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O QUE O CÉU E OS HOMENS ME ENSINARAM

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O QUE O CÉU E OS HOMENS ME ENSINARAM

Emma Costet de Mascheville

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Sumário

Prefácio a quatro mãos 7 Dedicatória 9

Primeiros passos 11

Astrologia – Astrodinamismo – Astrosofia 15 Fé ou ciência 21

Destino ou livre-arbítrio 27 Não me falem mal de Saturno 35 O zodíaco 41

Trinta anos depois 49

Meditações de 28 de maio de 1978 55 Meu mestre 59

Fé, ciência e trabalho 65 Os princípios do zodíaco 69

Inversão dos signos no hemisfério sul 73 O prêmio 79

O espectro da luz 85

Constelações, signos e casas 93 Quem sou eu? 99

Luz e sombra: a última ceia de Leonardo da Vinci 105 Eras astrológicas: Leão–Aquário e Virgem–Peixes 143 O Sol no horário de nascimento 149

© 2020 Emma Costet de Mascheville

Editor Antonio Carlos Bola Harres Coleção Astrologia

Capa Pedro Mohr Foto Madalena Schwartz Ilustrações Cristina Burguer Design Claudio Ferlauto Preparação de originais, edição e revisão de textos Amanda Costa Coordenação Antonio Carlos Bola Harres

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Mascheville, Emmy Costet de

O que o céu e os homens me ensinaram/ Emma Costet de Mascheville

1. ed., 2. Educaçao, 3. Arte – São Paulo: Edições Rosari, 2008 (Coleção Astrologia)

ISBN 000.00.00000-00-4 1. Astrologia 2. Educaçnao… I. Título.

08–08886 CDD–741.6092 Índices para catálogo sistemático 1. Astrologia

[2020]

Todos os direitos desta edição reservados à Editora…

Rua … CEP Porto Alegre RS Brasil Tel Cel

vendas@… www.alobola.com.br

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Prefácio a quatro mãos

Dona Emy descrevia-se como um profundo poço no interior, do qual corria uma fonte cristalina e incessante de sabedoria voltada ao autoconhecimen-to da natureza humana e de seu porvir, tanautoconhecimen-to individual quanautoconhecimen-to coletivo. Mas para que alguém pudesse nele matar a sede era preciso que lançasse o balde e o trouxesse depois, com esforço, à tona.

A obra O que o céu e os homens me ensinaram, que vem a público mais de 40 anos depois de redigido por Dona Emy, é mais um destes baldes, que teve na manivela do poço seus fi lhos Aquila Klippel e Altair Klippel e Amanda Costa – que divide comigo este prefácio a quatro mãos e também as tarefas de preparação de originais, edição e revisão. A isso se somou a criativa e generosa ajuda de Pedro Mohr, Cristina Burger e Cláudio Ferlauto na concepção da capa, nas ilustrações e no design, tendo ainda João Carlos Arieira Harres na assessoria jurídica.

A metáfora do poço, dizia ela, era também o refl exo simbólico do porquê tantas vezes a corda arrebentara e suas bibliotecas e escritos se perdiam ou poderiam levar muito tempo para serem resgatados, conforme a conjunção de Mercúrio e Saturno em Aquário na Casa 4, em oposição com a Lua Cheia em Leão na Casa 10, que lhe viu nascer aos arredores de Munique, na Alemanha, a 10 de fevereiro de 1903.

Extensão de seu livro anterior Luz e Sombra, originado de apostilas de aulas e publicadas em forma de livro pela primeira vez em 1980, pela Escola Júpiter de São Paulo, a presente obra revela toda grandeza espiritual e humanística de que era dotada e que Dona Emy expandiu e aprimorou apoiada no tripé fé, ciência e trabalho.

De forma autodidata e com persistência fi losófi ca, ela elevou o sim-bolismo zodiacal e o aconselhamento com base no mapa astral a novos patamares, dos quais este livro é uma síntese preciosa e dá oportunidade

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Dedicatória

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edico estas páginas a todas as mães, orientadoras e educadoras da infância, sacerdotes de todos os credos, estudantes de psicopedagogia e a todos vós que tendes nas vossas mãos o material precioso do qual devem esculpir a geração que será construtora de uma nova era, de um novo mundo mais consciente e mais feliz. Este livro pertence a todos que querem se tornar conscientes de si mesmos e da fi nalidade de suas existências.

Se me perguntassem qual foi a impressão mais forte da minha vida e que me fez despertar, abrir os olhos e sentir de todo o coração a beleza gigantesca da natureza, devo narrar acerca de uma noite de primavera de 1917.

Morávamos numa alameda de veneráveis castanheiras. Na ocasião elas estavam sem folhas, secas, deixando ver o outro lado da alameda, onde não havia casas, mas trilhos onde eu via tropas de soldados serem transportadas para os campos de batalha da Primeira Guerra Mundial em Verdun e trens-hospitais cheios de feridos que voltavam da carnifi cina.

Por trás destes trilhos descortinavam-se as montanhas e, quando nelas se subia, ouviam-se os canhões de Verdun troando durante dias, semanas e meses, sabendo-se que a cada instante ocorria o sacrifício e o sofrimento de muitos.

Naquela noite aconteceu uma tempestade com relâmpagos iluminando o céu e trovões rolando atrás das montanhas na penumbra. Impressionaram-me de uma maneira que até hoje lembro e admiro a natureza na sua luta gigantesca. Quando a tempestade silenciou já era noite escura, mas ouvia-se o estalo das castanheiras que abriam os botões. para que novas gerações possam beber de suas aquarianas águas e lhe ter

por professora, orientadora e amiga. Antonio Carlos Bola Harres

A presença de Dona Emy é mais que um presente. Conhecê-la foi como voltar para casa, a sensação de reconhecimento, de afi nidade e de reen-contrar uma fonte comum. E uma espécie de diapasão que afi nou meus pensamentos com meu ser mais íntimo. As aulas eram ocasiões especiais de aprendizado, de refl exões e de autodescoberta. Eu tinha uma noção clara de que testemunhava algo grande e raro: a sabedoria de uma vida inteira era generosamente vertida de sua ânfora aquariana, com total simplicidade e de modo muito profundo.

A oportunidade de contribuir para seu legado no processo de publi-cação deste livro me enche de alegria. Enquanto lia os originais e organiza-va o material, ouvia a voz de Dona Emy pronunciando as palavras, seu sotaque forte e ritmo das frases. Sentia sua companhia, o que me dava segurança nas ações, no cuidado com a estrutura, com a preservação de seu estilo pessoal de falar transformado em escrita. Diferente do livro an-terior, este possui um traço autobiográfi co, pontuado de histórias pessoais que mostram como a trama da vida foi trançando pessoas, experiências e a observação dos céus.

Durante o ano de 2020, em que o mundo inteiro atravessa uma grande crise sanitária e se iniciam transformações em todas as áreas, estive-mos trabalhando para que seus últiestive-mos textos sejam compartilhados. Me parece que o livro está emergindo agora de onde estava submerso por ser o momento em que é absolutamente necessário.

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Na manhã seguinte, ao olhar pela janela de meu quarto, não havia mais

a vista dos trilhos, daquele quadro triste e do chão semeado de galhos velhos, mas as castanheiras cobertas por um véu de cor esverdeada. O perfume da primavera, com a chuva e o sol sobre os novos brotos, exaltava, encantava e despertava no meu coração a alegria de viver.

Igual àquela noite do meu acordar para a vida mais consciente é o nosso século. O vendaval da primavera derruba os velhos princípios, sacode os velhos galhos de preconceitos, erros e enganos e desperta nova vida, nova esperança, com renovação e transformação em todos os sentidos.

Para poder acompanhar esta nova transformação é preciso que sintamos a natureza em toda sua grandeza. Saber acompanhar o ritmo maravilhoso da transformação, nada tolher, nada precipitar. Compreendamos que a tempestade não é morte, destruição e decadência, mas é a preparação do despertar da nova vida, que é a mesma que antes, porém renovada, um pouco mais evoluída.

Nosso maior mal, a causa de nossos sofrimentos, é que não sabemos compreender a beleza de todos os aspectos da vida. Lastimamos a chuva e nos queixamos do sol! Se soubéssemos amar tudo que vive e vibra, tanto na natureza em nosso redor como em nosso próprio coração, a vida seria mais bela sob todos os aspectos. A dor é pungente, sem ela não há erro, não há redenção e não há compreensão do erro. Sim! Até o erro é necessário para haver dor, regeneração e sublimação.

