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A aplicabilidade de critérios sustentáveis nas compras públicas de uma Universidade Federal do Nordeste

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE PROCESSOS INSTITUCIONAIS

LUANA LORENA DE SOUZA LIMA

A APLICABILIDADE DE CRITÉRIOS SUSTENTÁVEIS NAS COMPRAS PÚBLICAS DE UMA UNIVERSIDADE FEDERAL DO NORDESTE

NATAL - RN 2019

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LUANA LORENA DE SOUZA LIMA

A APLICABILIDADE DE CRITÉRIOS SUSTENTÁVEIS NAS COMPRAS PÚBLICAS DE UMA UNIVERSIDADE FEDERAL DO NORDESTE

Diagnóstico situacional apresentado ao Programa de Pós Graduação em Gestão de Processos institucionais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do título de Mestre em Gestão de Processos Institucionais.

Orientador: Prof. Dr. Yanko Marcius de Alencar Xavier.

NATAL - RN 2019

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Lima, Luana Lorena de Souza.

A aplicabilidade de critérios sustentáveis nas compras públicas de uma Universidade Federal do Nordeste / Luana Lorena de Souza Lima. - 2019.

210f.: il.

Diagnóstico situacional (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas Letras e Artes. Programa de Pós-graduação em Gestão de Processos Institucionais. Natal, RN, 2019.

Orientador: Prof. Dr. Yanko Macius de Alencar Xavier.

1. Desenvolvimento Sustentável - Diagnóstico situacional. 2. Consumo Sustentável - Diagnóstico situacional. 3. Critérios Sustentáveis - Diagnóstico situacional. 4. Compras Públicas Sustentáveis - Diagnóstico situacional. I. Xavier, Yanko Macius de Alencar. II. Título.

RN/UF/BS-CCHLA CDU 351:502/504

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes -CCHLA

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LUANA LORENA DE SOUZA LIMA

A APLICABILIDADE DE CRITÉRIOS SUSTENTÁVEIS NAS COMPRAS PÚBLICAS DE UMA UNIVERSIDADE FEDERAL DO NORDESTE

Diagnóstico situacional apresentado ao Programa de Pós Graduação em Gestão de Processos institucionais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do título de Mestre em Gestão de Processos Institucionais.

APROVADA EM _____/_____/2019

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________ Prof.ª Dr.ª Patrícia Borba Vilar Guimaraes Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Presidente

____________________________________________ Prof. Dr. José Orlando Ribeiro Rosário

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Membro Interno

____________________________________________ Prof. Dr.Victor Rafael Fernandes Alves

Tribunal de Contas do Estado – TCE/RN Membro Externo

(5)

Dedico este trabalho aos três amores da minha vida, meus filhos Cauã e Cecília, e meu esposo Clóvis Moura.

(6)

AGRADECIMENTOS

Ao meu Criador, que me deu não somente a vida, mas as capacidades física, emocional e intelectual para que essa jornada fosse concluída. YAHWEH não me desamparou em nenhum só instante, e nas vezes que eu pensei que não iria conseguir, Ele me lembrava de que “tudo posso naquele que me fortalece”, esse Deus que transforma o comum em singular, o indigno em digno, me conduziu até aqui, pois Seu amor é algo ainda mais extraordinário que o Seu poder.

Ao meu esposo Clóvis, pelo apoio dado desde o início, e não foi nada fácil esse início, um ano inteiro longe de casa a semana inteira. Seu suporte com as crianças foi fundamental para que eu conseguisse estar aqui hoje, com lágrimas nos olhos, escrevendo essa página. Na verdade, você sempre me incentivou a estudar e a buscar progredir, desde a época do temível pré-vestibular, e certamente, o seu incentivo foi um importante combustível para essa conquista.

Aos meus filhos amados, Cauã e Cecília, que me davam o melhor abraço do mundo quando eu retornava para casa. A mamãe fez e fará muitas coisas para que vocês aprendam que quando a gente quer muito uma coisa, se investirmos tempo e esforço, nós conseguimos!

Ao meu orientador Prof. Yanko Xavier, por ser essa pessoa tão humilde e generosa, responsável pela idealização desse trabalho sendo fonte de inspiração e incentivo, seus conselhos foram valiosos para que eu conseguisse chegar até aqui.

Aos examinadores da banca, a Prof.ª Patrícia Borba Vilar Guimarães, o Prof. José Orlando Ribeiro Rosário, e o Prof. Victor Rafael Fernandes Alves, muito obrigada por suas participações e contribuições que certamente agregaram valor ao meu trabalho.

À Universidade Federal Rural do Semi-Árido, pela oportunidade e incentivo dado aos seus servidores na busca da qualificação profissional, decerto que a existência dessa pesquisa é fruto desse incentivo.

Ao Programa de Pós-graduação em Gestão de Processos Institucionais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por todo o conhecimento acadêmico e prático repassado, fundamental para o robustecimento da minha carreira profissional.

Aos meus tios, Aldemir e Josélia, que me acolheram e foram tão hospitaleiros durante a longa etapa de aulas em Natal, sem dúvidas a companhia de vocês tornava o fardo das constantes viagens mais leve.

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Aos meus colegas de trabalho, Alaete, Assis, Geovane e Pedro Henrique pela amizade e apoio dado durante toda a pesquisa.

Aos meus colegas da turma do MPGPI, foi uma grande honra enfrentar esse desafio ao lado de vocês, sou grata pelo apoio, incentivo e amizade. Em especial, as queridas amigas Kátia e Danúzia, que foram companheiras especiais de tantos trabalhos, almoços e conversas, o fim do mestrado me deixou algo muito precioso além do aprendizado, à amizade de vocês.

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Portanto Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém. Romanos 11:36.

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RESUMO

Os padrões insustentáveis de produção e consumo atuais têm ocasionado severos desequilíbrios ambientais. A urgência na mudança desses padrões vem impulsionando pesquisas, debates e agendas ambientais nacionais e internacionais. Nesse contexto, a Administração Pública não pode afastar-se do seu dever de promover o desenvolvimento nacional sustentável através das Compras Públicas Sustentáveis. Maior é a responsabilidade das universidades nesse aspecto, devendo não só incentivar, mas servir de exemplo para toda a sociedade, em virtude do papel fundamental que desempenha na formação social e profissional dos indivíduos, além de ser um consumidor em grande escala, capaz de fomentar as ofertas de produtos e serviços sustentáveis. Partindo dessa premissa, este estudo se propôs a realizar um diagnóstico nos processos de aquisição de bens e nas contratações de serviços comuns da Universidade Federal Rural do Semi-árido - UFERSA, através da análise de seus editais de licitação, com a finalidade de verificar a inclusão de critérios sustentáveis. A pesquisa abrangeu o período de 2016 a 2018, e partiu de um roteiro metodológico criado com base em instruções normativas, guias e manuais de compras sustentáveis já existentes. Também analisou o Plano de Gestão de Logística Sustentável da UFERSA, verificando suas metas e analisando os resultados divulgados no campo das Contratações Sustentáveis, traçando um paralelo com o diagnóstico dos processos de compras. Por fim, foi desenvolvido uma cartilha de compras sustentáveis visando auxiliar à inserção de critérios sustentáveis nos editais de licitação. A pesquisa é aplicada quanto à sua finalidade, sendo exploratória e descritiva quanto aos seus objetivos, apresentando uma abordagem qualitativa.

Palavras-chave: Compras Públicas Sustentáveis. Consumo Sustentável. Critérios Sustentáveis. Desenvolvimento Sustentável.

