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CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO CLEIDE RAUPP

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Academic year: 2021

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

CLEIDE RAUPP

‘EXPOSIÇÃO’ DAS IDENTIDADES: ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS COTIDIANAS EM UMA FEIRA LIVRE DE FOZ DO IGUAÇU

FOZ DO IGUAÇU 2019

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CLEIDE RAUPP

‘EXPOSIÇÃO’ DAS IDENTIDADES: ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS COTIDIANAS EM UMA FEIRA LIVRE DE FOZ DO IGUAÇU

Trabalho de conclusão de Curso, em

Administração, pelo Centro Universitário Dinâmica das Cataratas (UDC), como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração de Empresas.

Prof. Orientador: Fábio Aurélio de Mario

FOZ DO IGUAÇU 2019

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CLEIDE RAUPP

‘EXPOSIÇÃO’ DAS IDENTIDADES: ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS COTIDIANAS EM UMA FEIRA LIVRE DE FOZ DO IGUAÇU

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e arguido pela Banca Examinadora composta pelos membros abaixo assinado e considerou APROVADA para obtenção do título de Bacharel em Administração, pelo Centro Universitário Dinâmica das Cataratas - UDC.

Foz do Iguaçu,12 Junho de 2019.

_________________________________ Profº Mestre: Sinvales Roberto Souza

Coordenador do Curso de Administração

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________

Profs. Orientador: Me. Fabio Aurélio de Mario Centro Universitário Dinâmica das Cataratas - UDC

________________________________________

Profs. Doutor Giuliano Silveira Derrosso (Avaliador) Centro Universitário Dinâmica das Cataratas - UDC

______________________________________________

Profs. Mestre Nara Oliveira (Avaliador) Centro Universitário Dinâmica das Cataratas - UDC

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AGRADECIMENTOS

Quero primeiramente agradecer a Deus que me proporcionou sabedoria, paciência e persistência para a conclusão deste trabalho e consequentemente deste curso de graduação.

Agradeço aos professores do curso de Administração que sempre proporcionaram um ensino de qualidade durante o curso, em especial ao professor orientador Fábio Aurélio de Mario que se dedicou a me orientar, esclareceu todas as dúvidas de maneira clara e me deu direcionamento para concluir uma pesquisa satisfatória.

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RESUMO

O feirante é um sujeito que liga os laços sociais e econômicos em suas estratégias cotidianas na feira, é um sujeito repleto de jocosidades no ato de exposição. Assim tomando como base a Feira Livre das Nações em Foz do Iguaçu, objetivamos compreender como as práticas e estratégias cotidianas, que são desenhadas pelos os expositores de uma Feira Livre em Foz do Iguaçu, onde a identidade de cada um vai além do modo de vida e da tradição, abrange toda a sociedade, contribuindo significantemente para a construção de nossa cultura, enquanto, com o trabalho, o homem busca o aperfeiçoamento de si, pois o feirante é um ser capacitado que promove ajuda de renda, o uso sustentável dos recursos naturais e valorização do patrimônio cultural, pois ser feirante é cultuar sua identidade e estão ali para aprender, por meio da interação com o mundo que os rodeia. Para isso, essa pesquisa foi desenhada por meio de uma abordagem qualitativa. Trabalhamos por meio entrevistas semiestruturadas, observação e pesquisa documental. Nossos resultados descrevem que a contribuição de uma feira para o feirante é o trabalho. Ele se interliga com necessidade das relações sociais entre os sujeitos, clientes, fornecedores e com o cunho econômicos da atividade. O trabalho do feirante se coloca num sentido de exposição de suas identidades por meio do compartilhamento de seus produtos, histórias e memórias agindo como estratégias de resistências cotidianas.

Palavras-chave: Cotidiano, Estratégias, Práticas, Identidade Organizacional, Feira

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ABSTRACT

The fairer is a subject that links the social and economic ties in his daily strategies at the fair, is a subject full of jocularity in the act of exposure. Thus taking the basis of the free trade fair of the Nations in Foz do Iguaçu, we aim to understand how the daily practices and strategies, which are designed by the exhibitors of a free trade fair in Foz do Iguaçu, where the identity of each one goes beyond the way of life and tradition, encompasses The whole society, contributing significantly to the construction of our culture, while, with work, man seeks to improve himself, because the fairer is a skilled being that promotes income aid, the sustainable use of natural resources and appreciation of cultural heritage, for being a fairer is to worship his identity and are there to learn, through interaction with the world that surrounds them. For this, this research was designed through a qualitative approach. We work through semi-structured interviews, observation and documentary research. Our results describe that the contribution of a fair to the fairer is the work. It interconnects with the need for social relations between the subjects, clients, suppliers and the economic nature of the activity. The work of the fairer is placed in a sense of exposure of their identities through the sharing of their products, stories and memories acting as strategies of daily resistances.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Feirinha da terceira pista de Foz do Iguaçu... 44

Figura 2: Feira Livre das Nações... 45

Figura 3: Expositora da “Feirinha da JK”... 47

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LISTA DE QUADROS

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 9 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 15 2.1 A IDENTIDADE ORGANIZACIONAL ... 15 2.2 TRABALHO ... 18 2.2.1 Tipos de Trabalhos ... 21 2.3 COTIDIANO ... 23

2.4 O COTIDIANO DOS HOMENS ORDINÀRIOS ... 25

2.5 AS FEIRAS ... 26

2.6 FEIRANTE ... 31

3 METODOLOGIA ... 34

3.1 LOCAL DE ESTUDO ... 34

3.1.1 Feira Livre das Nações ... 34

3.2 A PESQUISA QUALITATIVA FRENTE A UM CONTEXTO SOCIAL ... 35

3.3 PRATÍCAS DE BRICOLAGEM ... 36

3.4 A ANÁLISE DE DISCURSO ... 38

3.5 HISTÓRIA ORAL ... 40

4 DIAGNÓSTICO ... 43

4.1 ANÁLISE DE RESULTADOS ... 43

4.1.1 Feirinha da Cidade de Foz do Iguaçu ... 44

4.2 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS ... 48

4.2.1 Identidade e trabalho na Feira ... 50

4.2.2 Trabalho como Exposição da Identidade do Feirante... 54

4.2.3 Trabalho como Estratégia Cotidiana do Feirante ... 57

4.2.4 Trabalho Cotidiano para a Organização dos Feirantes ... 64

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 67 REFERÊNCIAS ... 72 APÊNDICES ... 78 APÊNDICE 1 ... 79 APÊNDICE 2 ... 80 APÊNDICE 3 ... 81

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1 INTRODUÇÃO

O cotidiano na administração são perspectivas sociais construtivistas, consideradas identidade organizacional, em relações realizadas coletivamente (CARRIERI, et al; 2008).

Segundo Cabana e Ichikawa (2015), a questão de identidade está sendo extensamente discutida na teoria social. Em essência, o argumento é o seguinte: as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado.

Para Souza e Silva (2009), o jeito de viver humano é por meio do trabalho, onde os valores, com os quais os homens produzem e transformam coisas e ideias, decidem o que é e o que não é importante e organizam as relações, criando regras para a vida social.

Segundo Callai (2008), qualquer feira tem seus objetivos, seja esta promovida por empresa ou por iniciativa de uma comunidade, de uma prefeitura ou de uma instituição.

Compreender o que leva um feirante, mesmo com suas crenças e manias diárias, conseguir se adaptar em um grupo, se adequar a regras mantendo sua essência e, ainda, sua marca se sobressaindo, não sendo apenas mais um em meio a tantas outras opções que o mercado dispõe (CERTEAU, 2016).

A minha vivência de feira é desde 2011, na Feira Livre das Nações, conhecida popularmente como “Ferinha da JK”1, onde minha mãe trabalha como feirante. Situada na Rua Arquiteto Décio Luiz Cardoso e em um trecho da pista da Av. Juscelino Kubitscheck, incluindo o canteiro central, funciona aos domingos no horário compreendido das 5h às 13h. Maior feira da cidade, com 180 expositores, e também a mais antiga, fundada em 26 de abril de 1986.

