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Processo nº 67/2012 Data: Acordam, em conferência, na Secção Criminal do Tribunal da Relação de Évora

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Processo nº 67/2012 Data: 2012-10-09

Acordam, em conferência, na Secção Criminal do Tribunal da Relação de Évora

I. RELATÓRIO

No processo comum nº 67/12.9GCSTB, do Juízo Criminal do Tribunal Judicial ..., o Ministério Público acusou SP, solteira, nascida a 28 de maio de 1979, em ..., residente na Rua..., pela prática, em autoria material, de um crime de condução de veículo sem habilitação legal, previsto e punível pelo artigo 3.º n.ºs 1 e 2 do Decreto-Lei n.º 2/98, de 3 de janeiro, em conjugação com o disposto no artigo 121.º do Código da Estrada.

Não foi apresentada contestação escrita.

Realizado o julgamento, perante Tribunal Singular, foi a Arguida condenada, como autora material de um crime de condução de veículo sem habilitação legal, previsto e punível pelo artigo 3.º, n.ºs 1 e 2, do Decreto-Lei n.º 2/98, de 3 de janeiro, em conjugação com o artigo 121.º, n.º 1, do Código da Estrada, na pena de 6 (seis) meses de prisão, a cumprir por dias livres, correspondendo a 36 (trinta e seis) fins-de-semana de reclusão em Estabelecimento Prisional, iguais e sucessivos, entre as 09H00 de sábado e as 21H00 de domingo, com início no terceiro fim-de-semana seguinte à data do trânsito em julgado.

Inconformada com tal decisão, a Arguida dela interpôs recurso, retirando da respetiva motivação as seguintes conclusões [transcrição]:

«a) O presente recurso tem como objecto toda a matéria de direito da sentença proferida nos presentes autos e que condenou a recorrente pela prática de um crime de condução sem habilitação legal, previsto e punido no artigo 3º, nºs. 1 e 2, do Dec. Lei nº 2/98 de 03/0 na pena de seis meses de prisão.

b) Discorda-se da decisão proferida por não exclusão de todas as outras penas não privativas da liberdade e por uma errónea fundamentação das mesmas e em especial da medida da pena e da aplicação de uma pena de prisão efectiva.

c) Através da conjugação do disposto nos artigos 70º, 40º, nº 1 e 58º, nº 1, todos do Código Penal, deveria o Tribunal a quo optar, in casu, pela aplicação de uma pena de substituição que se consubstanciasse na prestação de trabalho a favor da comunidade.

d) O Tribunal a quo deveria ter aplicado uma pena não privativa da liberdade, pois esta prevalece sobre a pena de prisão efectiva e, deste modo, cumpriria as funções de reintegração social da arguida, ora recorrente.

e) As penas de prisão efectiva apresentam múltiplos inconvenientes que superam em muito as suas vantagens.

f) Correndo-se o risco de deixarmos de ter uma arguida perfeitamente socializada, para passarmos a ter uma arguida completamente de-socializada, devido aos efeitos negativos do cumprimento da pena de prisão; para além dos efeitos nefastos que poderiam ser causados ao filho menor da arguida dado o afastamento da mãe neste tipo de circunstâncias.

g) Considera ainda a douta sentença recorrida que a arguida não deve beneficiar da substituição da pena de prisão por trabalho a favor da comunidade, porque já beneficiou desta pena substitutiva. Acontece que, efectivamente a arguida já foi condenada em 21/09/2011 na pena de 6 meses de prisão, substituída na sua execução por 180 dias de trabalho a favor da comunidade; mas a arguida ainda não cumpriu esta pena porque aguarda ainda o contacto por parte da entidade competente.

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h) É notório o erro de pressupostos em que se baseia a fundamentação da douta Sentença recorrida, bem como é excessiva a pena aplicada; pelo que entende a recorrente que a mesma deverá ser substituída por trabalho a favor da comunidade, ou caso V. Ex.ªs. assim não o entendam, deve a mesma ser suspensa na sua execução ou substituída pela prisão em regime de permanência na habitação, por serem mais adequadas, por suficientes, às sobreditas finalidades da punição, representando a sua aplicação uma censura suficiente dos factos e, simultaneamente, uma garantia para a Comunidade da validade e vigência da norma violada.

Termos em que e nos demais de direito deve ser dado provimento ao presente recurso e, por via dele, ser revogada a douta sentença recorrida e, em consequência, ser a pena de seis meses de prisão efectiva substituída por trabalho a favor da comunidade, a que a arguida dá o seu consentimento.

Caso V.ªs Ex.ªs, assim o não entendam, deverá a pena em que a recorrente foi condenada ser suspensa na sua execução ou substituída ela prisão em regime de permanência na habitação.