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ABSTRACT

Unsustainable patterns of production and consumption actually has caused several environmental imbalances. The urgency of change these standards promotes research, debates and national and international environmental agendas. In this context, the Public Administration should not move away from your duty to promote sustainable national development through Sustainable Public Procurement. In this aspect the greater responsibility are from the universities, by virtue of the fundamental role what creates in the social and professional formation of individuals, besides being a large-scale consumer, capable of promoting the offer of sustainable products and services. Based on this premise, this study proposed to perform a diagnosis in the acquisition of goods and contracting of common services of the Universidade Federal Rural do Semi-Árido/UFERSA, through the analysis of its bidding documents, in order to verify the inclusion of sustainable criteria. The survey covered the period from 2016 to 2018, and started from a methodological script created on the basis of existing normative instructions, guides and manuals of sustainable procurement. Also reviewed the institution's Sustainable Logistics Plan, verifying its goals and analyzing the results revealed in the field of Sustainable Contracting, drawing a parallel with the diagnosis of the procurement processes. Lastly, a sustainable procurement booklet was developed to help the insertion of sustainable criteria in bidding documents. The survey is applied to your purpose, being exploratory and descriptive for their objectives, presenting a qualitative approach.

Key-words: Sustainable Public Procurement. Sustainable Consumption. Sustainable Criteria. Sustainable Development.

(11)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Seis Eixos Temáticos da A3P ... 29

Figura 2 - Objetivos da Compra Sustentável ... 51

Figura 3 - Equilíbrio dos Princípios Licitatórios ... 63

Figura 4 - Avaliação do Ciclo de Vida ... 65

Figura 5 - Fluxograma das etapas da pesquisa ... 78

(12)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Prioridades e Macrometas para o 1º Ciclo do PPCS ... 38

Quadro 2 - Classes de Itens Sustentáveis ... 67

Quadro 3 - Critérios de Sustentabilidade nos Requisitos de Habilitação ... 70

Quadro 4 - Critérios de Sustentabilidade nas Obrigações da Contratada ... 73

Quadro 5 - Processos sem critérios de sustentabilidade no ano de 2016 ... 81

Quadro 6 - Processos com critérios de sustentabilidade no ano de 2016 ... 84

Quadro 7 - Critérios Sustentáveis na aquisição de matérias de expediente (2016) ... 86

Quadro 8 - Critérios Sustentáveis no objeto de Manutenção Predial (2016) ... 88

Quadro 9 - Processos sem critérios de sustentabilidade no ano de 2017 ... 92

Quadro 10 - Processos com critérios de sustentabilidade no ano de 2017 ... 96

Quadro 11 - Critérios sustentáveis na aquisição de material de limpeza (2017) ... 99

Quadro 12 - Critérios sustentáveis no objeto de manutenção de ar condicionados (2017) .... 100

Quadro 13: Processos sem critérios de sustentabilidade no ano de 2018 ... 105

Quadro 14 - Processos com critérios de sustentabilidade no ano de 2018 ... 107

Quadro 15 - Critérios sustentáveis na aquisição de material de limpeza (2018) ... 109

Quadro 16 - Critérios Sustentáveis no objeto de Serviços Gráficos (2018) ... 111

Quadro 17 – Sugestões de boas práticas no PLS para implementação das CPS ... 121

Quadro 18 - A metodologia para a implementação das contratações sustentáveis do PLS ... 122

(13)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Evolução nacional das adesões à A3P pelos órgãos públicos ... 34

Gráfico 2 - Distribuição dos órgãos que aderiram à A3P por esfera de governo ... 34

Gráfico 3 - Evolução do PGPM - Bio... 42

Gráfico 4 - Editais sem critérios socioambientais (2016)... 82

Gráfico 5 - Possibilidade de inclusão de novos critérios de sustentabilidade (2016)... 86

Gráfico 6 - Inserção de critérios sustentáveis nos processos de materiais (2016) ... 89

Gráfico 7 - Inserção de critérios sustentáveis nos processos de serviços (2016) ... 90

Gráfico 8 - Participação das ME-EPP nos pregões de 2016... 92

Gráfico 9 - Editais sem critérios socioambientais (2017)... 93

Gráfico 10 - Possibilidade de inclusão de novos critérios de sustentabilidade (2017)... 98

Gráfico 11 - Inserção de Critérios Sustentáveis em 2017 ... 102

Gráfico 12 - Inserção de critérios sustentáveis nos processos de serviços (2017) ... 102

Gráfico 13 - Participação das ME-EPP nos pregões de 2017... 104

Gráfico 14 - Editais sem critérios socioambientais (2018) ... 105

Gráfico 15 - Possibilidade de inclusão de novos critérios de sustentabilidade (2018)... 109

Gráfico 16 - Inserção de Critérios Sustentáveis em 2018 ... 112

Gráfico 17 - Inserção de critérios sustentáveis nos processos de serviços (2018) ... 113

Gráfico 18 - Participação das ME-EPP nos pregões de 2018... 115

Gráfico 19 – Comparativo de editais sem critérios socioambientais... 116

Gráfico 20 - Comparativo da possibilidade de inclusão de novos critérios ... 117

Gráfico 21 - Comparativo da inserção de critérios sustentáveis nos processos de materiais . 118 Gráfico 22 - Comparativo da inserção de critérios sustentáveis nas contratações de serviço 118 Gráfico 23 - Comparativo de participação das ME-EPP ... 119

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LISTA DE SIGLAS

A3P Agenda Ambiental na Administração Pública APF Administração Pública Federal

CATMAT Catálogo de Materiais

COMPRASNET Portal de Compras do Governo Federal

CPS Compras Públicas Sustentáveis

CTF Cadastro Técnico Federal

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IFES Instituição Federal de Ensino Superior

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial MMA Ministério do Meio Ambiente

MPOG Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão ONU Organização das Nações Unidas

PES Projeto Esplanada Sustentável

PLS Plano de Gestão de Logística Sustentável

PPCS Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis SIASG Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais SLTI Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação TCU Tribunal de Contas da União

UASG Unidade Administrativa de Serviços Gerais UFERSA Universidade Federal Rural do Semi-Árido

(15)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 21

2.1 Desenvolvimento sustentável e as práticas de consumo do setor público ... 21

2.1.1 Desenvolvimento sustentável como novo paradigma para o crescimento econômico .... 22

2.1.2 A3P e a gestão ambiental nos órgãos públicos: um enfoque nos padrões de consumo .. 26

2.1.3 O consumo sustentável no setor público: uma breve análise do PPCS ... 35

2.2 Contrações públicas sustentáveis... 44

2.2.1 Principais fundamentos jurídicos das CPS ... 45

2.2.2 Princípios e objetivos das CPS ... 50

2.2.3 Principais barreiras na implementação das CPS... 53

2.3 Critérios práticos de sustentabilidade nas CPS ... 57

2.3.1 A margem de discricionariedade para o uso de critérios sustentáveis nas compras públicas ... 58

2.3.2 Procedimento prévio a formalização das CPS ... 61

2.3.3 A exigência de critérios sustentáveis em cada etapa do processo ... 63

2.3.3.1. Especificação Técnica do Objeto ... 64

2.3.3.2. Requisitos de Habilitação ... 69

2.3.3.3. Obrigações da Contratada ... 72

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 75

3.1 Caracterização da pesquisa ... 75

3.2 Local e amostra da pesquisa ... 77

3.3 Etapas da pesquisa e técnica de coleta de dados ... 77

3.4 Técnica de análise de dados... 79

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ... 81

(16)

4.2 Processos licitatórios do exercício de 2017 ... 92

4.3 Processos licitatórios do exercício de 2018 ... 105

4.4 Comparação dos dados apurados nos três exercícios ... 116

4.5 CPS no Plano de Gestão e Logística Sustentável da UFERSA ... 120

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 127

REFERÊNCIAS ... 130

APÊNDICE A – Checklist com Critérios sustentáveis por tipo de Material ... 139

APÊNDICE B – Checklist com Critérios sustentáveis por tipo de Serviço ... 153

APÊNDICE C – Cartilha de Inclusão de Critérios Sustentáveis nas Compras e Contratações Públicas ... 165

(17)

1 INTRODUÇÃO

O modelo de produção adotado nas últimas décadas onde os recursos naturais são extraídos sem qualquer tipo de controle, tem originado alterações severas e descontroladas no meio ambiente e resultado no desequilíbrio ambiental do planeta.