A prática deste trabalho é em torno dos colegas que têm barracas, os gestores da feira e os clientes que estão sempre procurando bons produtos.

Entre os feirantes há brasileiros, argentinos, japoneses, italianos, índios e paraguaios (Lei nº 3451/2008).

1Feirinha: Comércio realizado, normalmente a céu aberto, agrupando muitos comerciantes. Feirinha

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A realização das feiras tem a intenção de democratizar o acesso à população ao entretenimento, à aquisição de produtos diferenciados e ao consumo de alimentos provenientes da agricultura familiar. Desta forma, valorizando o trabalho dos artesãos e produtores locais. Tem como público alvo a comunidade local e turistas que visitam a tríplice fronteira.

Todos os locais da cidade em que as feiras realizam suas atividades têm apoio logístico da Prefeitura Municipal, como: fechamento das ruas com cavaletes, banheiros químicos, Guarda Municipal, Foztrans, limpeza e conservação, apresentações artísticas paralelas, Policia Militar e energia elétrica.

Cumprindo a Lei Orgânica do Município de Foz do Iguaçu, hoje a “Feirinha da JK” é composta por 180 feirantes e está distribuída em algumas modalidades, como: queijo, salame, mel, vinho colonial, massa caseira, pães, bolachas, pastel, yakissoba, tapioca, água de coco, suco de laranja, peixe congelado, porções, verduras, mudas de plantas.

Também apresentam artesanatos, como: trabalho em cerâmica e em madeira, tapetes (tecido/crochê), pinturas em panos e quadros, produtos de beleza (cremes/hidratantes) e bijuterias (pulseiras/brincos artesanais). Há também brechó e, em alguns domingos, cachorros e gatos para adoção.

Dessa forma, despertou-me o interesse de me aprofundar em uma pesquisa para conhecer melhor o cotidiano e a identidade dos feirantes e o que os leva a saírem de casa aos domingos e feriados, logo que amanhece o dia, para expor seus produtos.

Observei que a qualidade dos produtos vendidos na Feira livre das Nações é a prioridade dos feirantes. Estes fabricam seus produtos, trazem de seus sítios, como também utilizam o espaço para expor alimentações feitas na hora, como pastéis, tapiocas e outros.

Ressaltando que a satisfação do cliente sempre será por um produto, por um espaço, por um ambiente que tenha qualidade. Portanto, é de suma importância que os feirantes estejam sempre buscando recursos que contribuam com o sistema de gestão da qualidade neste local, qual contribui com o comércio da cidade, evidenciando a comercialização de produtos de qualidade e muitos de primeira necessidade na mesa do consumidor.

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Deste modo, diante de tantos fatores no cotidiano e identidade dos feirantes, que viabilizam um trabalho árduo, mas compensativo, questiona-se: Como uma feira contribui para a identidade dos expositores da “Feirinha da JK”?

E quanto aos objetivos, referem-se a uma visão global e abrangente do tema de pesquisa, estão relacionados com o conteúdo das ideias que foram estudadas, indicaram a importância para alcançar os resultados.

Logo com objetivo geral: compreender como as práticas e estratégias cotidianas são desenhadas pelos expositores da “Feirinha da JK”; descrever a motivação da alternativa de trabalho do expositor; identificar as práticas e estratégias cotidianas dos expositores; desvelar como as práticas e estratégias cotidianas se alteram no trabalho do expositor.

A metodologia utilizada é em pesquisa qualitativa/descritiva, com a prática da bricolagem e com a técnica de entrevista discursiva/descritiva, com pesquisas: bibliográficas, artigos, revistas, on-line e pesquisa de campo, por meio de entrevista discursiva/descritiva com questionário aos feirantes da Feira Livre das Nações.

Segundo Neira e Lippi (2012), a prática da bricolagem traz uma percepção com o desígnio de “dar voz” aos participantes da pesquisa e tendo pela frente os objetivos expostos no estudo, quais irão compreender o cotidiano do público que faze parte dessa profissão, que é feirante.

Assim, realizei um estudo utilizando questionário semi-estruturado, direcionando aos expositores da Feira Livre das Nações e logo fazendo a coleta dos dados por meio de seus discursos.

Dessa forma, justifica-se a importância da pesquisa sobre o tema, qual foi viável pela gama de informações que desejava obter. Vivenciar o dia a dia da minha mãe (como artesã e expositora) despertou o interesse em conhecer melhor o cotidiano e a identidade dos feirantes.

Para Cabana et al (2018), o cotidiano organizacional torna-se relevante sobre várias identidades que formam uma organização, que interagem entre elas dando lugar a uma hierarquia, por meio das relações de poder. Assim, acredito que é importante pensar no cotidiano na organização, onde pode ter a expressão de vida de muitos indivíduos.

Conforme Carrieri (2008), o cotidiano dos espaços físicos e simbólicos geram transformações nas significações culturais e identitárias existentes na

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sociedade, e em qualquer organização, pois cada indivíduo está no espaço social, através de bricolagens para seu cotidiano.

Assim Cabana et al (2018), no âmbito organizacional, diz que os indivíduos ou grupos podem acolher, recusar ou realizar uma bricolagem com os produtos impostos no seu cotidiano de condutas, valendo-se para isso de pequenas ações, que contribuam para afirmar posições temporárias de identidades.

Assim, o cotidiano vai sendo reinventado constantemente pelos seus praticantes e provavelmente a identidade transforma o cotidiano, pois as identidades dentro de uma organização também são modificadas a cada momento, mesmo que haja a imposição de uma única identidade organizacional (CERTEAU, 2010).

Em suma, cotidiano e identidade são temas que se encontram entrelaçados: as identidades se constroem e se reconstroem no cotidiano e o cotidiano se reinventa, em parte, segundo as identidades.

É justificável para o campo acadêmico que, tanto qualitativo (referência bibliográfica), quanto quantitativo (pesquisa de campo), foi de suma importância, pois obtive bagagem de conhecimentos para a vida pessoal e profissional, colaborando também para a área de pesquisas de graduação.

Este trabalho de pesquisa procurou definir e apresentar a importância das feiras tanto para a economia da cidade como para o profissional feirante, que dedica seu tempo em prol de vender produtos com preços mais acessíveis.

Assim, a contribuição do estudo vem também por meio da investigação de caráter científico, qual implica em um processo que começa com uma pesquisa documental e bibliográfica.

Desta forma, o trabalho de pesquisa foi realizado com sucesso contribuindo de modo geral para todos que precisem de um meio bibliográfico de consulta atualizado, cujo objeto de pesquisa seja o tema aqui proposto.

Por outro lado, a relevância deste baseia-se em um aprofundamento teórico das novas tendências em comércio em feiras, como se vê atualmente.

Ressalta-se que a elaboração desse trabalho não acarretou custo para os expositores da feira. Assim, os custos de impressões, aquisição de livros, entre outras despesas, foi de minha responsabilidade.

A estrutura deste trabalho comporta-se em capítulos. No capítulo 1, a introdução, onde é demonstrado o assunto estudado, logo expondo a situação

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problema, sincronizando o questionamento do estudo e os devidos objetivos, como também a justificativa sobre a relevância do estudo.

Já no capítulo 2 vem a pesquisa qualitativa sobre o referencial teórico, por meios bibliográficos, artigos, revistas, on-line, expondo os conhecimentos dos renomados autores que abordam sobre os seguintes tópicos:

O assunto da “Identidade Cultural” é um tópico importante para o estudo do tema, pois é na convivência com outro e diante do outro, diz Bessa (2005), que a identidade é revelada, assim a identidade pessoal (percebe o que há de comum) e se diferencia do outro.