Fazendo-se assim a habitual e esperada Justiça!»

O Ministério Público, junto do Tribunal recorrido, respondeu, pugnando pela improcedência do recurso.

Invoca a impossibilidade de substituição ou suspensão de uma pena de prisão a favor da Arguida que, em apenas dois anos somou seis condenações por condução inabilitada, que delinquiu em pleno período de suspensão da execução de pena de prisão, e que apelida de

«incorrigível».

Afirma, também, que a «arguida tem vivido em absoluta impunidade, ao arrepio das expectativas comunitárias mínimas e da necessidade de defesa dos bens jurídicos.» E que a «impunidade redunda em ineficácia do Direito Penal.»

O recurso foi admitido.

Enviados os autos a este Tribunal da Relação, o Senhor Procurador Geral Adjunto, revelando concordar, no essencial, com a resposta apresentada pelo Ministério Público na 1ª Instância, chama a atenção para os antecedentes criminais da Arguida, para acentuar que o seu comportamento já não permite prever «que a substituição da pena de prisão efetiva, para além dos termos em que o foi, e como vem peticionado, realiza de forma adequada e bastante as finalidades da punição» e concluir pela improcedência do recurso.

Cumprido o disposto no n.º 2 do artigo 417.º do Código de Processo Penal, nada mais se acrescentou.

Efetuado o exame preliminar, determinou-se que o recurso fosse julgado em conferência.

Colhidos os vistos legais e tendo o processo ido à conferência, cumpre apreciar e decidir.

II. FUNDAMENTAÇÃO

De acordo com o disposto no artigo 412.º do Código de Processo Penal e com a jurisprudência fixada pelo Acórdão do Plenário da Secção Criminal do Supremo Tribunal de Justiça n.º 7/95, de 19 de Outubro de 1995 [1], o objeto do recurso define-se pelas conclusões que o recorrente extraiu da respetiva motivação, sem prejuízo das questões de conhecimento oficioso.

As possibilidades de conhecimento oficioso, por parte deste Tribunal da Relação, decorrem da necessidade de indagação da verificação de algum dos vícios da decisão recorrida, previstos no n.º 2 do artigo 410.º do Código de Processo Penal, ou de alguma das causas de nulidade dessa decisão, consagradas no n.º 1 do artigo 379.º do mesmo diploma legal [2].

O objeto do recurso interposto pela Arguida, delimitado pelo teor das suas conclusões, reconduz-se à (des)adequação da pena imposta. Concretamente se a pena imposta deve

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ser substituída por trabalho a favor da comunidade, ficar suspensa na sua execução ou ser substituída pela prisão em regime de permanência na habitação.

Na sentença recorrida foram considerados como provados os seguintes factos [transcrição]:

«1. No dia 04 de Fevereiro de 2012, pelas 15h15, na Rua...., área desta comarca ..., a arguida conduzia o veículo automóvel, ligeiro de passageiros, de matrícula ..., sem que estivesse habilitada com a respectiva carta de condução ou qualquer outro documento que lhe permitisse a condução de tal veículo em via pública ou equiparada.

2. A arguida actuou de modo livre, deliberado e consciente, sabendo que a sua conduta era proibida por lei.

3. A arguida sabia que não podia conduzir o aludido veículo, naquela via, por não estar legalmente habilitada para o efeito, e apesar disso conduzi-o da forma descrita.

4. A arguida tinha conhecimento que a sua conduta não era permitida e que era criminalmente punível e, mesmo assim, não se inibiu de a praticar.

5. A arguida confessou, de forma livre, integral e sem reservas, os factos acima consignados, dos quais se mostrou arrependida.

6. A arguida nasceu a 28-05-1979, e está solteira.

7. Vive com o seu companheiro e o seu filho menor de idade.

8. Beneficia de rendimento social de inserção no valor de €. 280,00.

9. Paga, a título de renda, a quantia de €. 230,00.

10. Suporta o pagamento de despesas de água e gás, em média, a quantia mensal de €.

40,00.

11. Como habilitações literárias, a arguida tem a 4.ª Classe.

12. A arguida regista antecedentes criminais averbados no seu certificado de registo criminal, nos seguintes termos:

● Por sentença datada de 27-04-2009, proferida no âmbito do processo sumário n.º --- /09.5GAARL, do Tribunal Judicial ..., transitada em julgado em 27-05-2009, por factos praticados em 27 de Abril de 2009, a arguida foi condenada pela prática de um crime de condução de veículo sem habilitação legal, na pena de 40 dias de multa, à taxa diária de €.

5,00.

