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Relatório de Estágio Profissional "O COLORIR DE UMA TELA EM BRANCO: UMA ESTUDANTE ESTAGIÁRIA EM BUSCA DAS CORES DO SABER"

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O COLORIR DE UMA TELA EM BRANCO: UMA ESTUDANTE

ESTAGIÁRIA EM BUSCA DAS CORES DO SABER

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional, apresentado com vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos conducente ao Grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, ao abrigo do Decreto-Lei nº 74/2006, de 24 de março, na redação dada pelo Decreto-Lei nº 65/2018, de 16 de agosto e do Decreto-Lei nº 43/2007, de 22 de fevereiro.

Orientadora: Professora Doutora Paula Maria Fazendeiro Batista

Ana Mafalda Coelho da Silva Porto, julho de 2019

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FICHA DE CATALOGAÇÃO

Silva, A. M. (2019) O colorir de uma tela em branco: Uma estudante estagiária em busca das cores do saber. Relatório de Estágio Profissional. Porto: A. Silva. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL; EDUCAÇÃO FÍSICA; PROFESSOR; APRENDIZAGEM; AVALIAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM.

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AGRADECIMENTOS

Obrigada a todos os que partilharam este percurso comigo! Ajudaram-me a construir o meu percurso profissional, Permitiram-me crescer, enquanto ser humano,

Levaram-me a aprender a viver num mundo em crise, Deram-me a possibilidade de ver mais longe,

Fizeram-me perceber que a perfeição é utópica, mas atingível, Permitiram-me tornar e ser professora.

Obrigada!

As palavras escasseiam.

Tornam-se insuficientes face a todo o apoio recebido, Mas a gratidão perdurará!

Agradeço a todos o apoio nos momentos de angústia e de incerteza, o carinho e a dedicação, bem como o amparo e a preocupação.

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ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ... III ÍNDICE GERAL ... V ÍNDICE DE QUADROS ... IX ÍNDICE DE ANEXOS ... XI RESUMO ... XIII ABSTRACT ... XV ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ... XVII

1. PREÂMBULO ... 1

2. INTRODUÇÃO ... 5

3. AUTORRETRATO ... 11

3.1. Recortes do Colorir uma Tela em Branco ... 13

3.2. Perspetivas de um Quadro Colorido: Um Mundo por Descobrir 18 4. O MUNDO DA ARTISTA ... 23

4.1. A Paleta de Cores do Estágio Profissional ... 25

4.2. Um Local Privilegiado ao Qual Chamamos Escola ... 29

4.3. O Ateliê de Aprendizagem: A Escola Cooperante ... 34

4.4. O Arco-Íris da Escola: O Grupo de Educação Física ... 37

4.5. A Partilha das Cores do Saber numa Comunidade de Prática: O Núcleo de Estágio ... 40

4.6. Modelos Vivos de uma Pintora Aprendiz: Os Alunos ... 44

4.6.1. Azul: A Tranquilidade e a Serenidade do 11º Ano ... 44

4.6.2. Amarelo: A Energia e a Alegria do 2º Ano ... 46

4.6.3. Verde: A Vitalidade e a Liberdade do 6º Ano ... 50

5. PRIMEIRA EXPOSIÇÃO DE UMA PINTORA APRENDIZ ... 53

5.1. Perspetiva Pictórica da Educação Física ... 55

5.2. O Currículo a Preto e Branco ... 58

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5.3.1. Painel Macro Cromático: Plano Anual ... 64

5.3.2. A Trilogia Meso: Uma Pintura Unidade a Unidade ... 68

5.3.3. Pintora Minuciosa: Do Plano de Aula à sua Aplicação ... 81

5.4. O Degradé de Cores da Intervenção Pedagógica ... 89

5.4.1. Das Cores Sólidas a uma Paleta Multicolor: A Relação Pedagógica ... 90

5.4.2. O Professor e a Aplicação do Sfumato: A Instrução ... 93

5.4.3. O Primeiro Passo para Colorir e Evoluir: A Reflexão ... 96

5.5. Retoques Finais da Obra de uma Pintora: A Avaliação ... 99

5.6. Avaliar para Aprender numa Unidade Didática de Ginástica Acrobática no Ensino Secundário: Um Estudo em Contexto de Estágio Profissional ... 107 5.6.1. Resumo ... 108 5.6.2. Abstract ... 109 5.6.3. Introdução ... 110 5.6.4. Metodologia ... 116 5.6.5. Procedimentos de Análise ... 122 5.6.6. Resultados ... 122 5.6.7. Discussão ... 131 5.6.8. Conclusões ... 133 5.6.9. Limitações e Sugestões ... 134

5.6.10. Ilações Pedagógicas e para a Formação ... 134

5.6.11. Referências Bibliográficas ... 135

6. A PRÁTICA DA ARTISTA ... 139

6.1. Um Arco-Íris Incompleto: O Corta-Mato ... 141

6.2. Um Núcleo Unido pelas Cores do Saber: O Fit Day ... 143

6.3. Uma Aprendizagem Cristalina: O Desporto Escolar ... 145

6.4. Uma Explosão de Cores: O Sarau Escolar ... 151

6.5. O Elemento Policromático: O Diretor de Turma ... 153

7. PERSPETIVAS PARA UM FUTURO INCERTO ... 157

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Análise SWOT da EE ... 16

Quadro 2 – Distribuição das modalidades na turma residente ... 65

Quadro 3 - Planeamento Anual da Aptidão Física ... 67

Quadro 4 – Instrumentos Utilizados ... 117

Quadro 5 – Estrutura da Unidade Didática ... 118

Quadro 6 – Avaliação do esquema gímnico ... 123

Quadro 7 – Avaliação Sumativa de Ginástica Acrobática ... 123

Quadro 8 – Resultados da Autoavaliação ‘’em relação a mim’’ ... 125

Quadro 9 – Resultados da Autoavaliação ‘’relação com o outro’’ ... 126

Quadro 10 – Resultados da Autoavaliação ‘’relação com a matéria’’ ... 126

Quadro 11 – Resultados da Ficha de Avaliação de Conhecimentos ... 127

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ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo 1 – Certificado de Participação ... XXV Anexo 2 – Dossiê de Ginástica Acrobática ... XXVI Anexo 3 - Entrevistas ... XLII Anexo 4 – Ficha de Avaliação de Conhecimentos ... XLV Anexo 5 – Autoavaliação Aula a Aula ... XLVII Anexo 6 – Autoavaliação da Utilização dos Princípios do AfL ... XLVIII Anexo 7 – Gravações Áudio Aula a Aula ... XLIX Anexo 8 – Observação por pares ... LXVIII Anexo 9 - Cartaz Fit Day ... LXXI

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RESUMO

O Estágio Profissional, no contexto da formação inicial, é a última etapa de um percurso pleno de aquisições. Este é um processo que se reveste de múltiplas cores, tons e nuances, em resultado das experiências e vivências, que são únicas para o desenvolvimento dos Estudantes Estagiários. Trata-se de um contexto único e autêntico, com professores e alunos reais, que possibilitam a vivência da profissão, ao mais alto nível. O presente documento espelha o percurso de redescoberta das cores do ensino e do saber de uma pintora (estudante-estagiária, a autora), num agrupamento de escolas sediado em Aveiro, junto ao grande Porto. Este relatório iniciou-se com a metáfora de uma tela em branco, que se foi colorindo ao longo do ano letivo, em resultado de múltiplas aprendizagens e acontecimentos marcantes. Destaque-se o ato de planear, efetuado de forma cuidada e ponderada, seguindo o currículo pré-definido, a preto e branco, bem como as condições da instituição e as necessidades de cada aluno, buscando o arco-íris do ensino e do saber. Acrescente-se o processo de reflexão, algo que acompanhou o percurso da Estudante Estagiária e que se revelou crucial para a transformação das cores sólidas que transportava até uma completa paleta de cores. Esta atitude indagadora e reflexiva permitiu à Estudante Estagiária identificar os problemas do processo de ensino e procurar estratégias para os resolver através da aplicação de uma metodologia única e transformadora: a Avaliação para a Aprendizagem. A sua utilização potenciou a aprendizagem, tanto ao nível da performance, como também das dinâmicas dos distintos grupos e aquisição de conhecimentos. Além disso, elevou os níveis de motivação e de envolvimento dos alunos da turma, que era uma dificuldade identificada desde o primeiro período. De facto, este ano de Estágio Profissional representou um tempo e um espaço marcante na formação da Estudante Estagiária, resultando numa verdadeira explosão de emoções, de sensações e de cores, culminando numa obra única e inesquecível, materializado no presente documento.