Diversos problemas ambientais estão sendo provocados porque não se levou em consideração a relação existente entre o meio ambiente e os elementos que o compõem, motivando desequilíbrio no ar, nas temperaturas, nas águas, no solo, impactando diretamente a qualidade de vida dos seres humanos e demais espécies.

Os sistemas da terra vêm sofrendo uma crescente pressão diante dessa alta exploração de seus recursos, visando principalmente à manutenção de níveis de consumo cada vez mais elevados.

Para que a espécie humana mantenha sua permanência nesse planeta, não é suficiente apenas o controle populacional, é de extrema necessidade o uso dos recursos do meio ambiente de forma sustentável. O professor Ignacy Sachs assegura que “o uso produtivo não necessariamente precisa prejudicar o meio ambiente ou destruir a diversidade, se tivermos consciência de que todas as nossas atividades econômicas estão solidamente fincadas no ambiente natural1”.

A Constituição Federal em seu artigo 225, não deixa dúvidas acerca do papel do Estado na defesa e proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo, assim como enfatiza o dever da sociedade em preservá-lo para a atual, e próximas gerações.

Abramovay também destaca que compete a todos preservar o meio ambiente e evidencia a responsabilidade maior do Estado quando afirma que “a pressão social por justiça, equidade e sustentabilidade deve se manifestar na esfera pública, por meio das leis e do Estado, e jamais na esfera privada da vida empresarial. Ao mercado o que é do mercado. À sociedade e ao Estado o que lhes pertence2”. Portanto, não se discute que a responsabilidade socioambiental é, sobretudo, do Estado, mas é essencial seu compartilhamento com as empresas e a sociedade, tendo em vista o elevado grau de complexidade das questões socioambientais.

1SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2009. p. 32. 2 ABRAMOVAY, Ricardo. Muito além da economia verde. São Paulo: Ed. Abril, 2012. p. 135.

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O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro depende cerca de 50% da biodiversidade, o que demanda a adoção de novos padrões de produção e consumo, assim como a procura por mecanismos mais eficazes ao desenvolvimento, economizando recursos naturais, dos quais depende a nossa economia e o crescimento sustentável do país3. Sachs acredita que “a conservação da biodiversidade entra em cena a partir de uma longa e ampla reflexão sobre o futuro da humanidade. A biodiversidade necessita ser protegida para garantir os direitos das futuras gerações4”.

A política de desenvolvimento que só prioriza as questões econômicas e sociais sem a devida harmonia com as questões ambientais não pode ser considerada como sustentável. Para que o desenvolvimento seja considerado sustentável, deve satisfazer concomitantemente aos critérios de viabilidade econômica, relevância social e prudência ecológica4.

Frente a esse cenário, com a publicação da Lei nº 12.349, de 15 de dezembro de 2010, o Brasil altera a Lei Geral de Licitações e Contratos (Lei 8.666/1993), incluindo em seu artigo terceiro, a promoção do desenvolvimento nacional sustentável como objetivo das licitações. Nesse mesmo ano, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) publica a Instrução Normativa nº 01/2010, que dispõe sobre a inclusão dos critérios de sustentabilidade ambiental nas contratações de bens, serviços e obras pela Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional.

Em 2011 o plenário do Tribunal de Contas da União (TCU), através do Acórdão nº 1.752, incentiva a mudança do modelo de gestão organizacional da Administração Pública Federal e passa a “recomendar ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão que incentive os órgãos e instituições públicas federais a adotarem um modelo de gestão organizacional estruturado na implementação de ações voltadas ao uso racional de recursos naturais5”.

Portanto, o papel da administração pública não se limita a regular a economia através de leis, incentivos e subvenções, mas também de influenciar a formação de um mercado que oferte produtos sustentáveis para atender as demandas públicas de compras de materiais,

3 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Agenda ambiental na administração pública. 5. ed. Brasília, DF,

2009.p. 15. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/cartilha_a3p_36.pdf. Acesso em: 26 jan.2019.

4 SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2009. p. 67. 5 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Secretaria das Sessões. Acórdão TCU 1752/2011. Auditoria

operacional. Avaliação das ações adotadas pela administração pública federal acerca do uso racional e sustentável de recursos naturais. Pertinência, Atualidade e relevância do tema. Determinações. Recomendações. 2011. p. 53. Disponível em: https://pesquisa.apps.tcu.gov.br. Acesso em: 07 nov. 2018.

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contratação de serviços e execução de construções sustentáveis, não podendo se escusar de sua parcela de responsabilidade referente às questões socioambientais.

A promoção das compras públicas sustentáveis é uma das metas e estratégias para se alcançar o desenvolvimento sustentável na Agenda 2030 da ONU. Elas representam uma mudança necessária e urgente nos padrões de consumo das organizações públicas, e tem por objetivo a redução dos impactos à saúde humana, ao meio ambiente e aos direitos humanos.

As licitações deixaram de ser meros procedimentos de compra do Governo para se tornarem em mecanismos de promoção do desenvolvimento sustentável do País, na busca de atenderem aos requisitos socioambientais, sem deixar de observar os inamovíveis comandos constitucionais da isonomia e da seleção da proposta mais vantajosa para a Administração.

Todavia, apesar dos muitos incentivos a implementação das compras públicas sustentáveis, o Painel de Compras do Governo Federal aponta que, no exercício de 2018, apenas 0,98 % (por cento) dos itens adquiridos nos processos de compras possuíram o caráter sustentável6.

Maior é a responsabilidade das universidades nesse aspecto, devendo não só incentivar as CPS, mas servir de exemplo para toda a sociedade, em virtude do papel fundamental que desempenha na formação social e profissional dos indivíduos, além de ser um consumidor em grande escala, capaz de fomentar as ofertas de produtos e serviços sustentáveis. Partindo dessa premissa, ocorreu a escolha da Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA, uma autarquia da administração indireta do Ministério da Educação, com sede na cidade de Mossoró-RN, como local de pesquisa. A instituição de ensino superior oferta 45 cursos de graduação e 17 cursos de pós-graduação.

A UFERSA é constituída por quatro campi, todos eles inseridos na região semiárida, o que torna muito maior o desafio para o desempenho de suas competências e finalidades, frente às adversidades climáticas, socioeconômicas e de infraestrutura.

A realização do estudo justifica-se, no âmbito social, diante da insuperável necessidade de verificação da implementação da política pública voltada ao desenvolvimento nacional sustentável conhecida por “compras públicas sustentáveis”, a fim de examinar se de fato a UFERSA tem promovido ações que visem à mudança do seu perfil de consumo nos processos de aquisição de bens e na contratação de serviços, tal como averiguar se suas práticas estão em conformidade com as instruções e normativos socioambientais vigentes.