● Por sentença datada de 29-06-2009, proferida no âmbito do processo sumário n.º --- /09.0GAARL, do Tribunal Judicial ..., transitada em julgado em 29-07-2009, por factos praticados em 25 de Junho de 2009, a arguida foi condenada pela prática de um crime de condução de veículo sem habilitação legal, na pena de 90 dias de multa, à taxa diária de €.

5,00.

● Por sentença datada de 24-11-2009, proferida no âmbito do processo abreviado n.º --- /09.8GBARL, do Tribunal Judicial ..., transitada em julgado em 14-12-2010, por factos praticados em 26 de Agosto de 2009, a arguido foi condenada pela prática de um crime de condução de veículo sem habilitação legal, na pena de 90 dias de multa, à taxa diária de €.

5,00.

● Por sentença datada de 20-07-2011, proferida no âmbito do processo sumário n.º ---- /11.0PCSTB, do 3.º Juízo Criminal do Tribunal Judicial ..., transitada em julgado em 10- 10-2011, por factos praticados em 20 de Julho de 2011, a arguido foi condenada pela prática de um crime de condução de veículo sem habilitação legal, na pena de 9 meses de prisão, suspensa na sua execução pelo período de 1 ano.

● Por sentença datada de 21-09-2011, proferida no âmbito do processo sumário n.º ----

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/11.0PCSTB, do 2.º Juízo Criminal do Tribunal Judicial ..., transitada em julgado em 24- 10-2011, por factos praticados em 07 de Setembro 2011, a arguido foi condenada pela prática de um crime de condução de veículo sem habilitação legal, na pena de 6 meses de prisão, substituída na sua execução por 180 dias de trabalho a favor da comunidade.»

Relativamente a factos não provados, consta da sentença que [transcrição]:

«Com relevância para a boa decisão da causa, inexistem factos por provar.»

A convicção do Tribunal recorrido, quanto à matéria de facto, encontra-se fundamentada nos seguintes termos [transcrição]:

«A convicção do tribunal assentou na análise crítica da prova produzida em audiência de julgamento, bem como do teor dos documentos constantes dos autos, sobre os quais todas as dúvidas foram esclarecidas em audiência, tudo devidamente apreciado com base nas regras da experiência comum e da normalidade da vida.

Assim, para formar a convicção positiva do tribunal quanto à matéria de facto dada como provada vertida nos pontos 1) a 5), foram determinantes as declarações da arguida, através das quais confessou, de forma livre, integral e sem reservas, a prática de tal factualidade, de uma forma que se afigurou credível.

Quanto aos dados pessoais e profissionais vertidos nos pontos 6) a 11), o tribunal considerou as declarações prestadas pela arguida em sede de audiência de julgamento.

Por fim, relativamente aos seus antecedentes criminais consignados no ponto 12), teve-se em consideração o teor do C.R.C. junto aos autos.»

No que concerne à escolha e medida da pena, consta da sentença [transcrição]:

«A pena a aplicar à arguida por causa da prática do crime pelo qual vem acusado, resultará da concretização dos critérios constantes dos artigos 40.º, 70.º e 71.º, todos do Cód. Penal.

Com efeito, na tarefa de determinação da medida da pena impõe-se num primeiro momento que se determine a medida legal abstracta e num segundo momento a sua medida concreta.

Ora, em termos abstractos, o crime de condução de veículo sem habilitação legal, quando se refere a veículo automóvel, é punido com pena de prisão até 2 anos ou com pena de multa até 240 dias - art. 3.º, n.º 2 do DL n.º 2/98.

No que toca à escolha da pena, sempre que o crime seja punível em alternativa com pena privativa da liberdade e pena não privativa da liberdade, a lei penal dá preferência à aplicação de penas não privativas da liberdade sempre que as mesmas realizem de forma adequada e suficiente as necessidades da punição, ou seja, a protecção de bens jurídicos e a reintegração do agente na sociedade, - artigos 70.º e 40.º, n.º 1, ambos do Cód. Penal.

No caso concreto, perante os cinco antecedentes criminais que a arguida já regista, pela prática de crimes de idêntica natureza ao do objecto dos presentes autos, considera o tribunal que a aplicação ao mesmo de uma pena não privativa da liberdade já não realizará de forma adequada e suficiente aquelas necessidades de punição, razão pela qual se opta por uma pena de prisão.

*

No que respeita à medida concreta da pena, a mesma terá como limite máximo a culpa do agente revelada nos factos por si praticados [cf. art. 40.º, n.º 2 do Cód. Penal], e terá de se mostrar adequada a assegurar as exigências de prevenção geral - que são prementes, dado o elevado número de ilícitos desta natureza -, e especial, nos termos do disposto nos artigos 40.º, n.º 1, e 71.º, n.º 1, ambos do Cód. Penal.

