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5. PRIMEIRA EXPOSIÇÃO DE UMA PINTORA APRENDIZ

5.3. Das Nuances do Planeamento à Realização do Ensino

5.3.1. Painel Macro Cromático: Plano Anual

O planeamento anual é o primeiro a ser efetuado, partindo do currículo inicialmente definido e ajustando-o. Este define todo o processo, concentrando os objetivos principais para os alunos, organizando-os período a período, Unidade Didática a Unidade Didática, de forma coesa e coerente. Este deve ser específico de cada turma - Plano Anual de Turma (PAT), adequando-se aos discentes da classe e ao contexto em que se insere. Julgo que a elaboração deste documento é fulcral para estruturar o processo de ensino aprendizagem como um todo, mas pode e deve considerar-se mutável, estando sujeito aos constrangimentos da prática. De facto, é importante definir atempadamente o

que será abordado em função dos espaços disponíveis, prevenindo potenciais problemas que possam surgir e facilitando a preparação do docente.

‘’Os alunos têm gostos distintos, eles próprios são diferentes uns dos outros, com uma imprevisibilidade acrescida pelo contexto, sendo fulcral a preparação prévia. Um bom planeamento e a procura de conhecimento específico na área em questão são aspetos que permitem, de certa forma, diminuir a imprevisibilidade.’’ / Espinho, 13 de setembro de 2018 – Balanço Final

Todavia, tal como supramencionado, os alunos possuem gostos e paixões distintas, opiniões que devem ser consideradas, com o intuito de elevar os seus níveis de motivação para as sessões. Nogueira (2014) destaca que o ensino deve ir ao encontro das motivações intrínsecas de cada aluno, sendo estruturado com base nos seus próprios interesses. Esta foi uma preocupação com a turma residente, face ao ano de escolaridade (11º), que prevê a lecionação de dois Jogos Desportivos Coletivos (voleibol, futebol, andebol ou basquetebol), uma matéria da ginástica ou do atletismo e duas das restantes (raquetas - badminton, patinagem, orientação, jogos tradicionais e populares, judo e natação). A estas cinco modalidades foi acrescentada a dança, modalidade obrigatória em todos os níveis de escolaridade. Depois de definidas as atividades a lecionar, foi necessário efetuar um conjunto de pequenos ajustes, sobretudo ao nível dos espaços, para que as condições favoráveis à prática se encontrassem estabelecidas, organizando os espaços para que uma UD possuísse o número de sessões necessárias ao seu bom funcionamento. Neste sentido, no Quadro

2 que se segue, é possível observar o número de aulas e a distribuição das

modalidades, por período letivo.

Quadro 2 – Distribuição das modalidades na turma residente

PERÍODO MODALIDADES AULAS DE 45’

Badminton 22

Basquetebol 20

Natação 20

Ginástica Acrobática 10

Dança 14

Orientação 12

Importa ainda mencionar que é necessário adaptar os níveis propostos pelos PNEF, planeando as atividades de forma a que os alunos adiram e se sintam desafiados para cumprir os objetivos definidos (Sousa et al., 2014). Tal como enunciado anteriormente, cabe ao professor ajustar, constantemente, os vários conteúdos aos alunos, pela realização da prática propriamente dita, tendo em conta as suas individualidades. A verdade é que, mesmo com todo o processo definido de forma rigorosa e meticulosa, a imprevisibilidade e a contingência que marcam a docência levam a que sejam necessárias múltiplas alterações e adaptações no decorrer do percurso, desempenhando o docente um papel de destaque na sua consecução.