Neste século XX, especialmente nesta segunda parte do século, todos nós precisamos ser conscientes de que é necessário acompanhar, compreender, amar e apoiar a nova primavera humana que brota. Precisamos compreender que na natureza e na vida não há anarquia, mas o eterno renascer.

Primeiros passos

A Astrologia não é uma profissão que se escolhe,

a Astrologia escolhe e forma o homem que a deve professar. Curt Ries

S

eria longo demais descrever como a vida me preparou, passo a passo, através de aparentes lutas, erros e sofrimentos para chegar até aqui. Na minha primeira infância vivi em Ascona, em contato com os reformadores, idealistas, revolucionários, escritores, artistas e filósofos que se reuniam no Monte Verità, na Suíça, no início do século XX, em busca de um novo caminho para um mundo melhor. Quando analiso com o conhecimento de hoje o meu próprio Horóscopo, vejo que cada época importante e marcante de minha vida coincide com o contato com uma das grandes personagens que despertaram em mim o interesse pelo céu. Não esqueçamos que nossa Terra também faz parte do céu.

Minha mãe, pintora e grande mística, deu-me o amor à beleza da Criação Divina. Meu pai, teólogo e escritor, dedicou sua vida ao “amai-vos uns aos outros”, sem distinção de confissão religiosa, raça e classes. Colaborando com ele nos acampamentos dos prisioneiros da guerra e dos fugitivos das dores do pós-guerra, formou-se em mim o princípio: em vez de falar e errar em nome de Cristo, procuremos de fato agir como Ele nos ensinou.

Minha tia, fundadora e alma da comunidade do Monte Verità, despertou em mim a atração pela busca dos porquês da Vida e de um caminho melhor. Um acidente havido com meu pai me fez ser educada na casa de um astrônomo. Pessoas que meu pai socorria e hospedava

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estudavam Astronomia e, hoje, após uma vida de experiências próprias,

lembro-me do que diziam a uma criança ignorante e tiro proveito do que registrei sem compreender.

A figura mais notável foi de um velho professor, cujo nome lamentavelmente esqueci, que todos chamavam “professor louco”. Morávamos em uma cidadezinha do sul da Alemanha, conhecida por um antigo sanatório de doenças nervosas. O velho professor havia sido, em sua juventude, assistente do Professor Wundt em uma faculdade da Universidade de Leipzig. Quando sua obra científica foi publicada, o jovem, então assistente, perdeu o equilíbrio mental. Quando, após vinte anos, recuperou sua saúde mental, já havia perdido o contato com a vida, permanecendo no sanatório. Ele vinha seguidamente à nossa casa conversar com meu pai, que o deixou instalar seu telescópio no teto de nossa casa. E lá ele me ensinava e mostrava as belezas do firmamento. Naquela época, Einstein publicou a Teoria da Relatividade. O velhinho me mostrava sua própria obra a Teoria da Inércia, dizendo que a obra de Einstein estava baseada em suas próprias experiências e pesquisas. Todos o tratavam por “Louco”. Lembro-me do dia em que ele foi buscar seu telescópio lá em casa, porque ia a Augsburg conferenciar com Einstein. Não o vi mais, porque no dia de sua volta adoeceu e morreu de pneumonia. Nunca mais ouvi falar dele, nem tinha eu a capacidade de compreender sua obra e o seu valor e sua importância. Mas agora, ao ler a biografia de Einstein, vi que outros já tinham trabalhado nas teorias da inércia encontrei a confirmação.

Meu caminho, guiado primeiro de personagem em personagem, tornou-se consciente em mim desde que pisei neste continente do Hemisfério Sul e encontrei Albert Raymond Costet de Mascheville, que

Primeiros passos

tinha por nome místico Cedaior. Neste encontro, em 1925, suas palavras foram: “se o destino aqui, neste momento, foi para afastar-vos da dor e da decadência, é porque vossa missão está aqui. Nunca olheis para trás, mas sempre para frente.”

Não me é possível explicar, com poucas palavras, Cedaior. Somente posso pedir que seu conhecimento e seu amor se expressem no meu trabalho. Dele recebi legados de correntes de tradição de conhecimentos e o fluido de forças que devem animar e vivificar este trabalho.

Certa vez, um admirador de Cedaior me perguntou: como é que a senhora pode compreender Cedaior? Quando conheci sua obra, teria caminhado através do continente inteiro para conhecê-lo, se ele ainda estivesse aqui. Mas a senhora era tão moça! Se não o compreendi, como mulher o senti. E o devo também ao meu pai, a maneira com que minha juventude foi guiada, preparando-me para sua obra.

Leo Costet de Mascheville (Sevananda), seu filho mais velho, e eu fomos os dois discípulos mais chegados a Cedaior. Um trilhou o caminho “domina a ti mesmo” para a libertação da energia criadora (Escor-pião-Touro, Touro-Escorpião). O outro trilhou o caminho “conhece a ti mesmo” para encontrar a unidade e harmonia da sua vida e da Vida (Libra-Áries, Áries-Libra). Onde estes dois caminhos se fundem, existe seguramente a luz serena que vi brilhar nos olhos de meu mestre.

Suas instruções terminaram com as seguintes palavras: “as religiões terão uma grande transformação baseada na Astrologia, que desperta a consciência cósmica e que unirão a fé e a ciência. Eu agora posso partir, porque tu estás pronta para demonstrar este caminho”.

Eu não estava pronta, eu não sabia nada, mas estava só. Tinha que trabalhar. Não possuía mais do que minha fé e conhecimento

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de Astrologia, que me foi legado. E, neste livro, quero dar-vos o que vi,

compreendi, pela dor e pela experiência de milhares de estudos. Embora que talvez tome uma linguagem pessoal para penetrar de coração em coração, o autor deste livro não sou eu, mas a corrente de seres que dedicaram suas vidas à busca de um mundo melhor. Que a Inteligência Suprema, que me deu como mestre a época, o ambiente, os pais e o companheiro que tive, me dê também as palavras que despertem na vida do leitor a compreensão da harmonia da vida.

Vejam o exemplo no aparente destino daquele velho sábio que encontrei aos quinze anos. A misericórdia da vida tornou seu cérebro cansado, inconsciente, poupando-lhe das dores e das desilusões que teria sofrido na ânsia de fazer triunfar sua teoria, mas deu-lhe um relâmpago de consciência, quando Einstein publicou sua obra, a Teoria da Relatividade, para sentir a alegria de ver seus esforços aproveitados e para, antes de partir, plantar ainda seu amor às belezas siderais no coração de uma menina para quem, embora seu nome esteja esquecido, seu amor continue vivendo, vibrando. Quando alguém se queixa de Saturno, vejo sua cabeça de sábio, um tipo de Leão, com uma auréola de cabelos brancos contra o céu estrelado, me mostrando a beleza dos anéis de Saturno.

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O QUE O CÉU E OS HOMENS ME ENSINARAM Astrologia – Astrodinamismo – Astrosofia

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esde a infância de sua evolução, o homem tem levantado os seus olhos ao firmamento em busca do porquê de suas alegrias e de seus sofrimentos, procurando, nesse céu gigantesco acima de si, as causas das suas sensações e a chave do mistério da vida. Ele observou que existiam relações e ritmos entre os fenômenos naturais terrestres, os acontecimentos e as sensações da vida humana e as modificações periódicas dos corpos celestes. As observações da relação entre os ritmos do espaço sideral e seus próprios sentimentos levaram o homem a divinizar as forças da natureza e o fizeram imaginar e criar seus deuses bons e maus.

Em todas as religiões, desde as mais primitivas e remotas civilizações, encontramos o firmamento, a natureza e o coração humano como base das concepções filosóficas. Podemos observar que, quanto mais primitiva a civilização, mais pura na sua simplicidade ou aparente ingenuidade, melhor se nota essa compreensão da ligação do homem com o cosmos. Seguramente, trata-se de povos remanescentes de outras civilizações das quais possuem a tradição e os conhecimentos que se baseiam em puras observações da natureza sem estarem

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desvirtuadas pela atual civilização. Desta observação do firmamento

nasceu a Astronomia e, da observação da sua correspondência entre a natureza e o homem, desenvolveu-se a Astrologia. Dizem que a Astronomia é a mais antiga, mas o profundo sentido da simbologia das denominações astronômicas nos mostra quão maravilhoso conhecimento astrológico já havia sido alcançado na antiguidade e que ambas, Astronomia e Astrologia, devem ter-se desenvolvido em conjunto. A Astronomia é a anatomia do céu e a Astrologia é a fisiologia e a biologia do céu.