Segundo Hall (2002), a questão de identidade está sendo extensamente discutida na teoria social. Em essência, o argumento é o seguinte: as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio.

Logo o tópico sobre o “Trabalho”, qual teve a colaboração de autores como: Lafer (1998), Savaiani (1980), Aranha (2000), entre outros. Para Lafer (1998), o trabalho é uma perspectiva que deve valorizar o indivíduo como instrumento de humanização e o do homem contextualizando histórico e socialmente. Sendo assim, a pedagogia crítico-social deve ocupar-se com a construção de uma teoria articulada, com uma concepção de mundo e de sociedade que seja expressão do movimento da prática social coletiva transformadora das realidades sociais numa direção emancipatória do trabalho humano.

É no trabalho social que a educação é fundamental para a humanização e socialização do homem. Assim, trata-se de um processo que dura a vida inteira e que não se restringe a mera continuidade, mas supõe a possibilidade de rupturas pelas quais a cultura se renova e o homem faz a história (ARANHA, 2000).

Logo o assunto sobre o “Cotidiano” fala sobre as práticas cotidianas, quais estão na dependência de um grande conjunto, difícil de delimitar e que, a título provisório, pode ser designado como o dos procedimentos mais elementares do ser humano, sendo esquemas de operações e manipulações, tendo como a fala do autor principal Certeau, 1994.

O “Cotidiano dos Homens Ordinários” é um tópico interessante, tendo como autor principal Cabana et al (2017), qual fala sobre homens ordinários que ocupam espaços em lugares múltiplos em termos identitários, mesmo que mínimos em termos de espaço físico.

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O cotidiano e a história nas organizações estão intensamente entrelaçados, pois neste cotidiano, onde a vida é vivenciada, de momento a momento, ocorre os episódios simples e grandiosos e é este cotidiano do período presente que une ao passado e ao mesmo tempo ao futuro.

Já o tópico “Feiras” vem com muitos conhecimentos por vários autores, como: Callai (2008), Cabana (2017), SEBRAE/PR (2009), entre outros, que falam da visão organizacional da feira, da melhor percepção, de um melhor aproveitamento de ambiente, que permite a introdução de novas atividades que garantam outras fontes de renda para o feirante e, conforme a expansão, vai-se agregando valores aos seus produtos.

Segundo Callai (2008), qualquer feira tem seus objetivos, seja esta promovida por uma empresa ou por iniciativa de uma comunidade, de uma prefeitura ou de uma instituição. Seus promotores normalmente têm, claramente, os objetivos que pretendem atingir, mesmo porque isto é básico para poderem avaliar se a feira atingiu as expectativas e as metas propostas.

Sendo o “Feirante” nosso assunto central, este é o tópico principal do estudo, sendo composto por vários autores. Como diz Vedana (2013), feirante é uma profissão de memorização, de contato, de gentilezas. A feira é formada por equipes que comportam cada espaço da feira. Deve ser trabalhado com responsabilidade e ao mesmo tempo com tranquilidade, porque o cliente observa e quer qualidade nos produtos. Assim, é preciso que sempre tenham produtos com boas características.

Na visão de Galeano (2010), o feirante não é apenas um comerciante, feirante é aquele que, através de suas práticas cotidianas, geram trocas de experiências, criando novas formas de negociação de venda e fidelizando seu cliente e/ou fornecedor.

No desdobramento do capítulo 3, vêm os procedimentos metodológicos, capítulo que expõem todas as explicações sobre como o estudo e pesquisa foram constituídas.

E para finalizar os capítulos, o capítulo 4, com o diagnóstico e análises dos resultados das pesquisas, seguido das considerações finais e as devidas referências expostas no leito do estudo.

Neste panorama foi construído este estudo, onde obtive bons resultados para amparar outros estudos sobre o tema.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo busca apresentar, de forma simples, todo o material bibliográfico e documental consultado para a construção deste estudo.

2.1 A IDENTIDADE ORGANIZACIONAL

É na convivência com outro e diante do outro, diz Bessa (2005), que a identidade é revelada, assim a identidade pessoal (percebe o que há de comum) e se diferencia do outro.

A questão de identidade está sendo extensamente discutida na teoria social. Em essência, o argumento é o seguinte: as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o individuo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado (CABANA e ICHIKAWA, 2015).

Assim, a chamada “crise de identidade” é vista como parte de um processo mais amplo de mudança, que está deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades modernas e abalando os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social (HALL, 2002).

Para Locatelli e Cavedon (2012), uma criação humana, ao tentar satisfazer suas necessidades, produz os meios dessa satisfação e, com isso, transforma o mundo natural e a si mesmo. Por meio do trabalho instaura relações sociais, cria modelos de comportamento, instituições e saberes.

Diz Bessa (2005), em relação a identidades culturais: aqueles aspectos de nossas identidades que surgem de nosso “pertencimento” a culturas étnicas, raciais, linguísticas, religiosas e, acima de tudo, nacionais.

Dessa forma, no pensamento de Perrigrew (1996), as tendências são demasiadamente recentes e ambíguas, pois o próprio conceito com o qual lidamos, “identidade”, é demasiadamente complexo, muito pouco desenvolvido e compreendido na ciência social contemporânea para ser posto à prova.

Para Souza e Silva (2009), o jeito de viver humano é um jeito de viver sociocultural e envolve três elementos muito importantes que ajudam a padronizar o comportamento de cada um em um grupo social: a linguagem, o trabalho e os valores, com os quais os homens produzem e transformam coisas e ideias, decidem

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o que é e o que não é importante e organizam as relações, criando regras para a vida social.

A sociedade manteve por muito tempo a desigualdade entre raças, ainda que velada, marcada pela indiferença que, geralmente, mantinha os brancos à condição de “superiores”. O sentimento de “superioridade” e “inferioridade” baseado na cor da pele esteve presente por muitos anos e, ainda nos dias de hoje, verificam-se casos relacionados à discriminação racial. Práticas educativas que deveriam elucidar e libertar foram pouco realizadas em detrimento de “rituais pedagógicos” antigos (PEREIRA, 2004).

Como ocorre com muitos outros fenômenos sociais, é impossível oferecer afirmações conclusivas ou fazer julgamentos seguros sobre as alegações e proposições teóricas que estão sendo apresentadas. Esse duplo deslocamento, descentralização dos indivíduos tanto de seu lugar no mundo social e cultural quanto de si mesmos, constitui uma “crise de identidade” para o individuo (HALL, 2002).

Explica Hall (2002), que o sujeito do Iluminismo estava baseado numa concepção da pessoa humana como um indivíduo totalmente centrado, unificado, dotado das capacidades de razão, de consciência e de ação, cujo “centro” consistia num núcleo interior, que emergia pela primeira vez quando o sujeito nascia e com ele se desenvolvia, ainda que permanecendo essencialmente o mesmo, contínuo ou “idêntico” a ele, ao longo da existência do indivíduo.

Esta influência vai além do modo de vida e da tradição, abrange a sociedade como um todo, de forma a contribuir significantemente para a construção de nossa identidade enquanto nação.

Ressalta Bessa (2005) que o centro essencial do eu era a identidade de uma pessoa. Pode-se ver que essa era uma concepção muito “individualista” do sujeito e de sua identidade (na verdade, a identidade dele: já que o sujeito do Iluminismo era usualmente descrito como masculino).

Assim, o mesmo autor Hall (2002), afirma que a concepção sociológica clássica da questão, a identidade é formada na “interação” entre o eu e a sociedade, pois o sujeito ainda tem um núcleo ou essência interior que “eu real”. Mas este é formado e modificado num diálogo contínuo com os mundos culturais “exteriores” e as identidades que esses mundos oferecem.

A identidade, nessa concepção sociológica, preenche o espaço entre o “interior” e o “exterior”, entre o mundo pessoal e o mundo público (HALL, 2002).