6 BRASIL. Portal de Compras do Governo Federal. Painel de compras de Governo.

ANO_RESULTADO_COMPRA_2018. Disponível em: http://paineldecompras.planejamento.gov.br. Acesso em: 26 fev. 2019.

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Do ponto de vista institucional a pesquisa é legítima, uma vez que, apesar da vasta legislação específica que trace os critérios sustentáveis a serem inseridos nos editais de licitações, a prática das compras públicas sustentáveis ainda não é efetiva em muitos órgãos públicos, assim como a capacitação e suporte para os servidores ainda se mostra insuficiente, persistindo muitas inseguranças para sua efetivação7. Portanto, a realização de um estudo que vise diagnosticar os processos e propor soluções para a implantação da política pública de compra sustentável, torna-se importante instrumento para o aperfeiçoamento das práticas nessa área8.

Do ponto de vista pessoal a UFERSA foi escolhida como órgão a ser investigado em virtude da familiaridade de sua estrutura, ocasionada pelo vínculo institucional existente. Ademais, por trabalhar no setor de licitações da universidade, na função de pregoeira por mais de oito anos, e nunca ter participado de capacitação específica que abordasse a temática das contratações públicas sustentáveis.

Apesar do tema “compras públicas sustentáveis” ser objeto de pesquisa e debates no decorrer dos últimos anos, estudos anteriores em organizações públicas apontaram a precariedade de sua implementação9. Para a UFERSA, a abordagem proposta é inédita e atual, pois até o momento, não se tem conhecimento da realização de qualquer diagnóstico com fins semelhantes.

7 ARAÚJO, Geraldino Carneiro de; TEIXEIRA, Cláudia Echevenguá. Operacionalização das compras públicas sustentáveis na secretaria de administração penitenciária do estado de são Paulo. Revista Metropolitana de Sustentabilidade, [S.l.], v. 6, n. 3, p. 1-3, dez. 2016. p. 65. ISSN 2318-3233. Disponível em:

http://www.revistaseletronicas.fmu.br/index.php/rms/article/view/1362/1020. Acesso em: 26 abril 2018.

8 LARA, José Edson et al. Adoção de critérios de sustentabilidade ambiental em uma universidade

federal. Anais do IV SINGEP, São Paulo, 2015. v. 5, p. 1 - 10. p. 2. Disponível em:

https://singep.org.br/4singep/resultado/712.pdf. Acesso em: 04 abril 2018.

9 ARAÚJO, Geraldino Carneiro de; TEIXEIRA, Cláudia Echevenguá. Operacionalização das compras públicas sustentáveis na secretaria de administração penitenciária do estado de são Paulo. Revista Metropolitana de Sustentabilidade, [S.l.], v. 6, n. 3, p. 1-3, dez. 2016. ISSN 2318-3233. Disponível em:

http://www.revistaseletronicas.fmu.br/index.php/rms/article/view/1362/1020. Acesso em: 26 abril 2018.

CASTRO, Jessica Kopak et al. Licitações públicas sustentáveis: um estudo em um ministério do Brasil. Revista Ambiente Contábil, [S.l.], v. 5, n. 2, p. 86-106, set. 2013. ISSN 2176-9036. Disponível em:

https://periodicos.ufrn.br/ambiente/article/view/4146. Acesso em: 04 maio 2018.

COSTA, Anakléa Mélo Silveira da Cruz. Compras públicas sustentáveis: uma nova forma de licitar à luz dos critérios da sustentabilidade socioambiental. 2014. 102 f. (…). Disponível em: www.bdtd.ufersa.br. Acesso em: 26 abril 2018.

COUTO, Hugo Leonnardo Gomides do; COELHO, Cristiano. Fatores críticos no comportamento do gestor

público responsável por compras sustentáveis: diferenças entre consumo individual e organizacional. Rev.

Adm. Pública, Rio de Janeiro, v. 49, n. 2, p. 519-543, Abr. 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122015000200519&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 04 maio 2018.

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Perante o exposto, surgiu a pergunta norteadora do presente estudo: a Universidade Federal de Rural do Semi-Árido tem adotado critérios sustentáveis em seus editais de licitação, contribuindo assim para a promoção desenvolvimento sustentável suscitado no art. 3º da Lei Geral de Licitações?

Na busca de responder a esse questionamento é que se estabelece o objetivo geral de: Diagnosticar os processos de compras e contratações públicas da Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA, à luz dos critérios de sustentabilidade socioambientais.

Visando atender a esse objetivo geral, busca-se enquanto objetivos específicos:

 Analisar os processos de compras e contratações da UFERSA dos últimos três anos;

 Verificar se a UFERSA tem implementado os critérios de sustentabilidade em seus editais de licitação;

 Analisar as metas e resultados alcançados na área de CPS após a implementação do Plano de Gestão de Logística Sustentável da UFERSA em 2013;

 Elaborar uma cartilha de compras e contratações sustentáveis.

O diagnóstico está estruturado em cinco capítulos. A introdução traz em sua composição os objetivos propostos na pesquisa, assim como as justificativas para sua realização.

A fundamentação teórica aborda três eixos temáticos. O primeiro deles trata do desenvolvimento sustentável e as práticas de consumo do setor público, destacando o desenvolvimento sustentável como novo paradigma para o crescimento econômico. Aborda ainda a gestão ambiental nos órgãos públicos, dando ênfase a Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), além de fazer uma breve análise do primeiro ciclo do Plano de Ação para Produção e Consumo (PPCS).

O segundo eixo temático se refere às Contratações Públicas Sustentáveis (CPS), enfatizando seus principais fundamentos jurídicos, princípios, objetivos e barreiras na implementação.

O terceiro eixo temático faz referência aos critérios práticos de sustentabilidade nas CPS, fazendo uma explanação sobre a margem de discricionariedade para o uso de critérios sustentáveis nas compras públicas, e mais adiante, trata sobre os procedimentos prévios a formalização das CPS, encerrando a seção abordando acerca da exigência de critérios sustentáveis em cada etapa do processo.

O capítulo dos procedimentos metodológicos para a execução da pesquisa apresenta a caraterização da pesquisa, como também a delimitação do local do estudo e respectiva

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amostra. Descreve também cada etapa da pesquisa, assim como as técnicas de coleta e análise de dados utilizados.

O capítulo de análise e interpretação dos resultados expõe os dados coletados a partir da aplicação dos checklists (Apêndices A e B) nos processos de compras de bens e contratação de serviços comuns, sua discussão e análise dos resultados da pesquisa, descrevendo o nível de sustentabilidade dos processos de compras e contratações da UFERSA. Da mesma maneira que analisa o estágio da implementação das metas do Plano de Logística Sustentável do referido órgão na área das CPS, traçando um paralelo com o diagnóstico dos processos de compras.

O Capítulo das considerações finais apresenta uma retrospectiva da pesquisa, como também o nível de sustentabilidade identificado nos processos de compras e contratações da UFERSA, e por fim, as recomendações para futuros estudos.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo é composto por três eixos temáticos, tratando o primeiro sobre o desenvolvimento sustentável e as práticas de consumo do setor público, destacando o desenvolvimento sustentável como novo paradigma para o crescimento econômico, aborda ainda a gestão ambiental nos órgãos públicos, dando ênfase a Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), além de fazer uma breve análise do primeiro ciclo do Plano de Ação para Produção e Consumo (PPCS). O segundo eixo temático se refere às Contratações Públicas Sustentáveis (CPS), enfatizando seus principais fundamentos jurídicos, princípios, objetivos e barreiras na implementação. O terceiro e último eixo temático, faz referência aos critérios práticos de sustentabilidade nas CPS, fazendo uma explanação sobre a margem de discricionariedade para o uso de critérios sustentáveis nas compras públicas, e mais adiante, trata sobre os procedimentos prévios a formalização das CPS, encerrando a seção abordando acerca da exigência de critérios sustentáveis em cada etapa do processo.

