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Acordam, em conferência, na Secção Criminal do Tribunal da Relação de Évora:

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Tribunal da Relação de Évora Processo nº 2/03. 5 FCLGS-W.E1 Relator: MARIA LEONOR BOTELHO Sessão: 21 Agosto 2018

Votação: UNANIMIDADE

Meio Processual: RECURSO PENAL Decisão: NEGADO PROVIMENTO

TRÂNSITO EM JULGADO DA CONDENAÇÃO

PRESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO CRIMINAL

Sumário

I – Para efeitos de contagem do prazo de prescrição do procedimento criminal só pode atender-se ao prazo decorrido até ao trânsito em julgado da sentença condenatória, pois, a partir daí só pode estar em causa a prescrição da pena, não contando, para este efeito, o prazo vencido desde a data da prática do crime.

Texto Integral

Acordam, em conferência, na Secção Criminal do Tribunal da Relação de Évora:

I – RELATÓRIO

1. 1. - Decisão Recorrida

No processo comum colectivo com o n.º 2/13.5 FCLGS do Juízo Central Criminal de Portimão – J2 do Tribunal Judicial da Comarca de Faro, foi, em 23.01.2018, proferido despacho que indeferiu o requerimento do arguido JL em que este pedia que fosse declarada prescrita a pena de 5 anos de prisão efectiva em que fora condenado nestes autos.

1. 2. - Recurso

1.2.1. - Inconformado com essa decisão, dela recorreu o arguido, pugnando pela sua revogação, finalizando a sua motivação com as seguintes conclusões:

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«1. Em 19-01-2018 o arguido JL, ora Recorrente veio por requerimento invocar a prescrição dos presentes autos.

2. Por despacho datado de 23-01-2018 o tribunal "a quo" indeferiu o requerido.

3. Andou mal o tribunal "a quo" ao indeferir a invocada prescrição, pois mesmo que se entenda que a pena não se encontra prescrita, sempre se dirá que nos termos do disposto no artigo 118.° e seguintes do Código Penal o procedimento encontra-se prescrito, porquanto já passaram mais de 15 anos sobre a data da prática do crime - 2003.

4. Ao abrigo do artigo 118.º e 119.° do Código Penal o tribunal "a quo" deveria ter declarado procedente a invocada prescrição e julgar os presentes autos extintos por prescrição do procedimento.

5. Senão vejamos a alegada consumação do facto ocorreu no ano de 2003, tratando-se de crime cujo limite máximo da pena de prisão seja superior a 10 anos, este prescreve no prazo de 15 anos, encontramo-nos em 2018, sendo certo que sobre a alegada consumação do facto já decorreram mais de 15 anos.

6. Tendo assim o tribunal" a quo" violado os artigos 118.° e seguintes do Código Penal.

7. E bem assim a ratio legal do instituto da prescrição, pois em direito penal o decurso do tempo é causa de extinção da responsabilidade penal.

8. O decurso do tempo no direito penal projecta-se, em toda a sua plenitude, no instituto da prescrição.

9. A prescrição afecta o procedimento criminal e a execução das penas. A prescrição do procedimento criminal impede a aplicação de uma pena; a prescrição da pena impede a sua execução. Estamos, porém, convencidos de que a denominada prescrição do procedimento criminal afecta muito mais do que isso, já que põe em causa o apuramento da existência do próprio crime.

10. A intervenção do direito penal, a partir de determinada altura, é inócua e não visa cumprir nenhum dos fins a que se propõe e que, no fundo, constituem

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os fundamentos da sua intervenção legitimadora.

11. A partir desse "tempo", que pode ou não coincidir com os prazos de prescrição consagrados pelo legislador ordinário, a intervenção do direito penal pode ser violadora dos princípios fundamentais que o legitimam, conforme sucede in casu,

12. Vigorando no nosso ordenamento jurídico a teoria do esquecimento que sustenta que o tempo faz com que a sociedade esqueça - paulatinamente - o crime e a recordação do delito. O facto é esquecido, a relevância social desaparece. Extinguindo-se a lembrança do delito, extingue-se a

intranquilidade e o alarme social e o desejo de satisfação do ofendido, pelo que, por carência da punibilidade do ilícito, cessando o direito de punir, por se mostrar desnecessário e inútil (a punição seria ineficaz).