‘’O docente deve repensar e questionar todas as suas decisões, com o intuito de fomentar os comportamentos e as aprendizagens mais adequadas dos seus alunos.’’ / Espinho, 20 de setembro de 2018

Destaque-se que o planeamento anual não se centrou única e exclusivamente no nível das habilidades motoras, tendo considerado também a aptidão física, os conceitos psicossociais e a cultura desportiva, permitindo uma continuidade do trabalho desenvolvido e potenciando melhorias significativas, em todas as áreas. A definição dos conceitos psicossociais a trabalhar e a desenvolver, ao longo de todo o ano letivo, foi uma tarefa simples, mas de extrema importância, indo ao encontro das necessidades que a turma apresentou desde o primeiro momento, nas várias tarefas propostas (autonomia, responsabilidade, cooperação, respeito e participação / empenho). Ao nível da cultura desportiva, ficou definido que a mesma seria trabalhada UD a UD, direcionando a atuação dos jovens para os Jogos Olímpicos, conteúdo que tem vindo a ser destacado nos PNEF. Por fim, no que concerne à aptidão física, a construção de um planeamento anual sobre a mesma tornou-se um verdadeiro

desafio, suscitando múltiplas e variadas dúvidas e inquietações, tal como se pode observar no excerto que se segue.

‘’Assim que a docente nos questionou acerca do planeamento da Aptidão Física, sabia que mais trabalho estaria a caminho. Apesar de termos realizado e aplicado a bateria de testes Fit Escola, no início do ano letivo, como é que ainda não existia um planeamento desta área? Reconheço que a minha turma precisa de um trabalho extra ao nível das Extensões de Braços e da Flexibilidade de MI, mas como o irei efetuar? Qual é o nível que os estudantes devem atingir no final do ano? Quando irão ser repetidos os testes para observar a evolução?’’ / Espinho, 14 de novembro de 2018 Confesso que este foi, para mim, um dos momentos mais angustiantes ao nível do EP. Senti que, por momentos, não estava no sítio indicado para mim, que estava perdida, que nada fazia sentido. Todavia, rapidamente me apercebi que estes dilemas faziam parte da minha formação enquanto docente, requerendo investigação e reflexão e a passagem por uma série de etapas, cujo nível de exigência seria crescente (Queirós, 2014a). Como seria de esperar, abracei o desafio proposto juntamente com a minha colega e NE e o resultado obtido não poderia ter sido melhor. Optamos por dividir as distintas modalidades e trabalhá-las com métodos diferenciados, procurando elevar tanto as capacidades condicionais como as coordenativas, que não podem ser vistas, em momento algum, de forma isolada, devendo ser integradas para a realização das várias habilidades motoras, da melhor maneira possível. Segue-se um pequeno

Quadro (3), esquematizando o planeamento da aptidão física.

Quadro 3 - Planeamento Anual da Aptidão Física

MODALIDADES CAPACIDADES METODOLOGIAS

P E R ÍO D O Natação

Condicionais: resistência, força, velocidade. Coordenativas: destreza geral, coordenação, ritmo, equilíbrio.

6 Aulas de resistência e 6 aulas de velocidade, em função do volume

total de aula (metros/aula) Voleibol

Condicionais: força, velocidade de reação. Coordenativas: destreza geral, orientação

espacial, coordenação óculo-manual.

Treino funcional: 30’’/10’’ – Exercícios de uma bateria criada.

Ginástica Acrobática

Condicionais: força, flexibilidade. Coordenativas: destreza geral, orientação

espacial, coordenação, ritmo, equilíbrio.

Aquecimento aeróbio e exercícios de força e de flexibilidade alternados em circuito (45’’/15’’). P E R ÍO D O Dança

Condicionais: resistência, flexibilidade. Coordenativas: destreza geral, orientação

espacial, coordenação, ritmo, equilíbrio.

Aquecimento ao ritmo da música, com exercícios aeróbios (45’’/15’’).

Orientação

Condicionais: resistência.

Coordenativas: destreza geral, orientação espacial.

Aquecimento com corrida – contínua, intermitente, por

estafetas...

O investimento foi imenso, mas valeu a pena! Sinto que percorri e cumpri, com sucesso, as várias etapas, transformando-me numa docente que reconhece as cores do ensino, pintando o mundo dos seus pupilos com cores nas várias áreas do saber.