PALAVRAS-CHAVE: Estágio Profissional; Educação Física; Professor; Aprendizagem; Avaliação para a Aprendizagem.

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ABSTRACT

The practicum training, in the context of initial training, is the last step of a full path of acquisitions. This is a process that has multiple colors, tones and nuances, as a result of the experiences lived, which are unique to the development of the pre-service teacher. It’s an exclusive and authentic context, with real teachers and students, that make possible the experience of the profession, at the highest level. This document reflects the course of rediscovering the colors of the teaching and knowledge of a painter (pre-service teacher, the author), in a group of schools from Aveiro, near the center of Porto. This report began with the metaphor of a blank canvas, which has been colored throughout the school year, as a result of multiple learning and remarkable events. It’s important to point out the act of planning, carried out in a careful and thoughtful way, following the black and white curriculum, as well as the school conditions and the needs of each student, seeking the rainbow of teaching and knowledge. Adding the process of reflection, something that went along with the course of the pre-service teacher and that proved out to be crucial for the transformation from the solid colors to the complete palette of colors. This inquiring and reflective attitude allowed the pre-service teacher to identify the problems of the teaching process and to seek strategies to solve them through the application of a unique and transforming methodology: the Assessment for Learning. Its use has boosted out the learning, in terms of performance, as well as the dynamics of the different groups and knowledge acquisition. In addition, it also raised the levels of motivation and involvement of the class, a difficulty that was identify since the first period of the year. In fact, this year of practicum training represented a significant time and space in the pre-service teacher education, resulting in a true explosion of emotions, sensations and colors, culminating in a unique and unforgettable work, materialized in this document.

PALAVRAS-CHAVE: Practicum Training; Physical Education; Teacher; Learning; Assessment for Learning.

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ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

AD – Avaliação Diagnóstica AF – Avaliação Formativa

AfL – Assessment for Learning / Avaliação para a Aprendizagem AS – Avaliação Sumativa DE – Desporto Escolar DT – Diretor de Turma EE – Estudante Estagiária EF – Educação Física EP – Estágio Profissional

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto JDC – Jogos Desportivos Coletivos

MEEFEBS – Mestrado em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário

MEC – Modelo de Estrutura do Conhecimento NE – Núcleo de Estágio

PAA – Plano Anual de Atividades PAT – Plano Anual de Turma PC – Professor Cooperante PO – Professor Orientador

PNEF - Programas Nacionais de Educação Física RE – Relatório de Estágio Profissional

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A elaboração deste documento visou espelhar o percurso de redescoberta das cores do ensino e do saber de uma pintora (estudante-estagiária, a autora), candidata a professora. O início da vida profissional da estudante estagiária, assemelha-se a uma tela em branco que se vai colorindo em resultado das experiências e vivências no ateliê (escola), rodeada pelos seus alunos e orientada por duas mestres experientes.

O ponto de partida foi um currículo a preto e branco, definido pelo Ministério da Educação, que se foi revestindo de cores ao longo das várias modalidades e unidades. Também o processo de intervenção pedagógica, fulcral para reavivar as cores do mundo do ensino, se transformou e ganhou cor, passando das cores sólidas e a uma perspetiva multicolor. Avaliar as obras produzidas foi outro desafio que permitiu efetuar os retoques finais, como se de uma pintora (professora) se tratasse.

Parti em busca das cores do saber, que me perseguem desde tenra idade, procurando fazer sempre mais e melhor, na expetativa de alcançar a competência docente. Procura esta tão bem expressa nas palavras de Ricardo Reis.

Há uma cor que me persegue e que eu odeio ‘’Há uma cor que me persegue e que eu odeio, Há uma cor que se insinua no meu medo. Porque é que as cores têm força De persistir na nossa alma, Como fantasmas? Há uma cor que me persegue e hora a hora A sua cor se torna a cor que é a minha alma.’’ (Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa, 1994)

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O presente documento, focado nas ocorrências do Estágio Profissional (EP), parece saído do pote do duende, que se encontra no fim do arco-íris. É marcado pelas cores do ensino, cativantes e inspiradoras. Neste quadro, este Relatório de Estágio Profissional (RE), incluído no plano de estudos do 2º Ciclo de Ensino em Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (EEFEBS), da Faculdade de Desporto da Faculdade do Porto (FADEUP), respira e perspetiva a magia brilhante do ensino e da aprendizagem. É um documento que procura responder e sintetizar vários aspetos de caráter fulcral, misturando as tonalidades do mundo do ensino, como os conhecimentos e as competências. O seu caráter é individual e contextualizado, sendo uma narrativa das experiências e vivências de uma Estudante-Estagiária (EE), marcada por múltiplos tons e nuances, que potenciaram verdadeiras transformações e mudanças, ao longo do ano letivo, marcando o princípio descolorido e, simultaneamente, o fim de um percurso exuberante e inolvidável.

De acordo com Cunha et al. (2014), o estágio é a etapa final da formação inicial, sendo fulcral o estabelecimento de uma ligação entre a teoria e a prática. Este processo de transição necessita de ser apoiado, designadamente pela Professora Cooperante (PC) e pela Professora Orientadora (PO), face aos múltiplos aspetos essenciais que o EE vivenciará. A reflexão, através de um olhar crítico, acerca das reais dificuldades enfrentadas estará presente no RE. De facto, este será um documento que espelhará, em grande parte, as ferramentas utilizadas para que a eficiência e a excelência possam ser alcançadas, na procura de recolorir este mundo repleto de cor. No entanto, tal como mencionam Onofre e Martins (2014), a construção da profissão deve ser vista como um processo contínuo e que se prolonga no tempo, partindo de uma tela em branco, inclusive antes da formação inicial, e estendendo-se até ao próprio desenvolvimento profissional do professor.

Queirós (2014a) enfatiza que este momento (de estágio) de entrada na profissão é uma fase crucial, ao nível do desenvolvimento do conhecimento e da própria identidade dos docentes. A autora acrescenta que a prática, em contexto real, permite a construção e a consolidação de uma panóplia de destrezas, atitudes e, inclusive, saberes práticos indispensáveis ao bom desempenho na docência. Ao longo deste percurso, enquanto EE, “sujeito da profissão”, fui

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moldando as tonalidades da minha identidade profissional. Este primeiro impacto com a prática nem sempre é fácil. Tal como destacam Lima et al. (2014), a construção da identidade é efetuada numa perspetiva conteudista, acreditando que a chave para a docência é o domínio do conteúdo, perspetiva que se altera no contexto real, vivendo um verdadeiro choque com a realidade. Este processo não foi, de todo, simples. Foram vários os momentos de avanços iluminados e de recuos sombrios, mas o caminho faz-se caminhando num percurso colorido e este foi apenas o primeiro passo para um futuro melhor enquanto docente.

É importante destacar que o acompanhamento do EE, durante o processo de crescimento e desenvolvimento, é efetuado por duas docentes, que desempenham papéis de extrema importância: a PC e a PO. Sem a sua presença, tornar-se-ia impossível a descoberta do mundo colorido que é o saber. A primeiro, residente na instituição, efetua um acompanhamento mais próximo e diário. Por outro lado, a PO efetua uma supervisão mais afastada, com intervenções periódicas. Resultante desta combinação de elementos, surge o Núcleo de Estágio (NE), que se encontra em ligação constante com os restantes intervenientes na estrutura, desde professores do grupo de Educação Física (EF), funcionários, alunos (Costa et al., 2014).

