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Do modelo e concepção de jogo à análise da performance no futebol : o treino enquanto indutor da operacionalização de um modo de jogar específico : estudo de caso na equipa de sub-19 do Futebol Clube do Porto

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Academic year: 2021

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(1)Do Modelo e Concepção de Jogo à Análise da Performance no Futebol: O Treino enquanto indutor da Operacionalização de um modo de Jogar Específico. Estudo de caso na Equipa de Sub-19 do Futebol Clube do Porto. Pedro Ribeiro. Porto, 2008.

(2) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. II.

(3) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. Do Modelo e Concepção de Jogo à Análise da Performance no Futebol: O Treino enquanto indutor da Operacionalização de um modo de Jogar Específico.. Estudo de caso na Equipa de Sub-19 do Futebol Clube do Porto. Monografia de Licenciatura realizada no âmbito da disciplina de Seminário, Opção de Futebol, ministrada no 5º Ano da Licenciatura em Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Trabalho Realizado por: Pedro Ricardo Torres Ribeiro Trabalho Orientado por: Professor Doutor Júlio Manuel Garganta Silva. Porto, 2008. III.

(4) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. Provas de Licenciatura Ribeiro, P. (2008). Do Modelo e Concepção de Jogo à Análise da Performance no Futebol: o Treino enquanto indutor da Operacionalização de um modo de Jogar Específico. Estudo de Caso da Equipa de Sub-19 do Futebol Clube do Porto. Monografia apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.. Palavras-chave: MODELO DE JOGO, ANÁLISE DO JOGO, SCOUNTING, TREINO, FORMAÇÃO. IV.

(5) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. Dedicatória. A todos, que como eu, vivem intensamente este Mundo do Futebol9. A todos que me auxiliaram na realização deste trabalho9. V.

(6) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. VI.

(7) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. Agradecimentos Ao Professor Doutor Júlio Garganta pela forma cuidada e preocupada com que guiou este trabalho. Pelos conhecimentos que me transmitiu. Pelos ensinamentos de vida. Pelo apoio9Um muito obrigado, Professor.. A todos os Professores da Faculdade, em especial aos Professores do Gabinete de Futebol, por tudo que me ensinaram.. Um agradecimento particular à Professora Doutora Ana Luísa Pereira pelas sugestões e pela disponibilidade evidenciada.. Ao Futebol Clube do Porto como instituição, mas em especial, aos entrevistados, João Luís Afonso e Luís Castro, pela atenção, preocupação e disponibilidade. Ao Patrick Greeveraars, Frasco, José Tavares e ao Rui Silva. Sem eles a realização deste trabalho teria sido impossível. Muito obrigado.. Aos meus queridos pais, por serem os meus melhores amigos. Por serem os meus ídolos. Pelo apoio, postura, paciência, amor e carinho9Pela presença na minha vida! O meu profundo obrigado.. À Joana, por tudo! Por sempre acreditares, pela paciência demonstrada, pelo apoio incondicional, por seres quem és! Obrigado.. A todos os meus amigos, em especial, ao André e João Pedro! Ao meu Mister, João Pedro Coelho, pela presença, amizade e por tudo que me ensinaste. Ao Hélder Baptista, pela amizade e pelos conselhos sempre sábios. Ao Rui Machado pelo apoio e presença constante. Ao Fernando Festa, Tiago, Carina e Ana Raquel pela ajuda e pelo companheirismo.. A todos que contribuíram para que este trabalho se tenha constituído como uma realidade, o meu sincero obrigado.. VII.

(8) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. VIII.

(9) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. Índice. Dedicatória ...................................................................................................................................V Agradecimentos ........................................................................................................................VII Índice ........................................................................................................................................... IX Índice de figuras: ...................................................................................................................... XIII RESUMO....................................................................................................................................XV ABSTRACT ..............................................................................................................................XVII RÉSUMÉ ................................................................................................................................... XIX 1. Introdução ................................................................................................................................ 1 1.1. Objectivos do estudo ...................................................................................................... 5 1.2. Hipóteses do estudo ....................................................................................................... 6 1.3. Estrutura do trabalho ...................................................................................................... 6 2. Revisão da Literatura ............................................................................................................. 9 2.1. Natureza e enquadramento do Jogo de Futebol ...................................................... 11 2.2. Factores de Rendimento: importância da dimensão táctica .................................. 15 2.3. Modelação do Jogo de Futebol ................................................................................... 19 2.3.1. Conceito de Modelo ............................................................................................... 20 2.3.2. Jogo e Modelação: relação de inter-dependência ............................................ 22 2.3.3. Modelação Táctica do Jogo de Futebol.............................................................. 25 2.3.3.1. Futebol: Sistema que engloba muitos outros Sistemas ........................... 26 2.3.3.2. Organização do Jogo: condição essencial na Modelação do Jogo de Futebol………………………………………………………………………………………………………………………29 2.3.4. Modelo e Concepção de Jogo ............................................................................. 31 2.3.4.1. Papel do Modelo e Concepção de Jogo no processo de Formação em Futebol………………………………………………………………………………………………………………………35 2.3.4.2. O Treinador enquanto mentor do Modelo e Concepção de Jogo........... 36. IX.

(10) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. 2.3.4.3. O Jogador enquanto sujeito activo na assimilação, interpretação e operacionalização da Concepção de Jogo ............................................................... 39 2.4. Análise do Jogo ............................................................................................................. 45 2.4.1. Observação, Notação e Análise do Jogo 9 faces da mesma moeda .......... 46 2.4.2. Análise Quantitativa versus Análise Qualitativa: processos independentes ou complementares? ........................................................................................................ 47 2.4.3. Importância da Análise do Jogo no Futebol ...................................................... 50 2.4.4. Âmbitos da Análise do Jogo ................................................................................. 53 2.4.5. Análise da própria equipa: condição imprescindível para a gestão e construção do processo de treino e de jogo................................................................. 54 2.4.6. Scouting: análise da equipa adversária.............................................................. 56 2.5. O Treino enquanto indutor de um Jogo Específico.................................................. 59 3. Metodologia ........................................................................................................................... 63 3.1. Amostra........................................................................................................................... 65 3.2. Construção das Entrevistas ......................................................................................... 67 3.3. Procedimento ................................................................................................................. 68 3.4. Corpus de Estudo.......................................................................................................... 69 3.5. Análise do Corpus de Estudo - Análise do Conteúdo ............................................. 69 3.6. Delimitação dos objectivos como orientação da pesquisa ..................................... 71 3.7. Definição do Sistema Categorial................................................................................. 71 3.8. Justificação do Sistema Categorial ............................................................................ 73 3.9. Definição de Unidades de Análise .............................................................................. 76 4. Apresentação e Discussão do conteúdo das entrevistas .............................................. 79 C1 – Factores de Rendimento Desportivo ........................................................................ 81 C2 – Modelação do Jogo de Futebol ................................................................................. 85 MC2.1 – Relação com o processo de Formação ........................................................ 85 MC2.2 – O Modelo de Jogo ............................................................................................ 87 MC2.3 – Modelação do “jogo” no escalão de Sub-19 ................................................. 90. X.