Sendo certo que na determinação da medida da pena ter-se-ão em conta todas as circunstâncias que, não fazendo parte do tipo de crime, deponham a favor ou contra o arguido, nomeadamente, as enumeradas no art. 71.º, n.º 2, do Cód. Penal.

Há assim que ponderar:

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- o grau de ilicitude dos factos: que se afigura mediano, face ao modo de execução dos mesmos pela arguida, e à natureza do bem jurídico por ele violado.

- a intensidade do dolo da arguida: que reveste a forma de dolo directo, de acordo com o art. 14.º, n.º 1 do Cód. Penal;

- as necessidades de prevenção especial: mostram-se relevantes, face aos cinco antecedentes criminais que a arguida regista, pela prática de crimes de idêntica natureza ao do objecto dos presentes autos.

- a conduta anterior e posterior aos factos: a arguida confessou os factos livre, integral e sem reservas, dos quais se mostrou arrependido.

- as condições pessoais da arguida e a sua situação económica: que resultaram provadas e aqui se dão por reproduzidas.

Sopesados estes elementos, considera-se justa e adequada a aplicação à arguida, pela prática de um crime de condução de veículo sem habilitação legal, de uma pena concreta de seis (6) meses de prisão.

Cumpre agora apreciar de que forma deverá esta pena de prisão ser executada.

Tendo em consideração que a pena de prisão concretamente aplicada à arguida nestes autos é uma pena de prisão de curta duração e inferior a um ano, devemos ainda ponderar a possibilidade da sua substituição por outra medida não privativa da liberdade.

Neste domínio, como bem ensina JORGE DE FIGUEIREDO DIAS [in Direito Penal Português - As Consequências Jurídicas do Crime, p. 334]:

“(…), desde que imposta ou aconselhada à luz das exigências da prevenção especial de socialização, a pena de substituição só não será aplicada se a execução da prisão se mostrar indispensável para que não seja posta em causa a necessária tutela dos bens jurídicos, e a estabilização das expectativas comunitárias”.

Ora, não obstante o disposto no art. 50.º do Cód. Penal, na redacção decorrente da citada Lei n.º 59/2007, de 05-09, permitir a suspensão da execução da pena de prisão aplicada em medida não superior a cinco anos, opta-se pela não suspensão da execução da pena de prisão ora aplicada à arguida, por não se vislumbrar, atendendo à sua personalidade e ao seu percurso anterior são cinco os antecedentes criminais que a arguida já regista, relacionados com a criminalidade rodoviária, num período de tempo relativamente curto, tudo elementos que inculcam fortemente ser esbatida a sua inserção social, e que a simples censura do facto e a ameaça da pena não realizam de forma adequada e suficiente as finalidades de punição. Na verdade, as condenações anteriores à prática dos factos [incluindo em penas suspensa e substituída por trabalho comunitário] não foram de molde a afastar a arguida da prática de crimes deste tipo de criminalidade.

Por maioria de razão, inexiste fundamento para substituir a pena de prisão por multa, nos termos permitidos pelo art. 43.º do Cód. Penal, dado que a execução da prisão é, in casu, exigida para evitar o cometimento de futuros crimes, cuja gravidade a arguida não interiorizou, pese embora as várias oportunidades que lhe foram sendo concedidas.

Outro tanto se diga relativamente à possibilidade de se substituir a pena de prisão por trabalho a favor da comunidade, dado que pese embora tal seja, abstractamente possível, a coberto do disposto no art. 58.º do Cód. Penal, sempre se dirá que se considera não estarem reunidas as condições minimamente exigidas para a implementação desta pena substitutiva, porquanto não consegue o tribunal emitir um juízo de prognose favorável à reinserção social da arguida, indispensável para que se considere que tal pena de substituição realiza de forma adequada e suficiente as necessidades de punição, exigidas no caso concreto, sendo ainda certo que a arguido já beneficiou desta pena substitutiva e também ela não a impediu de voltar a cometer o mesmo ilícito.

Por outro lado, a citada Lei n.º 59/2007, de 04-09, introduziu a figura do regime de permanência na habitação, com fiscalização por meios técnicos de controlo à distância, cf.

(6)

art. 44.º do Cód. Penal, a qual, em termos abstractos, seria aplicável no presente caso, uma vez que ao arguido foi aplicada pena de prisão inferior a um ano.

Porém, a execução da pena de prisão através deste regime revela-se igualmente inadequado, uma vez que, atento o comportamento refractário da arguida, se nos afigura que esta forma de execução da pena de prisão se mostra inadequada e insuficiente para salvaguardar as necessidades de prevenção especial aqui reclamadas, que exigem o contacto da arguida com o sistema prisional.