2.1 Desenvolvimento sustentável e as práticas de consumo do setor público

Durante a conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992 no Rio de Janeiro, foram enfatizados que os padrões insustentáveis de produção e consumo, especialmente nos países industrializados, são as principais causas de degradação ambiental no planeta. Portanto, há quase três décadas, houve o incentivo para adoção de um plano de ação que buscasse promover o desenvolvimento sustentável, uma vez que, para que este seja concretizado, se exige não apenas tecnologias limpas e recursos financeiros, mas também a redução do consumo excessivo e desregrado das nações desenvolvidas, assim como de alguns segmentos favorecidos do restante dos países em desenvolvimento.

Em 2002 o Conselho da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico – OCDE, composto pelos 30 países mais industrializados do planeta, enfatizou a importância dos países membros levarem em consideração as questões ambientais nas compras e contratações públicas de produtos e serviços.

Em 2014, a ONU lança novamente uma agenda, desta vez compreendendo o período de 2015 a 2030, tendo por objetivo a promoção do desenvolvimento sustentável entre as nações. A Agenda 2030, significativamente intitulada “Transformando Nosso Mundo” é

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composta por dezessete objetivos desmembrados em 169 metas. No décimo segundo objetivo da referida agenda destaca-se novamente a necessidade de assegurar padrões de produção e consumo sustentáveis, com o detalhamento desse objetivo em onze metas específicas. Para Veiga a Agenda 2030, deve ser encarada como o progresso intelectual mais relevante desde a aprovação do relatório “Nosso Futuro Comum” em 198710.

Para se conseguir o ideal do desenvolvimento sustentável, não é suficiente reduzir a pressão sobre os recursos naturais, é necessário também garantir a todos os cidadãos, igualdade de oportunidades, bem como um atual e futuro progresso dos setores produtivos, para que cidades e nações se desenvolvam com equilíbrio. Para que isso ocorra é imprescindível que haja um esforço concentrado, desempenhando o governo um papel estratégico nesse cenário11.

Ao governo cabe o papel-chave de impulsionar a sociedade na adesão de novos padrões de produção e consumo, visando à constituição de um país sustentavelmente desenvolvido, que proporcione oportunidades de um futuro próspero para as atuais e futuras gerações.

2.1.1 Desenvolvimento sustentável como novo paradigma para o crescimento econômico

Consolidou-se um modelo de crescimento econômico, durante o século XX, marcado pela alta exploração dos recursos naturais e pela propriedade privada dos meios de produção a fim de atender a demanda de um mercado consumidor que não pode parar de crescer. Veiga afirma que a união entre ciência e tecnologia ocorrida no fim do século XIX, foi o que, com efeito, ocasionou uma mudança significativa na relação da sociedade com a natureza. A supervalorização as necessidades individuais iniciadas nesse tempo resultou na instituição de políticas econômicas apáticas aos limites da Terra12. Foi durante esse século que os problemas ambientais derivados do modelo distorcido de desenvolvimento, impeliram os debates que resultaram no surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável.

10 VEIGA, José Eli da. Para entender o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Editora 34. 2015, p. 150. 11 BIDERMAN, Rachel et al. (Org.). Guia de compras públicas sustentáveis: uso do poder de compra do

governo para a promoção do desenvolvimento sustentável. ICLEI European Secretariat GmbH, 2008. p. 13. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/guia_compras_sustentaveis.pdf. Acesso em 5 out. 2018.

12 VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do séc. XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2010,

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O conceito de “desenvolvimento” sofreu um acréscimo qualitativo do termo “sustentável”, após a verificação do exponencial e crescente esgotamento dos recursos do meio ambiente. A expressão “desenvolvimento sustentável” também foi consequência de um debate ocorrido na década de 1960, ocasionado pelo grande receio de uma explosão demográfica, o que colaborou para a polarização entre preservação ambiental e crescimento econômico13.

Nos anos de 1960 a 1970 vários economistas constataram a calamidade que estava sendo admitida quando se aferia o bom desenvolvimento sustentável através da elevação da renda per capita ou produção interna bruta – PIB, isso só ocorreu, após haverem conhecido mais de perto a realidade do subdesenvolvimento14.

Contudo, somente a partir do célebre relatório “Nosso Futuro Comum” de iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), preparado sob a liderança de Gro Harlem Brundtland, que os debates ambientais sobre desenvolvimento sustentável foram ganhando repercussão e evoluindo gradativamente a ponto de ser considerado um princípio central orientador de governos e instituições privadas, organizações e empresas15.

Esse documento produzido em 1987 definiu desenvolvimento sustentável como sendo “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”. O relatório disseminou uma nova visão da relação do homem com o meio ambiente, ao tratar da necessidade de satisfação das necessidades atuais bem como das próximas gerações, isso significa viabilizar que a população do presente e do futuro, alcance um patamar de desenvolvimento social, econômico, humano e cultural satisfatórios, fazendo, concomitantemente, um uso racionável dos recursos naturais, preservando as espécies e seu habitat16.

Amartya Sen, ao tratar do Relatório Brundtland apresenta seu argumento de que os indivíduos têm valores, que vão além das presentes ou futuras necessidades ali tão destacadas, valores esses compreendidos pela capacidade de pensar, avaliar, agir e participar, portanto,

13 VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do séc. XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2010,

p. 18-19.

14 VEIGA, José Eli da. Para entender o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Editora 34. 2015, p.13. 15 Ibid., p. 9.

16 COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum.

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enxergar os seres humanos apenas em matéria de necessidades é fazer uma ideia muito insignificante da humanidade17.

O surgimento do termo “desenvolvimento sustentável” partiu do despertar de uma consciência coletiva acerca da probabilidade de abreviação da espécie humana no planeta. O termo ainda faz alusão à possibilidade de harmonização da expansão das liberdades e aspirações individuais com a necessidade de conservação do meio ambiente, que tem viabilizado existência e a permanência da humanidade na terra18.

A ideia de sustentabilidade fundamenta-se na incontestável necessidade de garantir a disponibilidade dos recursos do planeta para os que nos sucederem, através de uma gestão que integre a proteção ambiental, a justiça social e o saudável desenvolvimento da economia das nações. Não é suficiente reduzir o alto consumo dos recursos naturais; há que se garantir, no presente e no futuro, o progresso dos setores produtivos para que as nações se desenvolvam com equilíbrio, assim como que haja igualdade de oportunidades a todos os cidadãos19.

Portanto, está claro que desenvolvimento não se confunde com o crescimento econômico, em virtude de aquele possuir amplos e múltiplos objetivos, não se limitando ao simples aumento da riqueza material. Assim, sob a perspectiva desenvolvimentista, o crescimento deve promover uma melhor da qualidade de vida à população20.

Sachs faz objeção clara ao pensamento típico do “economicismo redutor”, voltado apenas à elevação do Produto Interno Bruto (PIB), para o autor, o desenvolvimento é um processo que engloba a apropriação dos direitos econômicos, sociais e culturais, dos direitos coletivos ao meio ambiente e ao desenvolvimento, assim como os direitos políticos, civis e cívicos. Não restam dúvidas, portanto, que no conceito de desenvolvimento estão em íntima ligação as questões de igualdade, equidade e solidariedade21.