(11) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. MC2.4 – Concepção de Jogo do Treinador .................................................................. 94 MC2.5 – Jogador como sujeito activo no processo de Modelação........................... 95 C3 – Análise do Jogo de Futebol ....................................................................................... 99 MC3.1 – Futebol de Alto Rendimento versus Futebol de Formação........................ 99 MC3.2 – A análise da própria equipa .......................................................................... 101 MC3.3 – A análise das equipas adversárias (Scouting) e o processo de Formação ........................................................................................................................................... 105 C4 – Treino .......................................................................................................................... 115 MC4.1 – Formação: Necessidade de se impor o “jogo” ........................................... 115 MC4.2 – Relação entre Modelo de Jogo e Análise do Jogo .................................... 116 5. Conclusões .......................................................................................................................... 121 6. Sugestões para futuros estudos....................................................................................... 127 7. Referências Bibliográficas ................................................................................................. 131 8. Anexos....................................................................................................................................... I Guião para a Entrevista ao Coordenador do Gabinete de Scouting (FC Porto).......... III Guião para a Entrevista ao Coordenador do Departamento de Futebol Juvenil (FC Porto) ........................................................................................................................................V Anexo 1 ................................................................................................................................... IX Anexo 2 ................................................................................................................................. XXI. XI.

(12) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. XII.

(13) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. Índice de figuras: Figura 1 - Definições de Modelo (Retirado de Garganta, 1997)................................... 21 Figura 2 – O Jogo enquanto objecto de estudo (Retirado de Garganta, 1997) ............ 24 Figura 3 - Evolução desejável do processo de Análise de Jogo em Futebol (Retirado de Garganta, 1997) ..................................................................................................... 48 Figura 4 – Vantagens da realização da Análise do Jogo (Retirado de Oliveira Silva, 2006)........................................................................................................................... 52 Figura 5 – Interacção entre o processo de treino e o processo de análise e observação do jogo (Retirado de Garganta, 1997) ......................................................................... 61. XIII.

(14) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. XIV.

(15) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. RESUMO A estruturação e aplicação do processo de Treino assumem-se como constrangimentos de grande importância para que jogadores e equipas de Futebol alcancem o êxito desportivo. Neste contexto, o Modelo de Jogo tem-se revelado como um referencial nuclear para enquadrar a prestação competitiva, enquanto que a Análise do Jogo tem contribuído para aferir a distância que separa o processo idealizado do processo efectivado. Nesse sentido, definiu-se para este estudo, um objectivo geral: perceber a importância atribuída por um clube a aspectos como o Modelo de Jogo, Concepção de Jogo do Treinador e Análise do Jogo (da própria equipa da equipa adversária) na relação com a Operacionalização em Treino, tendo em vista a construção de um Jogo Específico. Para o efeito realizou-se uma pesquisa bibliográfica e documental, aliada a um estudo de caso na Equipa de Sub-19 do Futebol Clube do Porto. Neste, para além da realização de um período de observação aos treinos e jogos da equipa, procedeu-se também a entrevistas ao Coordenador do Departamento de Formação Juvenil, Luís Castro, e ao Coordenador do Departamento de Scouting, João Luís Afonso. Da análise dos resultados, efectuada com base no cruzamento de informação proveniente da revisão da literatura e a recolhida durante o período de observação dos treinos, bem como do conteúdo das entrevistas, foi possível concluir que: (1) o Modelo de Jogo se assume como o aspecto central que baliza o processo de Treino; (2) a Análise do Jogo se constitui como um importante auxiliar de controlo do processo, quer para o Futebol de Alto Rendimento, quer para o Futebol de Formação; (3) entre Modelo de Jogo e análise do jogo da própria equipa existe uma relação de conformidade e de interdependência funcional; (4) a análise da própria equipa, o Scouting das equipas adversárias e a concepção de Jogo do Treinador funcionam sempre como apoios, ou como “acrescentos estratégicos”, ao Modelo de Jogo.. XV.

(16) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. XVI.

(17) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. ABSTRACT The construction and application of the Trainning process, assumes major value difficulties for players and Soccer teams to achieve sports success. In this context, the Game Model has been considered a notable reference to competition and the Match Analysis assume a major role to understand the gap between the idealized and the concrete playing performance. To approach this purpose, a general goal was defined: to understand the importance given by a Club to the Model and Game Conception as well as the Match Analysis (of both, own and adversary teams) related with the training process in order to build a specific way of playing. A documental research was made as well as a case study with the Under-19 Team of Futebol Clube do Porto. Despite observing their training and matches, interviews were also attained to the Youth Football Department Coordinator, Luís Castro, and Scouting Department Coordinator, João Luís Afonso. The result analysis was based in the information taken from referenced books and other data acquired during the period of training and interviews. As conclusion, it can be assumed that: (1) Game Model takes major importance in the Training process; (2) match analysis is of extreme importance to help controlling the process, for the Top Level Soccer, as well as in Young Squads; (3) there is an interdependent relation between the Game Model and the game analysis of the team; (4) the own team analysis, the scouting of the opponents and the coach conception of game always work as backups or strategic supports to the Game Model.. XVII.

(18) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. XVII I.

(19) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. RÉSUMÉ La structuration et l’application du processus d’Entraînement s’assument comme des contraintes de grande importance mais nécessaires pour que les joueurs et les équipes de Football atteignent succès sportif. Dans ce contexte, le Modèle de Jeu se révèle comme un référentiel nucléaire pour encadrer la prestation compétitive, tandis que l'Analyse du Jeu contribue pour déterminer la distance qui sépare le processus idéalisé du processus accompli. Dans ce sens, il a été défini un objectif général pour cette étude: comprendre l'importance donnée par le club à des aspects comme le Modèle de Jeu, la Conception de Jeu de l'Entraîneur et l'Analyse du Jeu (de l'équipe elle-même de l'équipe adversaire) dans la relation avec l'opérationnalisation dans l’Entraînement, en vue de la construction d'un Jeu Spécifique. Afin d’accomplir cet effet, une recherche bibliographique et documentaire a été réalisée, alliée à une étude de cas dans l'Équipe de Sub-19 du Futebol Clube do Porto. Dans celle-ci, en plus de la réalisation d'un cycle d’observation des entraînements et des jeux de l'équipe, des intervews ont aussi été réalisées au Coordinateur du Départment de Football de jeune, Luís Castro, et au Coordinateur du Départment de Scouting, João Luís Afonso. Dans l'analyse des résultats, effectuée a partir du croisement d'informations résultat de la révision de la littérature et rassemblée pendant le cycle d’observation des entraînements et des intervews, il a été possible de conclure que: (1) le Modèle de Jeu s’assume comme l'aspect central qui balise le processus d'Entraînement ; (2) l'Analyse du Jeu se constitue comme une aide importante pour le contrôle du processus, soit pour le Football de Haut Niveau, soit pour le Football de Formation; (3) entre le Modèle de Jeu et l'analyse du jeu de l'équipe elle-même il existe une relation de conformité et d'interdépendance fonctionnelle; (4) l'analyse de l'équipe elle-même, le Scouting des équipes adversaires et la conception de Jeu de l'Entraîneur fonctionnent toujours comme des aides, ou comme des « ajouts stratégiques », au Modèle de Jeu.. XIX.

