entre
as defecações e as micções.
2.6 — Vestuário e asseio
ade-quados.
TIPO DE DADO
2.5 — Perineo.
2.6 — Vestuário e
N O G U E I R A , M . J . de C . P a t t e r n s of m a t e r n a l - c h i l d nursing home-visit. Rev. Esc. Enf. USP, S ã o P a u l o 7 5 ( 3 ) : 2 0 5 - 2 1 5 , 1 9 7 9 .
Here is presented patterns for the maternal-child nursing home-visit, nursing auxiliary personnel.
The objective of tris article is to orient nursing auxiliary personeal responsible for maternal-newborn child home visiting. It contains detailed information on what to do when normal as well as abnormal conditions are found.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BRASIL, MINISTERIO DA SAODE. 5.» Conferência Nacional de Saúde. Programa materno-infantil. Brasilia, 1975.
2. NOGUEIRA, M. J . de C. & SERPA DA FONSECA, R. M. G. A visita domiciliaria como método de assistência de enfermagem à família. Rev. Esc. Enf. USP, São Paulo, 11(1):28-50, 1977.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1 FREDDI, W. E. da S. & MARTINS, H. A. L. Guias de estudo de enfermagem obstétrica. Rev. Esc. Enf. USP, São Paulo, 6(1/2):129-256, 1972.