Até a época da Era de Áries, entretanto, ou seja, até o início do novo ano cósmico que começa um pouco antes de Moisés, os deuses correspondentes às observações astrológicas eram imaginados como forças atuando sobre a criação de um modo benigno ou maligno. O homem resignava-se de um modo passivo, considerando o bem e o mal fora de si, atuando sobre si. Insatisfeito com a concepção filosófica e religiosa, baseada mais no efeito da força universal no ser humano do que na fonte, em busca da verdade o homem sentiu que havia algo mais que as estrelas e chega ao princípio da unidade universal, uma compreensão que deu origem às nossas concepções religiosas de Deus.

Novamente, divulgando a velha verdade do Deus único, no sentido externo (exotérico) da palavra, perdeu-se o sentido interno (esotérico) da unidade e de Deus, que passou a ser patrimônio de poucos escolhidos. Ciência e fé se separaram e grandes conhecimentos já conquistados pela humanidade foram apagados e esquecidos diante da doutrina da Unidade, Dualidade e Trindade Divina, apresentadas de acordo com a concepção humana e não universal. Em vez de

compreenderem o homem como imagem de Deus e reflexo do universo, imaginaram Deus como a imagem do homem.

Nestes últimos dois milênios, a Astrologia decaiu quase a um ponto de superstição, perdendo seu sentido verdadeiro. Essa decadência se deu porque as observações eram feitas sobre o efeito de cada influência planetária separadamente, perdendo-se o sentido da relação entre todos e da unidade do conjunto. Perdeu-se, assim, o conhecimento da relação entre a forma e a expressão da vida das unidades macro e microcósmicas. Ante esse tipo de interpretação, tomando o homem uma atitude passiva e que aceita influências planetárias de um modo supersticioso, devemos dar razão aos adversários da Astrologia quando dizem: “no teu peito estão os astros de teu destino. A tua Vênus seja confiança em ti, decisão”. Essa crítica é justa aos que usam a Astrologia como uma arte adivinhatória, porém não afeta de modo algum a doutrina original da correspondência entre o cosmos e o homem. É lógico que, na maneira como temos interpretado a crença de um Deus justo, poderoso e caridoso, tornou-se impossível admitir a influência de um planeta bom ou mau sobre o ser humano, uma vez que as forças astrológicas eram concebidas separadamente, perdendo-se a compreensão do sentido do conjunto. Diante dessa incompreensão, a Astrologia tinha que ser combatida em nome da fé. Mas, ao lado da fé no sentido externo (exotérico) do Verbo, desenvolveu-se a ciência material e, pelas conquistas da ciência, o homem chegou a uma grandiosa concepção científica que abre a mente para uma visão mais ampla da evolução e da eternidade no sentido interno (esotérico) do Verbo.

O progresso científico possibilitou levantar um pouco o véu do firmamento e nos mostra a tradição astrológica sob um aspecto

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completamente novo. Compreendemos que se trata de vibrações

cósmicas que despertam as forças latentes, existentes em nós, de acordo com as leis de afi nidade entre o homem e o cosmos. O novo estudo científi co do efeito da relação do cosmos para com o psíquico e biológico do ser humano e toda criação, chamamos de Astrodinamismo. A concepção de vibração maléfi ca ou benéfi ca de um planeta modifi ca-se completamente. Estão de acordo com a interpretação atual as palavras de Paracelso: “não é o Saturno fora de nós, mas o Saturno dentro de nós que nos atormenta”.

Não podemos prever até onde nos conduzirão as observações astrodinâmicas, tanto no terreno psicológico e pedagógico, como também em muitos ramos da ciência acadêmica. Diante dessas novas compreensões, o homem dirige novamente seus pensamentos ao fi rmamento e a Astrologia antiga surge sob um novo aspecto, de acordo com a marcha do tempo. Achamo-nos atualmente entre a porta que se fecha, da era do passado e a porta que se abre a uma nova era. Passamos de uma era de fé passiva para uma era positiva de consciência humana. Presenciamos como a ciência, que se desenvolveu separada da religião, se une novamente a ela. Partindo da antiga Astrologia nasce a compreensão científi ca da relação entre o universo e o homem e, através do Astrodinamismo, chegamos à Astrosofi a, à compreensão das leis divinas na natureza. Da Astrologia de ontem, passando pela observação astrodinâmica, chegamos à Astrosofi a, o estudo que, através da Criação, fala do Criador.

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m uma grande revista europeia foi publicado um artigo Astrologia – sim ou não. Muitas estatísticas foram feitas sobre se as pessoas acreditam em Astrologia ou não. Aos que nos perguntam se acreditamos na Astrologia, devemos responder: não, apenas a observamos!

Astrologia é uma ciência e não pode ser acreditada, ser objeto de crença, enquanto não a conhecermos, observarmos e experimentarmos. Assim como uma criança não pode acreditar em matemática e

precisa gradualmente ser ensinada nesta ciência, não podemos negar a existência e importância da relação entre o homem e o cosmos, entre a Criação e o Criador, enquanto não a observarmos e estudarmos a fundo. Consideramos ser um perigo acreditar na Astrologia, porque acreditar faz aceitar facilmente velhas superstições ou interpretações de um ponto de vista fatalista, prejudicando o senso de responsabilidade e iniciativa própria.

Naquelas estatísticas a respeito da Astrologia, muitos homens de fé declararam que, para o cristão convicto, a Astrologia não é necessária, porque ele encontra em sua convicção a força e luz necessária; outros prelados declararam que a Astrologia unirá a ciência e a fé, conduzindo a atual ciência materialista no beco sem saída onde

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entrou na era do racionalismo. Fé e ciência não podem continuar

a se combater e a andar separadas e somente quem se aprofundou na Astrologia pode avaliar sua grande importância nesta união. O cientista que conhece Astrologia nunca mais despertará a dúvida na juventude. Porque, observando o maravilhoso relógio da Criação, compreenderá que não há relógio sem relojoeiro e que para este relógio nós necessitamos sempre da Suprema Inteligência do Criador. O sacerdote que abre sua mente à ciência e ao conhecimento da Astrologia saberá religar nossos corações ao alto, sem provocar os choques entre estudos científicos e convicções dogmáticas.

A mais linda lição neste sentido recebi de minha mãezinha. Ela tinha uma maravilhosa fé. Eu fui educada nessa fé mística, mas o colégio, os estudos e as observações científicas criaram em mim a ansiedade do saber e, através da Astrologia, cheguei a compreender o que em criança me foi dado pela fé. Eu sabia que minha mãe tinha suas dúvidas a respeito do meu caminho e quando, após anos, a visitei pela última vez para despedir-me dela nesta vida, estava em minhas preocupações como falar com ela para que me compreendesse, para que não vivesse nos últimos instantes de sua vida terrestre com a ansiedade: será que reencontrarei minha filha? Assim, procurei adaptar-me a ela, ao seu modo de compreender e, depois lhe demonstrar que meu trabalho como astróloga não era inútil nem pecado. Pedi a ela para dar-me datas de nascimento de pessoas que ela viu crescer e que estavam convictas na sua fé, explicando-lhe qual a luta interna, qual a luz que deveriam visar, qual a educação que deveriam ter recebido... Ainda a vejo diante de mim, após uma noite de testes e testes com ela, com seu corpo já diminuído, sentada na cama,

me olhando com os olhos brilhantes e luminosos: “que maravilha! Já é um pouco tarde! Mas ainda está em tempo, diga-me como eu sou!”

Na manhã seguinte era Natal. Ela me chamou e me mostrou como todo meu saber ainda era pequeno diante de sua fé: “agora compreendi a história de Natal! Há três caminhos que conduzem a Jesus. Uns vêm pelo ouvir falar, são os pastores que seguem a voz dos anjos. Outros, pelo sentir: Simão que sente a presença do messias diante de si. E os terceiros são os Reis Magos, que vêm pela ciência. Eu pensei que a ciência era o caminho errado, mas eu vejo que conduz direto a Ele”. Que interpretação profunda e importante para todos os que têm a boa vontade de compreender que mesmo sendo os caminhos diferentes nas diversas religiões, a meta, o fim a alcançar é o mesmo. Os que vêm pelo ouvir falar são os que ouvem os seus sacerdotes falar e seguem docilmente sem compreender; os que vêm pela voz interna, são os místicos que se entregam ao que sentem; e os terceiros, os que pela ciência procuram o caminho. Nenhum dos três deve parar num caminho só, deve continuar para chegar ao ponto que os três caminhos visam e onde se unem.