(20) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. XX.

(21) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. 1. Introdução 1.

(22) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. 2.

(23) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. 1. Introdução Modelo de Jogo, Análise do Jogo, Scouting, Operacionalização, são termos que entram, cada vez mais, no quotidiano do treino e da competição em Futebol. Tomando como referência Castellano Paulis e Hérnandez Mendo (2002), o Futebol, século e meio depois da classe universitária britânica o ter separado do Rugby, tem vindo a adquirir um poder algo inesperado, até para as mentes mais optimistas. Este, através de um conjunto de regras e características muito próprias, coadjuvadas pela sua natureza expansiva, congrega a atenção e a paixão de uma parte significativa da população mundial. Para balizar a grandeza do Futebol e tomando como referência a audiência televisiva, Morris (1982) constatou que de todos os acontecimentos da história humana, aquele que mais audiência atraiu, até 1982, tenha sido um jogo de Futebol – a final do Campeonato do Mundo entre a Argentina e a Holanda, em 1978. Considerando que desde então já passaram cerca de trinta anos, e como a sociedade e os seus valores estão em constante mudança, seria natural que entretanto esta visão acerca do futebol fosse perdendo importância, em detrimento de um outro fenómeno. No entanto, parece-nos que não. De facto, esta perspectiva mantém-se actual, uma vez que, mais do que manifestações políticas, congressos mundiais, notícias de catástrofes ou guerras, o deporto, e mais concretamente o Futebol, continua a denotar uma visibilidade social que, dificilmente, outro qualquer fenómeno consegue obter. Futebol é conhecimento e segundo Gaiteiro (2006) o conhecimento jamais atingiu um nível tão alto de elaboração e de subtileza. Ora, este conhecimento congrega as “chaves” que levam ao sucesso desportivo. Assim, na procura de decifrar o que poderá estar na base do sucesso no Futebol, têm sido estudadas as mais variadas “parcelas” referentes a este jogo tão apaixonante. Se acorrermos às bibliotecas da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto ou da Faculdade de Motricidade Humana, ou ainda de outras. 3.

(24) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. Faculdades que também se dediquem à investigação acerca do Futebol, poderemos encontrar vários estudos que tentam dissecar o Futebol, em várias das suas facetas. Nesse sentido, constata-se a existência de pesquisas centradas em aspectos de ordem fisiológica, energética, psicológica, táctica, estratégica, sociológica, escorados por diferentes ciências, perspectivas e teorias, incluindo a cibernética, a teoria do caos, a teoria dos sistemas dinâmicos, a anatomia, a biomecânica, entre outros. Concordamos portanto com Castellano Paulis e Hérnandez Mendo (2002), quando referem que o futebol cultiva em si um poder de fascínio, pese embora este tenha deixado de se considerar ser apenas um jogo. Como consequência da expansão do conhecimento relativo ao Futebol, aquele conjunto de expressões com que começamos a introdução, neste momento, constituem-se como algo “normal” na esfera do Futebol e mais concretamente na sua esfera relativa à investigação. Modelo de Jogo, Análise do Jogo e Scouting, são estudados e só o são porque aparentam ter cota parte de influência no processo de treino. No fundo, o que estes estudos procuram entender são os meios, ou as formas, para se alcançar o máximo rendimento competitivo, no que respeita a uma equipa desportiva. E o treino parece ter um papel preponderante nesse aspecto. Reparemos nas ideias dos autores que se seguem, que fundamentam a relação desses aspectos com o processo de treino: para Oliveira e Graça (1994) o Modelo de Jogo é um corpo de ideias acerca de como queremos que o nosso jogo seja praticado; segundo Garganta (1996) o estudo dos jogadores e das equipas, ou seja, a análise do jogo tem vindo, ano após ano, a constituirse como um argumento de crescente importância nos processos de preparação desportiva; para Castelo (1996), dentro da Análise do Jogo, especificamente falando do Scouting, este revela ter uma enorme importância para a preparação do jogo contra uma determinada equipa; Franks, Goodman e Miller (1983) referem a extrema importância que a Análise do Jogo tem na consolidação. das. ideias. de. jogo. (entenda-se. Modelo. de. Jogo). e. consequentemente na forma como “dão ao treino” informação relevante para o alcançar da forma de jogar que se pretende.. 4.

(25) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. No fundo, estas ideias são uma pequena parte visível da literatura existente, e como tal, podemos afirmar ser importante reflectirmos sobres estes assuntos. Nesse sentido, pensamos que a pertinência do estudo é evidente. Especificando e particularizando, de forma a caminhar no sentido do tema do estudo a que nos propusemos dar expressão, entendemos que o processo de treino se constitui como a base do sucesso de uma equipa de Futebol. Assim, pretende-se compreender a lógica de construção, aplicação e controlo de tal processo, de forma a poder descortinar os constrangimentos que poderão influenciar a eficácia dos jogadores e das equipas na competição.. 1.1. Objectivos do estudo. Face ao enunciado o objectivo geral a que nos propomos atingir é:. • Perceber a importância atribuída, pelo clube, a aspectos como o Modelo de Jogo, Concepção de Jogo do Treinador e a Análise do Jogo (da própria equipa da equipa adversária) na relação com a Operacionalização em Treino, tendo em vista a construção de um Jogo Específico de uma equipa.. Em função deste os objectivos específicos neste caso serão então:. • Entender se o Modelo de Jogo é considerado pelo clube como a base orientadora do Treino do processo de treino, na Formação; • Indagar se a Concepção de Jogo do Treinador terá influência na definição e estruturação do Modelo de Jogo Adoptado pelo clube; • Averiguar se o Treinador realiza análise da própria equipa, em treino e em jogo, e se relaciona essa informação com a implementação do Modelo de Jogo preconizado para a equipa; • Verificar se existe algum tipo de relação entre Scouting (observação da equipa adversária) e a forma como se operacionaliza o Treino;. 5.

(26) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. • Apurar se o Modelo de Jogo e a Análise do Jogo são considerados, no que se refere à forma como se configura, aplica e controla o Treino.. 1.2. Hipóteses do estudo. Assim, como hipóteses a comprovar teremos:. • A dimensão táctica constitui-se como a dimensão mais importante para o rendimento desportivo, na Formação; • O Modelo de Jogo constitui-se como o elemento balizador de todo o processo de treino; • A Concepção de Jogo do Treinador tem influência na forma como se estrutura e fundamenta o Modelo de Jogo Adoptado pelo clube; • A análise da própria equipa é uma ferramenta importante para possíveis correcções ao “jogo” da equipa; • O Treinador realiza análises das equipas adversárias e existe uma transferência da informação recolhida para situação de treino, como complemento de ordem estratégica; • Modelo de Jogo e Análise do Jogo são aspectos considerados na estruturação do processo de Treino, na Formação.. 1.3. Estrutura do trabalho. No intuito de cumprir com os objectivos definidos e de comprovar as hipóteses recorreu-se a uma pesquisa bibliográfica e documental, de forma a sustentar o tema e filtrar a informação que melhor se enquadra com a problemática seleccionada. Depois de sustentada a problemática, realizaremos um estudo de caso na Equipa de Sub-19 do Futebol Clube do Porto. De forma a responder afirmativamente a estes pressupostos realizaremos entrevistas de carácter. 6.