A totalidade dos intervenientes permitiu, sem qualquer dúvida, clarificar o trabalho a desempenhar e potenciar a qualidade do processo, que é visível no RE. O mesmo é constituído e dividido cinco grandes capítulos. O primeiro – ‘’Autorretrato’’ – contempla uma dimensão pessoal, com todo o meu percurso. Segue-se o ‘’Mundo da artista’’, que retrata a realidade escolar, desde o meu ateliê de aprendizagem (a escola cooperante), até aos modelos vivos de uma professora aprendiz (os alunos). O capítulo seguinte explana o percurso vivenciado ao longo do ano letivo, partindo de um currículo a preto e branco, definido pelo Ministério da Educação, passando pelo processo de planeamento e de intervenção e culminando nos momentos de avaliação, efetuando os retoques finais, como se de uma pintora (professora) se tratasse – ‘’Primeira exposição de uma pintora aprendiz’’. Por fim, surge a ‘’Prática da artista’’,

marcada por variados momentos no contexto escolar: o Corta Mato, o Fit Day, o

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perspetiva de como será o futuro, incerto, mas onde continuarei em busca das cores do saber.

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3.1. Recortes do Colorir uma Tela em Branco

‘’Porque eu sou do tamanho do que vejo E não, do tamanho da minha altura...’’ (Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa, in ‘’O Guardador de Rebanhos – Poema VII’’, 1914)

Não sou alguém pintada de tons iguais, nunca fui, nunca serei, mas acho que a diferença é o que nos torna únicos, é o que nos carateriza. Como tal, sou o que sou, fruto das minhas vivências e experiências, da minha “bagagem. Sou o que sou não pelo ‘’tamanho da minha altura’’, mas pelas decisões que tomo e pelas opões que faço.

Nascida a 31 de maio de 1996, o meu nome é Ana Mafalda Coelho da Silva e vivo, desde que nasci, em Fiães, Santa Maria da Feira, Aveiro, a 12 km do mar, junto de todos os meus entes queridos.

A minha caminhada ao nível escolar começou na Escola Básica do 1º Ciclo de Gesteira, em São João de Ver. Seguiu-se um novo percurso na EB 2/3 Fernando Pessoa, em Santa Maria da Feira, onde frequentei o 3º Ciclo. De seguida, frequentei a Escola Secundária de Santa Maria da Feira, onde realizei o 3º Ciclo do Ensino Básico. Foi um percurso de constantes mudanças, repleto de múltiplas cores, tendo frequentado e finalizado o ensino secundário no Colégio Internato dos Carvalhos (CIC), instituição que me marcou, designadamente por ter sido aqui que dei o primeiro passo no mundo do Desporto e da Educação Física. Concluí o secundário com média de 19,7 e candidatei-me à FADEUP com uma média de 19,4. Ao longo do secundário, muitos me perguntavam porque não seguia medicina ou outro curso e a minha resposta era sempre a mesma: “o que eu quero é Desporto e Educação Física’’. O apoio da família por esta opção esteve sempre presente e nunca fui pressionada no sentido de escolher outro curso.

Mais do que o meu percurso, é importante refletir sobre cada momento, cada aprendizagem, pois tudo aquilo que vivi até agora contribuiu para me tornar

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na pessoa que sou hoje. Tal como advoga Lima et al. (2014), a identidade do professor começa a ser construída desde cedo. Posso dizer, com toda a certeza, que uma das pessoas que mais me marcou, durante todo este processo, foi a minha professora de 1º Ciclo, que me acompanhou a partir dos 6 anos de idade. A sua simplicidade, ternura e calma transformou-me numa pessoa mais ponderada e tranquila, que aprendeu a valorizar as pequenas coisas da vida. Após esta primeira etapa, muitos foram os docentes, de várias áreas e com múltiplas personalidades, que acompanharam e enriqueceram o meu percurso, colocando cor numa tela branca que, gradualmente, começava a ser pintada. Tal como veicula Queirós (2014b), sinto que foram estes mesmos professores que me formaram, sobretudo enquanto pessoa, educando-me em conjunto com a minha família. Porém, o ensino secundário e a licenciatura foram, a meu ver, os momentos que mais se destacaram ao nível do meu desenvolvimento e do meu crescimento para a vida profissional, sobretudo pela vivência com professores de Educação Física e de Ciências do Desporto, funcionando como modelos de referência, tal como indicam Gomes et al. (2014). Nunca esquecerei o Professor Dani que, por querer tanto que a filha fosse como eu, lhe deu o meu nome - Mafalda. Acrescente-se que muitos outros docentes, sobretudo no Colégio Internato dos Carvalhos, desempenharam um papel de destaque na minha formação, desenvolvendo em mim a autonomia, a perseverança e a responsabilidade, competências que são indispensáveis no mundo da docência. Barros et al. (2012) reportam que não existem dúvidas de que a socialização antecipatória se afigura como fulcral para que o futuro profissional de ensino, sendo importante para melhor compreender e intervir no decurso do processo formativo. Não posso esconder que, desde pequenina, soube exatamente o que queria e, deste modo, a minha única opção sempre foi a docência. O caminho tem sido, naturalmente, sinuoso, mas sinto, frequentemente, que o rumo a seguir é este, procurando a competência que me permitirá tornar uma verdadeira profissional. De acordo com Barros et al. (2012), este sentimento de autodeterminação é essencial para a escolha e definição da profissão que queremos ser. A verdade é que sempre fui uma lutadora, uma pessoa que não desiste à mínima adversidade e que não para de tentar. Penso

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que esta minha faceta surgiu do desporto e dos valores que surgem imbuídos da sua prática. Tal como mencionam Batista e Pereira (2014), nunca se devem esquecer os professores que acompanharam o percurso dos alunos, incutindo e desenvolvendo múltiplas competências nos mesmos, cumprindo a sua responsabilidade enquanto docentes.

De entre a panóplia de vivências ao longo do percurso, a atividade desportiva foi, em todos os momentos da minha vida, um pedaço de mim. Depois de praticar natação de competição e hip hop, ‘’vivo’’, atualmente, no mundo do Voleibol. Sempre fui uma daquelas raparigas que não vive sem correr, sem saltar e sem uma bola por perto. Nunca vivi fechada dentro de quatro paredes. Sou, sem pensar duas vezes, uma pessoa ativa e apaixonada por tudo o que se relaciona com desporto. Deste modo, é fácil perceber que se torna impossível, para mim, encontrar um ponto na minha história que tenha despoletado a minha paixão pelo desporto, já que, desde que me lembro, que o entendo como parte integrante da minha vida. Além disso e de acordo com Morgan e Hansen (2008), a EF está presente nos doze anos da escolaridade obrigatória, fazendo, desde o primeiro momento, parte do meu dia a dia, Lembro-me de, a par da Matemática, considerar a EF a minha disciplina preferida. Aliás, eu era das poucas crianças que gostava de realizar o Teste de Cooper, o que demonstra o meu gosto pelo exercício físico, em todos os níveis.

Importa mencionar que os vários eventos da minha vida foram propiciando uma continuidade ao nível do mundo do desporto, nomeadamente no Voleibol. Comecei a jogar com 12 anos e aos 14 fui chamada à seleção, sendo este um grande marco na minha carreira enquanto atleta. Com o passar do tempo, foram vários os clubes por onde passei, destacando-se o Castêlo da Maia Ginásio Clube (CMGC), por me ter proporcionado a minha primeira experiência enquanto sénior na primeira divisão do campeonato nacional. Além disso, a partir dos 16 anos, iniciei a minha prática enquanto treinadora. O convite surgiu da parte de uma treinadora que me acompanhava e, desde então, o processo tem sido pleno de aprendizagens e de evolução. Atualmente, sou treinadora do escalão de Infantis Femininas do Sporting Clube de Espinho, tendo sido campeã regional em Janeiro e atingido o sexto lugar no campeonato

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nacional, no final da época desportiva. Confesso que este meu papel ligado ao desporto, me permitiu desenvolver múltiplas competências enquanto treinadora, função similar à desempenhada pelos docentes. Tal como mencionam Barros et al. (2012), todas as experiências vividas enquanto treinador/a, atleta e/ou aluno/a influenciam a atuação dos futuros profissionais, fazendo-os acreditar que com esforço o sonho é atingível.