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A identidade, então, costura (ou, para usar uma metáfora médica, “sutura”) o sujeito à estrutura. Estabiliza tanto os sujeitos quanto os mundos culturais que eles habitam, tornando ambos reciprocamente mais unificados e previsíveis.

Correspondentemente, as identidades, que compunham as paisagens sociais “lá fora” e que asseguravam nossa conformidade subjetiva com as “necessidades” objetivas da cultura, estão entrando em colapso, como resultado de mudanças estruturais e institucionais (HALL, 2002).

Assim, confirma Cipriano (1994), o próprio processo de identificação, através do qual nos projetamos em nossas identidades culturais, tornou-se mais provisório, variável e problemático, pois a identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia. Ao invés disso, à medida em que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidade possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos identificar, ao menos temporariamente.

Para Hall (2002), a sociedade não é, como os sociólogos pensaram muitas vezes, um todo unificado e bem delimitado, uma totalidade, produzindo-se através de mudanças evolucionarias a partir de si mesma, como o desenvolvimento de uma flor a partir de seu bulbo.

Ela está constantemente sendo “descentrada” ou deslocada por forças fora de si mesma, pois esta é uma concepção de identidade muito diferente e muito mais perturbadora e provisória do que as duas anteriores. Entretanto, argumenta Hall (2002), isso não deveria nos desencorajar: o deslocamento tem características positivas.

De forma crescente, as paisagens políticas do mundo pós moderno são fraturadas por identificações rivais e deslocantes, advindas, especialmente, da erosão da “identidade mestra” da classe e da emergência de novas identidades, pertencentes à nova base política definida pelos novos movimentos sociais: o feminismo, as lutas negras, os movimentos de libertação nacional, os movimentos antinucleares e ecológicos (MERCER, 1990).

Na concepção de Hall (2002), uma vez que a identidade muda de acordo com a forma como o sujeito é interpelado ou representado, a identificação não é automática, mas pode ser ganhada ou perdida. Ela tornou-se politizada. Esse processo é, às vezes, descrito como constituindo uma mudança de uma política de identidade (de classe) para uma política de diferença.

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Segundo Monte (2012), o aspecto da identidade cultural moderna que é formado através do pertencimento a uma cultura nacional e com os processos de mudança, uma mudança que efetua um deslocamento compreendido no conceito de “globalização” está afetando isso.

No pensamento de Hall (2002), as culturas nacionais são tentadas, algumas vezes, a se voltar para o passado, a recuar defensivamente para aquele “tempo perdido”, quando a nação era “grande”; são tentadas a restaurar as identidades passadas. Este constitui o elemento regressivo, anacrônico, da estória da cultura nacional.

Portanto, são os elementos culturais que constituem o patrimônio cultural dos indivíduos a elas pertencentes, não se sintonizam dinamicamente com a cultura tomada como um sistema ou como um todo orgânico e por isso deixam de refletir integralmente a evolução cultural da sociedade para sua identidade.

Toda identidade vivenciada na interação do homem com outros homens há grandes chances da mudança, pois o homem em si tem uma natureza de fácil adaptação a mudanças a qualquer situação que possa vivenciar, pois a cultura, enquanto elemento de sustentação da sociedade e patrimônio dos sujeitos que a constituem, precisa ser preservada e transmitida exatamente porque não está incorporada ao patrimônio natural, mas no ser humano.

Visto então que o perfil do nosso público da pesquisa, está interagido com os pensamentos da sociologia e pós-moderno. Verificando que, o sujeito sociológico está buscando a interação com o social, com o meio que interliga suas atividades de trabalho e lazer.

Já o sujeito pós-moderno, estando no meio da sociedade, sempre busca algo para a transformação e a inovação, nunca querendo ficar na mesmice. Portanto é um sujeito que acompanha a modernidade que lhe é proposta.

2.2 TRABALHO

A palavra trabalho vem do vocábulo latino tripaliare, do substantivo tripalium, aparelho de tortura formado por três paus, ao qual eram atados os condenados, ou que também servia para manter presos os animais difíceis de ferrar. Daí a

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associação do trabalho com tortura, sofrimento, pena, labuta. Mas, para muitos, trabalho é prazer, faz parte da vida.

Segundo Gerencer (1984), o trabalho é o meio da democratização da sociedade, qual deve priorizar a compreensão da natureza prática que eleva o ser humano da condição de desigualdade para igualdade possível.

Diz Freint (1998) que é com o trabalho que o homem tenta satisfazer suas necessidades, o homem produz os meios dessa satisfação e com isso transforma o mundo natural e a si mesmo, pois por meio do trabalho instaura relações sociais, cria modelos de comportamento, instituições e saberes.

Para Lima (2002), o homem também necessita buscar o aperfeiçoamento no trabalho e isso só é possível pela transmissão dos conhecimentos adquiridos através das gerações, bem como pela assimilação dos modelos de comportamento valorizados pelas escolas. É a educação que mantém viva a memória de um povo e das condições para a sobrevivência profissional.

A educação é fundamental para a humanização e socialização do homem no trabalho, pois dá nova visão e supõe a possibilidade de rupturas pelas quais a cultura se renova e o homem faz a história (ARANHA, 2000).

Na concepção de Neves et al (2017), em cada sociedade, a estrutura da organização do trabalho configura de modo peculiar o processo educativo, a tarefa da educação escolar. A sociedade capitalista se caracteriza por ter sua organização sustentada numa contradição básica, àquela que se dá entre capital e trabalho e que provoca a divisão de seus membros em duas classes antagônicas: a classe burguesa e a classe trabalhadora.

A prática social do trabalho, para Oliveira e Silveira (2012), em consequência da gestão, é determinada pela evolução do mundo dos afazeres. Portanto, o comando do trabalho é determinado pela concretude histórica da produção material da existência humana e pelo objeto específico da prática social do ser humano.

Segundo Perrigrew (1996), o trabalho é fundamental para se compreender o ser que és, podendo acrescentar o ato de transformação, que é também um ato de liberdade, pois se num primeiro momento a natureza se apresenta aos homens como destino, é o trabalho a condição da superação dos determinismos.

Para Cipriano (1994), o mundo subjetivo do homem está condicionado pelos fenômenos aparentemente “externos" ou "materiais" da sociedade, quais sejam, os modos de produção, a organização social, a luta de classes. Por outro lado, o

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mundo objetivo está condicionado amplamente ao trabalho humano, às aspirações sociais, à consciência e à vontade de agir do homem e sua atividade revolucionária.

Para Neves et al (2017), convivência com o outro no trabalho é um indispensável processo de construção de si, pois é no espaço em que, pela intervenção profissional, as pessoas se qualificam para a aventura humana da permanente transcendência, para a riqueza da fraternura na convivência.

Mesmo na Bíblia, Adão e Eva vivem felizes até que o pecado provoca sua expulsão do paraíso e a condenação ao trabalho com o "suor do seu rosto". À Eva coube também o "trabalho" do parto (LEITE, 2003).

O trabalho é condição de liberdade, mas não em situações de exploração, onde a grande maioria é obrigada a trabalhar em condições inadequadas à sua humanização. Isto é, na sociedade dividida em classes, o trabalho se torna alienado (NEVES, 2017).

Quando em uma sociedade aparecem segmentos dominantes que exploram o trabalho humano, como no caso da escravidão, da servidão, ou mesmo quando para sobreviver, o homem livre precisa vender sua força de trabalho em troca de um salário. O homem perde a posse daquilo que ele produz. O produto do trabalho é separado, alienado de quem o produziu (LAFER, 1988).

Segundo o mesmo autor Lafer (1988), com a perda da posse do produto, o próprio homem não mais se pertence: não escolhe o horário, o ritmo do trabalho, não escolhe o salário, não projeta o que vai ser feito, pois passa a ser comandado de fora, por forças estranhas a ele. Com a alienação do produto, o homem também se torna alienado, deixando de ser o centro ou a referência de si mesmo.