(27) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. semi-aberto às duas pessoas que consideramos terem maior importância na definição destes aspectos, no Futebol Clube do Porto (FCP). Portanto, entrevistaremos o Coordenador do Departamento de Formação Juvenil, Luís Castro (LC) e o Coordenador do Gabinete de Scouting, João Luís Afonso (JLA). Em paralelo com este facto, realizaremos um acompanhamento a dois microciclos de treino durante o mês de Outubro.. Assim, o presente estudo estruturar-se-á de acordo com os seguintes pontos: • O primeiro, a “introdução”, tem como objectivos: apresentar e justificar a pertinência do estudo, delimitar o problema e definir os seus objectivos e hipóteses; • O segundo ponto consistirá numa revisão da literatura, relacionada com o tema em causa; • O terceiro ponto será a descrição da metodologia adoptada; • No quarto ponto, a análise e discussão do conteúdo das entrevistas; • No quinto ponto, apresentar-se-ão as conclusões do estudo; • No sexto ponto serão fornecidas sugestões e recomendações para futuros estudos; • No sétimo ponto, serão indexadas todas as referências bibliográficas; • No oitavo ponto, serão anexados, os guiões das entrevistas e as transcrições das mesmas.. 7.

(28) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. 8.

(29) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. 2. Revisão da Literatura 9.

(30) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. 10.

(31) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. 2. Revisão da Literatura 2.1. Natureza e enquadramento do Jogo de Futebol “(9) o Futebol não é apenas um jogo desportivo colectivo, ou um espectáculo desportivo, mas também um meio de educação física e desportiva, um campo de aplicação da ciência e uma disciplina de ensino.” Garganta (1997). Segundo Garganta (2004) o Futebol desperta paixões, suscita críticas, inspira artistas, podendo mesmo dizer-se que o melhor dele está nos muitos mundos que contém e naquilo que este poderá dar ao Mundo. Futebol é também, para Santos (2006), uma modalidade em fortíssima expansão, nos dias que correm, podendo mesmo, de acordo com Ponce e Pino Ortega (2003, cit. por Santos, 2006), ser considerada a modalidade desportiva mais famosa. Pegando nestas ideias, num rol de muitas outras que, no fundo, expressam “a mesma paisagem”, muitas perguntas podem ser feitas e outras tantas inquietações surgem de forma natural. O Futebol, antes de mais, é um mundo muito vasto no qual emergem um turbilhão de emoções, sensações, dúvidas, inquietações, certezas e indefinições. Um mundo que pode e deve ser analisado nas suas mais variadas abrangências. A profundidade do Futebol é tão grande, que tudo o que se passa no jogo, com todos os seus intervenientes, é analisado ao pormenor (Joyce, 2002). No sentido de responder a estas inquietações, têm-se realizado inúmeras tentativas para descrever a estrutura do rendimento no Futebol (Garganta & Gréhaigne, 1999). Essas tentativas mais não são, que investigações, que têm como intuito descobrir o que o Futebol esconde (Sousa, 2005). Assim, o Futebol não se trata apenas de um espectáculo desportivo com grande representatividade na sociedade, mas também porque congrega em si um campo de aplicação da ciência e de uma disciplina de ensino (Garganta, 1997).. 11.

(32) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. Para Santos (2006) são várias as disciplinas científicas que concorrem para a abordagem e análise deste fenómeno, isto apesar de Castelo (2006) referir que diferentes disciplinas vêm e constroem diferentes objectos de estudo. Neste caso, os autores parecem contradizer-se, o que de facto não se constitui, uma vez que é na complementaridade destas disciplinas que está a abrangência deste fenómeno. Como refere Carvalhal (2000), quando abordamos um fenómeno temos de ter em atenção a sua abrangência, uma vez que esta é tão verdadeira pelo que propõe, como falsa pelo que exclui. Assim, e não sendo nossa intenção descrever pormenorizadamente características acerca do jogo de Futebol, tentaremos explanar um conjunto de ideias de forma a caminharmos para um melhor entendimento deste. Futebol é um fenómeno social representado por pessoas e visto por pessoas (Garganta & Pinto, 1998). Frade (2006) considera-o até um fenómeno antropossocial total. Ou seja, o futebol é jogado, vivido e visto por pessoas, por isso quando pensamos num jogo de Futebol, a primeira imagem que nos surge é imediatamente a de um espectáculo efectivo onde duas equipas, com objectivos antagónicos, competem entre si numa relação de confronto permanente. Aquando de um jogo de futebol, sempre que uma equipa consegue destabilizar a outra estamos perante uma situação de perturbação (Hughes, Dawkins, David & Mills, 1997). Ou seja, uma equipa a defender quando recupera a bola e consegue criar problemas de desorganização à outra, cria um sistema de perturbação, a esta última. Garganta (1997) parece concordar ao afirmar que, entre essas duas equipas, existe uma relação constante de adversidade-rivalidade desportiva que Teodorescu (1984) caracteriza como sendo uma relação de adversidade típica não hostil, denominada de rivalidade desportiva. A este propósito, Garganta e Gréhaigne (1999) referem que esta rivalidade desportiva despoleta, entre os intervenientes acções ou relações de oposição/cooperação.. 12.

(33) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. Parecendo-nos acertado afirmar a existência deste tipo de relações, concordamos com Castelo (1994) quando este acrescenta que a relação dialéctica e contraditória de ataque versus defesa, é traduzida na forma de redes de comunicação (cooperação) e contra comunicação (oposição), dentro das duas equipas em confronto. Portanto, percebendo este tipo de relações e que de umas estão dependentes as outras (Garganta & Gréhaigne, 1999), a essência dos jogos desportivos colectivos está precisamente no confronto entre duas equipas e na relação de cooperação que daí se gera dentro dos elementos da própria equipa, tendo em consideração a procura do objectivo de jogo – a vitória (Gréhaigne, 1992). Garganta e Pinto (1998) parecem dispor de pensamentos idênticos e referem que, tendo em consideração a especificidade que o jogo de Futebol acarreta em si, é possível distinguirmos uma equipa relativamente a outra, em situação de jogo, não apenas pelo equipamento ser diferente mas também porque estas revelam comportamentos congruentes com o objectivo de jogo em cada situação e contraditórios, uma em relação à outra. Por conseguinte, concordamos com este conjunto de opiniões acerca da relação de cooperação/oposição que existe num jogo de Futebol, uma vez que nos parece ser um dado concreto crer que uma equipa quando está em fase de ataque revela comportamentos condizentes com essa fase específica (procurará a obtenção do golo), da mesma forma que a equipa contrária revelará um padrão antagónico, estando em situação de defesa e tendo como objectivo impedir essa tentativa de obtenção do golo. Surge-nos então uma inquietação: será que o Futebol se esgota apenas nesta relação de oposição/cooperação? Neto e Matos (2008) entendem que não e caracterizam o Futebol com um conjunto de factores, para além das referidas relações de forças (cooperação e oposição. constantes):. interdependência,. indeterminação,. imprevisibilidade, aleatoriedade, diferenciação de objectivos.. 13. variabilidade,.