‘’Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.’’ (Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, 1933)

Não sou perfeita, mas todos sabem que a perfeição é utópica. Tenho caraterísticas positivas que me definem e outras não tão boas que fazem parte daquilo que sou. No que concerne a estas forças que devem ser incrementadas, às fraquezas que devem ser diminuídas, às oportunidades que têm de ser aproveitadas e às ameaças que devem ser eliminadas, passo a apresentá-las num esquema pragmático – Quadro 1, como se de uma Análise SWOT (Strengths & Opportunities e Weaknesses & Threats) se tratasse.

Quadro 1 – Análise SWOT da EE

FORÇAS / OPORTUNIDADES

Comunicativa e descontraída Sentir prazer no que faço

Forte capacidade de trabalhar em grupo e de adaptação Perseverante, trabalhadora e empenhada

FRAQUEZAS / AMEAÇAS

Negativa e pessimista Duvidar das minhas capacidades

Medo de fracassar Insegura e pouco confiante Recear a opinião dos outros

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iniciei este processo de estágio também tinha consciência que o percurso não seria simples, isto tendo em conta o duplo papel que assumia, o de professora e o de aluna da FADEUP. Não obstante esta dualidade, considerava que o mais importante de tudo seria o percurso que realizaria, sendo fulcral ser capaz de transportar e transformar os conhecimentos aprendidos na escola e na faculdade para as exigências concretas do meu contexto de atuação, adequando-os aos alunos e às necessidades.

O desporto acompanhou as várias etapas da minha vida e, neste momento, o meu tão ambicionado caminho encontra-se, praticamente, concluído, com uma panóplia de conhecimentos, sentimentos, memórias e, claro, experiências. De acordo com Lima et al. (2014), o professor constrói a sua identidade a partir de múltiplas referências, nomeadamente, a história familiar, a trajetória escolar e académica, a inserção cultural na sociedade, as vivências desportivas.... tal como tenho vindo a destacar.

Nos tempos em que vivemos, em que os professores caminham sob areias movediças, a ligação aos princípios, aos valores, aos direitos e aos deveres é fundamental e imprescindível. Segundo Patrício (1993), os valores são intrínsecos à educação, sem os quais o problema educativo não é equacionável ou resolúvel. Isto é, o compromisso educativo não é possível sem valores. A educação é, indubitavelmente, uma poderosa arma de combate aos problemas sociais atuais, possuindo os docentes um papel de destaque na formação integral das gerações futuras.

‘’Ensinar não é transferir conhecimentos. É criar as possibilidades para a sua produção, para a sua construção.’’ (Paulo Freire in Pedagogia da Autonomia, 1997)

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3.2. Perspetivas de um Quadro Colorido: Um Mundo por Descobrir

‘’As cores na pintura são como chamarizes que seduzem os olhos, como a beleza dos versos na poesia.’’ (Nicolas Poussin, quoted by Giovanni Pietro Bellori in Lives of the Modern Painters, Sculptors and Architects, 1672)

Iniciou-se, no dia 3 de setembro de 2018, uma nova etapa da minha formação, com muitos e novos desafios, motivações, perspetivas e, como sempre, com dúvidas e inseguranças. Esta fase denomina-se Estágio Profissional, onde o EE procura colorir, através da descoberta, o seu mundo de conhecimentos e saberes. Considero que se tratou, em grande parte, de um ano em que me coloquei, constantemente, à prova, como se se tratasse de um teste contínuo ao meu desempenho enquanto docente.

No que concerne a este estádio da minha vida, as expectativas iniciais eram muitas e bastante elevadas. Sempre estive consciente de que seria um percurso duro e um verdadeiro desafio, mas também senti, durante todos os momentos, que estava preparada para o enfrentar. Conhecendo-me como conheço, sabia que as crises existenciais não seriam poucas, mas também reconhecia qual era o meu sonho desde pequenina e desistir não era, não foi, nem nunca será opção. Acrescente-se que a minha vida é o Desporto e tudo aquilo que ele representa. É a minha paixão, é aquilo que me move.

É fácil perceber que esta experiência de estágio foi, sem qualquer dúvida, uma das partes mais importantes no meu processo de desenvolvimento e formação profissional. Tratou-se de aprender, em contexto real, com a imprevisibilidade e o meio envolvente a influenciarem toda e qualquer decisão. A verdade é que a aprendizagem acontece, efetivamente, com o contacto com a realidade, com outros professores e com os próprios alunos (Batista & Queirós, 2013). Ao princípio, tudo me parecia impossível de acompanhar. Contudo, com o passar do tempo, tornou-se uma rotina, um dia a dia comum, um sonho tornado realidade. Confesso que não sei, muito sinceramente, se algum dia terei a possibilidade de descobrir este mundo e as suas cores, face à conjetura atual do

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A minha vida foi, até ao momento, pautada de vivências com outros professores, treinadores e também atletas. Considero que o facto de ter sido atleta durante muitos anos, de ser treinadora de Voleibol desde os meus 16 anos e ainda de ter uma professora em casa, com bastante experiência, diminuiu, consideravelmente, o choque com a realidade, comummente adjetivado de aterrorizador. Contrariamente a muitos dos meus colegas EE, lido diariamente com jovens e com os problemas inerentes à organização do processo de ensino-aprendizagem. Não quero com isto dizer que no princípio me encontrava apta e qualificada para a função que me tinha sido designada, muito pelo contrário. Sabia que ainda existia muito para aprender e variadas competências e capacidades para desenvolver. Reconhecia que as aprendizagens efetuadas no âmbito da disciplina de Educação Física poderiam tornar-se bastante úteis, nomeadamente no treino desportivo.

De acordo com Tannehill e Goc-Karp (1992), uma das questões capaz de influenciar o maior ou menor sucesso das experiências de ensino, em contexto real, são os elementos intervenientes em todo o processo: o Professor Orientador (PO), o Professor Cooperante (PO) e o EE, que se espera que venha a tornar-se professor. Confesso que a inexistência de uma relação com a minha colega de núcleo e com as professoras responsáveis me deixou, nos momentos iniciais, bastante recetiva quanto ao desenrolar do ano letivo. Tenho consciência de que tenho uma personalidade muito própria e que nem todas as pessoas são capazes de compreender a minha forma de trabalhar e de pensar. Porém, agora, no final de todo este processo, estou certa de que não poderia ter estado melhor acompanhada. Em todos os meus momentos de desvaneios, tive sempre alguém por perto, capaz de me orientar e confortar, capaz de me fazer ver que não há que ter medo e que os momentos menos bons fazem parte do processo de construção profissional. Neste contexto, é impossível não mencionar e destacar a alegoria da célula, efetuada por Rolim (2013). O autor fala de uma célula jovem, em constante crescimento, transformação e formação, que é, naturalmente, constituída por um núcleo e por um citoplasma. Os intervenientes no processo seriam os cromossomas e os organelos, assumindo múltiplas funções e responsabilidades para que a célula pudesse funcionar sem

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constrangimentos e de forma plena, sobrevivendo, em equilíbrio. A verdade é que, quanto mais profícua for a cooperação, a partilha e a relação das estruturas da célula, melhor se espera que seja o resultado final, formando profissionais mais críticos, reflexivos, competentes, humildes, cultos, ponderados, responsáveis, curiosos, criativos, íntegros, disponíveis, altruístas e, acima de tudo, humanos. Neste quadro, é fácil compreender que o estágio deve ser um momento de partilha e, simultaneamente, de descoberta, em que os EE vão descobrindo e pintando o seu mundo, com as múltiplas cores existentes, como uma célula que cresce, de forma autónoma e responsável. Pois, eu cresci, juntamente com todos aqueles que me acompanharam e que tornaram este processo possível e, sem qualquer dúvida, feliz.