13. Por outro lado, o andamento do processo durante anos, faz com que o arguido medite sobre a sua conduta, sendo esta - e o sofrimento imposto por isso – é suficiente para a expiação da culpa, não havendo necessidade de outra sanção.

14. Decorridos 15 anos desde a alegada prática do crime seria impor outra pena ao arguido e puni-lo duas vezes.

15. O Estado apenas deve actuar quando estritamente necessário e indispensável, logo após a prática do crime, pois, mais tarde, perde a relevância para o combate da criminalidade.

16. O mero decurso do tempo retira legitimidade à punição, desaparecendo o interesse na aplicação da pena, o que deveria ter sido ponderado in casu e não o foi pelo tribunal "a quo",

17. Veja-se também neste sentido a nossa jurisprudência dominante,

nomeadamente o acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 18.03.1953, in BMI, N.º 36, P: 108-110 que refere que ser o "castigo", demasiado longe do delito ou da condenação é uma inutilidade. E é uma inutilidade porque a intervenção do direito penal, com todas as suas armas, a partir de

determinada altura, não é capaz de cumprir nenhuma das suas funções ou finalidades, tanto mais que, sendo o direito penal a ultima ratio da intervenção Estadual, só está legitimado a intervir socialmente quando esteja em

condições de cumprir essas finalidades,

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18. A prescrição acaba por ser um modo de extinção da responsabilidade criminal decorrente do crime por razões ponderosas de política criminal e de utilidade social: a pacificação que decorre do decurso do tempo produz na consciência social uma diminuição, senão mesmo uma eliminação, do alarme social produzido, a perda da ressonância antijuridica do facto ante o efeito do decurso do tempo sobre os acontecimentos humanos, dificuldades de obtenção e reprodução do material probatório e grave impedimento do acusado para realizar a sua defesa.

19. Seguimos também o entendimento do Professor Germano Marques da Silva o qual sustenta que, enquanto referida ao procedimento, a prescrição tem natureza processual, porém, cm matéria penal não há punibilidade sem procedimento.

20. A prescrição, impedindo o procedimento, tem efeitos de extinção da responsabilidade, da punibilidade, e por isso tem também natureza mista.

Embora enquadrando as normas sobre a prescrição (do procedimento criminal) com natureza material, integra em leis processuais com efeitos materiais (leis processuais penais materiais) as relativas aos prazos de prescrição do procedimento criminal.

21. Termos em que deverá o despacho recorrido ser revogado por violação do disposto nos artigos 118.º e seguintes do Código Penal e bem assim do

instituto da prescrição e do artigo 32.º da nossa Constituição.

22. Devendo em consequência serem os presentes autos declarados extintos por prescrição.».

1.2.2. – Na resposta, o Ministério Público pugnou pela improcedência do recurso e manutenção do despacho recorrido.

Lavrou as seguintes conclusões:

«1- O âmbito do recurso retira-se das respectivas conclusões as quais por seu turno são extraídas da motivação da referida peça legal, veja-se por favor a título de exemplo o sumário do douto Acórdão do STJ de 15-4-2010, in www.dgsi.pt,Proc.18/05.7IDSTR.E1.S1.

2- “Como decorre do artigo 412.º do CPP, é pelas conclusões extraídas pelo recorrente na motivação apresentada, em que resume as razões do pedido que

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se define o âmbito do recurso. É à luz das conclusões da motivação do recurso que este terá de apreciar-se, donde resulta que o essencial e o limite de todas as questões a apreciar e a decidir no recurso, estão contidos nas conclusões, exceptuadas as questões de conhecimento oficioso.

3- São assim, as conclusões quem fixam o objecto do recurso, artigo 417º, nº3, do Código de Processo Penal.

4- O Douto Acórdão que condenou o arguido na pena de prisão de 5 anos transitou em julgado a 7-7-2011.

5- No artigo 122º, nº1, alínea b), do Código Penal estatui-se que o prazo de prescrição para a aludida pena é 15 anos.

6- É evidente que a pena de prisão de 5 anos ainda não prescreveu, razão pela qual não deverá proceder o recurso.

7- O prazo de prescrição da pena inicia-se com o trânsito em julgado do Douto Acórdão e não a partir da data da prática dos factos, nº2, do artigo 122º, do Código Penal.