(34) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. Gréhaigne, Billard e Laroche (1999), apontam mais duas características importantes na caracterização da natureza do jogo de futebol: reversibilidade e emulação. Castelo (1996), Guilherme Oliveira (2004) e Queiroz (1986) sustentam a mesma opinião, nos seus trabalhos. Assim, sendo nossa intenção, com este trabalho, procurar entender o que poderá estar na base do sucesso competitivo e considerando ser um dado adquirido que o Futebol é um jogo de confronto entre duas equipas, no qual rapidamente se passa de uma situação favorável a uma outra desfavorável o que poderá estar então na origem do sucesso ou insucesso? Parece-nos uma pergunta pertinente. De acordo com Garganta (1997) os factores de rendimento poderão estar na base de uma possível resposta a esta inquietação. Neste âmbito importa perceber: se os factores de rendimento são assim tão importantes; se há algum que se destaque em relação a outro(s); se o segredo do alto rendimento estará suportado em todos eles ou apenas em alguns; e nesse sentido, em quais se suportará mais.. 14.

(35) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. 2.2. Factores de Rendimento: importância da dimensão táctica “O que nos ocupa aqui não tem a ver com a justaposição de «factores» disciplinarmente isolados, mas com a interacção destes no seio de um sistema global homo, constituído precisamente por essas próprias interacções.” Morin (2002: 27, cit. por Freitas, 2005). A procura da vitória pelas duas equipas em confronto, num jogo de futebol, acontece em todas as modalidades de índole colectiva. Nesse sentido, o jogo de Futebol caracteriza-se por considerar em si características muito especiais. Neste, por exemplo, uma equipa pode dispor de muitos indicadores positivos (como oportunidades de golo, posse de bola, entre outros) e não ganhar e ao invés a equipa com muito menor índice de indicadores positivos pode ganhar (Lago & Martín, 2007). Portanto, estamos perante uma característica que não é comum a muitos outros desportos. A vitória é o grande objectivo do desporto, de uma forma geral, e o Futebol não é excepção, independentemente desta ser alcançada, ou não, em função de maior ou menor posse de bola ou oportunidades de golo. Devido à especificidade da modalidade (Savelsbergh & van der Kamp, 2005; Garganta & Pinto, 1998), esta comporta factores de rendimento que terão cota parte de importância no sucesso competitivo de uma equipa (Garganta, 1997). De acordo com Garganta (1997), embora os factores de rendimento estejam sempre presentes, alguns têm maior preponderância em detrimento de outros. Tendo por base a literatura referente à teoria do treino desportivo, geralmente são considerados quatro os factores/dimensões de rendimento: físicos, técnicos, tácticos e psicológicos (Garganta, 1997; Castelo, 2002). Contudo, vários autores citados por Santos (2006) referem-se a outros factores de rendimento: cognitiva e sociopsicológica (Schoch, 1987); teórica e moral (Teodorescu, 2003); sócio/psicológica (Bangsbo, 2004); estratégia e conhecimentos teóricos sobre o jogo (Castelo, 2006a).. 15.

(36) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. Para o nosso estudo, a opinião de Garganta (1997) e Castelo (2002) parece ser a mais adequada e lógica, apesar de facilmente podermos concordar que factores como os morais, sociológicos, teóricos, entre outros poderão também influenciar o rendimento de uma equipa. No entanto, neste trabalho quando nos referirmos a factores/dimensões do rendimento estaremos a reportar-nos a factores tácticos, técnicos, físicos e psicológicos. Nesta ordem de ideias, parece-nos que mais importante que denominações deveremos procurar reflectir acerca da forma como eles se articulam. Reparemos na opinião dos autores consultados. De acordo com Tavares (1994), na Formação de jovens atletas, a presença destes quatro factores, parece ser determinante, mas considera que o mais é importante é conotá-los e considerá-los sempre como uma globalidade. Queiroz (1986) confirma isso mesmo, sustentando que deverá existir sempre uma indivisibilidade das componentes (entenda-se factores/dimensões) de rendimento desportivo. No entanto, apesar de se encontrarem opiniões reconhecendo que as dimensões do rendimento desportivo devem estar interligadas, estas parecem ser constantemente separadas. Por exemplo a dimensão técnica parece ser uma das esquecidas, de acordo com Raya Pugnaire e Roales Nieto (2002). Wrzos (1984) entende que estas se encontram interligadas uma vez que considera, por exemplo, que a táctica subsiste sempre considerando uma determinada estratégia sendo que a técnica intervém de forma a interligar estes dois aspectos. Ou seja, utilizando apenas a dimensão táctica e a técnica, este autor refere a importância de não as dissociarmos, uma vez que de uma está intimamente dependente a outra. Por exemplo, Tani (2001) remete-nos para outro prisma, afirmando que no desporto de rendimento está enraizada a crença de que a excelência no desempenho desportivo pode ser obtida mediante a melhoria na condição física, crença essa sustentada na Fisiologia do Exercício. Não se constituindo como a sua opinião acerca destes factos, constitui-se como uma conclusão retirada dos seus estudos.. 16.

(37) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. Contrapondo um pouco esta ideia Prieto (2001) afirma que um bom jogador de futebol é muito mais que um bom atleta, enquanto Guilherme Oliveira (1991: 32), corrobora da mesma opinião do autor referido acima, ao levantar um conjunto de questões: “Será que no futebol ganha quem salta mais? Quem corre durante mais tempo? Quem é mais rápido? Ou será que normalmente ganha quem joga melhor futebol e quem marca mais golos?”. O mesmo autor, e de forma a responder a este conjunto de questões, entende que os factores/dimensões do rendimento desportivo devem ser consideradas em conjunto, não se negligenciando nenhum deles, mas que contudo a dimensão táctica, terá uma preponderância maior relativamente às demais. Resende (2002) assume uma postura parecida, e refere que uma concepção metodológica não pode separar a componente táctica das restantes componentes, embora se constitua como globalizante destas. Opinião concordante tem ainda Garganta (1997) para o qual a dimensão táctica funciona como um pólo de atracção, isto apesar de referir que em termos de investigação e produção bibliografia os factores energéticos, biomecânicos e as características fisiológicas dos jogadores têm tido preponderância em termos de volume de investigações. Teodorescu (1984) considera os jogos desportivos colectivos como desportos de preponderância táctica e Freitas (2005) refere que a dimensão táctica se assume como coordenadora de todo o processo de treino. Portanto, opiniões em consonância com as anteriores. Garganta, Marques e Maia (2002) partem do mesmo pressuposto, afirmando que apesar do rendimento desportivo ser multidimensional, a dimensão táctica, no deporto em geral mas no futebol em particular, parece condicionar bastante a prestação de jogadores e das respectivas equipas. Parece-nos pois, por demais evidente, a importância que tem sido dada à componente táctica no futebol actual, e por isso no nosso estudo tentaremos comprovar se esta, de facto, se constitui como a mais importante das quatro dimensões do rendimento desportivo. Assim, entendendo que o todo não é igual à soma das partes que o constituem (Morin, 1991; Capra, 1996), mais importante que técnicas ou. 17.

(38) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. tácticas. estereotipadas. é. definir. princípios. de. acção. ou. regras. de. funcionamento e este facto, na opinião de Garganta e Pinto (1998), reporta-nos para a Modelação do Jogo de Futebol.. 18.