Relativamente às minhas expectativas.... Esperava encontrar, nas minhas turmas, alunos apaixonados pela EF, como eu sempre fui. Queria ser capaz de alterar alguns dos hábitos de vida que possuíssem. Queria, tal como enuncia Marinho (2013), ir para além da técnica e da tática e ensiná-los a estarem sempre predispostos a um aperfeiçoamento e a um aprimoramento do espírito. e acordo com a autora, educar supõe a formação de um ethos íntegro e integral, devendo o professor cuidar da integridade do educando, tal como eu pretendia fazer, desde o primeiro momento. Estava consciente de que liderar uma turma com 22 alunos, durante um ano letivo, não seria tarefa fácil, mas ansiava, igualmente, fazer parte da formação dos jovens que, num futuro próximo, farão parte da sociedade. Esta possibilidade fez recair uma responsabilidade acrescida sobre os meus ombros. Além disso, considerava que a relação que eu estabelecesse com eles iria influenciar todo o processo, já que, como advogam Almeida et al. (2013), se a mesma for positiva, a probabilidade de existir aprendizagem aumenta. A meu ver, o processo foi pleno de aprendizagens e de conquistas, de formação e de transformação individual, não só da minha parte, mas também de todos os meus pupilos. Foi, indiscutivelmente, um verdadeiro arco-íris, vivido de forma incessante por uma pintora à procura deste mundo por descobrir.

Pretendia ainda integrar, de forma dinâmica, um grupo disciplinar de Educação Física e esperava que o mesmo estivesse disponível para ajudar. O papel que os mesmos desempenhariam seria, do meu ponto de vista, de

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destaque na minha experiência, uma vez que, se esta fosse positiva, influenciaria a minha atitude perante o ensino e a profissão. Tal como mencionam Morgan e Hansen (2008), são vários os docentes com múltiplas memórias negativas passadas, dizendo, inclusive, que nada lhe havia sido ensinado. Contudo, a minha relação e ligação a este grupo foi excecional. Esta situação pode ter surgido devido ao facto de possuir uma personalidade extrovertida, permitindo-me brincar com todos aqueles que fizeram parte deste percurso. Naturalmente, alguns professores marcaram-me pela sua boa disposição, outros pela sua devoção à profissão, pelo gosto de ensinar, pela constante vontade de ajudar. Todos diferentes, mas igualmente fulcrais para o meu crescimento. Posso dizer, com toda a certeza, que cada um deles coloriu um bocadinho do meu mundo.

Desejava, com todas as minhas forças, que a minha relação com a colega de núcleo fosse boa, de verdadeira partilha, tal como supramencionado pela alegoria da célula. Ambicionava que se criasse uma amizade pura, de partilha e de ligação, o que nem sempre é fácil pela personalidade e gostos que cada ser possui. No entanto, penso que os nossos ‘’feitios’’ se encaixaram na perfeição, fomos aprendendo a lidar uma com a outra, nas várias situações, mantendo-nos prontas para ajudar, sempre que possível e necessário.

Esperava que a ‘’minha’’ PC me apoiasse e ajudasse sempre que possível, mas também me desafiasse, potenciando o meu desenvolvimento e fazendo-me sair da “caixa do conforto”, que tantas vezes nos impossibilita ir mais além. A verdade é que foi ela, juntamente com a minha colega de núcleo, quem lidou comigo diariamente, presenciando todos os momentos e ajudando-me a superar as mais diversas adversidades, tendo, como tal, uma influência significativa na minha evolução. Confesso que me surpreendeu bastante, pois foi capaz de me transportar para a outra margem, de forma gradual, fazendo-me passar de uma participação periférica, para uma participação interna, ativa e autónoma, tal como refere Batista (2014) que deve ser efetuado.

Além disso, acreditava que a PO fosse estar sempre presente, tornando-se uma parte importante deste puzzle, com experiência, conhecimento e, como tal, com capacidade para facilitar todo o processo de ensino-aprendizagem. Era

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alguém que já conhecia, com quem já trabalhara e sabia que o seu profissionalismo e competência seriam uma mais valia no meu crescimento. De facto e tal como destaca Silva (2014), a sua constante exigência, elevou a fasquia do meu esforço e dedicação, procurando concretizar as várias tarefas cada vez melhor, permitindo a transmissão de conhecimentos académicos.

No que só a mim diz respeito, esperava transcender-me, ultrapassar todas as barreiras e vencer as minhas maiores inseguranças. Estava consciente de que seria um ano de conhecimentos e de sentimentos, isto é, de razão, mas também de emoção, o que nem sempre é simples de conciliar. Porém, as duas devem coabitar em perfeita harmonia e eu esperava ser capaz de alcançar este ponto de equilíbrio, potenciando o gosto dos alunos pela EF e motivando-os para a prática de atividade desportiva fora do contexto escolar.

Acima de tudo, desejava tornar-me uma profissional capaz de gerar não só novos conhecimentos, mas também novas competências, nos alunos e em mim mesma. E, estava certa de que, a minha formação passaria bastante pela experimentação, pela inovação, pelo ensaio de novos modos de trabalho pedagógico e por uma reflexão crítica sobre a sua utilização. De acordo com Batista e Queirós (2013), o meu verdadeiro crescimento aconteceria e aconteceu, sem qualquer dúvida, na prática, baseada na experiência refletida e com significado, compreendendo todo este quadro colorido que é o ensino.

Foi um ano de aprendizagens e descobertas, o culminar do processo de crescimento e desenvolvimento profissional, o término do meu percurso académico. Confirmando o veiculado por Ferreira (2013), estes 9 meses passaram como um comboio, cheio de pressa e sem paragens obrigatórias, tendo em conta todo o trabalho desenvolvido e modo como o realizei. De uma coisa estou certa: sonhei mais alto que as nuvens e dei o melhor de mim, em todos os momentos, para atingir esses ideais. Vivi, de forma intensa, a variabilidade de situações, juntamente com os meus discentes, com a minha colega de núcleo, com as PC e PO, com todos partilharam este meu caminho.

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4.1. A Paleta de Cores do Estágio Profissional

O Estágio Profissional, para além de ser o ‘’último passo’’ nesta minha fase de desenvolvimento, foi também, no meu entender, a fase mais importante do programa de formação de professores, tal como indicam Santos et al. (2013). Para além de me ter permitido dotar e capacitar de múltiplas ferramentas para melhorar a minha prática enquanto docente, também me possibilitou a conquista de uma competência profissional.

Este é um terreno de constante construção profissional, em que o EE se pode desenvolver e, a pouco e pouco, integrar e fazer parte da comunidade educativa, sendo, provavelmente, a única experiência de ensino acompanhada antes do fim da formação inicial de todos os EE. Assim, é fácil perceber que constitui uma ponte entre o mundo académico e o campo profissional, marcada por uma (re)construção da identidade profissional, em função das múltiplas interações estabelecidas, tendo-me permitido formar enquanto docente. Neste ano letivo, criei as minhas próprias perspetivas, opiniões e crenças referentes a diversificados aspetos do ensino, nomeadamente ao nível da avaliação, da aptidão física, da importância da relação com os alunos... É um momento privilegiado de socialização na profissão, devendo ser vivido e sentido de forma intensa, com múltiplos dilemas e desafios, um verdadeiro ‘’choque com a realidade’’, tal como nos dizem Almeida et al. (2013). Esta denominação surge por se associar a um constante medo de falhar, da necessidade de bastante tempo para resolver problemas que docentes experientes resolveriam num ápice, de sentimentos de solidão. De acordo com o mesmo autor, o docente sente que, de um momento para o outro, deixa de ser estudante e passa a assumir todas as responsabilidades de um professor, com um turbilhão de emoções que inquietam qualquer um, mesmo que muito bem preparado, tal como eu me senti.