Se existe o ditado que “pouca filosofia afasta de Deus e muita filosofia conduz a Ele”, podemos também dizer que “pouca ciência nos afasta do saber e muita ciência nos torna sábios”.

Em qualquer dos caminhos que sigamos, precisamos partir do acreditar, chegar ao sentir, para depois saber. Quem somente acredita, não tem verdadeira fé. Ele precisa chegar ao sentir, viver e vibrar o que foi acreditado para saber da Eternidade. Quem se baseia na ciência, precisa viver, vibrar e aprofundar-se na ciência e ela lhe dará a fé e a convicção da vida eterna.

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Que o leitor possa, por este livro, obter a convicção. A Astrologia

é a ciência explicando a vida, sentimento e vibração existente em nós mesmos e ao nosso redor e nos facilitando conduzir da fé cega ao saber da eternidade e da ciência terrestre à fé na vida eterna.

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ma das primeiras dúvidas das pessoas interessadas na Astrologia é: como pode ser compreendida a ideia de um destino marcado segundo influência cósmica? E o poder da vontade humana? O que é mais forte? Destino ou livre-arbítrio? A vontade e o espírito de luta e de conquista ou as forças fatais?

Os povos orientais possuíam, até as últimas guerras, a submissão fatalista e a resignação diante de situações em que sentiam uma força maior que a sua própria vontade de dirigir seus destinos. O ocidente pregava a força de vontade, a independência individual, a capacidade de dirigir a própria vida pela inteligência, pela capacidade, pela força física ou mental. Após as últimas tempestades, ambas as mentalidades, oriental e ocidental, estão se modificando, cada qual para o lado oposto. O oriental, com sua natureza antes passiva e submissa, toma agora atitude mais positiva e procura tomar seu destino nas próprias mãos e, estando ainda pouco esclarecido, toma forma de revolta. A literatura moderna ocidental mostra que o povo diante da avalanche das tempestades dos últimos decênios encontra a força da resignação na palavra destino.

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Para explicar como observei a ação de destino ou livre-arbítrio,

dois pontos de vista completamente opostos, é melhor recorrer ao princípio do macro e do micro, do grande que está no pequeno. Imaginemos a vida como sendo um dia com o acordar do nascimento até o deitar da morte. Quando acordamos encontramos um ambiente, uma situação, condições de vida, meios e programas que não dependem de nós, mas das condições e vontades anteriores.

1- O materialista comparará essa vontade anterior com a teoria

da hereditariedade.

2 - O espiritualista explicará que, conforme nossos méritos ou

dívidas do dia anterior, junto com a nova compreensão e vontade de melhorar o que foi errado e, de acordo com as meditações da noite, escolherá um novo programa de ação que se apresentará diante de seus olhos.

3 - O cientista chama esta vontade de evolução.

4 - As religiões aceitam e compreendem a Vontade Anterior

a nós, o Poder Supremo Divino que nos dá a missão, um caminho a trilhar, uma ocasião ou oportunidade de poder voltar a Ele. Antes de continuar, deixem-me intercalar um pequeno episódio de minha vida. Eu estava na idade de ser iniciada na ciência de enxergar a beleza, de sentir e julgar a arte e então um tio pintor me conduzia e instruía nos museus. Naquela época começavam o cubismo e o futurismo e nos ambientes artísticos existiam os debates entre os adeptos desses movimentos e de impressionismo e expressionismo. Meu tio, após ter percorrido comigo todas as salas das diferentes escolas artísticas, conduziu-me diante de um quadro de Rembrandt, dizendo: “aqui tens o mestre de todas estas escolas, porque o que as

Destino ou livre-arbítrio

separa, ele reúne. Se tu prolongares todas essas linhas e tu as ob-servares, verás que elas se reúnem no coração de Maria. Veja a distribuição da luz e da sombra!” E assim explicava-me como todas as escolas atuais se fundiam na grande arte de Rembrandt. “Não é arte chamar um coração rodeado de linhas do quadro da Madonna, mas é arte saber distribuir linhas, luzes e cores para visar a expressão da impressão que tu queres criar. As diversas escolas separadas causam criações efêmeras, jogadas, criticadas e esquecidas no correr do tempo, mas a união delas é arte, e sabedoria que resiste ao tempo”.

Esta lição de arte, mais tarde aplicada na união das diferentes escolas materialistas, espiritualistas, científicas e religiosas, afastou de mim a dúvida que vem da crítica. Talvez o leitor possa sentir a calma e a harmonia que surgem da fusão das diversas teorias que, separadas, levantam tanto pó, mas que, reunidas, dão a clareza que faz penetrar na visão da vida eterna. Por isso peço ao leitor não criticar ou indagar qual das quatro concepções sobre a origem do destino é a mais acertada. Unidas elas dão maior visão.

Ao acordar encontramos todo o programa do dia determinado pelas condições de vida ou destino, dependendo das forças exteriores. O deitar, entretanto, depende de nosso livre-arbítrio, da força interior. Podemos deitar-nos angustiados, deprimidos ou insatisfeitos porque o programa não foi cumprido ou podemos deitar-nos felizes por termos consciência de ter feito o que nos foi incumbido e talvez mais um pouco, preparando o futuro. O livre-arbítrio causa as sensações segundo as quais sentimos a marcha do destino.

Continuemos comparando o dia. Segundo o programa, devo almoçar ao meio-dia, mas, por um excesso de vontade do livre-arbítrio,

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quero forçar-me a outras ocupações ou trabalhos e, por estar

acostumado às condições do programa, não poderei evitar a fome. Assim, o que desejo forçar pelo livre-arbítrio não será feito em condições harmoniosas e o que quis evitar (parar, fortificar-me) terei que empreender em condições precárias, mas que teriam sido condições harmoniosas para outros afazeres.

Destino é este programa da condição de vida que trazemos desde o berço, mas se eu o viverei de uma maneira harmoniosa, organizada ou dolorosa, depende do meu livre-arbítrio. Vencer o destino não quer dizer contrariá-lo! Podemos somente vencer o que nos é imposto pelo programa, aceitando-o conscientemente e as horas livres poderão ser construtivas para o que desejamos criar ainda mais. Condicionando a livre vontade ao destino pela ação consciente da missão a cumprir, a vida não será tão dolorosa como ela é para aquele que vive um dia à mercê de sua própria vontade e impulso, sem consideração do seu programa, sem rumo e sem resultado.

Na Astrologia calculamos o Horóscopo 1, ou seja, a nossa

própria vibração, a capacidade de recepção de corpo, mente e alma. As direções do Sol, Lua e planetas, as notas cósmicas altas e baixas que inscrevem a melodia da nossa vida no livro do nosso destino. Os trânsitos dos corpos celestes são a maneira pela qual nós, conforme força ou fraqueza, consciência ou ignorância, bondade ou maldade, capacidade ou falta, reproduzimos essa melodia que foi e está sendo escrita para nós, em tonalidades harmoniosas e dissonantes, conforme o livre-arbítrio. Cada ser humano recebe, quando do seu nascimento, o programa que é possível desenvolver em seu dia. Se o desenvolverá, isso depende dele!

1. Horóscopo se refere ao mapa astrológico (N. da E.)

Destino ou livre-arbítrio

Comparemos o reino humano com o reino da natureza. Nenhuma força da natureza, nenhum livre-arbítrio poderá de uma violeta produzir uma rosa. Todos os esforços podem somente produzir uma violeta perfeita, ou uma violeta degenerada. Assim cada ser, pelo uso de seu livre-arbítrio, pode degenerar no seu caminho de realização que lhe foi imposto por seu destino ou tornar-se perfeito na sua realização.

O sofrimento na vida surge muitas vezes durante o tempo de esforço do livre-arbítrio em querer alcançar algo para o qual o ser não recebeu a força necessária. Destino e livre-arbítrio nunca podem ser separados, pois eles estão condicionados um ao outro. Unicamente pela falta de saber coordenar ambos é que resulta a degeneração e nunca pelo destino.