(39) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. 2.3. Modelação do Jogo de Futebol “Operacionalizar uma filosofia é dar corpo à inteligência, à imaginação e à criatividade. É a responsabilidade de uma ligação umbilical entre o exercício, a referência ideológica e o seu inventor.” (Faria, 2006, cit. por Oliveira, Amieiro, Resende & Barreto, 2006). Tendo por base a categorização do jogo de Futebol, realizada no ponto anterior, chegamos então à Modelação do Jogo de Futebol. É um facto que, de alguns anos para cá, começou-se a recorrer com frequência a conceitos como modelo e modelação, no âmbito das Ciências do Desporto (Lucas, Garganta & Fonseca, 2002). Nesse sentido, não é de estranhar que expressões como modelo de jogo, modelo de jogador, modelo de preparação façam parte do vocabulário diário de treinadores e investigadores (Garganta, 1997). Assim, neste capitulo, tentaremos perceber de que forma os autores se têm referido à Modelação e quais as características que assumem como preponderantes a esse respeito. Para Perl (2004) a Modelação assume um papel extremamente importante para decifrar o presente de uma determinada situação e poder assim, dessa forma, tentar prever o futuro dessa mesma situação. No fundo, o que este autor quer dizer é que a Modelação assume um papel de intervenção activa para o regulamento dos comportamentos, por exemplo de uma equipa, de forma a esta, no presente estar bem, e no futuro poder ainda estar melhor. Gréhaigne (1989, cit. por Garganta, 1997: 120) diz-nos que “(9) a modelação do jogo permite fazer emergir problemas, determinar os objectivos de aprendizagem e de treino e constatar os progressos dos praticantes, em relação aos modelos de referência”. Para Alves (2004, cit. por Santos, 2006) a modelação é uma tendência evolutiva dos processos de treino sendo que Bompa (1999) acrescenta que esta vai, progressivamente, constituir-se como um dos princípios mais importantes no treino, existindo um movimento de há alguns anos para cá que tem como objectivo ligar o processo de treino à modelação.. 19.

(40) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. Lucas e Garganta (2002) concordam afirmando que, cada vez mais, o processo de treino terá de ter como base um Modelo de Jogo e um Modelo de Jogador. Miguel Araújo e Garganta (2002) consideram que a Modelação deverá ser considerada Táctica e que esta se assume, hoje em dia, como um dos factores que mais parece condicionar a prestação dos jogadores e das equipas. Neste trabalho, iremos considerar a Modelação uma Modelação Táctica, encontrando justificação para esta posição em diversos autores (Prieto, 2001; Guilherme Oliveira, 1991; Resende, 2002; Garganta, 1997; Castelo, 1996; Garganta, Marques & Maia, 2002). Assim numa primeira instância, e antes de avançarmos mais sobre as características mais específicas da Modelação em relação com o Futebol, importa definir o conceito de Modelo de forma a, posteriormente, podermos relacionar Modelo – Modelação – “Jogo”.. 2.3.1.. Conceito de Modelo. Considerando a literatura referente a este tema podemos verificar que são inúmeras as definições de Modelo. De acordo com Garganta (1997: 117) “O sentido original da palavra modelo é paradeigma, que exprime o que se deve copiar, ou o que se impõe necessariamente, do mesmo modo que o molde ou a matriz impõe à matéria uma forma pré-determinada.”. Modelo pode ser considerado também uma representação simplificada da realidade (Godinho, Melo, Mendes & Barreiros, 2000). Já Castelo (1996: 379) entende que modelo é “(9) um ensaio, uma aproximação, uma maqueta mais ou menos abstracta que representa os aspectos fundamentais, apresentados de uma forma simplificada de uma ou varias situações, permitindo assim, uma melhor interpretação das variáveis que esta em si encerra”.. 20.

(41) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. A este propósito Le Moigne (1990) refere que modelos são criações antecipativas fundamentadas numa concepção da realidade. Bompa (1999) refere que modelo é uma imitação, uma simulação da realidade. Já para Faria (1999) o modelo representa, antes de mais, a concepção de jogo do treinador ou seja a forma como quer a sua equipa a jogar. Assim, de forma a concretizar mais pormenorizadamente este conceito, e servindo-me de Garganta (1997), apresentamos em baixo um conjunto de definições acerca da noção de Modelo (Figura 1):. Figura 1 - Definições de Modelo (Retirado de Garganta, 1997). 21.

(42) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. De facto a pluralidade de definições de Modelo é enorme. Nesse sentido, sempre que consideramos, neste trabalho, a definição Modelo reportamo-nos, sobretudo à perspectiva de Le Moigne (1990), ou seja, a uma criação antecipativa fundamentada numa concepção da realidade que se pretende modelar.. 2.3.2.. Jogo e Modelação: relação de inter-dependência. Jogo e Modelação, dois conceitos tão específicos e que parecem, em simultâneo, tão distantes. Será que ao invés desta distância existe alguma relação entre eles? Vários autores têm-se debruçado sobre este aspecto. Por exemplo, Marina (1995, cit. por Garganta, 1997: 113) refere que “Treinar é modelar através dum projecto (9)”, sendo que através do processo de treino podemos intervir ao nível da qualidade de jogo da equipa e mais concretamente dos jogadores (Santos, 2006). Portanto, Modelar e Treinar parecem ser consideradas como aspectos similares. Assim, tendo noção que existe uma relação de dependência entre treino e competição, Garganta (1997) refere que, o como se quer jogar é o como se deve treinar, daí o processo de treino desportivo ter como objectivo primário desenvolver a prestação desportiva de forma a esta ser aplicada na competição. Competição esta que serve também de avaliação/comparação do processo na sua globalidade. Teodorescu (1984) refere que o elemento primário de que deriva o Futebol, enquanto jogo desportivo colectivo, é o jogo sendo que este deve constituir, em treino, o núcleo de todo o processo (Queiroz, 1986). A partir destas palavras não é pois de estranhar que Guilherme Oliveira (1991) refira que se o jogo é o espelho exequível do treino então, para o jogo ser JOGO, o treino não pode ser mais nada que não jogo. Portanto, a ideia de jogo terá um papel importante na forma de treinar e quanto mais coerente for, mais lógica poderá ter o processo de treino (Tavares,. 22.