17 SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Cia. das Letras, 2000.

18 VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do séc. XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2010,

p. 18.

19 BIDERMAN, Rachel et al. (Org.). Guia de compras públicas sustentáveis: uso do poder de compra do

governo para a promoção do desenvolvimento sustentável. ICLEI European Secretariat GmbH, 2008. p. 13. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/guia_compras_sustentaveis.pdf. Acesso em 5 out. 2018.

20 SACHS, Ignacy. Desenvolvimento: includente, sustentável, sustentado. Rio de Janeiro: Garamond. 2008. 21 Ibid., p. 14.

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O conceito de desenvolvimento sustentável é tão amplo que seu processo percorre pelo menos cinco dimensões, sendo estas a social, econômica, ecológica, cultural e espacial/geográfica.

Para que ocorra a Sustentabilidade Social deve haver a criação de um processo de desenvolvimento que seja amparado por outro crescimento e auxiliado por outra perspectiva acerca do que seja uma sociedade boa. Quando se fala de Sustentabilidade Econômica, deve haver um gerenciamento e destinação mais eficiente dos recursos, da mesma maneira que deve haver uma série constante de investimentos públicos e privados22.

Sachs afirma que só haverá Sustentabilidade Ecológica por meio da elevação da capacidade de uso dos recursos disponíveis nos ecossistemas, acarretando um menor dano possível aos sistemas que garantem a sustentação da vida na terra. Acerca da Sustentabilidade Espacial/Geográfica defende que deve haver uma melhor distribuição territorial dos assentamentos humanos e das atividades econômicas, assim como uma gestão eficaz dos espaços a fim de se obter uma disposição rural-urbana mais equilibrada. Por último quando o autor aborda a Sustentabilidade Cultural acrescenta a procura por raízes endógenas de processos de modernização e de sistemas agrícolas integrados, que simplifique e auxilie a constituição de soluções específicas para a localidade, o ecossistema, a cultura e a área22.

É notória a distinção entre os conceitos de desenvolvimento e de crescimento econômico, não havendo qualquer possibilidade de serem considerados sinônimos, em virtude de o primeiro passar inseparavelmente por outras dimensões além da econômica. Não há de se falar em desenvolvimento sem que o acesso ao progresso econômico resulte não somente no aumento da riqueza, mas da melhoria da qualidade de vida da população concomitante com a conservação do nosso planeta.

Analisando os diferentes modelos de desenvolvimento, o desenvolvimento sustentável pode ser entendido como aquele centralizado na dimensão humana, de maneira a oportunizar a satisfação das necessidades das presentes e futuras gerações, consoante com a capacidade de sustentação dos ecossistemas. O desenvolvimento sustentável não impossibilita a ocorrência do crescimento econômico, antes, seleciona qual tipo de crescimento atenderá aos objetivos sociais. Ele não está relacionado com a expansão física, mas com um desenvolvimento qualitativo e importa na ideia da imposição de limites no uso dos recursos ambientais23.

22 SACHS, Ignacy. Estratégias de transição para o Século XXI: desenvolvimento e meio ambiente. São Paulo:

Studio Nobel, 1993, p. 25.

23 CAVALCANTI, Agostinho Paula Brito (Org). Desenvolvimento sustentável e planejamento: bases teóricas

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Constata-se, desse modo, que a noção de desenvolvimento sustentável está acompanhada de nova condição que requer reformas nas obsoletas concepções de desenvolvimento, em razão de se buscar a associação entre crescimento, sustentabilidade ambiental e melhoria da qualidade de vida. As pressões que estão sendo submetidas à biosfera, desde o nível local ao global, estão causando prejuízos para o próprio desenvolvimento e para a manutenção da vida, por esse motivo, o desenvolvimento sustentável se tornou um imperativo mundial que chegou para ficar.

Logo as atuações de direção, coordenação e negociação, na esfera política e de gestão, manifestam-se imprescindíveis para a promoção do desenvolvimento sustentável. Se não houver medidas para encorajar a sociedade, os atores sociais e os agentes econômicos a fazerem escolhas conscientes não conseguirão sequer iniciar o processo, portanto, as autoridades do Estado e Governo desempenham um papel ímpar.

2.1.2 A3P e a gestão ambiental nos órgãos públicos: um enfoque nos padrões de consumo

Após as pressões sofridas pelo Brasil durante o governo de Sarney, em razão das frequentes queimadas ocorridas na Amazônia, o país redireciona sua política ambiental, fornecendo novas estruturas as organizações públicas encarregada dessa política e instituindo o Instituto do Meio Ambiente, dos Recursos Naturais Renováveis e da Amazônia Legal – IBAMA. Dá-se início a uma acirrada discordância entre uma economia predatória e os intensos e relevantes movimentos nacionais e internacionais de interesses pela biosfera24.

A expressão gestão ambiental pode ser entendida como as diretivas e procedimentos administrativos e operacionais que buscam alcançar resultados benéficos sobre o meio ambiente25. Essas novas políticas ambientais geradas por pressões externas e internas resultaram em importantes instrumentos reguladores de gestão ambiental, os principais usados em todo o mundo são: a licença, o zoneamento, e os padrões, sendo este último, o mais utilizado na gestão ambiental em todo o mundo, destacando-se os: os de qualidade ambiental, de emissão, tecnológicos, de desempenho e de produtos e serviços26.

24 SOUZA, Rosemeri Melo e. Redes de monitoramento socioambiental e tramas da sustentabilidade. São

Paulo: Annablume, 2007, p. 146.

25 BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental: conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2004

p.83.

26 ALMEIDA, Josimar Ribeiro de. Gestão ambiental para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro:

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As licenças são usadas após a avaliação e preparação de estudos de impacto ambiental (EIA) das instalações de projetos com certo grau de complexidade; o zoneamento, que se trata de um conjunto de regras para a utilização da terra, adotado especialmente pelos governos locais com a finalidade de indicar a localização mais apropriada para a realização de certas atividades pelos agentes econômicos. Essas regras são determinadas com base na divisão de um município ou outra jurisdição, em distritos ou zonas, nos quais são especificados se a utilização da terra em cada circunstância é ou não permitida; outro instrumento, mais frequentemente utilizado pela gestão ambiental em todo o planeta são os padrões. Os principais tipos de padrões empregados são: os de qualidade ambiental, de emissão, tecnológicos, de desempenho e de produtos e serviço26.

Paulatinamente, as políticas ambientais que se limitavam a adotar instrumentos legais coercitivos - conhecidos como o método de “Comando e Controle” - foram ampliadas pelo uso de uma variedade de instrumentos, desde instrumentos legislativos, políticos e econômicos, até instrumentos informativos e de conscientização27.

Todavia, apesar do avanço nos normativos, no planejamento e nas políticas públicas sobre a matéria ambiental, até 2001 as ações voltadas para a implantação de ferramentas de gestão ambiental na Administração Pública brasileira se mantiveram limitadas a atos circunstanciais de poucos órgãos com autonomia orçamentária e administrativa.

Com o objetivo de sensibilizar os gestores públicos sobre a relevância de incorporar nas atividades de rotina, princípios e critérios de gestão ambiental, o Ministério do Meio Ambiente lançou o programa da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), ele possui o caráter voluntário e seu foco é a implantação da gestão socioambiental sustentável nas atividades administrativas e operacionais da Administração Pública. O Programa visa a estimular ações que cooperem para a utilização racional dos recursos naturais, assim como para a redução dos resíduos e a incorporação de critérios de sustentabilidade socioambiental nas contratações públicas, fazendo com isso uma inserção dos princípios da gestão ambiental nas atividades administrativas28.