Coordenamos, pois, o estudo do que somos (Horóscopo), com o conhecimento do destino, o programa que se apresenta a nós na vida pelas condições externas (direções) e devemos dirigir nosso livre- -arbítrio, nossas sensações e vontades positivas ou negativas (trânsitos). Nunca podemos cumprir um programa de destino harmoniosamente se principiamos pela sensação e a vontade. Quem quer dominar a vida pelo livre-arbítrio, sem considerar o destino imposto do alto, contará com o mesmo resultado de quem procura construir uma via férrea sem conhecimento de topografia do terreno onde quer construir. A vida baseada no livre-arbítrio é como um navio sem bússola e, baseada no destino, é barco sem leme, em ambos os casos causando longa e angustiosa procura para chegar ao seu destino. Que cada um de nós possa, com o livre-arbítrio, cumprir o seu programa, cantando de uma maneira harmoniosa a melodia que a ele foi escrita e deitar-se em uma hora bem-aventurada.

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Não me falem mal de Saturno

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segunda pergunta que o interessado em Astrologia deve enfrentar é a questão do bem e do mal. No início todos têm a preocupação em saber se seu planeta regente é benéfico ou maléfico, se o signo do Zodíaco é favorável ou desfavorável. Se procurarmos ter algum benefício destes estudos, devemos varrer desde o começo todos esses preconceitos. Como seria possível que o Criador, em sua sabedoria, pudesse ter criado acima e ao redor de nós forças e irradiações às quais estaríamos sujeitos para o mal, para depois sermos condenados pelo Pai que tudo nos dá? Toda Criação fala do Criador e por isso, pelo que está na natureza, expressa sua sabedoria. Nossa falta de compreensão das leis divinas da natureza e nossa luta contra sua sabedoria é que causam o nosso sofrimento e não os planetas ou os signos zodiacais.

Todos eles produzem em nós energias e vibrações que alimentam diversas qualidades e virtudes. Tomemos por exemplo Marte e Saturno, os mais difamados. Marte, em parte, é considerado como sendo um planeta mais evoluído do que a Terra! Se ele é mais evoluído do que nós, porque sua vibração será a da violência, da raiva e do ódio? Analisando a capacidade de energia, coragem, força de vontade,

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segundo a posição do planeta Marte nos Horóscopos, veremos de fato

que a coragem e a energia são graduadas segundo a intensidade da sua influência. Mas, se o homem usa essa energia recebida, doada, para finalidades de egoísmo e de egocentrismo, provocando lutas, guerras e violências, ou não controlando a energia, deturpando-a em paixões, quem é o culpado, Marte ou o homem? Não recebeu o homem, com a fagulha divina, a consciência? Não se aplica o direito e o dever de dominar a natureza, não somente ao usufruto da natureza abaixo de nós, mas também às energias dentro de nós?

Em épocas de guerras observaram-se as influências negativas de Marte. Quer dizer, a influência de Marte não podia ser sintonizada pela humanidade e, na falta de receber o estímulo da energia que vem do alto, o homem mostra toda sua falta de domínio da energia, que flui pela agressividade. Embora pela marcha dos planetas seja possível calcular quando se processa em nós essa fraqueza humana, não culpemos o planeta pela imperfeição.

Em agosto de 1956 havia uma aproximação de Marte, que brilhava maior que Vênus nos seus melhores dias. O povo olhava e espalhava boatos sobre o mau agouro desse fenômeno celeste e, nessa ocasião, escrevi o seguinte em um artigo: olhemos com confiança as maravilhas do céu que estão acima de nós e procuremos controlar e compreender o porquê de nossa própria imperfeição!

Paracelso diz, quando defende o mais belo dos planetas que, com seus anéis brilhantes gira majestosamente ao redor do Sol: “todos que se interessam pela Astronomia procuram dirigir o telescópio para admirar esta beleza sideral e, nós, da Astrologia, o difamamos como sendo a origem de nossa cruz, de nossos pesos e obstáculos”.

Será possível que um planeta irradia, no mesmo instante,

vibrações completamente opostas, causando a reação de fé, confiança, fidelidade, sinceridade e segurança de uns e ceticismo, desconfiança, frieza de sentimentos e pessimismo no vizinho? Se assim for, a reação provocada pela vibração externa não está na maldade do planeta irradiante, mas no grau de capacidade de sintonização do homem. E é isso que Paracelso expressa, quando declara: “não é o Saturno acima de nós, mas o Saturno dentro de nós que nos atormenta”. Com “Saturno dentro de nós” ele quer dizer a nossa falta de fé, a inexperiência, a desconfiança.

Na realidade, a vibração de Saturno desperta em nós a capacidade de fazer uso do que temos conquistado por nossos próprios esforços, por nós ou por nossos antepassados, a capacidade de aprofundar e de experimentar, lembrar a sabedoria de que toda prova, toda cruz que nos foi imposta conduzem ao progresso e evolução, a capacidade para entender que não cai um cabelo de nossa cabeça sem a vontade do Pai. Nesses casos, desenvolve-se a vibração de Saturno em fé, confiança, constância, fidelidade, senso do dever e da responsabilidade e assim a cruz se torna mais leve. Há os temperamentos e os estados de alma dos quais rememoramos o que foi difícil, o que achamos não ter merecido. Como resultado, enfrentamos as situações com medo, desconfiança, angústia, depressão, pessimismo, falta de fé e a cruz se torna pesada.

A olho nu, com nossa visão humana, podemos somente enxergar sete corpos celestes do sistema solar. Saturno é a última etapa da escala planetária visível antes dos planetas invisíveis que começa com Urano. Saturno é o planeta que desperta em nós as provas que,

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na escala de evolução, nos conduzem do visível ao invisível. Ele é

o mestre da escola que precisamos enfrentar para passar da primária para a secundária. Quem raciocinou, quem aprofundou, quem passou as provas do passado, enfrenta as provas de Saturno com alegria, amando seu examinador. Quem não soube alcançar no seu coração a fé e a confi ança, sente angústia e medo na presença do mestre-escola. Se, nas vibrações de Saturno, ainda sentimos desconfi ança, pessimismo, angústia, remorso ou dores, é sinal de que nossa fé ainda é fraca ou que ainda há algo a redimir.

Tomemos os anéis de Saturno como um símbolo de um mundo separado em dois:

concreto – abstrato visível – invisível ciência – fé

Para passar de uma parte para a outra, é necessário rodear-se dessa faixa luminosa de fé que resulta do saber do passado. Saturno é o grande contabilista do passado e que cria a base do futuro. Que da fé na experiência e dor visível conduz à ciência da força do invisível e que da ciência do visível faz nascer a fé no invisível. Se tu não sentes ainda a sabedoria e confi ança que resultam da fé, se tu não possuis ainda a faixa luminosa de Saturno, a culpa não é dele.

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O QUE O CÉU E OS HOMENS ME ENSINARAM O Zodíaco

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pós anos de estudos de Astrologia e da observação do efeito da influência dos signos zodiacais, compreendi que cada signo zodiacal desperta no ser humano uma determinada virtude ou o efeito da falta dessa virtude.

Fiz uma palestra sobre os princípios de cada signo, mas hoje considero essa palestra com muitas falhas. Mas talvez para o leitor seja mais fácil compreender, seguindo o mesmo caminho que me levou à maneira que compreendo hoje.

Antes desta explicação da vibração do Zodíaco e dos princípios do despertado ou não despertado, eu já havia escrito o artigo Maléfico-Benéfico e compreendia que na criação do universo não poderiam existir corpos celestes para provocar o mal. Surgiu então a pergunta: como é possível que a humanidade demonstre justamente o oposto do princípio irradiado de determinada região zodiacal? A observação me mostrava que até a pessoa mais evoluída e sábia, firme na sua fé e convicção religiosa continua lutando com o que chamava “a tonalidade mais baixa da sua vibração”.

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Com essa compreensão do efeito de luz e sombra e da relação

das diferentes vibrações zodiacais entre si, pensei ter chegado a um ponto elevado da compreensão astrológica e falei com um amigo, fervoroso estudante de Astronomia, que me derrubou ao mais baixo degrau, tornando-me consciente da minha ignorância. Sua resposta foi a que cada astrônomo tem direito de dar ao astrólogo que não meditou e observou a fundo a ciência que prega: “vocês pensam que Astrologia é ciência, quando é unicamente imaginação. Como pode declarar que uma pessoa que nasceu no signo de Áries tem as características de Áries se, naquele tempo, o Sol se achava na constelação de Peixes? Eu também estudava Astrologia, depois dediquei-me à Astronomia e tive que abandonar a Astrologia, por ser irreal no sentido científico”. Mas, diante de meu rosto aterrado, ele teve pena de mim, dizendo: “mas continue. Um dia vai poder dizer, sem cálculos, a cada um o que ele precisa saber”. De fato, eu estava sem poder responder. Como eu tinha julgado a Astrologia superficialmente! Como eu estava longe de saber explicar o porquê dos diferentes temperamentos!