Com efeito, como já enfatizamos, entendemos que o caso sub iudice, além de exigir a aplicação de uma pena de prisão, reclama ainda que esta execução seja efectiva e com contacto com o sistema prisional.

Na verdade, a este respeito, consideramos que, atento o evidente percurso criminal da arguida, a pena de prisão ora aplicada não deve ser substituída por uma pena de diferente espécie, por tal não se revelar suficiente nem eficaz do ponto de vista das intensas exigências de prevenção especial que se fazem sentir ao mesmo, pelo que somente a execução da pena de prisão se mostra apta a prevenir a prática de novos crimes pela arguida.

Em todo o caso, atento o disposto no art. 45.º do Cód. Penal, e porque a arguida ainda não foi condenada em prisão efectiva, entendemos que a pena de prisão aplicada à arguida nestes autos deverá ser cumprida em regime de dias livres nos termos do citado preceito legal, afigurando-se que esta forma de cumprimento ainda realiza de forma adequada e suficiente as finalidades da punição, permitindo que a arguida, além de contactar com o sistema prisional, continue a prestar assistência à sua família.

Assim, operando a conversão ali determinada cada período correspondente a fins-de- semana equivale a cinco dias de prisão contínua, a pena de prisão aplicada deve ser cumprida em 36 fins-de-semana iguais e sucessivos, entre as 09h00 de sábado e as 21h00 de domingo, a ter início no terceiro fim-de-semana que se seguir ao trânsito em julgado da presente sentença.»

v

Conhecendo.

i) Vícios previsto no artigo 410.º do Código de Processo Penal

Restringida a cognição deste Tribunal da Relação à matéria de direito, importa desde já referir que do exame da sentença recorrida - do respetivo texto, por si só ou conjugado com as regras da experiência comum e sem recurso a quaisquer elementos externos ou exteriores ao mesmo - não se deteta a existência de qualquer um dos vícios referidos no artigo 410.º, nº 2, do Código de Processo Penal.

Efetivamente, não ocorre qualquer falha na avaliação da prova feita pelo Tribunal “a quo”, sendo o texto da decisão em crise revelador de coerência e de respeito pelas regras da experiência comum e da prova produzida.

E do texto da decisão recorrida decorre, ainda, que os factos nele considerados como provados constituem suporte bastante para a decisão a que se chegou e que nele não se deteta incompatibilidade entre os factos provados e os não provados ou entre a fundamentação e a decisão.

Também não se verifica a inobservância de requisito cominado sob pena de nulidade que não deva considerar-se sanada - artigo 410.º, n.º 3, do Código de Processo Penal.

Assim sendo, considera-se definitivamente fixada a decisão proferida pela 1.ª Instância sobre a matéria de facto.

ii) Pena imposta

Foi a Arguida condenada, como autora material de um crime de condução de veículo sem habilitação legal, previsto e punível pelo artigo 3.º, n.ºs 1 e 2, do Decreto-Lei n.º 2/98, de 3 de janeiro, em conjugação com o artigo 121.º, n.º 1, do Código da Estrada, na pena de 6

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(seis) meses de prisão, a cumprir por dias livres.

Entende a Arguida, ora Recorrente, que tal pena, por ser desadequada, deve ser substituída por trabalho a favor da comunidade, ou ficar suspensa na sua execução ou ser substituída pela prisão em regime de permanência na habitação.

Pretensão que se encontra alicerçada nas seguintes razões:

- prevalência das penas não privativas de liberdade sobre as penas privativas de liberdade, para salvaguarda da reinserção social dos condenados;

- serem maiores os inconvenientes do que as vantagens das penas privativas de liberdade;

- acrescerem aos efeitos nefastos da privação da liberdade para a Arguida os efeitos decorrentes da privação do contacto com seu filho menor;

- não ter cumprido a prestação de trabalho em que foi condenada por razões que lhe são alheias.

Vejamos se lhe assiste razão.

Porque não ocorre qualquer das circunstâncias que, nos termos do artigo 72.º do Código Penal, permite a atenuação especial da pena, a moldura penal abstrata que corresponde ao crime cometido pela Recorrente situa-se entre 1 (um) mês e 2 (dois) anos de prisão ou multa entre 10 (dez) e 240 (duzentos e quarenta) dias [artigo 3.º, n.º 2 do Decreto-Lei n.º 2/98, de 3 de janeiro, e artigos 41.º, n.º 1, e 47.º, n.º 1, do Código Penal].

Na escolha da pena, de acordo com o disposto no artigo 70.º do Código Penal, se ao crime forem aplicáveis, em alternativa, pena privativa e pena não privativa da liberdade, deve o Tribunal dar preferência à segunda sempre que esta realizar de forma adequada e suficiente as finalidades da punição.