‘’Eu já esperava que estes primeiros dias fossem assim: de crise e de choque com a realidade, tal como é habitual nesta fase inicial de carreira (Souza, 2009). No entanto, nunca pensei duvidar tanto de mim e das minhas

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capacidades enquanto futura docente. Todavia, tal como Souza (2009) indica, é um período de muito trabalho e descoberta, sendo frequente um professor iniciante sentir-se nervoso, estressado, angustiado, dominado pelo pânico.’’ / Porto, 3 de setembro de 2018

De facto, o contexto real dificulta a atuação de qualquer docente, sendo necessário um equilíbrio perfeito entre o saber teórico e prático, entre a razão e a emoção. Deste modo, e de acordo com Rolim (2013), é fácil perceber que o estágio deve ser entendido como um processo prolongado e demorado, mas igualmente consciente, que se constrói com o passar do tempo, com uns momentos melhores e outros menos bons, com avanços e recuos. O mesmo autor acrescenta ainda que é um momento de grande autonomia ao nível da atuação do estagiário, que permite uma certa liberdade de ação e um sentimento de completa realização. Contudo, a responsabilidade deve ser considerada em todos os momentos, uma vez que eu, enquanto EE tive, sempre, o papel de mediadora de todo o processo de aprendizagem, sendo responsável pela formação de futuros cidadãos. Tal como advogam Paixão e Jorge (2014), todos os professores se devem centrar na formação de cidadãos responsáveis, ativos e implicados na construção de uma sociedade sustentável e democrática, construindo-os de forma integral e eclética.

De acordo com Batista e Queirós (2013), independentemente de todos os constrangimentos que existem ou possam ser criados, naturais neste processo, a prática em contexto real é, inevitavelmente, um ponto de destaque e de reconhecimento, que deve ser aproveitado e explorado, ao máximo. Enquanto EE, não poderia ter desaproveitado esta oportunidade, rica em todos os campos do que é ser professor, profissão que ambiciono alcançar desde que me lembro de pensar. Silva et al. (2014) acrescentam que é na escola, num contexto ‘’verdadeiro’’, que o EE tem a oportunidade de mobilizar o que aprendeu até ao momento, com o intuito de se tornar um verdadeiro docente. A realidade da instituição e a complexidade das tarefas da profissão são elementos que só podem se explorados num contexto autêntico, sem nunca esquecer a importância de algo que norteie o caminho a seguir. De acordo com os mesmos

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autores, existe um currículo estruturado capaz de fornecer aos intervenientes, os objetivos e as metas a alcançar, funcionando como uma bússola, que norteia o caminho a seguir, tanto do EE enquanto professor, como do estudante.

Acima de tudo, este processo é, ou deve ser, de caráter reflexivo, sendo o EE o principal impulsionador e propulsor da sua própria evolução. É imprescindível que o espírito crítico seja desenvolvido, indo muito para além do que se vê e observa, aprendendo através dos próprios erros. De facto, a reflexão é e foi, no meu entender, uma das palavras chave deste ano de EP, tendo-me permitido avançar e progredir no meu processo de formação, cruzando os meus próprios horizontes e potenciando o crescimento, dentro de mim, de uma ‘’personalidade docente’’, plena de cores e de sensações, de vivências e experiências.

‘’O caminho tem de ser para a frente, refletindo e progredindo a cada dia que passa pelas experiências vividas. Este é o professor que podemos e devemos ser: um professor, simultaneamente, resiliente e reflexivo. ‘’ / Espinho, 10 de setembro de 2018

Tal como enunciam Alves et al. (2014), é simples compreender a razão desta etapa ser a final da formação inicial de professores sendo reconhecida como um momento crítico, mas fulcral para o desenvolvimento profissional. Foi um tempo e um espaço privilegiado para a minha formação docente, que foi vivida de forma intensa e onde desenvolvi múltiplas competências. Foi impossível, para mim, ‘’não aproveitar’’ todo o potencial que me rodeava oriundo da minha colega de núcleo, da PC, da PO e também dos docentes que constituíam o grupo de EF. Fizeram, todos, sem exceção, parte deste momento da minha vida, tanto a nível profissional como pessoal, plena de momentos de partilha e de interação. Esta foi a forma que me permitiu, de verdade, ter consciência do papel do professor e da EF, em contexto escolar.

‘’Sempre soube o que era ser professor. Nunca tive dúvidas de que o queria ser. Além disso, a minha ligação constante à docência permitiu-me perceber

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vários processos e dinâmicas estabelecidas, estando a par do funcionamento da mesma. Sabia da responsabilidade que carregaria sobre os meus ombros para formar seres íntegros e ecléticos, de fazer com que o seu processo de ensino-aprendizagem fosse recompensador. Ser professor é, inevitavelmente, uma responsabilidade enorme, onde, por muito que todas as cores existam, é necessário organizar as peças e encadeá-las da melhor forma, para que ganhem sentido (Lopes et al., 2015). Para mim, ser professor é

responsabilizar-me por um futuro responsabilizar-melhor, procurando as estratégias mais indicadas e adequadas para cada situação, utilizando metodologias centradas nos alunos. A verdade é que os discentes são uma ponte entre mim e o futuro, estando a formar a futura sociedade e os seus respetivos cidadãos. Deste modo, a responsabilidade é acrescida, tal como supramencionado (Ferreira, 2013).’’ / Espinho, 14 de novembro de 2018

É do senso comum que os docentes são elementos fulcrais no desenvolvimento dos jovens, tanto a nível social, como pessoal, cultivando o gosto pela prática e transmitindo valores, que todo e qualquer ser humano deve possuir. De acordo com Oliveira (2001), o professor possui um papel ativo, devendo atuar como um verdadeiro agente, considerando os problemas da comunidade educativa em que se insere e orientando o trabalho em função das suas necessidades e aspirações, numa perspetiva de transformação positiva, orientado por uma reflexão crítica da realidade social.

O EP é, inevitavelmente, a etapa derradeira de formação enquanto docente, possibilitando a vivência da profissão num contexto único e autêntico, com professores e alunos reais. De acordo com Webster (2011a), o papel de qualquer docente é e será sempre fulcral para realizar mudanças na escola, com novas práticas e metodologias, indo de encontro às necessidades dos discentes em questão. Na verdade, a teoria é fulcral, mas a prática e a vivência na realidade são igualmente imprescindíveis. É, do conjunto destas três vertentes, que surge a criação de uma identidade profissional única e diferenciada.

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4.2. Um Local Privilegiado ao Qual Chamamos Escola

De acordo com o dicionário português da Língua Portuguesa, a escola é uma instituição com o encargo de educar, que segue as diretrizes dos programas, com múltiplos alunos de distintas faixas etárias, sendo o edifício onde ocorre o ensino. Matos (2014) destaca que se trata de uma construção social, que ocorre dentro e fora das instituições escolares, plena de relações e interações humanas, orientando-se para o futuro. De facto, tal como enuncia Pedro et al. (2015), a escola é um meio privilegiado para o desenvolvimento da criança, em que se confronta a mesma com regras, comportamentos e exigências comuns, preparando-a para a vida e integrando-a num contexto real, tal como acontecerá na sociedade. Deste modo, é simples compreender que o professor possuí um papel de destaque, uma vez que a ação educativa só pode ser desempenhada por quem acredite que a mesma pode contribuir para a formação de seres humanos íntegros, não limitando as suas funções à transmissão de conteúdos programáticos (Queirós, 2014b), tal como eu procurei efetuar desde o primeiro momento.

‘’Quero que eles aprendam, quero ver evolução neles, quero que seja um ano pleno de aprendizagens para a sua vida futura e não consigo ‘’deixar’’ simplesmente andar, tenho de exigir e ir mais além.’’ / Espinho, 16 de novembro de 2018

O Homem, desde os primórdios, sempre procurou o conhecimento de tudo aquilo que se apresentava perante ele, tendo surgido a necessidade de o produzir e reproduzir, de o transformar e humanizar. Ao longo do tempo, o conceito de escola foi evoluindo e alterando em função dos objetivos a atingir. Inicialmente, eram os mais velhos que ensinavam os mais novos, desempenhado o seu papel na transmissão de ofícios, conhecimentos e socialização. Com o passar do tempo, passou a ser uma relação entre mestre e aprendiz, em que só alguns tinham acesso, por ser através da Igreja Católica. Seguiu-se um reconhecimento de que era necessário educar determinados parâmetros em função das necessidades da própria sociedade, ou seja, em

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função as suas necessidades, criando e formando pessoas com as caraterísticas necessárias (Fino, 2001). Atualmente, vivemos numa instituição vista como a nova forma de socialização, caraterizada por ser gratuita, obrigatória, laica, universal e num local próprio, com especialização de tarefas e para o maior número de alunos possível. As orientações legislativas atuais para a educação – DL 55/2018 e DL 54/2018, de 6 de julho - apostam na direção de uma escola inclusiva, onde todos e cada um encontrem as respostas adequadas à suas potencialidades, expectativas e necessidades, potenciando uma diminuição efetiva do insucesso educativo. O trabalho das escolas deve ainda ter em linha de conta as aprendizagens essenciais das diferentes disciplinas e dos vários níveis de ensino, indo de encontro ao perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória1. Este assume uma natureza abrangente e transversal, respeitando a multiculturalidade presente nas múltiplas instituições e assegurando que a formação de cada aluno é orientada por um conjunto de princípios como o saber, a inclusão e a adaptabilidade e de valores como a excelência, a curiosidade, a cidadania e a participação, com todas as áreas de competência a desenvolver para a formação integral (Martins et al., 2017). Assim, percebe-se que a educação tem de considerar, em todos os momentos, os diferentes setores da sociedade, pela sua interdependência e necessidade de moldar à esfera escolar e aos respetivos intervenientes.