O astrônomo tinha razão em declarar que a energia não podia ser originada no Zodíaco sideral porque, de fato, pela precessão dos equinócios, somente há 4.000 a 2.000 anos e mais ou menos daqui a 22.000 a 24.000 anos, o Sol estava e se achará novamente

na constelação de Áries em março/abril. Mas o astrólogo também tem razão e pode obter por estatísticas a confirmação que mês de 21 de março em diante o temperamento humano demonstra a característica do Áries, embora o Sol esteja na constelação de Peixes. O astrólogo que de fato quer aplicar seu estudo de um modo científico precisa meditar profundamente sobre esse fenômeno e todos os seus efeitos consequentes.

O Zodíaco

Ainda há pouco li vários artigos que declaram que a atual onda de Astrologia deveria ser combatida, porque os princípios que nela se expressam não são mais reais e científicos. E por que não são mais? O que são 2.000 anos na observação de uma lei cósmica? Ela pode ter evoluído, mas não pode ter parado!

Alguns dos leigos de Astrologia talvez não possam compreender parte deste capítulo. A eles aconselho a não desanimar na leitura, pois está escrito para astrólogos que precisam não somente observar e repetir a tradição da Astrologia dos antigos, mas meditar e compreender profundamente o ritmo evolutivo que também nesta ciência se processa. O ocultismo de ontem é a ciência de hoje e também a Astrologia precisa evoluir nesse sentido, por isso não pode continuar no conceito supersticioso no qual ela decaiu nos últimos séculos. Quem estuda a fundo compreenderá, na simbologia, a profundidade de conhecimento que os antigos já tiveram. O leigo poderá somente seguir a nova explicação que achei após anos de meditação: o Zodíaco não é uma energia cósmica externa nos influenciando, mas a partícula cósmica interna irradiante existente em toda criação, em toda criatura. O que é o Zodíaco?

Imaginem um cristal, uma célula, um som, um pensamento, um foco de luz ou uma aglomeração de cristais, células, sons, pensamentos e luzes. Eles são vida e toda forma de vida é como eletricidade irradiante vibrando. Por consequência, todos eles possuem ao seu redor uma esfera de vibrações, sensibilidades, forças, energias irradiadas de dentro para fora. Ao redor do Sol observaram os antigos essa esfera imensa de energias chamada Zodíaco Sideral 2. Ao redor da Terra, chamamos esta

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esfera sensitiva de Zodíaco matemático 3. À sensibilidade do Homem,

irradiação de vida interna, chamamos Horóscopo.

A observação de uma divisão de doze diferentes irradiações energéticas deu origem à denominação das doze constelações, que não são focos de energia irradiada, mas as regiões às quais se dirige o campo energético irradiado do Sol. Imaginem, pois, esse Sol como um centro com uma imensa irradiação de doze energias que se irradiam em direção às constelações. Na verdade, as constelações são também seis focos de energias, mas, em primeiro lugar, estudemos o fenômeno Zodíaco, no sentido do sistema solar e das forças entre Sol, Terra e homem. A mesma divisão em doze campos magnéticos observada na esfera sensitiva irradiada pela Terra, os antigos denominaram de signos zodiacais.

Sabemos hoje que não há uma pedra sem irradiação e,

considerando nossa Terra como um ser vivo na rotação de sua evolução, não será difícil, por consequência, imaginar a Terra como um foco de irradiação de vibrações em direção ao espaço, irradiando suas próprias ondas e recebendo as que vêm do Sol. Para o homem, que se prepara para vencer tempo e espaço lançando-se no universo por meios tecnológicos, não pode estar longe o dia em que, tecnicamente,ele tornará visível esse foco de luz e energias irradiadas pelo homem, cuja divisão em doze sensibilidades e forças já foram observadas pelos antigos, chamando-as de doze casas ou doze campos de ação.

Para compreender o fenômeno Zodíaco, imaginemos três globos ou três focos de luz, irradiando doze raios ou três discos divididos em doze campos, tendo por centro Sol – Terra – homem. Na esfera sideral ao redor do Sol, na imagem das constelações, manifestando-se doze princípios espirituais. Na esfera da Terra, nos signos zodiacais,

O Zodíaco

existindo doze energias de virtudes e, na vida humana, doze campos de ação. Esses três focos – heliocêntrico, geocêntrico e antropocêntrico – irradiam tanto de dentro para fora como se infi ltram mutuamente de fora para dentro.

Consideremos os três principais movimentos da Terra, em relação a esses três centros irradiantes e receptivos: a precessão – a translação – a rotação. Com a precessão dos equinócios observa-se o aparente movimento das constelações em relação ao Equador terrestre. A translação causa o aparente movimento do Sol através dos signos zodiacais em relação à Terra. E a rotação causa o aparente movimento do Sol em redor da Terra, em relação a um ponto fi xo na Terra. 23,5º PLANO DO E QUADOR DA TERRA ERA DE AQUÁRIO Ponto Venal CONSTELAÇÕES

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Tomemos o exemplo da pergunta do astrônomo ao astrólogo:

como é possível constatar um temperamento de Áries se naquele momento o Sol está na direção da constelação de Peixes?

O Zodíaco matemático 4 está em março/abril com a divisão Áries,

em direção ao Sol. Essa vibração imaginemos vermelho. O Sol está em posição reta à constelação de Peixes, uma vibração que podemos comparar com a cor lilás. A vibração básica permanece a de Áries, mas toma a tonalidade que vem da fusão de uma luz de Peixes, quer dizer, vermelho com lilás – 4.000 a 2.000 anos antes ela estava no eixo vermelho (do Sol), com vermelho (da Terra) – (Áries – Áries). Nos próximos 2.000 anos ela será Aquário (Sol) com Áries (Terra), fusão do vermelho (da Terra) com o azul (do Sol). Mas, sempre a mais próxima da Terra será a predominante (Áries – vermelho).

A Terra em Áries assimila neste momento Peixes e, tal como acontece à infi ltração da vibração do Sol sobre a da Terra, ela também acontece entre a Terra e o homem. O Zodíaco sideral se infi ltra com sua luz no Zodíaco matemático, que é a vibração da Terra, e a luz se transfere para o campo de ação do homem.

4. Zodíaco Tropical, dos signos (N. da E.)

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S

im, passaram-se mais de trinta anos desde que escrevi estes primeiros capítulos no entusiasmo de transmitir aos meus contemporâneos o que me ensinavam. A vida me amadureceu. Mas os tormentos da vida não me deixavam cumprir a promessa que fiz à minha mãe. Antes de deixar esta Terra ela me disse: “promete-me escrever o livro da tua vida. Como tu venceste. Vais dar muito a muitos.” Minha vida foi a de toda mulher que ama, se decepciona, espera, torna-se mãe e ajuda seus filhos a sobreviverem com todas as alegrias e tempestades, esperanças e aulas, vitórias e renúncias, e chegando à compreensão de que há uma grande sabedoria oculta dentro de todas as lutas e que nos guia passo a passo. O que me ajudou foi a busca de viver cada momento conscientemente, nunca fazer comparações, viver a minha vida e, pela Astrologia, vendo como cada um, queira ou não queira, vive a sua vida.

Nossos sofrimentos surgem quando comparamos nosso destino com o destino dos outros. A sabedoria e a autorrealização surgem quando vivemos conscientemente o nosso destino e dos que amamos. Acho que meus maiores instrutores foram meus filhos, tal como acontece com cada mãe que cresce junto com seus filhos, quando ama e compreende. E não foram poucos filhos.

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Em um Dia das Mães, um fi lho que tinha arrumado meu arquivo,

me disse: “eu não te admiro pelos teus sete fi lhos, mas por no mínimo mais de três mil fi lhos”. Sim, eu tenho vivido cada estudo como uma mãe, observando e amando suas lutas, por saber que elas eram a válvula que os levaria a amadurecer.

Quando vim para este Hemisfério Sul após a Primeira Guerra Mundial e encontrei Cedaior, suas ideias de humanidade futura

e preparação da Nova Era e da Maternidade Consciente me fascinaram e eu deixei tudo para seguir este ideal. Hoje, 53 anos depois, em 1978, vemos como tudo isso vai se realizando. Esses trinta anos nos quais eu ansiava escrever este livro, atormentando-me com a promessa feita a minha mãe, foram a espera necessária. Nada de novo pode crescer sem que o velho se transmute. O Novo Mundo, a Nova Era, não podem ser edifi cados sobre o velho edifício. Mas esse velho edifício está sendo derrubado para dar lugar ao novo. Os demolidores do passado já fazem parte da nova construção para fazer surgir o terreno, a terra fértil, a base para o novo. A demolição, a era “apocalíptica” não é o “fi m do mundo”, mas o fi m de um mundo para dar lugar ao novo.

