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2.4. Análise do Jogo

2.4.3. Importância da Análise do Jogo no Futebol

De acordo com Mombaerts (1991) o treinador de futebol, como qualquer outro investigador de Futebol, tem o dever de ir constantemente aprofundando o seu conhecimento acerca do jogo.

Uma das formas de se aprofundar conhecimentos é estudando-os, analisando-os. Assim, para Oliveira Silva (2006), o futebol profissional ao exigir níveis de performance elevados leva a que uma das formas para monitorizar e entender a performance desportiva seja utilizar a análise do jogo.

A maioria das investigações desenvolvidas, na área das ciências do desporto, procuram isso mesmo, o alcançar de melhores performances nos jogadores (Mendes & Janeira, 1998). A profundidade do Futebol é tão exacerbada que, neste momento, tudo que se refere ao jogo é analisado ao pormenor (Joyce, 2002). Portanto, parece fazer sentido utilizarem-se meios como a Análise do Jogo, para analisar este fenómeno.

Segundo Carling et al. (2005), é frequente a análise do jogo ser alvo de estudo sendo que vários autores destacam a importância que a análise do jogo tem para o processo de treino, nos jogos desportivos colectivos (Garganta, 2001; Pino Ortega, 2000; Contreras & Pino Ortega, 2000; Franks & McGarry, 1996).

De acordo com Oliveira Silva (2006) o grau de informação que o treinador pode retirar desta é enorme. Concordamos com esta tomada de posição e concordamos também com Pino Ortega e Ibanez Godoy (2002) que, a este propósito, referem que a análise do jogo apenas existe porque tem um propósito muito específico que é permitir a um treinador confirmar (ou não confirmar) uma determinada ideia, ou dúvida, em relação a algum aspecto do jogo, quer da sua equipa quer da equipa adversária. Portanto, dessa forma, esta funcionará como um instrumento de apoio do treinador.

O grau de informações que o treinador pode retirar da Análise do Jogo, segundo Calligaris, Marella e Innocenti (1990) pode ir, desde juízos acerca de comportamentos técnico-tácticos individuais, a juízos referentes a um nível colectivo.

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Para Contreras e Pino Ortega (2000) a observação de jogadores em movimento constitui-se como uma tarefa difícil para o observador, mas comporta em si características funcionais extremamente vantajosas.

A este propósito, Garganta (2008), entende que a análise do jogo, na sua vertente táctica, pode ser extremamente útil, quer para treinadores, quer para os investigadores desta área, de forma a identificarem regularidades e padrões de jogo, procurando depois que esta informação possa ser utilizada para o melhoramento da performance e eficácia da equipa.

O mesmo autor refere ainda que, com a análise do jogo, se podem extrair informações que permitam identificar os factores que podem fazer com que a performance desportiva seja cada vez maior.

Segundo Olsen e Larsen (1997) a principal vantagem da análise do jogo é aproximar Futebol e Ciência. Contudo esta, de acordo com Garganta et al. (2002), só se constitui como vantajosa se for rigorosa e se fundamentar a sua acção na lógica interna do jogo.

Concordamos com esta última perspectiva apresentada, uma vez que a Análise do Jogo de Futebol, ao funcionar como complemento de apoio para o treinador, se concentrar atenções na lógica interna do jogo, terá mais possibilidades de lhe dar o tipo de informação que ele deseja.

Para Worthington (1974, cit. por Garganta, 1997) um dos principais objectivos desta é contribuir para diferenciar opiniões de factos. Ou seja, mais importante que ter uma opinião sobre alguma coisa, por exemplo sobre uma equipa adversária, é constatar se essa opinião é verdadeira e sustentá-la de seguida. Dessa forma a “opinião” deixa de o ser e passa a constituir-se como um “facto”.

Garganta (1997), entende que a Análise do Jogo permite: interpretar a organização das equipas e das acções que concorrem para a qualidade do jogo; planificar e organizar o treino; estabelecer planos tácticos adequados em função do adversário; regular o treino. Acrescenta ainda que esta assenta na acção de diagnóstico, correcção e tratamento dos dados recolhidos disponibilizando assim informação relativa à prestação dos jogadores e da equipa, assim como se constitui como um aporte de informação para o treino,

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aprofundando a concepção de jogo do treinador, caminhando no sentido de melhor preparar a equipa para a competição.

Moutinho (1991) entende que a principal característica da análise do jogo é tornar-se imprescindível para a optimização da prestação competitiva, ao que Franks e McGarry (1996) acrescentam que esta serve, fundamentalmente, para fornecer informação ao treinador e ao praticante acerca de desempenhos passados da equipa e/ou individuo, tendo em vista o desenvolvimento de modelos, para uma intervenção futura.

Assim, de forma a complementar um conjunto de opiniões acerca das funcionalidades da Análise do Jogo, apresenta-se em baixo uma figura representativa desses aspectos (Figura 4).

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Concluindo, todo este conjunto ideias relativas à Análise do Jogo, constituem-se como pertinentes para o melhoramento da performance desportiva de uma equipa. Portanto, a Análise do Jogo, procura auxiliar um treinador a tentar exponenciar, em situação de treino, o nível de adaptação e o nível competitivo da sua equipa de forma a esta estar cada vez mais preparada para o sucesso na competição. Ou seja, tal como refere Garganta (1997) esta permite regular a prestação competitiva de uma equipa.

Assim, aspectos como a análise da própria equipa e a análise da equipa adversária parecem ser fundamentais para a regulação do processo de treino, (Oliveira Silva, 2006; Oliveira, 1993).

No nosso estudo, entendemos ser pertinente relacionar estes dois aspectos (análise da própria equipa e análise da equipa adversária) com o Modelo e Concepção de Jogo do Treinador e perceber de que forma poderão auxiliar a operacionalização do processo Treino, em Futebol.