8-Vem o arguido em sede de recurso levantar a falsa questão da prescrição do procedimento criminal ou no mínimo, misturar o prazo de prescrição do

procedimento criminal com o prazo de prescrição da pena.

9- A confusão é deliberada, mas não deverá ter qualquer sucesso, por não ter cobertura legal.

10- Decidiu acertadamente o Tribunal recorrido no Douto Despacho que declarou não estar prescrita a pena de prisão de 5 anos.

11- Deve manter-se na totalidade o Douto Despacho recorrido.

Negando provimento ao recurso ASSIM SE FAZENDO JUSTIÇA.».

1.2.3. - Subidos os autos a este Tribunal da Relação, a Exma Senhora

Procuradora-Geral Adjunta, na intervenção a que se reporta o art.º 416.° do C.P.P., sufragando o entendimento do Ministério Público na 1ª Instância, pronunciou-se pela improcedência do recurso.

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1.2.4. - Cumprido o disposto no art.º 417.°, n.º 2, do C.P.P., sem resposta,

procedeu-se a exame preliminar, após o que, colhidos os vistos, foram os autos a conferência, de harmonia com o preceituado no art.º 419.°, n.° 3, do mesmo diploma.

II – FUNDAMENTAÇÃO 2. 1. - Objecto do Recurso

Dispõe o artigo 412º, nº 1, do C.P.P, que a motivação enuncia especificamente os fundamentos do recurso e termina pela formulação de conclusões

deduzidas por artigos, em que o recorrente resume as razões do pedido.

E no nº 2 do mesmo dispositivo legal determina-se também que versando matéria de direito, as conclusões indicam ainda:

a) As normas jurídicas violadas;

b) O sentido em que, no entendimento do recorrente, o tribunal recorrido interpretou cada norma ou com que a aplicou e o sentido em que ela devia ter sido interpretada ou com que devia ter sido aplicada; e

c) Em caso de erro na determinação da norma aplicável, a norma jurídica que, no entendimento do recorrente, deve ser aplicada.

Constitui entendimento pacífico que o âmbito dos recursos é definido pelas conclusões extraídas pelo recorrente da respectiva motivação, que delimitam as questões que o tribunal ad quem tem de apreciar, sem prejuízo das que forem de conhecimento oficioso (cfr. Germano Marques da Silva in Curso de Processo Penal, vol. III, 2ª ed., pág. 335, Simas Santos e Leal Henriques, in Recursos em Processo Penal, 6ª ed., 2007, pág. 103, e, entre muitos outros, o Ac. do S.T.J. de 05.12.2007, Procº 3178/07, 3ª Secção, in www.stj.pt).

Atentas as conclusões apresentadas, que traduzem as razões de divergência com a decisão impugnada, a questão a analisar e decidir prende-se com saber se a pena de 5 anos de prisão efectiva aplicada nestes autos se mostra

prescrita.

*

2. 2. - Da Decisão Recorrida

É o seguinte o teor do despacho recorrido:

«Vem o arguido/condenado JL requerer se declara extinta por prescrição a pena de 5 anos de prisão efectiva em que foi condenado nos presentes autos.

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O MP teve vista e promoveu o indeferimento, alegando que a pena não prescreveu.

Cumpre apreciar e decidir:

O arguido foi condenado em pena efectiva de 5 anos de prisão – vd. fls. 10496 – por douto acórdão do STJ proferido a 24/3/2011, que transitou a 7/7/2011 – vd. fls. 10567 e 10739.

Cumpre apreciar:

Na redacção actual que é a da Lei n.º 59/2007, de 04/09, dispõe o artigo 122.º do Código Penal, como segue

“Prazos de prescrição das penas”

1 - As penas prescrevem nos prazos seguintes:

a) Vinte anos, se forem superiores a dez anos de prisão;

b) Quinze anos, se forem iguais ou superiores a cinco anos de prisão;

c) Dez anos, se forem iguais ou superiores a dois anos de prisão;

d) Quatro anos, nos casos restantes.

2 - O prazo de prescrição começa a correr no dia em que transitar em julgado a decisão que tiver aplicado a pena.