Eu descrevo esta época da seguinte maneira: vivemos na rua de Peixes. É o fi m do mês. Cada mês cósmico, a rua, signifi ca 2160 anos. É dia 31 e no dia 1º iremos mudar para a rua de Aquário. Dia 31 de Peixes não existe, já é a vibração seguinte. É o limiar de uma porta que se fecha e de outra que se abre. Uma parte da humanidade já está na nova moradia, limpando e preparando. Outra parte está na rua de Peixes, na velha casa, selecionando os valores que devem ser levados para a nova casa. Os da nova casa não querem as velharias. Os da velha casa precisam abandonar coisas para as quais não há lugar na

nova e dar novo brilho aos reais valores. Os da nova casa não querem nada do passado, mas precisam do ordenado do mês anterior. E esse ordenado do mês de Peixes anterior é: amai-vos uns aos outros e ama teu próximo como a ti mesmo.

Agora compreendo por que meu iniciador me deu o nome de Lorelair. Lorely é um rochedo numa curva do rio Reno que recebe os últimos raios do ocaso do Sol que desce e os primeiros raios do Sol que nasce, enquanto o Vale do Reno está na sombra.

Peço que compreendam que quando falo ou escrevo algo em voz particular ou pessoal, não sou eu, mas a voz dos seres, a experiência e a sabedoria de todos que trabalham para um mundo mais consciente. Porque o crescer da vida tem a única fi nalidade de amadurecer e o amadurecer do homem é alcançar a consciência e a Vida nele existente.

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Meditações de 28 de maio de 1978

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E

u viajava de automóvel no litoral do sul do Brasil, contemplando o céu durante o entardecer. Ao desaparecer o Sol, no crepúsculo começaram a brilhar dois planetas: Júpiter e Vênus. Durante duas horas, até que se deitaram ambos os planetas na noite do horizonte, eu ia lembrando de tudo que me foi ensinado e tudo que observei cada vez que Vênus, o planeta que rege o florescer, e Júpiter, o que rege os frutos, se encontram numa só harmonia.

No dia 13 de fevereiro de 1916, ambos estavam em conjunção no grau zero de Áries. Foi-me ensinado que desta data em diante se formara a nova era, de uma nova humanidade, que originará novas gerações que procurarão viver realizando o que nos foi ensinado há 2.000 anos. Glória a Deus nas alturas. Paz na Terra e boa vontade entre os homens. Cedaior me dizia: “no futuro, quando viverem de acordo com as vibrações do universo, esta conjunção deveria ser nossa real festa de Natal, quanto toda a natureza procura a paz e harmonia universal.”

Tenho observado durante meio século as conjunções Júpiter e Vênus e todos os grandes armistícios e tratados de paz ocorrem na

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data dessa conjunção. Me dirão: mas 1916 foi durante as destruições

da Primeira Guerra Mundial. Sim! Foi o início desta nova era: as demolições do passado para a preparação do futuro.

A existência de luta e guerra não exclui a procura de paz. Como tudo no universo gira para a frente, por sombra e por luz, como a noite que não pode existir sem a chegada do dia e vice-versa.

Aos que estudam Astrologia recomendamos observar os aspectos entre Vênus e Júpiter. A todos que procuram a harmonia de vida, recomendo os dias de maior força nas conjunções de Vênus e Júpiter, que são o Natal Universal, o nascer da nova luz e esperança, amor e boa vontade.

Antigamente os fabricantes de sinos esperavam por esta conjunção para fundir o estanho com o cobre, os metais que correspondem a Júpiter e Vênus, pois, com esta vibração planetária, se obtém a liga que produz os sinos que emitem o som mais harmônico para despertar na alma humana a maior sintonia cósmica.

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eus mestres, quer dizer, meus instrutores nas coisas da vida, foram meu pai e Cedaior. Cedaior conheci quando cheguei, depois da Primeira Guerra Mundial, ao Hemisfério Sul. Suas ideias de uma Nova Era, com uma humanidade mais consciente, me deslumbraram após tudo a que tinha assistido na guerra, criando a esperança de um mundo melhor com uma vida consciente. Eu tinha 22 a 23 anos de idade. Deixei tudo, casei moça, filha de pastor protestante, alemã, com um sábio de 53 anos, francês, filósofo, violinista, astrólogo, entregando-me de corpo e alma a esse ideal, dois meses depois de eu ter chegado na nova terra.

É apenas para dar mais força quando falo sobre o que ele ensinava que eu o chamo de “meu mestre”. Não para endeusar ou elevá-lo, mas sim para relatar experiências de maior vivência em que ele me orientava. Ele me dizia: “nunca me chame de mestre e se alguém te chama ou se chama de mestre, foge dele!”

A uma viúva que me perguntou “meu marido, lá em cima, é mestre?” respondi: ele se encontra diante de outro mestre e nós sempre somos aprendizes.

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Quando eu fazia uma pergunta a Cedaior, ele nunca me respondia

por uma ideia própria, por um dogma. Ele sempre formulava outra pergunta para me fazer refl etir, estudar e procurar, até que me conscientizava. Por exemplo: eu não consigo entender a vida! Onde está a justiça divina? Resposta: “olhe as leis matemáticas do universo. Será que tu podes observar este maravilhoso relógio sem admirar a existência e suprema inteligência do relojoeiro?”

Quando eu perguntei “que religião queres que eu dê aos nossos fi lhos?”, ele respondeu: “a uma criança somente podes fazer acreditar o que ela vê e conhece. O Pai que tudo lhe dá e, como Moisés a um povo de pastores do campo, somente se pode explicar grandes conhecimentos de cosmogonia e criação do mundo em sete dias (fases evolutivas) através do Pai que tudo criou. Mas haverá o dia em que teu fi lho não acreditará mais na forma que Moisés deu à humanidade na sua infância e te responderá: eu acredito somente na minha consciência! E virá o dia em que ele não vai querer mais dar nome ao que sente e sabe como existente, porque dar nome é blasfemar, limitar o que é infi nito, ilimitado, e silenciará diante do que venera!”

Ainda em 1925, logo depois que nos casamos, seguimos para Catalão em Goiás, onde formaríamos uma comunidade com um núcleo de pessoas que tinham se transferido da Suíça para a América do Sul, convictos de que aqui seria o berçário do novo mundo. Lá ouvi falar em Krishnamurti, o jovem que seria o novo Messias, o salvador do mundo, segundo a opinião da Teosofi a. Eu fi quei desesperada. Onde me meti! Na boca do anticristo! Porque Jesus diz que no “Fim do Tempo” levantar-se-ão falsos profetas. Eu chorava, queria voltar, desesperada por ter tomado o caminho errado. Cedaior procurava me

acalmar dizendo: “ele não deu ainda a sua mensagem. Espere. Quando ele der essa mensagem, tu saberás se podes aceitar ou não.” Pouco tempo depois ocorreu o congresso da ordem da Estrela do Oriente, em Haia, quando então o jovem que tinham educado para ser o salvador do mundo, subiu ao púlpito e declarou: eu dissolvo esta ordem. Eu não sou mestre de ninguém. Vocês não precisam de mestres porque cada um tem o seu mestre interno e não precisam de muletas! Eu não me lembro mais do texto exato de sua mensagem, mas eu sinto ainda hoje o alívio e a alegria que me inundou naquele momento. Ele deu a mensagem certa!

Cada um tem o seu mestre interno. Teu mestre é meu mestre, nossos mestres são a consciência, a luz divina que brilha em todos os seres, em toda a Criação e que mais cedo ou mais tarde se manifesta. A consciência da existência divina que nos dá, em todas as formas da Criação, os poderes e as forças! O Pai que tudo nos dá!

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Fé, ciência e trabalho

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ivendo em contato com os filósofos e pesquisadores, na busca de encontrar uma forma de educação, orientação e autoconhecimento para uma humanidade com uma vida mais feliz, dediquei-me ao estudo da Astrologia, porque ela nos revelava as condições básicas de cada indivíduo, qual o seu direito de ser conforme as condições de seu nascimento. Não estudei Astrologia para prever e predizer o futuro, mas para compreender as diversas manifestações da vida.