Segundo Ferreira (2002), a classe trabalhadora, da forma como vem sendo obrigada a viver, não tem condições de elaborar a própria visão de mundo, contraposta à ideologia dominante. Isto não significa que o homem comum não tenha um sistema de opiniões, mas, ao contrário, as pessoas ocupadas com as atividades do cotidiano possuem formas de pensar e agir que se apresenta de maneira fragmentada, confusa e às vezes até contraditória.

Para o filósofo italiano Antonio Gramsci (1891-1937), a classe trabalhadora necessita de intelectuais orgânicos, ou seja, aqueles que, saindo do próprio povo, sejam capazes de elaborar de forma erudita o saber difuso do homem comum.

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Se o "homem aceitasse sempre o mundo como ele é e se, por outro lado, aceitasse sempre a si mesmo em seu estado atual, não sentira a necessidade de transformar o mundo nem de transformar-se", quer dizer, a necessidade de transformar (a si e ao mundo) move a necessidade de conhecer e estabelecer finalidades. Até hoje, a história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes (FERREIRA, 2002 p.192).

Dessa forma, se o homem focar na formação, pode estimular o desenvolvimento profissional do indivíduo, criando sua autonomia contextualizada da profissão, importando valorizar paradigmas de formação que promova a preparação de trabalhadores reflexivos.

No pensamento de Oliveira e Silveira (2012), na tutela do trabalho que processa o caminho da exigência da ética, imposta pela prática habitual de um trabalho, oferece uma relação entre necessidade e utilidade no âmbito humano, conduta específica para o sucesso de todas as partes envolvidas, quer sejam os indivíduos diretamente ligados ao trabalho, quer sejam os grupos, maiores ou menores, onde tal relação se insere.

Na área do trabalho está a conveniência de preservar o equilíbrio de classes, rompendo alguns obstáculos por meio da ética humana, qual exige também virtudes pertinentes a um desempenho de boa qualidade de convívio.

2.2.1 Tipos de Trabalhos

O trabalho vem para a interação do ser humano uns com os outros, como também a busca de recursos financeiros, para que o homem tenha uma vida digna de seu trabalho.

E no trabalho que o homem transforma-se, desconstrói e faz sua reconstrução da cultura entre as pessoas. Assim devemos ter boas participações nas práticas sociais, pois é a partir da participação do trabalho, que a interação age no poder e no saber agir como ação do outro.

Os tipos de trabalhos são dos mais variados possíveis nos últimos 30 anos, pois o arranjo social é o maior responsável pelo crescimento desse desenvolvimento, que a cada dia nasce um tipo de trabalho no meio da sociedade.

Assim nasce o trabalho informal, de acordo com Lima e Costa (2016), este tipo de trabalho está evoluindo drasticamente mundo à fora, pois é foi uma

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alternativa de sobrevivência diante da incapacidade do sistema capitalista de absorver a mão de obra ativa existente e da falta de políticas públicas, capazes de inserir os trabalhadores no mercado formal, pois a informalidade é um problema social, portanto, de interesse público.

Sendo dentro do trabalho informal ou não, a ação do homem deve ser igual, agindo na qualidade do caráter, pois homens e mulheres se educam e são educados nessas práticas, quando participam de um mundo humano, com ética e harmonia, como: nos cumprimentos da vida, como: Bom dia, boa tarde, obrigado, dispõe, à sua disposição, por favor, com licença, por gentileza, e tantos outros comportamentos que contribui com o homem a ser mais um.

Assim o trabalho informal é um modo específico de participar do mercado de trabalho é uma invenção moderna que ainda tem muito a expandir-se, pois a noção de um setor formal, no sentido de estruturado e regulado.

Neste sentido, o trabalho informal é um espaço de diversidade em ideias, pensamentos, culturas e ética e etnia, pois é um ambiente onde reúne homens e mulheres; crianças e adultos e tem o papel de valorizar e respeitar as culturas, das quais estamos inseridas com diferentes pessoas e grupos sociais, que se fazem, chamam-se e sentem-se humanos.

Esse foco nas questões de regulação como modo de conceituação de trabalho formal e informal é fortemente acentuado na década de 1970 com a crise do modelo fordista dominante, esse direcionamento de trabalhar livre vem da motivação da redução da taxa de lucro, pelo aumento do preço da força de trabalho e pelas lutas sociais ocorridas nos anos 1960; a incapacidade do modelo em se adaptar à retração de consumo gerada pelo desemprego estrutural, onde o aumento da esfera financeira, que inicia um processo de autonomização diante dos capitais produtivos, tornando-se o campo prioritário para a especulação; a concentração do capital gerada pelas fusões de empresas; e a crise do Estado de Bem-Estar Social, levando à retração dos gastos públicos.

Contudo, no mercado informal de trabalho, o produto ou mercadoria a ser comercializada, eleva-se ao modelo de um mercado regulado implica o contraponto de atividades não reguladas ou não cobertas por normas que regem esse mercado. As denominações das atividades não reguladas variam conforme o enfoque teórico dos estudos: setor não protegido, setor informal, processo de informalidade. Assim, a institucionalização dos termos formal-informal parece indicar uma classificação em

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situações reguladas e não reguladas de trabalho. Nesse sentido, explica-se o modo informal de trabalho pela oposição ao modo formal de trabalhar (LIMA e COSTA, 2016).

Neste contexto, no ambiente de trabalho informal ou não, procuramos estar interagidos de forma harmoniosa, respeitando cada ideia, pois cada qual dentro da sua função ou não, devemos dar exemplos aos que nos rodeiam, onde em muitas situações, já vistas no meio do trabalho todos realizam as práticas socioculturais e todos se sentem mais humanos.

2.3 COTIDIANO

As práticas cotidianas estão na dependência de um grande conjunto, difícil de delimitar e que, a título provisório, pode ser designado como um dos procedimentos mais elementares do ser humano, sendo esquemas de operações e manipulações.

A partir de algumas análises recentes e fundamentais de alguns autores (Foucault, Bourdieu, Vernant e Detienne et al), é possível, senão defini-los, ao menos precisar melhor o seu funcionamento em relação ao discurso (ou à “ideologia”, como diz Foucault), ao adquirido (o habitus de Bourdieu) e a esta forma do tempo que é a ocasião (o kairós de que falam Vernant e Detienne). Maneiras de balizar uma tecnicidade de tipo particular e ao mesmo tempo situar o seu estudo em uma geografia atual da pesquisa (CERTEAU, 1994).

E em Certeau (1994), a invenção do cotidiano, cujos dois temas escritos em colaboração permitiram que “a pesquisa se pluralizasse” e que “vários passantes se cruzassem”, sem erigir um lugar próprio nem acumular um tesouro cuja propriedade de guardariam. Pelo contrário, “esse entrelaçamento de percursos, muito ao invés de constituir um fechamento, prepara, assim espero, nossos caminhos para se perderem na multidão”.

Essas “maneiras de fazer” constituem as mil práticas pelas quais usuários se reapropriam do espaço organizado pelas técnicas da produção sociocultural, de acordo com Certeau (1994, p. 40):

Elas colocam questões análogas e contrárias às abordadas no livro de Foucault: análogas, porque se trata de distinguir as operações quase microbianas que proliferam no seio das estruturas tecnocráticas e alteram o seu funcionamento por uma multiplicidade de “táticas”, articuladas sobre os

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“detalhes” do cotidiano: contrárias, por não se tratar mais de precisar como a violência da ordem se transforma em tecnologia disciplinar, mas de exumar as formas sub-reptícias que são assumidas pela criatividade dispersa, tática e bricoladora dos grupos ou dos indivíduos presos agora nas redes da “vigilância”.