Na determinação da medida da pena, face ao disposto no artigo 71º, nº 1, do Código Penal, está o Tribunal vinculado a critérios definidos em função da culpa do agente e de exigências de prevenção.

Na determinação concreta da pena, deve o Tribunal atender a todas as circunstâncias que possam ser consideradas a favor ou contra o agente, entre as quais se encontram as referidas, de forma não taxativa, nas alíneas a) a f) do n.º 2 do artigo 71.º do Código Penal.

Como elementos de referência, na determinação da medida da pena, contam-se o grau de ilicitude do facto, o modo de execução e as respetivas consequências.

Cumpre, ainda, referir que nos termos do n.ºs 1 e 2 do artigo 40.º do Código Penal, a aplicação de uma pena visa a proteção de bens jurídicos e a reintegração do autor do crime na sociedade, não podendo, em caso algum, ultrapassar a medida da culpa.

«Primordialmente, a finalidade visada pela pena há-de ser a da tutela necessária dos bens jurídico-penais no caso concreto; e esta há-de ser também por conseguinte a ideia mestra do modelo de medida da pena. Tutela dos bens jurídicos não obviamente num sentido retrospectivo, face a um crime já verificado, mas com um significado prospectivo, correctamente traduzido pela necessidade de tutela da confiança (...) e das expectativas da comunidade na manutenção da vigência da norma violada; sendo por isso uma razoável forma de expressão afirmar como finalidade primária da pena o restabelecimento da paz jurídica comunitária abalada pelo crime.

(...)

Afirmar que a prevenção geral positiva ou de integração constitui a finalidade primordial da pena e o ponto de partida para a resolução de eventuais conflitos entre as diferentes finalidades preventivas traduz exactamente a convicção de que existe uma medida óptima de tutela dos bens jurídicos e das expectativas comunitárias que a pena se deve propor alcançar; medida esta que não pode ser excedida (princípio da necessidade), nomeadamente por exigências (acrescidas) de prevenção especial, derivadas de uma

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particular perigosidade do delinquente. É verdade porém que esta “medida óptima” de prevenção geral positiva não fornece ao juiz um quantum exacto da pena. Abaixo do ponto óptimo ideal outros existirão em que aquela tutela é ainda efectiva e consistente e onde portanto a pena concreta aplicada se pode ainda situar sem que perca a sua função primordial de tutela dos bens jurídicos. Até se alcançar um limiar mínimo - chamado de defesa do ordenamento jurídico -, abaixo do qual já não é comunitariamente suportável a fixação da pena sem se pôr irremediavelmente em causa a sua função tutelar de bens jurídicos.

(...)

Dentro da moldura ou dos limites consentidos pela prevenção geral positiva ou de integração - entre o ponto óptimo e o ponto ainda comunitariamente suportável de medida da tutela dos bens jurídicos (ou de “defesa do ordenamento jurídico”) - devem actuar, em toda a medida possível, os pontos de vista de prevenção especial, sendo sim eles que vão determinar, em última instância, a medida da pena. Isto significa que releva neste contexto qualquer uma das funções que o pensamento da prevenção especial realiza: seja a função positiva de socialização, seja qualquer uma das funções negativas subordinadas de advertência individual ou de segurança ou inocuização. A medida de necessidade de socialização do agente é no entanto, em princípio, critério decisivo das exigências de prevenção especial, constituindo hoje - e devendo continuar a constituir no futuro - o vector mais importante daquele pensamento.»

Resta referir o princípio da culpa e o seu significado para o problema das finalidades das penas. «Segundo aquele princípio, “não há pena sem culpa e a medida da pena não pode em caso algum ultrapassar a medida da culpa”. A verdadeira função da culpa no sistema punitivo reside efectivamente numa incondicional proibição de excesso; a culpa não é fundamento da pena, mas constitui o seu pressuposto necessário e o seu limite inultrapassável: o limite inultrapassável por quaisquer considerações ou exigências preventivas (...). A função da culpa (...) é, por outras palavras, a de estabelecer o máximo da pena ainda compatível com as exigências de preservação da dignidade da pessoa e de garantia do livre desenvolvimento da sua personalidade nos quadros próprios de um Estado de Direito democrático. E a de, por esta via, constituir uma barreira intransponível ao intervencionismo punitivo estatal e um veto incondicional aos apetites abusivos que ele possa suscitar. [3]»

Não foi sindicada, no recurso interposto pela Arguida, a imposição de pena privativa de liberdade, nem a sua dosimetria, nem a sua não substituição por multa.