Por consequência de uma enchente, perdemos toda a valiosa biblioteca de Cedaior e somente ficamos com três livros: uma bíblia, um livro de efemérides de Flambart – de 1800 a 1930, indicando a posição do sol e da Lua de 10 em 10 dias – e um compêndio sobre criação de abelhas. A fé, a ciência e o trabalho da natureza! Não me baseei em estudos e interpretações do passado. Somente calculei e observei a vida ao meu redor. Cada acontecimento foi pesquisado e analisado. Sim, eu tinha a sabedoria ao meu lado que somente me respondia por meio de outras perguntas, que me obrigava a pesquisar mais. Cedaior me dizia: “eu não quero que tu analises os efeitos de uma causa. Eu quero que tu encontres a causa!”

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Hoje eu reconheço que a perda da biblioteca foi um bem para

mim. Mais tarde, quando encontrava livros de Astrologia, estes me entristeciam. Cheguei também à compreensão de porque as interpretações são tão diferentes. Minha convicção era que tudo parte do princípio único da perfeição, que deve estar presente em toda variação da forma. Se o Criador é perfeito, criação e criatura devem ser perfeitas. Assim como uma máquina produz obra imperfeita, a máquina ou a inteligência do inventor dessa máquina falhou, assim não podemos separar a criatura da perfeição do Criador. Mas o homem observou as estrelas, comparando-as com fenômenos de vida na Terra e criou seus deuses bons e maus. Depois declarou: Não. Deus é um só, perfeito, e criou o homem à sua semelhança: a natureza é que causa os erros. Mais tarde disse: Deus criou a natureza, o homem não presta. Para, por fi m, afi rmar: o homem é a natureza. Deus não existe.

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perda de bens me obrigou, após oito anos de estudos e pesquisas, a usar meus conhecimentos de Astrologia profissionalmente. Naquele tempo, isso foi um sofrimento para mim, mas hoje reconheço o bem que foi ter que lutar e de enfrentar milhares de vidas em busca de orientação. Foi a maior escola e experiência enquanto tinha ainda a experiência de Cedaior ao meu lado. A Astrologia foi proibida pela lei brasileira e, quando um dia a polícia foi à minha casa para investigar, declararam que eu podia continuar por ser a mais sincera, pois “não explorava a crendice humana”.

Como sofri naquela época e ambiente, onde procuramos criar ao nosso redor um nível de maior compreensão desta ciência sagrada. Fiz palestras e procurei formar alunos desde 1933 para demonstrar a importância da Astrologia na compreensão da alma da criança e na educação. Nunca me conformava com o fato de que a criança nasce com o destino que a obriga a ter defeitos e então procurava enaltecer suas qualidades.

Escrevi e fiz uma conferência chamada O Zodíaco e seus princípios, demonstrando as virtudes e a formação psicológica conforme as ideias

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siderais. Imaginei da seguinte forma: que o Criador havia criado ao

redor da Terra, nas doze constelações, uma faixa luminosa que irradiava sobre a Terra as doze virtudes. Fiz um círculo grande com a inscrição das virtudes de cada signo e, nesse gráfi co, vi que os dois signos opostos se correspondem e que os defeitos não são originados por um signo, mas pela falta do signo oposto. Se o Sol está em Áries e a Terra projeta sua sombra sobre Libra, interrompeu o intercâmbio entre a energia de Áries e a harmonia de Libra, entre a ação de Áries e a medida da Balança, que torna energia e ação em violência e impaciência e vice-versa. Se o Sol está em Libra, a energia e iniciativa faltam pela procura de obter harmonia, beleza e justiça.

Este foi o primeiro passo para uma nova forma de interpretação. Não julgando as más qualidades, mas compreendendo que as energias ausentes precisam ser estimuladas, orientadas e despertadas na criança. Disso resultou que eu aconselho: onde tu vês um defeito, uma sombra, procure a luz que projetou essa sombra.

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u já não tinha mais o sábio, a voz do Mestre, ao meu lado, quando li o livro de Demétrio Toledo em 1943, com as ideias de Don Neroman, declarando que no Hemisfério Sul os signos são os opostos: “os signos zodiacais são a atmosfera, o sensitivo da Terra e simbolizam as estações do ano e Áries, a primavera, no Hemisfério Sul é em 23 de setembro. Áries é o novo brotar”.

Como? Eu teria errado em tudo que observei até agora? Mas eu não podia negar uma ideia sem estudar e observar. A Astrologia e o que se conhecia dela era transmitida no Hemisfério Norte e é lógico que poderia ser diferente. Fiz inúmeras pesquisas. Calculei o Ascendente, posição do Sol e Lua para perguntar a todos que se aproximavam de mim: tu és isto ou aquilo? Pus as pessoas em choque para ver a primeira reação e nunca pude constatar o contrário da tradição astrológica que nos foi transmitida pelos caldeus.

Pelas observações e estudos realizados no Hemisfério Sul, pela experiência e não por livros ou estudos de outros, cheguei à seguinte conclusão: a Terra é um ser vivo e os signos zodiacais são o sensitivo desse ser. A Astrologia é a mesma, tanto considerando o norte como o sul da Terra.

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A única diferença que observei entre as duas partes do globo

terrestre é que no norte a infl uência do Sol é maior na mentalidade e que no sul a Lua age com maior força sobre a emotividade. Deve ser porque no norte a maior parte é terra e no sul é água. Disto resulta também, a partir de casos que observei, que muitas mulheres que são estéreis no Hemisfério Norte, ao virem para o sul, conceberam.

Em geral esta teoria da inversão dos signos no Hemisfério Sul está superada, mas de vez em quando alguém ainda a retoma. A melhor resposta, nesse caso, é a pergunta: como será então no equador?

Com todo esse “susto” de ver abalado tudo o que eu tinha estudado e afi rmado, fi cou aberta a questão: o que é o Zodíaco? Nessa ocasião, me visitou um amigo de Cedaior, membro da Sociedade de Astronomia da França, que me disse: tudo que tu fazes está muito bem, já que permite sustentar tua família, mas tens que compreender que isso não existe. Os tempos passaram desde que foram dados esses nomes e as constelações já são outras. Do ponto de vista da Astronomia eu tinha que dar razão a ele, mas de maneira alguma abalava minha observação astrológica. Do ponto de vista pessoal fi quei terrivelmente chocada. Já foi um sofrimento ter que pedir remuneração por meus trabalhos, que fazia por idealismo e gostaria de dar a todo mundo, mas ainda vir me dizer “explore, se eles te acreditam”. Esta é a acusação que os adversários da Astrologia fazem aos astrólogos, de que estão mantendo uma ideia não fundamentada apenas por interesse fi nanceiro.

Para todo astrólogo sincero, cada Horóscopo não é uma afi rmativa, mas um estudo profundo, no qual ele procura a confi rmação da

comparação entre o céu e a vida terrestre. Nunca dei uma resposta a uma consulta sem o estudo exato e todos os cálculos minuciosos do tema. E agora virem me dizer “continue se te dá dinheiro, mas é ilusão”! Isso foi uma grande tempestade, um abalo sísmico na minha vida e hoje eu sei o valor das tempestades que sacodem os velhos galhos e trazem a nova vida ozonifi cando a Terra e as ideias. Em mim, então, havia só uma ideia, um grito: hei de mostrar o que são os signos zodiacais, mesmo quando não são idênticos às constelações!

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O prêmio

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eria talvez mais certo chamar este capítulo de “O ovo de Colombo”, pois relata como e quando achei o que era tão simples e sabido desde que a humanidade buscou o porquê da vida.

No meu Horóscopo, há uma quinta casa muito forte, com Júpiter e Sol em Aquário, formando um triângulo com Marte e Ascendente na primeira casa e Plutão na nona casa, o que explica meu interesse por Astrologia e por ter me lançado nela e em tudo que deriva dela de corpo e alma.

Na teoria astrológica, porém, isso me dá também “sorte com loteria”. Em 1932 eu tinha tentado isso. Dois anos antes declarei que “daqui a dois anos vou jogar na loteria”. Foi quando meu terceiro filho nasceu. Eu, ainda na cama, ouvi meu marido discutir com a dona da casa, dizendo que ele pagaria o aluguel somente depois de eu estar fora de perigo, porque em outro parto já havia passado mal. Ouvindo isso, senti-me revoltada de nossa vida de arte, filosofia e Astrologia: sempre essa luta de aluguel e a falta de dinheiro! De repente, lembrei-me: a loteria! Com a “sorte” do nascimento do filho eu tinha esquecido a intenção de jogar na loteria! Falei a Cedaior: ligeiro, traga-me as efemérides!

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