Esses modos de proceder e essas astúcias de consumidores compõem, no limite, a rede de uma antidisciplina e pode-se supor que essas operações multiformes e fragmentárias, relativas a ocasiões e a detalhes, insinuadas e escondidas nos aparelhos das quais elas são os modos de usar, e, portanto, desprovidas de ideologias ou de instituições próprias, obedecem a regras. Em outras palavras, deve haver uma lógica dessas práticas, pois isto significa voltar ao problema, já antigo, do que é uma arte ou “maneira de fazer”. Dos gregos a Durkheim, passando por Kant, uma longa tradição tentou precisar as formalidades complexas (e não de todo simples ou “pobres”) que podem dar conta dessas operações (CERTEAU, 1994).

Para Certeau (2016), o cotidiano direciona novas táticas de praticantes, num esquema, demasiadamente dicotomista, das relações que os consumidores mantêm com os dispositivos da produção, se diversificou no decorrer do trabalho segundo três modos: pesquisa das problemáticas suscetíveis de articular o material coletado; descrição de algumas práticas (ler, falar, caminhar, habitar, cozinhar, etc), consideradas significativas; extensão da análise dessas operações cotidianas a setores científicos aparentemente regidos por outro tipo de lógica.

Ao apresentar os passos dados nessas três direções, o propósito de conjunto ganha diversos matizes. Para descrever essas práticas cotidianas que produzem sem capitalizar, isto é, sem dominar o tempo, impunha-se um ponto de partida por ser o foco exorbitado da cultura contemporânea e de seu consumo: a leitura. Da televisão ao jornal, da publicidade a todas as epifanias mercadológicas, a nossa sociedade canceriza a vista, mede toda a realidade por sua capacidade de mostrar ou de se mostrar e transforma as comunicações em viagens do olhar (CERTEAU, 2001).

Portanto, o foco do cotidiano da sociedade concentra-se em fortalecer a culturas, as pessoas e as organizações para ampliar seus aportes, na direção do desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida de todos que os cercam.

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2.4 O COTIDIANO DOS HOMENS ORDINÀRIOS

Numa visão ampla, cotidiano são vivências rotineiras que todos os humanos realizam no ciclo de sua vida. Assim, olhando para o passado do cotidiano das administrações, pode-se projetar o futuro de novas administrações.

Os homens ordinários ocupam espaços em lugares múltiplos em termos identitários, mesmo que mínimos em termos de espaço físico.

O cotidiano e a história nas organizações estão intensamente entrelaçados, pois neste cotidiano, onde a vida é vivenciada, de momento a momento, ocorre os episódios simples e grandiosos e é este cotidiano do período presente que une ao passado e ao mesmo tempo ao futuro.

Na palavra de Chanlat (1993), as organizações fortalecem a relação de forças entre empregador e empregados a partir da segunda metade do século XX. Com a influência do materialismo dialético de Marx, as organizações começaram a se preocupar mais condições de trabalho de seus funcionários, outorgando-lhes alguns benefícios.

Em Certeau (2015), a visão de organizações industriais leva a oportunidades de expansão dos negócios industriais, segundo um conjunto integrado de processos dinâmicos e interativos, que interligam as fases do universo organizacional para a proteção do processo integrador do domínio industrial, assegurando a lealdade da concorrência do comércio industrial. Nasce o Tratado da Propriedade Industrial.

De acordo com Baptista (1999), esse tratado é levado em conta que nenhuma indústria se estabelecerá sem ter comerciantes interessados em seus produtos e, ao mesmo tempo, seguro por lei do ingresso ao mercado consumista, permitindo a expansão legal de seus produtos como: marca, modelo, designs e outros, constituindo assim um estabelecimento organizacional.

A pós-modernidade, conforme Monte (2012), trata de uma extensa regulamentação sobre propriedade intelectual abrangendo, no domínio industrial, patentes, marcas, desenhos industriais e indicações de origem, entre outros, desenhado o quadro internacional de proteção à propriedade industrial.

Portanto, o cotidiano dos homens ordinários dentro das administrações inovadoras se conceitua com a ideia de integração produtiva a um processo, a partir do qual se produz maior ligação das estruturas em cada ponto de um sistema produtivo em certa região. Esse processo tem como resultado a intensificação das

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trocas entre os países participantes dos produtos mediadores e serviços especializados.

Assim, o cotidiano dos homens ordinários organizacional vai sendo reinventado constantemente pelos seus praticantes, por sua vez, as identidades também se transformam no cotidiano. Destarte, as várias identidades dentro de uma organização também são transformadas constantemente, mesmo que haja a imposição de uma única identidade organizacional, dependendo das circunstâncias. Em suma, cotidiano e identidade são temas que se encontram entrelaçados, as identidades se constroem e reconstroem no cotidiano e o cotidiano se reinventa, em parte, segundo as identidades, (CABANA, 2015, p. 291).

Assim, estas diversas inovações no cotidiano dos homens ordinários podem dar ouvidos aos não escutados. Trata-se das histórias dos sujeitos e dos grupos, das suas identidades expressas na sequência do tempo, tempo que é vivenciado no cotidiano da vida organizacional na sociedade.

2.5 AS FEIRAS

As feiras nascem sobre a visão organizacional da melhor percepção de um melhor aproveitamento de ambiente, que permite a introdução de novas atividades que garantam outras fontes de renda para o feirante e, conforme a expansão, vai-se agregando valores aos seus produtos.

Segundo Callai (2008), qualquer feira tem seus objetivos, seja esta promovida por empresa ou por iniciativa de uma comunidade, de uma prefeitura ou de uma instituição. Seus promotores normalmente têm, claramente, os objetivos que pretendem atingir, mesmo porque isto é básico para poderem avaliar se a feira atingiu as expectativas e as metas propostas.

Nada mais correto, portanto, que seus promotores e organizadores estabeleçam claramente quais são os objetivos a serem perseguidos: promover a comunidade, o município, o Estado, a região, os produtos, as empresas, o turismo, entre outras (CABANA, 2018).

As feiras e exposições são eventos mercadológicos que servem para alavancar vendas das empresas, dos artesãos e dos produtores, divulgar produtos e ampliar mercado para os expositores, entre outras finalidades.

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Quando se procura tipificar feiras e exposições, encontra-se uma gama variada dessas modalidades de promoção comercial. Muitas feiras e exposições trazem no próprio nome informações que induzem ao erro expositores e visitantes. (SEBRAE/PR, 2009).

Por exemplo: mencionam ser de âmbito nacional quando sequer conseguem atrair visitantes e expositores de Estados vizinhos; informam ser setoriais e o que se encontra são expositores de vários outros setores ou segmentos que nada tem a ver com o nome e a proposta da feira.

A abrangência geográfica entende-se como o raio de atração de uma feira ou exposição. Ou seja, até que distância o evento foi planejado para exercer sua atração, tanto de visitantes como de expositores.

Não raro, vamos encontrar feiras de âmbito municipal ou estadual atraindo pessoas de outros Estados e regiões. Por outro lado, há feiras que se autodenominam de âmbito internacional, mas que não conseguem atrair visitantes e expositores de fora da região onde são realizadas.

Para Vedana (2004, p.11), “fazer a feira” significa:

A frequência dos consumidores em ir à feira, é a confiança que o feirante passa ao consumidor, é o contato direto que se tem com o alimento, é o modo como o feirante se relaciona com seus clientes, são as brincadeiras, as piadas, o modo de vender seus produtos que se tornam diferentes dos estabelecimentos comerciais que utilizam, por vezes, extensa área territorial e, buscam muitas vezes fazer com que as feiras livres se acabem.

O melhor da feira é o entendimento sobre a barganha dos preços, onde, sobre os preços dos produtos, é necessário conceituar alguns elementos para conseguir um valor razoável e não ter prejuízos, nem por parte do consumidor e nem por parte do feirante.

