JPediatr(RioJ).2015;91(3):207---209
www.jped.com.br
EDITORIAL
The
importance
of
understanding
hospital
and
country-specific
case-mix
for
neonatal
patients
夽
,
夽夽
A
importância
de
entender
o
case-mix
de
pacientes
neonatais
em
hospitais
e
específicos
de
um
país
Scott
A.
Lorch
a,b,c,d,eaDepartamentodePediatria,TheChildren’sHospitalofPhiladelphia,Filadélfia,EstadosUnidos
bFaculdadedeMedicinaPerelman,UniversityofPennsylvania,Filadélfia,EstadosUnidos
cCentrodePesquisadeResultados,TheChildren’sHospitalofPhiladelphia,Filadélfia,EstadosUnidos
dCentrodePesquisaPerinataledeDisparidadesnaSaúdeInfantil,TheChildren’sHospitalofPhiladelphia,Filadélfia,
EstadosUnidos
eInstitutodeEconomiadaSaúdeLeonardDavis,UniversityofPennsylvania,Filadélfia,EstadosUnidos
OestudodeGrandietal.forneceinformac¸õesimportantes sobreaprevalênciaesobreoimpactodadiabetesmellitus
maternasobreosdesfechosdeneonatos commuitobaixo peso aonascerem unidadesdeterapia intensivaneonatal (UTINs)naAméricadoSul.Elesrelatamumataxageralde diabetematernade2,8%nessetrabalho,comumaumento na prevalência, apartir de 2001-2005, de2,4% para 3,2% entre2006-2010.Alémdisso,dosváriosdesfechosperinatais eneonataisexaminadosnessacoortedequase12.000 neo-natos,apenasenterocolitenecrosantegravefoiassociadaà
diabetesmellitusem regressãomultivariada.1Essesdados
diferemdeoutrosresultadospublicados.Estudosanteriores sobreaprevalênciadadiabetegestacionalvariamdeuma estimativade2-6%doscasosemtodosospaíseseuropeus,2
5-11%em 15estadosdosEstados Unidos3e16% noCatar.4
Vários estudos feitos em países de renda baixa e média5
e em países desenvolvidos6 também apontam a diabete
DOIssereferemaosartigos:
http://dx.doi.org/10.1016/j.jpedp.2015.03.010, http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2015.01.003
夽 Comocitaresteartigo:LorchSA.Theimportanceof
understan-dinghospitalandcountry-specificcase-mixforneonatalpatients.J Pediatr(RioJ).2015;91:207---9.
夽夽VerartigodeGrandietal.naspáginas234-41.
E-mail:lorch@email.chop.edu
comoumfatorderisco paradesfechos adversosna gravi-dezenoperíodoneonatal,emboraemtodaapopulac¸ãoem comparac¸ão com uma populac¸ão específicade alto risco, comoo estudo deGrandietal.1 O queesses achados, ou
quaisquerachados semelhantes,significamparaas autori-dadesmédicas ouórgãos reguladoresquesupervisionam o cuidadoprestadoarecém-nascidosdealtorisco, principal-mente em vista dos dados que sugerem que as taxas da diabetegestacionalemoutrospaísesestãoaumentando?7Os
médicosdevemavaliaravalidadedosresultadose,então, determinaropossívelimpactodesses resultadossobresua prática.
Em qualquer estudo, devemos examinar se os dados sãoprecisosantesdepraticarquaisquerac¸ões.Podehaver imprecisõesemtrêsáreasimportantes:2Odiagnósticopode
ser feito em todas as mulheres? O teste diagnóstico foi feitoadequadamente?Osdadoscoletadosemcadagravidez estãocorretos? Paraumadoenc¸acomo adiabete gestaci-onal, as mulheres devem receber assistência pré-natal e fazerotesteparaconfirmarapresenc¸aouinexistênciada doenc¸a. A depender do hospital, do sistema de saúde, dapopulac¸ãodopaísoudadinâmicasocial,oacessoà assis-tênciapré-natalouàsferramentasnecessáriasparafazero diagnósticopoderáserlimitado.Alémdisso,paraadiabete, umregimentopadrãodediagnósticoéumtestedeglicose deumaoutrêshoras,feitonormalmenteàs24-28semanas degestac¸ão.Nãoestáclaroqualopercentualdemulheres
208 LorchSA
quedãoàluzantesdas28semanasdegestac¸ãoquepode tersidodiagnosticado.Essasduassituac¸õespodemter redu-zidoataxadediabeterelatadanesseouemqualqueroutro estudosemelhante.
Em segundo lugar, é importante que o teste de diag-nóstico correto seja usado. Estudos anteriores usaram diferentestestespara diagnosticara diabete.2Esse grupo
deestudosugeriuespecificamenteàOrganizac¸ãoMundialde Saúdeotesteoraldetolerânciaàglicose,porém,observe, comacoletadedadosemtodososvárioscentrosemvários países,que esse critério não foi universalmente seguido. Contudo,ofatodequetestesespecíficosforamincentivados emcadacentroéumaspectopositivodacoletadedados. Porfim,grandesconjuntosdedadosdebase populacional poderãonãoconterinformac¸õescorretasdetodosos paci-entes.Porexemplo,astaxasdemortalidadepoderãodiferir dependendodafontedosdados,8provavelmentedevidoàs
diferenc¸as na precisão dos dadosregistrados, a depender desesãousadosdadosderegistrooudeestatísticasvitais. O uso de um registro detalhado de pacientes, como o usado na Neocosur Network, com métodos incorporados para validar os dados registrados, aprimora os resulta-dos relatados. Todas essas questões poderão resultar em variac¸ões inter-hospitalares nos resultados de saúde que nada têma ver com o cuidado prestado, porém, em vez disso, diferenc¸as na precisão dosdados oudiferenc¸as nos pacientesincluídos,antesdemaisnada,na mensurac¸ão.9
Comasestruturasdedadosemfuncionamento,aprecisão dessesdadoséprovavelmentemuitodefinida,semmodificar aspráticasclínicasemcadahospitalindividual---algo desa-fiadorem todosos vários sistemas hospitalares em vários países.