Por assim ser, importa apenas aferir a (in)correção da decisão recorrida relativamente à não substituição da pena de prisão por trabalho a favor da comunidade, à não suspensão da respetiva execução, e à não imposição do seu cumprimento em regime de permanência na habitação.

Não é desconhecida a potencialidade do efeito criminógeno do cumprimento das penas de prisão, em ambiente prisional, decorrente da inserção na respetiva subcultura.

Como efeitos adversos dessa privação da liberdade, destacam-se a dessocialização decorrente da interrupção das relações familiares, profissionais e sociais, bem como a má fama e descrédito associados a quem já alguma vez esteve preso.

No entanto, também são apontadas algumas vantagens à privação da liberdade, nessas condições. Que residem na circunstância de ela corresponder ao procedimento indispensável a evitar a prática de novos crimes e à convicção da generalidade das pessoas de que é o único meio adequado à satisfação ou estabilização do sentimento de segurança da comunidade abalada pela ocorrência do crime, alcançando simultaneamente a socialização do delinquente.

Ao que acresce a diminuição dos inconvenientes associados à privação de liberdade, em meio prisional, perante a adequada execução da medida em causa, com vista à reintegração social do recluso.

E as consequências de qualquer um destes fatores depende da personalidade do indivíduo privado de liberdade - da sua permeabilidade ao meio envolvente, para o que lhe possa

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trazer de melhor e de pior…

Mas os mencionados inconvenientes surgem manifestamente atenuados com o cumprimento de penas de prisão em dias livres, porque preserva de forma muito acentuada as ligações familiares e profissionais do condenado e se reveste de menor repercussão social.

Mas porque a privação da liberdade é opção legislativa, a sua imposição pressupõe a ponderação destes interesses, individuais e coletivos.

A prevenção geral positiva, que é o fim mais importante que atualmente se atribui às penas, visa, desde logo, «a criação de um sentimento de confiança no sistema, por parte da população em geral. A segurança das pessoas resulta também da convicção de que o direito é mesmo para ser respeitado.

Mas, numa perspectiva de prevenção geral positiva, a pena tem ainda um efeito pedagógico. O auto-refreamento de eventuais solicitações para o crime que assaltem os não delinquentes é compensado com a satisfação moral de não se sofrer qualquer pena, facto contraposto à pena que se vê aplicada ao delinquente. Finalmente, assinala-se à prevenção geral positiva, um efeito de coerência lógica: a coercibilidade do direito em geral, e do direito penal, em particular, impõe que o desrespeito das respectivas normas tenha consequências efectivas.»[[4]]

É tempo de regressar ao processo.

A Recorrente regista 5 (cinco) condenações pela prática do crime de condução sem habilitação legal.

Importa recordá-las:

«- por sentença datada de 27-04-2009, proferida no âmbito do processo sumário n.º-- /09.5GAARL, do Tribunal Judicial ..., transitada em julgado em 27-05-2009, por factos praticados em 27 de Abril de 2009, a arguida foi condenada pela prática de um crime de condução de veículo sem habilitação legal, na pena de 40 dias de multa, à taxa diária de €.

5,00;

- por sentença datada de 29-06-2009, proferida no âmbito do processo sumário n.º--- /09.0GAARL, do Tribunal Judicial ..., transitada em julgado em 29-07-2009, por factos praticados em 25 de Junho de 2009, a arguida foi condenada pela prática de um crime de condução de veículo sem habilitação legal, na pena de 90 dias de multa, à taxa diária de €.

5,00;

- por sentença datada de 24-11-2009, proferida no âmbito do processo abreviado n.º--- /09.8GBARL, do Tribunal Judicial ..., transitada em julgado em 14-12-2010, por factos praticados em 26 de Agosto de 2009, a arguido foi condenada pela prática de um crime de condução de veículo sem habilitação legal, na pena de 90 dias de multa, à taxa diária de €.

5,00;

- por sentença datada de 20-07-2011, proferida no âmbito do processo sumário n.º-- /11.0PCSTB, do 3.º Juízo Criminal do Tribunal Judicial ..., transitada em julgado em 10- 10-2011, por factos praticados em 20 de Julho de 2011, a arguido foi condenada pela prática de um crime de condução de veículo sem habilitação legal, na pena de 9 meses de prisão, suspensa na sua execução pelo período de 1 ano;

- por sentença datada de 21-09-2011, proferida no âmbito do processo sumário n.º--- /11.0PCSTB, do 2.º Juízo Criminal do Tribunal Judicial ..., transitada em julgado em 24- 10-2011, por factos praticados em 07 de Setembro 2011, a arguido foi condenada pela prática de um crime de condução de veículo sem habilitação legal, na pena de 6 meses de prisão, substituída na sua execução por 180 dias de trabalho a favor da comunidade.»