Dentre os objetivos apresentados pela A3P estão: mover os gestores públicos a darem atenção às questões socioambientais; incentivar e favorecer o uso racional dos recursos

27 BLIACHERIS, Marcos Weiss. Licitações sustentáveis: política pública. In: Licitações e contratações

públicas sustentáveis. SANTOS, Murillo; BARKI, Teresa V. P. (Coord). Belo Horizonte: Fórum, 2011. p. 143.

28 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Agenda ambiental na administração pública (A3P). 5 ed.

Brasília, 2009. p. 34. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/cartilha_a3p_36.pdf. Acesso em: 26 fev. 2019.

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naturais e a diminuição de gastos institucionais; Cooperar para a reavaliação dos padrões de produção e consumo e para a escolha de novos modelos referenciais de sustentabilidade para a administração pública; mitigar os impactos socioambientais negativos diretos e indiretos ocasionados durante a execução das atividades administrativas e operacionais da Administração Pública; e por último, colaborar para a melhoria da qualidade de vida da população29.

Por conseguinte, ainda que os objetivos da A3P se apresentem de modo abrangente, seu foco sempre esteve nas práticas de consumo dos órgãos da Administração Pública. Nesse sentido, o programa desempenha um papel estratégico na revisão dos padrões de produção e consumo e no emprego de novos parâmetros em busca da sustentabilidade socioambiental na Administração Pública.

O Ministério do Meio Ambiente destacou em sua agenda ambiental como prioridade o princípio conhecido como a política de 5R’s: Repensar, Reduzir, Reaproveitar, Reciclar e Recusar. Essa política levanta impreterivelmente reflexões acerca dos padrões de consumo quando aborda em cada “R” a referida temática.

Frente à importância de a Administração Pública servir de exemplo para as demais esferas na redução dos impactos socioambientais negativos, a A3P determina como política a responsabilidade de repensar a necessidade de consumo e os padrões de produção e descarte empregados, bem como de recusar possibilidades de consumo desnecessário e produtos que gerem impactos ambientais, buscando ainda reduzir substancialmente os desperdícios, consumir menos produtos, dando preferência aos que ofereçam uma menor potencialidade na geração de resíduos e possuam maior durabilidade. Outro ponto seria o estímulo à reutilização dos produtos, colaborando assim com a redução do lixo, dando destino a tudo que puder ser reaproveitado, e por fim, aborda a reciclagem como mecanismo de redução dos impactos ambientais, uma vez que por seu intermédio, transformaria os produtos já utilizados em matéria prima para a confecção de outros produtos, tanto através de processos artesanais como industriais30.

A A3P estrutura-se em seis Eixos Temáticos prioritários, conforme Figura 1.

29 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Agenda ambiental na administração pública (A3P). 5 ed.

Brasília, 2009. p. 34. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/cartilha_a3p_36.pdf. Acesso em: 26 fev. 2019.

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Figura 1- Seis Eixos Temáticos da A3P

Fonte: WOLFE (2017).

O primeiro desses eixos é o uso racional dos recursos naturais e bens públicos. Uma característica da economia brasileira é o alto nível de desperdício de recursos energéticos e naturais, a diminuição desse desperdício representa uma importante reserva de desenvolvimento para o Brasil, da mesma maneira que significa uma fonte de bons negócios. Ao se falar do meio ambiente, não se observam as muitas oportunidades desperdiçadas de negócios ou de redução de custos, reciclar resíduos, por exemplo, é transformá-los em produtos com valor agregado e conservar energia, água e outros recursos naturais, é reduzir custos de produção31.

O segundo eixo é a gerenciamento de resíduos sólidos. Segundo dados de 2008 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, por meio da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – PNSB, 99,96% dos municípios brasileiros têm serviços de manejo de resíduos sólidos, porém 50% deles depositam seus resíduos em vazadouros, 27% em aterros sanitário e apenas 22% em aterros controlados. A mesma pesquisa aponta que menos de 4% dos municípios têm unidade de compostagem de resíduos orgânicos, e apenas 11% têm unidade de triagem de resíduos recicláveis, quanto à unidade de tratamento por incineração, somente está acessível em 0,6% dos municípios32. O descarte inadequado de

31 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. O uso racional dos recursos. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/a3p/eixos-tematicos/item/529. Acesso em: 10 mar. 2019.

32 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa nacional de saneamento

básico 2008. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv45351.pdf Acesso em: 08 de mar. 2019.

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resíduos acarreta sérios e danosos impactos ao meio ambiente e a saúde pública, e concomitantemente, contribui para o agravamento do quadro socioeconômico de muitas famílias que, em razão da exclusão social sofrida, buscam nos lixões a retirada de materiais recicláveis para comercialização e sobrevivência.

Apesar da Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, conter instrumentos importantes para o avanço necessário no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos ocasionados pelo uso inadequado dos resíduos sólidos, ainda é frequente a execução de ações em resíduos sólidos sem prévio e adequado planejamento técnico-econômico, o que só se agrava com a falta de regulação e controle social no setor33.

O terceiro eixo aborda a qualidade de vida no ambiente de trabalho. A Administração pública deve promover constantemente ações objetivando o desenvolvimento pessoal e profissional de seus servidores. Para que haja esse aumento qualitativo, as organizações devem criar e implementar programas específicos que busquem não só melhorar a satisfação dos servidores com o ambiente, mas também uma melhoria nas condições gerais do local através da promoção da saúde e segurança, assim como da integração social e desenvolvimento das capacidades humanas. Sabe-se que ao melhorar a qualidade de vida do servidor em seu ambiente de trabalho, há grande probabilidade na melhoria da produtividade e eficiência do setor34.

O quarto eixo temático abordado na A3P se refere à sensibilização e capacitação dos servidores. Não restam dúvidas que as mudanças de hábitos e padrões de consumo de todos os envolvidos na execução dos serviços públicos impactarão fortemente na preservação dos recursos naturais, colaborando não somente para uma melhor qualidade ambiental como também favorecendo a redução das emissões de gases de efeito estufa. Todavia, para que essas mudanças ocorram é imprescindível o comprometimento individual e coletivo, visto que não há outro meio que possibilite a criação de uma cultura de sustentabilidade nas instituições públicas35.

33 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Gestão de resíduos. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/a3p/eixos-tematicos/item/525. Acesso em 08 mar. 2019.

34 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Qualidade de vida no ambiente de trabalho. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/a3p/eixos-tematicos/item/527. Acesso em 08 mar. 2019.

35 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Sensibilização e capacitação dos servidores. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/a3p/eixos-tematicos/item/528. Acesso em 08 mar. 2019.

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O processo de sensibilização dos servidores abrange a promoção de campanhas que procurem mostrar o valor da temática socioambiental, evidenciando a relevância de cada ação, assim como apresentado os possíveis impactos positivos caso haja o engajamento de cada um no processo.

Essa sensibilização deve estar associada com a capacitação dos gestores e servidores, sua ausência impossibilitaria a construção de uma nova cultura de gerenciamento sustentável dos recursos públicos, deve, portanto, haver a promoção da informação e capacitação dos envolvidos a fim de melhorar o desempenho das atividades em fase de implantação. A formação dos gestores é requisito fundamental para dar efetividade à gestão ambiental na administração pública.