3 - …

Assim,

Sendo o prazo de prescrição da pena a considerar para o caso sob apreciação de 15 anos, a contar do dia em que transitar em julgado a decisão que tiver aplicado a pena – art. 122º nº1b) e nº2, data que ocorreu a 7/7/2011.

É manifesto que sobre o referido trânsito ainda não decorreu o aludido prazo de 15 anos de prescrição.

Termos em que se indefere ao requerido.

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Notifique.».

*

2. 3. - Apreciando e decidindo

Sustenta o recorrente que o Tribunal a quo decidiu erradamente ao não considerar prescrita a pena de 5 anos de prisão, defendendo agora que, mesmo considerando que a pena não estava prescrita, deveria ter entendido que o procedimento criminal o estava, nos termos previstos no art.º 118.º e seguintes do C. Penal, por terem decorrido mais de 15 anos sobre a data da prática do crime.

Como bem refere o Ministério Público, não assiste qualquer razão ao

recorrente, misturando o mesmo deliberadamente os conceitos de prescrição da pena e de prescrição do procedimento criminal, numa amálgama sem qualquer êxito.

Vejamos.

Quanto aos prazos de prescrição das penas, estabelece o art.º 122º do C.

Penal:

«1 - As penas prescrevem nos prazos seguintes:

a) Vinte anos, se forem superiores a dez anos de prisão;

b) Quinze anos, se forem iguais ou superiores a cinco anos de prisão;

c) Dez anos, se forem iguais ou superiores a dois anos de prisão;

d) Quatro anos, nos casos restantes.

2 - O prazo de prescrição começa a correr no dia em que transitar em julgado a decisão que tiver aplicado a pena.

3 - É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 3 do artigo 118.º».

(sublinhados e realce nossos)

Assim, de acordo com o preceito legal transcrito, a pena de 5 anos de prisão aplicada nestes autos prescreve no prazo de 15 anos, a contar do trânsito em julgado do acórdão condenatório.

E, tendo tal trânsito ocorrido em 07.07.2011, é manifesto que ainda não decorreu o mencionado prazo de 15 anos.

Consequentemente, sem necessidade de outras considerações, bem andou a decisão recorrida ao indeferir o pedido de declaração de prescrição da pena

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de prisão aplicada nestes autos, decisão que não violou qualquer norma legal, nem designadamente as indicadas pelo recorrente.

Improcede, pois, nesta parte o recurso interposto.

Quanto à prescrição do procedimento criminal a que o recorrente também alude no recurso que interpôs, misturando-a com a prescrição da pena, resulta claro que se trata de questão nova não suscitada na 1ª Instância.

Não obstante, estando em causa matéria de conhecimento oficioso, sempre se dirá que também aí não assiste qualquer razão ao recorrente.

Com efeito, o crime de tráfico de estupefacientes, p. e p. pelo art.º 21.º, n.º 1, do Dec.-Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro, foi cometido pelo ora recorrente em 2003 e o trânsito em julgado do acórdão condenatório ocorreu em 07.07.2011.

Tal crime é punível com pena de 4 a 12 anos de prisão (art.º 21.º, n.º 1 do Dec.-Lei nº 15/93, de 22 de Janeiro).

Ora, quanto aos prazos de prescrição do procedimento criminal, estabelece o art.º 118.º do C. Penal:

«1 - O procedimento criminal extingue-se, por efeito de prescrição, logo que sobre a prática do crime tiverem decorrido os seguintes prazos:

a) 15 anos, quando se tratar de crimes puníveis com pena de prisão cujo limite máximo for superior a 10 anos ou dos crimes previstos nos artigos 335.º, 372.º, 373.º, 374.º, 374.º-A, 375.º, n.º 1, 377.º, n.º 1, 379.º, n.º 1, 382.º, 383.º e 384.º do Código Penal, 16.º, 17.º, 18.º e 19.º da Lei n.º 34/87, de 16 de julho, alterada pelas Leis n.os 108/2001, de 28 de novembro,

30/2008, de 10 de julho, 41/2010, de 3 de setembro, 4/2011, de 16 de

fevereiro, e 4/2013, de 14 de janeiro, 7.º, 8.º e 9.º da Lei n.º 20/2008, de 21 de abril, e 8.º, 9.º, 10.º e 11.º da Lei n.º 50/2007, de 31 de agosto, e ainda do crime de fraude na obtenção de subsídio ou subvenção;

b) Dez anos, quando se tratar de crimes puníveis com pena de prisão cujo limite máximo for igual ou superior a cinco anos, mas que não exceda dez anos;

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c) Cinco anos, quando se tratar de crimes puníveis com pena de prisão cujo limite máximo for igual ou superior a um ano, mas inferior a cinco anos;

d) Dois anos, nos casos restantes.