(43) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. 2003), sendo que o nível de prestação do praticante ou da equipa é o espelho do como se treina (Castelo, 2002). Assim, de acordo com Garganta (1997), com o treino deverá procurar-se que as transferências das aquisições sejam máximas, sendo que a questão que se coloca é como perspectivar o jogo em situação de treino (Santos, 2006). Uma possível resposta é nos dada por Guilherme Oliveira (2004), que refere o princípio da especificidade como solução para este tipo de situação. Para o autor, mas em 1991, só se poderá chamar Especificidade à especificidade se existir um conjunto de relações entre várias componentes: táctico-técnicas, psico-cognitivas, físicas e coordenativas. Desta forma, sendo o Futebol uma modalidade com características muito especificas também a preparação para a competição – entenda-se, o treino – terá de ter essa especificidade (Resende, 2002). No fundo, interligando a especificidade e o “Jogo” que se pretende atingir, este só o consegue ser efectivamente se esta (a Especificidade) estiver presente de forma constante em situação de treino. Assim, em função destes dados, pensamos poder referir que o “Jogo” tem influência na Modelação, assim como ao invés a Modelação também terá influências no “Jogo” que se pretende criar. Se a forma como queremos jogar é a forma como devemos treinar então a Modelação terá um papel preponderante nessa construção. Assim, pela especificidade do treino em Futebol, preconiza-se que se treine os aspectos que se reportam directamente ao jogo para que, na competição, estes apareçam como sendo algo que caracterize a forma de jogar da equipa. Se no jogo há necessidades físicas, técnicas, tácticas, psicológicas, elas são consequência de uma determinada organização de jogo de uma equipa (Faria, 1999) e será em situação de treino que poderão ser exercitadas. Todas e não apenas algumas. A este respeito, Garganta (1997) acrescenta que, se se pretende que exista uma relação de reciprocidade e de interdependência entre treino e competição, então o centro do treino deverá ser sempre o jogo. Santos (2006) corrobora esta opinião.. 23.

(44) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. Assim, no sentido de comprovar a importância do jogo para o treino, Teodorescu (1984) afirma que a representação do conteúdo de jogo e do sistema de relação dos elementos que o compõe é extremamente importante uma vez que ao dizer respeito à lógica interior permite o aperfeiçoamento de uma forma constante quer do treino quer do jogo. Daí que, segundo Garganta (1997), a elevação do jogo a objecto de estudo se constitua como um passo importante, uma vez que o conhecimento da sua lógica terá implicações na forma de o trabalhar, ou seja no treino. A Figura 2 representa, esquematicamente, a importância de termos o jogo como objecto de estudo.. Figura 2 – O Jogo enquanto objecto de estudo (Retirado de Garganta, 1997). Pela análise da figura, podemos constatar que o Jogo tem um papel importante na consecução da Modelação. E o inverso será que acontece? A Modelação terá importância na análise e construção de um “jogo” específico? Tendo por base a opinião de vários autores, (Parlebas, 1976; Deleplace, 1979; Dugrand, 1989; Gréhaigne, 1989; Godik & Popov, 1993; McGarry & Franks, 1995; Hughes, 1996a; Smith et al., 1996) citados por Garganta, em 1997, a resposta é claramente sim, na medida em que a Modelação tem servido fundamentalmente para configurar a lógica interna dos jogos desportivos colectivos com base na organização das acções de jogo.. 24.

(45) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. Garganta (1997) entende ainda que esta pode ser utilizada para promover a identificação de relações entre os eventos de jogo e os factores que afluem para a efectividade das equipas, ou seja, na configuração de padrões de jogo que estejam associados aos factores de sucesso e insucesso nas equipas. Assim a modelação do jogo de Futebol de uma equipa, irá condicionar e orientar o processo de planeamento e de periodização (Santos, 2006) no caminho da construção de um “Jogo” para essa equipa. Neste caso, quanto maior for o grau de correspondência entre os modelos utilizados e o “Jogo”, melhores e mais eficazes serão os seus efeitos (Queiroz, 1986). Face ao exposto, Santos (2006) entende que se torna evidente a necessidade de modelar o jogo, tornando-o único e específico, quando comparado com o de outras equipas. Por conseguinte, perante estes factos, pensamos poder constatar que existe uma relação de interdependência funcional entre Jogo e Modelação na qual uma se constitui como importante na construção da outra (Modelação na construção do Jogo) e outra, na qual o objecto de estudo, o “Jogo”, pode ser estudado através da Modelação.. 2.3.3.. Modelação Táctica do Jogo de Futebol. Depois de ter ficado patente a importância da Modelação no processo de construção do “Jogo” de uma equipa importa caracterizar essa mesma Modelação, até porque estamos perante um processo, aparentemente, complexo. Considerando a dimensão táctica unificadora de todo um processo complexo de modelação, Garganta e Pinto (1998) entendem que se deve cultivar desde cedo no jogador uma atitude prática permanente. Bauer e Ueberle (1988), afirmam que numa equipa de futebol a pertinência do estudo dos problemas inerentes ao jogo deverá situar-se ao nível da interrelação dos factores de rendimento sendo necessário perceber o jogo na sua complexidade, tendo sempre em consideração que as duas equipas têm como finalidade o alcançar do mesmo objectivo.. 25.

(46) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. Assim, considerando a especificidade do Jogo de Futebol, na qual as duas equipas nas diferentes fases do jogo procuram atingir os seus objectivos, que neste caso são antagónicos uns em relação aos outros, levam Garganta (1996) a referir que as equipas de Futebol podem ser consideradas sistemas complexos, hierarquizados e especializados. De forma a podermos adequar a acção tendo em consideração esta mesma complexidade teremos então de procurar adaptar o contexto, tendo em consideração essa mesma complexidade. Para corresponder a esses intuitos, Le Moigne (1990), afirma que se pretendemos construir a inelegibilidade de um sistema complexo devemos modelá-lo. Mas modelá-lo num contexto que o permita adequar à especificidade do jogo de Futebol e nesse sentido num contexto táctico, de acordo com Garganta (1997). Assim, para Garganta (1996), de forma a contrariar as abordagens analíticas, tem-se procurado encontrar um método que permita reunir e organizar conhecimentos procurando a interacção dinâmica entre os elementos de um conjunto conferindo a este um carácter de totalidade, sendo que este carácter de totalidade tem-se constituído a partir da conceptualização do termo sistema (sinónimo no discurso sistémico). Portanto, pelo referido acima, parece-nos ter ficado patente que a Modelação deverá ter um carácter táctico e nesse sentido o jogo, entendido como um sistema, exigirá à Modelação organização de forma a o caracterizar adequadamente.. 2.3.3.1.. Futebol: Sistema que engloba muitos outros Sistemas. De acordo com Queiroz (1986) a abordagem do jogo deverá basear-se na simplificação da sua estrutura complexa. Uma forma proposta por Garganta e Gréhaigne (1999), para atingir esse fim, é a abordagem sistémica. Esta, segundo os dois autores, é referente ao processo de treino em futebol e oferece a possibilidade de identificar, avaliar e regular acções/sequências de jogo que se afiguram representativas da. 26.