A capacitação auxilia no desenvolvimento de competências individuais e institucionais, e simultaneamente, proporciona aos servidores oportunidade para desenvolver habilidades e práticas que irão melhorar o desempenho de suas atividades nas questões relativas à gestão socioambiental, reconhecendo o valor de todos aqueles que buscam a sustentabilidade e contribuem através de suas iniciativas inovadoras. Promove ainda o acesso democrático à informação, às novas tecnologias, bem como possibilita a troca de experiências, favorecendo com isso na formação de redes na esfera pública.

A criação de uma consciência cidadã, atenta à responsabilidade socioambiental na condução e execução das atividades dos servidores, é um notável desafio para a implantação da A3P, e conjuntamente, é vital para que essa implantação seja bem sucedida.

O quinto e penúltimo eixo temático da agenda ambiental brasileira são as compras públicas sustentáveis. A licitação tem por objetivo autorizar a administração de contratar aqueles que comprovem possuir os requisitos necessários para a satisfação do interesse público, dando importância às questões relativas à capacidade técnica e econômico-financeira do licitante, bem como da qualidade do produto e do valor do objeto ou serviço.

A Licitação Sustentável busca além de garantir a observância aos princípios da isonomia e da seleção da proposta mais vantajosa para a administração, também o de promover o desenvolvimento sustentável, conforme preconiza o art. 3o da Lei no 8.666/1993, que teve sua redação alterada pela Lei nº 12.349/2010. Portanto, pode-se afirmar que as compras públicas são o procedimento administrativo formal que colaboram para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável, por intermédio da inclusão de critérios socioambientais e econômicos nas aquisições de bens, contratações de serviços e execução de obras.

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Dessa maneira, as licitações sustentáveis pretendem utilizar o poder de compra do Governo para gerar benefícios sociais, ambientais e econômicos. Possuem, portanto, um papel estratégico para o setor público, e quando corretamente aplicadas, resultam na promoção da sustentabilidade na esfera pública. Para que haja eficácia nessas ações, os compradores públicos precisam saber delimitar corretamente as necessidades do seu órgão e conhecer a legislação aplicável, assim como descrever adequadamente as características dos bens e serviços que deverão ser adquiridos.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), mais de 600 milhões de reais são gastos anualmente pelo governo brasileiro com a aquisição de bens e contratações de serviços, nessa perspectiva, direcionar os recursos financeiros das compras públicas para a aquisição de bens e serviços sustentáveis resulta na geração de benefícios socioambientais e na minimização dos impactos ambientais, ao mesmo tempo em que fomenta o mercado de bens e serviços que acatam os critérios de sustentabilidade36.

Uma compra sustentável não significa, inevitavelmente, o emprego de maiores gastos de recursos financeiros, até porque a proposta de menor preço não garante que esta seja mais vantajosa para a administração pública, já que é importante considerar no processo de aquisição, além do preço, outros aspectos como, por exemplo, os custos do ciclo de vida do produto, a eficiência, a redução de impactos ambientais e problemas de saúde, o desenvolvimento e a inovação.

O último eixo temático da A3P são as construções sustentáveis. Uma construção sustentável é aquela que adota um conjunto de medidas durante cada etapa da obra objetivando a sustentabilidade da edificação. Por intermédio da prática desse conjunto de medidas é possível reduzir os impactos negativos sobre a terra, além de gerar a economia de recursos naturais e a melhoria na qualidade de vida de seus habitantes. Ela deve levar em conta todo o projeto da obra, desde o seu planejamento, sendo devidamente analisado o ciclo de vida da edificação, os matérias que serão utilizados, e ainda, o cuidado e atenção com a geração de resíduos e a redução do uso de matérias-primas com a reutilização de materiais durante a execução da obra até o tempo de vida útil da obra37.

36 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Compras públicas sustentáveis. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/a3p/eixos-tematicos/item/526. Acesso em: 08 de mar. 2019.

37 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Construções sustentáveis. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/component/k2/item/10317-eixos-tem%C3%A1ticos-constru%C3%A7%C3%B5es-sustent%C3%A1veis. Acesso em: 08 de mar. 2019f.

(35)

Segundo o MMA embora a ideia de construções sustentáveis não seja novidade, grande partes dos prédios públicos não foram projetados visando à sustentabilidade, como por exemplo, fazendo o aproveitamento da energia solar ou de correntes de vento. Todavia, apesar da ausência de planejamento anterior a execução da obra, é possível tomar providências que busquem usar com eficiência os recursos naturais disponíveis. Algumas medidas podem ser aplicadas em qualquer etapa da obra, inclusive após o seu término, como o incentivo a materiais de construção com certificado de origem que comprovem a produção através de uma cadeia “limpa” na fase de construção, o emprego de um sistema de reaproveitamento e reuso da água e a utilização de sistema de iluminação mais eficiente. A implantação dessas medidas produz tanto uma economia significativa de recursos naturais colaborando não somente para a preservação do equilíbrio ambiental como também na redução de gastos para o setor público38.

O objetivo final da implantação da A3P é a elaboração de um programa em gestão ambiental para o órgão, fundamentado no diagnóstico situacional dos impactos ambientais gerados assim como dos pontos críticos, visando estabelecer metas e planos de ação que, além de contribuir para a economia dos recursos naturais, também reduzirão as despesas do órgão instituidor. As orientações e princípios da Norma ISO 14001 são à base das atividades elencadas na A3P para a criação de um programa de gestão ambiental pelo órgão público.

Para a institucionalização da A3P, o órgão deverá assinar o termo de adesão e ainda apresentar ao MMA, um plano de trabalho com prazos de início e fim de cada atividade. O modelo do plano de trabalho que deve ser adotado está disponibilizado no sítio eletrônico do Ministério do Meio Ambiente, e descreve com detalhes as ações para realização do Diagnóstico Socioambiental. As seis atividades preveem a efetivação dos seguintes levantamentos: 1) consumo de recursos naturais; 2) principais bens adquiridos e serviços contratados pela instituição; 3) obras realizadas; 4) práticas de desfazimento adotadas pela instituição; 5) práticas ambientais já adotadas, principalmente, com relação ao descarte de resíduos; 6) levantamento de necessidades de capacitação39.

38 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Construções sustentáveis. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/component/k2/item/10317-eixos-tem%C3%A1ticos-constru%C3%A7%C3%B5es-sustent%C3%A1veis. Acesso em: 08 de mar. 2019f.

39 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Plano de Logística Sustentável do Ministério do Meio Ambiente.

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Observar-se que, das seis atividades previstas na etapa de Diagnóstico Socioambiental, quatro delas estão diretamente associadas com o mapeamento dos padrões de consumo do órgão, considerando uma perspectiva de ciclo de vida.

A A3P é adotada por diversos órgãos das três esferas de governo dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. De acordo com as informações disponibilizadas no sítio eletrônico do MMA no período de 2007 até 2018, um total de 412 órgãos públicos aderiu à A3P, conforme pode ser observado no gráfico 01.

Gráfico 1 - Evolução nacional das adesões à A3P pelos órgãos públicos

Fonte: Ministério do Meio Ambiente (2019).

O Gráfico 02 evidencia o fato que, desse quantitativo, 36,40% correspondem a órgãos integrantes do Poder Executivo Federal. O Poder Executivo Estadual é o segundo mais representativo, correspondendo a um percentual de 31,79% do total de órgãos que aderiram à A3P. Apesar de a agenda ter sido criada e gerida pela Administração Pública Federal, ainda é pouco expressivo o número de órgãos vinculados ao Executivo Federal que aderiram ao Programa.

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