2 - Para efeito do disposto no número anterior, na determinação do máximo da pena aplicável a cada crime são tomados em conta os elementos que

pertençam ao tipo de crime, mas não as circunstâncias agravantes ou atenuantes.

3 - Se o procedimento criminal respeitar a pessoa colectiva ou entidade equiparada, os prazos previstos no n.º 1 são determinados tendo em conta a pena de prisão, antes de se proceder à conversão prevista nos n.os 1 e 2 do artigo 90-B.º

4 - Quando a lei estabelecer para qualquer crime, em alternativa, pena de prisão ou de multa, só a primeira é considerada para efeito do disposto neste artigo.

5 - Nos crimes contra a liberdade e autodeterminação sexual de menores, bem como no crime de mutilação genital feminina sendo a vítima menor, o

procedimento criminal não se extingue, por efeito da prescrição, antes de o ofendido perfazer 23 anos». (sublinhados e realce nossos)

Assim, no caso em apreço, estando em causa crime punível com pena de prisão com limite máximo superior a 10 anos, o procedimento criminal

extingue-se, por efeito da prescrição, logo que sobre a prática do crime tiver decorrido o prazo de 15 anos.

Deste modo, mesmo desconsiderando quaisquer causas de interrupção e/ou de suspensão da prescrição eventualmente existentes nos autos, previstas nos art.ºs 120.º e 121.º do C. Penal – causas que os elementos constantes deste apenso não permitem avaliar, mas que, a existirem, redundariam num alargamento do mencionado prazo de 15 anos - é manifesto que na data do trânsito em julgado do acórdão condenatório, isto é, em 07.07.2011, ainda não tinha decorrido o referido prazo de 15 anos após a data da prática dos factos (2003).

Consequentemente, em tal data – 07.07.2011 – também não havia decorrido o prazo prescricional do procedimento criminal que, no caso, era de 15 anos,

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donde claramente resulta que o processo foi julgado e o arguido condenado muito antes de atingido o termo de tal prazo.

Nestes termos, sem necessidade de quaisquer outras considerações, improcede também nesta parte o recurso em análise.

Improcede, pois, integralmente o recurso interposto pelo arguido.

2. 4. – Das Custas

Quanto à responsabilidade por custas do arguido, estabelece o n.º 1 do art.º 513.º do C.P.P. que só há lugar ao pagamento da taxa quando ocorra

condenação em 1ª instância e decaimento total em qualquer recurso.

Assim, tendo decaído integralmente, é o recorrente responsável pelo

pagamento das respectivas custas, impondo-se por isso a sua condenação no pagamento daquelas, com taxa de justiça que se fixa em 4 UC (art.º 8.º, n.º 9, do Regulamento das Custas Processuais e Tabela III ao mesmo anexa), sem prejuízo de se verificar o pressuposto previsto no art.º 4.º, n.º 1, alínea j), do R.C.P..

III – DECISÃO

Nos termos e pelos fundamentos expostos, acordam os juízes da Secção Criminal do Tribunal da Relação de Évora em negar provimento ao recurso interposto pelo arguido JL, mantendo-se, consequentemente, a douta decisão recorrida.

Custas pelo recorrente, com taxa de justiça que se fixa em 4 UCs (quatro unidades de conta) - (art.º 513.º, n.º 1, do C.P.P. e art.º 8.º, n.º 9, do R.C.P. e Tabela III ao mesmo anexa) - sem prejuízo de se verificar o pressuposto previsto no art.º 4.º, n.º 1, alínea j), do R.C.P..

Comunique de imediato ao Tribunal recorrido, independentemente do trânsito em julgado da presente decisão.

Elaborado em computador e integralmente revisto pela relatora (art.º 94.º, n.º 2, do C.P.P.)

Évora, 21 de Agosto de 2018 ___________________

(Maria Leonor Botelho)

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___________________

(Maria Filomena Soares)

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