Após avaliar a validade dos dados,essa variac¸ão rela-tadanaprevalênciadadiabetesmellitusenoimpactosobre osdesfechos, então, confirma a ideiade que os médicos devemconhecer seuspacientes,principalmente nasáreas quediferemdasondeocorreramváriosdosestudos relata-dos.Emprimeirolugar,amenorprevalênciadadiabetenas UTINsdesses22hospitaispoderáafetarasdecisõesquanto aexame adicional de mulheres oumelhoria na qualidade eprogramaseducacionaisparaabordarodiagnósticoouo tratamentodadiabetenessasunidades.Emsegundolugar, ofatodeque adiabetenãoestavaassociada adesfechos adversosnessespacientesconfirmaoutrotrabalhoque mos-traqueostratamentospoderãoterdiferentesefeitossobre asaúdedos pacientes,adepender dalocalizac¸ão geográ-ficaemque foramaplicados. Porexemplo, vários estudos empaísesdesenvolvidosmostramoefeitobenéficode cor-ticosteroideantenatalsobreasobrevidalivredadoenc¸ade neonatosdealtorisco.Umestudorandomizadodecluster
sobreaadministrac¸ãodecorticosteroidesemseispaísesde rendabaixaemédia(Argentina,Guatemala,Índia,Quênia, Paquistãoe Zâmbia) constatou que a mortalidade neona-tal não reduziu em neonatos com baixo peso ao nascer, comaumentodamortalidadeneonatalerisco deinfecc¸ão maternaemgeralnosclustersrandomizadosparaprocessar ocuidadoprestadoafimdeaumentarousode corticoste-roideantenal.10 Essadiferenc¸apodeterocorridodevidoàs
diferenc¸asnasaúdematernadebaseaosdiferentesrecursos desaúdedisponíveisparaotratamentodecrianc¸asderisco elevadonessesseispaíses,emcomparac¸ãocomasgrávidas incluídasemestudosanterioresempaísesdesenvolvidos.11
Contudo,podehavertambémvariac¸õesnoefeitodeum tra-tamentoespecíficoemumúnicopaís.Oimpactodopartoem umaunidadedeterapiaintensivaneonataldegrandeportee dealtoníveldifereemtrêsestadosnosEstadosUnidos,com obenefíciodesobrevidavariandode30%a330%,adepender doestado.Diferenc¸assemelhantesforamvistasnareduc¸ão de complicac¸ões comuns de parto prematuro.12 Os três
estadosestudadosdiferemnadistribuic¸ãodeantecedentes étnicos, dasituac¸ão doseguro desaúde e daprevalência de várias complicac¸ões pré-parto da gravidez. Assim, as diferentespopulac¸õesdepacientespodemapresentar dife-rentesriscosclínicosegenéticosdadoenc¸a.Contudo,essas regiões também diferem na organizac¸ão do cuidado peri-natal, com diferentes processos de tratamento, como os sistemasdetransportematernoeinfantil,nacentralizac¸ão deservic¸osperinataisenaregionalizac¸ãodotratamento.
Essesexemplos ilustram asdiferenc¸as nocase-mix dos hospitaisindividuaisecomooefeitodetratamentoscomuns podemdiferiradependerdessecase-mix.Contudo,é pro-vávelqueospacientesincluídosnessesestudosacimaeno estudodeGrandietal.tambémtenhamdiferidoem fato-res sociais, como moradia, escolaridade e renda. Apesar de não frequentemente mensuradas em estudos perina-taise neonatais, essas‘‘determinantes sociaisdesaúde’’ poderão influenciar a prevalência de doenc¸as como dia-bete, mas tambémo resultado definitivodessas doenc¸as. AAméricaLatinanãoestáimuneaessasdeterminantes soci-ais de saúde13 e, defato, ossistemas paralelos desaúde
pública/privadacomunsemváriospaíseslatino-americanos poderão diferir dos sistemas que estudam pacientes em váriosestudosdasaúdeetratamentoneonatal.14Mais
estu-dosprecisamfocaremcomoessesfatoresafetamasaúdee osresultadosdessespacientesdealtorisco.
Em suma, o estudo de Grandi et al. ilustra a impor-tância de entender os pacientes tratados em grupos de cuidadosdesaúde,independentemente doshospitais, dos estadosoudospaísesedecomoelesrespondema tratamen-tos específicos.Osmédicosdiscutemsobremedicamentos personalizados, nos quais os tratamentos são prestados a dependerdaheranc¸agenéticaedohistóricomédicoesocial de um paciente. Devemos pensar sobrecomo as diferen-tes populac¸ões de pacientes apresentam diferentes risco da doenc¸a, o que exige mudanc¸as sutis na administrac¸ão dos planos para aprimorar os desfechos dos pacientes. Énecessárioentenderessasmelhorespráticaspara aprimo-rarasaúdeperinataleneonatal.
Conflitos
de
interesse
Oautordeclaranãohaverconflitosdeinteresse.
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