É simples compreender que a escola é um meio complexo e cultural, estabelecendo um entreposto cultural, ou seja, uma mediação de diferentes racionalidades culturais. Cada ser possui a sua própria “bagagem” cultural e académica, que transporta consigo para outros locais, havendo uma interação entre os vários intervenientes, negociando e emergindo uma cultura que os diferencia. Isto é, como advogam Alves et al. (2014), toda e qualquer escola possui uma cultura que lhe é caraterística, desenvolvida pela interação entre os seus atores, no seu contexto específico. Basicamente, estamos a falar de uma relação dialética que existe entre a própria estrutura e a ação, em que uma condiciona a outra. De facto, todo e qualquer pensamento não surge apenas das

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condições objetivas dos regulamentos, mas também das interações humanas, dos comportamentos no campo. Assim, é fácil perceber que a escola não existe de forma isolada, mas numa comunidade dinâmica, em que todos os seus intervenientes interagem entre si. Falamos da cultura organizacional da escola, algo único, particular e individual, que permite a cada escola distinguir-se das restantes. De acordo com Carvalho (2006), esta diferenciação decorre da interação humana não estruturada, desordenada, aleatória e fluída, em que a totalidade dos elementos têm de ser equacionados não apenas na sua interioridade, mas também nas inter-relações com a comunidade envolvente. Deste modo, apesar de as organizações escolares estarem integradas num contexto cultural mais amplo, produzem uma cultura interna que lhes é própria e que exprime os valores e as crenças que os membros da organização partilham, surgindo num determinado contexto e em função do mesmo.

A educação é, inevitavelmente, um processo de socialização, com necessidades distintas, com interesses da sociedade dispares e com conteúdos escolhidos de forma diferenciada, tal como nos indica Matos (2014). Contudo, os jovens têm o direito e o dever do acesso à escola, sendo o principal meio de socialização e de promoção do desenvolvimento individual. De acordo com Pereira (2018), a educação é um direito efetivo de todos e não um privilégio de alguns, pois garante as melhores aprendizagens. Como tal, é um local privilegiado para desenvolver os valores necessários para formar uma sociedade de qualidade. Segundo Martins et al. (2017), não existem dúvidas de que a escola deve ser e é um local propício à aprendizagem e ao desenvolvimento de competências, incentivando e cultivando a qualidade e a excelência. Como tal, devem existir projetos interdisciplinares, com uma articulação clara entre as disciplinas, trabalho colaborativo e a promoção dos valores de cidadania e desenvolvimento. Além disso, com a implementação de modelos curriculares flexíveis e com a monitorização sistemática da eficácia das intervenções, pretende-se que os alunos adquiram uma base comum de competências, valorizando as suas potencialidades e interesses. Contudo, a escola é um local mutável, que se vai moldando e ajustando à sociedade em que se insere, para responder às necessidades de todos e de cada um.

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‘’A verdade é que somos todos diferentes, com várias caraterísticas pessoais que nos distinguem, algumas delas mais simples e fáceis de alterar, enquanto outras nem tanto. No entanto, estas não podem ser motivo de “não-ligação”. No contexto escolar, e mesmo fora deste, há a necessidade de nos relacionarmos, constantemente, com pessoas diferentes. Esta imprescindibilidade trespassa para o mundo profissional. Assim, do meu ponto de vista, a escola assume um papel de destaque neste sentido, devendo promover a relação, contribuindo para a formação global dos alunos. ‘’ / Espinho, 18 de janeiro de 2019

A sociedade em que vivemos é distinta das de outros países, requerendo uma escola igualmente diferente, com professores diferenciados e, como tal, de uma formação de docentes adequada a estas necessidades (Lopes, 2014). Porém, e, de acordo com Pereira (2018), somos enriquecidos pela diferença. A heterogeneidade é o que mais se aproxima da realidade em riqueza e diversificação. Tomando como referência Albuquerque et al. (2014) e a sociedade heterogénea em que vivemos, entende-se que a formação dos docentes deve ser orientada para que os mesmos sejam capazes de intervir em contornos distintos e imprevisíveis. De acordo com os mesmos autores, os professores têm a exigência de participar na formação integral da criança, bem como no desenvolvimento da sua personalidade e a respetiva inclusão na sociedade, preparando para a vida. Além disso, devem orientar a sua prática pedagógica com vista a atingir uma educação inclusiva, que se carateriza pelos princípios da educação universal, da equidade, da inclusão, da personalização, da flexibilidade, da autodeterminação, do envolvimento parental e da interferência mínima.

Queirós (2014b) refere que as inúmeras transformações verificadas nos últimos tempos na sociedade, transformaram a escola num local cuja exigência de atuação profissional é elevada, sendo, simultaneamente, um palco de incertezas. Esta ideia é facilmente entendida se pensarmos no reduzido tempo que a generalidade dos pais possuem, nos dias de hoje, para os seus filhos, ganhando importância o professor no seu papel de educador (Albuquerque et

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al., 2014). Basicamente, a escola tem funcionado como um prolongamento da educação recebida em casa, sendo uma criação do espírito humano, configurando-se como uma atividade indissolúvel de teoria e prática, de conhecimento e ação (Bento, 2014), sendo a forma escolar de educação.

Acima de tudo, importa que a escola do Século XXI se mantenha aberta aos desafios que lhe são colocados, como é o caso da crescente globalização e do aparecimento de novas tecnologias. Nogueira (2014) reporta que se estas são realidades que se afirmam no dia a dia, a escola não pode ficar alheia a esta transformação, nem se desresponsabilizar. Cabe à escola proporcionar momentos únicos aos seus discentes para que estes a considerem importante e sintam que vale a pena apostar, preparando-os para a vida futura, procurando que, mais tarde, atuem de forma responsável e criativa, na sociedade.

Aos alunos, tal como destacam Martins et al. (2017), o mundo atual coloca novos desafios ao nível da identidade e da segurança, da sustentabilidade, da interculturalidade, da inovação e da criatividade. Urge, assim, formar uma instituição que responda às novas perspetivas de ensino que emergem da atualidade (Nogueira, 2014), sendo a escola uma organização idiossincrática, com caraterísticas bem distintas das restantes, o produto de um conjunto de processos históricos complexos e nunca neutros.

De acordo com Pereira (2018), a instituição deve garantir, à saída, que todos alcançaram aquilo a que tinham direito, ou seja, um perfil humanista, ancorado no desenvolvimento de valores e de competências, tornando os jovens aptos ao exercício de uma cidadania ativa, proporcionadora de bem-estar. Deste modo e, tal como destacam Batista e Queirós (2015), é simples compreender que a instituição escolar, em função das mudanças sociais, legislativas e também ideológicas, tem vindo a transformar-se. Isto implica uma aposta decisiva na autonomia das escolas e dos seus profissionais, em termos da gestão dos currículos, respeitando as orientações emanadas para a educação.