O importante é conhecer o perfil e o histórico do evento, independentemente dos adjetivos e nomes que possam trazer na sua denominação. No quadro 1, os tipos de feiras, conforme cita SEBRAE/PR (2009, p. 9):

(29)

Feira de bairro

Ainda que a proposta esteja voltada para atrais visitantes e expositores do próprio bairro, é comum encontrar pessoas oriundas de outras áreas da cidade e, até mesmo, de outros municípios.

Feira municipal

Evento característico de promoção de produtos, serviços, organizações e instituições de um município, muito utilizado por pequenas comunidades do interior. Quase sempre é uma feira de caráter geral, focada na promoção do próprio município.

Feira

microrregional

Geralmente, engloba diversos municípios de uma mesma microrregião e tem capacidade de atração que se estende além das fronteiras do território microrregional.

Feira

microrregional Feira estadual

É comum encontrar essa modalidade de evento em todas as regiões do Brasil. A característica predominante dessa feira é a setorização. Feira regional

Como o nome orienta, trata-se de uma feira que envolve estados de uma mesma região. São mais difíceis de ser encontradas porque se situam exatamente entre a feira estadual e a nacional.

Feira nacional

É um evento que se propõe a atrair expositores e visitantes de todo o País. Normalmente, é promovida nas grandes capitais brasileiras ou em cidades hospedeiras com forte vinculação e notoriedade pelo que nela é produzido. Hoje em dia, é raríssimo encontrar eventos de abrangência nacional que não sejam setoriais e especializados.

Feira

internacional

Feira internacional – estar denominada de internacional não significa que tenha sua realização no exterior. Há uma quantidade importante de feiras realizadas no Brasil que são efetivamente de caráter internacional porque atraem expositores e visitantes de outros países, ainda que em menor quantidade.

Feira comunitária

Evento promovido e organizado pelas comunidades para funcionar como elemento transformador das economias locais, na medida que oferece oportunidade para que empreendedores promovam seus produtos e

serviços, vendam mais, obtenham novos ingressos e, quase sempre, gerem novos empregos.

Nesta modalidade incluem-se algumas feiras de artesanato, feiras-festas e feiras de produtos agrícolas e rurais. Não se deve confundir-las com feiras beneficentes ou humanitárias, porque, ao contrário destas, há um sentido econômico nos seus propósitos.

Feira-geral

Durante muitas décadas foi o modelo mais usado por todos os países. Com o passar dos anos, foi se organizando em setores até que estes

justificassem se transformar num evento especializado que pudesse ser realizado à parte, numa outra época do ano. Há vários casos emblemáticos em todo o mundo onde a feira geral originou diferentes feiras de caráter setorial.

Feira setorial

É a característica marcante das feiras de abrangência nacional e internacional. Hoje em dia, é raro encontrar feiras e exposições

multissetoriais de caráter nacional ou internacional, salvo quando os demais setores presentes no evento mantém estreita relação com a temática da feira, ou integram a mesma cadeia produtiva. A feira setorial, pode-se dizer, é uma evolução das feiras multissetoriais (mostras gerais).

Quadro 1: Tipos de feiras

Fonte: (SEBRAE/PR, 2009, p. 9).

O quadro demonstra as especificações de cada tipo de feira, podendo ser exposta em variados espaços, pois cada tipo tem uma devida comodidade aos produtos que se pretende vender e expor.

Nessa explanação de feiras, verifica-se que a nossa feira em pesquisa se encaixa numa feira municipal, qual está evoluindo a cada ano.

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Nas feiras também há preocupação quanto à periodicidade, conforme cita SEBRAE/PR (2009, p. 11):

Semanal: as feiras de artesanato são o exemplo mais comum. Várias cidades brasileiras têm nos finais de semana sua feira de artesanato. As feiras de bairros também se enquadram nessa modalidade;

Mensal: sem dúvida o tipo mais raro de ser encontrado, mas ainda existe; Anual: é uma característica das feiras municipais, microrregionais, estaduais, regionais, nacionais e internacionais. Guarda uma certa relação com a data ou período do ano em que é realizada. Isso é importante para o público visitante e para os expositores, porque têm, assim, como agendar com antecedência seus compromissos com o evento;

Bienal: realizada a cada dois anos, sempre na mesma época do ano.

As feiras podem ser realizadas em datas comemorativas ou não, onde muitas hoje, municipais ou microrregionais, também são marcadas para festejar alguma data importante.

Desta forma, surge a necessidade de entender quais são as atividades mais favoráveis para aqueles que vêm em busca de comprar seus produtos na feira.

Conforme Silva (2006), quando se pensa em oferecer um produto para venda em feira, este deve oferecer produtos com qualidades e consciente de seu papel como feirante.

Assim nas feiras deve-se mantêm as atividades relacionadas com o campo em seu cotidiano, mas utilizam como estratégia de ativação, podendo expor outros produtos modernizados e regionalizadas, entre outras atividades informais, característico da essência do meio rural, a simplicidade de se viver, o que permite ao todos vivenciar e conviver, mesmo que só parcialmente, com produtos da “roça” (LAGE, 1991, p. 106).

Portanto, a prática do fenômeno de feiras, ao promover o encontro das áreas rurais com o visitante, deve respeitar o meio no qual a atividade ocorre e satisfazer a necessidade do visitante, que anseia por vivenciar a vida no meio ao ar livre.

Segundo Pereira (2004), mais comum é encontrar parques para exposições agropecuárias, próprios para eventos ao ar livre, usados também para feiras industriais, comerciais e de serviços. É fundamental que o local da feira tenha um bom aspecto externo e interno, seja bem conservado e limpo. Ninguém gosta de estar em lugares mal cuidados, com aspecto de desleixo e abandono.

Havendo necessidade de se promover melhorias para que o local se torne agradável às pessoas, que assim seja. Até mesmo estruturas em lona, tipo circo, são preferíveis quando não se pode contar com pavilhões ou prédios adequados, bem conservados e seguros.

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Considerando o tipo de público visitante que se pretenda atingir, o local de realização de uma feira não deve estar situado muito distante do centro da cidade e deve possuir um sistema viário que apresente facilidades de acesso a veículos de qualquer tipo (automóveis, veículos de carga e de passageiros).

Quando o local não contar com linhas normais de ônibus urbanos e ficar um pouco retirado do centro da cidade, é recomendável providenciar o fretamento ou a cessão de ônibus para transporte de visitantes no percurso centro/feira/centro, durante o horário de funcionamento do evento (SEBRAE/PR, 2009).

Para Leite (2010), o cotidiano da feira é uma atividade econômica que oferece ao feirante uma ajuda de renda, promove o uso sustentável dos recursos naturais e valoriza o seu patrimônio cultural. Busca ainda um envolvimento direto com as comunidades locais, além de promover e garantir o bem-estar daquelas.

Diante dessa nova oportunidade, o cotidiano dos feirantes tem inúmeras estratégias para melhorar as condições da qualidade de seus produtos, desta forma, é preciso que primeiramente os produtores tenham uma visão mais totalitária do ambiente, ou seja, que os mesmos vislumbrem novas oportunidades e reconheçam seu potencial (CERTEAU, 2016).

Torna-se necessário então realizar o planejamento de forma criteriosa e cuidadosa, observando-se os pontos fortes e fracos de cada barraca da feira, aproveitando as oportunidades e precavendo-se das ameaças futuras pelas quedas de vendas.

Para Pereira (2008), os feirantes devem estar conscientes da necessidade de saber quem é seu cliente, quais são seus produtos/serviços e buscar, através da diversificação, do aproveitamento e do aperfeiçoamento, manter a identidade do lugar no qual está inserido, para, assim, poder garantir vantagens competitivas, necessárias para enfrentar a grande competitividade do comércio moderno.

O feirante procura satisfazer da boa oferta de seus produtos e o município deve se acautelar pelas cobranças de taxas de ICMS e outros, evitando a carestia dos produtos e promovendo sempre o atrativo das feiras ao ar livre ao município (VELOSO, 2003, p. 78).