(47) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. dinâmica dos jogos pelo que constitui uma referência a considerar na construção e controlo dos exercícios que visam o ensino e treino do Futebol. Guilherme Oliveira (2004) acrescenta que esta abordagem tem como intuito analisar o fenómeno na sua globalidade, procurando perceber as interacções que evidencia, os conhecimentos que promove, como organizá-los, direccionálos e desenvolvê-los, percebendo a sua dinâmica e complexidade. De acordo com o autor, o Futebol é um fenómeno complexo e importa, na nossa opinião, tentar perceber o que sustenta essa complexidade. Portanto, será que o pensamento sistémico poderá auxiliar estes intentos? Observemos a opinião de diversos autores a este respeito. De acordo com Capra (1996) a palavra “sistémico”, remete para a palavra “sistema”, que deriva do grego synhistanai (“colocar junto”). Na tentativa de distinguir dois conceitos emergentes deste tipo de pensamento, sistema e “sistémico”, Bertrand e Guillement (1994: 46) considera que sistema é “(9) um todo dinâmico cujos elementos estão ligados entre si e que tem interacções.”. Moriello (2003), a este propósito, refere que um sistema é algo mais que a soma dos elementos que o constituem. Já em relação à abordagem sistémica, Bertrand e Guillement (1994), caracteriza-a como sendo uma modelização sistémica, que fundamenta a sua acção na fabricação de modelos e na resolução de problemas, utilizando como instrumentos os sistemas. Os mesmos autores acrescentam que esta assenta na noção de isomorfia, de semelhança, ou seja, que esta assenta a sua acção na construção de representações ou retratos que se assemelhem à realidade. Portanto, consideram que a abordagem sistémica consiste na produção de modelos de realidade organizacional. Assim, de acordo com considerações de Bertrand e Guillement (1994), a abordagem sistémica actuará sobre os sistemas como um todo, contrariando a abordagem analítica que isola e decompõe um sistema, analisando as suas partes, uma de cada vez.. 27.

(48) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. Relacionando com o Futebol, Guilherme Oliveira (2004), considera uma equipa como um sistema que se pretende globalizante, considera que o ser humano, uma sociedade, mas também uma equipa, um jogador ou até mesmo um jogo de futebol podem ser considerados sistemas. Gréhaigne e Godbout (1995) padecem de opinião idêntica afirmando que tanto um jogo de futebol, como uma equipa ou um jogador podem ser considerados sistemas. Davids, Araújo e Shuttleworth (2005) concordam que uma equipa pode ser considerada um sistema e referem que este é um sistema dinâmico, no qual interagem vários aspectos, desde jogadores de ambas as equipas, bola, árbitros, adeptos. Já Tamarit (2007) acrescenta que uma equipa de futebol é considerada um sistema aberto, adaptativo e homeoestático, na medida em que se auto-ajusta de forma interna em função do contexto existente. Concordamos com estas perspectivas, uma vez que um sistema engloba isso mesmo: interacções, abertura para com o meio, organização. Portanto visões como a de Davids et al. (2005), Guilherme Oliveira (2004) e Tamarit (2007) parecem comprovar esse aspecto, e a este propósito, depreendemos que se uma equipa é considerada um sistema, a abordagem sistémica aparenta ser a melhor solução para a modelar. Isto porque, desta forma se considerará sempre como um todo, mantendo as suas características funcionais. Baseando a nossa opinião nos autores referidos acima, uma equipa é considerada um sistema com organização própria e cada uma é considerada diferente das demais. Poderemos, portanto, afirmar que um jogo de futebol também poderá ser considerado um sistema? Para Garganta (1996) podemos, até porque cada equipa tem a sua lógica de funcionamento e, nesse sentido, representa um sistema em confronto com um outro sistema independente. Segundo Júlio e Araújo (2005) é importante considerar o jogo de futebol como um sistema dinâmico onde decorrem padrões de acção distintos, os. 28.

(49) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. quais são diferentes dos considerados pelo comportamento individual de cada jogador. No fundo, estas ideias vêm dar alento à nossa inquietação, sendo que Garganta e Grégaigne (1999) vão ainda mais longe e entendem que um jogo de Futebol é mais do que um sistema, podendo ser conotado como um macrosistema, que engloba vários sistemas em interacção conjunta (jogadores, equipas, adeptos, entre outros). No fundo e concluindo, no Futebol, coexistem vários sistemas em interacção uns com os outros – equipas, jogadores dentro da equipa, adeptos, equipa de arbitragem – sendo que condição imprescindível para cada um ter esta denominação será padecer de organização (Morin, 1982, cit. por Garganta, 1996). Garganta (1996) acrescenta que é este carácter organizacional que produz a globalidade do sistema transformando-o, relacionando-o e produzindo-o de forma a conceder características próprias à totalidade sistémica. Neste caso específico, entendamos o sistema como dizendo respeito ao “Jogo” que se pretende atingir para uma determinada equipa, assim como essa mesma equipa, os jogadores e até o treino. Portanto, estamos de acordo com Garganta (2005) quando refere que uma equipa é um sistema dinâmico que vive da sua organização. Assim, no próximo subcapítulo iremos abordar a importância da organização de jogo no entendimento do Jogo a que os treinadores aspiram, uma vez que é ela que produz a unidade global do sistema, transformando-o, produzindo-o e relacionando-o com outros.. 2.3.3.2. Organização. do. Jogo:. condição. essencial. na. Modelação do Jogo de Futebol. Se é a Organização do Jogo que parece produzir, transformar e relacionar tudo o que diz respeito ao Sistema Global, que é o “Jogo”, teremos de perceber como se organiza esse mesmo Sistema. No fundo, o que um treinador. 29.

(50) Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Pedro Ribeiro. pretende, é criar o seu “Jogo” de forma à sua equipa (entendida com um sistema) revelar características condizentes com os princípios orientadores que ele pretende ver revelados. Assim, reparemos no que nos diz Garganta (1997), quando refere que ao queremos Modelar o Jogo de Futebol importa, em primeira instância, que se distingam níveis de pertinência pondo a descoberto a lógica interna do jogo ou seja a sua organização. Teodorescu (1984) acrescenta que a existência de acções e, de um grande número de interacções, fruto das acções tácticas colectivas e individuais, e a existência. da. relação. de. adversidade. entre. duas. equipas,. conduz. objectivamente à organização, no interior de cada equipa. Para a Garganta (1996) torna-se importante partir do conceito de organização para identificar a funcionalidade do jogo, assim como a sua estrutura, sendo que o aspecto estrutural (organização dos elementos tendo como base o espaço), aspecto funcional (vicissitudes temporais, ou seja organização tendo por referência o tempo) e o aspecto informacional (processos de comunicação dentro da equipa em conjugação com o espaço e o tempo), revelam-se como traços característicos que permitem descrever a organização das equipas, enquanto sistemas. Le Moigne (1990) é outro autor a confirmar este tipo de perspectiva, entendendo que a modelação dos sistemas complexos é realizada a partir da organização. Ora, partindo desse pressuposto, o Futebol sendo um desses sistemas carece de organização. Assim, concordamos Santos (2006) quando refere que a orientação do treino, em futebol, deverá ser a organização de jogo da equipa. Portanto, com este estudo pretendemos constatar se a forma como se organiza o processo de treino tem em vista a organização de jogo, como o meio para se chegar ao “jogo” pretendido, tal como refere Garganta (1997) citando Bologne (1972) e Hainaut e Benoit (1979). Ou ainda como referem Bertrand e Guillement (1994), para os quais a organização, tendo por intenção o alcançar de determinados objectivos, traduz um conjunto de elementos ligados entre si por diversos processos sendo que, neste caso específico,. 30.

Imagem

Figura 1 - Definições de Modelo (Retirado de Garganta, 1997)
Figura 2 – O Jogo enquanto objecto de estudo (Retirado de Garganta, 1997)
Figura 3 - Evolução desejável do processo de Análise de Jogo em Futebol (Retirado de  Garganta, 1997)
Figura 4 – Vantagens da realização da Análise do Jogo (Retirado de Oliveira Silva, 2006)
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