As condenações impostas à Recorrente - penas de multa, pena de prisão com execução suspensa e pena de prisão substituída por prestação de trabalho a favor da comunidade - e a sua persistência em conduzir veículos sem, para tanto, se encontrar habilitada, não

(10)

permitem acolher a pretensão que agora formula.

E isso mesmo foi dito na decisão recorrida, ao considerar-se indispensável o contacto da Arguida com o sistema prisional.

Conclusão que acompanhamos.

Atente-se que o crime apurado nos presentes autos foi cometido durante o período de suspensão da execução da pena de prisão imposta no processo sumário n.º ---/11.0PCSTB, do 3.º Juízo Criminal do Tribunal Judicial ...

Ou seja, nem perante a séria possibilidade de ter que cumprir pena de prisão a Recorrente deixa de conduzir.

Comportamento para o qual os factos provados não fornecem qualquer explicação que permita atenuar a acentuada incorreção do mesmo relativamente ao modo como a Arguida interioriza decisões judiciais suscetíveis de a privar de liberdade.

E esta postura da Recorrente impõe que se lhe faça, desde já, perceber que a privação de liberdade é realidade que lhe está próxima. O que exige a imposição do contacto com o sistema prisional.

Por outro lado, para satisfação do sentimento de segurança da comunidade e garantia do seu auto-refreamento, o passado criminal da Recorrente e impõe que se assaquem consequências efetivas ao seu comportamento atual [aquele que se apurou e avalia nos presentes autos].

E esta é, volta a referir-se, a sexta vez que a Recorrente é encontrada a conduzir veículo pela via pública sem, para tanto, se encontrar habilitada.

Diz a Arguida que ainda não cumpriu a pena de prestação de trabalho a favor da comunidade, por razões que lhe são alheias.

Semelhante afirmação, ainda que seja verdadeira, não pode ter qualquer repercussão nos presentes autos, pois não consta da factualidade apurada pela 1.ª Instância e que não foi posta em causa no recurso interposto.

Uma última palavra, não motivada, evidentemente, por qualquer propósito acintoso.

Invoca, também, a Recorrente, os nefastos efeitos que a prisão por dias livres pode causar ao seu filho menor.

Já acima se deixou dito que o cumprimento da prisão, em dias livres, preserva, de forma muito significativa, as ligações familiares do condenado.

E resultando dos factos provados que a ora Recorrente não se encontra a trabalhar, não lhe restará, senão, privilegiar o convívio com o filho durante a semana para atenuar as consequências que para o mesmo possam decorrer da sua ausência durante os fins de semana que tiver que passar no estabelecimento prisional.

Por outro lado, a invocação da Recorrente traduz uma inaceitável transferência de responsabilidade pelas consequências dos seus atos.

Sejamos claros, não é a decisão do Tribunal a causa da interrupção temporária do convívio da Recorrente com o filho. O que acarreta semelhantes consequências, num período limitado de tempo em que se impõe a privação da liberdade da Recorrente, considerada - e bem - indispensável a evitar males maiores, é o seu recorrente comportamento de conduzir sem habilitação legal e em que, seguramente, não pensa ou não quer pensar nas consequência daí advenientes…também para o seu filho menor.

Em conclusão, a sentença recorrida não merece qualquer censura.

E o recurso improcede.

(11)

III. DECISÃO

Em face do exposto e concluindo, decide-se negar provimento ao recurso e, em consequência, manter, na íntegra, a sentença recorrida.

Custas a cargo da Recorrente, fixando-se a taxa de justiça em 4 UC’s.

Évora, 9 de Outubro de 2012

(processado em computador e revisto, antes de assinado, pela relatora)

(Ana Luísa Teixeira Neves Bacelar Cruz) (Maria Cristina Capelas Cerdeira)

[1] Publicado no Diário da República de 28 de dezembro de 1995, na 1ª Série A.

[2] Neste sentido, que constitui jurisprudência dominante, podem consultar-se, entre outros, o Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 12 de setembro de 2007, proferido no processo n.º 07P2583, acessível em www.dgsi.pt [que se indica pela exposição da evolução legislativa, doutrinária e jurisprudencial nesta matéria].

[3] Jorge de Figueiredo Dias, in “Direito Penal”, Parte Geral, Tomo I, Coimbra Editora, 2ª Edição, páginas 79 a 83.

[4] Souto de Moura, in “A jurisprudência do S. T. J. sobre fundamentação e critérios da escolha e medida da pena” - acessível em www.stj.pt/ficheiros/estudos/soutomoura_escolhamedidapena.pdf

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