Esclarece-se, então, que as atividades de feiras, independente de qualquer seguimento em que esteja, não pode ser encarado como uma atividade milagrosa e de curto prazo, principalmente sobre os produtos que vem da agricultura familiar,

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mas deve ser encarado como uma alternativa que proporciona mais uma maneira de agregar renda.

Erra quem imagina que feira é apenas um lugar para realizar vendas. Numa feira se pode obter, gratuitamente, opiniões sobre os produtos expostos, sobre a imagem da empresa expositora, sobre como é vista pelos clientes, sobre seus preços (CERTEAU, 2016).

Uma feira pode servir para apresentar um protótipo, para fazer uma pesquisa de aceitação de um produto, para obter reações quanto aos preços praticados, para selecionar canais de comercialização, contatar distribuidores, representantes, lojistas, conhecer os concorrentes, etc.

2.6 FEIRANTE

Pode-se dizer que feirante é todo aquele que se disponibiliza para comercialização de produtos, produzidos ou não por ele, em um ambiente simples, como em barracas, e que possui contato direto com clientes, fornecedores e colegas.

Existem várias pessoas que iniciam o trabalho nas feiras como opção de aumentar a sua renda, também têm aqueles que acreditam ser um local para divulgar suas habilidades, ou simplesmente vender o excesso de produção em suas chácaras.

Para Vedana (2013), ser feirante está relacionado diretamente com os laços sociais e econômicos das suas práticas cotidianas, durante a semana se preparando até o dia da realização da feira para agregar seu conhecimento como feirante estimulando a prosseguirem nesse trabalho.

Na visão de Galeano (2010), o feirante não é apenas um comerciante, mas aquele que, através de suas práticas cotidianas, geram trocas experiências, criando novas formas de negociação de venda e fidelizando seu cliente, fornecedor.

Já para Frantz (2008), essa negociação é única e está relacionada à identidade do feirante, de como ele é, de como se comporta e do que se diferencia dos demais.

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Segundo Oviedo e Abdala (2013), “a tal malandragem é essencial para negociação, trazendo certa proximidade cliente X feirante, uma brincadeira que chama o cliente e assim o fidelizando”.

Já para Vedana (2013), não são todos os feirantes que utilizam dessas jocosidades que a feira tem, mas também tem aquele freguês que não participa dessas brincadeiras.

As empresas privadas acabam engessando o profissional, que perde, quando trabalhando nestas, essa liberdade de se expressar com o outro – e que ele encontra em uma feira livre.

Neste sentido, Sá (2010) compreende que o modo apropriado de ser feirante é a forma como eles administram seus negócios, onde cada qual está em setores de diferentes utilitários ou estão situados em regiões específicas, que se espalha em polos ou mesmo em barracas isoladas.

Ressalta Vedana (2013) que ser feirante constitui parte de um projeto individual e coletivo, de um trabalho autônomo, presente no campo de possibilidades dos interlocutores, na determinação da negociação. Deve-se tomar cuidado com a dimensão racional dessa escolha elaborada como uma atração, uma paixão pelo mercado e pelo comércio de feiras livres.

A autora contempla que os negócios de feiras vêm de heranças e das aprendizagens das idas e vindas desses interlocutores em outros empregos. Percebe-se que essa projeção de si como trabalhadores do comércio parte da afirmação de uma complexidade dessa atividade de trabalho, que pode não ser evidente numa primeira apreciação, mas, para muitos que há anos lidam com a profissão de feirante, sendo a melhor da história do comércio.

Segundo Souza e Silva (2009), feirante são homens e mulheres de idades variadas. Porém, o que se perceber na prática é que o nível socioeducacional do feirante, hoje, não é o mesmo de antigamente. Se antes eles eram na maioria analfabetos e provinham na zona rural, hoje, em tempo de desemprego, de crise, as feiras são espaços para os trabalhadores fazerem “bicos”, para conseguirem algum dinheiro e ajudar no sustento da família.

Atualmente, sabe-se que o feirante não é apenas oriundo do campo, são também profissionais qualificados que veem na feira uma oportunidade de sobrevivência, uma vez que estão excluídos do mercado de trabalho formal.

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Feireiros, vendedeiras, ambulantes, autônomos ou quaisquer das maneiras como se definiram os colaboradores. Grandes comerciantes, fateiras, magarefes, vendedores de cachaça, donos de bancas de jogo do bicho, quitandeiros, carregadores, empregados rurais, criadores, fazendeiros, vendedoras de sarapatel e ensopados ao meio dia, uma infinidade de pessoas que vivem diferentes relações sociais, enquadravam-se neste mundo da feira livre e foram chamados de feirantes por referências externas. Percebi que os mesmos muitas vezes não se identificavam de acordo com tais nomeações.

São descrições de cultura do trabalho, memórias, práticas herdadas, aprendidas. Somaram-se e estiveram em conflito com desempenho dos grupos, na formação de uma distinção da feira livre na cidade, distribuindo costumes sociáveis de aprendizagem e de negociações.

Nesta concepção, Vedana (2013) vê que feirante é uma profissão de memorização, de contato, de gentilezas. É formada por equipe que comportam cada espaço da feira, deve ser trabalhado com responsabilidade e ao mesmo tempo com tranquilidade, porque o cliente observa e quer qualidade nos produtos, assim é preciso que sempre tenham produtos com boas características.

Assim, cada feirante vai ensinando os novos, onde deve confiar aos seus aprendizes todo um conjunto de laços que estabeleceram no mercado, ao longo dos anos, sabendo-se que muitos feirantes já estão na sucessão de seus pais e avós, pois ser feirante é exercer a profissão pela facilidade de engajamento, como estratégia de sobrevivência, evidenciando a fonte de renda familiar.

(35)

3 METODOLOGIA

Neste capítulo são apresentados os métodos científicos, que foram utilizados para o desenvolvimento deste trabalho, observando serem ferramentas de fundamental importância para análise relevante em todo o contexto do estudo.

Com o estudo sob o tema: ‘Exposição’ das Identidades: Estratégias e Práticas Cotidianas em uma Feira Livre de Foz do Iguaçu.

Assim, busquei, dentro dos procedimentos metodológicos de estudo, a pesquisa que consiga descobrir da melhor maneira as respostas aos questionamentos levantados, onde se empenha por entendimento mais coerente proposto em questão.

3.1 LOCAL DE ESTUDO

3.1.1 Feira Livre das Nações

A Lei Orgânica da Cidade de Foz de Iguaçu dispõe sobre a Oficialização da Feira Livre das Nações no Município.

A Câmara Municipal de Foz do Iguaçu, Estado do Paraná, aprovou e foi promulgada, nos termos dos §§ 7º e 8º, do art. 49 da Lei Orgânica Municipal, a seguinte Lei: “Fica oficializada, no Município de Foz do Iguaçu, a Feira Livre das

Nações”.

A Feira Livre das Nações é realizada em Foz do Iguaçu - PR, em sete locais distintos: Vila A (nas quartas-feiras); Morumbi (nas quintas-feiras); na Vila Yolanda (nas sextas-feiras de manhã); no Bosque Guarani (nas sextas-feiras à tarde); na Praça da Bíblia (aos sábados); na Av J.K. (aos domingos); e em Três Lagoas (aos domingos).

A gestão da feira é de responsabilidade da Fundação Cultural compartilhada com a Prefeitura de Foz do Iguaçu.

Este estudo observou a Feira Livre das Nações situada na Rua Arquiteto Décio Luiz Cardoso e em um trecho da pista da Av. Juscelino Kubitscheck, incluindo o canteiro central, com funcionamento aos domingos, das 5h às 13h. Esta possui o maior número de feirantes ativos, 180, e também é a mais antiga, fundada em 26 de

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