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4.3. O Ateliê de Aprendizagem: A Escola Cooperante

A Escola Secundária onde realizei o EP faz parte de um conjunto de estabelecimentos que se denomina Agrupamento, sendo a sede do mesmo. Esta estrutura surgiu de um processo de reorganização da rede escolar, no ano de 2011/12, que resultou da fusão de cinco estabelecimentos de diversos níveis de ensino. É uma instituição que se situa em Espinho, no distrito de Aveiro, a cerca de 20km da sede do concelho do Porto. É uma zona que começou a ser explorada para a pesca, mesmo que de forma sazonal, o que potenciou o desenvolvimento económico do concelho. Com o passar do tempo, Espinho foi-se tornando uma cidade cada vez mais moderna, vivendo da praia e da atividade turística, bem como da comercial, recebendo milhares de turistas, todos os anos, sobretudo na época balnear.

No que diz respeito à comunidade, a escola sede integra 1636 alunos, perfazendo um total de 2781 com os discentes dos restantes estabelecimentos do Agrupamento. Acrescente-se que, no total, são 253 o conjunto de educadores e docentes deste núcleo que, juntamente com 108 assistentes – técnicos e operacionais, procuram ir de encontro ao lema do Agrupamento ‘’A Educar para o século XXI’’.

Relativamente ao espaço físico e material, a instituição foi alvo de requalificação e modernização, no âmbito do Programa Parque Escolar. Este projeto permitiu melhorar as condições para potenciar aprendizagens significativas, a todos os alunos. O edifício principal foi aumentado para integrar os serviços administrativos, as zonas de convívio, a biblioteca e ainda a sala de professores e o espaço do Diretor e da sua equipa. Os restantes blocos, compostos por salas de aula, foram mantidos, tendo apenas sofrido uma pequena remodelação. Foram criados dois novos espaços. Um deles direcionado para as disciplinas específicas de Educação Tecnológica, Artes Visuais e Tecnologias de Informação e Comunicação. O outro integra o bar, o refeitório e o auditório.

Ao nível da EF, apesar de o material disponível não ser abundante, é o necessário para a lecionação de toda e qualquer modalidade, nas melhores

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condições. Possui um pavilhão, um ginásio e dois espaços exteriores (futebol e basquetebol). Existe ainda uma rede de voleibol exterior e uma ‘’mini’’ pista de atletismo, com dois corredores e uma caixa de areia. De destacar que as instalações são variadas e de grande qualidade, sendo apenas difícil a prática, no exterior, em dias de chuva.

Quanto ao Desporto Escolar, são várias as opções disponíveis para os discentes: Natação, Ginástica de Trampolins, Ginástica Acrobática, Surf, Multiatividades, Rugby, Minitrampolim e Xadrez. É visível o envolvimento de todos os docentes de EF nestes projetos de desporto, fora do contexto sala de aula, fomentando uma maior interação entre todos.

Neste caso específico, a instituição foi, durante o ano letivo em curso, a minha segunda casa, que me acolheu da melhor forma e que funciona como um verdadeiro lar, capaz de cultivar o que de melhor existe em mim: esta paixão pelos alunos, pelo ensino, pela aprendizagem e pela EF. Penso que, acima de tudo, a escola não pode ser, em momento algum, um universo separado da comunidade, caso contrário, não será capaz de responder às necessidades da mesma. De acordo com Queirós (2014a), ‘’ser professor’’ é compreender os sentidos e a essência da instituição escolar, integrar-se por completo na comunidade e aprender com todos os seus intervenientes. É na escola e no diálogo com outros docentes que se aprende a profissão, seja através da reflexão ou da observação... São elementos e rotinas que nos permitem atingir a perfeição, ainda que utópica.

Por fim, mas mais importante de tudo, é importante compreender o lema da instituição em que me inseri: ‘’A educar para o século XXI’’, promovendo o sucesso, as atitudes e os valores e ainda a interação com o contexto envolvente. Nogueira (2014) menciona que a escola do século XXI deve manter-se aberta e disponível a projetos educativos originais, atenta às novas tendências pedagógicas, com criatividade para potenciar a concretização de projetos inovadores e aliciantes para a comunidade escolar. O mesmo autor acrescenta que a originalidade é a palavra de ordem no mundo em que vivemos, em que tudo parece já ter sido inventado e descoberto. De facto, a escola é multifacetada e não existem limites para a sua manifestação, sendo facilmente percetível a sua

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importância, colaborando na construção da personalidade de todo e qualquer jovem. A escola deve ainda elevar os níveis de curiosidade, criatividade e reflexão dos discentes para que seja possível assegurar a formação e o desenvolvimento das suas capacidades intelectuais e humanas, no futuro, potenciando uma adaptação plena e sem adversidades, no mundo atual. Os próprios professores da instituição reconhecem a sua importância, tal como é possível observar nos excertos seguintes:

‘’A escola, para mim, é o pilar para o crescimento e educação das novas gerações. Sem a escola não seriamos capazes de educar as novas gerações e capacitar as mesmas para os desafios da vida futura.’’ / Professor 1 – 3 de abril de 2019 ‘’A escola de hoje é, do meu ponto de vista, o grande formador da sociedade de amanhã.’’ / Professor 2 – 3 de abril de 2019

Tendo em conta a sociedade em que vivemos, vincada pelo aumento da tecnologia e do mundo tecnológico, é preciso adaptar a nossa própria atuação, enquanto docentes, para sermos capazes de dar resposta não só às dificuldades, como também às potencialidades. Importa que não só a minha escola, mas também eu seja capaz de reinventar e elevar o trabalho do professor, trabalhando diariamente para chegar cada vez mais longe, através da reflexão e da continua procura da competência.

‘’Não serve de nada fazer, porque nos disseram que tínhamos de fazer. É preciso refletir, procurando avançar, progredir e melhorar. Até porque as contrariedades estarão sempre presentes, ao nível dos recursos humanos ou materiais, mas é algo que está inerente ao ser professor no Século XXI. Estou certa de que este desafio só será bom para mim e para o meu desenvolvimento individual, uma oportunidade para me transcender. O trabalho diário com as mais distintas dificuldades será um obstáculo, mas temos de acreditar e continuar a trabalhar.’’ / Espinho, 11 de setembro de 2018

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4.4. O Arco-Íris da Escola: O Grupo de Educação Física

De acordo com Batista (2014), o grupo de EF é um local formativo de relevo, no qual os professores são agentes mediadores significativos nos processos de integração e de aprendizagem dos EE em ambiente escolar. De facto, não poderia estar mais de acordo. Aos meus olhos, os docentes, nomeadamente os de EF, sempre foram o exemplo a seguir, fruto da vasta experiência que possuem, algo que só pode ser conquistado através das vivências em contexto real. Matos (2014) menciona que o caráter distinto da disciplina de EF requer que os responsáveis pela mesma sejam dinâmicos e ativos, seres em constante atividade e movimento, orientando-se pela experiência corporal e pela vida ao ar livre. A meu ver, esta dinâmica e este perfeito entendimento entre todos é crucial para potenciar processos de ensino-aprendizagem de qualidade, não só no grupo de EF, mas na instituição.

Neste caso específico, eram catorze os professores de EF do grupo, com os quais lidei diariamente, durante este ano letivo. Senti, desde o primeiro dia na escola, uma enorme acessibilidade, simpatia e disponibilidade da parte dos docentes, como se de um verdadeiro grupo colorido se tratasse.

‘’Mais um dia de estágio e, hoje, em específico, a primeira reunião do Grupo Disciplinar de EF. Até ao momento, nada tenho a apontar a este grupo de professores. Sempre me trataram bem e procuraram ajudar, pecam única e exclusivamente quando me tratam por ‘’escrava’’. Todavia, dizem simultaneamente que estarão 200% disponíveis para nos ajudar. ‘’ / Espinho, 12 de setembro de 2018

Na verdade, nem todos os professores me surpreenderam pela positiva. Uns pelos atrasos constantes, outros pelas dificuldades que nos causaram... desencantaram-me, em alguns momentos. No entanto, no meu entender, as maiores lacunas surgem ao nível da falta de atualidade do seu conhecimento, bem como da sua própria desmotivação para a docência. Tal como enuncia Graça (2014b), os docentes entraram um ciclo negro e vicioso de marginalização

Referências

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